Aula 1 -O que é educação

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O que é educação?
Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos, todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender e ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação."
(BRANDÃO, 1981)
Sempre achamos que há alguma coisa a dizer sobre a educação que nos invade a vida, certo? Então, por que não começar a pensar nela desta forma?
“Nós estamos convencidos, portanto, de que os senhores desejam o bem para nós, e agradecemos de todo o coração.
Mas aqueles que são sábios reconhecem que diferentes nações têm concepções distintas. Sendo assim, os senhores não ficarão ofendidos ao saber que a vossa ideia de educação não é a mesma que a nossa. [...]
Muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do Norte e aprenderam toda a vossa ciência.
Mas, quando voltavam para nós, eles eram maus corredores, ignorantes da vida da floresta, e incapazes de suportar o frio e a fome.
Não sabiam como caçar o veado, matar o inimigo e construir uma cabana, e falavam nossa língua muito mal. Eles eram, portanto, totalmente inúteis. Não serviam como guerreiros, caçadores ou conselheiros.
Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta. Embora não possamos aceitá-la, para mostrar nossa gratidão, oferecemos aos nobres senhores de Virgínia que nos enviem alguns de seus jovens, que lhes ensinaremos tudo o que sabemos e faremos deles homens.”
Grande parte daquilo que se discute sobre educação na atualidade está contida nesta carta enviada pelos índios à América do Norte.
A verdade é que não há um único modelo de educação nem um único lugar em que esta acontece. Em cada região, cultura, país etc., existe uma forma, uma maneira diferente de educar. Afinal, cada sociedade tem culturas, realidades e valores próprios.
Em outras palavras, a educação existe de forma diferente em mundos distintos, sejam estes:
• Pequenas sociedades tribais;
• Sociedades camponesas;
• Países desenvolvidos e industrializados;
• Sociedades sem Estado;
• Sociedades com Estado em formação;
• Sociedades com Estado consolidado entre e sobre as pessoas.
Além disso, há educação de cada categoria de sujeitos de um povo: ela existe em cada povo ou entre povos que se encontram, entre povos que se submetem a outros e aqueles que os dominam, usando a educação como um recurso a mais de sua hegemonia.
Portanto, da família à comunidade, a educação se difunde em todos os meios sociais, sem classes de alunos, sem livros e sem professores especialistas, com escolas, salas, professores e práticas pedagógicas.
Muitas vezes, a educação é imposta por um sistema centralizado de poder, que usa o saber e o controle sobre o conhecimento como armas que reforçam a desigualdade entre os homens na divisão dos bens, do trabalho, dos direitos e dos símbolos.
Para Brandão (1981), a educação é uma fração do modo de vida dos grupos sociais, que a criam e recriam entre tantas outras invenções de sua cultura.
Ela ajuda a pensar nos tipos de homens e a criá-los também, passando de uns para outros o saber que os constitui e legitima.
Mais ainda: a educação participa do processo de produção de crenças e ideias, de qualificações e especialidades que envolvem as trocas de símbolos, bens e poderes, os quais, em conjunto, constroem tipos de sociedades.
Educação, objetivos e valores
Você já parou para pensar no sentido da palavra valor?
VALOR = PREFERÊNCIA POR ALGO
Logo, um valor está associado a significados que conferimos a determinados objetos ou a certas situações que, fora de um contexto bem definido, podem não representar quase nada.
Sendo assim, sua educação precisa estar atrelada a seu acervo de valores.
Já os objetivos indicam alvos de ação. Partindo de valores diferentes, os objetivos da educação também serão distintos.
Educação e escola
A escola de hoje precisa não apenas conviver com outras modalidades de educação não formal, informal e profissional, mas também se articular e se integrar a elas, a fim de formar cidadãos mais preparados e qualificados para um novo tempo.”
(LIBÂNEO, 2010, p. 63)
O processo de ensino e aprendizagem pode se apresentar de modo bastante diferenciado – de um espaço formal para outro (OLIVEIRA, 2009).
Como já vimos, a escola não é o único lugar em que a educação formal acontece. A educação escolar constitui-se em um modelo de instrução e de ensino com propósitos intencionais, práticas sistematizadas e alto grau de organização.
A educação formal de nossas escolas é institucionalizada, pois ocorre em espaços sistematizados, e suas atividades são assistidas pelo ato pedagógico. Além disso, esse tipo de educação se preocupa com a aquisição e construção do conhecimento que atendam as demandas da contemporaneidade nas diferentes disciplinas escolares.
É, portanto, nos espaços educativos ou escolares que essa modalidade de ensino se desenvolve com maior frequência, colocando em evidência as figuras do professor e do aluno: o primeiro como sujeito de ensino, e o segundo como sujeito de aprendizagem.
Já a educação não formal ocorre fora dos espaços escolares: no próprio local de interação do indivíduo.
Por isso, como as outras formas de educação, esta sofre as mesmas influências do mundo contemporâneo, mas é pouco assistida pelo ato pedagógico e desenvolve uma ampla variedade de atividades para atender interesses específicos de determinados grupos.
A educação não formal ocorre em espaços alternativos, utiliza uma metodologia diferenciada e apresenta flexibilidade em relação aos conteúdos curriculares. Ela pode atender a grupos de trabalhadores, grupos de jovens e adultos etc.
A educação informal, por sua vez, é resultado das ações que permeiam a vida do indivíduo. Esse tipo de educação – cuja função é adaptadora – advém das experiências do dia a dia em ambientes familiares, na igreja, no clube, nas empresas, nas ruas, nos bairros etc. Os conhecimentos adquiridos são passados para as gerações futuras.
A família é o primeiro elemento social a influir na educação. Basta considerarmos a importância dos pais dentro do ambiente escolar: junto às escolas, eles devem promover a educação.
De acordo com Libâneo (2010, p. 31):
“A educação informal corresponderia a ações e influências exercidas pelo meio, pelo ambiente sociocultural, e se desenvolve por meio das relações dos indivíduos e grupos com seu ambiente humano, social, ecológico, físico e cultural, das quais resultam conhecimentos, experiências, práticas, mas que não estão ligadas especificamente a uma instituição, nem são intencionais e organizadas”.
Educação e sociedade
É difícil uma profunda transformação na escola sem uma mudança significativa no sistema social vigente.
A sociedade estrutura a educação de acordo com os interesses de quem detém o poder.
Disponível em: https://br.pinterest.com/explore/paulo-freire-educa%C3%A7%C3%A3o/.
Acesso em: 11 set. 2017.
Educação e professores
Muitas vezes, o professor é considerado um mero transmissor e repetidor de informações. Entretanto, não podemos esperar tal comportamento docente.
Lembre-se: O professor não é o único agente da educação.
Existem limitações para que esse profissional atue com maior eficácia, mas, ainda assim, ele exerce grande influência sobre os alunos e, consequentemente, sobre a sociedade, mantendo-a ou transformando-a.
Em sua prática pedagógica, o professor trabalha para ajudar o aluno a se descobrir, a se expressar, a refletir, a criticar, a se libertar etc.
O fato é que precisamos de um educador para modificar, e não para conservar.
Conceito de pedagogia
No sentido etimológico da palavra (grego):
Na Grécia Antiga, o pedagogo era aquele que conduzia a criança à escola. Atualmente, trata-se de um especialista em assuntos educacionais.
Ao longo dos tempos, o conceito de pedagogia vem apresentando diversos significados, tais como:
• Condução da criança;
• Arte de educar;
• Ciência da educação;
• Ciência e arte de educar;
• Ciência e técnica da educação;
• Reflexão metódicasobre a educação para esclarecer e orientar a prática educativa;
• Conjunto de conhecimentos sistemáticos relativos ao fenômeno educativo.
Hoje, podemos conceber a pedagogia como a filosofia, a ciência e a técnica da educação.
Seus aspectos fundamentais são:
Seus aspectos fundamentais são:
· ASPECTOS FILOSÓFICOS
Aqueles que determinam as finalidades, as ideais, e os valores éticos e sociais a serem atingidos pela educação.
· ASPECTOS CIENTÍFICOS
· ASPECTOS TÉCNICOS
· ASPECTOS FILOSÓFICOS
· ASPECTOS CIENTÍFICOS
· ASPECTOS TÉCNICOS
O que é Didática?
Vejamos algumas definições para o termo didática:
Grécia Antiga
DIDÁTICA -> techné didaktiké = arte ou técnica de ensinar
Comênio ou Comenius (1633)
Este educador tcheco, que escreveu um livro chamado Didática magna, definia Didática como “a arte de ensinar, instruir, fazer aprender”.
Minidicionário Aurélio
DIDÁTICA = técnica de dirigir e orientar a aprendizagem
Muitos compreendem a Didática como um compêndio de técnicas ou um receituário para o bom ensino.
No entanto, para desempenhar papel significativo na formação do educador, a Didática não pode se reduzir somente ao ensino de técnicas pelas quais se deseja desenvolver o processo de ensino e aprendizagem.
De acordo com Libâneo (1992):
A Didática é o principal ramo de estudo da Pedagogia. Ela investiga os fundamentos, as condições e os modos de realização da instrução e do ensino. A ela cabe converter objetivos sociopolíticos e pedagógicos em objetivos de ensino, e selecionar conteúdos e métodos em função desses objetivos”.
O objetivo fundamental da Didática é, pois, ocupar-se dos processos de ensino e aprendizagem, considerando não apenas sua dimensão técnica, mas também a cultural e política da prática pedagógica, sem desprezar os aspectos humanos incluídos na complexa relação que se estabelece entre professor e aluno.
Sendo assim, torna-se importante desenvolver no curso de Didática uma visão multidimensional e crítica sobre os processos pedagógicos, analisando saberes e fazeres da ação docente na perspectiva da construção de uma prática didática crítica, transformadora e inclusiva.
Didática geral e especial
Didática geral
Como o próprio nome indica, a Didática geral estuda os princípios, as normas e as técnicas que devem regular qualquer tipo de ensino, para qualquer tipo de aluno.
Essa vertente da Didática trata dos aspectos globais da prática em sala de aula, tais como:
• Processo de ensino e aprendizagem;
• Avaliação;
• Métodos;
• Prática de ensino;
• Formulação de objetivos etc.
Didática especial
Já a Didática especial envolve os mesmos princípios, mas voltados para áreas específicas.
Dessa forma, analisam-se os problemas e as dificuldades que o ensino de cada matéria apresenta, bem como organizam-se os meios e as sugestões para resolvê-los.
Problemas fundamentais da Didática
A Didática tem como objeto de estudo a arte de ensinar, o que, de acordo com Damis (2006), corresponde a:
Permitir e estimular a participação ativa dos alunos em experiências de aprendizagem que enfatizam a construção de conhecimentos.
Desenvolver projetos adequados aos interesses dos alunos, da comunidade escolar e da sociedade.
Utilizar novas Tecnologias de Informação e Comunicação.
Organizar trabalhos interdisciplinares e coletivos.
Vejamos:
Didática tradicional
Aluno
Elemento passivo dentro do processo de ensino. Nesse caso, a aprendizagem é automática e mecânica, baseada na memorização sem reflexão.
Mestre (professor)
Elemento preponderante do processo de ensino e aprendizagem – autoridade máxima, dono do saber.
Objetivos
O ensino é imposto em função do conteúdo programático, com objetivos apenas teóricos, desprovidos de qualquer relação com a prática escolar.
Matérias
Os conteúdos devem ter valores absolutos, de modo que sejam ensinados e aprendidos sem alteração ou revisão crítica.
Métodos
Apenas uma exposição de conteúdos, sem qualquer tipo de relação com o aluno.
Didática moderna
Educando
Elemento ativo, reflexivo e crítico – centro de todo o processo educativo.
Educador
Apenas um orientador e incentivador da aprendizagem.
Objetivos
Aqueles que devem fornecer sentido, valor e direção ao trabalho escolar.
Conteúdos
Aqueles que devem ser organizados em função das reais necessidades dos alunos e dos objetivos propostos com métodos ativos.
Métodos
Aqueles adaptados às necessidades e possibilidades dos alunos.
Atividade
Será mesmo a Didática apenas uma orientação para a prática, uma espécie de receituário do bom ensino? Este é um dos mais discutidos problemas da disciplina.
A partir dos conteúdos estudados, elabore uma reflexão sobre esse tema.
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Vimos que não há um só tipo de educação, e que esta acontece o tempo todo em nossas vidas, variando de região para região ou de cultura para cultura. Observamos, ainda, que a escola pode não ser o melhor lugar para nos educarmos.
A partir da leitura da tirinha e com base em seu estudo, reflita sobre o modelo de escola frequentada por Calvin.
Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/3621/calvin-e-seus-amigos.
Acesso em: 11 set. 2017.
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Exercícios
1. Uma escola fundamentada em uma didática tradicional tem como função:
O desenvolvimento moral e intelectual do aluno a partir da transmissão da cultura acumulada, passada de geração para geração.
A conscientização dos alunos acerca dos fatos, o desvelamento da realidade e a transformação da sociedade.
A constatação do fenômeno pelo aluno na prática e a articulação com a teoria, de modo que passe, gradativamente, do raciocínio concreto para o abstrato.
A formação crítica dos alunos para a cidadania, de modo que aprendam a confrontar escola e sociedade em um movimento dialético.
A administração de conflitos entre os diversos sujeitos educativos, a fim de que desenvolvam o senso de cidadania, cumprindo seus deveres e lutando por seus direitos.
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2. A Didática é um dos ramos de estudo da Pedagogia. De acordo com Libâneo (1992), trata-se de:
“[...] uma disciplina que estuda os objetivos, os conteúdos, os meios e as condições do processo de ensino, tendo em vista finalidades educacionais, que são sempre sociais”.
Se a Didática estuda o processo de ensino com suas finalidades educacionais, e se estas são sempre sociais, a prática educativa deve considerar:
Apenas os interesses da sociedade e do mercado.
A conscientização dos alunos acerca dos fatos, o desvelamento da realidade e a transformação da sociedade.
Os conhecimentos científicos, rejeitando as necessidades da comunidade escolar.
Os conhecimentos técnicos, desprezando os aspectos sociais.
Todos os conhecimentos oriundos das atividades profissionais do estudante.
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3. De acordo com Candau (1983, p. 13):
“[...] a análise do papel da didática na formação de educadores tem suscitado uma discussão intensa. Exaltada ou negada, a didática, como reflexão sistemática e busca de alternativas para os problemas da prática pedagógica, está, certamente, no momento atual, colocada em questão”.
Quando se afirma que a Didática está em questão, subentende-se que:
Seu objeto de estudo mudou.
Esta deveria priorizar as novas tecnologias.
É preciso valorizar unicamente a prática pedagógica do professor.
Esta precisa ser estudada a partir do contexto social e histórico em que está inserida.
Sua ênfase deve ser sobre os conteúdos curriculares