Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MUNICÍPIO DE MACEIÓ PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO PROCURADORIA JUDICIAL 1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 14ª VARA DO FORO DE MACEIÓ- FAZENDA MUNICIPAL. Ref. Processo nº 0721970-64.2012.8.02.0001 Ação Ordinária Autor(a): Albeni de Melo Santos e outros Réu: Município de Maceió O MUNICÍPIO DE MACEIÓ, pessoa jurídica de direito público interno, com sede nesta Capital, na rua Pedro Monteiro, nº 291, Centro, CEP 57.020- 380, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por seu procurador abaixo identificado, fundamentado no art. 1009 e seguintes do Código de Processo Civil, interpor CONTRARRAZÕES EM RECURSO DE APELAÇÃO, requerendo, desde já, frente aos argumentos que seguem, o seu recebimento nos respectivos efeitos legais devolutivo e suspensivo, bem como a intimação da parte apelada, devidamente qualificada nos autos do processo em epígrafe para, querendo, apresentar contrarrazões e, cumpridas as formalidades legais, sejam os autos remetidos ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas para ulterior conhecimento e julgamento. Termos em que pede deferimento. Maceió, AL, 29 de junho de 2020 FERNANDO SÉRGIO TENÓRIO DE AMORIM Procurador do Município de Maceió OAB/AL 4.617 P ar a co nf er ir o or ig in al , a ce ss e o si te h ttp s: //w w w 2. tja l.j us .b r/ pa st ad ig ita l/p g/ ab rir C on fe re nc ia D oc um en to .d o, in fo rm e o pr oc es so 0 72 19 70 -6 4. 20 12 .8 .0 2. 00 01 e c ód ig o 45 34 C 9C . E st e do cu m en to é c óp ia d o or ig in al , a ss in ad o di gi ta lm en te p or F E R N A N D O S E R G IO T E N O R IO D E A M O R IM e w w w 2. tja l.j us .b r, p ro to co la do e m 0 1/ 07 /2 02 0 às 1 7: 01 , so b o nú m er o W M A C 20 70 13 41 69 6 . fls. 561 MUNICÍPIO DE MACEIÓ PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO PROCURADORIA JUDICIAL 2 EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE ALAGOAS SUMÁRIO PROCESSUAL Versam os autos sobre recurso de apelação interposto contra sentença de primeiro grau que julgou improcedente Ação Declaratória c/c Obrigação de Fazer interposta por Albeni de Melo Santos e outros. Afirmam os autores que são agentes comunitários de saúde e agentes de combate a endemias, tendo sido admitidos pelo Município de Maceió por meio de processo seletivo público. Alegam os autores que fazem parte de um grupo de milhares de agentes de saúde e agentes de combate a endemias que, no fim dos anos 90, fora contratado em todo o território nacional, pelos municípios por meio de contratos temporários de excepcional interesse público, tendo trabalhado por anos a fio para a Administração Pública sem vínculo regular. Sustentam os apelantes que estão amparados pelo parágrafo único do artigo segundo da Emenda Constitucional nº 51/2006, que estabelece que: Os profissionais que, na data de promulgação desta Emenda e a qualquer título, desempenharem as atividades de agente comunitário de saúde ou de agente de combate às endemias, na forma da lei, ficam dispensados de se submeter ao processo seletivo público a que se refere o § 4º do art. 198 da Constituição Federal, desde que tenham sido contratados a partir de anterior processo de Seleção Pública efetuado por órgãos ou entes da administração direta ou indireta de Estado, Distrito Federal ou Município ou por outras instituições com a efetiva supervisão e autorização da administração direta dos entes da federação. De acordo com os apelantes, uma vez preenchidos os requisitos legais, o administrador público estaria obrigado a efetivá-los, tratando-se este de ato vinculado e não discricionário, concluindo que fazem jus à efetivação nos cargos e empregos públicos em questão. Afirmam que já foram certificados, mas que a pretendida efetivação jamais foi realizada. Alegam em seu favor, a teoria do fato P ar a co nf er ir o or ig in al , a ce ss e o si te h ttp s: //w w w 2. tja l.j us .b r/ pa st ad ig ita l/p g/ ab rir C on fe re nc ia D oc um en to .d o, in fo rm e o pr oc es so 0 72 19 70 -6 4. 20 12 .8 .0 2. 00 01 e c ód ig o 45 34 C 9C . E st e do cu m en to é c óp ia d o or ig in al , a ss in ad o di gi ta lm en te p or F E R N A N D O S E R G IO T E N O R IO D E A M O R IM e w w w 2. tja l.j us .b r, p ro to co la do e m 0 1/ 07 /2 02 0 às 1 7: 01 , so b o nú m er o W M A C 20 70 13 41 69 6 . fls. 562 MUNICÍPIO DE MACEIÓ PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO PROCURADORIA JUDICIAL 3 consumado, a teoria da proibição do venire contra factum proprium, bem como a prescrição do direito da administração de rever seus atos. Ante o exposto requereram, liminarmente, a manutenção do trabalho e o pagamento dos salários pela municipalidade até o deslinde da demanda, determinando-se a esta que não demita os autores, exceto por justa causa, e a reintegrar aqueles que porventura estejam afastados de seus postos. No mérito, requereram que o Município seja condenado a efetivar os autores nos seus postos de trabalho. Assim não ocorreu, tenho o juízo de primeiro julgado improcedentes os pedidos autorais. Assim decidiu o juízo de primeira instância: Logo, não vejo como prosperar o pleito dos autores, haja vista que, repise-se: a Emenda Constitucional nº 51/2006 não concedeu o direito a efetividade ou estabilidade para os ocupantes dos cargos de agente comunitário de saúde ou de agente de combate às endemias. Tão somente disciplinou a forma de contratação destes agentes públicos. Ante o exposto, com fundamento na Emenda Constitucional número 51/2006, assim como no entendimento dos tribunais pátrios, JULGO IMPROCEDENTES OS PEDIDOS AUTORAIS. Conforme será doravante demonstrado, não merecem razão as alegações da parte autora, ora recorrente. Como se pode facilmente depreender da leitura da decisão de mérito, nesta não houve qualquer omissão, obscuridade ou contradição. Tampouco o juízo de primeiro grau omitiu-se quanto a matéria sobre a qual devesse se pronunciar de ofício ou a requerimento da parte, não merecendo quaisquer reparos o julgado de primeiro grau. RAZÕES PARA A IMPROCEDÊNCIA DA PRETENSÃO DOS APELANTES PRESCRIÇÃO O prazo prescricional está submetido ao princípio da actio nata, segundo o qual a prescrição se inicia com o nascimento da pretensão ou da ação1, nascimento 1 PONTES DE MIRANDA, Francisco. Tratado de Direito Privado. São Paulo: Bookseller, 2000, p. 332. P ar a co nf er ir o or ig in al , a ce ss e o si te h ttp s: //w w w 2. tja l.j us .b r/ pa st ad ig ita l/p g/ ab rir C on fe re nc ia D oc um en to .d o, in fo rm e o pr oc es so 0 72 19 70 -6 4. 20 12 .8 .0 2. 00 01 e c ód ig o 45 34 C 9C . E st e do cu m en to é c óp ia d o or ig in al , a ss in ad o di gi ta lm en te p or F E R N A N D O S E R G IO T E N O R IO D E A M O R IM e w w w 2. tja l.j us .b r, p ro to co la do e m 0 1/ 07 /2 02 0 às 1 7: 01 , so b o nú m er o W M A C 20 70 13 41 69 6 . fls. 563 MUNICÍPIO DE MACEIÓ PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO PROCURADORIA JUDICIAL 4 que, por sua vez, se dá com a violação do direito. O princípio foi consagrado, expressamente, no art. 177 do Código Civil de 1916, sendo reproduzido, com destaque, no art. 189 do Código Civil de 2002: Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206. Sobre o tema o Superior Tribunal de Justiça já decidiu reiteradamente acerca da aplicação da teoria da actio nata: ADMINISTRATIVO. VÍCIO CARTORÁRIO NA MATRÍCULA DE IMÓVEL RECONHECIDO NOBOJO DE AÇÃO DEMARCATÓRIA. PRAZO PRESCRICIONAL PARA AJUIZAMENTO DE AÇÃO INDENIZATÓRIA CONTRA O ESTADO. TERMO INICIAL. PRINCÍPIO DA ACTIO NATA. 1. No caso, a certeza da lesão ao direito, marco inaugural do curso do prazo para o ajuizamento do pleito indenizatório, surgiu a partir da sentença homologatória do acordo celebrado pelas partes em audiência, no bojo da ação demarcatória por meio do qual fora reconhecido e declarado o erro atribuído ao ofício registral, pois, até então, "estava a prevalecer a fé pública do ato do oficial do registro imobiliário, quanto à higidez dos assentamentos". 2. O acórdão recorrido se amolda à jurisprudência deste Superior Tribunal, firmada no sentido de que "o prazo prescricional está submetido ao princípio da actio nata, segundo o qual a prescrição se inicia quando possível ao titular do direito reclamar contra a situação antijurídica" (AgRg no REsp 1.348.756/RN, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 28/5/2013, DJe 4/6/2013). 3. Agravo regimental desprovido. (AgRg no REsp 1069115/PR, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 06/05/2014, DJe 13/05/2014) (Grifos aditados) ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. P ar a co nf er ir o or ig in al , a ce ss e o si te h ttp s: //w w w 2. tja l.j us .b r/ pa st ad ig ita l/p g/ ab rir C on fe re nc ia D oc um en to .d o, in fo rm e o pr oc es so 0 72 19 70 -6 4. 20 12 .8 .0 2. 00 01 e c ód ig o 45 34 C 9C . E st e do cu m en to é c óp ia d o or ig in al , a ss in ad o di gi ta lm en te p or F E R N A N D O S E R G IO T E N O R IO D E A M O R IM e w w w 2. tja l.j us .b r, p ro to co la do e m 0 1/ 07 /2 02 0 às 1 7: 01 , so b o nú m er o W M A C 20 70 13 41 69 6 . fls. 564 MUNICÍPIO DE MACEIÓ PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO PROCURADORIA JUDICIAL 5 PRAZO PRESCRICIONAL. TERMO A QUO. ACTIO NATA. PRESCRIÇÃO CARACTERIZADA. 1. O termo a quo do prazo prescricional para o ajuizamento de ação de indenização contra ato do Estado conta-se da ciência inequívoca dos efeitos decorrentes do ato lesivo, no presente caso, no momento que o servidor se inteirou da lesão cerebral, constatada no ano de 1970, quando então nasceu a pretensão (actio nata), assim considerada a possibilidade do seu exercício em juízo. Proposta a ação apenas em 1998, resta caracterizada a prescrição. 2. Agravo regimental não provido. (AgRg no Ag 1392572/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/10/2011, DJe 06/10/2011) (Grifos aditados) ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. SUPRESSÃO DE VANTAGEM. DECADÊNCIA DA IMPETRAÇÃO. NÃO- OCORRÊNCIA. TERMO INICIAL.DATA DA EFETIVA SUPRESSÃO. 1. O dies a quo do prazo decadencial para a impetração do mandado de segurança, ou do prazo prescricional para o ajuizamento da ação ordinária, dá-se na data da efetiva supressão da vantagem, sendo certo que nesse momento se origina a pretensão do Autor, segundo o Princípio da Actio Nata. 2. Agravo regimental desprovido. (AgRg no REsp 1183516/AM, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 17/08/2010, DJe 13/09/2010). (Grifos aditados) Relativamente às ações contra a Fazenda Pública, o princípio é o mesmo, conforme se pode verificar do art. 1º do Decreto 20.910/32, que regula a matéria: P ar a co nf er ir o or ig in al , a ce ss e o si te h ttp s: //w w w 2. tja l.j us .b r/ pa st ad ig ita l/p g/ ab rir C on fe re nc ia D oc um en to .d o, in fo rm e o pr oc es so 0 72 19 70 -6 4. 20 12 .8 .0 2. 00 01 e c ód ig o 45 34 C 9C . E st e do cu m en to é c óp ia d o or ig in al , a ss in ad o di gi ta lm en te p or F E R N A N D O S E R G IO T E N O R IO D E A M O R IM e w w w 2. tja l.j us .b r, p ro to co la do e m 0 1/ 07 /2 02 0 às 1 7: 01 , so b o nú m er o W M A C 20 70 13 41 69 6 . fls. 565 MUNICÍPIO DE MACEIÓ PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO PROCURADORIA JUDICIAL 6 Art. 1º As dividas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem. No caso, a suposta lesão ao direito ocorreu com a ausência de nomeação dos apelantes para o cargo de Agente Comunitário de Saúde. É esse seria o fato lesivo, com base no qual está sendo promovida a presente demanda. Diante da alegação dos demandantes, independente do preenchimento dos requisitos exigidos pela Emenda Constitucional nº 51/2006, conclui-se que a data da ciência da lesão foi a publicação da referida Emenda Constitucional, como bem afirmou na peça pórtico. No caso sub examine resta clara a ocorrência da prescrição, uma vez que o termo inicial em que se fundam os demandantes para formulação de seus pedidos é a Emenda Constitucional nº 51, de 14/02/2006, e a ação objetivando a nomeação foi ajuizada em outubro de 2013, após, portanto, do decurso do prazo prescricional quinquenal, que teve termo em 14/02/2011. Sendo assim, seria imperiosa é a extinção feito, com julgamento de mérito, nos termos do art. 487, II, do novo Código de Processo Civil. A despeito desse argumento, razões também inexistem para justificar a legitimidade da pretensão dos autores, tendo o juízo de primeiro grau acertadamente julgado improcedente a ação, por considerar que INCONSTITUCIONALIDADE DA EC 51/2006 A Constituição Federal de 1988 estabelece que “a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos” (art. 37, II) e que “a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público” (art. 37, IX). P ar a co nf er ir o or ig in al , a ce ss e o si te h ttp s: //w w w 2. tja l.j us .b r/ pa st ad ig ita l/p g/ ab rir C on fe re nc ia D oc um en to .d o, in fo rm e o pr oc es so 0 72 19 70 -6 4. 20 12 .8 .0 2. 00 01 e c ód ig o 45 34 C 9C . E st e do cu m en to é c óp ia d o or ig in al , a ss in ad o di gi ta lm en te p or F E R N A N D O S E R G IO T E N O R IO D E A M O R IM e w w w 2. tja l.j us .b r, p ro to co la do e m 0 1/ 07 /2 02 0 às 1 7: 01 , so b o nú m er o W M A C 20 70 13 41 69 6 . fls. 566 MUNICÍPIO DE MACEIÓ PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO PROCURADORIA JUDICIAL 7 A Emenda Constitucional (EC) nº 51/2006, por sua vez, materializa em seu texto exceções à regra constitucional da investidura em cargo ou emprego público via aprovação em concurso, especificamente para os de Agente Comunitário de Saúde e Agente de Combate às Endemias. Primeiro instituiu, mediante acréscimo do § 4º ao artigo 198 da Constituição Federal de 1988 (cf. o artigo 1º, da EC nº 51/06), que “[o]s gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias por meio de processo seletivo público, de acordo com a natureza e complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para sua atuação.” Depois determinou que, “[a]pós a promulgação da presente Emenda Constitucional, os agentes comunitários de saúde e os agentes de combate às endemias somente poderão ser contratados diretamente pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios na forma do § 4º do art. 198 da Constituição Federal, observado o limite de gasto estabelecido na Lei Complementar de que trata o art. 169 da Constituição Federal.”(EC nº 51/06, art. 2º, caput). Ao final, dispôs que “[o]s profissionais que, na data de promulgação desta Emenda e a qualquer título, desempenharem as atividades de agente comunitário de saúde ou de agente de combate às endemias, na forma da lei, ficam dispensados de se submeter ao processo seletivo público a que se refere o § 4º do art. 198 da Constituição Federal, desde que tenham sido contratados a partir de anterior Processo de Seleção Pública efetuado por órgãos ou entes da administração direta ou indireta de Estado, Distrito Federal ou Município ou por outras instituições com a efetiva supervisão e autorização da administração direta dos entes da federação.” (EC nº 51/06, art. 2º, parágrafo único). No caso dos agentes contratados pelos Estados e Municípios, tal regra implica violação à autonomia administrativa e financeira dos entes federados e, por P ar a co nf er ir o or ig in al , a ce ss e o si te h ttp s: //w w w 2. tja l.j us .b r/ pa st ad ig ita l/p g/ ab rir C on fe re nc ia D oc um en to .d o, in fo rm e o pr oc es so 0 72 19 70 -6 4. 20 12 .8 .0 2. 00 01 e c ód ig o 45 34 C 9C . E st e do cu m en to é c óp ia d o or ig in al , a ss in ad o di gi ta lm en te p or F E R N A N D O S E R G IO T E N O R IO D E A M O R IM e w w w 2. tja l.j us .b r, p ro to co la do e m 0 1/ 07 /2 02 0 às 1 7: 01 , so b o nú m er o W M A C 20 70 13 41 69 6 . fls. 567 MUNICÍPIO DE MACEIÓ PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO PROCURADORIA JUDICIAL 8 conseguinte, ao Pacto Federativo, cláusula pétrea da Constituição Federal (art. 60, § 4º, I), conforme já reconhecido pelos Tribunais Pátrios. Confira-se: “CONSTITUCIONAL, PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO - INCIDENTE DE INCONSTITUCIONALIDADE - APELAÇÃO CÍVEL - AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE - AGENTE DE COMBATE ÀS ENDEMIAS - PRETENSÃO DE EFETIVAÇÃO EM CARGO PÚBLICO - EMENDAS CONSTITUCIONAIS Nº 51/06 E Nº 63/10 - INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 1. A isenção de submissão a novo processo seletivo, por parte daqueles que já ocupavam funções de Agente Comunitário de Saúde ou de Agente de Combate às Endemias, objetiva apenas e tão somente transparecer que o contrato temporário a que aqueles (Agente Comunitário de Saúde ou Agente de Combate às Endemias) estivessem submetidos não cessaria, automaticamente, com a entrada em vigor da Emenda Constitucional nº. 51/2006. 2. O 'processo seletivo público' não pode ser interpretado como sinônimo de 'concurso público'. 3. O concurso público constitui nada mais do que uma das formas de manifestação do princípio constitucional da igualdade que, por sua vez, consubstancia um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, nos termos do art. 3º, inciso IV, da Constituição Federal, razão pela qual nem mesmo uma emenda constitucional poderia prever, sem que fosse operada significativa modificação no arcabouço de regras do art. 37, da Carta Federal, a efetivação, em cargo ou emprego público, de quem não tenha sido completa e regularmente aprovado em todas as etapas de concurso público específico. 4. O aproveitamento, em cargo efetivo, de quem outrora investido em cargo ou função pública através de mero 'processo seletivo' constitui não só atitude violadora de isonomia, assim como burla ao princípio constitucional do concurso público. 5. Qualquer interpretação dada aos parágrafos 4º, 5º e 6º, do artigo 198, da Constituição Federal, modificados pela Emenda Constitucional nº 51/2006, no sentido de permitir a efetivação, no serviço público, de Agentes Comunitários de Saúde ou de Agentes de Combate às Endemias, com fulcro nesses dispositivos, afigura-se flagrantemente inconstitucional, visto que a correta (rectius: constitucional) exegese P ar a co nf er ir o or ig in al , a ce ss e o si te h ttp s: //w w w 2. tja l.j us .b r/ pa st ad ig ita l/p g/ ab rir C on fe re nc ia D oc um en to .d o, in fo rm e o pr oc es so 0 72 19 70 -6 4. 20 12 .8 .0 2. 00 01 e c ód ig o 45 34 C 9C . E st e do cu m en to é c óp ia d o or ig in al , a ss in ad o di gi ta lm en te p or F E R N A N D O S E R G IO T E N O R IO D E A M O R IM e w w w 2. tja l.j us .b r, p ro to co la do e m 0 1/ 07 /2 02 0 às 1 7: 01 , so b o nú m er o W M A C 20 70 13 41 69 6 . fls. 568 MUNICÍPIO DE MACEIÓ PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO PROCURADORIA JUDICIAL 9 destas normas permite, apenas e tão somente, a interpretação no sentido de que o contrato administrativo temporário vigente daqueles servidores (Agente Comunitário de Saúde ou de Agente de Combate às Endemias) não cessaria automaticamente com a entrada em vigor da Emenda Constitucional nº 51/2006, mas tão só facultaria a dispensa de novo processo de seleção àqueles que já desempenhassem tais atividades.” (TJES, Classe: Incidente de Inconstitucionalidade Ap, 62080004005, Relator: ANNIBAL DE REZENDE LIMA, Órgão julgador: TRIBUNAL PLENO, Data de Julgamento: 10/05/2012, Data da Publicação no Diário: 05/07/2012) “INCIDENTE DE INCONSTITUCIONALIDADE. Parágrafo único, do art. 2º, da EC n. 51/2006, que dispensou os agentes comunitários de saúde e os agentes de combate às endemias de se submeter ao processo seletivo público a que se refere o § 4o do art. 198 da CF. Ofensa à autonomia administrativa e financeira dos Estados e Municípios, corolário do princípio do pacto federativo, erigido à categoria de cláusula pétrea Inconstitucionalidade decretada. Incidente procedente” (Rel. Des. Paulo Travain, j. 20/05/09). Declaração de inconstitucionalidade do art. 2º da EC 51/06 pelo C. Órgão Especial desta Corte - Recurso não provido” (Apelação nº 0001632- 74.2009.8.26.0510, Rel. Des. João Carlos Garcia, 8ª Câmara de Direito Público, j. 24/10/12). SERVIDOR PÚBLICO - AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE (ACS) - MUNICÍPIO DE ITAPEVA - CONTRATAÇÃO POR TEMPO DETERMINADO - MANDADO DE SEGURANÇA OBJETIVANDO OBSTAR A DEMISSÃO, INVOCANDO, DENTRE OUTROS DIPLOMAS, A EC 51/2006 PRETENSÃO IMPROCEDENTE - Parágrafo único do artigo 2º da EC 51/06 declarado inconstitucional pelo Órgão Especial do TJSP - Não bastasse isso, a Lei Municipal 2.197/04, que serviu de base à contratação, foi igualmente declarada inconstitucional pelo mesmo Órgão - Precedente do STJ - Ratificação da sentença (artigo 252 do Regimento Interno/2009) com P ar a co nf er ir o or ig in al , a ce ss e o si te h ttp s: //w w w 2. tja l.j us .b r/ pa st ad ig ita l/p g/ ab rir C on fe re nc ia D oc um en to .d o, in fo rm e o pr oc es so 0 72 19 70 -6 4. 20 12 .8 .0 2. 00 01 e c ód ig o 45 34 C 9C . E st e do cu m en to é c óp ia d o or ig in al , a ss in ad o di gi ta lm en te p or F E R N A N D O S E R G IO T E N O R IO D E A M O R IM e w w w 2. tja l.j us .b r, p ro to co la do e m 0 1/ 07 /2 02 0 às 1 7: 01 , so b o nú m er o W M A C 20 70 13 41 69 6 . fls. 569 MUNICÍPIO DE MACEIÓ PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO PROCURADORIA JUDICIAL 10 acréscimo - Apelação dos impetrantes não provida. (TJSP, 8ª Câmara de Direito Público, Rel. Des. Ponte Neto, Apelação nº 0002752- 28.2011.8.26.0270, j. 07/05/2014). CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA AGENTE COMUNITÁRIO DE SÁUDE E AGENTE DE COMBATE A ENDEMIAS EFETIVAÇÃO NO CARGO SEM CONCURSO PÚBLICO EC Nº 51/06 E LEI FEDERAL Nº 11.350/06 INADMISSIBILIDADE. 1. A investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos. A lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcionalinteresse público (art. 37, II e IX, CF). 2. Dispensa de processo seletivo para contratação de agente comunitário de saúde e agente de combate a endemias (art. 2º da Emenda Constitucional nº 51/06). Inconstitucionalidade reconhecida pelo Órgão Especial. Efetivação no serviço público. Inadmissibilidade. Pedido improcedente. Sentença mantida. Recurso desprovido. (TJSP, 9ª Câmara de Direito Público, Rel. Des. Décio Notarangeli, Apelação nº 0612234-25.2008.8.26.0053, j. 26/03/2014). "APELAÇÃO CÍVEL Preliminar de nulidade da sentença afastada. Contratação temporária mediante processo seletivo simplificado. Agente comunitário de saúde e combate a endemias. Impossibilidade de efetivação no serviço público. Art. 37, inciso II e IX, da Constituição Federal. Órgão Especial que reconheceu a inconstitucionalidade do art. 2º, da emenda constitucional nº 51/06. Sentença de improcedência mantida Preliminar afastada e recurso desprovido." (TJ-SP - Apelação: APL 0007033- 12.2012.8.26.0587; Relator(a): Moreira de Carvalho; Julgamento: 25/06/2014; Órgão Julgador: 9ª Câmara de Direito Público; Publicação: 26/06/2014) EMENTA: CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO - APELAÇÃO CÍVEL - MANDADO DE SEGURANÇA - AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE - APROVAÇÃO EM PROCESSO SELETIVO ANTERIOR À EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 51⁄2006 - EFETIVAÇÃO EM CARGO PÚBLICO – IMPOSSIBILIDADE - LEI Nº 11.350⁄2006 - INCIDENTE DE INCONSTITUCIONALIDADE - INTERPRETAÇÃO CONFORME A P ar a co nf er ir o or ig in al , a ce ss e o si te h ttp s: //w w w 2. tja l.j us .b r/ pa st ad ig ita l/p g/ ab rir C on fe re nc ia D oc um en to .d o, in fo rm e o pr oc es so 0 72 19 70 -6 4. 20 12 .8 .0 2. 00 01 e c ód ig o 45 34 C 9C . E st e do cu m en to é c óp ia d o or ig in al , a ss in ad o di gi ta lm en te p or F E R N A N D O S E R G IO T E N O R IO D E A M O R IM e w w w 2. tja l.j us .b r, p ro to co la do e m 0 1/ 07 /2 02 0 às 1 7: 01 , so b o nú m er o W M A C 20 70 13 41 69 6 . fls. 570 MUNICÍPIO DE MACEIÓ PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO PROCURADORIA JUDICIAL 11 CONSTITUIÇÃO. 1. No julgamento do Incidente de Inconstitucionalidade nº 062.080.004.005, o Plenário do TJES declarou a inconstitucionalidade, sem redução de texto, do artigo 1º e artigo 2º, da Emenda Constitucional nº 51⁄2006, fixando o entendimento de que, ¿qualquer interpretação dada aos parágrafos 4º, 5º e 6º, do artigo 198, da Constituição Federal, modificados pela Emenda Constitucional nº 51⁄2006, no sentido de permitir a efetivação, no serviço público, de Agentes Comunitários de Saúde ou de Agentes de Combate às Endemias, com fulcro nesses dispositivos, afigura-se flagrantemente inconstitucional, visto que a correta (rectius: constitucional) exegese destas normas permite, apenas e tão somente, a interpretação no sentido de que o contrato administrativo temporário vigente daqueles servidores (Agente Comunitário de Saúde ou de Agente de Combate às Endemias) não cessaria automaticamente com a entrada em vigor da Emenda Constitucional nº 51⁄2006, mas tão só facultaria a dispensa de novo processo de seleção àqueles que já desempenhassem tais atividades.¿ (TJES, Classe: Incidente de Inconstitucionalidade Ap, 62080004005, Relator: ANNIBAL DE REZENDE LIMA, Órgão julgador: TRIBUNAL PLENO, Data de Julgamento: 10⁄05⁄2012, Data da Publicação no Diário: 05⁄07⁄2012). 2. Não há direito líquido e certo à efetivação no serviço público municipal daquele que exerce função de Agente Comunitário de Saúde ou Agente de Combate às Endemias, com fulcro nas regras de transição estabelecidas pela Emenda Constitucional nº 51⁄2006, bem como na Lei nº 11.350⁄2006, ainda que aprovados em processo seletivo anterior à referida Emenda Constitucional, sob pena de violação aos ditames do artigo 37, inciso II, da Constituição Federal. 3. Recurso desprovido. VISTOS, relatados e discutidos estes autos, ACORDAM os Desembargadores que integram a Primeira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo, na conformidade da ata e notas taquigráficas, À UNANIMIDADE, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, nos termos do voto do Eminente Relator. Vitória, 01 de março de 2016. (TJ-ES - Apelação : APL 00004339120138080020; Relator(a): FABIO CLEM DE OLIVEIRA; Julgamento: 01/03/2016; Órgão Julgador: PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL; Publicação: 04/03/2016) P ar a co nf er ir o or ig in al , a ce ss e o si te h ttp s: //w w w 2. tja l.j us .b r/ pa st ad ig ita l/p g/ ab rir C on fe re nc ia D oc um en to .d o, in fo rm e o pr oc es so 0 72 19 70 -6 4. 20 12 .8 .0 2. 00 01 e c ód ig o 45 34 C 9C . E st e do cu m en to é c óp ia d o or ig in al , a ss in ad o di gi ta lm en te p or F E R N A N D O S E R G IO T E N O R IO D E A M O R IM e w w w 2. tja l.j us .b r, p ro to co la do e m 0 1/ 07 /2 02 0 às 1 7: 01 , so b o nú m er o W M A C 20 70 13 41 69 6 . fls. 571 MUNICÍPIO DE MACEIÓ PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO PROCURADORIA JUDICIAL 12 De fato, impor aos estados e municípios a contratação e manutenção do vínculo dos agentes comunitários de saúde contratados temporariamente, equiparando-os aos servidores públicos que ingressaram mediante concurso público é de flagrante inconstitucionalidade, pois há clara violação ao pacto federativo. Não bastasse isso, a pretensão à efetivação ofende os princípios que regem a Administração Pública (moralidade, legalidade e impessoalidade), além das regras de acesso ao serviço público (artigos 37, II e 39, caput, CF), sendo irrelevante o lapso temporal no qual os autores vêm exercendo de fato referida função. Além disso, como bem decidiu o juízo, inexiste direito subjetivo à nomeação dos autores, uma vez que o texto constitucional apenas e tão somente tutela a contratação dos agentes públicos, mas não confere a quem eventualmente estivesse ocupando a função um direito subjetivo a essa contratação. Como bem afirmou o Juízo: [n]ão vejo como prosperar o pleito dos autores, haja vista que, repise- se: a Emenda Constitucional nº 51/2006 não concedeu o direito a efetividade ou estabilidade para os ocupantes dos cargos de agente comunitário de saúde ou de agente de combate às endemias. Tão somente disciplinou a forma de contratação destes agentes públicos. Qualquer interpretação dada aos parágrafos 4º, 5º e 6º, do artigo 198, da Constituição Federal, modificados pela Emenda Constitucional nº 51⁄2006, no sentido de permitir a efetivação, no serviço público, de Agentes Comunitários de Saúde ou de Agentes de Combate às Endemias, com fulcro nesses dispositivos, afigura-se flagrantemente inconstitucional. Uma interpretação conforme a Constituição das aludidas normas permite apenas inferir que o contrato administrativo temporário dos Agentes Comunitários de Saúde ou de Agentes de Combate às Endemias não cessaria automaticamente com a entrada em vigor da Emenda Constitucional nº 51⁄2006, mas tão só facultaria a dispensa de novo processo de seleção àqueles que já desempenhassem tais atividades. P ar a co nf er ir o or ig in al , a ce ss e o si te h ttp s: //w w w 2. tja l.j us .b r/ pa st ad ig ita l/p g/ ab rir C on fe re nc ia D oc um en to .d o, in fo rm e o pr oc es so 0 72 19 70 -6 4. 20 12 .8 .0 2. 00 01 e c ód ig o 45 34 C 9C . E st e do cu m en to é c óp ia d o or ig in al , a ss in ad o di gi ta lm en te p or F E R N A N D O S E R G IO T E N O R IO D E A M O R IM e w w w 2. tja l.j us .b r, p ro to co la do e m 0 1/ 07 /2 02 0 às 1 7: 01 , so b o nú m er o W M A C 20 70 13 41 69 6 . fls. 572 MUNICÍPIO DE MACEIÓ PROCURADORIAGERAL DO MUNICÍPIO PROCURADORIA JUDICIAL 13 Uma simples leitura das normas revela que inexiste comando que determine a efetivação definitiva no serviço público de funcionário que possui vínculo precário com a Administração Pública por meio de contratação temporária, como é o caso dos demandantes, mas, ao contrário, há expressa vedação no art. 37, II, da CF/88. O benefício de estabilidade não pode ser assegurado àqueles contratados de forma temporária, ainda que essa contratação tenha sido feita com base em processo seletivo. Isso porque os contratos administrativos temporários constituem forma atípica de ingresso no serviço público, que, de regra, ocorre através de concurso público de provas ou de provas e títulos (art. 37, inciso II, da Constituição Federal). Ao contrário do afirmado, a Emenda Constitucional nº 51, de 14 de fevereiro de 2006, não dispensa o concurso público para os Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de Combate a Endemias, apenas estabelece que as contratações, a partir dela, só poderão ocorrer por meio de processo seletivo. Assim, não há que se falar em direito à efetividade no cargo público ocupado provisoriamente, dada a precariedade das contratações realizadas. Neste sentido já decidiu o Superior Tribunal de Justiça: "RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. DIREITO ADMINISTRATIVO. AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE. ATO DO PREFEITO DO MUNICÍPIO DE CAMPO DE BRITO/SE QUE NEGOU A EFETIVAÇÃO DE SERVIDORES TEMPORÁRIOS. EC 51/06. ALTERAÇÃO DO ART. 198, § 4º DA CF. DISPENSA DE CONCURSO PARA OS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE QUE INGRESSARAM ANTERIORMENTE NO QUADRO DE PESSOAL POR PROCESSO SELETIVO PÚBLICO. NATUREZA DO VÍNCULO ESTABELECIDO ANTES DA ALTERAÇÃO CONSTITUCIONAL. CONTRATAÇÃO POR TEMPO DETERMINADO. ART. P ar a co nf er ir o or ig in al , a ce ss e o si te h ttp s: //w w w 2. tja l.j us .b r/ pa st ad ig ita l/p g/ ab rir C on fe re nc ia D oc um en to .d o, in fo rm e o pr oc es so 0 72 19 70 -6 4. 20 12 .8 .0 2. 00 01 e c ód ig o 45 34 C 9C . E st e do cu m en to é c óp ia d o or ig in al , a ss in ad o di gi ta lm en te p or F E R N A N D O S E R G IO T E N O R IO D E A M O R IM e w w w 2. tja l.j us .b r, p ro to co la do e m 0 1/ 07 /2 02 0 às 1 7: 01 , so b o nú m er o W M A C 20 70 13 41 69 6 . fls. 573 MUNICÍPIO DE MACEIÓ PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO PROCURADORIA JUDICIAL 14 37, IX DA CF, REGULAMENTADA PELA LEI 136/05 DO MUNICÍPIO DE CAMPO DE BRITO/SE. TRANSFERÊNCIA DE REGIME DE TRABALHO PELA SUPERVENIÊNCIA DA EC 51/06. IMPOSSIBLIDADE. RECURSO ORDINÁRIO DESPROVIDO. 1. A EC 51/06 modificou a redação do art. 198 da CF para criar uma nova forma de provimento no serviço público pelos Agentes Comunitários de Saúde-ACS, que passam a ser admitidos por processo seletivo simplificado. Além disso, o art. 2º da referida Emenda dispôs que os Servidores, que já desempenhassem as funções de ACS, previamente aprovados em processo seletivo público, antes da edição da EC 51/06, conforme certificado pela Unidade Federativa, ficariam dispensados de novo concurso. 2. Entretanto, os servidores temporários jamais poderiam almejar a efetivação definitiva no cargo público, pois estão vinculado ao Quadro de maneira precária, nos termos do art. 37, IX da CF, para atender necessidade temporária de excepcional interesse público, por tempo estabelecido. Precedentes do STF e STJ. 3. No caso, os Servidores Públicos Municipais foram admitidos em 2006, após aprovação em processo de seleção, promovido pela Secretaria de Saúde, sob o regime de contratação por tempo determinado, para suprir necessidade temporária de Agentes Comunitários de Saúde-ACS do Município de Campos do Brito/SE. 4. O Município de Campo de Brito/SE não certificou que o processo seletivo para os Servidores temporários seria suficiente para a referida dispensa prevista no parágrafo único do art. 2º da EC 51/06. Além disso, a própria Administração Municipal ressalta que a seleção não atendeu aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. 5. Ademais, não se comprovou que a efetivação dos Servidores Temporários respeitaria os limites de gasto dos recursos orçamentários, nos termos do art. 169 da CF e LC 82/95. Para que se legitimasse o pedido do writ, seria imprescindível a comprovação da disponibilidade orçamentária, a ser empregada nos programas sociais destinados à área da Saúde, como especifica o art. 2º, caput, in fine da EC 51/06. 6. Recurso Ordinário desprovido. Prejudicada a análise da Medida Cautelar. (RMS 26.408/SE, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, QUINTA TURMA, julgado em 29/05/2008, DJe 23/06/2008) Nessa mesma linha: P ar a co nf er ir o or ig in al , a ce ss e o si te h ttp s: //w w w 2. tja l.j us .b r/ pa st ad ig ita l/p g/ ab rir C on fe re nc ia D oc um en to .d o, in fo rm e o pr oc es so 0 72 19 70 -6 4. 20 12 .8 .0 2. 00 01 e c ód ig o 45 34 C 9C . E st e do cu m en to é c óp ia d o or ig in al , a ss in ad o di gi ta lm en te p or F E R N A N D O S E R G IO T E N O R IO D E A M O R IM e w w w 2. tja l.j us .b r, p ro to co la do e m 0 1/ 07 /2 02 0 às 1 7: 01 , so b o nú m er o W M A C 20 70 13 41 69 6 . fls. 574 MUNICÍPIO DE MACEIÓ PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO PROCURADORIA JUDICIAL 15 APELAÇÃO CÍVEL - MANDADO DE SEGURANÇA - AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE - MUNICÍPIO DE MATIAS BARBOSA - CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA ANTERIOR À VIGÊNCIA DA LEI 11.350/2006 - PRÉVIA SUBMISSÃO E APROVAÇÃO EM PROCESSO SELETIVO SIMPLIFICADO - DISPENSA - LEGALIDADE - DIREITO LÍQUIDO E CERTO NÃO COMPROVADO - DENEGAÇÃO DA ORDEM. Para fins de mandado de segurança, compete ao impetrante demonstrar o seu direito líquido e certo e a ilegalidade ou o abuso de poder praticado por autoridade coatora ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. Se do exame da inicial não se extrai a existência de direito líquido e certo a ser tutelado, impõe-se a denegação da ordem. Aos Agentes Comunitários de Saúde foi assegurada, pela EC nº 51/06, quando investidos na função através de processo seletivo, apenas a permanência neste exercício até o término da contratação, sem a exigência de submissão ao processo seletivo previsto no art. 198 da CF/88, não havendo, portanto, se falar em direito líquido e certo à estabilidade. (TJ-MG - Apelação Cível: AC 10408100029425002 MG; Relator(a): Fernando Caldeira Brant; Julgamento: 05/06/2014; Órgão Julgador: Câmaras Cíveis/5ª CÂMARA CÍVEL; Publicação: 16/06/2014) “SERVIDOR MUNICIPAL. AGENTE DE APOIO À SAÚDE. PROCESSO SELETIVO. Pretensão de agente comunitário de saúde de isentar-se de novo procedimento de seleção pública, sob argumento de que o art. 2º, parágrafo único da Emenda Constitucional 51/2006 lhe assegura este direito. Inadmissibilidade. A norma não assegura estabilidade àqueles que na data de sua promulgação desempenhavam funções de agente comunitário de saúde, mas tão só faculta aos órgãos da Administração a dispensa de novo processo de seleção. Recurso desprovido”. (AC 703.332.5/9 Rel. Des. NOGUEIRA DIEFENTHALER). “Contratação para atender necessidades excepcionais da Administração Pública. Pretensão de declarar a existência de relação jurídica que obrigue à contratação sem aprovação em concurso público. INADMISSIBILIDADE. Contrato precário que não gera estabilidade. P ar a co nf er ir o or ig in al , a ce ss e o si te h ttp s: //w w w 2. tja l.j us .b r/ pa st ad ig ita l/p g/ ab rir C on fe re nc ia D oc um en to .d o, in fo rm e o pr oc es so 0 72 19 70 -6 4. 20 12 .8 .0 2. 00 01 e c ód ig o45 34 C 9C . E st e do cu m en to é c óp ia d o or ig in al , a ss in ad o di gi ta lm en te p or F E R N A N D O S E R G IO T E N O R IO D E A M O R IM e w w w 2. tja l.j us .b r, p ro to co la do e m 0 1/ 07 /2 02 0 às 1 7: 01 , so b o nú m er o W M A C 20 70 13 41 69 6 . fls. 575 MUNICÍPIO DE MACEIÓ PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO PROCURADORIA JUDICIAL 16 Recurso desprovido”. (AC 990.10.361288-4 Rel. Des. Oliveira Santos 6ª Câmara de Direito Público j. 8.11.2010). APELAÇAO CÍVEL - DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO - JURISDIÇAO VOLUNTÁRIA - INTERESSE PÚBLICO - HOMOLOGAÇAO DE ACORDO EXTRAJUDICIAL FIRMADO PELO SINDICATO DOS TRABALHADORES DA SAÚDE DO ESTADO DE SERGIPE E O MUNICÍPIO DE SÃO CRISTÓVAO - EFETIVAÇAO DE SERVIDORES - EMENDA CONSTITUCIONAL 51/2006 - ALTERAÇAO DO ART. 198, DA CONSTITUIÇÃO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL - ATUAÇAO DOS SINDICALIZADOS COMO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE E AGENTE COMUNITÁRIO DE ENDEMIAS - INGRESSO NO SERVIÇO PÚBLICO ATRAVÉS DE VINCULAÇAO PRECÁRIA - ART. 37, INC. IX, DA CARTA CONSTITUCIONAL DE 1988 - AUSÊNCIA DE CONCURSO PÚBLICO - CARGOS EM COMISSAO E CONTRATOS TEMPORÁRIOS - TENTATIVA DE TRANSMUTAÇAO DO CARÁTER PRECÁRIO - IMPOSSIBILIDADE - AFRONTA AOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA MORALIDADE, LEGALIDADE, IMPESSOALIDADE, SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO E INGRESSO NO SERVIÇO PÚBLICO - IMPOSSIBILIDADE DE HOMOLOGAÇAO - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. (TJ-SE - APELAÇAO CÍVEL: AC 2009218153 SE; Relator(a): DES. OSÓRIO DE ARAUJO RAMOS FILHO; Julgamento: 08/02/2011; Órgão Julgador: 2ª.CÂMARA CÍVEL) AGENTE DE COMBATE ÀS ENDEMIAS - Pretensão à efetivação no cargo independentemente de participação em concurso público ou prova seletiva. Emenda Constitucional n. 51/2006. Contrato temporário com prazo determinado Incabível a estabilidade pretendida - O servidor contratado temporariamente para atender necessidade de urgência, não tem direito a investidura no cargo de servidor público, sem se submeter a concurso público, sob pena de afronta ao art. 37 da CF. Sentença de improcedência - Recurso não provido. (TJ-SP - Apelação : APL SP 0009862- 66.2009.8.26.0038; Relator(a): Reinaldo Miluzzi; Julgamento: 30/01/2012; Órgão Julgador: 6ª Câmara de Direito Público; Publicação: 31/01/2012) P ar a co nf er ir o or ig in al , a ce ss e o si te h ttp s: //w w w 2. tja l.j us .b r/ pa st ad ig ita l/p g/ ab rir C on fe re nc ia D oc um en to .d o, in fo rm e o pr oc es so 0 72 19 70 -6 4. 20 12 .8 .0 2. 00 01 e c ód ig o 45 34 C 9C . E st e do cu m en to é c óp ia d o or ig in al , a ss in ad o di gi ta lm en te p or F E R N A N D O S E R G IO T E N O R IO D E A M O R IM e w w w 2. tja l.j us .b r, p ro to co la do e m 0 1/ 07 /2 02 0 às 1 7: 01 , so b o nú m er o W M A C 20 70 13 41 69 6 . fls. 576 MUNICÍPIO DE MACEIÓ PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO PROCURADORIA JUDICIAL 17 Assim sendo, a estabilidade pretendida se afigura inadmissível, visto que tal medida violaria o pacto federativo, além dos princípios da legalidade, moralidade administrativa, impessoalidade e da acessibilidade aos cargos públicos. SELEÇÃO PÚBLICA DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE No caso dos autos, os Agentes Comunitários de Saúde participaram, em 1999, de uma seleção pública composta por duas provas: uma entrevista com peso 6 (seis) e um teste escrito com peso 4 (quatro). Diversos vícios escoimam o certame: a) atribuiu-se peso desproporcional a entrevista, que foi composta por questões sem objetividade (afronta à impessoalidade); b) não foi divulgado o resultado das notas obtidas pelos candidatos (afrontas à moralidade e à publicidade); c) não havia especificação de nota mínima para classificação (afronta ao princípio da eficiência). Não bastasse isso, os trabalhadores tiveram os vínculos rompidos com o Município de Maceió, e foram contratados por OSCIPS, terceirizando-se o serviço. Após mais de 02 (dois) anos – diversos anos, diga-se de passagem – ajuizaram Reclamação Plúrima com o fito de efetivação no serviço público, sendo que deixaram, como mencionado, de prestar serviços à Edilidade por mais de dois anos, o que fulmina qualquer pretensão pela prescrição bienal. Apesar de tudo o quanto relatado, os autores obtiveram êxito na supracitada Demanda Plúrima, de número 0000144-42.2010.5.19.0010, com trâmite perante a 10ª Vara do Trabalho desta Capital. Foi interposto Recurso Ordinário pela Procuradoria Judicial Trabalhista-Previdenciária. Houve parecer pelo provimento do Recurso por parte do Ministério Público do Trabalho, que alertou acerca da ilegalidade/imoralidade da efetivação dos Agentes. Liminarmente, os auotes obtiveram provimento cautelar (que foi confirmado na sentença do processo principal) para que a Municipalidade mantivesse as parcerias firmadas com as OSCIPs que compunham o polo passivo, garantindo-se a manutenção da prestação dos serviços. P ar a co nf er ir o or ig in al , a ce ss e o si te h ttp s: //w w w 2. tja l.j us .b r/ pa st ad ig ita l/p g/ ab rir C on fe re nc ia D oc um en to .d o, in fo rm e o pr oc es so 0 72 19 70 -6 4. 20 12 .8 .0 2. 00 01 e c ód ig o 45 34 C 9C . E st e do cu m en to é c óp ia d o or ig in al , a ss in ad o di gi ta lm en te p or F E R N A N D O S E R G IO T E N O R IO D E A M O R IM e w w w 2. tja l.j us .b r, p ro to co la do e m 0 1/ 07 /2 02 0 às 1 7: 01 , so b o nú m er o W M A C 20 70 13 41 69 6 . fls. 577 MUNICÍPIO DE MACEIÓ PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO PROCURADORIA JUDICIAL 18 Como se depreende, inexistiu ordem de efetivação dos autores/apelantes. Mesmo assim, anteriormente ao trânsito em julgado, muitos considerados efetivos no serviço público, tendo inclusive migrado para regime estatutário. Não se pode afirmar que houve o preenchimento dos requisitos da Emenda Constitucional nº 51/2006, diante da inexistência de seleção pública recente em que os recorrentes houvessem sido aprovados, da nulidade do certame de que participaram no ano de 1999 e do rompimento dos vínculos com o Município de Maceió e contratação direta por OSCIPS, sem prestação direta ao Poder Público. Segundo o parágrafo único do artigo 2º da Emenda, os profissionais que, na data de promulgação desta Emenda e a qualquer título, desempenharem as atividades de agente comunitário de saúde ou de agente de combate às endemias, na forma da lei, ficam dispensados de se submeter ao processo seletivo público a que se refere o § 4º do art. 198 da Constituição Federal, desde que tenham sido contratados a partir de anterior processo de Seleção Pública efetuado por órgãos ou entes da administração direta ou indireta de Estado, Distrito Federal ou Município ou por outras instituições com a efetiva supervisão e autorização da administração direta dos entes da federação. Não houve, assim, o mínimo cumprimento às condicionantes estabelecidas pelo Poder Constituinte Derivado Reformador. Não se trata de invalidar a seleção pública realizada em 1999, mas apenas de reconhecer que não preencheu os requisitos estabelecidos em lei e aos princípios e regras constitucionais que regem a matéria. Neste sentido, o artigo 37, I e II, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é categórico ao prescrever o que se segue: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)P ar a co nf er ir o or ig in al , a ce ss e o si te h ttp s: //w w w 2. tja l.j us .b r/ pa st ad ig ita l/p g/ ab rir C on fe re nc ia D oc um en to .d o, in fo rm e o pr oc es so 0 72 19 70 -6 4. 20 12 .8 .0 2. 00 01 e c ód ig o 45 34 C 9C . E st e do cu m en to é c óp ia d o or ig in al , a ss in ad o di gi ta lm en te p or F E R N A N D O S E R G IO T E N O R IO D E A M O R IM e w w w 2. tja l.j us .b r, p ro to co la do e m 0 1/ 07 /2 02 0 às 1 7: 01 , so b o nú m er o W M A C 20 70 13 41 69 6 . fls. 578 MUNICÍPIO DE MACEIÓ PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO PROCURADORIA JUDICIAL 19 I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Importante ressaltar que o artigo 198 da Constituição de 1988, em seu parágrafo 4º (inserido pela E.C. 51/2006), ao exigir “processo seletivo público” para a contratação de agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias, deve ser interpretado conjuntamente com os dispositivos do artigo 37. Tal processo seletivo não é nada mais que um concurso público simplificado, com obrigatória obediência aos princípios elencados pela Lei Maior. O próprio Ministério Público do Trabalho entendeu, nos autos do Inquérito Civil nº 187/2000, que o certame realizado em 1999 para a admissão de Agentes Comunitários de Saúde e Agentes Comunitários de Endemias não preenchia os requisitos legais, até mesmo porque o mesmo fora realizado para contratação temporária de excepcional interesse público, ou seja, contratação tipicamente precária, e que não poderia ser convolada em contratação a título permanente. No “concurso” em análise, houve etapa chamada “entrevista”, cujo peso (peso 6) foi substancialmente superior ao do teste escrito (peso 4). Inserir entrevista em um concurso público é ferir de morte o princípio da impessoalidade, até mesmo diante do caráter eminentemente subjetivo atribuído aos questionamentos realizados, que dão margem a enorme arbitrariedade. O princípio da impessoalidade guarda estreita relação com a moralidade, e com a publicidade (também ofendidas no concurso). Segundo a melhor doutrina, o objetivo maior da norma é: P ar a co nf er ir o or ig in al , a ce ss e o si te h ttp s: //w w w 2. tja l.j us .b r/ pa st ad ig ita l/p g/ ab rir C on fe re nc ia D oc um en to .d o, in fo rm e o pr oc es so 0 72 19 70 -6 4. 20 12 .8 .0 2. 00 01 e c ód ig o 45 34 C 9C . E st e do cu m en to é c óp ia d o or ig in al , a ss in ad o di gi ta lm en te p or F E R N A N D O S E R G IO T E N O R IO D E A M O R IM e w w w 2. tja l.j us .b r, p ro to co la do e m 0 1/ 07 /2 02 0 às 1 7: 01 , so b o nú m er o W M A C 20 70 13 41 69 6 . fls. 579 MUNICÍPIO DE MACEIÓ PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO PROCURADORIA JUDICIAL 20 Impedir que fatores pessoais, subjetivos, sejam os verdadeiros móveis e fins das atividades administrativas. Com o princípio da impessoalidade a Constituição visa obstaculizar atuações geradas por antipatias, simpatias, objetivos de vingança, represálias, nepotismo, favorecimentos diversos, muito comuns em licitações, concursos públicos, exercício do poder de polícia. Busca, desse modo, que predomine o sentido de função, isto é, a idéia de que os poderes atribuídos finalizam-se ao interesse de toda a coletividade, portanto a resultados desconectados de razões pessoais. Em situações que dizem respeito a interesses coletivos ou difusos, a impessoalidade significa a exigência de ponderação equilibrada de todos os interesses envolvidos, para que não se editem decisões movidas por preconceitos ou radicalismos de qualquer tipo.2 O atentado à ampla acessibilidade dos cargos, à transparência e à competitividade é patente. A não divulgação das notas obtidas pelos candidatos inquina a seleção de ilegalidade e inconstitucionalidade. Repita-se, à exaustão, que não houve sequer a divulgação das notas obtidas pelos candidatos nas provas objetivas! O princípio da publicidade, assim, não restou atendido, já que o mesmo exige que haja: Uma atividade administrativa transparente e visível aos olhos do cidadão, a fim de que o administrado tome conhecimento dos comportamentos administrativos do Estado. Assim, todos os atos da Administração Pública devem ser públicos, de conhecimento geral. (...) O princípio constitucional da publicidade reveste-se de uma lógica singular na Administração Pública, na medida em que a atividade administrativa tem como núcleo fundamental a gestão dos interesses da coletividade. Assim, o gestor público terá que atuar com a mais absoluta clareza e nitidez, fazendo publicar em órgãos oficiais de imprensa e, se possível, em sites de internet do órgão administrativo, todos os atos com os quais desempenha a sua função de cuidar e zelar da coisa pública, que obviamente, não lhe pertence.3 Mais uma vez, observa-se que o concurso de 1999 não foi consentâneo com a ordem jurídica, sendo um verdadeiro exemplo de ilegalidade e inconstitucionalidade. 2 MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. 13ª Ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009, p. 128/129. 3 CUNHA JÚNIOR. Dirley da. Curso de Direito Administrativo. 11ª Ed. Salvador: Juspodivm, 2012, 44. P ar a co nf er ir o or ig in al , a ce ss e o si te h ttp s: //w w w 2. tja l.j us .b r/ pa st ad ig ita l/p g/ ab rir C on fe re nc ia D oc um en to .d o, in fo rm e o pr oc es so 0 72 19 70 -6 4. 20 12 .8 .0 2. 00 01 e c ód ig o 45 34 C 9C . E st e do cu m en to é c óp ia d o or ig in al , a ss in ad o di gi ta lm en te p or F E R N A N D O S E R G IO T E N O R IO D E A M O R IM e w w w 2. tja l.j us .b r, p ro to co la do e m 0 1/ 07 /2 02 0 às 1 7: 01 , so b o nú m er o W M A C 20 70 13 41 69 6 . fls. 580 MUNICÍPIO DE MACEIÓ PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO PROCURADORIA JUDICIAL 21 Corolário lógico de tudo o que foi afirmado acima, é o de que o certame não selecionou os candidatos mais aptos para o desenvolvimento das funções, atentando, também, contra o princípio constitucional da eficiência. Segundo o saudoso Diógenes Gasparini, as atividades administrativas devem ser realizadas com rapidez, perfeição e rendimento (GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 7ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 19). Por fim, o princípio da moralidade restou desobedecido. Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, haverá ofensa ao princípio da moralidade “sempre que em matéria administrativa se verificar que o comportamento da Administração Pública ou do administrado que com ela se relaciona juridicamente, embora em consonância com a lei, ofende a moral, os bons costumes, as regras da boa administração, os princípios de justiça e de equidade, ou a idéia comum de honestidade” (DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 16ª Ed. São Paulo: Atlas, 2003, p. 79). O concurso público ofendeu a isonomia e a moralidade, já que a inexistência de nota mínima permitiria a seleção de candidatos que tirassem até mesmo a nota zero! A imoralidade salta aos olhos. Não há justificativapara a quebra de isonomia. Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello: [t]em-se que investigar, de um lado, aquilo que é adotado como critério discriminatório; de outro, cumpre verificar se há justificativa racional, isto é, fundamento lógico, para, à vista do traço desigualador específicos, atribuir o específico tratamento jurídico construído em função da desigualdade proclamada. Finalmente, impende analisar se a correlação ou fundamento racional abstratamente existente é, in concreto, afinado com os valores prestigiados no sistema normativo constitucional.4 4 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. O Conteúdo Jurídico do Princípio da Igualdade. 3ª Ed. São Paulo: Malheiros, 2010, p. 21/22. P ar a co nf er ir o or ig in al , a ce ss e o si te h ttp s: //w w w 2. tja l.j us .b r/ pa st ad ig ita l/p g/ ab rir C on fe re nc ia D oc um en to .d o, in fo rm e o pr oc es so 0 72 19 70 -6 4. 20 12 .8 .0 2. 00 01 e c ód ig o 45 34 C 9C . E st e do cu m en to é c óp ia d o or ig in al , a ss in ad o di gi ta lm en te p or F E R N A N D O S E R G IO T E N O R IO D E A M O R IM e w w w 2. tja l.j us .b r, p ro to co la do e m 0 1/ 07 /2 02 0 às 1 7: 01 , so b o nú m er o W M A C 20 70 13 41 69 6 . fls. 581 MUNICÍPIO DE MACEIÓ PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO PROCURADORIA JUDICIAL 22 É impossível justificar a ofensa às normas-princípio acima apontadas. O que verdadeiramente ocorreu foi uma burla à exigência constitucional do concurso público, em dissonância com o artigo 37, II, da CRFB/88. Qual o papel da atual gestão da Administração Pública, no caso em apreço? Anular o ato eivado de vícios, qual seja, a efetivação ex officio dos Agentes Comunitários de Saúde. É certo que a Administração Pública pode anular seus próprios atos quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial (Súmula 473, do Supremo Tribunal Federal), e também é inegável que se trata de um dever-poder da Administração de restaurar a legalidade rompida. Por isso é que Hely Lopes Meirelles sempre sustentou que: [a] administração, como instituição destinada a realizar o Direito e a propiciar o bem comum, não pode agir fora das normas jurídicas e da moral administrativa, nem relegar os fins sociais a que sua ação se dirige. Se, por erro, culpa, dolo ou interesses escusos de seus agentes, a atividade do Poder Público desgarra-se da lei, divorcia-se da moral ou desvia-se do bem comum, é dever da Administração invalidar, espontaneamente ou mediante provocação, o próprio ato, contrário à sua finalidade, por inoportuno, inconveniente, imoral ou ilegal.5 Diante do exposto, é visível a insustentabilidade da ilegal e inconstitucional situação em apreço. Qualquer dos pleitos formulados pelos autores/apelantes tem como antecedente lógico necessário um provimento originário válido, o que inexiste. E, para finalizar, cabe mencionar que a própria lei infraconstitucional que regulamentou a Emenda Constitucional nº 51, Lei nº 11.350/2006, restou inadimplida.: Art. 9º. A contratação de Agentes Comunitários de Saúde e de Agentes de Combate às Endemias deverá ser precedida de processo seletivo público 5 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo: Malheiros, p. 194. P ar a co nf er ir o or ig in al , a ce ss e o si te h ttp s: //w w w 2. tja l.j us .b r/ pa st ad ig ita l/p g/ ab rir C on fe re nc ia D oc um en to .d o, in fo rm e o pr oc es so 0 72 19 70 -6 4. 20 12 .8 .0 2. 00 01 e c ód ig o 45 34 C 9C . E st e do cu m en to é c óp ia d o or ig in al , a ss in ad o di gi ta lm en te p or F E R N A N D O S E R G IO T E N O R IO D E A M O R IM e w w w 2. tja l.j us .b r, p ro to co la do e m 0 1/ 07 /2 02 0 às 1 7: 01 , so b o nú m er o W M A C 20 70 13 41 69 6 . fls. 582 MUNICÍPIO DE MACEIÓ PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO PROCURADORIA JUDICIAL 23 de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para o exercício das atividades, que atenda aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Pensar diferentemente é atuar ao arrepio da lei, da doutrina e da jurisprudência. Repita-se, como bem decidiu o juízo, inexiste direito subjetivo à nomeação dos autores/apelantes, uma vez que o texto constitucional apenas e tão somente tutela a contratação dos agentes públicos, mas não confere a quem eventualmente estivesse ocupando a função um direito subjetivo a essa contratação Diante do exposto, considerando os fundamentos de fato e de direito acima elencados, requer o Município de Maceió: a) seja julgado improcedente o recurso de apelação interposto, uma vez que não se configurou nenhuma omissão, contradição, obscuridade ou erro material na sentença de primeiro grau, devendo esta ser mantida em seu inteiro teor. Termos em que pede deferimento. Maceió, AL, 29 de junho de 2020. FERNANDO SÉRGIO TENÓRIO DE AMORIM Procurador do Município de Maceió OAB/AL 4.617 P ar a co nf er ir o or ig in al , a ce ss e o si te h ttp s: //w w w 2. tja l.j us .b r/ pa st ad ig ita l/p g/ ab rir C on fe re nc ia D oc um en to .d o, in fo rm e o pr oc es so 0 72 19 70 -6 4. 20 12 .8 .0 2. 00 01 e c ód ig o 45 34 C 9C . E st e do cu m en to é c óp ia d o or ig in al , a ss in ad o di gi ta lm en te p or F E R N A N D O S E R G IO T E N O R IO D E A M O R IM e w w w 2. tja l.j us .b r, p ro to co la do e m 0 1/ 07 /2 02 0 às 1 7: 01 , so b o nú m er o W M A C 20 70 13 41 69 6 . fls. 583
Compartilhar