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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUDO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇAO INTERNA PARA O SUCESSO ORGANIZACIONAL Rafaela Cristina Emiliano Pinheiro Rio de Janeiro, Fevereiro,2010 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUDO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇAO INTERNA PARA O SUCESSO ORGANIZACIONAL Monografia apresentada à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Comunicação Empresarial. . Rio de Janeiro Fevereiro,2010 3 A importância da Comunicação Interna para o sucesso organizacional. Por: Rafaela Pinheiro Grau: Banca examinadora: Prof.º Fernando Lima 4 Dedico este trabalho, a minha mãe por tornar este projeto possível e acima de tudo, pelo amor. . 5 AGRADECIMENTOS Agradeço em primeiro lugar a Deus Agradeço também a minha mãe por ter custeado os meus estudos, tornado este projeto possível. Aos amigos e companheiros de profissão por toda amizade, companheirismo ao longo da minha vida acadêmica. Ao meu namorado que não cansou de me incentivar e dizer que ia dar tudo certo 6 Em pouco tempo, nossos clientes pensarão de nossa empresa o mesmo que nossos funcionários. (Amauri Marchese) 7 RESUMO No Brasil a Comunicação Empresarial inicialmente trouxe mudanças em atividades isoladas que posteriormente consolidaram-se em atividades integradas e estratégicas. Independente do tamanho de uma organização, pequena,média ou grande, um bom relacionamento com os colaboradores assume hoje um diferencial competitivo, sendo considerado extremamente importante para o sucesso e crescimento de uma empresa. Porém, para isso, é necessário que a organização entenda e esteja disposta a utilizar-se das ferramentas de comunicação interna em prol tanto da empresa quanto dos seus colaboradores. À vista do que se apresenta, o presente trabalho teve como preocupação inicial apresentar detalhadamente os conceitos de comunicação empresarial bem como os de comunicação interna e de suas ferramentas a fim de verificar a relevância da mesma para o sucesso e sobrevivência das organizações. Palavras - Chave: comunicação organizacional; comunicação interna, gestão de pessoas. 8 ABSTRACT In Brazil, Corporate Communications initially brought changes in isolated activities, which later consolidated into integrated activities and strategic. Regardless of the size of an organization, small, medium or large, a good relationship with employees is therefore a competitive advantage and is considered extremely important to the success and growth of a company. But for this, it is necessary that the organization understands and is willing to make use of internal communication tools to promote both the company and its employees. In view of what is presented, this work has been concerned to present in detail the initial concepts of business communication as well as internal communication and the tools to verify the relevance of it to success and survival of organizations. Keywords - Key: organizational communication, internal communication, people management. 9 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................. 10 1. Comunicação Empresarial ........................................................................ 12 1.1 Conceitos de Comunicação Empresarial ................................................ 12 1.2 Breve Histórico da Comunicação Empresarial ........................................ 19 1.2.1 No mundo ......................................................................................... 19 1.2.2 No Brasil ........................................................................................... 23 1.3 Formas de Comunicação Empresarial .................................................... 28 2. Comunicação Interna ................................................................................. 31 2.1 O que é Comunicação interna? .............................................................. 31 2.2 Breve Histórico da Comunicação Interna ................................................ 41 2.3 Ferramentas de Comunicação Integrada (Interna e Externa) ................. 44 3. Alguns casos de sucesso .......................................................................... 52 3.1 Zanzini Móveis: ....................................................................................... 52 3.2 História da Zanzini móveis ...................................................................... 54 3.3 O caso Banco Bradesco ......................................................................... 55 3.3.1 Boletim Sempre em Dia: ...................................................................... 56 3.3.2 Interação: ............................................................................................. 57 3.3.3 Caros Amigo: ....................................................................................... 57 3.3.4 TV Bradesco: ....................................................................................... 57 3.3.5 Intranet: ................................................................................................ 57 3.3.6 DEF em Ação: ...................................................................................... 57 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 59 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ..................................................................... 60 10 INTRODUÇÃO A Comunicação interna é um assunto que tem ocupado bastante atenção das organizações nos ultimos anos devido a importância das atividades de relacionamento desenvolvidas por elas com os seus diversos públicos. Contudo, hoje apesar de termos muitas formas de obter informações e conhecimentos, nem sempre estamos nos comunicando. Existe grande diferença entre comunicação e informação. Numa empresa não é diferente. Pelo senso comum, muitos afirmam que a comunicação é imprescindível não só para o sucesso e crescimento de uma organização como também para o sucesso de qualquer relação interpessoal. Esta é uma constatação óbvia se observarmos o cotidiano como, por exemplo, um namoro para ser bem sucedido precisa de comunicação. Porém, para se entender melhor a relação entre comunicação interna e a organização, mais especificamente, qual a importância de uma comunicação interna planejada para o sucesso organizacional, devemos considerar não só seus aspectos históricos como também os econômicos e sociais. Assim, a fim de entender essa relação o presente trabalho estará estruturado como descrito a seguir: O primeiro capitulo trata de algumas considerações da Comunicação Empresarial.. Primeiramente, háuma reflexão a respeito dos muitos teóricos que abordam sobre o assunto. Num segundo momento, é feita uma breve análise histórica com objetivo de contextualizar as mudanças que a mesma vem sofrendo, desde o seu surgimento. Por fim, abordamos algumas de suas formas e ferramentas. No segundo capitulo há uma reflexão a respeito da Comunicação interna, para um melhor entendimento sobre o assunto. De inicio, antes de contextualizarmos sua origem, foi proposto a conceituação do termo. Após a contextualização histórica, deu-se uma breve análise sobre as ferramentas de Comunicação Integrada associando-as ao sucesso e crescimento das 11 organizações. Por último, realizamos um breve comentário a respeitos dos atuais profissionais da comunicação. No terceiro capitulo apresentamos dois estudos de caso para exemplificar o que foi mencionado nos capítulos anteriores. Na ultima parte, constam as considerações finais em que se verifica se o objetivo foi atingido. 12 1. Comunicação Empresarial 1.1 Conceitos de Comunicação Empresarial Ao pararmos para analisar os autores, teóricos e até mesmo os profissionais que se dedicam ao estudo da Comunicação Empresarial, também chamada por alguns autores de Institucional, Organizacional ou Coorporativa, percebemos que nem todos têm a mesma opinião quanto ao seu conceito e aplicabilidade, contundo, podemos observar que nessa variedade de definições algo essencial se repeti, a preocupação dos teóricos em atribuí-la a um lugar de destaque nas organizações. Foi-se o tempo em que qualquer um da empresa cuidava da comunicação e a mesma essa era vista como, algo dispensável, mais uma despesa. A maioria das instituições já vê a comunicação como uma das áreas mais importantes e estratégicas, responsável por cuidar de seu mais valioso bem: sua imagem.: “a comunicação empresarial deixou de ser uma atividade que as empresas abrem mão quando estão em crise ou com carência de recursos para se firmar como insumo estratégico para idealizar clientes, sensibilizar multiplicadores de opinião ou interagir com a comunidade.” (BUENO, 2002, p.55). Segundo BUENO (2002), essa nova postura, adotada pelas empresas é consequência de um mundo em constante mudança, em que a competitividade ganha cada vez mais espaço, dando aos consumidores maior acesso a informação e poder de escolha. “verdades até então definitivas caíram por terra, leis absolutas foram ignoradas e o mundo virou de ponta-cabeça, encurtando distâncias, acelerando vertiginosamente o ritmo de todos os processos e, por conseqüência, tornando muito mais competitivas as relações sócio-político-econômicas entre os indivíduos, as empresas e as nações” (ARAÚJO, 2007, p.15). 13 Diante desse quadro, a comunicação passou a adquirir um papel relevante dentro da conjuntura empresarial na medida em que serve de elo entre a empresa, seus setores e seus públicos, tanto externo quanto interno mantendo e sustentando os relacionamentos no ambiente organizacional, passando a ser uma poderosa ferramenta para as empresas, pois permite que elas se comuniquem mais e melhor com seus públicos de interesse. Explica o pensador TAVARES (2009). “A comunicação institucional é o conjunto de ações que visa divulgar informações aos públicos de interesse sobre os objetivos, as práticas, as políticas e ações institucionais da organização” (TAVARES, 2009,p.35). Segundo, BUENO (2003), a comunicação empresarial abrange todas as formas de comunicação que as empresas, entidades utilizam para interagir, relacionar-se com seus stekholders1. Não fazendo distinção entre os três termos (Organizacional, Corporativa ou Institucional) utilizando-os como sinônimos. É através dela que a instituição consegue detectar onde está seu público, o que ele pensa, quais são suas preferências, como ele se relaciona, como toma suas decisões de compra, ou seja, ela é mais que um meio para se comunicar com seus públicos de interesse, ela é determinante para que os objetivos empresariais sejam alcançados,uma ferramenta extremamente competitiva que deve ser entendida e conhecida pelas empresas como: "A Comunicação Empresarial (Organizacional, Corporativa ou Institucional) compreende um conjunto complexo de atividades, ações, estratégias, produtos e processos desenvolvidos para criar e manter a imagem de uma empresa ou entidade (sindicato, órgãos governamentais, ONGs2, associações, universidades etc.) junto aos seus públicos de interesse (consumidores, empregados, formadores de opinião, classe política ou empresarial, acionistas, comunidade acadêmica ou financeira, jornalistas etc.) ou junto à opinião pública” (BUENO, 2003 p.40). 1 Parte interessada ou interveniente 2 Organizações Não Governamentais 14 CAHEN (2005) em seu livro Comunicação empresarial - A imagem como patrimônio da empresa e ferramenta de Marketing afirma que “a comunicação empresarial quando levada a sério é uma atividade que pode ser considerada um investimento empresarial e não uma despesa.” (CAHEN,2005,p.25) Na visão do autor, comunicação coorporativa é uma atividade sistêmica e estratégica, ou seja, uma atividade constante, que não deve ser utilizada apenas em momentos de crise ou para apagar incêndios. E é estratégica porque deve ser pensando a longo prazo, influenciando as decisões da empresa. Deve ter como objetivo criar onde não existir ou for neutra, manter onde já existir, ou ainda mudar para favorável, onde for negativa, a imagem da empresa junto aos seus públicos prioritários. Por imagem entende-se tudo que é pensado sobre um empresa. “É o que está na cabeça das pessoas” (NEVES, 2002, p.19). Complementando a visão de CAHEN(2002),TORQUATO(2002) afirma que a comunicação dentro das organizações está dividida em três dimensões de modo estratégico, pois são necessárias que funcionem de maneira harmoniosa. TORQUATO(2002) as define como: a) Comunicação Gerencial: O gerente é a fonte mais expressiva nas organizações. Ele é o pólo emissor e receptor de informação se posicionando como linha intermediária, ou seja, é ele que é responsável pela transmissão de informações tanto de baixo para cima como de cima para baixo. Cabe a ele entender saber escolher as melhores formas e canais de comunicação afim de que a mensagem chegue ao destinatário sem ruídos. Para VIZEU (2005), as dificuldades em não ter uma relação de comunicação distorcida consistem, em problemas na relação gerente- trabalhador, por ser instituída apenas de maneira informacional, acarretando em situações de violência, de mentiras e injustiças. Acarretando deste modo em baixa produção e desmotivação. 15 b) Comunicação Administrativa: A comunicação administrativa abrange todos os conteúdos relativos ao cotidiano da administração, atendendo as áreas centrais de planejamento e as estruturas técnico-normativas, com a finalidade de orientar, atualizar, ordenar e reordenar o fluxo das atividades funcionais. Trata-se do suporte informacional-normativo da organização. E, por se constituir no eixo principal de locomoção do trabalho rotineiro – normas, instruções, portarias, memorandos, cartas técnicas, índices, taxas, acervos técnicos – é o que demanda maior complexidade, transformando-se, por conseguinte, em uma das maiores fontes de problemas e ruídos das organizações. É importante que todos da organização entendam que a comunicação institucional “dá unidade a um conceito de empresa, harmonizando interesses, evitando a fragmentação do sistema, promovendo, internamente, sinergia negocial e, externamente, comportamentos e atividades favoráveis à organização” (TORQUATO, 1996 apud DUARTE, 2009, p. 96). Em contrapartida, outros autores como KUNSCH (2003), TORQUATO (2003) e RIEL (1995) atribuem uma maior amplitudeao termo comunicação organizacional na medida em afirmam que o termo aplica-se a qualquer tipo de organização social (empresa pública ou privada, instituições, entidades sem fins lucrativos, etc.) não se restringindo ao âmbito das empresas. "A comunicação organizacional compreenderia o conceito amplo do conjunto das diferentes modalidades comunicacionais que ocorrem dentro das organizações, a saber: a comunicação institucional, a comunicação mercadológica ou comunicação de marketing, a comunicação interna e a comunicação administrativa." (KUNSCH,1999,p.75) Segundo RIEL (1995) comunicação organizacional é um composto que da forma à organização, ou seja, que informa quem ela é, que faz a ser como é. Assim, engloba um grupo heterogêneo de atividades de comunicação voltados para os públicos com os quais as organizações se 16 relacionam ou depende: marketing coorporativo, propaganda corporativa, relações públicas, comunicação interna , externa, estratégias organizacionais ,enfim. KUNSCH (2003) e TORQUATO (2003) concordam com RIEL (1995) e voltam-se para o estudo da comunicação integrada. Em suas concepções a comunicação coorporativa é bastante abrangente. Abrange as comunicações: institucional, mercadológica, interna e administrativa, que juntas formariam o composto de uma comunicação integrada. Segundo esses autores a mesma compreende todas as modalidades comunicativas de uma corporação, estabelecendo o dialogo da empresa com seus públicos interno e externo. Dessa forma, a comunicação organizacional é capaz de realizar a interação de vários emissores3 e receptores4 ao mesmo tempo. “a comunicação organizacional é a possibilidade sistêmica que integrada, reúne as modalidades de comunicação cultural, administrativa, social e sistemas de informações.” (TORQUATO,2002, p.35). Completando o pensamento, TORQUATO (1986) enfatiza que “a comunicação, enquanto processo, dá vida por meio do encadeamento das partes, à empresa.” (TORQUATO,1996,p.16) Essa é uma proposição nitidamente mecanicista e funcionalista que segue uma grande maioria de estudiosos da área. Para ele, a empresa é dependente direta do sistema comunicativo, sem o qual não pode se desenvolver, nem se organizar, portanto, não pode sobreviver sem que os processos comunicativos estejam articulados. KUNSCH (2003) reconhece que o modelo funcionalista é ainda muito utilizado na comunicação organizacional. Segundo a autora, “Este paradigma considera e avalia a comunicação sob o prisma funcionalista e da eficácia organizacional. Parte da premissa de que o comportamento comunicativo pode ser 3 Aquele que transmite a mensagem 4 Aquele a quem se dirige a mensagem http://pt.wikipedia.org/wiki/Mensagem 17 observável e tangível, medido e padronizado. Preocupa-se com as estruturas formais e informais de comunicação e com as práticas em função dos resultados, deixando de lado as análises dos contextos sociais, políticos, econômicos, tecnológicos e organizacionais” (KUNSCH, 2003, p.72). Contudo, KUNSCH (2003) mesmo propondo uma comunicação integrada conceitua e diferencia as áreas e os responsáveis por elas. Na concepção da autora comunicação institucional e a mercadológica assumem funções distintas. Da comunicação mercadológica, que se ocupa da divulgação publicitária dos produtos ou serviços de uma empresa, se ocupariam os profissionais de marketing. Para ela, “é a área de marketing que deve estabelecer os parâmetros e fornecer os subsídios necessários para toda a criação e organização da comunicação mercadológica” (KUNSCH, id, p. 162). E fundamental essa premissa justificando que a comunicação mercadológica, composta pela propaganda e todos os itens do mix de comunicação e marketing5, deve ser delineada com base em pesquisas de mercado normalmente a cargo dos departamentos de marketing. A comunicação institucional por sua vez, permite que a instituição crie uma imagem crédula, favorável, ou seja, faz com que a empresa tenha um conceito e um posicionamento favorável perante a opinião pública. Quem cuidaria dessa parte seriam os profissionais de relações publicas. "No composto da comunicação organizacional integrada, a comunicação institucional é a responsável direta, por meio da gestão estratégica das relações públicas, pela construção e formatação de uma imagem e identidade corporativas fortes e positivas” (KUNSCH, ibid, p. 164). Já na visão de TORQUATO (2002), as duas modalidades podem ser englobadas sob a denominação de comunicação social na qual ainda fazem parte as áreas de publicidade, relações públicas, jornalismo, editoração, marketing. O autor a define como “a mais desenvolvida, tanto do ponto de 5 Parte do processo de produção e de troca que está relacionado com o fluxo de bens e serviços do produtor ao consumidor http://pt.wikipedia.org/wiki/Produ%C3%A7%C3%A3o 18 vista conceitual quanto dos pontos de vista operacional e tecnológico” (TORQUATO,2002,pg.34). Um pouco mais a fundo o autor afirma que alem das modalidades institucionais e mercadológicas as organizações devem pensar também a comunicação administrativa e interna. Segundo o autor a comunicação interna se desenvolve paralelamente à comunicação administrativa, e “vida proporcionar meios para promover maior integração dentro da organização mediante diálogo, à troca de informações e experiências e a participação de todos os níveis” (TORQUATO,2002,pg.34) Já KUNSCH(2003), defende a idéia de que a Comunicação interna é planejada a fim de facilitar, viabilizar a interação entra a organização e seus colaboradores. Não levando em conta as técnicas de comunicação institucional e até mercadológica. “A comunicação organizacional deve constitui-se num setor estratégico, agregando valores e facilitando os processos interativos, por meio das relações públicas, da organização com seus diferentes públicos, a opinião pública e a sociedade em geral” (KUNSCH, 2003,150). Dentro dessa perspectiva, a comunicação organizacional surge para dar conta da complexidade da comunicação não só das empresas, mas das administrações públicas, instituições sem fins lucrativos, entre outros. Assim, embora com nomenclaturas diferentes, KUNSCH(2003) e TORQUATO (2002) buscam entender o funcionamento da comunicação nas organizações com seus diferentes públicos. Sempre a pensando de uma forma integrada e como uma ferramenta estratégica organizacional. 19 1.2 Breve Histórico da Comunicação Empresarial 1.2.1 No mundo De acordo com pensador REGO(1987) a primeira atividade de Comunicação Empresarial se deu em 202 a.C durante o domínio da China pela Dinastia Han, quando ainda se fabricavam as primeiras folhas de papel. Na época, a comunicação, era feita por meio de cartas. REGO ainda reforça que foram as grandes mudanças sociais, ocorridas na época da Revolução Industrial6, que possibilitaram o surgimento das atividades de comunicação industrial, ou seja, o aparecimento e crescimento das atividades indústrias alem de proporcionar maior concorrência, fizeram com que as relações humanas fossem enfraquecendo, assim para que as relações entre patrões, administradores e funcionários não ficassem distantes foram criados os primeiros meios de comunicação: os jornais e revistas. A partir desse momento a concorrência cada vez mais acirrada proporcionou as organizações uma maior preocupação com a comunicação organizacional, em tornar-las conhecidas, ganhando a preferência do público. “As grandes mudanças sociais ocorridas na Europa em meados do século XVIII até o início do século XX aconteceram durante a Revolução Industrial marcando o aparecimento das atividades de comunicação industrial.” (REGO, 1987, p.17). Diferentemente de REGO (1987), AMARAL (2002), não acredita que a ComunicaçãoEmpresarial tenha surgido, simplesmente, para melhorar as “relações” entre empregados e empregadores afetadas com o crescimento das atividades indústrias. “Não nos parece que foi o crescimento das indústrias, simplesmente, sua maior complexidade organizacional, que motivou a criação de veículos de comunicação dentro das indústrias e empresas, mas, sim a deteriorização entre classes, já que um tinha em suas mãos os meios de produção e manipulava, a seu bel prazer, a força de trabalho da outra” (REGO,1987,p.13) 6 Conjunto de mudanças tecnológicas com profundo impacto no processo produtivo em nível econômico e social. Iniciada na Inglaterra em meados do século XVIII, expandiu-se pelo mundo a partir do século XIX. http://pt.wikipedia.org/wiki/Tecnologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Produ%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociedade http://pt.wikipedia.org/wiki/Inglaterra http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XVIII http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XIX http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XIX 20 Com base nas idéias de AMARAL(2002) o período de gestação e incubação das assessorias de relações públicas e imprensa, datam das últimas décadas do século XIX, resultado de três fatores principais: o espaço conquistado pelos agentes de imprensa, a intensificação das campanhas políticas e a utilização de redatores de publicidade pelo empresariado. Mas a grande base disso tudo, segundo TORQUATO(1987), foi mesmo a Revolução industrial, que tornou a divisão do trabalho mais complexa, devido à crescente especialização de fábricas e equipamentos. Ainda de acordo com AMARAL (2003), existem dois referenciais que podem ser apontados como marco inicial da comunicação empresarial: a de Ivy Lee7 para tornar favorável a imprensa em relação ao desastre da Pennsylvania Railroad 8 (1906) em Gap, Pennsylvania. e a campanha do circo Barnum9, após a Guerra de Secessão10 (1861-1865), para promover seus artistas e espetáculos. Phineas Barnum conseguii promover o circo e o transformou em uma instituição nacional. Ele e meia dúzia de colaboradores promoveram centenas de artistas – equilibristas, ilusionistas, trapezistas, domadores e anões. “A campanha era tão intensa que não dava tempo para ninguém pensar nos brutais métodos de treinamento dos animais a nas rigorosas condições de trabalho de toda a equipe. O sucesso desse grupo de agentes levou ao aparecimento de milhares de publicistas em muitas áreas, inclusive nas dos negócios e da política” (AMARAL, In Duarte, 2003, p. 53). Com a citação acima é possível observar a importância da Comunicação Empresarial mesmo em pequenos “negócio” como o circo. Mostrando que o papel da comunicação não é somente de construção de qualquer imagem desde que a mesma seja favorável, mas sim o de construção de uma verdadeira imagem que seja capas de motivar, fazer com que os colaboradores de identifiquem e somem esforços pra alcançarem os objetivos principais da empresa. 7 Ex-jornalista Norte-Americano 8 Ferrovia Norte-Americana fundada em 1846 9 Circo Norte-Americano 10 Guerra Civil ocorrida nos EUA 21 Diante desses fatos não tem como pensar na História da Comunicação das organizações sem relacioná-la ao surgimento do que chamamos de Relações Públicas, visto que foi a partir destes profissionais que se se iniciou o trabalho de Comunicação Empresarial, ou seja, foi a partir desse momento que as publicações jornalísticas, a serviço das organizações, iniciaram seu trajeto, mais precisamente em 1906, nos Estados Unidos, que datam as primeiras ações de Comunicação Empresarial. O Jornalista Ivy Lee, abandonou a profissão de jornalista e montou o primeiro escritório de Relações Públicas (RP) com objetivo de modificar a má reputação conquistada pelo seu primeiro cliente Rockfelle 11cujo lema era lucro a qualquer preço. O mais odiado de todos os empresários dos Estados Unidos não media esforços para manter o monopólio. “A decisão de Lee foi baseada em um bom motivo, que lhe garantiria fama e história. O objetivo era concentrar esforços para recuperar a credibilidade do empresário John D. Rockfeller, acusado de combater impiedosamente as pequenas e médias organizações. A saga de Rockfeller em busca do lucro a qualquer preço - modelo praticamente inaceitável décadas mais tarde - havia se transformado em uma ameaça à sua reputação.” (AMARAL, In Duarte, 2003, p. 173). Lee ao abandonar a sua profissão e montar o primeiro escritório de Relações Públicas tinha como objetivo além de recuperar/modificar a imagem de Rockfelle conquistar fama e história. Para tal, o jornalista passou a combater a tradicional venda de espaços publicitários e em contrapartida propôs a publicação de notícias empresariais corretas e de interesse e importância para o público. “Este é não é um serviço de Assessoria secreto. Todo o nosso trabalho é feito às claras. Nós pretendemos fazer a divulgação de notícias. Isto não é um gerenciamento de anúncios. Se acharem que o nosso assunto ficaria melhor na seção comercial, não o use. Em resumo, nosso plano é divulgar prontamente, para o bem das empresas e das instituições públicas, com absoluta franqueza, à Assessoria e ao público dos Estados Unidos, informações relativas a assuntos de valor 11 Empresário norte-americano, fundador da primeira companhia petrolífera norte-americana http://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_Unidos_da_Am%C3%A9rica http://pt.wikipedia.org/wiki/Petr%C3%B3leo 22 e de interesse para o público.” (AMARAL, In Duarte, 2003, p.98). Em pouco tempo, Lee não só conseguiu mudar a imagem púbica de seu cliente de "patrão sanguinário'' para benfeitor da humanidade'' com também conseguiu deslanchar na sua carreira. Quando morreu, em 1935, gerenciava as relações públicas de Chrysler.12 AMARAL(2002) ainda afirma que os princípios utilizados na época por Lee são considerados válidos até os dias atuais. O mesmo com a criação da instituição Rockfeller, fundação de interesse público, estrategicamente criada por ele, deu um dos primeiros passo para o surgimento do que as organizações chamam de cidadania corporativa. Caminho, hoje, inevitável em todas as organizações. A partir daí as relações públicas chegaram ao Canadá (1940) e França (1946) e somente na década de 50 em países como Inglaterra, Itália Suécia, Holanda, Noruega, Finlândia e posteriormente Alemanha (1958). E na década de 60 já presenciávamos a adoção da Comunicação Coorporativa por parte de algumas empresas. A General Eletric 13(GE) foi uma das pioneiras. A fim de estimular o pensamento estratégico por parte dos executivos, criava debates entre os mesmos e os intelectuais da época. Segundo MONIQUE AUGRAS, em 1936, nos Estados Unidos, somente seis em cada grupo de 300 empresas tinham serviços de relações públicas, já em 1961, a relação era de 250 em 300 chegando a 100% em 1970. 12 Fabricante americana de automóveis 13 Empresa multinacional de serviços e tecnologia 23 1.2.2 No Brasil De acordo com REGO (1987)“O Brasil conheceu o jornalismo empresarial muito depois de seu aparecimento e expansão nos Estados Unidos e na Europa”. (REGO,1987, p. 26). Segundo o autor, a industrialização tardia e a falta de avanços tecnológicos nas artes gráficas e editoriais atrasaram o desenvolvimento das atividades de relações publicas e consequentemente de Comunicação Organizacional que também surgiu intimamente ligada ao processo de industrialização e a consolidação do capitalismo como sistema econômico dominante. Ele dá o exemplo de que enquanto em 1895 a empresa Hoe, na Filadélfia, fabricava impressoras capazes de imprimir 24 mil exemplares de jornais de 32 páginasem uma hora, a mais avançada tecnologia brasileira ainda imprimia cinco mil exemplares por hora. Embora ainda existam muitas opiniões divergentes de que época datam as primeiras ações de comunicação empresarial no Brasil, o consenso as datam da década de 50, quando milhares de indústrias e agências de publicidade Norte Americanas se instalaram no País em conseqüência do governo da época de Juscelino Kubitschek, cujo lema era “fazer 50 anos em 5”. Contudo foi somente a partir da secunda década, em 1960, que as relações públicas e a comunicação empresarial conquistaram mais espaço no Brasil com a criação da primeira agência Relações Públicas, Brasileira, a AAB. Tal feito se deu pelo primeiro RP Brasileiro, Rolim Valença. De acordo com uma pesquisa aplicada por KUNSCH (1997) tratando- se da necessidade do departamento de comunicação nas empresas,infere- se que 75% dos entrevistados concordaram com a afirmação de que todos os fatores que conduziram o Brasil ao desenvolvimento econômico, nas décadas de 60 e 70, levaram as empresas a perceber a necessidade de estruturar melhor sua comunicação, e de abrir canais de comunicação com seus diferentes públicos. 24 Complementa CHAPARRO (1994), o boom brasileiro ocorreu em 1964 quando as atividades de assessoria de imprensa e relações públicas começaram a ser utilizadas pela iniciativa privada. As mesmas cm necessidade de se comunicar criam internamente áreas especificas de comunicação e deram inicio a produção dos primeiros house organs que inicialmente tinham duas funções: resposta ao conflito nas relações de classe e resposta a administração estrangeira e a maciça entrada de capital estrangeiro no Brasil. Mesmo assim, a comunicação empresarial ainda era algo muito incipiente, tudo se resumia a publicação e veiculação de boletins, revistas e jornais para os empregados. O campo da comunicação organizacional começava seu processo de organização teórica e prática. Segundo, BUENO (2003) é prematuro e até mesmo inconseqüente afirmar que realmente existia uma comunicação empresarial como nos dias atuais. Antes da década de 1970, as atividades de Comunicação desenvolvidas pelas Empresas ou entidades eram absolutamente fragmentadas. Com raras exceções, não havia um departamento ou área que aglutinasse todos os esforços de relacionamento da empresa ou entidade com os seus públicos. Pode-se dizer que a comunicação era, quase sempre, uma atividade residual,exercida muitas vezes por profissionais de outras áreas. Poucas, muito poucas, eram as empresas ou entidades que conferiam às atividades de comunicação um papel importante. (BUENO, 2003, p. 4) No ramo empresarial, as atividades de comunicação empresarial tiveram seu início nas montadoras de veículos automotores e nas fabricas de produtos de higiene, contudo naquela época os profissionais que se aventuraram a levar informações a imprensa enfrentaram os mais diversos preconceitos, discriminação, falta de credibilidade. A imprensa, na época, não publicava notícias de empresas, de economia, mas somente de cultura, literatura, esportes, religião e política. 25 Foi preciso muita paciência, insistência e até mesmo a utilização de meios inescrupulosos, como a troca de favores, compra de repórteres para que finalmente as relações públicas começassem a se desenvolver e com ela a atividade de Assessoria de Imprensa. Porem, esse ínicio marcado por inescrupuloso e incredibilidade, pendurou-se por muito tempo. Tornando cada vez mais difícil a publicação de noticias nos veículos sérios. Segundo AMARAL (2003) foi somente mente a partir de 1978 que as assessorias de imprensa começaram a ganhar credibilidade. A greve dos jornalistas de São Paulo ocasionou demissão em massa nas redações obrigando os mesmos a migrarem para o lado das assessorias. Assim de 1960 a 1990 o Brasil presenciou uma relação dúbia entre jornalistas e organizações. O mesmo interessado cada vez mais nos ganhos matérias deixaram um pouco de lado a ética profissional, dividindo seus dias em dois turnos de trabalho. Era comum na época um jornalista se dividir entra a cobertura de rua e a assessoria culminando com a proibição por parte dos jornais. Os mesmos não aceitariam mais essa relação dúbia. O profissional deveria escolher entre o veículo e a assessoria. Segundo o Jornalista VIANA (2001) a maioria escolheu o jornal os emprego na assessoria, contudo, na prática, de uma forma mais modesta ainda existiam a troca de favores pessoais, as matérias recomendadas entre outras permutas pejorativamente conhecidos como Jabaculê ou Jabá fortemente contestadas por ele. “Pode ser um tanto espantoso, mas as empresas devem ficar longe desse tipo de prática. Regalias aos jornalistas e aos veículos de Comunicação só trazem dividendos negativos. Claro que há quem goste, mas faz parte das exceções, não há regra. Em casos de viagens, brindes e presentes, o importante é estabelecer regras claras e separar a amabilidade e a cortesia da concessão de vantagens pessoais, do comprometimento profissional, e acima de tudo, da cooptação” (VIANA,2001,pg.05) Em 1967, o país já apresentava características sólidas de uma Comunicação Empresaria, já contando com uma associação criada por profissionais do setor: a Aberje, que mais tarde, devido às exigências do 26 mercado e das empresas por ela representadas a mesma passou a se chamar Associação Brasileira de Comunicação Empresarial. A associação, já em sua primeira convenção abordava temas de comunicação interna sendo atualmente considerada uma das maiores referências de Comunicação interna no país. Em 1968 a profissão já estava regulamentada causando conflito e burburinho entre os profissionais de Relações Públicas e Jornalismo. Os primeiros não aceitavam o fato dos Jornalistas assumirem cargos de comunicadores de empresa. . A partir daí a disputa entre jornalistas e profissionais de relações públicas, se acirrou. Duas funções que deveriam se complementar passaram a concorrer por um lugar ao sol, fazendo com que muitos profissionais disputassem cargos de chefias nas empresas. Reggo, comenta que outro atrativo para que ao jornalistas quisessem ocupar cargos nas assessorias, eram os salários bem atrativos pagos pelas mesmas na época. Um ano depois, a profissão de Jornalista também já estava regulamentada. No contexto acadêmico, o pioneirismo coube a Gardêncio TORQUATO que em 1972 defendeu a tese de doutorado “Comunicação na Empresa e o Jornalismo empresarial”. Retomando Chaparro, foi somente no ano de 1985, possibilitado pelo plano de Comunicação Social da empresa RHODIA, que a Comunicação Empresarial passou a ser pensada como uma ferramenta estratégica. Com base nas idéias do autor, a RHODIA foi uma grande propulsora da comunicação empresarial quando contratou o jornalista e relações públicas Walter Nori, que implementou na companhia “um ambicioso plano de comunicação empresarial e institucional, e fez do próprio plano uma peça de divulgação criativamente eficaz: editou-o em forma de manual, e fez do manual um acontecimento de enorme repercussão externa”. (CHAPARRO, 1994, p. 68). Segundo, CHAPARRO (1994), o plano de comunicação da empresa só foi bem sucedido porque os assessores de imprensa estabeleceram um convício profissional ético com os jornalistas das redações. Durante muito 27 tempo os dois profissionais apenas lutavam para mostra e provar a diferença das duas funções, como por exemplo, que a elaboração de um realese, cabia apenas a uma das profissões. Os RP não se conformavam com as ascensões dos jornalistas ao cargo de assessoria. Para os mesmos somente eles tinha capacidade e poderiam ser os formuladores, comandantes da política de Comunicação Empresarial. No entanto, de acordo com BUENO (2003),foi a década de 80 a grande impulsora da Comunicação Empresarial no Brasil – anos que trouxerama “vigência do regime democrático, que exigiu nova postura das organizações”(BUENO,2003,p. 5). Já nos anos de 1990: “A comunicação empresarial passou a ser estratégica para as organizações, o que significa que se vincula estritamente ao negócio, passando, também, a ser comandada por profissionais com uma visão abrangente, seja da comunicação, seja do mercado em que a empresa ou entidade se insere”. (BUENO, 2003, p. 7) Assim a partir desse momento a Comunicação Empresarial passou a ter uma função estratégica, passou a ser vista como um instrumento estratégico capaz de manter uma boa imagem diante dos diversos públicos de uma organização utilizando-se de varias ferramentas e canais, tais como publicações, propaganda, eventos, assessoria, campanhas mercadológicas institucionais, enfim, diversas outros, dos quais as empresas podem investir para conquistar, fidelizar e manter clientes. “Os olhos da sociedade e dos consumidores querem ver o que move a empresa além do lucro. As linguagens da propaganda, relações públicas, jornalismo, atendimento ao consumidor, lobby, agindo de forma conjunta e integrada, devem mostrar a personalidade da empresa para o social em todas as suas ações” (FIGUEIREDO,1995,p.13) Contudo, segundo a pensadora KUNSCH(1997), não bastava apenas cuidar da imagem da organização perante clientes, era também preciso conquistar a lealdade e a confiança do público interno, dos funcionários, 28 colaboradores. Diante desta necessidade, uma nova forma de comunicação surgia. “Pela autenticidade, usando a verdade como princípio; pela rapidez e competência, pelo respeito às diferenças individuais; pela implantação de uma gestão participativa, capaz de propiciar oportunidade para as mudanças culturais necessárias; pela utilização das novas tecnologias; e pelo gerenciamento de pessoal técnico numa simetria entre chefias e subordinados” (KUNSCH,1997,pg.66) Com base nas idéias dos autores, é possível observar que desde que se iniciou no Brasil, o jornalismo empresarial só cresceu, e essa tendência deve continuar, uma vez que de acordo com BUENO (2003) as empresas cada vez mais consideram a comunicação empresarial estratégica para o crescimento do negócio. Para as mesmas a integração das diversas ferramentas da Comunicação empresarial, associada à manutenção de uma imagem positiva e preservação dos interesses dos públicos internos e externos resultam numa poderosa arma empresarial para a conquista de um mercado cada vez mais exigente. “A Comunicação Empresarial é uma verdadeira guerra com muitas frentes de batalha: a frente de batalha voltada para mostrar o que a empresa tem uma relação de respeito coma natureza, visando, sobretudo sua preservação (..); a frente de batalha para manter e conquistar novos consumidores; a frente de batalha da comunicação interna, dirigida para os imensos exércitos de trabalhadores engravatados e de uniformes que constituem os recursos humanos das empresas modernas (...)”.(KUNSCH,1997,pg.267) 1.3 Formas de Comunicação Empresarial Hoje, apesar de termos muitas formas de obter informações e conhecimentos, nem sempre estamos nos comunicando. Existe grande diferença entre comunicação e informação. Muitas informações são produzidas e causam impacto na vida das pessoas, mas nem sempre 29 geram mudanças de atitudes porque não foram divulgadas da forma adequada. Numa empresa não é diferente. Assim, como já mencionado anteriormente no âmbito organizacional, a comunicação empresarial tem com objetivo primordial posicionar a empresa em relação aos seus diversos públicos estratégicos, estabelecendo uma imagem favorável perante os mesmos e aplicando constantemente práticas de motivação do corpo funcional, valorizando a comunicação interna. “Para falar em Comunicação Empresarial, temos que pensar em uma ferramenta ampla, capaz de enviar e receber informações que possam de alguma maneira ajudar a organização.” (RIEL,1995,p.31) Para TORQUATO (2002) a área de comunicação social de uma organização abrange atos públicos, indiretos, unilaterais. Atos que pretende por intermédio de ações de comunicação coletiva ou de massa (revistas, televisão, jornais, rádio) projetar um conceito adequado das organizações diante do seu publico de interesse interno ou externo, ou seja, busca um melhor desenvolvimento das atividades empresarias através do aprimoramento das formas de comunicação e espírito de equipe. Segundo o autor, as empresas precisam saber escolher, entre as varias ferramentas disponíveis, quais são as mais apropriadas para que a comunicação chegue ao seu destinatário sem ruídos. Para alcançar com sucesso esse objetivo TORQUATO (2002) destaca importantes programas de comunicação voltados às seguintes áreas: Jornalismo empresarial; Assessoria de imprensa; Relações públicas; Articulação institucional e relações corporativas e lobby; Marketing cultural e eventos; Publicidade institucional e comercial/industrial; Editoração e identidade visual. “A integração entre esses programas é responsável pelo sucesso e bom andamento das atividades de comunicação empresarial em uma organização.” (TORQUATO,2002,pg15) BAHIA (1995) aprofundando-se um pouco mais divide a comunicação social de uma empresa em duas lacunas: primeira delas é a comunicação interna, objeto de estudo neste trabalho, e a segunda é a comunicação 30 externa.O autor atribui as seguintes definições: Comunicação interna: é a comunicação entre os empresários e suas empresas (funcionários) Já a Comunicação externa é a comunicação dos empresários com a opinião pública, ou seja, a comunicação interna é responsável por fazer funcionar da melhor forma possível as relações entre empresas e empregado, o processo comunicacional de trocas dentro de uma empresa ou instituição, e a comunicação externa abrange as relações entre as empresas e o seu público externo (clientes e opinião pública). Ainda citando BAHIA (1995), o autor afirma que é de extrema importância que a comunicação externa seja bem planejada e realizada com eficiência, selecionando sempre um público prioritário e os meios de comunicação mais adequados para atingi-lo tendo em visto que a mesma tem impacto direto no aumento/diminuição dos lucros da empresa, ou seja, uma comunicação externa eficiente pode impactar positivamente fazendo com que o nível de aceitação por parte do publico – alvo aumente. “Nada adianta uma empresa mandar e-mails informativos para clientes que em sua maioria não utilizam computadores no trabalho. Por esse motivo, a empresa interessada em informar seu publico tem que estuda-lo, para ter condições de cercá-lo de informações sem que mudem seus hábitos.”(BAHIA,1995,p.10) Mesmo diante deste contexto muitas empresas ainda não dão a devida importância, atenção a comunicação interna ora porque os seus administradores desconhecem sua verdadeira função ora pela ânsia de conquistar cada vez mais clientes, é comum que os esforços de comunicação se voltem para esse público. Definido o que é comunicação empresarial, sua trajetória e sua formas, este estudo pode ter continuação partindo para o próximo capitulo, com um aprofundamento maior na área de comunicação interna. 31 2. Comunicação Interna 2.1 O que é Comunicação interna? Para analisarmos as atividades e ações desse setor, é preciso entendermos primeiro, de forma mais consistente o que é comunicação interna, como esta área funciona e o que ela representa para uma empresa, alem de entendermos quais os problemas enfrentados pelo setor e conhecermos os canais de comunicação utilizados para transmitir as mensagens aos seus diversos públicos Segundo GOMES (1997) a palavra Comunicação deriva do latim communis, que tem como significado, ação de tornar comum, participar, relacionar, entender-se e dialogar. Nessa perspectiva, a comunicação é vista como uma importanteferramenta não só para um bom desempenho das organizações como também para garantir o sucesso dos relacionamentos interpessoais, ou seja, conhecendo e aprendendo a melhor forma de utilização das ferramentas da comunicação, uma pessoa, consegue mais facilmente o que deseja, seja dentro ou fora de uma empresa. Assim, no âmbito organizacional, diante da necessidade de transmitir ao publico da casa de forma clara e frequente, o pensamento e ações da empresa, destacando-se as posições que assumem seus dirigentes e a consciência da função social que têm surgiu o que os autores nomeiam de Comunicação Interna. Para Quézia de Alcantara Guimarães Leite, no artigo A importância da Comunicação Interna nas organizações, comunicação interna. “(...) são as interações, os processos de trocas, os relacionamentos dentro de uma empresa ou instituição. Também chamada de Endocomunicação, a Comunicação Interna é responsável por fazer circular as informações, o conhecimento, de forma verticalmente, ou seja, da direção para os níveis subordinados; e horizontalmente, entre os empregados de mesmo nível de subordinação.” 32 Para Andréa Clara Batista, em seu artigo A Revolução da Comunicação Empresarial, para o site Comunicação Empresarial: “Trabalhar a comunicação interna é muito mais que informar funcionários das decisões da diretoria e das novas regras que devem ser observadas para o comportamento em situações diversas. Exige sensibilidade pra perceber que o diálogo não deve ser procurado apenas em situações de emergência e que manter a credibilidade dos empregados na organização é uma atitude democrática que contribui para a harmonia a relação capital/trabalho, líder/liderado, empresa/empregado, ou como é denominado atualmente, colaborador.” Explicando melhor, TORQUATO em seus estudos alega que a Comunicação interna trabalha na obtenção do consenso sobre os valores da empresa, solucionando problemas e atingindo as metas empresariais. É uma ferramenta que produz aceitação, gera consentimento, desempenhando importante função na construção da imagem institucional diante do seu público interno e na manutenção de um clima organizacional favorável, mantendo ou melhorando o espírito de trabalho em equipe. Contudo é muito mais do que transmissão de informações para os mesmos. A comunicação interna eficiente deve ser capaz de fortalecer o espírito de solidariedade e promover certos idéias como estímulo ao companheirismo, dedicação. “A comunicação interna contribuir para o desenvolvimento e a manutenção de um clima positivo, propício ao cumprimento das metas estratégicas da organização e ao crescimento continuado de suas atividades e serviços e à expansão de suas linhas de produtos.” (TORQUATO, 2002, p. 54). Na visão do jornalista, o público interno deve ser visto como os primeiros clientes de uma empresa. Não se pode tratar os funcionários como se fossem apenas fornecedores de mão-de-obra. Um funcionário insatisfeito pode ser uma pequena fenda na imagem da empresa. O jornalista NASSAR (2000) ressaltando a importância dos colaboradores para uma organização afirma: 33 “Para quem esta querendo se comunicar eficazmente com os colaboradores, é importante compreender que as denominações “comunicação interna” e “público interno” são atualmente muito perigosas. Elas conduzem a um pensamento administrativo absolutamente geográfico, cartesiano, pelo qual os funcionários estão presos dentro da arquitetura física e mental das empresas. Logo, controlados e administrados em suas percepções, em seus comportamentos e em suas expectativas enquanto seres humanos. Doce engano, atualmente as empresas são como queijos suíços, cheia de poros. E mesmo com todos os olhos dos gestores controlando fixamente o processo de trabalho – com ênfase total nas tarefas -, o âmbito social era capaz de olhar feio para a forma como as empresas tratavam os seus funcionários e de produzir obras-primas como o filme “Tempos Modernos”, de Charlie Chaplin. Em resposta à cara feia da sociedade e ao desgaste que as práticas tayloristas causavam nas pessoas, a própria dinâmica das Teorias de organização levou, perto dos anos 30, aos enfoques da Escola de Relacionamento Humano, estruturada pelo sociólogo australiano Elton Mayo, em que o ambiente dentro e fora do trabalho começou a ser visto como alavanca dos índices de produtividade. Os quase 90 anos que nos separam das primeiras experiências administrativas tayloristas implantadas no Brasil por Roberto Simonsen, na Companhia Construtora de Santos, não fizeram por aqui milhares de empresas entenderem que o trabalhador acionado por intermédio de mensagens padronizadas, pobres e autoritárias não existe mais. O trabalhador manual foi substituído pelo trabalhador do conhecimento, que não pode ser catalogado como publico interno. Esse reducionismo esconde que esse novo trabalhador, como cidadão, exerce muitos papéis enquanto público. Ele, alem de trabalhador, pode ser membro de organizações como o Greenpeace, o Idec ou sindicato, além de ser consumidor, membro da comunidade, e de ter uma rede de relações que chegam de forma quase instantânea aos públicos, autoridades e empresa. Comesses multiperfis, ele adere objetivo e metas da empresa na medida em que é conquistado por sua identidade, missão e visão de futuro.”. (NASSAR,2002,pg.10) Ainda segundo o jornalista e Diretor-executivo da ABERJE, quando as empresas começaram a trabalhar a comunicação interna , a mesma tinha um conteúdo quase que insignificante. Parecia mais com um jornal de bairro, com informações desatualizadas,fotos de confraternizações, sem muita importância. Na opinião dos gestores, não cabia aos funcionários de cargos mais baixos informações como o do andamento da empresa, dos 34 negócios, das novidades. Tornando-se dessa forma mais fácil a manipulação dos mesmos. Até então, as organizações não conseguiam enxergar a comunicação interna como uma ferramenta estratégica capaz de contribuir para o crescimento da empresa na medida em que quanto mais informado estiver o funcionário, melhor ele atendera o cliente, mais ele se envolvera com os negócios e muito mais ele terá para contribuir. Atualmente, segundo BUENO: “é impossível imaginar uma empresa que pretenda ser líder de mercado e que volte às costas para o trabalho de comunicação. A maioria das empresas e gestores já se deram conta que uma comunicação eficaz, transparente e rápida é primordial no processo de desenvolvimento e crescimento de uma empresa. (BUENO, 1995, P.9). Nesse sentido, RHODIA vem confirmar a premissa anterior quando diz que “A comunicação interna é “uma ferramenta estratégica para compatibilização dos interesses dos empregados e da empresa, através do estímulo ao diálogo, à troca de informações e de experiências e à participação de todos os níveis”. Na visão de RHODIA, as empresas devem utilizar-se das ferramentas da comunicação interna para crescerem e se desenvolverem, por isso, há de serem bem administradas. Para isso as empresas devem sempre ouvir o que seus funcionários pensam a seu respeito, tentando sempre aprimorar o nível de relacionamento com os mesmos. “Identificar canais de comunicação interna adequados é uma tarefa cuidadosa e que exige um bom conhecimento da empresa, dos seus costumes, da sua cultura e do perfil dos empregados. Conhecer o público e saber como chegar a cada um é o ponto de saída e a garantia de sucesso de um programa de comunicação interna. O cuidado com a linguagem, com os meios é fundamental. Não se pode informar a todos da mesma maneira, com o mesmo linguajar e com os mesmo veículos, a não ser que a neste caso dê preferência para a linguagem simples e que todos tenham acesso ao veículo, que pode ser uma reunião coletiva ou um informativo impresso” (PEREIRA,1995,pg.52) 35 Desta forma, utilizando os canais disponíveis para deixar o públicointerno bem informado, a empresa gera confiança e motiva seus funcionários, que melhoram a produção e diminuem a comunicação informal, que seriam os “rádio corredor”, “fofocas” e boatos, que geram instabilidade à organização. “É fato, que cada empresa tem sua cultura, seus costumes, assim como os povos, já que, são comunidades e tem seus códigos de ética e disciplina próprios. Assim sendo, não é válido padronizar ou seguir modelos. O que é bom para um grupo, nem sempre funcionará com outro. Por isso, a comunicação deve ser estrategicamente estruturada para cada tipo de público e cada tipo de demanda. Como numa receita médica, é preciso observar os sintomas apresentados, porém não se pode esquecer do histórico do paciente, para que o diagnóstico seja dado corretamente e a indicação de tratamento não piore as coisas.” (TORQUATO, 2004, p.15.). Complementa Paulo Clemen:“ A comunicação interna, funciona como uma ferramenta estratégica, para a compatibilização dos interesses dos empregados da empresa, através do estimulo ao dialogo, à troca de informações e experiências e à participação de todos os níveis”. Para Clemen, a Comunicação interna tem como finalidade transmitir aos seus funcionários os acontecimentos e firmar uma imagem positiva em suas mentes. Estes seriam os principais responsáveis pelos resultados positivos ou negativos de uma empresa. “A área de comunicação interna é uma ferramenta para os cidadões coorporativos atuarem efetivamente na empresa, colocando- se em exposição sem medo e subterfúgios e permitindo um debate rico sobre como posso fazer melhor”, ou seja, o publico interno deve colaborar para os resultados sejam positivos de todas as formas possíveis. Nessa perspectiva Paulo considera que a comunicação interna é essencial para manter a saúde organizacional a considerando a base do sucesso da comunicação integrada. “Continua sendo verdadeiro afirmar que a existência de um processo de comunicação bem planejado e executado provoca impacto positivo no desempenho individual dos empregados. Em um ambiente fechado de trabalho, no qual centenas de pessoas dependem da confiança que depositam uma nas outras para o cumprimento de suas tarefas, a existência de um quadro psicológico negativo, inseguro, diminui a concentração no trabalho, a motivação e pode provocar irritação e muito estresse em que deve atender os programas rígidos de 36 produtividade. Hoje a importância estratégica da comunicação nos negócios tornou-se tão grande que é impossível uma organização manter seus níveis de produtividade e lucratividade sem que institua internamente excelente processo de informação, de dialogo com seus funcionários. Para ser eficaz, o processo de comunicação não pode ser tratado como algo sazonal. Ao contrário, precisará ser permanente, acurado, adequado ao contexto em que vivem os empregados. Ou seja, os empregados necessitam de uma comunicação “just in time”, isto é, informação certa, na medida certa e no tempo certo para executarem com êxito suas tarefas.” (LEITE, 2001,p.14). Contudo, vale lembrar que a comunicação interna não faz milagres. Muitas empresas enfrentam sérios problemas de relacionamento com seus colaboradores, problemas estes que frequentemente são enviados ao setor de comunicação interna para serem solucionados. No entanto, a comunicação sozinha não consegue soluciona-los, conseguem, sim, auxiliar a empresa, indicando a melhor forma, mas serão necessárias algumas mudanças na estrutura organizacional para que problemas assim possam ser abolidos por completo. Nesse sentido, a autora Plá de Leon faz uma interessante comparação entre a publicidade e a comunicação interna no que diz respeito as suas atividades: “Assim como a propaganda não pode sustentar a venda de um produto ruim, a comunicação interna não pode fazer milagres de conseguir adesão para uma proposta contrária ao interesse dos empregados. Igualmente a comunicação interna não consegue – e nem deve tentar fazê-lo – criar um clima de satisfação em um ambiente marcado por injustiças e contradições.” (PLÀ DE LEON, 1999, p.16). Dessa forma, para uma comunicação interna eficiente é necessário a participação de todos, desde a cúpula diretiva até os funcionários operacionais, ou seja, a qualidade da comunicação só será alcançada se a direção estiver disposta a desenvolver a comunicação, informando e comunicando-se de forma rápida, transparente e competente. “A comunicação interna só será eficaz e terá seus objetivos alcançados quando os funcionários puderem expressar seus valores, desejos e conflitos. É importante ressaltar a necessidade de ocorrer uma integração harmônica entre as demandas da empresa (produção) e a sociedade (bons produtos e serviços), que devem ser atendidas.( PIMENTA, 1999, p. 119). 37 Segundo PIMENTA (2002), o processo de comunicação nas empresas enfrenta algumas dificuldades. Em sua obra, a autora cita algumas delas, a saber: Níveis organizacionais: quanto mais complexa for a estrutura, cargos e departamentos, maior distorção entre a mensagem original e a que chega ao destino final; cada nível funciona como um “filtro”, modificando, acrescentando ou retirando parte do conteúdo da mensagem; Autoridade da administração: necessária e inerente à organização; ela dificulta uma organização livre e aberta; que possui autoridade, em geral, tenta mostrar controle sobre a situação, evitando qualquer situação que o coloque em uma situação vulnerável; por outro lado, os subordinados tendem a manter uma aparência favorável, evitando expressar problemas, desacordos, frustrações etc.; Especialização: tende a fragmentar a organização em vários grupos de interesse, atitudes, maneiras de ver os fatos e vocabulário próprios, que dificultam o intercâmbio de idéias; Sobrecarga de informações: acontece quando se privilegia a quantidade de informações em detrimento da qualidade, que é obtida com a seleção e a análise; essa sobrecarga pode confundir e até paralisar o funcionário. Completando o pensamento de PIMENTA(2002) ,KUNSCH(2003), afirma que as empresas normalmente possuem estruturas burocráticas, tradicional, técnica, racional, que impedem na maioria das vezes maior participação e engajamento dos colaboradores acarretando problemas, comprometimento no setor produtivo, ou seja, a área de comunicação interna das organizações deve funcionar como um setor planejado, com objetivos bem definidos, para viabilizar toda a interação possível entre a organização e seus colaboradores, usando ferramentas da comunicação institucional e até da mercadológica na medida em que a eficiência da comunicação mercadológica e coorporativa está intimamente ligada a eficiência da comunicação interna. Quanto melhor for a chamada 38 comunicação interna de uma organização, melhores serão as comunicações mercadológicas e coorporativa da empresa. “Quando o funcionário conhece o produto feito em sua empresa e confia nele, ele se torna um propagandista da instituição.” Dessa maneira, a presença de um profissional de comunicação – relações públicas dentro de uma organização - é fundamental, pois ele é quem vai traçar as estratégias de comunicação e direcionar o planejamento, de acordo com a verba, local condições e recursos tecnológicos onde se encontram os funcionários, viabilizando assim a sinergia necessária entre e empresa, tecnologia, informação e funcionários, incluindo-se aqui os gestores. Para conhecer melhor o público interno, o comunicólogo deve pesquisar primeiramente a cultura empresarial. Ele deve se enturmar, dividir o espaço de trabalho e até mesmo ter ciência de gírias e jargões, para se aprofundar e avaliar esta cultura. “A comunicação é o espelho da cultura empresarial e reflete, necessariamente, os valores das organizações. Se eles caminham para valorizar o profissionalismo, a transparência, a responsabilidadesocial e a participação, a Comunicação se orienta no mesmo sentido” (BUENO, 2002, p.04). Conhecendo esse público, essas pessoas, pode-se então pensar qual a melhor forma de relacionamento para com cada um. O relacionamento é base da comunicação, é a partir dele que se dá o modo como se pode comunicar. Afina, segundo KUNSCH (2006) “não se brinca com uma pessoa séria e não se fala rigidamente com uma pessoa mais despojada. Moderação, nada de exagero, individualização e personalidade são boas idéias para motivar aqueles que fazem a empresa.”. Diante deste contexto a comunicação interna funciona como uma mão dupla, beneficiando na só as empresas como também os funcionários, na medida em que os mesmo tempo que tem a função de tratar o funcionário como cidadão, através de respeito, gera credibilidade e valor para a imagem institucional da empresa uma vez que convenceu um dos seus públicos mais importantes e multiplicadores: o publico interno. 39 “A busca da valorização da comunicação interna deve ser entendida como estratégica básica dos empresários que desejam a efetividade de sua organização. Chega a ser irônico pensar que nesse novo mundo, altamente tecnológico, com tantas transformações, o sucesso de um empreendimento continua a estar centrado nas pessoas. É por meio da comunicação que uma organização recebe. oferece, canaliza informação e constrói conhecimento, tomando decisões mais acertadas” (MARCHIORI, 2005, p.114). Na comunicação interna, não são somente os comunicólogos e os dirigentes que se comunicam com os colaboradores, mas o canal inverso também funciona. Não só como feedback, mas através de canais mesmo, como: e-mail, carta do leitor no house organ, um telefone de contato com a empresa, etc. Com isso, podemos verificar que diferentemente de antigamente, onde não havia por parte dos donos, praticamente nenhuma, atenção com a imagem da empresa nos seus corredores e entre as suas paredes, hoje, o sucesso de uma organização, de uma empresa, não depende apenas de uma boa comunicação com o seu público externo, com os seus clientes, mas, sim de uma eficaz comunicação, dirigida, a cada um dos seus públicos. De nada adianta um gasto enorme com campanhas de reforço de marca e fidelização de clientes, se os funcionários não estiverem satisfeitos. Os funcionários devem ser vistos pelas organizações como clientes número um. Não se pode nunca tratar os funcionários como se fossem apenas fornecedores de mão de obra. Um funcionário insatisfeito pode ser uma pequena fenda na imagem da empresa. Somente a partir de uma boa comunicação com o mesmo pode-se então pensar em uma comunicação para com os outros públicos. Segundo NASSAR (2002) “Na sociedade industrial, a imagem da empresa era resultante de suas mercadorias produzidas em massa, que por sua vez, eram produzidas por trabalhadores massificados, condicionados por rotinas de trabalhos manuais. A Comunicação Interna era baseada em ordens, o que desmotivava muitos funcionários, porque nem recebiam o reconhecimento do seu trabalho, e conseqüentemente, se 40 levou, ao longo do tempo, a conflitos de trabalhos, como reivindicações e greves trabalhistas.”(NASSAR,2002,45) JUSTINO (2003) Continua: “Hoje este cenário mudou, devido à necessidade da empresa ser o sinônimo de seus produtos e/ou serviços, como por exemplo: “Ford é carro” e “Coca-Cola é refrigerante”, e para isto ela deve convencer cada vez mais que as suas “mercadorias” são necessárias, acessíveis, compráveis e encontráveis, buscando um número maior de adeptos para levarem a sua marca para toda a sociedade, no entanto, descobriram que seus funcionários podem ajudar na divulgação dos produtos da empresa, e ainda, eles se comprometem mais com os resultados da companhia e sentem que também têm um compromisso com o consumidor.”(JUSTINO,2002,p.3) Desta forma, podemos afirmar que a comunicação é um grande ciclo, onde cada pedaço complementa o outro. Sendo assim, pode-se afirmar que a comunicação empresarial necessita das duas vertentes, a interna e a externa para fluir melhor e dar certo. 41 2.2 Breve Histórico da Comunicação Interna A fim de compreender a evolução da Comunicação Interna, abaixo um breve panorama de momentos da Comunicação que influenciaram diretamente no caminho da Comunicação Interna no Brasil, provando mais uma vez a integração existente entre todas as áreas da Comunicação. Como já relatado anteriormente, a Comunicação organizacional, na forma que se acha configurada hoje é fruto das grandes e rápidas transformações ocasionadas pela revolução industrial. A mesma, com a conseqüente expansão das empresas a partir do século XIX, conduziu mudanças radicais nas relações empregado e empregador, nas formas de produção e comercialização de produtos e serviços. As organizações passam a partir desse momento a prestar mais atenção nos clientes e não somente nos produtos. Nesse contexto, é que busca-se o entendimento das causas do surgimento do jornalismo, da propaganda, das relações públicas e da própria comunicação organizacional interna. O inicio do século XX foi marcado pelo atropelamento total entra comunicação e vendas, a campanha publicitária era meramente informativa e sua eficiência era mensurada no volume de vendas. Vendeu-se bem, a campanha foi um sucesso, se não vendeu, foi um desastre. “O que se apresentava além do produto, tudo aquilo que transcendia o produto físico não era considerado pela comunicação, no ambiente caracterizado por uma demanda extremamente alta. Por que produzir geladeiras de diversas cores se os consumidores querem apenas uma geladeira? Para isso, os comunicadores, publicitários, formatavam a partir de fundamentalmente determinantes endógenas que impactavam a atividade empresarial, apenas as mensagens que davam relevância aos preços, aos endereços de vendas e assistência técnicas ou consultivas, e diferenciais dos produtos.” (NASSAR, 1995, p.21). Neste período, a Comunicação interna, segundo NASSAR (2005) era considerada machista baseada em ordens “faça-se”, a retórica era pobre, marcada por muitas greves e reivindicações trabalhistas. Este tipo de 42 comunicação interna se refletia no comportamento dos consumidores, para eles o que importava eram as mercadorias, nada tinham a ver com as péssimas condições de trabalho dos que fabricavam. A percepção dos públicos não era importante, o que importava eram as vendas. Já o período de 1924 a 1936 foi marcado por estudos e pesquisas no âmbito da classe trabalhadora que passaram a estimular a produção de publicações internas, reuniões e treinamento nas empresas Norte Americanas. Foi descoberto que um bom ambiente de trabalho tem efeito direto na produtividade, ou seja, os estudos demonstraram que funcionários mais integrados, que trabalham em ambientes confortáveis, desafiadores, com sentimento de grupo, são mais produtivos. “A escola de Relações Humanas procura amenizar os choques de forma crua no universo burocrático taylorista” Segundo REGO (1987), as empresas através das publicações internas têm em mãos instrumentos poderosos de motivação, estimulo pessoal e estreitamento das relações humanas. Funcionando como porta voz dos benefícios, promoções e serviços sociais. Os jornais periódicos também chamados de house organ correspondem a periódicos impressos desenvolvidos para atingir o publico interno das empresas, assim como suas famílias, e o público externo. Segundo LEMOS (2002) e GAUDIO (2003), no Brasil, o primeiro jornal institucional foi criado em 1926 pela multinacional General Motors, Mas foi somente a partir da década de 60 que as empresas começaram a aderir essa ferramenta de comunicação. Segundo a Aberje, em 1967,havia cerca de 200 publicações empresarias no país. A década de 70 contou com o desenvolvimento das Assessorias de imprensaem empresas públicas e privadas e consequentemente maior preocupação com as publicações de noticias e na amenização de eventuais veiculações de informações negativas. isso passa a ser feito dentro do contexto organizacional Já nos anos 80 o país presenciou uma maior preocupação para com o meio ambiente. 43 As empresas a partir desse momento eram obrigadas a divulgar suas ações sociais, suas contribuições para a preservação do meio ambiente, alem de falar da qualidade dos produtos e serviços oferecidos. “A atuação do movimento sindical brasileiro, a partir de 1978, fez com que as empresas mudassem suas posturas frente aos empregados, dispensando uma atenção maior à comunicação estabelecida” (LEMOS, 1997,p.4) Com isso, apareciam os primeiros princípios de modernização de gestão empresarial na qual alegava que trabalhadores que sabem o que acontece na empresa se envolvam melhor com o trabalho e produzem mais. A busca incessante por mais produtividade se estendeu ao longo dos anos 80 e 90. Também nos anos 80 e 90 as publicações empresariais brasileiras deixaram de ser domésticas e improvisadas por setores de Recursos Humanos, Tecnologia e Vendas e passaram a ser produzidas por profissionais internos ou agências de comunicação. Já o jornalismo empresarial não se diferencia muito do jornalismo convencional, as funções eram de ouvir depoimentos das fontes e relatar fatos. A diferença é que a partir desse momento 44 2.3 Ferramentas de Comunicação Integrada (Interna e Externa) As organizações podem contar atualmente com diversos veículos jornalísticos empresariais para se comunicarem com os seus públicos. Contudo, uma publicação deve sempre estar em sintonia com o seu leitor, cada um deles pode atender às diversas demandas empresariais e seu formato deve ser escolhido de acordo com as necessidades da empresa, seus objetivos e recursos levando sempre em conta a cultura organizacional da mesma. Um veículo apenas não é capaz de atingir todos os públicos da empresa assim como um veículo moderno com recursos tecnológicos pode não agradar aos mais conservadores, ou mesmo não ser compatível com os meios disponibilizados pela empresa. “É bom lembrar que não é todo veículo que serve para qualquer mensagem, e vice – versa: nem toda mensagem serve para qualquer veículo. A mensagem de uma circular não é própria para uma carta, assim como o texto de uma carta não serve para um memorando ou um relatório” (BLIKSTEIN,2002,55). Desta forma, segundo KUNSCH (1986) é importante que numa organização as atividades de comunicação estejam integradas a fim de fortalecer seu conceito institucional, mercadológico e coorporativo junto a todos os seus públicos, visando o fortalecimento da empresa e de seus diálogos dando-lhe a tão necessária credibilidade e gerando o tão ansiado lucro. Lembrando que este lucro deve ser para ambos os lados (público e empresa). “a comunicação integrada passa a ser uma arma estratégica para a sobrevivência e o desempenho de uma organização em uma realidade complexa e que se altera de forma muito rápida. Hoje em dia, não é possível mais pensar, por exemplo, em realizar uma brilhante assessoria de imprensa, criar campanhas retumbantes ou produzir peças publicitárias impactantes de forma isolada, sem o envolvimento de todas as subáreas da comunicação organizacional”. (KUNSCH,1997,p.149) 45 Assim, as ações de comunicação em todo âmbito organizacional devem se complementar, ou seja, deve ocorrer complemento umas das outras, com cada área consolidando o que a outra faz. Criando, inovando, gerando resultados positivos à produtividade, quando dentro da empresa e às vendas, quando fora, mesmo que somente de conceitos e idéias. De acordo com REGO (1986) todo o processo comunicacional de uma organização, a comunicação externa também serve para estreitar laços. Seu trabalho e foco são criar uma boa relação com governos, clientes reais e potenciais, comunidade, imprensa, distribuidores, representantes e até mesmo com a concorrência, dirigindo a elas mensagens específicas. “A comunicação externa – aquela que fala com a sociedade de forma geral, e com seus grupamentos e organizações de forma mais detalhada - é uma ferramenta a ser utilizada para oferecer ao público subsídios e informações que contribuam para construir uma imagem positiva da organização, que obviamente precisa estar alicerçada na realidade, representada por bons produtos e serviços, preço justo, atendimento digno, e assim por diante.” (KUNSCH, 1997, p.149). Assim para reforçar essa comunicação, segundo os pensadores JUSTINO (2006); KUNSCH (1997) e TEIXEIRA (2008) além da comunicação interna são necessárias outras subáreas, como: o jornalismo empresarial, o marketing, a assessoria de imprensa, as relações públicas e a publicidade. Ferramentas, estas, que contribuem, e muito, para moldar a imagem empresarial. “A imagem da empresa é algo que deve ser sempre trabalhada, internamente, de forma que os funcionários se sintam “meio” sócios e externamente, para que os clientes tenham confiança e desejem os serviços e produtos da organização. Ela deve ser comunicada, entendida e aceita pelos clientes para que a boa comunicação flua com mais êxito e o relacionamento seja de fidelidade”. (JUSTINO,1997,pg.60) KOTLER (2000) complementa a visão das autoras na medida em que afirma que: "A atividade de criar clientes para uma empresa deve ser 46 contínua, pois, uma empresa perde, em média, 10% de seus clientes a cada ano, pelos mais diversificados motivos". Já TORQUATO (1986), atribui à imprensa a função de aproximação com o cliente. Segundo o autor, a sociedade atribui maior credibilidade a imprensa do que aos publicitários. Há mais confiança em materiais noticiosos do que em propagandas. “Ambas fazem a comunicação institucional, promocional ou publicitária de um produto ou de uma empresa, porém, a publicidade trabalha com material que visa a sua promoção e a empresa, nesse caso, paga para constar na publicidade. Já a Assessoria de Imprensa trabalha com material redacional, que não é pago; ele é enviado para mídia, que o aproveita dependendo do seu valor informativo, considerando unicamente o interesse do leitor. Em uma redação de jornal nunca se pensa incrementar vendas nem em impulsionar negócios dos outros. O importante é a notícia. E notícia não tem preço. Área comercial e editorial de um veículo de comunicação têm interesses distintos.” (CHI�EM, 2003, pg.18). Sendo assim, ainda citando TORQUATO (2002), cabe a assessoria de imprensa gerar noticias favoráveis em vários veículos de comunicação. Manter as pessoas a par do que ocorre dentro e fora da empresa e, caso seja necessário, em momentos de crise, saber lidar com a informação a ser revelada. A tendência é que se diga sempre a verdade, porém é necessário um profissional ou um porta-voz bem treinado para falar claramente e cuidadosamente em nome da empresa. “Antigamente, percebíamos que os jornais e as revistas fechavam seus espaços para as empresas. Hoje, os produtos e, principalmente, os lançamentos são bem-aceitos pela mídia. A estrutura tradicional de cooptação da mídia pela pressão, pelo dinheiro e favorecimento não funciona mais. As relações entre empresa e imprensa levam em consideração o interesse pela informação.” (TORQUATO, 2004, p.88). Segundo CAHEN (2005), alem dos jornais, revistas, TVs e rádios, existem milhares de formas de uma organização se expressar, dizer o que precisa. Com por exemplo, através de eventos, feiras, lançamentos, solenidades, shows, entre outros. 47 Apoios e patrocínios também são ações estratégicas relevantes, pois além de. facilitarem o acesso do funcionário aos eventos culturais e esportivos, também demonstram responsabilidade social, gerando propaganda gratuita e reforçando as filosofias da empresa,
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