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caso concreto 04 família Maranhão pronto

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AO JUÍZO DA ____ VARA CÍVEL DE NOVA FRIBURGO/RJ. (Art. 319, I, CPC c/c Art. 50, CPC/15)
 JOAQUIM MARANHÃO, brasileiro, estado civil, profissão, portador da carteira de identidade nº _____, expedida pelo _____, inscrito no CPF sob o nº _____, endereço eletrônico ______@____,  domiciliado na cidade de Nova Friburgo/RJ, primeiro autor; ANTONIO MARANHÃO, brasileiro, estado civil, profissão, portador da carteira de identidade nº _____, expedida pelo _____, inscrito no CPF sob o nº _____, endereço eletrônico ______@____,  domiciliado na cidade de Nova Friburgo/RJ, segundo autor e MARTA MARANHÃO, brasileira, estado civil, profissão, portadora da carteira de identidade nº _____, expedida pelo _____, inscrito no CPF sob o nº _____, endereço eletrônico ______@____,  domiciliado na cidade de Nova Friburgo/RJ, terceira autora, por sua advogada, com endereço profissional constante da procuração em anexo, para fins do artigo 77, inc. V, do CPC, vêm, a este juízo, propor (Art.319,II, CPC)
AÇÃO ANULATÓRIA DE NEGÓCIO JURÍDICO
pelo Procedimento Comum (art. 318, CPC), em face de MANUEL MARANHÃO, brasileiro, estado civil, profissão, portador da carteira de identidade nº _____, expedida pelo _____, inscrito no CPF sob o nº _____, endereço eletrônico ______@____,  domiciliado na cidade de Nova Friburgo/RJ, primeiro réu; FLORINDA MARANHÃO, brasileira, estado civil, profissão, portadora da carteira de identidade nº _____, expedida pelo _____, inscrito no CPF sob o nº _____, endereço eletrônico ______@____,  domiciliada na cidade de Nova Friburgo/RJ, segunda ré e RICARDO MARANHÃO, brasileiro, estado civil, profissão, portador da carteira de identidade nº _____, expedida pelo _____, inscrito no CPF sob o nº _____, endereço eletrônico ______@____,  domiciliado na cidade de Nova Friburgo/RJ, terceiro réu, pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa a expor.
I – DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
 Requerem os benefícios da Justiça Gratuita, por não possuírem condições financeiras para arcar com os encargos processuais sem prejuízo do próprio sustento, conforme insculpido no artigo 98 do Código de Processo Civil.
II - DA OPÇÃO DA PARTE AUTORA PELA REALIZAÇÃO DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU MEDIAÇÃO (Art. 319, VII, CPC)
 Os AUTORES manifestam interesse na realização da Audiência de Mediação ou Conciliação, de acordo com o art. 319, VII, CPC. 
II- DOS FATOS (art. 319, III, CPC)
A PRIMEIRA e a SEGUNDA PARTE RÉ, que são os pais dos AUTORES, venderam à TERCEIRA PARTE RÉ, que é filho da TERCEIRA PARTE AUTORA, um sítio localizado na Rua Bromelia, nº138, Centro, Petrópolis/RJ, pelo preço de R$ 200.000,00(duzentos mil reais).
A Escritura de Compra e Venda foi lavrada no Cartório do 4º Ofício de Nova Friburgo, no dia 20/09/2015, e transcrita no Registro de Imóveis competente.
 O referido negócio jurídico ocorreu sob a justificativa de que havia necessidade de ajuda à TERCEIRA PARTE RÉ, que é neto dos alienantes, porém em nenhum momento existiu o consentimento expresso dos demais descendentes da PRIMEIRA e da SEGUNDA PARTE RÉ.
IV – FUNDAMENTOS JURÍDICOS (Art. 319, III, CPC) 
Os AUTORES não concordam com o contrato de compra e venda, uma vez que, no momento de celebração do negócio em questão, o valor de mercado do imóvel era de R$ 350.000,00, ou seja, houve uma desvalorização de R$ 150.000,00, prejudicando de maneira grave os interesses dos AUTORES.
De acordo com o art. 104 do CC/02, a validade do negócio jurídico requer agente capaz; objeto lícito, possível, determinado ou determinável; e forma prescrita ou não defesa em lei. Embora o Manoel e Florinda sejam agentes capazes, o sitio seja lícito possível e determinado e a forma do ato tenha sido correta, mediante Escritura em Cartório, o ato é passível de anulação pelo previsto no art. 496 do CC/02.
Na forma deste artigo supracitado, é anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido, ou seja, o consentimento expresso dos demais descendentes e do cônjuge do alienante é requisito de validade. A ausência deste consentimento expresso gera a anulabilidade do negócio jurídico. E neste caso, as partes rés realizaram a venda do imóvel ao neto sem o consentimento de seus outros descendentes (os filhos). Este ato jurídico causou prejuízo patrimonial aos autores, descendentes necessários, visto que o valor do imóvel à época da celebração do ato era de R$350.000,00 (trezentos e cinquenta mil reais) mas foi vendido ao TERCEIRO RÉU por apenas R$200.000,00 (duzentos mil reais), causando uma desvalorização de R$150.000,00 (cento e cinquenta mil reais).
Portanto, não há dúvida quanto ao direito dos AUTORES, merecendo ser acolhido o pedido para que seja declarada a anulação da compra e venda feita pela PRIMEIRA e a SEGUNDA PARTE RÉ à TERCEIRA PARTE RÉ.
Observando-se a regra contida no art. 179. CC/02, quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato. Como a Escritura de Compra e Venda foi lavrada no Cartório do 4º Ofício de Nova Friburgo, no dia 20/09/2015 e o prazo para desfazer essa venda é decadencial de 2 (dois) anos contados do desfecho do negócio, é tempestiva esta ação de anulação. Mostra-se tempestiva a presente demanda até setembro de 2017.
Importante salientar ainda que o CC/02 em seu art.114 afirma que o litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando, pela natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes, motivo pelo qual faz-se necessário nesta relação processual, o litisconsórcio necessário passivo. 
Marco Aurélio Bezerra de Mello, a respeito do tema defende que:
“O artigo em comento tem por objetivo resguardar a legítima dos herdeiros necessários, pois com a necessidade de anuência destes há uma fiscalização prévia que poderá evitar demandas futuras que se verificariam após a morte do doador. Para entender o fundamento da anulabilidade necessitamos mergulhar, ainda que na parte rasa desse oceano, nos meandros do Direito das Sucessões, notadamente nos artigos 1.845 e 1.846 do Código Civil, os quais estabelecem, respectivamente, que são herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge e que pertencem a estes, de pleno direito, a metade dos bens da herança, constituindo a legítima, da qual somente podem ser privados pelo instituto da deserdação. Pudesse o ascendente vender ao descendente sem o consentimento dos demais e estaria franqueada e facilitada a possibilidade de simulação de uma doação travestida documentalmente de compra e venda, contemplando determinado herdeiro necessário em detrimento de outro. Isso porque se efetivamente se tratasse de uma doação, esta, em regra, seria considerada adiantamento de legítima (art. 544 do CC) e o herdeiro contemplado estaria obrigado a trazer à colação o que recebeu em vida de seu ascendente para o fim de igualar as legítimas e conferir o valor das doações recebidas, sob pena de responder pelas sanções da sonegação, conforme prescreve o artigo 2.002 do Código Civil. Daí o interesse do ascendente que pretende fugir da regra da preservação da legítima dos herdeiros necessários de adotar o modelo da compra e venda e não da doação como era de seu real intento” (MELO, Marco Aurélio Bezerra de. Código Civil comentado: doutrina e jurisprudência. Rio de Janeiro: Forense, 2019. p. 295). 
De forma similar, posiciona-se o Superior Tribunal de Justiça. O STJ, ao interpretar o art. 496 entende que a alienação de bens de ascendente a descendente, sem o consentimento dos demais, é ato jurídico anulável, cujo reconhecimento exige:
1) a iniciativa da parte interessada;
2) a ocorrência do fato jurídico, qual seja, a venda inquinada de inválida;
3) a existência de relação de ascendência e descendência entre vendedor e comprador;
4) a falta de consentimento de outros descendentes; e
5) a comprovaçãode simulação com o objetivo de dissimular doação ou pagamento de preço inferior ao valor de mercado – REsp 1679501/GO, DJe 13/03/2020, posição também adotada no REsp 476557/PR, DJ 22/03/04;
6) quanto ao item anterior (5), nos EREsp 661858/PR DJe 19.12.08, no REsp 752149/AL, 02/10/10 e REsp 953.461/SC, DJe 17/06/11, acrescentou-se que alternativamente, deveria-se realizar a demonstração de prejuízo.
V – DO PEDIDO (art. 319, IV, CPC):
Diante do exposto, as partes Autoras requerem a esse juízo:
a) o deferimento dos benefícios da gratuidade de justiça;
b) a designação da audiência de conciliação ou mediação e intimação dos réus para o seu comparecimento (art. 695, caput, CPC);
c) a citação dos réus para integrarem a relação processual;
d) que seja julgado procedente o pedido para declarar a anulação do negócio jurídico;
 
e) a condenação dos réus ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios.
V – DAS PROVAS (art. 319, VI, CPC):
 Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, na amplitude dos artigos 369 e seguintes do CPC, em especial a prova documental, testemunhal, a prova pericial e o depoimento pessoal dos réus.
VI- DO VALOR DA CAUSA (art. 292, II, CPC c/c art. 319, V, CPC):
Dá–se à causa o valor de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), nos termos do art. 292, II, do CPC.
Termos em que
Pede deferimento.
Local, (Dia), (Mês) de (ano) 
Nome do Advogado
 OAB nº.../UF

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