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Processo de conhecimento - fase postultória

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Direito Processual Civil II
Procedimento Comum
Prof. Leonardo Bruno Barbosa Monteiro
Procedimento Comum
Procedimento pode ser comum e especial.
Os processos que seguirão o rito comum são identificados por exclusão.
O CPC trata o procedimento em 4 fases:
1ª. A postulatória  autor formula a sua pretensão e réu apresenta a sua resposta;
2ª. Ordinária  o juiz saneia o processo e aprecia o requerimento de provas formuladas pelas partes;
3ª. Instrutória  produção de provas formuladas pelas partes.
4ª. Decisória  o Juízo profere a sua decisão.
Procedimento Comum
Fase Postulatória
Petição Inicial  É o ato que dá início ao processo, e define os contornos subjetivo e objetivo da lide, dos quais o juiz não poderá desbordar.
Requisitos (319 e 320, CPC)
1. Endereçamento – o Juízo a que é dirigida.
Um eventual erro não ensejará o indeferimento da inicial.
2. Qualificação das partes - Os nomes, prenomes, estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e residência do autor e do réu
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Fase Postulatória
2. Qualificação das partes;
A indicação e a qualificação são indispensáveis para que as partes sejam identificadas.
Dificuldades para a identificação do réu (citação por edital 256, I e 554, §1 do CPC)
Auxilia na identificação de necessidade de outorga uxória.
3. Causa de pedir
Indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos em que se embasa o pedido.
Importante a descrição dos fatos – vincula o julgamento – teoria da substanciação.
 O juiz não pode se afastar dos fatos declinados na inicial, sob pena de a sentença ser extra petita
Procedimento Comum
Fase Postulatória
3. Causa de pedir
 Ver Art. 330, §1º. CPC.
Não é necessária a indicação do dispositivo legal, mas das regras gerais e abstratas das quais se pretende extrair a consequência jurídica postulada.
4. O pedido e suas especificações
É a pretensão que o autor leva à apreciação do juiz.
Imediato – tipo de provimento jurisdicional (condenatório, constitutivo, declaratório)
Mediato – bem da vida almejado.
Os dois vincularão o juiz – servem para identificar a ação.
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4. O pedido e suas especificações
É preciso que na petição inicial, o autor indique os fatos, o direito e o pedido, que deve decorrer logicamente da aplicação do direito ao fato concreto levado ao seu conhecimento.
5. Valor da Causa
A toda causa será atribuído um valor certo, ainda que ela não tenha conteúdo econômico imediatamente aferível (CPC, art. 291). 
Tal atribuição terá grande relevância para o processo, pois repercutirá sobre:
a) a competência, pois o valor da causa é critério para fixação do juízo; b) o procedimento: pois influi, por exemplo, sobre o âmbito de atuação do juizado especial cível; c) no cálculo das custas e do preparo, que podem ter por base o valor da causa; d) nos recursos em execução fiscal, conforme a Lei n. 6.830/80; e) na possibilidade de o inventário ser substituído por arrolamento sumário (CPC, art. 664, caput). 
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5. Valor da Causa
O art. 292 do CPC fornece alguns critérios para fixação do valor da causa.
Deve corresponder ao conteúdo econômico da demanda, não tendo conteúdo econômico, a fixação será feita por estimativa do autor.
O art. 293 do CPC autoriza o réu a impugnar o valor da causa, em preliminar de contestação. Além disso, o juiz, de ofício, poderá determinar a correção, tanto que o art. 337, § 5º, estabelece que, dentre as matérias alegáveis em preliminar, o juiz só não pode conhecer de ofício a convenção de arbitragem e a incompetência relativa.
6. As provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados
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7. A opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou mediação (art. 334, § 5º)
8. Documentos
O art. 320 do CPC estabelece que a petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação.
Ler o art. 435 do CPC.
Se o documento não estiver em poder do autor, caber-lhe-á requerer ao juiz que ordene ao réu ou ao terceiro a sua exibição (CPC, arts. 396 a 404).
9. Deficiências da petição inicial e possibilidade de correção
Ao verificar que a inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 do CPC, ou que apresenta defeitos ou irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, o juiz determinará que o autor a emende, ou a complete, no prazo de quinze dias, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado. 
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Não pode o juiz indeferir a petição inicial, desde logo, se existe a possibilidade de o vício ou irregularidade serem sanados pelo autor. Daí a necessidade de que o juiz faça uma leitura atenta, antes de recebê-la, uma vez que depois da citação do réu é defeso ao autor modificar o pedido ou a causa de pedir , sem o consentimento dele (CPC, art. 329, II).
Pedido certo, pedido genérico, pedido implícito.
O art. 322 e o art. 324 do CPC determinam que o pedido seja certo e determinado. Certo é aquele que permite a identificação do bem da vida pretendido (an). E determinado é aquele que indica a quantidade postulada (quantum). 
Permite-se a formulação de pedido genérico: 
■ Nas ações universais, que versam sobre uma universalidade de fato ou de direito. 
■ Quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou fato ilícito. 
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Alguns pedidos que se reputam implícitos. 
O art. 322, § 1º, menciona os juros legais, a correção monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os honorários advocatícios. 
Os juros de mora incluem-se na liquidação, ainda que tenha sido omisso o pedido e a condenação (Súmula 254, do STF). 
Também se reputa implícito o pedido de incidência de correção monetária, que não é acréscimo, mas atualização do valor nominal da moeda. 
O pedido de condenação do réu ao pagamento das custas, despesas e honorários advocatícios também (Súmula 256, do STF). Porém, se a decisão transitada em julgado for omissa a respeito dos honorários sucumbenciais, não será possível executá-los (Súmula 453, do STJ). 
As prestações sucessivas a que se refere o art. 323 do CPC, o que abrange as que vencerem enquanto durar a obrigação, se não forem pagas no curso do processo.
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Cumulação de pedidos
O art. 327, do CPC, autoriza a cumulação de pedidos, em um único processo. É a chamada cumulação objetiva, que se distingue da subjetiva, em que há mais de um autor ou de um réu (litisconsórcio). 
Há controvérsia doutrinária a respeito do cúmulo objetivo, que para uns implica verdadeira cumulação de ações em um único processo e para outros constitui apenas cumulação de vários pedidos ou pretensões, em uma única ação e processo.
Ler doutrina (Gonçalves, 2017, pág. 575)
Cumulação simples
É aquela em que o autor formula vários pedidos, postulando que todos sejam acolhidos pelo juiz. É dessa espécie que trata o art. 327, caput, do CPC.
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Cumulação sucessiva É aquela em que o autor formula dois ou mais pedidos em relação ao mesmo réu, buscando êxito em todos. No entanto, o acolhimento de uns depende do acolhimento de outros, já que as pretensões guardam entre si relação de prejudicialidade.
Cumulação alternativa É aquela em que o autor formula mais de um pedido, mas pede ao juiz o acolhimento de apenas um, sem manifestar preferência por este ou aquele. 
Cumulação eventual ou subsidiária Assemelha-se à alternativa porque o autor formula mais de um pedido, com a pretensão de que só um deles seja acolhido, mas distingue-se dela porque o autor manifesta a sua preferência por um, podendo-se dizer que há o pedido principal e o subsidiário, que só deverá ser examinado se o primeiro não puder ser acolhido.
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Cumulação de fundamentos
Além da cumulação de pedidos, admite-se a de fundamentos, caso em que haverá duas ou mais causas de pedir. É possível, por exemplo,que o autor funde a sua pretensão a anular um contrato na incapacidade de um dos participantes e na existência de um vício de consentimento.
Requisitos para a cumulação
Há requisitos que a lei impõe para alguns tipos de cumulação. São os mencionados no art. 327, §§ 1º e 2º, do CPC:
Procedimento Comum
A primeira atuação do juiz no processo é o juízo de admissibilidade da petição inicial. 
Haverá três alternativas: 
Pode encontrá-la em termos, caso em que determinará o prosseguimento com a citação do réu (ou até com o julgamento imediato, nas hipóteses do art. 332);
Pode constatar a necessidade de algum esclarecimento, ou a solução de algum defeito ou omissão, caso em que concederá prazo ao autor para emendá-la, indicando o que precisa ser completado ou corrigido; 
Pode verificar que há um vício insanável, ou que não foi sanado pelo autor, no prazo que lhe foi concedido, caso em que proferirá sentença de indeferimento da inicial.
Procedimento Comum
Indeferimento da inicial:
Art. 330 do CPC.
Juízo de admissibilidade positivo.
1. A improcedência liminar (art. 332)
■ Que a causa dispense a fase instrutória;
■ Que esteja presente qualquer uma das hipóteses do art. 332, I a IV , ou a do art. 332, § 1º.
2. A audiência de tentativa de conciliação
É fase indispensável nos processos de procedimento comum. A sua designação no começo funda-se na ideia de que, após o oferecimento da resposta, o conflito poderá recrudescer, tornando mais difícil a conciliação das partes. A eventual conciliação nessa fase ainda inicial do processo se ajusta ao princípio econômico, já que o poupará de avançar a fases mais adiantadas.
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Resposta do Réu
A segunda etapa da fase postulatória é a da apresentação da resposta pelo réu. Essa fase presta-se a que ambos os litigantes — autor e réu — tenham oportunidade de manifestar-se, apresentar a sua versão dos fatos e formular eventuais pretensões ao juízo. 
A peça de defesa por excelência é a contestação. Mas pode não se limitar a defender-se e contra-atacar, por meio de uma ação incidente autônoma, em que dirige pretensões contra o autor, apresentada na contestação, denominada reconvenção. Ou, ainda, provocar a intervenção de terceiros, por denunciação da lide ou chamamento ao processo. 
Procedimento Comum
Resposta do Réu
O prazo de contestação no procedimento comum é de quinze dias, conforme dispõe o art. 335, do CPC: “O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de 15 dias (...)”. O prazo da reconvenção é o mesmo, já que ela é apresentada na contestação.
O prazo corre a partir da audiência de tentativa de conciliação. Caso ela não se realize por vontade das partes, corre a partir da data em que o réu protocola a petição, manifestando desinteresse. Caso não seja designada audiência, porque o processo não admite autocomposição, o prazo correrá a partir da juntada aos autos do aviso de recebimento, do mandado cumprido, ou do fim do prazo do edital, isto é, na forma do art. 231 do CPC. 
Procedimento Comum
Resposta do Réu
O art. 231, § 1º, do CPC: “Quando houver mais de um réu, o dia do começo do prazo para contestar corresponderá à última das datas a que se referem os incisos I a VI do caput”.
Contestação
Concentrará todos os argumentos de resistência à pretensão formulada pelo autor, salvo aqueles que devem ser objeto de incidente próprio.
O art. 336 do CPC estabelece que “incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito, com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir”. 
Procedimento Comum
Resposta do Réu
 Princípio da eventualidade: cumpre ao réu, na própria contestação, apresentar todas as razões que possam levar ao desacolhimento do pedido, ainda que não sejam compatíveis entre si. 
As defesas podem ser classificadas em três categorias:
 ■ processuais, cujo acolhimento implique extinção do processo sem resolução de mérito (por exemplo, a falta de condições da ação ou pressupostos processuais); 
■ processuais, que não impliquem extinção do processo, mas a sua dilação (como a incompetência do juízo ou o impedimento do juiz, que, se acolhidos, determinarão a remessa dos autos a outro juízo ou juiz); 
■ defesas substanciais ou de mérito. 
Antes de apreciar as defesas de mérito, o juiz precisa examinar as processuais, por isso mesmo, chamadas preliminares.
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Resposta do Réu
O art. 337, do CPC, enumera as preliminares.
O rol do art. 337 não é taxativo. Há outras defesas processuais que não foram mencionadas, como a falta do recolhimento de custas e o descumprimento do art. 486, § 2º, do CPC.
Caso o réu alegue, como preliminar, a incompetência do juízo, seja ela absoluta, seja relativa, ele poderá apresentar a contestação no foro de seu próprio domicílio, o que deverá ser comunicado ao juiz da causa de imediato, se possível por meio eletrônico. Art. 340 CPC.
Se o réu alegar a incompetência, absoluta ou relativa do juízo onde corre o processo, a audiência de tentativa de conciliação será suspensa até que a questão seja definida, após a qual será designada nova data.
Procedimento Comum
Resposta do Réu
Os arts. 338 e 339 do CPC trazem importante regra, que flexibiliza, em parte, o princípio da estabilidade da demanda. O art. 329 veda que, depois da citação do réu, haja alteração do pedido ou da causa de pedir, a menos que haja o consentimento do réu.
O art. 338, porém, permite a substituição do réu, sempre que ele alegar ser parte ilegítima ou não ser o responsável pelo dano.
O réu que, ao contestar a ação, arguir a preliminar de ilegitimidade de parte deverá, sempre que tiver conhecimento, indicar quem é o verdadeiro legitimado, isto é, o sujeito passivo da relação jurídica discutida. Cabe a ele indicar, nomear aquele que é o verdadeiro responsável, o sujeito passivo da relação. 
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Resposta do Réu
O juiz, feita a indicação, ouvirá o autor que, se com ela concordar , deverá aditar a inicial no prazo de 15 dias, substituindo o réu originário equivocadamente demandado pelo verdadeiro legitimado. 
O autor, ouvido sobre a contestação, poderá tomar uma de três atitudes possíveis: aditar a inicial, discordar da indicação ou apenas silenciar. 
Se o autor disser que não concorda, ou simplesmente silenciar, deixando de aditar a inicial, o processo prosseguirá contra o réu originário, e o juiz, no momento oportuno, terá de apreciar a alegação de ilegitimidade de parte, extinguindo o processo sem resolução de mérito, se a acolher. 
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Resposta do Réu
A decisão sobre aditar ou não a inicial é do autor , que nem precisará fundamentá-la. 
O art. 339, § 2º, autoriza o autor a aditar a inicial, no prazo de 15 dias, não para substituir o réu originário pelo novo, mas para, mantendo o primeiro, incluir o segundo, como litisconsorte passivo. 
Depois de arguir eventuais preliminares, o réu apresentará, na mesma peça, a sua defesa de fundo, de mérito, que pode ser de dois tipos: direta ou indireta. 
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Resposta do Réu
A defesa direta é aquela que nega os fatos que o autor descreve na inicial, ou os efeitos que deles pretende retirar; a indireta é aquela em que o réu, embora não negando os fatos da inicial, apresenta outros que modifiquem, extingam ou impeçam os efeitos postulados pelo autor. 
O réu tem o ônus de impugnar especificamente os fatos narrados na petição inicial, sob pena de presumirem-se verdadeiros. 
Art. 341 do CPC: “incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas (...)”.
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Resposta do Réu
O art. 336 determina que compete ao réu não só alegar todas as matérias de defesa, na contestação, mas ainda especificar as provas que pretende produzir. Trata-se de ônus equivalente ao imposto ao autor na petição inicial.
A contestação, tal como a inicial, deve vir acompanhada dos documentos essenciaisque comprovem as alegações. Trata-se de exigência do art. 434 do CPC.
Se não juntados, o juiz apenas considerará não provados os fatos, que por meio deles seriam demonstrados.
Mas o art. 342, do CPC, apresenta algumas alegações que o réu pode apresentar a posteriori. 
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Resposta do Réu
São as: 
■ relativas a direito superveniente: essa hipótese relaciona-se com a do art. 493, que determina ao juiz que leve em consideração, ao prolatar a sentença, os fatos e o direito superveniente. Por isso, conquanto o inciso fale apenas em direito superveniente, deve-se estender a possibilidade de alegação posterior também aos fatos, uma vez que o art. 493 é expresso; 
■ que competir ao juiz conhecer de ofício: as objeções processuais, defesas que digam respeito a matérias de ordem pública. Em regra, as defesas processuais (entre as quais as preliminares, mencionadas no art. 337, com exceção da incompetência relativa e do compromisso arbitral). Não se sujeitam à preclusão, se não alegadas na primeira oportunidade. Mas há também defesas substanciais, que podem ser conhecidas de ofício, como a prescrição e a decadência; 
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Resposta do Réu
 
■ por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo ou juízo: essa hipótese coincide, ao menos em parte, com a anterior, pois as matérias que o réu, por autorização legal, pode apresentar depois são as de ordem pública, não sujeitas à preclusão.

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