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Terapia nutricional no trauma e úlcera por pressão (UP) Profa. Ludmylla Carvalho Nutricionista Esp. Em gestão de unidades de alimentação e nutrição Terapia nutricional no trauma Terapia nutricional no trauma • Definição de trauma: • agravo provocado por força ou agente externo. Ação capaz de gerar uma alteração, sendo portanto a causa de uma lesão; • Lesão: alteração em si, constituindo-se na consequência daquela ação (trauma); • Lesão corporal: ofensa à integridade física e/ou funcional ou psíquica de outrem. • Politraumatizado: indivíduo que apresenta mais de uma lesão decorrente de trauma, em diferentes segmentos corporais. É algo complexo e geralmente envolve fraturas de ossos longos, fraturas pélvicas ou vertebrais e lesão a cavidades do corpo (cabeça, tórax ou abdome). • Classificação das lesões conforme o dano: • Leves: ofendem a integridade corporal ou a saúde de outrem de forma superficial e sem envolver perigo de morte ou de maiores complicações para a vítima. • Ex: escoriações, hematomas, contusões mais simples, luxações, edemas. • Graves: Incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias; Perigo de vida; Debilidade permanente de membro, sentido ou função; Aceleração de parto. • Gravíssimas: Incapacidade permanente para o trabalho; Enfermidade incurável; Perda ou inutilização de membro, sentido ou função; Deformidades permanentes; Aborto Terapia nutricional no trauma Trauma Resposta neuroendócrina e imunológica • Liberação de hormônios do eixo hipotálamo- hipófise Terapia nutricional no trauma GLUCAGON CORTICOSTEROIDES CATECOLAMINAS HIPERGLICEMIA PÓS-TRAUMATICA Trauma Reação neuroendócrina semelhante ao jejum Preservação da massa corporal Conservação de energia para as células Preservação do volume circulatório Terapia nutricional no trauma • O coração e o cérebro são os órgãos mais afetados pelo choque. • O músculo esquelético é uma fonte importante de PTN para o catabolismo; • BCAAs são metabolizados nesse tecido; • A excreção de nitrogênio aumenta depois da lesão, faz um pico depois de transcorridos 7 dias e, eventualmente, se estabiliza; • Fórmulas nutricionais enriquecidas com BCAA podem ser benéficas em pacientes de trauma. • A glutamina é condicionalmente essencial durante estresses críticos; • As defesas antioxidantes podem ficar comprometidas. Terapia nutricional no trauma • E como fica o TGI na resposta ao trauma??? • Perda e/ou alteração de permeabilidade e barreira da mucosa • Utilização de glutamina como substrato energético • Aumento de bactérias no lúmen intestinal • Diminuição nas defesas do organismo Terapia nutricional no trauma Trauma Ferida, dor, febre, infecção... Imobilização ao leito e jejum Procedimentos invasivos e irritabilidade do paciente Terapia nutricional no trauma EVENTOS CONCOMITANTES AO TRAUMA • Terapia nutricional • Objetivos: • Atender as elevadas necessidades de energia a fim de poupar PTN e massa magra; • Promover BN +; • Restaurar equilíbrio metabólico, ácido-básico e hidroeletrolítico; • Promover correta hidratação; • Corrigir anorexia, avaliar TNO, TNE ou TNP Terapia nutricional no trauma • Trauma e Desnutrição • Pode ocorrer no período pós traumático ou pcte. já era desnutrido; • Causas: • Acentuado catabolismo proteico; • Ingestão inadequada de nutrientes; • Aumento da demanda energética; • Maior necessidade energética • Aumentada: 10 a 20% = portadores de lesões ósseas; • 20 a 60% = traumas com infecções; • 40 a100% = após queimaduras extensas; • A TN deverá considerar: grau de depleção proteica, hipercatabolismo, e a presença ou não de infecção e falências orgânicas; • Aporte Calórico: pode ser estimado de acordo com a equação de Harris-Benedict Terapia nutricional no trauma • Indicação por Sondas: traumatismos de crânio, doentes comatosos, traumas de face , pescoço ou tórax mantidos em intubação traqueal e respiração mecânica por longos períodos; • Indicação de Gastrostomias: trauma s de face e mandíbula, ferimentos de esôfago, lesões de duodeno. • Nutrição Parenteral: indicada em situações especiais; • Necessidade de repouso do tubo digestivo; • Íleo paralítico; • Peritonites; • Fístulas gastrointestinais Terapia nutricional no trauma RECOMENDAÇÕES DIETÉTICAS E NUTRICIONAIS • Calorias: • 30 - 35kcal/kg/dia. • Carboidratos: • 50% do VET; • Proteínas: • 1,5 - 2g/kg/dia; 50% de PTN de alto valor biológico. • 15% do VET. • Lipídeo: • 35% do VET. • Líquidos e eletrólitos: • 2L/dia; • Fibras: • 25 – 30g/dia; aumento gradual. • Glutamina ajudará a preservar a integridade intestinal (10g/dia); • Promover ligeiro aumento na ingestão de vitaminas e minerais, com particular atenção para o complexo B, zinco e vit. A e C. Terapia nutricional no trauma Terapia nutricional na ulcera por pressão (UP) • São alterações da integridade da pele que resultam em lesões que acometem pacientes hospitalizados • As úlceras por pressão (UP) apresentam alta prevalência e incidência em pacientes hospitalizados, tanto em centros de cuidados primários, como terciários ou em instituições especializadas para idosos ou deficientes físicos. • Idade do paciente; • Patologia • Instituição de hospitalização: hospitais 5% a 15%; casas de repouso 15 a 20%; centro de reabilitação 30 a 50% Terapia nutricional na ulcera por pressão (UP) Terapia nutricional na ulcera por pressão (UP) Estudos apontam a desnutrição como fator de risco para o desenvolvimento de úlceras de decúbito e também no retardo da cicatrização de lesões já existentes. Terapia nutricional na ulcera por pressão (UP) Terapia nutricional na ulcera por pressão (UP) • Estágio I: Eritema não branqueável: Pele intacta com rubor não branqueável numa área localizada, normalmente sobre uma proeminência óssea. A área pode estar dolorosa, dura, mole, mais quente ou mais fria comparativamente ao tecido adjacente. • Estágio II: Perda parcial da espessura da pele: Este estágio caracteriza-se pela perda parcial da espessura da derme, que se apresenta como uma ferida superficial (rasa) com leito vermelho – rosa sem esfacelo. Apresenta-se como uma úlcera brilhante ou seca, sem crosta ou equimose (a equimose é um indicador de lesão profunda). • Estágio III: Perda total da espessura da pele: Perda total da espessura tecidular. Pode ser visível o tecido adiposo subcutâneo, mas não estão expostos os ossos, tendões ou músculos. O osso e/ou o tendão não são visíveis ou diretamente palpáveis. • Estágio IV: Perda total da espessura dos tecidos: Perda total da espessura dos tecidos com exposição óssea, dos tendões ou músculos. Pode estar presente tecido desvitalizado (fibrina húmida) e ou tecido necrótico. A profundidade de uma úlcera de pressão de categoria IV varia com a localização anatômica. Existe osso/músculo exposto visível ou diretamente palpável. Terapia nutricional na ulcera por pressão (UP) • Gerenciamento do cuidado ao paciente com Úlcera de Pressão • Para um tratamento eficaz é indicado que se trabalhe com uma abordagem em equipe, envolvendo pacientes, suas famílias, os cuidadores e profissionais da saúde. O médico ou profissional da saúde deverá: • Discutir as opções de tratamento das úlceras com o paciente e sua família; • Encorajar o paciente a ser participante ativo no seu cuidado; • Desenvolver um plano eficaz de cuidado, que seja consistente com as metas e desejos do paciente. • A patologia de base da úlcera por pressão deve ser tratada, se possível; • A pressão deve ser aliviada ou removida por medidas adequadas para evitar mais danos teciduais; Terapia nutricional na ulcera por pressão (UP) • Campanha Diga Não à Lesão por Pressão - BRASPEN Journal 2020 Terapia nutricional na ulcera por pressão(UP) Terapia nutricional na ulcera por pressão (UP) Bottoni et. al., 2011 • Os seguintes fatores devem ser avaliados como risco para desenvolvimento de UP: • Anorexia (IMC < 18,5 kg/m2), • Presença de hipoalbuminemia e anemia diminui a circulação de oxigênio • Alterações imunológicas, associação com doença gastrointestinal e câncer Terapia nutricional na ulcera por pressão (UP) A desnutrição está associada à cicatrização inadequada, por redução da produção de fibroblastos, de neoangiogênese e de síntese de colágeno, além de menor capacidade de remodelação tecidual • Terapia nutricional • Objetivos: • Facilitar a cicatrização das feridas • Reduzir os riscos de infecção • Manter ou repor nutrientes • Garantir a tolerância ao regime nutricional escolhido • Fornecer energia adequada para maximizar a retenção de nitrogênio e facilitar a cicatrização da ferida • Prover 100% das RDIs ou a ingestão adequada de vitaminas e minerais diariamente • Tratar deficiências de vitaminas e minerais, confirmadas ou suspeitas, especialmente zinco, e vitaminas A e C • Monitorar a administração da nutrição, evitando excesso ou deficiência de nutrientes • Manter o estado de hidratação e perfusão tecidual adequados para a cicatrização; • Manter rigoroso controle glicêmico • Ajustar o plano nutricional para obter os resultados esperados Terapia nutricional na ulcera por pressão (UP) • Qual é a melhor maneira de avaliar o estado nutricional de pacientes com UP? • A avaliação global subjetiva é a forma mais indicada de avaliar o estado nutricional de pacientes com UP • Quando a terapia nutricional está indicada em pacientes com UP? • A terapia nutricional está indicada sempre que o paciente não conseguir atingir as necessidades nutricionais pela via oral convencional. Quando a deglutição não é efetiva, a nutrição enteral por sonda gástrica ou jejunal está indicada Terapia nutricional na ulcera por pressão (UP) (Fonte: SBNPE. ABN. SBCM, 2011) • Há indicação de fórmula especializada suplementada com nutrientes imunomoduladores e maior quantidade de proteínas na prevenção de UP? • Estudo de meta-análise demonstrou que a adição de 250-500 kcal/dia em fórmula hiperproteica reduziu significativamente em 25% a probabilidade de desenvolver novas úlceras em pacientes hospitalizados por longo tempo • Há indicação de fórmula especializada suplementada com nutrientes imunomoduladores ou maior teor de proteínas para tratamento de pacientes com UP? • 245 doentes foram acompanhados com úlceras grau II-IV, por nove semanas e, constatou- se que a área de úlcera no grupo tratado apresentou redução de 53% em comparação ao grupo controle. Também obteve melhora na cicatrização das úlceras de um pequeno grupo de pacientes com fórmula hiperproteica contendo arginina, vitamina C e zinco, após três semanas de tratamento. Estudo randomizado demonstrou que a utilização de fórmula hiperproteica por oito semanas em doentes com UP produziu pontuação da escala PUSH significativamente melhor do que no grupo controle (Fonte: SBNPE. ABN. SBCM, 2011) Terapia nutricional na ulcera por pressão (UP) • Quais são os objetivos da terapia nutricional em pacientes com UP? • A terapia nutricional tem como objetivo principal garantir as necessidades nutricionais para a manutenção do estado nutricional. • 30 a 35 kcal/kg/dia de energia, podendo variar de acordo com as doenças concomitantes • Pelo menos 1,2-1,5 g/kg/dia de proteínas. Em situações de grande catabolismo, como em pacientes com várias úlceras e/ou muito grandes, sem outras comorbidades, pode-se avaliar a oferta de pelo menos 1,5 g/kg/dia • Os lipídeos são constituintes da membrana celular, por tal são necessários durante a síntese tecidual • A necessidade de vitaminas e minerais é aquela estabelecida pela Ingestão Dietética de Referência (IDR) (Fonte: SBNPE. ABN. SBCM, 2011) Terapia nutricional na ulcera por pressão (UP) Bottoni et. al., 2011 Bottoni et. al., 2011 • Principais fórmulas especializadas de imunonutrientes para a prevenção da UP • Proteínas • Arginina e glutamina • Vitaminas • Vit. A, E e K: antioxidantes e aumenta a velocidade da síntese de colágenos • Vit. C e complexo B: redução a degradação de colágeno intracelular • Cobre, ferro e zinco: auxiliam na síntese de colágeno e no transporte de O2 • Carboidratos e lipídios para suprimento energético das células Terapia nutricional na ulcera por pressão (UP) Terapia nutricional na ulcera por pressão (UP)
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