Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Procedimento Operacional Padrão Unidade de Reabilitação/27/2015 Fisioterapia no Traumatismo Cranioencefálico em Neonatologia e Pediatria Versão 2.0 2019 Procedimento Operacional Padrão Unidade de Reabilitação/27/2015 Fisioterapia no Traumatismo Cranioencefálico em Neonatologia e Pediatria Versão 2.0 ® 2019, Ebserh. Todos os direitos reservados Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – Ebserh www.ebserh.gov.br Material produzido pela Unidade de Reabilitação do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Permitida a reprodução parcial ou total, desde que indicada a fonte e sem fins comerciais. Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM), administrado pela Eb- serh – Ministério da Educação POP: Fisioterapia no Traumatismo Cranioencefálico em Neonatologia e Pediatria – Unidade de Reabili- tação, Uberaba, 2019 – Versão 2.0. 17p. Palavras-chaves: 1 – POP; 2 – Fisioterapia; 3 – Traumatismo; 4 – Cranioencefálico. HOSPITAL DE CLÍNICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO ADMINISTRADO PELA EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES (EBSERH) Avenida Getúlio Guaritá, nº 130 Bairro Abadia | CEP: 38025-440 | Uberaba-MG Telefone: (034) 3318-5200 | Sítio: www.uftm.edu.br RICARDO VÉLEZ RODRÍGUEZ Ministro de Estado da Educação KLEBER DE MELO MORAIS Presidente da Ebserh LUIZ ANTÔNIO PERTILI RODRIGUES DE RESENDE Superintendente do HC-UFTM MARIA CRISTINA STRAMA Gerente Administrativo do HC-UFTM DALMO CORREIA FILHO Gerente de Ensino e Pesquisa do HC-UFTM GEISA PEREZ MEDINA GOMIDE Gerente de Atenção à Saúde do HC-UFTM DENER DONIZETTI CUNHA MATOS Chefe da Divisão de Apoio Diagnóstico e Terapêutico do HC-UFTM - substituto IZABELLA BARBERATO SILVA ANTONELLI Chefe da Unidade de Reabilitação EXPEDIENTE Unidade de Reabilitação Produção HISTÓRICO DE REVISÕES Data Versão Descrição Gestor do POP Autor/responsável por alterações 03/12/2015 1.0 Trata da padronização da assis- tência ao paciente neonatal e pediátrico com diagnóstico de traumatismo cranioencefálico (TCE) internado no HC-UFTM Renata de Melo Batista Alessandra Aparecida da Cunha Freitas 20/06/2018 1.0 Trata da atualização da padro- nização da assistência do paci- ente neonatal e pediátrico com diagnóstico de TCE internado no HC-UFTM. Renata de Melo Batista Alessandra Aparecida da Cunha Freitas 04/01/2019 2.0 Trata da atualização da padro- nização da assistência do paci- ente neonatal e pediátrico com diagnóstico de TCE internado no HC-UFTM. Izabella Barberato Silva Antonelli Alessandra Aparecida da Cunha Freitas Validação: Unidade de Planejamento Aprovação: Colegiado Executivo POP/Unidade de Reabilitação/27/2015 Fisioterapia no TCE em Neonatologia e Pediatria Versão 2.0 Página 5 de 17 SUMÁRIO SUMÁRIO OBJETIVO ..............................................................................................................................7 GLOSSÁRIO ...........................................................................................................................7 APLICAÇÃO ..........................................................................................................................8 1. INFORMAÇÕES GERAIS .................................................................................................8 1.1 Introdução ..........................................................................................................................8 1.2 Fisiopatologia ....................................................................................................................9 1.3 Sinais e sintomas .............................................................................................................10 2. TRATAMENTO ................................................................................................................10 2.1 Medidas gerais .................................................................................................................12 2.2 Medidas específicas para o tratamento da Hipertensão Intracraniana (HIC) ..................13 3. TRATAMENTO FISIOTERÁPICO .................................................................................14 3.1 Fisioterapia respiratória ...................................................................................................14 3.1.1 Em pacientes com risco de HIC e monitorização da Pressão Intracraniana (PIC) .......15 3.2 Fisioterapia motora ..........................................................................................................16 REFERENCIAIS TEÓRICOS ..............................................................................................17 POP/Unidade de Reabilitação/27/2015 Fisioterapia no TCE em Neonatologia e Pediatria Versão 2.0 Página 6 de 17 POP/Unidade de Reabilitação/27/2015 Fisioterapia no TCE em Neonatologia e Pediatria Versão 2.0 Página 7 de 17 OBJETIVO Padronizar entre a equipe de fisioterapia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triân- gulo Mineiro (HC-UFTM), administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), a assistência ao paciente neonatal e pediátrico internado com diagnóstico de traumatismo cranioence- fálico (TCE). GLOSSÁRIO BIPAP – Bilevel Positive Pressure Airway ou pressão positiva em vias aéreas a dois níveis BNM – Bloqueio Neuromuscular CPAP – Continuous Positive Airway Pressure ou pressão positiva contínua na via aérea Ebserh – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares ECG – Escala de Coma de Glasgow DVE – Derivação Ventricular Externa FR – Frequência Respiratória FSC – Fluxo Sanguíneo Cerebral HIC – Hipertensão Intracraniana H2O – Água IOT – Intubação Orotraqueal LAD – Lesão Axonal Difusa LCR - Liquido cefalorraquidiano PAM – Pressão Arterial Média PaO2- Pressão de Oxigênio Arterial PCO2 – Pressão Parcial de Gás Carbônico Peep – Pressão Positiva no final da expiração PIC – Pressão intracraniana POP – Procedimento Operacional Padrão PS – Pronto Socorro RNC - Rebaixamento do Nível de Consciência POP/Unidade de Reabilitação/27/2015 Fisioterapia no TCE em Neonatologia e Pediatria Versão 2.0 Página 8 de 17 SatO2 – Saturação de Oxigênio TCC – Tomografia Computadorizada de Crânio TCE – Traumatismo Cranioencefálico UCI – Unidade de Cuidados Intermediários UTI – Unidade de Terapia Intensiva VM – Ventilação Mecânica APLICAÇÃO Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal e Pediátrica Enfermaria de Pediatria Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) - Berçário Pronto Socorro (PS) Infantil 1. INFORMAÇÕES GERAIS 1.1 Introdução O TCE consiste em qualquer agressão de ordem traumática que acarreta lesão anatômica ou com- prometimento funcional do couro cabeludo, crânio, meninges, encéfalo ou de seus vasos. Constitui causa frequente de morbidade e mortalidade da população pediátrica, sendo sua incidência duas vezes maior em meninos do que em meninas. Cerca de 75% de todas as hospitalizações por traumatismo em crianças se devem ao TCE e 70% das mortes ocorrem nas primeiras 48 horas após o trauma. Dentre as causas de trauma estão: quedas, acidentes automobilísticos, ferimentos por armas de fogo, abuso/agressão, atividades recreacionais/esportes, etc. POP/Unidade de Reabilitação/27/2015 Fisioterapiano TCE em Neonatologia e Pediatria Versão 2.0 Página 9 de 17 1.2 Fisiopatologia: Uma definição simples de TCE refere-se ao impacto de uma força aplicada diretamente ao crânio, podendo lesar estruturas intra e extracranianas. O entendimento da fisiologia básica da caixa craniana é fundamental para o manuseio do paciente vítima de TCE. Deve-se evitar medidas terapêuticas demasiadamente rígidas, que não levem em con- ta que as variáveis hemometabólicas cerebrais se alteram com a evolução do quadro. O objetivo é a adequada oferta de oxigênio e glicose ao tecido cerebral, para manutenção de atividade elétrica e me- tabolismo basal. Quando esta se torna insuficiente, mesmo que por poucos minutos, as células mor- rem ou ficam permanentemente lesadas. A hipoxemia, mesmo que leve, deve ser corrigida, assim como a anemia grave. A lesão encefálica definitiva, que se estabelece após o TCE, é o resultado de mecanismos fisiopato- lógicos que se iniciam com o evento e se estendem por dias a semanas. Dessa forma, de maneira di- dática, as lesões cerebrais são classificadas como primárias e secundárias. As lesões primárias são aquelas consequentes diretas do processo do trauma. Exemplos de lesões primárias são: fraturas cranianas, rupturas de meninges, sangramentos meníngeos (subdural e extra- dural) e intraparenquimatoso, hematomas intra e extraparenquimatosos. As lesões secundárias são as possíveis complicações que podem se desenvolver como resultado de processos cerebrais ou extracerebrais, como, por exemplo, a hipóxia tecidual e a hipotensão sistêmi- ca. Os eventos produzidos durante as lesões secundárias podem ser monitorados e, na grande maioria das vezes, tratados. Os TCEs podem diferenciar-se não só com relação ao local da lesão, mas também com relação ao seu mecanismo de lesão. O conhecimento dos diferentes mecanismos de TCE e da área de lesão au- xilia o fisioterapeuta a entender as possíveis sequelas e alterações funcionais que o paciente possa desenvolver. Os TCEs podem envolver traumas abertos ou fechados. Os traumas abertos são aqueles que envolvem fratura craniana em descontinuidade, com ou sem ex- posição de estruturas encefálicas. Os traumas fechados são aqueles que não envolvem fraturas ou somente fraturas lineares. Outra classificação das lesões cerebrais as distingue em dois grupos, de acordo com seu mecanismo de lesão: lesões focais e difusas. As lesões difusas são aquelas que acometem diferentes regiões en- cefálicas, geralmente pela dissipação de energia cinética dentro da calota craniana. Dentre as lesões POP/Unidade de Reabilitação/27/2015 Fisioterapia no TCE em Neonatologia e Pediatria Versão 2.0 Página 10 de 17 difusas, o termo ‘concussão cerebral’ é utilizado atualmente para se referir à perda temporária da consciência associada ao TCE. A concussão pode ser classificada em leve, moderada e grave de acordo com o tempo de duração dos sintomas, sendo a perda de memória o mais importante. Outro exemplo de lesão difusa é a lesão axonal difusa (LAD). Ela é associada à perda de memória por mais de 6 horas, sem lesão metabólica ou distúrbio expansivo, visível na tomografia computado- rizada de crânio (TCC), que justifique a sintomatologia. A TCC pode estar normal ou apresentar pe- quenos pontos hemorrágicos difusos. Ainda dentre as lesões difusas, encontra-se a tumefação cere- bral, que pode ser definida, de forma didática, como ‘inchaço cerebral’. É consequência de uma combinação de edema celular e vasogênico, frutos de um distúrbio na permeabilidade da membrana celular. Nos casos mais graves pode haver aumento da pressão intracraniana (PIC) e herniação cere- bral, com desvio da linha média cerebral e redução do tamanho dos ventrículos laterais. As lesões focais são aquelas compostas por hematomas ou áreas isquêmicas delimitadas apenas em uma região encefálica. Dentre as lesões focais, estão as fraturas (lineares ou com afundamento). Em alguns tipos de fratura, pode haver ruptura da dura-máter e de vasos subjacentes com formação de hematoma subdural. O hematoma extradural ocorre quando há ruptura dos vasos localizados no es- paço epidural. Esse tipo de hematoma está bastante associado às fraturas da calota craniana e, por esse motivo, é bastante frequente na população pediátrica. A contusão cerebral é composta de áreas hemorrágicas ao redor de pequenos vasos sanguíneos e tecido cerebral necrótico. Normalmente, a hemorragia inicia-se na superfície cortical (onde há maior atrito do cérebro com as estruturas ósseas) e pode ser consequente a fraturas com afundamento das estruturas ósseas. Quando ocorre a ruptura da pia-máter, a contusão passa a ser chamada de laceração, sendo frequente no lobo frontal, temporal e região ao longo da foice. 1.3 Sinais e sintomas Além de buscar o entendimento adequado dos principais mecanismos de lesão no TCE, o fisiotera- peuta deve estar atento aos sinais que as crianças com esse quadro clínico podem apresentar. Dentre os sinais mais importantes está o rebaixamento do nível de consciência (RNC). Usualmente, a escala de coma de Glasgow (ECG), quadro 1, é uma das avaliações mais utilizadas nas crianças com TCE. POP/Unidade de Reabilitação/27/2015 Fisioterapia no TCE em Neonatologia e Pediatria Versão 2.0 Página 11 de 17 Quadro 1: Escala de coma de Glasgow FONTE: http://www.ee.usp.br/REEUSP/upload/html/417/img/02a3.gif A ECG não só avalia o nível de consciência da criança, como também auxilia na classificação do ti- po de trauma (leve, moderado e grave) antes mesmo da realização da TCC. O fisioterapeuta deve estar atento não só às alterações do nível de consciência da criança com TCE, mas também a outros sinais de gravidade da lesão, como: crises convulsivas; irritabilidade excessiva ou sonolência; vômitos; alterações do diâmetro das pupilas; movimentos anormais como padrões de decorticação (flexão anormal dos membros superiores) e descerebração (extensão anormal dos mem- bros inferiores); sinais de hipertensão intracraniana (HIC). A resposta de Cushing, caracterizada por um aumento reflexo da pressão arterial, bradicardia e alte- rações do ritmo respiratório na vigência de HIC, é fenômeno inconstante que parece estar relaciona- do com a gravidade da hipertensão, ou seja, aparece em fases avançadas da descompensação da hi- pertensão e constitui uma situação muito grave, com evolução para a morte, a não ser que a PIC seja rapidamente reduzida com medidas terapêuticas apropriadas. http://www.ee.usp.br/REEUSP/upload/html/417/img/02a3.gif POP/Unidade de Reabilitação/27/2015 Fisioterapia no TCE em Neonatologia e Pediatria Versão 2.0 Página 12 de 17 2. TRATAMENTO O atendimento inicial ao politraumatizado busca basicamente os seguintes aspectos: - Proteção e manutenção das vias aéreas: é de fundamental importância e deve ser feita através de manobras de desobstrução, ou intubação oro/nasotraqueal ou cricotireoidotomia; - Prevenção e correção da hipóxia, através da ventilação adequada. A hipóxia encontra-se relaciona- da com o aumento de isquemia cerebral, PIC e edema cerebral, daí a importância em evitá-la; - Prevenção e correção da hipotensão (geralmente causada por perda volumétrica), pois a hipotensão pode levar à má perfusão cerebral. Como se sabe, a entrega de oxigênio depende da ventilação ade- quada, da função cardíaca e da perfusão sistêmica, portanto, hipoxemia e hipotensão devem ser ime- diatamente corrigidas; - Imobilização da coluna vertebral: aproximadamente 5 a 10% dos pacientes com TCE apresentam lesões associadas a coluna vertebral. Portanto, o atendimento inicial ao politraumatizado inclui os cuidados para evitar uma provável lesão medular; - Identificação e estabilização de lesões associadas, como lesões torácicas, abdominais e ortopédicas. 2.1 Medidas gerais: - Cabeceira a 30º: esta inclinação em geral fornece a melhorrelação entre a pressão arterial média (PAM) e o retorno venoso passivo. Alguns autores demonstraram que o valor ideal de inclinação po- de variar de indivíduo para indivíduo, recomendando iniciar a 30º e observar sua repercussão na PIC. Durante episódios de hipotensão a cabeceira deve ficar a 0 grau. - Cabeça na linha média: a lateralização da cabeça, além de colocar em risco a integridade da coluna cervical, pode comprimir as jugulares, prejudicando o retorno venoso. Mudanças de decúbito: são realizadas na ausência de HIC e sempre em bloco; - Controle de temperatura: estudos experimentais demonstram que a hipertermia, mesmo leve, exa- cerba o dano cerebral após trauma ou eventos isquêmicos. - Analgesia, sedação e bloqueio neuromuscular (BNM): dor, agitação, hipertonia e assincronia com o ventilador, são experiências desagradáveis com repercussões fisiológicas negativas e várias compli- cações. Uma delas, o aumento da PIC. No entanto, a sedação excessiva pode aumentar a incidência de atelectasias, pneumonias e úlceras de decúbito. Recomenda-se avaliação frequente do nível de se- POP/Unidade de Reabilitação/27/2015 Fisioterapia no TCE em Neonatologia e Pediatria Versão 2.0 Página 13 de 17 dação e limitar o uso de BNM, sempre que possível, aos episódios de HIC e transporte. Seu uso pro- filático e indiscriminado no TCE aumenta a incidência de sepse e internações prolongadas. - Ventilação mecânica (VM): deve-se evitar trabalhar com elevada pressão média de vias aéreas, pois dificulta o retorno venoso jugular; - Hidratação venosa: o objetivo é a manutenção de paciente normovolêmico. A restrição hídrica utili- zada até há alguns anos atrás não mostrou qualquer benefício na prevenção ou tratamento do edema cerebral. Apesar disto, recomenda-se que se evite sobrecarga de volume; - Controle glicêmico: a monitorização seriada da glicemia é imprescindível. Em geral, os pacientes apresentam resposta neuro-endócrina-metabólica, o que leva a hiperglicemia nas horas que se se- guem ao trauma. Esta leva à glicólise anaeróbica, com consequente acidose lática e agravamento do dano cerebral; - Distúrbios do sódio: são muito comuns no paciente com TCE. 95% dos indivíduos que perdem a consciência têm algum grau de Diabetes Insipido; - Trato gastrintestinal /Nutrição: crianças traumatizadas têm risco aumentado de lesão aguda de mu- cosa gastroduodenal. Uma das medidas preventivas é a realimentação gástrica precoce que reduz a acidez e acelera a renovação da mucosa, caso alguma pequena lesão já tenha se instalado. Até que haja regularidade na tolerância à dieta, associa-se a medicação Ranitidina como medida de proteção; - Coagulação: o TCE pode levar a graves distúrbios de coagulação que, se não detectados e corrigi- dos, podem ser catastróficos; - Anticonvulsivantes: alguns trabalhos demonstraram benefício com o uso de anticonvulsionantes profiláticos até o sétimo dia pós-trauma. 2.2 Medidas específicas para o tratamento da HIC Uma vez observadas as medidas gerais e garantida adequada sedação, analgesia e BNM, sem contro- le da HIC, estão indicadas medidas específicas: - Drenagem de liquido cefalorraquidiano (LCR): quando disponível, a drenagem de poucos ml por derivação ventricular externa (DVE) pode controlar a HIC, sem maiores efeitos adversos; - Terapêutica hiperosmolar: o manitol é o mais usado: Inicialmente, causa expansão plasmática, re- duzindo o hematócrito e a viscosidade sanguínea, e o aumento do fluxo sanguíneo e do aporte de oxigênio ao cérebro, reduzindo a PIC em poucos minutos; POP/Unidade de Reabilitação/27/2015 Fisioterapia no TCE em Neonatologia e Pediatria Versão 2.0 Página 14 de 17 Barbitúricos: diminuem a PIC por diminuição do metabolismo cerebral e, consequentemente, do flu- xo sanguíneo cerebral (FSC). O fator limitante do seu uso está na diminuição do tônus simpático que causa vasodilatação periférica; - Craniectomia descompressiva: consiste de retirada de parte de osso craniano, uni ou bilateralmente, podendo ser acompanhada de abertura e alargamento da dura-mater. O objetivo é o alívio de pressão do compartimento. 3. TRATAMENTO FISIOTERÁPICO Independentemente do tipo de TCE e de sua gravidade, é fundamental ao fisioterapeuta saber avaliar os sinais e sintomas típicos deste tipo de lesão, assim como traçar os objetivos principais do trata- mento fisioterapêutico em cada uma de suas fases. 3.1 Fisioterapia respiratória Tem como principais objetivos: - Manter vias aéreas pérvias (isolar risco de fratura de face. Neste caso, não realizar aspiração naso- traqueal); - Manter oxigenação adequada com cateter, nebulização ou máscara de Venturi, para manter satura- ção do oxigênio (SatO2) ≥ 95% e Pressão de Oxigênio arterial (PaO2) entre 80-120mmHg; - Avaliar pneumopatias prévias; - Avaliar sinais de desconforto respiratório, hiperventilação, ritmo irregular ou padrões respiratórios anormais; - Avaliar necessidade de ventilação não-invasiva em casos de desconforto respiratório: CPAP (Con- tiunous Positive Airway Pressure, ou seja, pressão positiva contínua na via aérea), BIPAP (Bilevel Positive Pressure Airway ou pressão positiva em vias aéreas a dois níveis), etc. Nestes casos, atentar às contraindicações, relativas ou absolutas e instituir suporte ventilatório somente após liberação mé- dica. São contraindicações: presença de traumas orofaciais; enterorragias; sangramentos no conduto auditivo (que pode estar relacionado à fratura de articulação têmporo-mandibular); RNC; alteração na deglutição e/ou dificuldade de manipular secreções; deterioração respiratória; agitação ou não POP/Unidade de Reabilitação/27/2015 Fisioterapia no TCE em Neonatologia e Pediatria Versão 2.0 Página 15 de 17 adaptação a ventilação não invasiva; incapacidade de manter a permeabilidade das vias aéreas ou obstrução mecânica das vias aéreas superiores; pneumoencéfalo ou fístulas liquóricas; Em casos de sinais de falência respiratória ou Glasgow < 9: sugerir intubação orotraqueal (IOT), mantendo pressão de cuff entre 20 e 25 cmH2O; Auxiliar na IOT e adequar os parâmetros ventilatórios e capnógrafo. 3.1.1 Em pacientes com risco de HIC e monitorização da PIC: - Cabeceira centralizada e elevada a 30º; - Monitorização por capnografia contínua; - Manter normoventilação / leve hiperventilação: PaCO2 (pressão arterial de gás carbônico) entre 30- 35mmHg. A hiperventilação vem sendo usada para o manuseio do TCE grave em crianças para a rá- pida redução da PIC desde a década de 1970. A hiperventilação induz à hipocapnia, induzindo uma vasoconstricção cerebral e, consequentemente, redução do fluxo sanguíneo cerebral e do volume sanguíneo cerebral com redução da PIC. Recentes estudos clínicos com crianças e adultos demons- traram que a hiperventilação pode diminuir a oxigenação cerebral e induzir a isquemia cerebral. De- ve ser utilizada apenas quando há HIC refratária ou uma herniação transtentorial incipiente, manten- do-se a pressão parcial de gás carbônico (pCO2) entre 30-35 mmHg, devendo ser considerada neuro- monitoração avançada para avaliação de isquemia cerebral; - Evitar qualquer assincronia entre ventilador mecânico e paciente. Se necessário, sugerir aumento da sedação; - Evitar manobras que aumentem a pressão intratorácica; - Manter pressão média menor possível para prevenir lesões pulmonares induzidas pela VM e dimi- nuir repercussões da pressão intratorácica sobre a hemodinâmica e a resistência ventilatória da paci- ente. POP/Unidade de Reabilitação/27/2015 Fisioterapia no TCE em Neonatologia e Pediatria Versão 2.0 Página 16 de 17 3.2 Fisioterapia motora: Algumas crianças não apresentam sequelas muscoloesqueléticas por lesão em estruturas motoras su- periores; entretanto, a imobilidade no leito, o uso de sedativos, corticóides e até bloqueadores neu- romusculares podem promoverfraqueza muscular. Esse perfil de paciente se beneficiará bastante da mobilização precoce e, normalmente, apresenta um melhor prognóstico cinético funcional em com- paração com aqueles com lesão em áreas motoras. Dentre os objetivos na fisioterapia motora estão: - Minimizar as mobilizações e manobras fisioterapêuticas nos pacientes com HIC até término da fase aguda; - Nos casos de trauma raquimedular associado: mobilizar em bloco, mantendo colar cervical e tração; - Observar a presença de assimetrias, deformidades, encurtamentos, déficits e posturas de decortica- ção ou descerebração; - Realizar mobilização passiva e exercícios metabólicos: a cinesioterapia não é contraindicada nessa fase, apenas devemos estar atentos aos sinais de instabilidade hemodinâmica, febre ou aumento da PIC. Com a mobilização e exercícios metabólicos pode-se ativar a circulação sanguínea e prevenir a trombose venosa profunda; Posicionamento adequado: A monitorização da PIC de forma invasiva requer redobrada atenção ao posicionamento do paciente no leito. Este deve manter a cabeça na linha média, em posição neutra, com a cabeceira a 30 graus. O fisioterapeuta deve estar atento ao posicionamento adequado do paci- ente, pois, como o decúbito dorsal será mantido na maior parte do tempo, posturas viciosas e que comprometam futuramente a função do paciente devem ser evitadas; - Avaliar necessidade de protetor de pé equino. Em casos de padrões neurológicos já instalados: órte- ses; - Para as crianças que não se encontram na fase aguda, os objetivos do fisioterapeuta são mais volta- dos para a recuperação funcional do paciente. Dessa forma, um trabalho de fortalecimento muscular, controle de tronco e cabeça pode ser estabelecido naquelas crianças que evoluíram com sequelas mais graves. A adaptação de órteses e treino de marcha também serão importantes. POP/Unidade de Reabilitação/27/2015 Fisioterapia no TCE em Neonatologia e Pediatria Versão 2.0 Página 17 de 17 REFERENCIAIS TEÓRICOS PROFISIO Programa de Atualização em Fisioterapia Pediátrica e Neonatal: ciclo 3; v.1 [organizado- ras] Carla Marques Nicolau, Lívia Barbosa de Andrade. – Porto Alegre: Artmed/Panamericana, 2014. Guerra SD, Jannuzzi MA, Moura AD. Traumatismo cranioencefálico em pediatria. Jornal de Pedia- tria/Rio de Janeiro, 1999. CG Carlotti Jr, BO Colli, LAA Dias. Hipertensão intracraniana. Medicina, Ribeirão Preto, Simpósio: MEDICINA INTENSIVA: II: 552-562, out./dez. 1998. Cardozo CA, Oldenburg Neto C, Hammoud J, Marcon LAF, Bettini LFC, Sepúlveda MM, et al. Ma- nejo da hipertensão intracraniana no trauma cranioencefálico grave em pacientes pediátricos. Resid Pediatr. 2014;4(3):91-96. HOSPITAL DE CLÍNICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO (HC-UFTM) Avenida Getúlio Guaritá, 130 Bairro Abadia | CEP: 38025-440 | Uberaba-MG | Unidade de Reabilitação Telefone: (34) 3318-5278 | Sítio: www.ebserh.gov.br/web/hc-uftm
Compartilhar