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Teoria do Delito: Ação/Omissão; Nexo de Causalidade Ação: Dentre diversas teoria que buscam conceituar a Ação, adotamos a Teoria Finalista (Welzel). Nesse sentido, a ação humana consiste no exercício de uma atividade finalista, ou seja, segundo Greco “ O homem, quando atua, seja fazendo ou deixando de fazer alguma coisa a que estava obrigado, dirige a sua conduta sempre à determinada finalidade”. Luiz Regis Prado, citando Welzel, diz o seguinte “a finalidade ou o caráter final da ação se baseia em que o homem, graças a seu saber causal, pode prever, dentro de certos limites, as consequências possíveis de sua atividade, conforme um plano endereçado à realização desses fins”. Portanto, o indivíduo atua visando um objetivo previamente determinado. Omissão: A omissão juridicamente relevante é uma abstenção de uma atividade imposta pela lei ao indivíduo. É uma não realização de uma determinada ação que o agente podia realizar em uma situação concreta. A omissão pode ser própria ou imprópria. Omissão própria: se encontra legalmente tipificada, e nada mais é do que uma conduta negativa, de não fazer o que a lei determina, e não é necessário nenhum resultado naturalístico para que o crime se consuma. Viola-se uma obrigação de atuar (ex: omissão de socorro). Omissão imprópria (ação por omissão): Na definição de Luiz Regis Prado, “consiste em dar lugar por omissão a um resultado típico, não evitado por quem podia e devia fazê-lo, ou seja, por aquele que, na situação concreta, tinha a capacidade de ação e o dever jurídico de agir para obstar a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado”. Visto isso, entende-se que, para que se configure a omissão imprópria, o agente deve estar na posição de garantidor (garante). Garantidor é aquele que tem a obrigação legal de cuidado, proteção ou vigilância; de outra forma, assuma a responsabilidade de impedir o resultado; ou, com o seu comportamento anterior, tenha criado o risco da ocorrência do resultado (art. 13, § 2°, CP). O agente responde por não evitar o resultado naturalístico. Ausência de ação e de omissão: Há algumas causas de ausência de ação e de omissão, onde, nesses momentos, os indivíduos não atuam de forma comissiva (ação) ou omissiva. As causas podem ser assim descritas: Ato reflexo: momento em que o corpo reage a um estímulo/impulso interno ou externo. Ex: convulsões; choque elétrico. Estados de inconsciência: Atos realizados independentemente da vontade humana. Ex: Sonambulismo; hipnose profunda. Coação física irresistível (vis absoluta): força ou constrangimento, proveniente de terceiros que obriga o agente a praticar algum ato. Cabe destacar que a ação deve ser irresistível. Ex: obrigar o fisicamente o coagido a golpear alguém. Caso fortuito: é o resultado produzido independentemente da conduta voluntária do agente. O acontecimento ocorre de fato imprevisível. Ex: o agente transita com seu veículo, e de repente um poste cai na avenida, ao desviar do poste, acaba atingindo um pedestre, causando-lhe lesões. Relação de causalidade (nexo causal) (art. 13, CP) Relação de causalidade é o vínculo entre a conduta praticada pelo agente e o resultado que produziu. Em outras palavras, sem essa “linha” que liga esses dois pontos, não há o que se falar em relação de causalidade, sendo assim, o resultado não poderá ser atribuído ao agente. Para determinar quando uma ação é causa de um resultado, várias teorias são propostas, a que adotamos é a Teoria da equivalência das condições (conditio sine qua non). De acordo com essa teoria, causa é a condição sem a qual o resultado não teria ocorrido. Tudo que concorre para o resultado é causa dele, sendo assim, sem essa condição o resultado não teria ocorrido da forma que ocorreu. Para que possamos identificar as causas que causaram o resultado, partindo deste, devemos fazer uma regressão para identificar todos os elementos que poderiam ter causado esse resultado, assim iremos “eliminando” mentalmente, para entender se o resultado produzido iria desaparecer ou não. Ao analisar esse processo, percebemos claramente que iríamos regredir para sempre, como por exemplo: A mata utiliza uma arma de fogo para matar B, se formos regredir para todas as causas possíveis, o fabricante da arma de fogo também iria responder por esse resultado. Por isso, para que se evite essa regressão, devemos interromper no momento em que não houver dolo ou culpa por parte das pessoas que deram causa ao resultado final. Há causas que interferem na produção do resultado, e eles podem ser absoluta ou relativamente independentes. Ambas também podem ser: preexistentes, causa que tem existência anterior à conduta do agente; concomitantes, causa que ocorre no mesmo instante ou acompanham a conduta do agente; supervenientes, causa que desempenha sua função após a conduta humana. Causa absolutamente independente é aquela que em nada contribui para a ocorrência do resultado. Quando ocorre o resultado em virtude dela, não devemos imputá-lo ao agente. Exemplos: Preexistente: A para matar B ministra veneno em seu café. Antes de B ingerir a bebida, vem a falecer em razão de desabamento de teto; Concomitante: A ataca B com uma faca, e este busca refúgio em uma sacada, cujo parapeito se rompe e despenca com a vítima, causando-lhe morte; Superveniente: A e B discutem no interior de uma loja, oportunidade em que A saca o revólver que trazia consigo e atira em B, causando-lhe um ferimento grave, que certamente o levará à morte. Logo após ter efetuado o disparo, o prédio no qual ambos se encontravam desaba e, posteriormente, comprova-se que B não morrera em virtude do disparo recebido, mas, sim, por ter sido soterrado; Causa relativamente independente é aquela que contribui para a ocorrência do resultado de forma parcial. Somente produzirá o resultado se for em conjunto com a conduta do agente. Exemplos: Preexistente: A fere B, hemofílico, que vem a falecer em razão do ferimento recebido, tendo contribuído para tal sua situação patológica-hemofilia. Concomitante: A desfecha um tiro em B, no exato instante em que este está sofrendo um colapso cardíaco, provando-se que a lesão contribuiu para a eclosão do êxito letal. Superveniente: A causa superveniente relativamente independente divide-se em duas, quais sejam: Por si só produziu o resultado: O § 1° do art. 13 do Código Penal diz o seguinte “a superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado”. Nesse sentido, inexiste uma relação de homogeneidade entre as condutas ou está fora da linha normal de desdobramento processual. Ex: A fere B que, socorrido por uma ambulância, vem a falecer exclusivamente em razão de acidente com o veículo. Por si só não produz o resultado: se a causa posterior à conduta do agente constitui um prolongamento do fato anterior, e existe uma relação de homogeneidade, o resultado será imputado ao autor. Ex: A fere B, que, levado ao centro cirúrgico, falece em decorrência da anestesia.
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