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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE MATEMÁTICA E ESTATÍSTICA Cálculo e Geometria Anaĺıtica I - A (Notas de aula - Integral 1) 1Agradecimentos: Texto adaptado do Prof. Jairo Krás Mengue, Copyright c© 2015 1 Integrais 1.1 Primitiva ou antiderivada Dizemos que F (x) é uma primitiva de f(x) em um intervalo I se F ′(x) = f(x) para todo x ∈ I. Exemplo 1 - I- F (x) = x2 é uma primitiva de f(x) = 2x F (x) = sen(x) é uma primitiva de f(x) = cos(x) F (x) = −cos(x) é uma primitiva de f(x) = sen(x) F (x) = ln(x) é uma primitiva de f(x) = 1/x em I = (0,+∞) F (x) = ln(−x) é uma primitiva de f(x) = 1/x em I = (−∞, 0). II - Mostre que F (x) = x ln(x)− x é uma primitiva de f(x) = ln(x) no intervalo I = (0,+∞). Solução: Como F ′(x) = [ln(x) + x( 1x)]− 1 = ln(x), conclúımos o desejado. III- Determine 3 primitivas de f(x) = 3x2 Solução: F (x) = x3 H(x) = x3 + 7 G(x) = x3 − π. Teorema 2 Se F (x) é uma primitiva de f em um intervalo I então: - Para qualquer constante C, F (x) + C é uma primitiva de f(x) em I. - Qualquer primitiva de f(x) em I pode ser expressa na forma F (x) + C para alguma constante C. 2 A integral indefinida Se F ′(x) = f(x), escrevemos ∫ f(x) dx = F (x) + C. O lado esquerdo é lido como a integral indefinida de f e o lado direito representa todas as posśıveis primitivas de f , considerando que a letra C representa uma constante indefinida. Exemplo 3 -∫ x dx = x 2 2 + C∫ x2 dx = x 3 3 + C∫ x3 dx = x 4 4 + C∫ ex dx = ex + C∫ sen(x) dx = −cos(x) + C 2 Exemplo 4 Tabela de integrais∫ xn dx = x n+1 n+1 + C, n 6= −1 ∫ 1 x dx = ln(x) + C, x > 0 ∫ cos(x) dx = sen(x) + C ∫ sen(x) dx = −cos(x) + C ∫ ex dx = ex + C ∫ ln(x) dx = x ln(x)− x+ C Proposição 5 ∫ f(x) + g(x) dx = ∫ f(x) dx+ ∫ g(x) dx. Se k é uma constante ∫ k · f(x) dx = k ∫ f(x) dx. Exemplo 6 a : ∫ x2 − 5ex dx = ∫ x2 dx− 5 ∫ ex dx = x3 3 − 5ex + C b : ∫ 2sen(x)− 3cos(x) dx = 2 ∫ sen(x) dx− 3 ∫ cos(x) dx = 2(−cos(x))− 3(sen(x)) + C = −2cos(x)− 3sen(x) + C c : ∫ ln(x)− ex dx = ∫ ln(x) dx− ∫ ex dx = x ln(x)− x− ex + C. 3 Integração via substituição Note que pela regra da cadeia, d dx f(u(x)) = f ′(u(x)) · u′(x) portanto f(u(x)) é uma primitiva de f ′(u(x)) · u′(x). Assim escrevemos∫ f ′(u(x)) · u′(x) dx = f(u(x)) + C. Acima, se denotarmos u′(x) dx simplesmente por du (note que u′(x) = dudx) e omitirmos a variável x temos a expressão. ∫ f ′(u) du = f(u) + C. Exemplo 7 ∫ cos(x2 + 5) · 2x dx =? Escrevendo u = x2 + 5 temos du = u′(x) dx = 2x dx. Como∫ cos(u) du = sen(u) + C e u = x2 + 5 obtemos ∫ cos(x2 + 5) · 2x dx = sen(x2 + 5) + C. 3 Exemplo 8 Calcule ∫ esen(x)cos(x) dx: Escrevendo u = sen(x) temos du = cos(x) dx.∫ eu du = eu + C Portanto ∫ esen(x)cos(x) dx = esen(x) + C. Calcule ∫ (ex − 3)5ex dx: Escrevendo u = ex − 3 temos du = ex dx. ∫ u5 du = u6 6 + C então ∫ (ex − 3)5ex dx = (e x − 3)6 6 + C 4 A integral definida Dada uma função cont́ınua f ≥ 0 sobre um intervalo [a, b], por ∫ b a f(x) dx denotamos a medida da área abaixo do gráfico de f e acima do intervalo [a, b] no eixo x. Exemplo 9 ∫ 4 0 x dx =? Devemos calcular a área de um triângulo: A = b · h 2 = 4 · 4 2 = 8. Então ∫ 4 0 x dx = 8. 4 ∫ 3 2 2x dx =? Devemos calcular a área de um trapézio: A = (b+B)h 2 = (4 + 6)1 2 = 5. Então ∫ 3 2 2x dx = 5. Como calcular a área se a região não é uma figura elementar? Dada f ≥ 0 em [a, b], para cada N = 1, 2, 3, ... dividimos [a, b] em N intervalos de mesmo comprimento ∆x = b−aN cujos extremos são x0 = a, x1 = a+ ∆x, x2 = x1 + ∆x, ..., xN = b. Constrúımos em seguida N retângulos, cujas bases são os intervalos [x0, x1], [x1, x2], ..., [xN−1, xN ] e as alturas respectivas são f(x0), f(x1), ..., f(xN−1). Abaixo apresentamos uma figura para o caso N = 8: 5 É natural esperarmos que a soma das áreas dos retângulos resulte em um número próximo da área sob o gráfico de f e que o erro seja pequeno se o número de retângulos N for muito grande. Se f ≥ 0 for cont́ınua sobre [a, b] então existe o limite lim N→∞ [f(x0)∆x+ f(x1)∆x+ ...+ f(xN−1)∆x] = lim N→∞ N−1∑ n=0 f(xn)∆x. Neste caso definimos ∫ b a f(x) dx = lim N→∞ N−1∑ n=0 f(xn)∆x. Área Ĺıquida: Se f não for positiva, a expressão ∫ b a f(x) dx representará uma área com sinal. A área de uma região entre o gráfico de f e o eixo x será multiplicada por (−1) no cálculo de ∫ b a f(x) dx, se o gráfico estiver abaixo do eixo x. Exemplo 10 ∫ 2π 0 sen(x) dx = 0 Exemplo 11 ∫ 1 −2 x+ 1 dx =? No intervalo [−2,−1] o gráfico de f fica abaixo do eixo x e no intervalo [−1, 1] o gráfico de f fica acima do eixo x. Temos ∫ 1 −2 x+ 1 dx = (−1)(1/2) + (4/2) = (3/2). ∫ 2 0 −2x+ 1 dx =? No intervalo [0, 1/2] o gráfico de f fica acima do eixo x e no intervalo [1/2, 2] o gráfico fica abaixo do eixo x. Temos ∫ 2 0 −2x+ 1 dx = 1 · 1/2 2 − (3/2) · 3 2 = −2 6 Propriedades: 1. ∫ a b f(x) dx = − ∫ b a f(x) dx (convenção) 2. ∫ a a f(x) dx = 0 (convenção) 3. ∫ b a k · f(x) dx = k ∫ b a f(x) dx, k constante 4. ∫ b a (f(x) + g(x)) dx = ∫ b a f(x) dx+ ∫ b a g(x) dx 5 Teorema Fundamental do Cálculo Teorema 12 (Teorema Fundamental do Cálculo (Parte II)) - Se f é cont́ınua em [a, b] e F é uma primitiva de f em [a, b] então∫ b a f(x) dx = F (b)− F (a). Notação: F (x)|ba = F (b)− F (a). Exemplo 13 ∫ 4 0 x dx =? ∫ 4 0 x dx = x2 2 ∣∣∣∣4 0 = 42 2 − 0 2 2 = 8. 7 ∫ 3 2 2x dx =? ∫ 3 2 2x dx = x2 ∣∣3 2 = 32 − 22 = 5. ∫ 1 0 x2 dx = x3 3 ∣∣∣∣1 0 = 13 3 − 0 3 3 = 1 3 . ∫ 1 0 ex dx = ex|10 = e 1 − e0 = e− 1 ≈ 1, 718. Exemplo 14 ∫ 2 1 1 x dx = ln(x)|21 = ln(2)− ln(1) = ln(2). 8 ∫ 5 1 1 x dx = ln(x)|51 = ln(5)− ln(1) = ln(5). Em geral para qualquer valor de b > 0 temos ∫ b 1 1 x dx = ln(x)|b1 = ln(b)− ln(1) = ln(b). Se considerarmos uma nova função F (x) que para cada x associa o valor de ∫ x 1 1 t dt, então F (x) = ln(x). Note que F (x) é uma primitiva de f(x) = 1x Exemplo 15 Dada a função f(x) = cos(x), usando a variável t e escrevendo f(t) = cos(t) temos F (x) = ∫ x 0 cos(t) dt = sen(t)|x0 = sen(x)− sen(0) = sen(x). Note que F (x) = sen(x) é uma primitiva de f(x) = cos(x). Além disso, se trocarmos 0 por π/2 temos G(x) = ∫ x π/2 cos(t) dt = sen(t)|xπ/2 = sen(x)− sen(π/2) = sen(x)− 1. Note que G(x) = sen(x)− 1 é outra primitiva de f(x) = cos(x). Teorema 16 (Teorema Fundamental do Cálculo (Parte I)) - Se f é cont́ınua em [a, b] então F (x) = ∫ x a f(t) dt é diferenciável em [a, b] e dFdx = f(x). Definição 17 Considere uma função cont́ınua f em [a, b] com primitiva F . O valor médio de f em [a, b] é dado por M(f) = 1 b− a ∫ b a f(x) dx = F (b)− F (a) b− a . Exemplo 18 - O valor médio de f(x) = ex no intervalo [1, 3] é dado por M = 1 3− 1 ∫ 3 1 ex dx = 1 2 ex|31 = e3 − e1 2 ≈ 8, 68. O valor médio de f(x) = 1x + 2x no intervalo [1, 4] é dado por M = 1 4− 1 ∫ 4 1 1 x + 2x dx = 1 3 (ln(x) + x2) ∣∣4 1 = ln(4) + 15 3 ≈ 5, 46. 9 6 Substituição em integrais definidas Sabemos pela regra da cadeia que F (u(x)) é uma primitiva de F ′(u(x))u′(x). Se denotarmos F ′(x) por f(x) então ∫ f(u(x))u′(x) dx = F (u(x)) + C. Em integrais definidas, pelo TFC∫ b a f(u(x))u′(x) dx = F (u(x))|x=bx=a = F (u(b))− F (u(a)). Acima, no lado direito escrevemos F (u(b))− F (u(a)) = F (u)|u=u(b)u=u(a) que pelo TFC é o resultado de ∫ u(b) u(a) f(u)du. Assim ∫ b a f(u(x))u′(x) dx = F (u)|u=u(b)u=u(a) = ∫ u(b) u(a) f(u)du. Exemplo 19 -∫ π/2 0 (sen(x)) 2 · cos(x) dx =? Escrevendo u = sen(x) obtemos du = cos(x) dx. Além disso, u(0) = sen(0) = 0 e u(π/2) = sen(π/2) = 1. Então ∫ π/2 0 (sen(x))2 · cos(x) dx = ∫ u(π/2) u(0) u2 du = ∫ 1 0 u2 du = u3 3 ∣∣∣∣u=1 u=0 = 1 3 . ∫ 2 0 4(e x − 9)3(ex) dx =? Escrevendo u = ex − 9 obtemos du = ex dx. Assim∫ 2 0 4(ex − 9)3(ex) dx = ∫ u(2) u(0) 4u3 du = ∫ e2−9 −8 4u3 du = u4 ∣∣u=e2−9 u=−8 = (e 2 − 9)4 − (−8)4. ∫ 4 −1 sen(x 3 + 2) · x2 dx =? Escrevendo u = x3 + 2obtemos du = 3x2 dx. Assim∫ 4 −1 sen(x3 + 2) · x2 dx = ∫ 66 1 sen(u) 1 3 du = −cos(u) 3 ∣∣∣∣u=66 u=1 = −cos(66) + cos(1) 3 . 10 7 Método do Trapézio Dada f cont́ınua em [a, b], para cada N defina h = b−aN e a sequencia de números x0 = a, x1 = a+ h, x2 = a+ 2h, ..., xn−1 = a+ (n− a)h, xn = b. Construa trapézios a partir destes pontos e dos pontos do gráfico associados. Na figura abaixo apresen- tamos o caso N = 4: A soma das áreas dos trapézios aproxima ∫ b a f(x) dx: ∫ b a f(x) dx ≈ h ( f(x0) + f(x1) 2 ) + ...+ h ( f(xn−1) + f(xn) 2 ) = h 2 (f(x0) + 2f(x1) + ...+ 2f(xn−1) + f(xn)) = SN Teorema 20 Se f ′′ for cont́ınua e −M ≤ f ′′(x) ≤M para todo x ∈ [a, b], então −b− a 12 h2M ≤ ∫ b a f(x) dx− SN ≤ b− a 12 h2M. 8 Exerćıcios Q1) Calcule: a) ∫ 4x3 − 3x2 + 8x− 1 dx b) ∫ x3 + x2 − x dx c) ∫ 2x5 + 7x3 − 8 dx d) ∫ ex + 1x − sen(x) dx, x > 0 e) ∫ cos(x) + 3ex − 5x dx, x > 0 f) ∫ e3x − cos(2x) + x g) ∫ 2cos(x)− 1 x2 + 4e4x dx, x > 0 h) ∫ 1 x + 3sen(x) dx, x > 0 11 Q2) Calcule: a) ∫ ecos(x)sen(x) dx b) ∫ e(x 2)x dx c) ∫ e(x 2+4)x dx d) ∫ e(5x 3)x2 dx e) ∫ sen(x4)x3 dx f) ∫ sen(ex)ex dx g) ∫ cos(x5)5x4 dx h) ∫ cos(ex)ex dx i) ∫ 2x x2+3 dx j) ∫ x x2+1 dx k) ∫ cos(x) sen(x) dx, 0 < x < π l) ∫ 1 x−3 dx, x > 3 Q3) Calcule a integral indicada: a) ∫ xcos(x) dx, sabendo que ddx(xsen(x)) = sen(x) + xcos(x) b) ∫ xsen(x) dx, sabendo que ddx(xcos(x)) = cos(x)− xsen(x) c) ∫ xex dx, sabendo que ddx(xe x) = ex + xex d) ∫ x ln(x) dx, x > 0, sabendo que ddx(x 2 ln(x)) = 2x ln(x) + x e) ∫ (2x− 3)ex dx, sabendo que ddx((2x− 3)e x) = 2ex + (2x− 3)ex f) ∫ (x+ 5)e2x dx, sabendo que ddx((x+ 5)e 2x) = e2x + 2(x+ 5)e2x g) ∫ (5x− 7)cos(x) dx, sabendo que ddx((5x− 7)sen(x)) = 5sen(x) + (5x− 7)cos(x) h) ∫ (4x+ 1)sen(x) dx, sabendo que ddx((4x+ 1)cos(x)) = 4cos(x)− (4x+ 1)sen(x) Q4 - Calcule: a) ∫ 1 0 4x dx b) ∫ 3 2 2x+ 3x 2 dx c) ∫ 1 0 e x − 2x dx d) ∫ e 1 1 x dx e) ∫ π 0 cos(x) dx f) ∫ 2π π sen(x) dx g) ∫ 0 −2 1 + 2x dx h) ∫ 2 0 3e x − 2 dx i) ∫ π/2 0 sen(x)− cos(x) dx Q5 -Calcule: a) ∫ 1 0 e 3x+1 dx b) ∫ π 0 cos(2x+ π) dx c) ∫ 2 1 4e (2x+2) dx d) ∫ π π/2 sen(2x− π) dx e) ∫ 1 0 5(3x− 1) 4 dx f) ∫ 3 0 ln(2) dx Q6 - Calcule: a) ∫ 3 1 d dxx 2 dx b) ∫ 2 0 d dx(x 3 − 1) dx c) ∫ 2 1 d dx ln(x) dx d) ddx ∫ x 0 t 3 dt e) ddx ∫ x 1 t 3 dt f) ddx ∫ x π cos(t) dt Q7 - a) Mostre que x ln(x)− x é uma primitiva de ln(x). b) Calcule ∫ e 1 ln(x) dx. Q8) Usando que ddx(xe x) = ex + xex, calcule ∫ 1 0 xe x dx Respostas: 12 Q1 a)x4 − x3 + 4x2 − x+ C b) x44 + x3 3 − x2 2 + C c) x 6 3 + 7x4 4 − 8x+ C d) e x + ln(x) + cos(x) + C e)sen(x) + 3ex − 5 ln(x) + C f) e3x3 − sen(2x) 2 + x2 2 + C g)2sen(x) + 1x + e 4x + C h) ln(x)− 3cos(x) + C. Q2 a) −ecos(x) + C b) e(x 2) 2 + C c) e(x 2+4) 2 + C d) e(5x 3) 15 + C e) −cos(x 4) 4 + C f) −cos(e x) + C g) sen(x5) + C h) sen(ex) + C i) ln(x2 + 3) + C j) ln(x 2+1) 2 + C k) ln(sen(x)) + C, 0 < x < π l) ln(x− 3) + C, x > 3 Q3 a)xsen(x) + cos(x) + C b) −xcos(x) + sen(x) + C c) (x− 1)ex + C d) 2x 2 ln(x)−x2 4 + C, x > 0 e) (2x− 5)ex + C f) (2x+9)e 2x 4 + C g) (5x− 7)sen(x) + 5cos(x) + C h) 4sen(x)− (4x+ 1)cos(x) + C Q4− a)2 b)24 c)e− 2 d)1 e)0 f)− 2 g)− 2 h)3e2 − 7 i)0 Q5 - a) e 4−e 3 b) 0 c) 2e 6 − 2e4 d) 1 e) 11 f) 3 ln(2) Q6− a)8 b)8 c) ln(2) d)x3 e)x3 f)cos(x) Q7 - b)1 Q8 - b) 1 13
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