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1 FABÍOLA MARIANO NAKAGAMI MELHORIAS NO PROCESSO PRODUTIVO DE GASES DE ALTA PUREZA UTILIZANDO O GERENCIAMENTO POR PROCESSOS SÃO PAULO/SP 2011 2 FABÍOLA MARIANO NAKAGAMI MELHORIAS NO PROCESSO PRODUTIVO DE GASES DE ALTA PUREZA UTILIZANDO O GERENCIAMENTO POR PROCESSOS Trabalho de conclusão de curso apresentado na Fundação Vanzolini e na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do Título de Especialista em Qualidade e Produtividade. Área de Concentração: Engenharia de Produção Orientador: Professor Maurício Sócio Coordenador: Professor Antônio Muscat SÃO PAULO/SP 2011 3 RESUMO O estudo da aplicação da metodologia Gerenciamento por Processos em uma Empresa Real é discutido nesse trabalho. Essa metodologia foi apresentada no Curso de Especialização da Qualidade e Produtividade e visa à melhoria nos processos de uma organização. O mapeamento do Processo Crítico foi definido através da análise dos objetivos estratégicos da empresa. Os Sub-processos Críticos envolvidos foram avaliados. Melhorias específicas e um plano de ação foram propostos através da utilização de Diagramas de Causa e Efeito. 4 ABSTRACT The application of the Processes Management methodology to a Real Business is discussed in this work. This methodology was presented in the Specialization Course Quality and Productivity and is aimed at improving the processes of an organization. The Critical Process’ mapping was defined through an analysis of the company's strategic objectives. The Critical Sub processes involved were evaluated. Specific improvements and a plan of action were proposed through the use of Cause and Effect Diagrams. 5 AGRADECIMENTOS Ao Professor Mauricio Sócio pela orientação e estímulo transmitido durante o trabalho. Ao Dr. Newton de Oliveira, Presidente da IBG - Indústria Brasileira de Gases, pela oportunidade de realização deste trabalho. Seu apoio foi fundamental, sem o qual o trabalho não teria sentido. Ao Sr Enrique Armstrong, Diretor de Negócios Estratégicos, pelo apoio neste trabalho, principalmente na definição dos objetivos estratégicos e fatores-chave. Aos funcionários de Gases Especiais, Reginaldo, Cristian, Ladislau e José Claudio, pela colaboração no estudo dos Sub-processos, na avaliação dos problemas, causas e melhorias. Ao meu marido Ricardo que entendeu a importância deste trabalho e me deu suporte nos momentos que necessitei. 6 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Estrutura funcional versus estrutura processual. ..................................... 29 Quadro 2 - Estrutura da direção composta por níveis, composição e atribuições. .... 33 Quadro 3: Gases com as diferentes purezas ............................................................ 41 Quadro 4 : Componentes analisados de acordo com o grau de pureza ................... 41 Quadro 5: Características do processo segundo Corrêa e Corrêa (2009, p.333) ..... 42 Quadro 6: Definição da equipe de 1º nível ................................................................ 42 Quadro 7: Descrição dos objetivos estratégicos da empresa IBG ............................ 43 Quadro 8: avaliação do impacto sobre o negócio e da qualidade do desempenho .. 44 Quadro 9: atribuição da responsabilidade pelo processo de produção ..................... 46 Quadro 10: cliente x necessidade x indicadores ....................................................... 47 Quadro 11 - Avaliação dos sub-processos ................................................................ 49 Quadro 12 - Dono do sub-processo de enchimento, liberação e controle de estoque .................................................................................................................................. 51 Quadro 13 - Equipe de aperfeiçoamento de segundo nível do sub-processo de enchimento, liberação e controle de estoque ........................................................... 51 Quadro 14 - Saídas e clientes para o Sub-processo de Enchimento ........................ 53 Quadro 15 - Entradas, requisitos e indicadores associados ao Sub-processo de Enchimento ............................................................................................................... 53 Quadro 16 – Causas raiz para a mão de obra .......................................................... 54 Quadro 17 – Causas raiz do método ......................................................................... 54 Quadro 18 – Causas raiz dos cilindros ...................................................................... 55 Quadro 19 – Causa raiz da matéria-prima ................................................................ 55 Quadro 20 – Causas raiz de equipamentos .............................................................. 55 Quadro 21 – Causas raiz de vazamentos nas linhas, válvulas e chicotes ................ 55 Quadro 22: Definição de soluções para cada causa raiz encontrada para mão de obra, método, cilindros, matéria-prima e equipamentos ........................................... 56 Quadro 23 - Definição de soluções para cada causa raiz encontrada para vazamentos nas linhas, válvulas ou chicotes ............................................................ 57 Quadro 24 – Entradas-Fornecedores/Saídas-Clientes do Sub-processo de Liberação .................................................................................................................................. 58 Quadro 25 - Requisitos e indicadores associados ao Sub-processo de Liberação ... 59 7 Quadro 26 - Causas raiz de método para a dificuldade na emissão de certificados . 60 Quadro 27 – Causas raiz da filial para a dificuldade na emissão de certificados ...... 60 Quadro 28 - Definição de soluções para cada causa encontrada para dificuldade na emissão de certificados ............................................................................................. 61 Quadro 29 – Entradas, saídas, fornecedores e clientes do Sub-processo ................ 62 Quadro 30 - Requisitos e indicadores do Sub-processo de Controle de Estoque ..... 62 Quadro 31 - Causas raiz da dificuldade no planejamento do enchimento................. 63 Quadro 32 - Soluções propostas para as causas do problema de planejamento do enchimento ................................................................................................................ 64 Quadro 33 - Plano de ação para melhorias no Processo de Produção que será implementado ............................................................................................................ 65 Quadro 34 - Plano de ação que será confirmado e definido posteriormente pela equipe de 1º nível ..................................................................................................... 66 Quadro 35 - Indicadores relevantes para o monitoramento de ações de melhoria propostas................................................................................................................... 69 8 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Organograma da empresa IBG fornecido pelo recursos humanos da empresa .................................................................................................................... 17 Figura 2 - Representação da definição de processo ................................................. 24 Figura 3 - Estrutura matricial. .................................................................................... 30 Figura4 - Modelo de abordagem de processos ISO9001: 2008 ............................... 31 Figura 5 - Ciclo do PDCA1 ......................................................................................... 31 Figura 6 - Representação da Matriz B-Q ................................................................... 35 Figura 7 - Matriz I-Q para avaliação dos Sub-processos........................................... 37 Figura 8 - Modelo de diagrama de causa e efeito ..................................................... 39 Figura 9 - fluxograma da visão geral do macro processo de produção ..................... 48 Figura 10 - Fluxograma do Sub-processo de Enchimento ........................................ 52 Figura 11 – Diagrama de causa e efeito do gás fora da especificação planejada ..... 54 Figura 12 - Fluxograma do Sub-processo de Liberação ........................................... 58 Figura 13 - Diagrama de causa e efeito da dificuldade de emissão de certificados .. 59 Figura 14 - Fluxograma do Sub-processo de Controle de Estoque ........................... 62 Figura 15 - Diagrama de causa e efeito da dificuldade de planejamento de enchimento ................................................................................................................ 63 9 LISTA DE MATRIZES Matriz 1: Objetivos estratégicos versus fatores-chave .............................................. 43 Matriz 2: Processos versus fatores-chave ................................................................. 44 Matriz 3: impacto sobre o negócio versus qualidade de seu desempenho ............... 45 Matriz 4: fatores-chave versus sub-processos .......................................................... 49 Matriz 5 - Seleção dos sub-processos prioritários ..................................................... 51 10 LISTA DE ABREVEATURAS E SIGLAS IBG - Indústria Brasileira de Gases PDCA - Iniciais de 4 palavras em inglês: Plan, Do, Check, Action (Planejar, fazer, conferir e agir) TQC - Total Quality Control (Controle da Qualidade Total) FEPSC - Ferramenta usada para avaliação do processo, iniciais de fornecedor, entrada, processo, saída e cliente. SIPOC - O mesmo que FEPSC com as palavras em inglês. FID - Tipo de detector utilizado em laboratório: Flame Ionization Detector. SS - Super seco 11 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 13 1.1 A EMPRESA ............................................................................................... 13 1.1.1 Missão.................................................................................................. 15 1.1.2 Visão .................................................................................................... 15 1.1.3 Valores ................................................................................................. 16 1.1.4 Política da Qualidade ........................................................................... 16 1.1.5 Objetivos da Empresa .......................................................................... 16 1.1.6 Objetivos da Qualidade ........................................................................ 16 1.1.7 Organograma ....................................................................................... 17 1.2 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA ........................................................... 17 1.3 OBJETIVOS DO TRABALHO ..................................................................... 18 1.4 RELEVÂNCIA DO TEMA ............................................................................ 19 1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO.................................................................... 19 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................................... 21 2.1 A GESTÃO DA QUALIDADE ...................................................................... 21 2.2 A VISÃO DOS PROCESSOS ..................................................................... 24 2.2.1 Tipos de Processos Produtivos ............................................................ 25 2.2.2 Hierarquia dos Processos .................................................................... 26 2.3 GESTÃO POR PROCESSOS ..................................................................... 28 2.4 MÉTODO DE GERENCIAMENTO POR PROCESSOS ............................. 32 2.4.1 Identificação, avaliação e seleção dos processos prioritários .............. 33 2.4.2 Gestão e aperfeiçoamento do processo .............................................. 35 3 COLETA DE DADOS E RESULTADOS OBTIDOS............................................ 40 3.1 O PROCESSO DE GASES DE ALTA PUREZA ......................................... 40 3.2 O GERENCIAMENTO POR PROCESSOS - GASES DE ALTA PUREZA . 42 3.2.1 Identificação, Avaliação e Seleção dos Processos Prioritários ............ 42 3.2.2 Gestão e aperfeiçoamento do Processo de Produção ......................... 45 3.2.3 Avaliação dos sub-processos .............................................................. 48 3.2.4 Plano de ação ...................................................................................... 64 4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................................................................... 67 5 CONCLUSÕES .................................................................................................. 70 12 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 72 GLOSSÁRIO ............................................................................................................. 73 13 1. INTRODUÇÃO Neste cenário atual globalizado, a competitividade entre as empresas está cada vez mais acentuada. O cliente está mais exigente, demandando melhor qualidade nos produtos e serviços além de preços menores. O foco no cliente para saber exatamente o que ele necessita e como atingir esta necessidade é fator fundamental para se destacar diante das concorrentes. As empresas precisam: Ser flexíveis e ágeis para acompanhar as mudanças crescentes no segmento que atuam. Para isto é necessário avaliar sua estrutura interna e torná-la rápida e eficiente; Avaliar constantemente as estratégias e os objetivos, buscando uma sinergia entre eles e os processos internos; Entender o valor, o impacto e o poder que cada processo tem sobre os resultados. Reduzir os custos e melhorar a qualidade dos produtos ou serviços traz vantagens competitivas. O Gerenciamento por Processos é uma ferramenta muito útil neste contexto por analisar e melhorar os processos críticos, avaliando as atividades que afetam o desempenho da empresa e propondo soluções com o objetivo de atingir a satisfação dos clientes internos e externos. Diante disto, o presente trabalho visa avaliar o caso da empresa IBG, utilizando a metodologia de Gerenciamento por Processo, com o objetivo de identificar os processos críticos e propor soluções para a melhoria da qualidade e produtividade, visando a melhoria continua da empresa e tornando-a cada vez mais competitiva na área de gases especiais. 1.1 A EMPRESA 14 A empresa IBG – Indústria Brasileira de Gases foi fundada em 1992 por profissionais com vasta experiência no mercado brasileiro de gases industriais. Até sua fundação, apenas empresas multinacionais atuavam no mercado brasileiro. A IBG é até hoje a única empresa 100% nacional no setor de gases. A empresa opera de forma independente e com capital próprio. A implantaçãoda empresa teve como premissa básica os níveis altos de preços praticados em relação ao mercado internacional devido à fraca concorrência no setor. Foi visualizado então que o mercado comportava uma empresa independente, ágil, flexível e arrojada no mercado brasileiro. Por meio de um atendimento personalizado e adequado às necessidades dos clientes, a IBG busca desde a sua implementação estabelecer um relacionamento de longo prazo com o cliente. Tudo isso através de uma estrutura administrativa, compacta e dinâmica. A IBG tem uma carteira de clientes composta por mais de mil empresas e mantém uma rede de 16 filiais com estações de enchimento. A operação é mantida por quatro fábricas de gases do ar (argônio, oxigênio e nitrogênio), uma de acetileno, outra de óxido nitroso, três fábricas de gás carbônico, uma unidade de enchimento de hélio líquido com laboratório e fábrica de gases especiais. Seu acionista majoritário, Sr Newton de Oliveira, é responsável junto com seu quadro de diretores todas as decisões estratégicas da empresa. A alta gerencia é composta por cinco diretores que envolvem as áreas comercial, industrial, logística, administração e produção. É a única empresa do setor a operar com frota própria para o suprimento e distribuição dos seus produtos. Possui uma política de preços bastante agressiva e respeita os contratos e compromissos assumidos. Por ser uma empresa com poucos níveis hierárquicos na sua organização responde rapidamente às novas e sempre crescentes expectativas dos consumidores. Em sua linha de produtos inclui gases atmosféricos (oxigênio, nitrogênio e argônio), gases de processo (gás carbônico, acetileno, hidrogênio, misturas para soldagem, hélio, óxido nitroso), além de gases especiais e medicinais, comercialização de hidrogênio e demais produtos do setor. Os gases industriais são utilizados amplamente nas industriais, hospitais e setor de serviços, portanto um mercado muito diversificado. Os gases oxigênio, óxido nitroso, ar comprimido, gás carbônico são utilizados em hospitais, clínicas e serviços de entrega a domicilio. 15 Os gases nitrogênio, argônio, oxigênio e hélio são comercializados também em sua forma líquida. Podem ser utilizados em diversas aplicações. Quando o cliente é um consumidor de volumes representativos, um tanque criogênico é instalado para a entrega do produto no estado liquido, facilitando a logística e reduzindo os custos de distribuição. O oxigênio líquido é um produto essencial para o setor de saúde, sendo amplamente utilizado em hospitais com consumo elevado. O hélio líquido tem uma aplicação específica nas máquinas de ressonância magnéticas tanto para clinicas como hospitais. O setor de Gases Especiais possui certificação ISO 9001:2008 desde 2007: “COMERCIALIZAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE MISTURAS E GASES DE ALTA PUREZA”. Os gases especiais e misturas são distribuídos para laboratórios de análise, processos de controle de qualidade e calibração de instrumentos de medição. A linha é composta por uma grande variedade de misturas e gases puros com rígido controle de contaminantes, que são fornecidos em cilindros para atender a todo tipo de aplicação. As misturas especiais são produzidas sob encomenda e com a exatidão para se adequar as necessidades dos clientes. 1.1.1 Missão Comercializar produtos de altíssima qualidade e prover de soluções no fornecimento de gases industriais, medicinais e especiais. 1.1.2 Visão Ser a melhor empresa no setor de gases, ajustando-se perfeitamente às necessidades de cada cliente. 16 1.1.3 Valores Independência Agilidade Responsabilidade das ações Atendimento com qualidade e segurança Ética Coerência nas atitudes 1.1.4 Política da Qualidade Fornecer Produtos e Serviços de encontro às necessidades do cliente, objetivando o crescimento da empresa com rentabilidade. 1.1.5 Objetivos da Empresa Não apenas se igualar às concorrentes, mas sim ser a melhor empresa do setor. Crescimento de 25% a partir 2007 nos próximos 10 anos. 1.1.6 Objetivos da Qualidade 17 Treinamento de Funcionários. (1% hora/funcionário) “Pesquisa de Satisfação dos Clientes. (55% dos clientes entre bom e excelente) “Performance de Reclamações de Clientes. (até 1% de reclamação) “Performance de Solicitações de Mistura / Gás Puro. (atender pelo menos 95% no prazo) Análise de Custos (em avaliação) 1.1.7 Organograma Figura 1: Organograma da empresa IBG fornecido pelo recursos humanos da empresa 1.2 APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA A empresa IBG é uma empresa jovem no mercado que cresceu rapidamente nestes 19 anos. Muitos dos seus processos continuam com a mesma estrutura do inicio e 18 precisam ser avaliados utilizando uma ferramenta de gerenciamento que consiga identificar as mudanças necessárias para atender aos objetivos estratégicos da empresa. Por se tratar de uma empresa com diversos segmentos dentro da área de gases, o segmento de gases especiais será avaliado neste trabalho por possuir maior valor agregado e clientes mais exigentes. A empresa cresceu nestes últimos anos com relação à demanda, mas a produção não acompanhou este crescimento com melhorias na mesma proporção. O sistema produtivo é o mesmo utilizado há anos. Neste ano a empresa está com uma estrutura física nova em Gases Especiais, mais compatível com a realidade produtiva. Mas existe uma necessidade de melhoria na gestão dos recursos. O segmento de gases especiais possui certificação ISO9001, mas o ciclo do PDCA tem falhas. De 2005 até 2010 o volume produzido cresceu 35%. O planejamento da produção de gases especiais ainda está atendendo a demanda de produtos. Mas nestes últimos cinco anos não houve mudanças no processo de produção, apenas aumento de mão de obra. Para aproveitar de forma eficiente a nova estrutura é necessário visualizar os processos que contemplam gases especiais e encontrar quais são os processos críticos, identificar os problemas e propor soluções de melhorias para que a empresa melhore o processo e continue crescendo no segmento de acordo com os objetivos estratégicos definidos. 1.3 OBJETIVOS DO TRABALHO Através da metodologia de gestão por processo encontrar oportunidades de melhoria em processos críticos dentro de gases especiais. Avaliando detalhadamente o processo de produção de gases de alta pureza. Adotar indicadores adequados para clientes internos e externos, apontar os problemas principais que afetam o desempenho do processo através do uso do diagrama de 19 causa e efeito. Propor as soluções aos problemas levantados, gerando um plano de ação. 1.4 RELEVÂNCIA DO TEMA Gases Especiais representa aproximadamente 3 % dos negócios. Fazendo melhorias neste processo é possível adequar aos demais processos de maior representatividade. A empresa está implementando este ano uma tática para alavancar as vendas em gases especiais, para com estes produtos compor o crescimento desejado. São produtos de alto valor agregado e atraem clientes importantes do segmento petroquímico e químico. O volume de produção vai aumentar e precisará haver uma evolução no processo produtivo para acompanhar. Embora representem pequena porcentagem em volume podem representar ganhos expressivos. Um volume de 2% pode representar 38% de faturamento. Futuramente estas melhorias podem ser levadas para gases medicinais e posteriormente para os industriais. Os gases medicinais representam hoje 42% dos negócios da empresa. 1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO Capítulo 1: Possui a introdução do trabalho, informações sobre a empresa estudada, a apresentação do problema, os objetivos do trabalho, a importância do tema para a empresa e descreve a forma como o trabalho está organizado. Capítulo2: Descreve toda a fundamentação teórica na qual o trabalho está baseado, levantando conceitos teóricos e métodos, descrevendo e comparando as abordagens dos assuntos descritos. Está dividido em três tópicos: A gestão da qualidade, a visão dos processos e a gestão por processos. 20 Capítulo 3: Apresenta a coleta dos dados e resultados obtidos. É descrito detalhadamente o processo estudado e toda a avaliação realizada seguindo a metodologia da gestão por processos. Ao final, é apresentado um plano de ação baseado nos resultados obtidos. Capítulo 4: Apresenta um resumo dos resultados obtidos e apresentados no capítulo 3. Capítulo 5: Apresenta as conclusões obtidas através da análise dos resultados e sugestões para trabalhos futuros dentro da empresa. 21 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Este tópico descreve a opinião de vários autores com relação a assuntos pertinentes ao desenvolvimento do método de Gerenciamento por Processo na empresa IBG. 2.1 A GESTÃO DA QUALIDADE Para compreender melhor o conceito de Gestão da Qualidade, vamos entender como ela evoluiu estudando um pouco sua história. A história da Qualidade é dividida em quatro eras (SÓCIO, 2009): Era da inspeção, Era do controle estatístico, Era da garantia da qualidade e Era da gestão da qualidade. Na Era da Inspeção o custo era alto, se inspecionava 100% dos produtos. Nos primórdios da indústria moderna, a inspeção era feita pelo próprio artesão. De acordo com Carvalho (2005, p.2) o artesão era um especialista que tinha o domínio de todo o ciclo produtivo e procurava atender as necessidades de seus clientes, que nesta época estavam próximos. Com a Revolução Industrial surgiram os supervisores para controlar a produção, a customização foi substituída pela padronização. O trabalho foi fragmentado e o cliente se tornou distante de quem produzia. Nesta era o foco era o produto. Era do controle estatístico: Na década de 30 foram observados os primeiros passos para o Controle Estatístico da Qualidade. Foi neste período que Walter Shewhart criou os gráficos de Controle Estatístico de Processo e o ciclo do PDCA, que direcionaria as atividades de análise e solução de problema. Segundo Carvalho (2005) foi neste período que o Controle de Qualidade evolui com o desenvolvimento de sistemas de medidas, das ferramentas de controle estatístico de processo e o surgimento de normas especificas para esta área. Surgiram técnicas de amostragem, que reduziram as inspeções 100%. Nesta era, o foco estava no produto e no processo com indícios de prevenção. 22 - Era da Garantia da Qualidade: De acordo com Sócio (2009) com o término da 2ª Guerra Mundial, estudos mostraram que 80% dos problemas de falta da qualidade eram causados por falhas gerenciais e não por falhas técnicas. A preocupação não deveria mais ser o chão de fabrica apenas, mas sim a comunicação entre as áreas. De acordo com Carvalho (2005), foi na década de 50 que as primeiras associações da área da qualidade e seu impacto nos custos foram tecidas e foi proposta a primeira abordagem sistêmica. Em 1951 Juran lançou a publicação Planning and Practices in Quality Control, que apresentava um modelo de planejamento e apuração dos custos da qualidade. Armand Feigenbaum foi o primeiro a tratar a qualidade de forma sistêmica nas organizações através do sistema da Qualidade Total (TQC). Foi neste período que se iniciou o Modelo Japonês (Company Wide Quality Control) com o auxilio de Deming e Juran. Este modelo tinha aspectos novos relacionados à participação dos funcionários e da alta gerencia como fundamentais para a boa Gestão da Qualidade. Foram criados os Prêmios da Qualidade iniciando pelo Japão (1957) e seguido pelos Estados Unidos (1987), Europa (1991) e Brasil (1992). Em 1987 surgiu o modelo normativo ISO (International Organization for Standardization) para a área de Gestão da Qualidade. - Era da Gestão da Qualidade: De acordo com Sócio (2009), nesta era todas as atividades gerenciais que determinam a política da qualidade, os objetivos e as responsabilidades são implementadas por meios como: planejamento, controle, garantia e melhoria da qualidade. O foco é em todas as partes interessadas e na eficácia e eficiência. Em 2000 foi realizada a terceira revisão da série ISO 9000 que adotou uma visão de Gestão da Qualidade e não mais de garantia, introduzindo elementos de gestão por processos, gestão por diretrizes e foco no cliente, conforme descrito por Carvalho (2005). Os elementos da Gestão da Qualidade moderna recuperam alguns elementos das outras três eras, como por exemplo, a proximidade com o cliente que existia na época do artesão e a produção customizada em escala. Segundo Carvalho (2005) este resgate da importância dos clientes e a percepção da qualidade como um critério competitivo trouxe discussões sobre o impacto estratégico da qualidade e o que hoje conhecemos como desdobramento das diretrizes. Agora que entendemos o conceito da Gestão da Qualidade devemos entender como ela pode auxiliar no Gerenciamento por Processos. 23 A qualidade é o que faz o produto ou serviço ser desejado. Juran (1991, p.16 apud MARINHO, 2007, p.8) conceitua qualidade como sendo o conjunto das atividades através das quais se atinge a adequação do produto ou do serviço ao uso. Neste conceito não importa em que parte da organização estas atividades são executadas. Paladini (1995, apud MARINHO, 2007 p.9) se baseia nos conceitos básicos da qualidade em termos de processos produtivos para evidenciar a estrutura de gestão da qualidade no processo e desenvolver métodos os quais ajudem na redução de desperdícios, falhas ou erros. A outra etapa seria priorizar e otimizar o processo, desenvolvendo-se atividades para atender plenamente os objetivos da empresa ao mesmo tempo em que utilizam os recursos da melhor maneira possível. Segundo Paladini (1995, apud MARINHO, 2007 p.10) a Gestão da Qualidade é definida como o direcionamento das ações totais do processo produtivo para o atendimento do cliente. A estratégia básica proposta consiste na melhor organização possível do processo que se concretiza a partir de três etapas. Tais etapas se desenvolvem de forma evolutiva. Cada uma visa de alguma forma, incrementar a adequação do produto ao uso: eliminados os defeitos, garante-se um produto em condições de ser utilizado; eliminadas as causas, garante-se maior confiabilidade ao produto; otimizando o processo, garante- se um produto com a máxima eficiência. (PALADINI, 1995, p.20) De acordo com Marinho (2007), a primeira etapa utiliza ferramentas essencialmente corretivas, com o objetivo de eliminar as falhas do sistema. A etapa seguinte envolve atividades de prevenção, atuando nas causas das falhas do sistema. A terceira etapa consolida os resultados das fases anteriores, proporcionando aumento da produtividade e da capacidade operacional da empresa, melhor alocação e utilização dos recursos, racionalização do processo e adequação dos processos aos projetos. Para que a Gestão da Qualidade no Processo seja aplicada e traga ganhos efetivos para a organização é necessário que haja um comprometimento de todos os níveis da organização. Conforme Campos (1992 apud MARINHO, 2007 p.11): 24 Todo processo ou sistema deve garantir a qualidade total para o processo seguinte. Para que isso ocorra, deve ser praticado o controle da qualidade [...] eliminar a causa fundamental dos problemas do processo ou sistema (lembrando que problema é qualquer resultado indesejável da qualidade total). 2.2 A VISÃO DOS PROCESSOS Berssaneti (2010a) define processo como sendo um conjunto de atividades relacionadas que agregam valor às entradas e geram uma saída que atenderá a um cliente externo ou interno. Rotondaro (2005)acrescenta que processo é um conjunto de causas que geram um ou mais efeitos. Uma séria de atividades repetitivas que transformam entradas em saídas mensuráveis, tendo a necessidade de se gerenciar e se medir sua execução. As empresas criam processos com o objetivo de atender as necessidades e desejos dos clientes e acionistas, buscando a sua satisfação. A figura 2 é uma representação da definição de processo. Todo processo possui suas entradas que são provenientes de fornecedores, executa a transformação destas entradas em saídas que serão enviadas aos clientes. Estes clientes podem ser clientes externos ou clientes internos. A saída de um processo pode ser a entrada de outro. As entradas e as saídas de um processo podem ser tangíveis ou intangíveis e o desempenho do processo pode ser avaliado através de medições adequadas. Figura 2 - Representação da definição de processo (elaborado pela autora) 25 Mello et al. (2009) explica que os processos variam significativamente em termos de estágio de evolução. De acordo com Berssaneti (2010a) existem quatro níveis de Qualificação de Processos que diferenciam seu estagio de evolução: Espontâneo: padrões de processo não existem ou são pouco utilizados. Embrionário: existe a consciência de processo, mas não há sistematização. Formalizado: processos básicos estão padronizados e institucionalizados. Otimizado: processos são sistematicamente avaliados, continuamente melhorados, integrado de modo interfuncional com processos de negócios. Todas as organizações possuem três processos centrais fundamentais. Neto (1994, p.69, apud MELLO et AL., 2009, p.28) classifica da seguinte forma: Processos que qualquer falha o cliente logo identifica são definidos como processos primários. Processos que colaboram com os processos primários para a obtenção da satisfação do cliente são definidos como processos de apoio. Processos que coordenam as atividades dos processos de apoio são definidos como processos gerenciais. 2.2.1 Tipos de Processos Produtivos Existe uma tentativa de identificar padrões na grande variedade de processos produtivos que são encontrados. Corrêa e Corrêa (2009, p.333) definem alguns contínuos destas variações: Volume de fluxo processado: existem processos que processam altos volumes de fluxo e processos que lidam com baixos volumes de fluxo. Variedade de fluxo processado: há processos que executam um só tipo de fluxo que percorre a mesma seqüência de etapas e processos que requerem uma seqüência de etapas diferentes, lidando com uma variedade de fluxo. Recurso dominante: os processos podem ter dois tipos de recursos dominantes, recurso humano ou recurso tecnológico. 26 Incrementos de capacidade: há processos que só conseguem incrementar a capacidade em grandes degraus, já que as unidades de recurso são de grande porte, enquanto outros processos permitem que a capacidade seja incrementada de forma gradual. Critério competitivo de vocação: há processos que tem vocação para ser mais eficientes, mas apresentam pior desempenho em flexibilidade e processos que têm vocação de ser flexíveis, mas perdem eficiência. Corrêa e Corrêa (2009, p. 335) também classificam os processos produtivos de acordo com o volume e a variedade dos produtos: Processos por tarefa: produção de pequenos lotes de uma variedade grande de produtos, com variados roteiros de fabricação, em geral associados com arranjos físicos funcionais. Em geral os funcionários são polivalentes. Processos em lotes: arranjo funcional, mas há especialização e dedicação de funcionários. Processos em linha: produção de peças discretas fluindo de estação de trabalho a estação de trabalho. As estações de trabalho são arranjadas de forma a respeitar a seqüência de etapas do processo produtivo do produto. Processos em fluxo contínuo: processamento de material em fluxo contínuo. Semelhante a produção em linha, resultando em estoque baixo. Em geral as estruturas fabris são automatizadas e trabalham ininterruptamente. 2.2.2 Hierarquia dos Processos Segundo Mello et AL. (2009) os processos apresentam uma hierarquia na estrutura organizacional que é classificada de acordo com o nível de detalhamento com que o trabalho está sendo tratado. Segundo Juran (1992, apud MARINHO, 2007, p.18) existem algumas razões para esta subdivisão. Uma delas seria o planejamento, a divisão possibilita que o gerente designe uma equipe diferente para cada subdivisão, o que permite um planejamento simultâneo. 27 O Macro processo é o maior nível hierárquico dos processos. Estes podem ser subdivididos em sub-processos, em atividades e em tarefas, sucessivamente. O nível de agregação mais adequado vai depender do tipo de análise que vai ser realizada (MARINHO, 2007, p.18). Harrington (1993, apud MARINHO, 2007, p 18) reforça que esta divisão minimiza o tempo necessário para melhorar o macro processo e ajuda a criar um enfoque específico em um problema. Macro processos São os processos que envolvem mais de uma função da organização. Segundo Juran (1992, apud MARINHO, 2007 p.19) são processos multifuncionais nos níveis mais altos das hierarquias das empresas. Sua operação tem impacto significativo no modo como a organização funciona. Sub-processos São os processos menores do macro processo que tem objetivos específicos e contribui para a missão do mesmo. São organizados de acordo com as funções, transformando entradas em saídas através de atividades seqüenciais (MARINHO, 2007). Atividades São as atividades que estão dentro do sub-processo, geralmente desempenhadas por um departamento. Segundo Berssaneti (2010a) elas também são definidas como micro processos. As atividades constituem a maior parte dos fluxogramas e são constituídas por um determinado número de tarefas. As atividades podem ser divididas em principais, secundarias e transversais (CRUZ, 1998, apud. MELLO et al., 2009, p.32). As atividades principais são aquelas que têm participação direta na criação do objeto do processo e podem ser divididas em críticas, que tem papel crucial para a integridade do processo e não críticas, que são imprescindíveis para o resultado esperado e podem ser praticadas dentro de parâmetros e condições mais flexíveis. 28 As atividades secundárias não estão diretamente envolvidas com a produção do objeto do processo, elas dão suporte para a realização das atividades principais. As atividades transversais são o conjunto de especialidades executadas em única operação para resolver problemas de caráter temporário ou provisório. Elas não agregam valor algum e consomem recursos variáveis. Tarefas É o nível mais detalhado de um processo. Sendo as unidades mínimas da organização horizontal. As tarefas podem estar relacionadas ao modo que um item desempenha uma responsabilidade especifica (MARINHO, 2007, p.20). 2.3 GESTÃO POR PROCESSOS No inicio do século XX as empresas, influenciadas pelos resultados da revolução de produtividade obtida pela administração científica, começaram a organizar-se em departamentos, conhecido como modelo funcional. A lógica era de que o ótimo de cada parte levaria ao ótimo do todo. Este modelo funcionou bem até os anos 70. (ROTONDARO, 2005, p. 210). Nos últimos anos as empresas começaram a sofrer perdas em competitividade e o modelo funcional passou a não ser o mais adequado. Para conseguir sobreviver no mundo atual, as empresas precisam mudar da abordagem funcional para a de processo. A geração de um produto ou serviço é realizada por uma cadeia de atividades interligadas. O foco em processo significa que o ótimo de todos prevalecerá sobre o ótimo da parte, sendo o resultado do processo mais importante do que a tarefa individual. (ROTONDARO, 2005, p.212). Empresas com estrutura funcional apresentamuma estrutura pesada e rígida que executam pedaços fragmentados de um processo. (GONÇALVES, 2000b apud. MARINHO, 2007, p.14). A responsabilidade pelos resultados esperados é dividida entre as unidades funcionais. As metas individuais não contribuem para o todo. Pode-se dizer que esta é uma estrutura verticalizada. A comunicação entre os 29 departamentos é ineficiente, o tempo de conclusão da tarefa é comprometido devido às transferências de fluxo de trabalho ser lentas. De acordo com Paulo Rocha (MARINHO, 2007 p.24), a forma vertical se apresenta como uma barreira que dificulta a visualização total do negócio permitindo uma visão segmentada. Segundo Mello et AL. (2009, p.36). O Gerenciamento por Processos cruza as barreiras entre os diferentes departamentos, focando em metas principais para a organização. O processo é responsabilidade de um gestor que terá que interagir com os gestores departamentais para que o resultado seja alcançado. Isso contribui para melhorar a gestão nas interfaces. Mudar a visão funcional requer quebra de paradigma. É necessário mudar a cultura da empresa e o modo de administração. O quadro 1 mostra as principais diferenças entre a estrutura funcional e a processual. Berssaneti (2010a, p.13) define cinco elementos básicos que devem ser considerados para a Cultura de Processo: agregar valor para os clientes, “empowerment” das pessoas, trabalhar em equipe, parceria com fornecedores e eliminação de barreiras de comunicação. ESTRUTURA FUNCIONAL ESTRUTURA PROCESSUAL Desenvolvimento e utilização de habilidades especializadas Divisão efetiva do trabalho em termos de custos Economia de escala em instalações e equipamentos Controle e coordenação centralizados Carreira bem definida para os especialistas funcionais Foco mais direcionado aos clientes Melhor coordenação e integração do trabalho Tempo de respostas mais rápido Antecipação e controle das mudanças Preparação para mudanças complexas Gerenciamento efetivo das relações de trabalho Visão sistêmica das atividades Prevenção de erros Maior engajamento dos funcionários Quadro 1 - Estrutura funcional versus estrutura processual. (MARINHO, 2007, p.26) A maioria das empresas está organizada em grupos funcionais verticais, os setores estão agrupados por atividades, mas os processos e as informações fluem na horizontal. (MARINHO, 2007, p.22). Esta estrutura é chamada de Estrutura Matricial segundo Berssaneti (2010a) e pode ser visualizada na figura 3. 30 Figura 3 - Estrutura matricial (adaptado de Berssaneti, 2010a). A Gestão por Processos vem com a proposta de manter a competitividade das empresas por intermédio da melhoria contínua e da desfuncionalização da estrutura organizacional, buscando a qualidade dos produtos e serviços, agregando-lhes maior valor para atender as necessidades dos clientes conforme Marinho (2007). Segundo Rotondaro (2005, p.217): A Gestão por Processos é uma metodologia de avaliação contínua, análise e melhoria do desempenho dos que exercem mais impacto na satisfação dos clientes e dos acionistas (processos-chaves) Para Marinho (2007), a concepção da Gestão por Processos permite identificar medidas para controle de resultados dos processos, no intuito de conhecer o mapa de contexto e as cadeias de valor que são fundamentais para a compreensão do que realmente é prioritário e o que agrega de fato valor ao produto. Marinho (2007) comenta que um resultado desejado é mais eficientemente atingido quando os recursos e as atividades são gerenciados como um processo. A norma ISO 9001:2008 destaca a importância de identificar, implementar, gerenciar e melhorar continuamente a eficácia dos processos e adota a abordagem de processo segundo o modelo representado na figura 4. 31 Figura 4 - Modelo de abordagem de processos ISO9001: 2008 (MELLO et al., 2009, p. 36) A abordagem de processos utiliza os princípios do chamado Ciclo PDCA mencionado no item 2.1 e representado na figura 5. Segundo Mello et al. (2009, p.36): O PDCA é um ciclo dinâmico que pode ser desdobrado dentro de cada processo da organização e para o sistema de processos em sua totalidade. Ele está intimamente associado com planejamento, implementação, controle e melhoria contínua dos processos de realização do produto e do sistema de gestão da qualidade. Figura 5 - Ciclo do PDCA 1 Na Gestão por Processos é realizado o mapeamento dos processos utilizando o diagrama FEPSC (fornecedor, entradas, processo, saída, cliente) também conhecido como diagrama SIPOC. _________________________ 1 Fonte http://adideiass.blogspot.com/2010/12/gestor-da-qualidade.html, acessado em 23/04/2011. http://adideiass.blogspot.com/2010/12/gestor-da-qualidade.html 32 Esta técnica segue uma seqüência lógica conforme Rotondaro (2005, p.224), que consiste em determinar o propósito do processo, os passos e analisar as saídas, clientes, entradas e fornecedores. Por tanto a Gestão por Processos nos fornece a definição clara do processo, suas entradas e saídas, quem são seus clientes externos e internos. Facilita a definição da missão do processo e quais são os pontos necessários de monitoramento. Quando se conhece o processo fica mais fácil propor melhorias para aumento de produtividade e da satisfação do cliente. Por tanto, quando a empresa entende seus processos de forma clara ela se torna mais competitiva e flexível. De acordo com Mello et AL. (2009) a metodologia de Gestão por Processos traz: Melhoria de resultados e da satisfação das partes interessadas em função da melhoria do desempenho de suas atividades e tarefas critica. Redução de custos pela simplificação dos processos e pela diminuição da necessidade de retrabalho. Ao aplicar os conceitos e técnicas de Gestão por Processos na IBG podemos melhorar os resultados dos processos, aumentar a satisfação do cliente e reduzir custos, reduzindo desperdícios e retrabalhos. 2.4 MÉTODO DE GERENCIAMENTO POR PROCESSOS A metodologia utilizada é baseada na disciplina de Gestão da Qualidade e Produtividade do curso de especialização em Qualidade e Produtividade. Todas as tabelas e as ferramentas utilizadas para priorização e mapeamento dos processos estão baseadas no material de Berssaneti (2010a, 2010b). Conforme Berssaneti (2010a) é necessário definir a estrutura de direção através da definição das equipes de primeiro e segundo níveis, identificando seus componentes e suas atribuições conforme quadro 2. 33 NIVEIS COMPOSIÇÃO ATRIBUIÇÕES Equipe de 1º nível Comitê da Direção Responsáveis pelos Processos- Chave. Definição dos objetivos estratégicos Seleção dos Fatores-Chave Seleção dos Processos Prioritários Coordenador do Processo É designado e responde a equipe de 1º nível. Responsável pelo controle e pela melhoria de um processo prioritário. Em conjunto com a Equipe de 1º nível remove os gargalos. Equipe de 2º nível Coordenadores dos Processos Coordenadores dos Sub- processos Remoção de obstáculos rotineiros que afetam o desempenho dos Sub- processos Prioritários. Coordenador do Sub-processo É designado pela equipe de 2º nível e responde ao Coordenador do processo Responsável pela melhoria e supervisão de um Sub- processo Prioritário. Quadro 2 - Estrutura da direção composta por níveis, composição e atribuições. (BERSSANETI, 2010a) A aplicação da metodologia segundo Berssaneti (2010a) prevê dois momentos operacionais distintos: Identificação, avaliação e seleção dos processos prioritários ou críticos. Gestão e aperfeiçoamento dos processos selecionados através do gerenciamento e melhoria contínua dos processos prioritários. De acordo com Berssaneti (2010a) um processo pode ser visto como uma cadeia cliente-fornecedor. Cada elemento da cadeia precisa conhecere entender as necessidades do Cliente Final, do Cliente Interno e a sua importância. É necessário identificar os processos que influem nos resultados desejados, seus indicadores e como melhorá-los. Definir as especificações adequadas dialogando com os fornecedores. 2.4.1 Identificação, avaliação e seleção dos processos prioritários Esta etapa é confiada à equipe de 1º nível e consiste nos passos a seguir segundo Rotondaro (2005). Seleção dos objetivos estratégicos de referência 34 Através de uma análise de cenários de mercado, missão da empresa e do planejamento estratégico são definidos resultados desejados com o objetivo de atender as necessidades de acionistas, proprietários e clientes. Seleção dos fatores-chave Os fatores-chave são variáveis críticas de sucesso que permitem à organização realizar os objetivos estratégicos de referência. São definidos pesos para cada um dos fatores-chave de acordo com a sua relevância para a organização. Seleção dos processos relacionados aos fatores-chave Para cada fator-chave são relacionados todos os processos de negócios necessários para sua satisfação. O conjunto destes processos deve ser suficiente para atingir os objetivos do negócio. Esta relação é feita através da matriz fatores-chave versus processo que considera o grau de correlação: forte (xxx), média (xx) ou fraca (x). A pontuação do grau de correlação é multiplicada pelo peso do fator-chave correspondente. Ao final da relação são somados todos os pontos. Estes pontos são divididos por um mesmo número para obtenção de um valor máximo de cinco conforme mostra a tabela 1. Tabela 1 – Representação da Matriz fatores-chave versus processos (elaborada pela autora) Fator-chave 1 Peso 3 Fator-chave 2 Peso 1 Fator-chave 3 Peso 2 Total Impacto sobre o negócio Processo 1 XXX X 11 4 Processo 2 XX XXX 9 3 Processo 3 XX XXX 8 3 Seleção dos processos prioritários A seleção é feita através da matriz que relaciona o desempenho do processo com o seu impacto sobre o negócio. O desempenho do processo é obtido através de avaliações em função do atendimento as expectativas e necessidades dos clientes. A figura 6 representa a Matriz definida como Matriz B-Q. De acordo com Berssaneti (2010a), a região acima da diagonal onde se encontram os processos 1 e 3 é 35 considerada a região de Processos Prioritários. Respeitam-se como prioridades os processos de maior impacto e pior desempenho. QUALIDADE DO DESEMPENHO (Q) E D P3 A. EXCELENTE B. BOA C P1 C. REGULAR D. FRACA B P2 E. PÉSSIMA A 5 4 3 2 1 IMPACTO SOBRE O NEGÓCIO (B) 5. FUNDAMENTAL 4. ELEVADO 3. MÉDIO 2. DISCRETO 1. NULO Figura 6 - Representação da Matriz B-Q (adaptada de Berssaneti, 2010b) 2.4.2 Gestão e aperfeiçoamento do processo A seguir são listadas as etapas desta fase conforme definição de Rotondaro (2005). Atribuição da responsabilidade pelo processo A direção do Processo Prioritário e sua melhoria são atribuídas ao Coordenador do Processo. Ele é responsável pelo desempenho do processo e por definir o escopo do processo, as áreas envolvidas, os principais produtos e serviços gerados e seus principais clientes. Cabe ao coordenador do processo liderar e coordenar a melhoria do processo através da: Implantação e coordenação da equipe de 2º nível. Definição, em conjunto com a equipe, dos requisitos do processo e dos sistemas de controle. Seleção, em conjunto com a equipe, das oportunidades de melhoria. 36 Realização das modificações necessárias, verificação dos resultados e padronização dos novos métodos de operação. Enquadramento do processo É a partir desta etapa que ocorre o mapeamento do processo. Esta atividade permite conhecer com detalhe e profundidade todas as operações que ocorrem durante a fabricação de um produto ou produção de um serviço. A técnica está baseada no diagrama FEPSC que consiste de cinco seções: fornecedores, entradas, processos, saídas e clientes (Berssaneti, 2010a, p.7). Nestas seções são coletadas as informações necessárias para o conhecimento do processo a ser estudado. Na etapa de enquadramento é identificada a missão do processo, a razão pela qual ele existe. É definida sua amplitude, identificando as etapas que marcam o inicio e o fim do processo. Os macro-indicadores devem ser identificados de forma a serem consistentes com a missão estabelecida para o processo. Se possível, deve ser efetuada uma análise histórica dos mesmos. Identificação das necessidades dos clientes e definição dos indicadores de desempenho É nesta etapa que: Estabelece, em conjunto com os clientes, o elenco de necessidades esperadas e valorizadas pelos clientes para os principais produtos e serviços. Contrata com os clientes as necessidades prioritárias Defini indicadores de desempenho correlacionados as necessidades dos clientes para medir o desempenho total do processo e avaliar as melhorias. Implanta as medições oportunas para dispor, regularmente, dos indicadores de desempenho. Registro de fluxo do processo 37 Nesta etapa ocorre a construção do fluxograma do processo que identifica todos os sub-processos em execução, o fluxo de informações, serviço e produtos existente no processo atual e por fim, a identificação das relações cliente-fornecedor internas ao processo. Avaliação dos sub-processos Esta etapa é definida por Berssaneti (2010a). Nela são avaliados cada um dos sub- processos considerando a importância do mesmo para o êxito do processo. Berssaneti (2010a) indica a matriz fatores-chave associados ao processo selecionado versus sub-processos para auxiliar nesta avaliação. Neste caso a matriz é dividida em quatro regiões conforme figura 7. QUALIDADE DO DESEMPENHO (Q) E Urgência Melhorar D A. EXCELENTE B. BOA C C. REGULAR D. FRACA B Aprimorar Adequar E. PÉSSIMA A 5 4 3 2 1 IMPORTÂNCIA PARA O ÊXITO DO PROCESSO (I) 5. FUNDAMENTAL 4. ELEVADO 3. MÉDIO 2. DISCRETO 1. NULO Figura 7 - Matriz I-Q para avaliação dos Sub-processos (adaptado de Berssaneti, 2010b) As zonas de melhoria são caracterizadas da seguinte maneira: - Urgência: são sub-processos que requerem ruptura, provavelmente deve-se revisar e reprojetar o sub-processo em termos de organização, procedimentos, pessoal tecnologia e responsabilidade. - Melhorar: são sub-processos que requerem melhorias localizadas, de pequena amplitude, não é necessário rever a organização existente 38 - Aprimorar: são sub-processos que requerem aprimoramento continuo, a utilização sistemática das ferramentas da qualidade é vital para assegurar a contínua busca de melhoria. - Adequação: são sub-processos que não requerem intervenção e aos quais não se deve atribuir maior relevância. É suficiente a adoção de mecanismos de acompanhamento do tipo verificação. Os sub-processos prioritários são mapeados seguindo as mesmas etapas utilizadas para a gestão e aperfeiçoamento dos processos, mas agora em um nível mais detalhado. Após a definição do fluxo do sub-processo são levantados os sintomas de problemas pela equipe de 2º nível. Atuação para alcançar melhorias Para avaliar as causas prováveis dos problemas levantados pela equipe de 2º nível utiliza-se o diagrama de causa e efeito, diagrama de Ishikawa ou espinha de peixe. Segundo Corrêa e Corrêa (2009, p.216) este diagrama tem mostrado ser uma ferramenta simples e eficaz na condução de tempestades de idéia e na promoção de pessoas na análise de problemas. Esta ferramenta ajuda na identificação das possíveis causas raiz de um problema. Geralmente a análise de pareto antecede o diagrama de causa e efeito. A análise de Pareto classifica em ordem decrescenteos problemas que produzem os maiores efeitos e que deverão ser atacados inicialmente. No diagrama de causa e efeito a descrição sucinta do problema é colocada onde seria a cabeça do peixe. Na espinha dorsal vão sendo acrescidas ramificações onde são colocadas as causas, partindo-se das mais gerais para as causas das causas, até chegar à causa raiz do problema, conforme representado na figura 8. Para descobrir a causa raiz foi utilizada a técnica dos cinco porquês. Para facilitar o entendimento foram montadas tabelas das causas gerais e seus porquês. Depois de identificadas as causas raiz são propostas as soluções para a eliminação destas causas. Estas soluções são avaliadas pela equipe de 2º nível ou até mesmo 1º nível e um plano de ação é definido com responsáveis e prazos. 39 Figura 8 - Modelo de diagrama de causa e efeito (elaborado pela autora) Aplicação do ciclo PDCA Conforme já mencionado no item 2.3 o ciclo do PDCA acompanha o Gerenciamento por Processos, pois nele são contempladas todas as etapas desta metodologia: Análise e coleta de dados e informações. Atenção especial sobre atividades com maior agregação de valor sobre as fases importantes. Definição do objetivo. Análise das causas. Definições de modificações. Aplicação experimental das propostas Verificação, através de indicadores do processo, do alcance dos objetivos. Consolidação dos resultados e repetição do ciclo PDCA. Neste trabalho o estudo foi realizado até a etapa de definição de modificações dentro dos sub-processos críticos. Foi proposto um plano de ação com responsáveis, prazos e custos. 40 3 COLETA DE DADOS E RESULTADOS OBTIDOS 3.1 O PROCESSO DE GASES DE ALTA PUREZA A grande maioria da matéria-prima usada em Gases Especiais é produzida pela própria empresa. Os gases nitrogênio, oxigênio e argônio são obtidos através do processo de separação dos gases do ar. O gás hélio é obtido através do hélio liquido importado. As plantas de separação de gases do ar produzem nitrogênio, oxigênio e argônio usando apenas ar e energia elétrica como matérias primas. O processo de produção criogênica usa a destilação de componentes a baixíssimas temperaturas. A pureza obtida depende do projeto de construção da planta e dos volumes produzidos. O ar atmosférico é comprimido, são removidos água e dióxido de carbono para evitar a formação de blocos de gelo durante o processo de destilação que acontece em temperaturas criogênicas da ordem de -185 ºC. Na coluna de destilação, os componentes do ar são separados por aquecimento e resfriamento repetidos. O armazenamento é feito na forma líquida. O líquido armazenado é bombeado para o enchimento através de linhas de alta pressão. No enchimento de cilindros são produzidos gases industriais, medicinais e especiais a partir da mesma matéria-prima. Os gases industriais são gases para aplicações menos refinadas, requerem pureza mínima sem controle de contaminantes. Os gases medicinais sofrem controles mais rigorosos que os industriais. Os cilindros e as linhas de enchimento são dedicados e tratados com vácuo antes do enchimento. Os gases especiais requerem um controle maior que os medicinais, o teor de contaminantes deve ser menor que 10 partes por milhão em alguns casos. Os cilindros são tratados com vácuo à quente e purgas alternadas. Antes do enchimento é realizado um ultimo vácuo à frio. O Processo de Produção de Gases de Alta Pureza se caracteriza por um processo por tarefa conforme definição de Corrêa e Corrêa (2009, p.335). A produção é feita 41 em pequenos lotes de cinco gases diferentes, e no mínimo dois tipos de pureza dentro de cada gás conforme quadro 3. Gás Pureza Argônio ----------------- 99,998 % --------------------- 99,999% Nitrogênio Super seco 99,996% 99,996% FID 99,999% Oxigênio Super seco ------------------ --------------------- ------------ Hélio 99,99% 99,995% 99,995% FID 99,999% Ar sintético Super seco ----------------- 99,997% FID --------------- Quadro 3: Gases com as diferentes purezas (elaborado pela autora) A diferença de cada um dos tipos é os contaminantes que são controlados e estão definidos no quadro 4. É importante ressaltar que umidade e oxigênio estão presentes no ar atmosférico e são os contaminantes que mais requerem cuidado no momento do enchimento. Isto porque as linhas e cilindros quando expostos ao ar são contaminados por ele. A limpeza das linhas e cilindros através de purgas ou vácuo é de extrema importância para garantir a qualidade do produto final. Contaminantes Umidade Oxigênio Dióxido de carbono Monóxido de carbono Hidrocarbonetos Totais Gases Argônio 4.8 X X Argônio 5.0 X X X X X Nitrogênio SS X Nitrogênio 4.6 X X Nitrogênio FID X X X Nitrogênio 5.0 X X X X X Hélio 4.0 X Hélio 4.5 X X Hélio FID X X X Hélio 5.0 X X X X X Oxigênio SS X Ar sintético SS X Ar sintético FID X X Quadro 4 : Componentes analisados de acordo com o grau de pureza (elaborado pela autora) Cada pureza tem um mesmo roteiro de fabricação variando apenas o tipo de gás, os equipamentos são agrupados por função e os funcionários são polivalentes realizando o produto todo. (CORRÊA; CORRÊA, 2009, p. 335) 42 Para entender quais são os gases com mesmo roteiro de fabricação basta observar os contaminantes controlados no quadro 4. Os gases com mesmo controle de contaminantes para uma determinada pureza são produzidos conforme o mesmo roteiro de atividades. Exemplo: Nitrogênio SS, Hélio 4.0, Oxigênio SS e Ar sintético SS possuem o mesmo roteiro. No quadro 5 estão as características do processo estudado segundo Corrêa e Corrêa (2009, p. 333). Volume de fluxo processado BAIXO Variedade de fluxos processados ALTA Recurso dominante PESSOAS Incrementos de capacidade GRADUAIS Critério competitivo de vocação FLEXIBILIDADE Quadro 5: Características do processo segundo Corrêa e Corrêa (2009, p.333) 3.2 O GERENCIAMENTO POR PROCESSOS - GASES DE ALTA PUREZA 3.2.1 Identificação, Avaliação e Seleção dos Processos Prioritários Através do organograma da empresa foi identificada a equipe de primeiro nível da IBG conforme mostra o quadro 6. NOME ÁREA / FUNÇÃO Presidência Chefe Geral Diretor Técnico Área técnica Diretor de Distribuição Distribuição e logística Diretor administrativo financeiro Financeiro/Recursos humanos Diretor de Negócios Estratégicos Novos negócios, qualidade, dióxido de carbono Diretor Mercado Industrial Comercial / Filiais Gerente Mercado Medicinal Comercial / Filiais Gerente Mercado Gases Especiais Comercial / Filiais Quadro 6: Definição da equipe de 1º nível (adaptado de Berssaneti, 2010b) 43 Em uma reunião com o Diretor de Negócios Estratégicos foram definidos os objetivos de referência que estão listados no quadro 7 e os fatores-chave que compõem a matriz 1, assim como sua relação com os objetivos estratégicos. Foram também definidos os processos relacionados aos fatores-chave e foi avaliado o impacto dos mesmos através de três tipos de correlações: forte, media e fraca conforme observado na matriz 2. OBJETIVOS ESTRATÉGICOS DE REFERÊNCIA Aumentar a participação de mercado (market share) Aumentar o retorno sobre os investimentos Reduzir custos de compras Minimizar os custos operacionais Reputação de qualidade nos produtos oferecidos Atendimento diferenciado ao cliente Quadro 7: Descrição dos objetivos estratégicos da empresa IBG (adaptado de Berssaneti, 2010b) FATORES-CHAVE S A T IS F A Ç Ã O D O C L IE N T E Q U A L ID A D E D O P R O D U T O IN V E S T IM E N T O S E M IN S T A L A Ç Õ E S C U S T O D E P R O D U Ç Ã O L O G ÍS T IC A IN T E G R A D A P R E Ç OA C E S S ÍV E L O B J E T IV O S E S T R A T É G IC O S Aumentar a participação de mercado (market share) X X X X Aumentar o retorno sobre os investimentos X X X Reduzir custos de compras X X Reduzir custos operacionais X X X Reputação de qualidade nos produtos oferecidos X X Atendimento diferenciado ao cliente X X Matriz 1: Objetivos estratégicos versus fatores-chave (adaptado de Berssaneti, 2010b) 44 FATORES-CHAVE Tipos de correlação XXX - Forte; XX - Média; X - Fraca. S A T IS F A Ç Ã O D O C L IE N T E Q U A L ID A D E D O P R O D U T O IN V E S T IM E N T O S E M I N S T A L A Ç Õ E S C U S T O D E P R O D U Ç Ã O L O G ÍS T IC A IN T E G R A D A P R E Ç O A C E S S ÍV E L P R O C E S S O S PESOS 5 4 3 4 3 3 Atendimento aos clientes XXX XXX X XXX XXX 48 (5) Aquisição de insumos XX XX XXX 25 (2) Gestão da Qualidade XX XX X X 25 (2) Pesquisa de Mercado XXX XXX XX 33 (3) Produção X XXX XX XX XXX 40 (4) Controle de qualidade XXX XXX XX XXX XX 51 (5) Logística XXX XX X XXX X 37 (4) Matriz 2: Processos versus fatores-chave (adaptado de Berssaneti, 2010b) Baseado na pesquisa de satisfação do cliente realizada em 2009 foi construído o quadro 8. O impacto no negócio foi obtido através dos dados da matriz 2. Na pesquisa de satisfação do cliente foi possível pontuar o atendimento aos clientes, o controle de qualidade, a Logística e a Pesquisa de Mercado. O processo de Aquisição de insumos foi avaliado através do cliente interno, assim como o processo de Produção. O Processo de Gestão da Qualidade foi avaliado através de relatórios de auditorias internas e externas. Processo Impacto sobre o Negócio (B) Qualidade do Desempenho (Q) Atendimento aos clientes P1 5 B Aquisição de insumos P2 2 B Gestão da Qualidade P3 2 C Pesquisa de Mercado P4 3 C Produção P5 4 C Controle de qualidade P6 5 B Logística P7 4 B Quadro 8: avaliação do impacto sobre o negócio e da qualidade do desempenho (adaptado de Berssaneti, 2010b) Legenda: 5-Fundamental; 4-Elevado; 3-Médio; 2-Discreto; 1-Nulo; A - Excelente; B-Boa; C - Regular; D - Fraca; E – Péssima 45 QUALIDADE DO DESEMPENHO (Q) E D A. EXCELENTE B. BOA C P6 P4 P3 C. REGULAR D. FRACA B P5 P1 P7 P2 E. PÉSSIMA A 5 4 3 2 1 IMPACTO SOBRE O NEGÓCIO (B) 5. FUNDAMENTAL 4. ELEVADO 3. MÉDIO 2. DISCRETO 1. NULO Matriz 3: impacto sobre o negócio versus qualidade de seu desempenho (adaptado de Berssaneti, 2010b) Avaliando a matriz 3, os processos prioritários que deverão ser tratados são: Produção, Controle de Qualidade / Satisfação do Cliente , Logística e Pesquisa de Mercado. Seguindo esta ordem de prioridade. Este trabalho irá estudar o Processo de Produção e de Controle de Qualidade. 3.2.2 Gestão e aperfeiçoamento do Processo de Produção O Processo de Produção se inicia com o planejamento de produção e termina com o cilindro cheio para análise, mas como o outro processo prioritário é o subseqüente vamos ampliar o escopo do processo de produção incluindo o controle de qualidade. Por tanto o processo de produção se inicia com o planejamento de produção e termina com o cilindro em estoque. O quadro 9 mostra a equipe deste macro processo. 46 RESPONSABILIDADE POSIÇÃO / CARGO DEPARTAMENTO COORDENADOR DO PROCESSO Supervisor de Gases Especiais Gases Especiais – Produção e Laboratório EQUIPE PM 1º NÍVEL Diretor Técnico Diretor de Distribuição Diretor administrativo financeiro Técnico e produção filiais Distribuição e Logística Administrativo e financeiro Quadro 9: atribuição da responsabilidade pelo processo de produção (adaptado de Berssaneti, 2010b) As principais áreas organizacionais envolvidos são: Produção Laboratório Gestão da Qualidade Manutenção Distribuição Os principais produtos gerados pelo processo são os Gases de alta pureza em cilindros Os principais clientes internos e externos são: Logística Cliente balcão A logística atende todas as filiais e estas atendem aos respectivos clientes finais. A Missão do processo é produzir gases de alta pureza com qualidade e segurança. Os macro-indicadores do processo estão na tabela 2. Tabela 2 - macro-indicadores do macro processo de Produção (adaptado de Berssaneti, 2010b) MACRO- INDICADORES UNIDADE DE MEDIDA HISTÓRICO VALOR ATUAL VALOR DESEJADO PRAZO Planejamento de produção Não tem este indicador Indicador de desvios % de m3 retrabalhados sobre m3 produzidos 0,0 0,5 1% 6 meses Produtividade M3 produzidos/hh 27,6 34,9 27,8 24,6 33,3 33,8 34,53 45 3 meses Reclamações Reclamações/cilindros produzidos mês (%) 0,14 0,00 0,00 0,08 0,00 0,00 0,00 0,00 Manter este valor 47 Dos quatro indicadores levantados dois já são apurados mensalmente. O indicador de desvio já foi definido, mas só temos a apuração do mês de março e abril deste ano. Já o indicador para planejamento não está definido. Através do estudo que será realizado neste trabalho poderemos definir um indicador adequado neste caso. O quadro 10 apresenta os clientes externos e internos do macro processo, as necessidades de cada um e os indicadores usados para medir o atendimento destas necessidades. Os indicadores levantados para o cliente balcão já é medido e monitorado mensalmente. São indicadores do Sistema de Gestão da Qualidade e incluem o cliente final que é atendido pela logística e pelas filiais. Com relação ao indicador da Logística é possível adotá-lo pois já é feito um controle da demanda mensalmente. PRODUTO E/OU SERVIÇO CLIENTES INTERNOS E/OU EXTERNOS NECESSIDADES E/OU REQUISITOS PROVÁVEIS INDICADORES DE DESEMPENHO Cilindros cheios Logística Produto pronto no estoque Quantidade de produtos em estoque pela demanda média dos últimos 12 meses Cilindros cheios Cliente Balcão Receber o produto no prazo Receber o produto dentro da especificação solicitada % Solicitação não atendidas no prazo % reclamações de clientes/cilindros produzidos Quadro 10: cliente x necessidade x indicadores (adaptado de Berssaneti, 2010b) Na figura 9 está representado o fluxograma do macro processo de Produção de Gases Puros. O processo se inicia quando o estoque de um dos produtos está baixo. Para a produção do produto é necessário se ter cilindros para enchimento em condições de qualidade e segurança. Após o enchimento o produto é analisado com relação aos contaminantes já listados no quadro 2. Somente depois de aprovado é liberado para o estoque. 48 Figura 9 - fluxograma da visão geral do macro processo de produção (elaborado pela autora) Com base neste fluxograma foram definidos os sub-processos que compõem o macro processo estudado. 3.2.3 Avaliação dos sub-processos Foram definidos pela equipe responsável conforme o quadro 9 quais são os sub- processos de acordo com o fluxograma da figura 9. Estes foram relacionados com os fatores-chave considerando seu impacto sobre eles conforme relatado na matriz 4. O quadro 11 relaciona o desempenho dos sub-processos, considerando os clientes internos. A equipe considerou o ano de 2010 e a quantidade de problemas que ocorreram neste período relacionados com cada sub-processo. 49 Intensidade da Correlação : XXX - Correlação Forte; XX - Correlação Média X - Correlação Fraca S A T IS F A Ç Ã O D O C L IE N T E Q U A L ID A D E D O P R O D U T O IN V E S T IM E N T O S E M IN S T A L A Ç Õ E S C U S T O D E P R O D U Ç Ã O L O G ÍS T ICA IN T E G R A D A P R E Ç O A C E S S ÍV E L T O T A L S U B P R O C E S S O S PESOS 5 4 3 4 3 3 Controle de Estoque X XX XXX 22 (3) Separação de cilindros X X X 13 (2) Tratamento de cilindros X XX XX X 24 (4) Enchimento X XXX XXX XX 35 (5) Análise XX XXX XX X 33 (5) Liberação do lote XX XXX 24 (4) Estocagem X XXX X 19 (3) Matriz 4: fatores-chave versus sub-processos (adaptado de Berssaneti, 2010b) Nome do Sub-processo Importância para o Êxito do Processo (I) Desempenho Verificado (D) Controle de Estoque P1 3 C Separação de cilindros P2 2 A Tratamento de cilindros P3 4 B Enchimento P4 5 C Análise P5 5 B Liberação P6 4 C Estocagem P7 3 B Quadro 11 - Avaliação dos sub-processos Legenda: 5-Fundamental; 4-Elevado; 3-Médio; 2-Discreto; 1-Nulo; A - Excelente; B-Boa; C - Regular; D - Fraca; E – Péssima (adaptado de Berssaneti, 2010b) Abaixo segue uma descrição detalhada de cada sub-processo para um entendimento melhor sobre a avaliação realizada. Controle de estoque: controlar os cilindros que estão estocados através de contagem e lista de controle para planejar o que vai encher. Cliente: Enchimento. O desempenho deste sub-processo é regular, pois o controle é 50 mensal e existe flutuação na demanda que provoca reprogramação. Não existe um indicador para medir esta reprogramação. Separação de cilindros: conforme o gás a ser produzido selecionar os cilindros considerando teste hidrostático e residual. Cliente: processo de enchimento. Este sub-processo tem um excelente desempenho, pois não foi observado pelo gestor nenhum caso de desvio nos 12 últimos meses. Tratamento de cilindros: tratar os cilindros que estiverem sem residual ou aqueles que mudarão de gases. Cliente: enchimento. Este sub-processo tem um bom desempenho, pois foram observados pelo gestor casos pontuais de falhas no período de 12 meses. Nos últimos 12 meses 2% dos cilindros tratados sofreram contaminação nesta fase. Enchimento: encher os cilindros conforme o tipo de gás e dentro das especificações definidas. Cliente: Análise. O desempenho deste sub processo é regular pois em alguns casos o gás cheio não está dentro da especificação do que foi definido inicialmente. Por exemplo: O planejado era encher argônio 5.0, mas na análise observou que o gás não estava dentro desta especificação mas sim para argônio 4.8. Não se perde o produto, apenas se reclassifica. Não se tem um valor real desta falha pois não se é medida. Análise: análise de 2 cilindros a cada 12 cilindros cheios. Cliente: Liberação. Devido ao baixo índice de reclamação de clientes o sub processo pode ser considerado com bom desempenho. Liberação: registro de todos os resultados e cilindros cheios, bem como cilindros utilizados como referência nas análises e equipamentos. Cliente: logística. Este sub processo apresenta um desempenho regular. Em contato com as filiais que são abastecidas pela logística foi identificado demora na emissão de certificado quando o produto já está na filial. O prazo é de até um dia útil da solicitação. Estocagem: estocar os cilindros de acordo com o gás, pureza e risco. Cliente: Logística. Este processo apresenta um bom desempenho. A identificação é feita por cor do cilindro e a diferenciação é feita cilindro por cilindro através de etiqueta e lacre. Fazendo uma pesquisa com o cliente foi constatado que ele não sente as reprogramações realizadas no enchimento, classificando o processo com bom desempenho. 51 DESEMPENHO VERIFICADO (D) E D A. EXCELENTE B. BOM C P4 P6 P1 C. REGULAR D. FRACO B P 5 P3 P7 E. PÉSSIMO A P2 5 4 3 2 1 IMPORTÂNCIA PARA O ÊXITO DO PROCESSO (I) 5. FUNDAMENTAL 4. ELEVADA 3. MÉDIA 2. DISCRETA 1. NULA Matriz 5 - Seleção dos sub-processos prioritários (adaptado de Berssaneti, 2010b) Os sub-processos que estão na zona de urgência e de melhoria são respectivamente: enchimento, liberação e controle de estoque. Estes sub-processos serão considerados sub processos críticos e serão estudados a seguir. As equipes destes três sub processos são as mesmas e estão definidas nos quadros 12 e 13. RESPONSABILIDADE POSIÇÃO / CARGO DEPARTAMENTO COORDENADOR DO SUBPROCESSO Supervisora de Gases Especiais Laboratório Quadro 12 - Dono do sub-processo de enchimento, liberação e controle de estoque (adaptado de Berssaneti, 2010b) NOME POSIÇÃO / CARGO DEPARTAMENTO Fabíola Mariano Supervisora de Gases Especiais Laboratório Cristian Aguayo Químico Superior Laboratório Reginaldo Dias Técnico químico Laboratório Quadro 13 - Equipe de aperfeiçoamento de segundo nível do sub-processo de enchimento, liberação e controle de estoque (adaptado de Berssaneti, 2010b) 3.2.3.1 Caracterização do sub-processo de Enchimento 52 O Sub-processo de Enchimento é realizado de acordo com o tipo de gás e o grau de pureza desejado para abastecimento do estoque que está baixo. O enchimento é realizado utilizando procedimentos definidos e linhas específicas para cada tipo de produto. Por este Sub-processo apresentar um desempenho regular e estar diretamente relacionado com a qualidade do produto ele é considerado um Sub-processo Crítico dentro do Processo de Produção de Produto Puro. Devendo ser avaliado detalhadamente para buscar melhorias. O Sub-processo de Enchimento se inicia com o estoque baixo, gerando a necessidade de encher cilindros e estes devem estar prontos para enchimento. A atividade que marca o final do Sub-processo é o cilindro cheio, pronto para análise. Na figura 10 está o fluxograma detalhado do Sub-processo de Enchimento. Figura 10 - Fluxograma do Sub-processo de Enchimento (elaborado pela autora) No quadro 14 foram relacionados às entradas, saídas e os respectivos fornecedores e clientes. O quadro 15 descreve os requisitos e os indicadores de avaliação. 53 ETRADAS FORNECEDORES Cilindros para enchimento Produção Gás Plantas de separação de gás Procedimentos operacionais SGQ SAÍDAS CLIENTES Cilindro cheio Logística Quadro 14 - Saídas e clientes para o Sub-processo de Enchimento (adaptado de Berssaneti, 2010b) ENTRADAS REQUISITOS INDICADORES Cilindros para enchimento Tratados ou com residual % de cilindros reprovados devido ao tratamento Gás Estar dentro da especificação para gases especiais % de cilindros reprovados devido à matéria prima Procedimentos operacionais Clareza Atualidade % de procedimento ilegível % de documentos com data superior 3 anos SAÍDAS REQUISITOS INDICADORES Cilindro cheio Conforme especificação de cada gás % de produto fora de especificação Quadro 15 - Entradas, requisitos e indicadores associados ao Sub-processo de Enchimento (adaptado de Berssaneti, 2010b) Os indicadores identificados não são usados no Sub-processo, o que impossibilita a avaliação de qual requisito está com maior desvio. Através de uma avaliação a equipe decidiu que o principal problema seria se a saída estivesse fora da especificação planejada inicialmente. Para uma compreensão melhor segue um exemplo: A avaliação de estoque sinalizou que o argônio 5.0 necessitava ser produzido. Mas na análise observou que o gás não estava dentro desta especificação, estava dentro da especificação de argônio 4.8. Neste caso não se perdeu o produto apenas se reclassificou. Mas o estoque continuou necessitando do produto argônio 5.0. O diagrama de causa e efeito para este problema está representado na figura 11. 54 Este diagrama foi desenvolvido em uma reunião de tempestade de idéias com a equipe descrita no quadro 13. Foram usadas perguntas do tipo quem, o que, onde, quando, por que e como. Após a identificação das causas prováveis estas foram avaliadas até a identificação