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FACULDADE CATÓLICA SALESIANA ENGENHARIA DE PRODUÇÃO COM ÊNFASE EM ENGENHARIA DE INSTALAÇÕES NO MAR LUIZA POIARES CARNEIRO DA SILVA TAMARA ABREU CURVELO FERRAMENTAS DA QUALIDADE APLICADAS EM UMA EMPRESA DE FABRICAÇÃO E REPARO DE EQUIPAMENTOS DA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO OFFSHORE Macaé 2021 LUIZA POIARES CARNEIRO DA SILVA TAMARA ABREU CURVELO FERRAMENTAS DA QUALIDADE APLICADAS EM UMA EMPRESA DE FABRICAÇÃO E REPARO DE EQUIPAMENTOS DA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO OFFSHORE Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de graduação em Engenharia de Produção com ênfase em Engenharia de Instalações no Mar, da Faculdade Católica Salesiana, como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Engenharia de Produção com ênfase em Engenharia de Instalações no Mar Orientador: Prof. M.Sc. André Aleixo Manzela Macaé 2021 • Luiza Poiares Carneiro da Silva e Tamara Abreu Curvelo • Engenharia de Produção com ênfase em Engenharia de Instalações no Mar • Ferramentas da qualidade aplicada a uma empresa de fabricação e reparo de equipamentos offshore • 68 • 63 a 68 No verso da folha de rosto de forma centralizada será impressa a ficha catalográfica (NBR 14724/2005), elaborada pela Bibliotecária (o). Solicitar a ficha catalográfica para o e-mail biblioteca@salesianamacae.edu.br e enviar os dados abaixo: LUIZA POIARES CARNEIRO DA SILVA TAMARA ABREU CURVELO FERRAMENTAS DA QUALIDADE APLICADAS EM UMA EMPRESA DE FABRICAÇÃO E REPARO DE EQUIPAMENTOS DA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO OFFSHORE Trabalho de conclusão de curso aprovado como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel em Engenharia de Produção com ênfase em Engenharia de Instalações no Mar da Faculdade Católica Salesiana pela seguinte comissão examinadora: ________________________________________________________ Prof. M.Sc. André Aleixo Manzela - Orientador Faculdade Católica Salesiana ________________________________________________________ Prof. Esp. Sérgio Ricardo da Silva Faculdade Católica Salesiana ________________________________________________________ Prof. M.Sc. Rogério Manhães Soares Faculdade Católica Salesiana Macaé 2021 Ao Deus, às nossas famílias e aos nossos professores por todo o apoio prestado durante a graduação AGRADECIMENTOS Agradeço ao Deus por ter me concedido a oportunidade de conviver com pessoas maravilhosas que me acompanharam durante toda a jornada acadêmica. À Faculdade Católica Salesiana e ao seu corpo docente por oferecerem um curso excelente e pelos ensinamentos passados que sempre serão lembrados. À minha amada mãe Tarsila, sempre presente no meu coração, por ter me apoiado e incentivado e principalmente por ter me proporcionado uma educação baseada em valores. À minha querida irmã Liz Maria, que me dá força e esperança todos os dias. Aos meus avós que sempre acreditaram no meu potencial, sempre presentes me incentivando com uma palavra amiga. À minha madrinha Aline, por todo suporte emocional, carinho e paciência. À Mariana por todo amor, carinho e esforço dedicado a mim. Aos meus primos e tios agradeço pelas palavras de encorajamento e apoio, vocês são essenciais. Agradeço à Tamara, pelo companheirismo e dedicação ao nosso trabalho. Um especial agradecimento ao meu orientador Manzela, sempre disposto a nos auxiliar durante o processo de elaboração do trabalho e por confiar no meu desempenho. (Luiza Poiares Carneiro da Silva) Em primeiro lugar ao Deus, por ter me dado força, saúde e sabedoria em todo o período acadêmico, inclusive nesse último ano de Pandemia. Aos meus pais, que sempre fizeram de tudo por mim, apoiando minhas escolhas para que eu pudesse alcançar meus sonhos e objetivos de vida. Ao meu noivo Philippi, que sempre me incentivou e acreditou na minha capacidade quando eu estava exausta nas semanas de provas, elaboração de trabalhos e até mesmo quando abdiquei de noites e fins de semana para escrever esse trabalho. À minha parceira Luiza, que se identificou junto a esse tema, que também participou da minha vida acadêmica em algumas disciplinas, e que diariamente troca ideias comigo de como desenvolver e melhorar nosso TCC. Aos meus amigos que caminharam lado a lado comigo, tornando essa trajetória mais leve e proveitosa. Aos meus professores, que contribuíram com conhecimento ao longo desses seis anos, sendo parceiros, prestativos e querendo sempre fazer o que estivesse ao alcance dos mesmos. À Jhenifer e Ao Mateus, que desde as pesquisas exploratórias na Empresa estudada deram o suporte que precisávamos, sendo prestativos em fornecer os dados, em agendar e explicar os processos nas visitas técnicas e dando suporte nas dúvidas em alguns procedimentos. E por último, mas não menos importante, ao nosso orientador Manzela que nos auxiliou para que esse trabalho se tornasse real, mostrando o melhor caminho para a sua construção. (Tamara Abreu Curvelo) “Não é a força, mas a constância dos bons resultados que conduz os homens à felicidade. Friedrich Nietzsche RESUMO Até o século 20 o mercado nacional visava proteger e fomentar as indústrias e os produtos nacionais, ocasionando pouca concorrência entre as empresas e menores investimentos. A partir do processo de globalização, na qual a concorrência é mundial, as organizações sofreram transformações internas rápidas a fim de se adaptarem ao novo cenário econômico. Neste contexto, os consumidores passaram a exigir a qualidade total dos processos e produtos e as organizações buscam o contínuo aperfeiçoamento do seu processo produtivo para alcançar a redução de custos e de desperdícios, premissas características do gerenciamento da qualidade. A norma brasileira ABNT NBR ISO 9000 (2000), define qualidade como “Grau no qual um conjunto de características inerentes satisfaz a requisitos”, isto é, a organização precisa estabelecer um planejamento, com o uso de ferramentas, baseado no requisito de qualidade do serviço ou produto, fundamentado nas necessidades de seus clientes. O presente estudo pretende comprovar os benefícios da implementação de ferramentas de qualidade no setor operacional para gerar melhoria contínua nos processos com ganho de qualidade nos serviços e consequentemente maior satisfação dos clientes. Este estudo também discute a aplicação de tais ferramentas de qualidade em uma empresa de fabricação e reparo de equipamentos offshore do município de Macaé, Rio de Janeiro. A coleta de dados envolveu pesquisas bibliográficas, estudo de caso, entrevistas e documentos, em setembro de 2020. Foram analisados aspectos como planejamento, ambiental, qualidade, gestão e segurança do trabalho. A análise dos dados permitiu verificar, dentre outros, um número significativo de obras entregues fora do prazo e as respectivas causas, sendo propostas ferramentas para melhor lidar com tais questões. Palavras-chave: Qualidade; Ferramentas da Qualidade; Fabricação; Reparo; Petróleo; Offshore. ABSTRACT Until the 20th century the national market aimed to protect and promote national industries and products, thus there was little competition among companies and smaller investments. As of the globalization process, in which competition is worldwide, organizations have undergone rapid internal transformations in order to adapt to the new economic scenario. In this context, consumers started demanding total quality of processes andproducts and organizations seek continuous improvement of their production process to achieve cost and waste reduction, characteristic premises of quality management. The Brazilian norm ABNT NBR ISO 9000 (2000) defines quality as "Degree in which a set of inherent characteristics satisfies requirements", that is, the organization needs to establish a plan, with the use of tools, based on the quality requirement of the service or product, based on the needs of its customers. This study aims to prove the benefits of implementing quality tools in the operational sector able to generate continuous improvement in processes and thus provide a gain in quality in their services and consequently a higher rate of customer satisfaction. This study also discuss the application of such quality tools in an offshore equipment production and maintenance company of the city of Macaé, Rio de Janeiro. Data collection involved bibliographic research, case studies, interviews and documents, in september 2020. Aspects as planning, environmental, quality, management and work safety were analyzed. The data analysis permitted to verify, among others, a significant number of works delivered after the deadline and its causes, being suggested tools to deal with such questions. Keywords: Quality; Quality Tools; Manufacturing; Repair; Petroleum; Offshore. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Evolução da Qualidade no Âmbito Organizacional ................................................ 22 Figura 2 - Princípios da Gestão da Qualidade Total ................................................................. 22 Figura 3 - Ciclo PDCA ............................................................................................................. 25 Figura 4 - Diagrama de Ishikawa ............................................................................................. 26 Figura 5 - Símbolos Utilizados para Montagem de um Fluxograma ....................................... 30 Figura 6 - Fluxograma de fabricação de embutidos ................................................................. 31 Figura 7 - Gráfico de Pareto ..................................................................................................... 33 Figura 8 - Diagramas de Dispersão .......................................................................................... 34 Figura 9 - Folha de Verificação ................................................................................................ 35 Figura 10 - Histograma de frequência ...................................................................................... 36 Figura 11 - Bacias Produtoras Marítimas e Terrestres ............................................................. 39 Figura 12 - Plataformas da Petrobras em campo brasileiro ...................................................... 39 Figura 13 - Fabricação mecânica de um tanque ....................................................................... 40 Figura 14 - Layout da empresa X ............................................................................................. 45 Figura 15 - Fluxograma da Empresa X .................................................................................... 48 Figura 16 - Controle de etapas por cores .................................................................................. 49 Figura 17 - Dados extraídos da planilha de acompanhamento de OS’s em geral 2020 ........... 50 Figura 18 - Dados extraídos da planilha de acompanhamento de OS’s em geral 2021 ........... 50 Figura 19 - Placas de sinalização de segurança ........................................................................ 51 Figura 20 - Relatório de custo de Ordem de Serviço ............................................................... 54 Figura 21 - Cronograma geral da fabricação de vaso ............................................................... 55 Figura 22 - Gráfico de Pareto das etapas com atraso em obra ................................................. 56 Figura 23 - Folha de Verificação de produtos defeituosos por etapa ....................................... 58 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Obras finalizadas em 2020 e 2021 .......................................................................... 53 Tabela 2 - Dias de atraso por etapa........................................................................................... 56 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Quadro Comparativo entre os métodos 5W2H ...................................................... 28 Quadro 2 - Funções das Máquinas ........................................................................................... 46 Quadro 3 - Número de funcionários x funções da área de produção ....................................... 47 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas CQZD - Controle da Qualidade Zero Defeitos DDS - Diálogo diário de Segurança END - Ensaios não destrutivos EPI - Equipamento de proteção individual FPSO - Floating Production Strange and Offloading (Unidade flutuante de armazenamento e transferência) ISO - International Organization for Standardization (Organização Internacional de Normalização) NBR - Norma Brasileira NS - Navio-sonda OS - Ordem de Serviço PDCA - Plan, Do, Check, Act (Planejar, Fazer, Checar, Agir) SGQ - Sistema de Gestão de Qualidade SS - Semi Submersível TLWP - Tension Leg Wellhead Platform (Plataforma de pernas atirantadas) TQC - Total Quality Control (Controle da Qualidade Total) 5W2H - What, Why, Where, When, Who, How, How Much (O que, por que, onde, quando, quem, como, quanto) SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 16 1.1 Problema............................................................................................................................ 16 1.2 Hipótese ............................................................................................................................. 17 1.3 Objetivos ............................................................................................................................ 17 1.3.1 Objetivo Geral ................................................................................................................. 17 1.3.2 Objetivos Específicos ...................................................................................................... 17 1.4 Justificativa ....................................................................................................................... 18 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................................... 19 2.1 Qualidade .......................................................................................................................... 19 2.1.1 Evolução Histórica da Gestão da Qualidade ................................................................... 20 2.1.1.1 Gestão da Qualidade Total ........................................................................................... 21 2.1.2 Ferramentas da Qualidade ............................................................................................... 23 2.1.2.1 Ciclo PDCA .................................................................................................................. 24 2.1.2.2 Diagrama de Ishikawa .................................................................................................. 25 2.1.2.3 5 porquês.......................................................................................................................26 2.1.2.4 5W2H............................................................................................................................ 27 2.1.2.5 Kaizen ........................................................................................................................... 28 2.1.2.6 Poka Yoke ..................................................................................................................... 29 2.1.2.7 Diagrama de Fluxo ....................................................................................................... 30 2.1.2.8 Brainstorming ............................................................................................................... 32 2.1.2.9 Diagrama de Pareto ...................................................................................................... 32 2.1.2.10 Diagrama de Dispersão ............................................................................................... 33 2.1.2.11 Folha de Verificação ................................................................................................... 34 2.1.2.12 Histograma.................................................................................................................. 35 2.1.2.13 7 desperdícios ............................................................................................................. 37 2.2 Indústria do petróleo ........................................................................................................ 37 3. METODOLOGIA ............................................................................................................... 41 3.1 Perspectivas do Estudo ..................................................................................................... 41 3.1.1 Tipo de Pesquisa .............................................................................................................. 41 3.1.2 Fonte de Dados ................................................................................................................ 41 3.1.3 Instrumento de Coleta de Dados ...................................................................................... 42 3.1.4 Apresentação de Dados ................................................................................................... 42 3.1.5 Análise dos Dados ........................................................................................................... 42 3.2 Delimitação do Estudo...................................................................................................... 43 4. ESTUDO DE CASO ........................................................................................................... 44 4.1 Estrutura da Empresa X .................................................................................................. 44 4.2 Planejamento ..................................................................................................................... 49 4.3 Qualidade .......................................................................................................................... 50 4.4 Segurança e Meio Ambiente ............................................................................................ 51 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................................ 53 5.1 Sugestões de melhorias ..................................................................................................... 57 6. CONCLUSÕES ................................................................................................................... 61 6.1 Sugestões de trabalhos futuros ........................................................................................ 62 REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 63 16 1. INTRODUÇÃO Até o final dos anos 80, as empresas brasileiras contavam com um mercado que visava proteger as indústrias e produtos nacionais, com isso havia pouca concorrência e consequentemente as instituições não viam a necessidade de grandes investimentos ou inovações. Com o processo de globalização as organizações sofreram mudanças de maneira acelerada, pois se parte de uma nova realidade em que a concorrência é mundial e acirrada (COSTA FILHO, 2011). Neste momento de competitividade as empresas passam por transformações internas rápidas, devido à obrigatoriedade de se adaptarem e aprimorarem ao novo cenário econômico, onde os consumidores passam a exigir a qualidade total dos processos e produtos, e as organizações buscam o contínuo desenvolvimento e aperfeiçoamento do seu processo produtivo, a fim de alcançar a redução de custos e desperdícios, premissas características do gerenciamento da Qualidade (SILVA,2006). Uma vez que a Qualidade deixa de ser um diferencial e se torna uma condição, a adesão das ferramentas da Qualidade se mostra crescente, e muitas são as formas de interpretar o problema (COSTA FILHO, 2011). A norma brasileira ABNT NBR ISO 9000 (2000), define qualidade como: “Grau no qual um conjunto de características inerentes satisfaz a requisitos”, isto é, a organização precisa estabelecer um planejamento com o uso de ferramentas, baseado no requisito de qualidade do serviço ou produto, fundamentado nas necessidades de seus clientes. Essas ferramentas são meios empregados com o intuito de definir, mensurar, analisar e propor soluções em busca de melhorias da qualidade organizacional. São recursos que permitem instrumentalizar os requisitos estabelecidos pela ABNT NBR ISO 9001, tornando-se técnicas determinantes para as organizações, visto que possibilita a identificação e solução de diversos problemas empresariais (OLIVEIRA et al., 2011). 1.1 Problema É primordial que as organizações tenham um conjunto de atividades para o planejamento, desenvolvimento e implementação de um produto ou serviço, para que sejam eficientes e eficazes, além de atender e satisfazer a demanda do cliente (SILVA, 2020). A empresa x possui diversos problemas em sua gestão de qualidade e planejamento, o que afeta diretamente a execução de seus serviços, e isso enfatiza tamanha importância e 17 utilidade das ferramentas da qualidade. Quais delas poderiam ser implementadas em uma empresa do ramo de fabricação e reparo de equipamentos offshore para melhoria do setor produtivo? 1.2 Hipóteses Ferramentas da qualidade são recursos utilizados com o intuito de controlar e gerir a mesma, maximizando sua competência para realizar ações corretivas e preventivas, a fim de identificar causas raízes de problemas e principalmente, garantir o processo de melhoria contínua. O sucesso de uma gestão de qualidade está associado à correta utilização dessas ferramentas (SILVA, 2020). O presente estudo visa comprovar os benefícios da implementação de ferramentas da qualidade. Nele, será demonstrado como o uso das ferramentas no setor operacional é capaz de gerar melhoria contínua nos processos, e assim proporcionar um ganho de qualidade em seus serviços, redução de falhas e aumento da produção, de forma a proporcionar um melhor gerenciamento organizacional e consequentemente, maior índice de satisfação dos clientes. 1.3 Objetivos 1.3.1 Objetivo Geral Discutir a aplicação de ferramentas da qualidade em uma empresa de fabricação e reparo de equipamentos offshore no município de Macaé, Rio de Janeiro. 1.3.2 Objetivos Específicos ● Demonstrar como as ferramentas da qualidade contribuem na otimização do processo; ● Analisar a adequação das ferramentas da qualidade com a realidade da empresa, e decidir as mais aplicáveis no setor operacional; ● Aplicar as ferramentas da qualidade no setor operacional da empresa 181.4 Justificativa O desenvolvimento do estudo através da aplicação de ferramentas da qualidade possibilita de maneira mais assertiva e otimizada a execução dos serviços e/ou produtos prestados. Com isso, eles serão entregues com excelência, visando a melhoria da qualidade, a qual é primordial para a empresa e satisfação dos clientes. Numa sociedade onde a procura por melhores produtos e serviços é constante, as empresas devem tratar a qualidade como prioridade, melhorando continuamente, inovando, buscando novos caminhos, zelando pela imagem da empresa e de seu produto. Essas são formas de atrair a atenção do mercado e conquistar a liderança (ARAÚJO;GONÇALVES, 2015). Posto isso, a qualidade e suas ferramentas de gestão são imprescindíveis no atual cenário de competitividade do mercado. A fim de que as organizações sejam bem sucedidas, elas precisam sempre manter sua qualidade do início do processo produtivo até a entrega ao cliente. Este trabalho faz-se relevante diante dos processos produtivos, possibilitando a otimização dos procedimentos e recursos para as organizações, utilizando ferramentas da qualidade em estudo. 19 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Neste capítulo, será abordada a definição da qualidade, na concepção de diversos pensadores. Tal definição foi evoluindo ao longo dos anos, a fim de se adequar ao cenário econômico do respectivo período, ademais serão levantadas algumas das ferramentas mais utilizadas pelas organizações com o intuito de reduzir custos e desperdícios e aumentar a qualidade de seus serviços e produtos, visando atender as exigências dos consumidores. 2.1 Qualidade A qualidade parte de um conceito em que, tanto os produtos, quanto os serviços devem atender às exigências dos consumidores. No entanto, ela abrange diversas definições, e no processo de evolução do pensamento da qualidade, destacam-se seus principais teóricos (DANIEL; MURBACK, 2014). Segundo Deming (1993), "qualidade é tudo aquilo que melhora o produto do ponto de vista do cliente”, sua ideia era de que o ambiente corporativo se assemelha com a eficácia dos colaboradores, e não somente com suas habilidades. O autor defendia a ideia de que todos devem trabalhar juntos, em busca do mesmo objetivo. Para Juran (1992), “qualidade é a ausência de deficiências”, ele apresentou o conceito de conformidade com as especificações, adequação ao uso e enfatizando as ações preventivas. Ele também introduziu a ideia da melhoria contínua, na qual três processos básicos caracterizam tal conceito: planejamento da qualidade, controle da qualidade e melhoria da qualidade. Crosby (1992) diz que "qualidade é a conformidade do produto às suas especificações", ele afirma ser obrigação dos superiores a garantia da alta qualidade, enfatizando a importância da motivação dos colaboradores. Ele criou a concepção do defeito zero: fazer certo na primeira vez, evitando retrabalho e custos de não-conformidades. Segundo ele, a perfeição só pode ser alcançada através da prevenção e antecipação de defeitos. Com o aumento da exigência dos consumidores, Feigenbaum (1994) concluiu que toda equipe deve ser envolvida no processo de qualidade para atender sua demanda e, diante disso, desenvolveu o conceito de Controle da Qualidade Total (Total Quality Control - TQC). Ele define qualidade como "a correção dos problemas e de suas causas ao longo de toda a série de fatores relacionados com marketing, projetos, engenharia, produção e manutenção, que exercem influência sobre a satisfação do usuário”. Ishikawa (1993) define qualidade como "desenvolver, projetar, produzir e comercializar 20 um produto que é mais econômico, mais útil e sempre satisfatório para o consumidor”. Ele foi o primeiro a utilizar o termo Controle de Qualidade Total e desenvolveu as "Sete Ferramentas", nas quais considerou que qualquer trabalhador pudesse trabalhar. A ideia de que, a qualidade implica na participação de todos os grupos da empresa o levou à criação dos círculos de controle da qualidade. Segundo a ABNT (NBR ISO 9000, 2000) qualidade é "a totalidade das características de uma entidade que lhe confere a capacidade de satisfazer necessidades explícitas e implícitas dos clientes." O conceito de qualidade foi evoluindo ao longo dos anos, adequando-se ao mercado, à grande concorrência e à evolução dos negócios, impondo às organizações a busca de melhoria contínua para seus produtos, através do aperfeiçoamento de seus processos (DANIEL; MURBACK, 2014). 2.1.1 Evolução Histórica da Gestão de Qualidade Ao longo da história, a qualidade evoluiu, passando pelo seu papel de inspeção até ser entendida como a necessidade em desenvolver produtos em conformidade com requisitos e a importância de atender às necessidades dos clientes. Uma das classificações temporais mais adotadas é a proposta por David Garvin, a qual classifica a evolução da Qualidade em quatro Eras, que são: Inspeção, Controle Estatístico da Qualidade, Garantia da Qualidade e Qualidade Total (VASCONCELLOS; LUCAS, 2012). A Era da Inspeção se caracteriza principalmente nos séculos XVIII e XIX, quando a inspeção era implementada através das especificações dos artesãos, voltada somente para o produto final e não para seu processo. Apesar dos teóricos defenderem o fato de que controle e inspeções em produtos acabados não aumentam a qualidade, essa foi a primeira preocupação com a qualidade (DANIEL; MURBACK, 2014). Como nesta a fabricação era artesanal, a produção dependia das habilidades dos trabalhadores, uma vez que os processos eram realizados manualmente e a produção limitada. As peças, depois de prontas, eram analisadas pelos inspetores ou supervisores da qualidade, buscando assim, a garantia da qualidade de seus produtos e a satisfação de seus clientes (YAMADA et al., 2015). Na década de 30, surge a Era do Controle Estatístico da Qualidade, na qual são introduzidos métodos estatísticos desenvolvidos por Walter A. Shewhart. Nesta era, a inspeção foi aprimorada por meio da utilização de técnicas estatísticas, já que com o aparecimento das máquinas, surge o sistema de produção em massa, o que torna impraticável a prática de inspeção 21 de produto a produto (SILVA et al., 2013). A obra Economic Control of Quality of Manufactured Product, publicada por Walter A. Shewhart em 1931, tornou-se referência para tal Era, o que atribui grande parte do moderno controle da qualidade. No entanto, somente após a chegada da Segunda Guerra Mundial, o controle estatístico da qualidade ganhou um grande número de adeptos, o que, segundo (Marshall Junior et al 2006), por volta do final da Segunda Guerra Mundial, a qualidade conquista seu lugar e é bem aceita nas corporações, com profissionais especializados, boas técnicas e resultados efetivos (SILVA, 2006). Na Era da Garantia da Qualidade, os japoneses viram-se completamente devastados após o fim da Segunda Guerra Mundial, visto que dependiam de exportações. Sendo assim com a ajuda da JUSE (Union of Japanese Scientists and Engineers) e dos os mestres da qualidade W.E. Deming, Shewhart, Kaoru Ishikawa e Joseph M. Juran, o Japão inicia sua revolução gerencial, de forma que, os produtos japoneses ganharam notoriedade no cenário econômico mundial, justamente pelas características inerentes à qualidade de seus produtos (VASCONCELLOS; LUCAS, 2012). Neste período, manteve-se o mesmo princípio da era anterior, passando a ter também atributos gerenciais, o que caracterizou a terceira era por quatro elementos: a quantificação dos custos da qualidade, o controle total da qualidade, a engenharia da confiabilidade e o zero defeito. O enfoque que até então era quase exclusivamente corretivo, passa a ter forte conotação preventiva (YAMADA et al., 2015). Por fim, houve a Era da Gestão da Qualidade Total, cuja principal característicaé o foco no cliente e nos processos de gestão, passando a influenciar diretamente a participação da empresa no mercado. Neste momento, a qualidade deixa de ser um mecanismo de prevenção de defeitos e minimização de perdas, e se torna também uma vantagem competitiva, com a qual todos os funcionários da organização precisam estar comprometidos (VASCONCELLOS; LUCAS; 2012). A figura 1 mostra as características de cada Era da Qualidade e seus avanços significativos nas últimas décadas, que compuseram o modo como a qualidade é abordada nos dias atuais. 2.1.1.1 Gestão da Qualidade Total A gestão da qualidade total é uma abordagem que consiste na efetivação da qualidade em todos os processos organizacionais e pessoas envolvidas nestes processos, isto é, toda 22 atividade que possibilita a melhoria de seus produtos ou serviços, visando garantir a completa satisfação das necessidades e expectativas dos clientes (SANTOS, 2017). FIGURA 1 - Evolução da Qualidade no âmbito organizacional Fonte: Mello (2010) Surge então a necessidade de moldar a organização ao contexto na qual ela está inserida, visto que a qualidade total é o estado ótimo de eficiência e eficácia de todos os elementos de uma empresa. Essa modelagem é conhecida segundo a ABNT (NBR ISO 9000:2015) como os 7 princípios da qualidade, conforme a figura 2. FIGURA 2 - Princípios da Gestão da Qualidade Total Fonte: ISO 9000:2015 23 1. Foco no Cliente: Produzir bens ou serviços que correspondam às necessidades dos clientes. 2. Liderança: Os líderes, em todos os níveis da organização, devem estabelecer objetivos, direcionamento e criar condições para que as pessoas engajadas possam alcançar estes objetivos. 3. Engajamento das Pessoas: Os colaboradores, em todos os níveis da organização, devem ser competentes, estar envolvidos e engajados, para elevar a capacidade da organização em criar e entregar produtos que atendam e superem as expectativas dos clientes. 4. Abordagem por Processos: A abordagem por processos permite uma visão sistêmica do funcionamento da empresa como um todo, possibilitando o alcance mais eficiente dos resultados desejados e é mais um dos princípios da gestão da qualidade total. 5. Melhoria Contínua: Para manter a qualidade de seus produtos atendendo suas necessidades atuais e futuras, é necessário que a empresa tenha seu foco voltado sempre para a melhoria contínua do seu processo e produto ou serviço. 6. Tomada de Decisões Baseada em Fatos: As organizações que tomam decisões com base em dados e informações tendem a ser mais eficazes no alcance de seus objetivos 7. Gestão dos Relacionamentos: Criar e manter relacionamentos duradouros com as partes interessadas é fundamental para o sucesso da organização, visto que eles possuem impacto direto no funcionamento da empresa. Todo trabalho desempenhado a favor da qualidade contribui para maior eficiência e aumento de lucros para empresa, e diante disso, as empresas devem se assegurar ao uso de práticas e procedimentos adequados para evitar falhas em seu gerenciamento (MARTINELLI, 2009). 2.1.2 Ferramentas de Qualidade As ferramentas da qualidade foram desenvolvidas com o propósito de facilitar a aplicação do Controle Estatístico de Processo no sistema de produção para melhoria da qualidade. Elas permitem que pessoas envolvidas no controle da qualidade, analisem por meio de seus dados, compreendam a razão dos problemas e determinem soluções para eliminá-los. Isto proporciona uma resolução de problemas que afeta no bom desempenho de todo um processo, produto ou serviço e permite que a melhoria contínua seja alvo constante para uma organização (MAICZUK; JÚNIOR, 2013). 24 A ferramenta que, diferentemente das outras atividades vizinhas, permite a identificação das oportunidades e dos meios, adaptados às características de cada organização, que servirão de subsídio na decisão das ações prioritárias para a melhoria global suas performances (CAMARGO,2000). Costa, Silva e Trevisani (2015) compreendem que a melhoria do desempenho organizacional quanto à qualidade e produtividade e, consequentemente ao aumento de lucro e investimento, acontece quando gestores aplicam ferramentas da qualidade. Quando esse programa da qualidade é devidamente aplicado e controlado, tem gerado resultados de excelente rentabilidade nas empresas, permitindo avanços substanciais no mercado, além de melhorias significativas na liderança e produção. Para Costa, Silva e Trevisani (2015), os objetivos das ferramentas da qualidade são: ● Facilitar a visualização e entendimento dos problemas; ● Desenvolver a criatividade das pessoas; ● Permitir o conhecimento do processo; ● Planejar melhorias; ● Fornecer elementos para o monitoramento dos processos. Tais ferramentas são capazes de organizar e estruturar o processo produtivo, por meio de coleta de dados e de técnicas estatísticas. Contudo, não basta ter somente o conhecimento das ferramentas da qualidade para identificar e solucionar o problema, é necessário também considerar onde e quando elas serão aplicadas, uma vez que cada ferramenta tem um objetivo diferente, e a utilização inadequada de uma delas pode prejudicar a organização (DANIEL, MURBACK, 2014). 2.1.2.1 Ciclo PDCA Foi criado nos Estados Unidos por um matemático chamado Walter Shewart e depois foi amplamente usado por Deming. Ele percebeu que as técnicas estatísticas davam suporte para identificação e medição das falhas do processo produtivo, a fim de melhoria contínua da qualidade (RODRIGUES, 2014). Esse método é composto por quatro etapas que, quando implementado corretamente em uma organização, proporciona a melhoria contínua, conforme exposto por Slack, Chambers e Johnston (2008, p. 605) “é a sequência de atividades que são percorridas de maneira cíclica para melhorar atividades”. 25 Para Silva (2020), o princípio fundamental desta ferramenta é tornar os processos executados pela gestão, claros e ágeis. Diante do exposto, pode-se descrevê-la como segue: Plan (planejar):estabelecer os objetivos e processos necessários para fornecer resultados de acordo com os requisitos do cliente e políticas da organização; Do (fazer): implementar os processos; Check(checar): monitorar e medir processos e produtos em relação as políticas, aos objetivos e requisitos para o produto e relatar os resultados; Act (agir):executar ações para promover continuamente a melhoria do desempenho do processo (SILVA,2020). Sendo assim, o PDCA é um ciclo, no qual sua aplicação pode e deve ser repetida quantas vezes for necessária ao longo da vida útil de um produto ou serviço, visando alcançar outras melhorias em cima de melhorias já aplicadas. A ferramenta serve como um norteador de ações e auxilia na implantação da cultura de melhoria contínua (BASSAN,2018). A figura 3 representa o ciclo PDCA. FIGURA 3 - Ciclo PDCA Fonte: Silva (2020) 2.1.2.2 Diagrama de Ishikawa Surgiu na Universidade de Tóquio, pelo Kaoru Ishikawa e foi mostrado para um grupo de engenheiros, como vários fatores podem ser ordenados e relacionados para identificação de um problema. O diagrama de Ishikawa também pode ser conhecido como Diagrama de Causa 26 e Efeito ou ainda Diagrama de Espinha de Peixe (MACHADO, 2012). Essa metodologia se tornou uma das mais eficazes e utilizadas nas ações de melhoria e controle da qualidade nas organizações. Ela se subdivide em seis categorias, conhecidas como os 6M’s, que são as possíveis causas para as não conformidades (SILVA, 2020). A figura 4 representa este diagrama. FIGURA 4 - Diagrama de Ishikawa Fonte: Silva (2020) De acordo com Peinado e Graeml (2007), “O diagrama de causa e efeito é uma ferramenta muito útil para permitir que um grupo identifique, explore e exiba graficamente e em detalhe todas as possíveiscausas de um problema ou condição, para se descobrir sua verdadeira raiz”. Segundo Lucinda (2010), o uso dessa ferramenta é de fácil aplicação e traz resultados excelentes, tornando-a uma das mais eficazes metodologias utilizadas pelas organizações. Sendo assim, nota-se que o Diagrama de Ishikawa é uma ferramenta que permite relacionar um problema com suas possíveis causas, através de algumas etapas, as quais se iniciam na identificação do problema e finalizam na identificação das influências geradas. Ela serve apenas como um norteador para as causas que originam o problema organizacional (SILVA, 2020). 2.1.2.3 5 porquês Desenvolvida pelo Sistema Toyota de Produção, os 5 porquês é uma ferramenta muito utilizada pelos profissionais na área da qualidade das organizações. Essa análise é simples, eficaz, e muito usada para identificar e compreender a causa raiz de um problema (BASSAN, 2018). 27 Segundo Souza (2020), a técnica dos cinco porquês consiste na repetição da pergunta: “Por quê?” em função do problema que está sendo analisado, até chegar ao resultado, ou seja, a causa raiz. A primeira indagação é a mais superficial, no entanto, à medida que vai sendo aplicada às demais perguntas, o resultado vai ficando mais próximo. Em outra visão, Fernandes, Ribeiro e Almeida (2016) relatam que essa metodologia visa alcançar e solucionar o problema utilizando as cinco perguntas, porém, destacam que pode ser necessário realizar mais ou menos vezes essa pergunta até que seja possível identificar a causa principal. Contudo, deve-se tomar cuidado para que não haja inferência¹ para as respostas apresentadas, porque elas possivelmente farão com que sejam tomadas decisões equivocadas e que não resultem em uma ação corretiva² (SILVA, 2020). 2.1.2.4 5W2H De acordo com Silva (2020), a análise 5W2H tem funcionalidade como um direcionador de problemas e como fonte de pesquisa para implantação de novos projetos. É constituído por sete perguntas, nas quais leva em consideração a perspectiva do cliente, do executante, do fornecedor, etc. Machado (2012) define como “uma forma simples de planejar as ações operacionais, o 5W2H consiste na formatação de um plano respondendo as seguintes questões: O que? (What?), Por quê? (Why?), Onde? (Where?), Quando? (When?), Quem? (Who?), Como? (How?) Quanto? (How much?)”. O quadro 1 descreve o método 5W2H. Para Bassan (2018), a grande importância dessa ferramenta consiste em proporcionar a elaboração de um checklist, a fim de que, durante a análise de implantação de nova proposta de melhoria ou resolução de problema, não seja esquecido nenhum quesito. A grande chave desta metodologia é que as sete perguntas sejam influentes para elaboração de um novo plano de ação. Este método traz algumas limitações, tais como a falta de identificação da causa raiz do problema, sendo que somente apresenta o direcionamento com as possíveis causas, mas não uma resposta concreta. Sendo assim, deve-se ficar atento na aplicação desta ferramenta para que a tomada de decisões não seja incorreta (SILVA, 2020). 28 QUADRO 1 - Quadro Comparativo entre os métodos 5W2H Fonte: Lisboa, Godoy (2020) 2.1.2.5 Kaizen O Kaizen atua na melhoria contínua tanto dos processos organizacionais, quanto dos indivíduos. Essa filosofia é baseada em melhorias incrementais, para que, todo dia seja implementada uma melhoria, de forma que esse processo seja contínuo (SILVA, 2020). Do ponto de vista de Sharma e Moody (2003), as atividades acontecem em um curto período e com compromisso de altos resultados. Ainda conforme o autor, para o sucesso dessa ferramenta, são necessários objetivos claros, processo de equipe, foco em curto prazo, investimentos baixos, rápidos e improvisados, além da utilização dos recursos disponíveis e com resultados imediatos. Segundo Pinto (2015), o Kaizen utiliza questões estratégicas baseadas no tempo. Esta estratégia consiste em três pontos-chave: a qualidade (como melhorá-la), os custos (como reduzi-los e controlá-los), e a entrega pontual (como garanti-la). O fracasso de um destes pontos significa perda de competitividade e sustentabilidade nos atuais mercados globais. Para o sucesso das organizações, deve-se compreender que o conceito de melhoria contínua tem sido uma das formas mais eficazes para melhorar o desempenho e qualidade das organizações, pois ela pode surgir de uma necessidade ou oportunidade, de maneira preventiva ou corretiva (PINTO, 2015). 29 2.1.2.6 Poka Yoke Segundo Nogueira (2009), Poka Yoke pode ser interpretado como “mecanismo à prova de falhas”. Caracterizado por ser um método simples e de baixo custo, com capacidade de eliminar e reduzir defeitos, através de ações corretivas imediatas. Para Vidor e Saurin (2011), muitos conceitos desta ferramenta definem como prevenção de defeitos ou detecção de erros sem diferenciá-los. A diferença é importante, já que é possível classificar a função dos poka yokes como sendo reativa ou preventiva. É definido defeito como um dano ocorrido ao projeto de produção, seja ele um produto ou serviço. Por outro lado, um erro pode ser interpretado como uma falha no planejamento ou execução de um procedimento, muitas vezes a causa imediata dos defeitos. Em outra visão, o sistema pode adotar classificações para cada função que ele é utilizado, sendo descrita a seguir (CONSUL, 2014): a) Método do Controle: Após detectar uma anormalidade, o sistema para a linha ou a máquina de forma que a ação corretiva seja imediatamente implementada evitando-se a geração de defeitos em série. O CQZD depende da ampla utilização desse método. b) Método da Advertência: O sistema detecta a anormalidade, mas ao invés de parar o processamento, apenas sinaliza a ocorrência do desvio através de sinais sonoros ou sinais luminosos, de forma que a atenção dos responsáveis seja atraída e as ações corretivas possam ser implementadas a tempo. Como existe a possibilidade de o sinal ser negligenciado e o processo continuar produzindo sob condições precárias, esse método deve ser utilizado somente em situações em que o impacto das anormalidades seja comprovadamente reduzido ou quando a implantação de controle for técnica ou economicamente inviável. c) Método do Contato: Esse método detecta a anormalidade na forma de dimensão e presença de tipos específicos de defeitos através de dispositivos que se mantêm em contato com o produto na ocasião da inspeção. d) Método do Conjunto: Esse método é utilizado em operações numa sequência de movimentos ou passos pré-estabelecidos, garantindo que nenhum desses passos seja negligenciado. Normalmente, o método baseia -se na contagem automática e controle d o número de movimentos realizados ou na detecção da execução de cada um dos passos isoladamente. e) Método das Etapas: Esse método, em que a operação é executada através de movimentos sincronizados, evita que o operador realize por engano uma etapa que não faz parte da operação. Seguindo o mesmo autor, além do importante papel na prática do CQZD, o dispositivo Poka Yoke é um elemento essencial na autonomação (jidoka): um dos dois pilares do Sistema Toyota de Produção, que consiste em facultar ao operador ou à máquina a autonomia de parar o processamento sempre que for detectada qualquer anormalidade. Portanto, essa metodologia só é empregada quando a causa raiz está identificada, em organizações que entendem que o sucesso de produção está diretamente relacionado com a não ocorrência de peças ou etapas que contenham falhas (SILVA, 2020). Diante disso, nota-se que as organizações utilizam essa ferramenta para garantir a qualidade de seus produtos e/ou serviços, com o objetivo de diminuir ou eliminar as não 30 conformidades no processo, as quais, em sua grande maioria, são geradas por erros humanos. 2.1.2.7 Diagrama de fluxoÉ uma ferramenta que auxilia na análise de um processo como um todo e não apenas as etapas individualmente, com o objetivo de identificar a causa raiz do problema, analisando as fontes de variações como máquinas, métodos e mão de obra do início ao fim do processo produtivo (SILVA, 2020). Segundo Vasconcelos, Souto, Gomes e Mesquita (2009) “uma excelente visão do processo e pode ser uma ferramenta útil para verificar como os vários passos do processo estão relacionados entre si. O fluxograma utiliza símbolos reconhecidos facilmente para representar cada etapa do processo”. A figura 5 representa esses símbolos. FIGURA 5 - Símbolos Utilizados para Montagem de um Fluxogram Fonte: Silva (2020) Maiczuk e Júnior (2013) compreendem que “Grande parte da variação existente em um processo pode ser eliminada somente quando se conhece o processo de fabricação. Isto significa que a sequência de produção, ou etapas, influenciam na variabilidade final das características do produto”. A figura 6 exemplifica um processo de fabricação utilizando a ferramenta diagrama de fluxo. 31 FIGURA 6 - Fluxograma de fabricação de embutidos Fonte: Maiczuk, Júnior (2013) Para essa metodologia ter sucesso, é necessário que todos envolvidos participem da elaboração. Destaca-se que o fluxograma vai além de identificação de falhas ou problemas na linha de produção, ele possibilita uma visão expandida do fluxo de processos para melhorias futuras e esclarece o funcionamento das etapas para novos integrantes da organização (SILVA, 2020). 32 2.1.2.8 Brainstorming Conhecido também como tempestade de ideias, o Brainstorming é uma ferramenta utilizada para encontrar soluções para os problemas, através da geração de ideias de forma simples e espontânea, feita em grupo e geralmente composto por pessoas de diferentes funções (SOUZA, 2020). Do ponto de vista de Vieira et al (2015), a ferramenta é definida como um método de fácil aplicação que permite a troca de ideias, sem necessidade de formalidades e conceitos técnicos. Enquanto para Silva (2020) essa técnica consiste em estimular a produção de ideias das possíveis causas da não conformidade, de forma rápida e direta. Ainda enfatiza que todas as ideias devem ser consideradas até as que pareçam absurdas. Segundo a visão de Lucinda (2010) “as críticas limitam a naturalidade do processo e inibem a participação”. Para ele, quanto mais ideias forem geradas, mais opções de escolha serão proporcionadas. Além disso, uma ideia é a conexão para outra ideia. Portanto, uma ideia considerada absurda poderá ser o link³ para uma ideia relevante. Silva (2020), ainda destaca que, essa ferramenta não encontra a causa raiz do problema, ou seja, ela precisa do auxílio de outras ferramentas para tal finalidade. Ela serve para identificar as causas que impedem ou afetam o desempenho dos processos. 2.1.2.9 Diagrama de Pareto No final do século XIX, o economista Vilfredo Pareto desenvolveu um diagrama para descrever a distribuição desigual de riquezas na sociedade, em que concluiu que 20% da população detinha 80% da riqueza, enquanto os outros 80% da população detinham apenas 20%. Mais tarde, J. M. Juran, utilizou esta dedução analogamente na área da Qualidade, mostrando ser aplicável também no contexto produtivo e dos serviços (FABRIS, 2014). O Diagrama de Pareto, como se pode observar na figura 7, é representado por um gráfico de barras, em ordem da frequência de ocorrências, permitindo a priorização dos problemas, onde do lado esquerdo tem a frequência absoluta, e ao lado direito a frequência acumulada numa escala de 0 a 100%. A maior utilidade do diagrama é permitir uma fácil visualização das causas e problemas mais importantes, possibilitando uma concentração de esforços sobre eles (DANIEL; MURBACK, 2014). 33 FIGURA 7 - Gráfico de Pareto Fonte: Bastiani, Martins (2012) As etapas para a construção de um gráfico de Pareto contemplam os seguintes passos (COELHO; SILVA; MANIÇOBA, 2016): ● Selecionar os problemas a serem comparados e estabelecer uma ordem de prioridades para sua análise; ● Selecionar um padrão de comparação; ● Selecionar um período de tempo para ser analisado; ● Reunir os dados necessários dentro de cada categoria; ● Comparar a frequência ou custo de cada categoria com relação a todas as outras; ● Listar as categorias da esquerda para a direita no eixo horizontal, em ordem decrescente; ● Acima de cada classificação ou categoria deve-se desenhar um retângulo ou barra cuja altura corresponda ao valor dessa variável na classificação escolhida. 2.1.2.10 Diagrama de Dispersão O Diagrama de dispersão é a representação de duas ou mais variáveis que são organizadas em um gráfico, mostrando o que acontece com uma variável quando a outra se altera. O diagrama é normalmente usado para verificar se existe uma correlação entre as 34 variáveis, e caso exista, se ela será positiva ou negativa (DANIEL; MURBACK, 2014). Segundo Slack, Chambers e Johnston (2006) o diagrama de dispersão permite somente identificar a relação entre as variações, e não necessariamente a existência de um relacionamento de causa-efeito. Conforme a figura 8, a correlação criada com base no diagrama pode ser positiva, quando os pontos se unem em uma linha crescente, isto é, assim que uma variável aumenta, a outra cresce respectivamente. A correlação é negativa, quando os pontos se unem em uma linha decrescente, ou seja, à medida que uma variável aumenta, a outra diminui. Além disso, a correlação pode ser nula quando os pontos estão bem dispersos e, portanto, indica que não há correlação aparente entre as duas variáveis (GONÇALVES, 2019). FIGURA 8 - Diagramas de Dispersão Foto: Gonçalves (2019) 2.1.2.11 Folha de Verificação A folha de verificação corresponde a um exemplo de formulário, na qual são catalogadas, de forma organizada, informações e dados referentes a uma finalidade específica, como observado na figura 9. Esta ferramenta pode ser aplicada para (SANTOS et al., 2011): • Levantamento da proporção de itens não conforme; • Inspeção de atributos; • Estabelecer a localização de defeitos nos produtos acabados; 35 FIGURA 9 – Folha de verificação Fonte: Santos (2020) • Levantamento de causas dos defeitos • Estudo da distribuição de uma variável. Trata-se de um método que questiona o processo e é fundamental para alcançar a Qualidade, uma vez que facilita e organiza o processo de coleta e registro de dados ou falhas, de modo que favorece a posterior análise dos dados obtidos (SANTOS et al., 2011). 2.1.2.12 Histograma O histograma é uma ferramenta de análise estatística com a finalidade de representar dados e permitir observar a distribuição de suas respectivas frequências, tal ferramenta exemplifica e organiza as informações coletadas através de um gráfico de barras verticais, onde 36 cada barra representa uma classe e sua respectiva frequência, conforme apresentado na Figura 10 (PALADINI, 1997). FIGURA 10 - Histograma de Frequências Fonte: Santos et al (2011) Essa ferramenta auxilia na identificação da variabilidade do processo e permite resumir as informações presentes em um grande conjunto de dados, podendo ser utilizado para (ASCENÇÃO, 2019): • Analisar a amplitude da dispersão em um determinado conjunto de dados; • Avaliar se o conjunto de dados analisados é simétrico; • Descobrir qual dos valores apresentados é o mais comum; • Verificar se há mais de um pico no gráfico; • Analisar se há valores isolados no conjunto de dados específico analisado; • Compreender qual é a dispersão relacionada às metas e às especificações; • Saber se alguns valores tendem a estarem presentes ou ausentes. 37 2.1.2.13 7 desperdícios Segundo Turino (2016), desperdícios são todos osmétodos realizados de forma desnecessária, gerando custos e sem agregar valor, logo devem ser rapidamente eliminados. O desperdício provoca o uso de recursos de maneira desorganizada, excessiva, subutilizada, ineficiente e ineficaz. A eliminação de tais recursos se torna urgente e necessária para que se possa atingir os objetivos que foram traçados, com a eficácia necessária (REIS,1994). Shingo (1996) identifica sete desperdícios no sistema de produção puxada, sendo eles: • Superprodução; • Espera; • Transporte; • Processamento; • Estoque; • Movimento; • Defeito. Outros estudiosos afirmam a existência de um oitavo desperdício, o desperdício do conhecimento humano. A identificação desses desperdícios dentro do processo de produção é o primeiro passo para a eliminação de etapas desnecessárias, tendo como consequência um aumento da produtividade e da competitividade das organizações. Para que esse processo seja realizado, é necessário a implementação de ferramentas do sistema de produção enxuta (ALBUQUERQUE et al., 2020). 2.2 Indústria de Petróleo O grande marco do início do petróleo foi quando Coronel Drake descobriu um poço na Pensilvânia com 21 metros de profundidade perfurado com um sistema movido a vapor, que produziu 2 m³/dia de óleo em 1859. Percebeu-se que a destilação do petróleo resultava em produtos melhores e com maior lucratividade que o querosene obtido a partir do carvão e óleo de baleia, usados para iluminação. (THOMAS, 2001) Com o passar dos anos, aconteceu a invenção de motores a gasolina e diesel. Além disso, começou a ser desenvolvido a perfuração rotativa, que teve um marco importante em um poço de 354 metros no Texas. Nos anos seguintes, o método de percussão foi substituído pelo método 38 rotativo. Em constante evolução e melhoria de materiais e perfuração, possibilitou a descoberta de perfuração em poços de 10.000 metros de profundidade. (THOMAS,2001) No Brasil, a história do petróleo começou em 1858 e na região da Bahia, quando foi concedido o direito de extrair mineral betuminoso para fabricar querosene. Entretanto, as primeiras pesquisas relacionadas ao petróleo começaram em Alagoas em 1891, em função da existência de sedimentos no litoral. O primeiro poço com objetivo de encontrar petróleo foi perfurado em São Paulo, em 1897, com 488 metros de profundidade e 0,5 m³/ dia de produção de óleo. (THOMAS, 2001) Alguns anos depois, no governo de Vargas, criou-se o monopólio estatal de petróleo, Petrobras. Hoje reconhecida mundialmente pela sua alta tecnologia de exploração de petróleo em águas ultraprofundas. A empresa vive em constante pesquisas para trazer os melhores produtos e desenvolvimento de novas fontes de energia. As suas áreas de atuação são: exploração e produção de petróleo e gás, geração de energia elétrica, refino de petróleo e gás, distribuição, petroquímica, produção de biocombustíveis, transporte e comercialização. (PETROBRAS) Na exploração e produção de petróleo e gás, a maior parte das reservas estão em campos marítimos em águas profundas e ultraprofundas, mas os locais de trabalho são em bacias terrestres e marítimas. A figura 11 mostra essas bacias de produção. Para cada profundidade de trabalho existe uma plataforma específica, cada vez mais tecnológicas e com equipamentos mais modernos. Sendo elas plataforma fixa, autolavável, SS, FPSO, FPSO monocoluna, TLWP e NS. A Figura 12 representa as plataformas da Petrobras nos campos brasileiros. (PETROBRAS) O petróleo é um dos principais responsáveis pela geração de energia elétrica no Brasil e o principal em diversos países, logo a procura por empresas fornecedoras de energia tem crescido diariamente, e isso é decorrente do impacto da globalização nos mercados. Consequentemente, o aumento da produção de petróleo faz com que as indústrias petrolíferas produzam cada vez mais. (REIS, 2015) A exploração offshore apresenta altos desafios tecnológicos, requerendo um alto grau de conhecimento e competência dos profissionais, posto que qualquer erro cometido pode gerar grandes transtornos. Além disso, dispõe um custo muito elevado, uma vez que as plataformas possuem alta complexidade no que diz respeito à integridade do meio ambiente, sucesso econômico e segurança de pessoas (REIS, 2015) 39 Figura 11- Bacias Produtoras Marítimas e Terrestres Fonte: Petrobras Figura 12 - Plataformas da Petrobras em campo brasileiro Fonte: Petrobras Tendo isso em vista, inúmeros equipamentos são necessários para a execução das atividades de exploração e para isso existem diversas empresas que fabricam e fornecem esses equipamentos. A fabricação é um processo no qual a matéria prima é transformada em um produto acabado, seguindo planos bem organizados, intrinsecamente ligado ao conceito de manufatura. 40 Sendo assim, todos os equipamentos fabricados para tais plataformas devem atender imprescindivelmente aos requisitos de fabricação, sendo fundamental profissionais qualificados para o planejamento, execução, inspeção e certificação do projeto. A figura 13 representa um galpão de fabricação de equipamentos da indústria do petróleo. Figura 13 – Fabricação mecânica de um tanque Fonte: INCASE (2021) 41 3. METODOLOGIA 3.1 Perspectiva do Estudo 3.1.1 Tipo de Pesquisa Segundo Silva e Menezes (2005), a pesquisa aplicada, tem por objetivo a resolução de problemas específicos, possuindo assim, uma aplicação prática de verdades e interesses locais. De acordo com Gil (2009), a pesquisa pode ser classificada conforme seus objetivos: pesquisa exploratória, descritiva e explicativa. A pesquisa exploratória busca explorar um problema, a fim de determinar fatores que o influencia em algum determinado fenômeno, já a pesquisa descritiva representa as tentativas de explorar e explicar sobre determinado tema, enquanto a pesquisa explicativa busca identificar e explicar as causas de determinado problema. Desta forma, o presente estudo é classificado como pesquisa exploratória, que segundo Gil (2007, p. 43) “tem como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores”. Durante o trabalho foram coletadas informações através de pesquisas bibliográficas e através de dados da empresa x, onde foi realizado o estudo de caso. Para a obtenção dos dados, as autoras fizeram entrevistas com o colaborador responsável pelo setor operacional da empresa e com alguns funcionários, buscando explorar de forma mais ampla o tema. 3.1.2 Fonte de Dados Em uma pesquisa, os dados referem-se a todas as informações das quais o pesquisador pode utilizar nas diferentes etapas do trabalho. Existem dois tipos diferentes de fonte de dados, um chamado de fonte primária e outro de fonte secundária. Os dados primários são considerados aqueles retirados da realidade, a partir de entrevistas e documentos. Já os dados secundários são designados como consolidados, a partir de pesquisas finalizadas, denominada também como pesquisas bibliográficas. (PRODANOV; FREITAS,2013) Neste trabalho, as informações são, em sua maior parte, dados secundários procedentes de pesquisas bibliográficas, com exceção das entrevistas que serão feitas e documentos que serão acessados. 42 3.1.3 Instrumento de Coleta de Dados Para Prodanov e Freitas (2013), as técnicas de pesquisa e coleta de dados destacam-se em duas observações. Observação direta intensiva, que acontece por meio de observação e entrevista, e observação direta extensiva, que acontece por meio de questionários, pesquisa de mercado, discussão em grupo. Neste trabalho, será utilizada pesquisas bibliográficas, estudo de caso, entrevistas e documentos, a fim de seobter dados mais precisos do planejamento e execução de serviços de jateamento e pintura. 3.1.4 Apresentação de Dados A pesquisa qualitativa envolve a obtenção de dados descritivos, através do contato direto do pesquisador com a situação estudada. Os dados qualitativos enfatizam o processo mais do que o produto, de forma indutiva (OLIVEIRA,2011). A pesquisa quantitativa envolve quantificação, tanto na coleta de dados como no tratamento delas, através de técnicas estatísticas. Os dados quantitativos enfatizam a amostra como um acontecimento geral (OLIVEIRA, 2011). Neste trabalho, serão utilizados os dois tipos de dados. Gráficos e estimativas serão utilizados para verificação do potencial de aplicação das ferramentas de qualidade na empresa X, detalhando a aplicação de ambos. 3.1.5 Análise de Dados Conforme Marconi e Lakatos (2007), a análise consiste em organizar e sintetizar os dados obtidos nas pesquisas, que fornecem as respostas para o problema investigado. Esses dados podem ser qualitativos ou quantitativos, e serão dados feitos a partir da união de dados bibliográficos com os dados coletados. Neste trabalho, os dados serão analisados tanto qualitativamente quanto quantitativamente. 43 3.2 Delimitação do Estudo A pesquisa será feita em uma empresa de Fabricação e Reparo de Equipamentos Offshore, no período de Pandemia do Covid-19, em setembro de 2020, onde será analisado os aspectos de planejamento, ambiental, qualidade, gestão e segurança do trabalho por meio de entrevistas com o supervisor e alguns colaboradores, além de documentos fornecidos pela empresa X. 44 4. ESTUDO DE CASO A empresa em estudo está presente há 29 anos no mercado nacional com sua missão de atender com excelência às demandas de seus clientes e colaboradores a partir de prestação de serviços de fabricação, reparo e manutenção de estruturas de grande porte em caldeiraria, soldagem, usinagem, engenharia de projetos industriais e pintura com qualidade, confiabilidade e segurança. A organização tem como objetivo buscar inovações em seus produtos e serviços, a fim de proporcionar aos seus clientes e parceiros credibilidade e eficiência. Seu diferencial é se manter estável diante dos grandes desafios do cenário competitivo. A empresa tem como valores fundamentais a Qualidade, Segurança, Meio Ambiente e Saúde, que garantem a sustentabilidade da empresa, baseando-se nas seguintes diretrizes: foco na satisfação do cliente, com base no atendimento à suas necessidades e expectativas; prevenção da poluição, através da redução de geração de resíduos e do consumo consciente dos recursos naturais; prevenção de incidentes / acidentes do trabalho e doenças ocupacionais de seus colaboradores; atendimento aos requisitos legais e outros requisitos aplicáveis; compromisso efetivo com a melhoria contínua de processos e resultados, através da análise crítica. A corporação conta com quatro bases na cidade de Macaé, Rio de Janeiro, oferecendo serviços onshore e offshore na área de Petróleo e Gás, com cerca de 300 funcionários. Sua visão é ser referência no mercado, reconhecida por seus clientes e colaboradores, quanto à qualidade de seus produtos, serviços e relacionamento. A base principal da empresa, na qual será realizado o estudo, possui uma ampla estrutura de aproximadamente 5000m², onde são executados os serviços de caldeiraria, e soldagem. Ao lado, para atividades de mecânica e usinagem foi destinada uma área de 1000m². Há também uma base com cerca de 4200m², onde são efetivados os serviços de jateamento e pintura industrial e outra com 30.000m² especialmente para projetos de grande porte, ao passo que os serviços offshore atendem unidades de perfuração, produção e acomodação. 4.1 Estrutura da Empresa X A planta da organização, conforme apresentada na figura 14, conta com um bloco de escritório onde é realizada toda parte administrativa da empresa. Um galpão principal e de apoio, no qual são realizadas as atividades de caldeiraria e soldagem, tais atividades são executadas em 4 etapas, sendo elas: corte, montagem, solda e visual, todas dispostas de maneira 45 sequencial a fim de evitar gargalos. Nos dois galpões possuem máquinas que estão dispostas de maneira estratégica para que o serviço seja feito em linha, essas máquinas serão descritas no quadro 2. Além do almoxarifado e a manutenção elétrica, tem o pátio que possui uma área designada a expedição e outra para armazenamento de matéria prima e sobra de material. Figura 14- Layout da empresa X Fonte: Elaborado pelas autoras (2021) 46 Quadro 2- Funções das Máquinas Máquina Função Calandra Aplicar uma força externa sobre a matéria prima, consequentemente dar forma e dimensão por deformação plástica. CNC Usado em corte de chapa, em materiais de aço carbono e inox. Utilizado na usinagem de precisão, com controle numérico computadorizado. Compressor Aumentar a pressão do fluido em estado gasoso Dobradeira Executa operações de dobramento de chapas de diversas dimensões e espessuras. Estufa de Armazenamento Armazenar eletrodos e arame Estufa de Eletrodo Secar e tratar o eletrodo Esmeril Afiar ferramentas, tirar rebarbas de uma peça forjada ou serrada e arredondar cantos de peças Esmerilhadeira 7” Afiar ferramentas, fazer polimentos, lixar, escovar e cortar peças Fresadoras Destinada à usinagem de materiais, executa no processo de fabricação de engrenagem, canal de chaveta e sextavado. Furadeira de Coluna Usada para fazer furos com as formas mais diversificadas, de forma singular ou em série. Furadeira de Coluna Usada para fazer furos com as formas mais diversificadas, de forma singular ou em série. Furadeira Radial Executar furos nos mais diversos materiais. Guilhotina Corte de chapas de metal Mandrilhadora Movimentar a ferramenta de corte em vez de movimentar a peça, ocorre no processo de abertura de canal grave, usinagem interna, furos. Máquina de Solda Soldar peças, de alumínio, cobre e suas ligas, latão, bronze, mas não soldam metais como ferro Máquina de Soldo Mig Soldar utilizando o arco elétrico como fonte de calor Parafusadeiras Fixar, apertar ou desenroscar parafusos. Plaina Zocca 500 Abrir extrea, canal de chaveta e planificação Ponte Rolante 10 ton Elevação de cargas. Podem ser móveis ou fixas, com objetivo de mover objetos grandes e pesados. Retifica Corrigir e polir peças de forma exata, tornar reto, dispor em linha reta. Serra Executa cortes retos ou irregulares, círculos ou ondulações Torno Mecânico Fabricar roscas, eixos e franges. Fonte: Elaborado pelas autoras (2021) Conforme apresentado no Quadro 3, o setor operacional é composto por 38 funcionários, onde existe trabalho essencialmente diurno podendo ter extra noturno e aos finais 47 de semana quando necessário. Quadro 3 – Número de funcionários x funções da área de produção Função Nº de funcionários Serviço de Usinagem 03 Serviço de Caldeiraria 08 Serviço de Soldagem 13 Ajudantes 05 Esmerilhadores 04 Inspetor Dimensional para Caldeiraria e Usinagem 01 Inspetor de Solda e Visual 01 Inspetor de Jateamento e Pintura 01 Planejamento e alimentação do sistema de Ordem de Serviço 02 Fonte: Elaborado pelas autoras (2021) Para que as obras sejam executadas em conformidade, uma série de processos são realizados desde a solicitação de orçamento dos clientes, até a entrega dos projetos, conforme o fluxograma apresentado na figura 15. 48 Figura 15- Fluxograma empresa X Fonte: Elaborado pelas autoras (2021) 49 4.2 Planejamento As etapas do processo de fabricação de peças são sinalizadas com placas coloridas, em que cada cor significa uma etapa,com o intuito de facilitar o entendimento dos colaboradores e identificar quais etapas foram concluídas e quais faltam, conforme a Figura 16. Figura 16 - Controle de etapas por cores Fonte: Empresa X (2020) A organização conta com o auxílio de um sistema para o controle do planejamento à execução de operações, com o intuito de aumentar a produtividade, qualidade e segurança de forma que reduzam custos operacionais. Com ele, a empresa é capaz de planejar a escala de trabalho, gerenciar logística de colaboradores, marcar e realizar treinamentos, realizar a gestão financeira, o planejamento automático de viagens, planejamento de férias, cálculo de pagamentos, controle de times, controle operacional, relatórios sobre operações, lançamento de atividades realizadas, entre outros. Além de diversas planilhas para controle interno, como por exemplo a planilha de acompanhamento de OS’s, apresentada nas figuras 17 e 18. 50 Figura 17 - Dados extraídos da planilha de acompanhamento de OS’s em geral 2020 Fonte: Empresa X (2020) Figura 18 - Dados extraídos da planilha de acompanhamento de OS’s em geral 2021 Fonte: Empresa X (2021) 4.3 Qualidade A fim de melhorar o nível de qualidade de seus serviços e produtos e otimizar processos, em janeiro de 2021, foi criado um setor para que o controle e a garantia da qualidade fossem realizados em conjunto, uma vez que em 2020 essas análises eram realizadas em setores distintos. A equipe da qualidade é composta por três inspetores, um inspetor dimensional, um inspetor de solda e END, uma inspetora de jateamento e pintura, analista de qualidade, auxiliar de qualidade e um técnico de qualidade, todos lidam diretamente com a produção e 51 acompanham todos os processos da base principal, onde ocorre fabricação e manutenção dos equipamentos. A empresa possui certificação ISO 9001 que faz parte da gestão da qualidade total, onde garante a otimização do processo, agilidade no serviço, controle da qualidade e a satisfação do cliente. Ademais, ela utiliza duas ferramentas para resolver não conformidades e achar a causa raiz, como Ishikawa e 5 porquês. 4.4 Segurança e Meio Ambiente A segurança dos colaboradores é de extrema importância para o sucesso da organização, uma vez que um acidente ou afastamento acarreta prejuízo tanto para o desenvolvimento da empresa quanto para sua imagem no mercado perante seus concorrentes. Diante disto e das visitas técnicas, foi possível observar que a empresa utiliza métodos de segurança como o uso de EPI’s e placa de sinalizações dentro dos galpões, conforme a figura 19. Figura 19- Placas de sinalização de segurança Fonte: Empresa X (2020) Ademais, o setor de segurança do trabalho conta com uma técnica e uma engenheira que realizam um acompanhamento semanal dos colaboradores na execução dos serviços. Toda segunda e sexta feira é realizado um DDS, uma vez na semana é dirigido pela engenheira e na outra vez é dirigido pela liderança do grupo. 52 A questão ambiental nessa empresa é tratada da seguinte forma, os lixos são separados por materiais, cada lixeira tem uma cor correspondente espalhadas pela área de produção e área externa. Para o descarte de resíduos, a empresa conta com o recolhimento da equipe da prefeitura do município que faz a coleta de resíduos mais simples como vidros, plásticos, papeis. A empresa Ecoplan recolhe os resíduos mais pesados. A organização possui uma certificação e segue uma norma na área de meio ambiente e segurança no trabalho. Sendo elas, ISO 14001 que especifica os requisitos para uma empresa ter uma Gestão Ambiental, levando em conta como suas ações podem impactar o meio ambiente. E a norma de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional, é a OHSAS 18001, que tem como objetivo um regulamento para um ambiente seguro e saudável para os colaboradores. 53 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO Inicialmente, foi realizado o brainstorming como um dos responsáveis pelo planejamento operacional e um dos responsáveis pela gestão da qualidade da empresa para coleta de informações, a fim de definir os pontos principais para o desenvolvimento da pesquisa. Desta forma, foram coletadas informações a respeito do processo produtivo e os problemas enfrentados nesse processo. Ao analisar os dados extraídos das planilhas de acompanhamento de OS’s dos anos 2020 e 2021, pôde-se observar um considerável número de obras entregues fora do prazo, a tabela 1 apresenta esses números. Tabela 1- Obras finalizadas em 2020 e 2021 Ano Obras finalizadas Entregues no prazo Entregues com atraso Canceladas 2020 169 49 28,99% 116 68,64% 4 2,37% 2021 38 9 23,68% 29 76,32% 0 0% Fonte: Elaborada pelas autoras (2021) Como pode ser observado, em 2020 de 169 obras finalizadas, 116 foram entregues com atraso, e até meado de março de 2021, de 38 obras, 29 foram entregues atrasadas, o que representa uma porcentagem muito elevada. Sendo assim, foi indagado ao setor de planejamento e da qualidade o motivo para essa porcentagem tão superior de serviços entregues com atraso, e todos concordaram que o atraso na aquisição de material é o causador deste fato. No entanto, o acesso a outros documentos mostra que este não é o único motivo para o atraso nas entregas. O relatório de ordem de serviço mensal, conforme apresentado na figura 20 registra o tempo que cada função tem disponível para executar o serviço, o tempo usado, e as horas extras de cada uma delas. 54 Figura 20 - Relatório de Ordem de Serviço Mensal Fonte: Empresa X (2021) Ao verificar o relatório mensal, observou-se que apesar de ter um HH usado menor que o disponível, há um considerável tempo gasto em hora extra, totalizando 1.059 horas, o que vale considerar que o atraso da entrega dos serviços ocorre por uma série de fatores. Com isso, foi solicitado à organização alguns documentos específicos de obras finalizadas em atraso para análises mais aprofundadas, como o cronograma de obra real e planejado e o registro de itens defeituosos durante o processo. Através dos cronogramas de algumas obras pôde-se observar que, devido ao atraso na aquisição de materiais, a produção tem iniciado com frequência suas atividades depois da data prevista, mas, além disso, a duração real das etapas de produção tem sido consideravelmente superior à planejada, o que indica falha na etapa de produção. A partir do cronograma geral da fabricação de vaso apresentado na figura 21 pôde-se observar esses atrasos. 55 Figura 21 – Cronograma geral da fabricação de vaso Fonte: Empresa X (2021) A partir das informações apresentadas na figura 21, extraímos todas as etapas com a duração maior que a duração da linha de base e calculamos os dias de atraso, os atrasos foram classificados sendo o grau de importância baseada na quantidade de dias de atrasos durante a obra, conforme indicado na tabela 2. 56 Tabela 2: Dias de atraso por etapa Etapa com atraso Dias de atraso Percentual acumulado Compras 42,5 21,86% Corte 26,11 35,28% Calandragem 25,5 48,40% Solda 22,17 59,80% Visual 20,17 70,17% Engenharia 17,67 79,26% Montagem 16,67 87,83% Pintura 12,06 94,03% Qualidade 10,83 99,60% Classificadora 0,78 100,00% Total 194,46 Fonte: Elaborado pelas autoras (2021) Com base nas informações de porcentagem acumulada das etapas foi possível a criação do gráfico de Pareto, apresentado na figura 22. Figura 22 - Gráfico de Pareto das etapas com atraso em obra Fonte: Elaborado pelas autoras (2021) Com o auxílio do gráfico de Pareto, foi possível investigar as principais etapas que geraram atrasos durante todo processo da obra, sendo elas compras, corte, calandragem, solda e visual. Desta forma, para aprofundar
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