Buscar

CONTESTAÇÃO+COM+RECONVENÇÃO

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Meritíssimo Juízo de Direito da Vara Cível da Comarca de Londrina - Paraná. 
Processo nº: 00000000000000
JULIÃO DA SILVA SANTOS, contador, portador da carteira de identidade RG nº. XX.XXX.XXX-X -SSP/PR, inscrito no CPF/MF nº. XXX.XXX.XXX-XX, E-mail: juliaosantos.2012@gmail.com, RUTH APARECIDA GLÓRIA SANTOS, do lar, portadora da carteira de identidade RG nº. XX.XXX.XXX-X -SSP/PR, inscrita no CPF/MF nº. XXX.XXX.XXX-XX, E-mail: ruthgloria.52.@gmail.com, ambos brasileiros, casados pelo regime de comunhão parcial de bens, residentes e domiciliados na Rua dos Arvoredos, nº 300, na cidade de Londrina/PR, CEP XXXXX-XXX vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, por sua advogada, Kamila Martins Ribeiro, regularmente inscrita na OAB/PR sob nº XXX.XXX, com endereço profissional na Rua das Bromélias, 129 - Londrina - PR, onde recebe intimações, oferecer CONTESTAÇÃO, nos termos do artigo 335 do Código de Processo Civil e, propor RECONVENÇÃO com fundamento no artigo 343, do mesmo Código, pelos motivos de fato e de Direito a seguir expostos. Apresentar sua
CONSTETAÇÃO C/C RECONVENÇÃO
Nos autos da ação de usucapião que lhe move JOÃO COSTA MARTINÊS já qualificado nos autos em epígrafe, o que faz com supedâneo no art.335 e seguintes do Código de Processo Civil e nos argumentos fáticos e jurídicos que a seguir, passa a aduzir:
I- Resumo da Inicial
O locatário João alega que há nove anos tomou posse do imóvel de 35 hectares, localizado na Rua das Bromélias, nº 100, na cidade de Londrina/PR, de propriedade de Julião e sua esposa Ruth. 
Com isso, entraram com à ação de usucapião, de forma extremamente genérica a fim de se ter como reconhecido o ânimo de proprietários do referido imóvel.
Como já foi protocolado o desinteresse pela autocomposição, mister se faz necessário rebater os infundados argumentos da inicial. 
II – DA REALIDADE DOS FATOS
Ao contrário do que tenta fazer crer o autor, o verdadeiro desencadear dos fatos é completamente diverso da situação por ele apresentado.
Julião e Ruth são proprietários do imóvel de 35 hectares localizado na Rua das Bromélias, nº 100, na cidade de Londrina/PR, em questão e, fizeram um contrato verbal de locação com João e Marcos, que figuram como locatários do imóvel, por prazo indeterminado, fixando o valor mensal do aluguel em R$ 300,00, que nunca fora pago. 
Também, ficou acordado entre eles que os locatários, João e Marcos pagariam todos os impostos e as contas de água e luz. 
Julião e Ruth nunca buscaram na Justiça os valores devidos dos alugueis em atraso porque sabiam das dificuldades financeiras que viviam João e Marcos e, espantaram-se com o fato de que João, locatário, busque a usucapião do imóvel locado. 
Sendo assim, agora desejam que lhes sejam pagos todos os aluguéis devidos e, ainda, pretendem o despejo dos inquilinos.
Há de se observer também que, após examinar a exordial percebe-se que apenas João consta como autor, e que, suponha, estar ausente qualquer tipo de consentimento de Marcos, seu companheiro em união estável homoafetiva, na petição inicial ou nos documentos, no sentido de assentimento ao ajuizamento da ação de usucapião. Notou-se ainda que, na procuração apresentada, consta apenas a digital de João sob a rubrica “analfabeto”.
Em razão do exposto, faz se necessário a presente peça a fim de contestar todos os argumentos apresentados pelo autor da presente ação, conforme será demonstrado a seguir.
III – TEMPESTIVIDADE
Julião e Ruth, receberam a citação, por correio, em 1/7/2019 (segunda-feira), e o AR (aviso de recebimento) foi juntado aos autos em 4/7/2019 (quinta-feira). Aponte-se, de antemão, que na petição inicial a parte autora requereu a citação das partes requeridas e já havia se manifestado pelo desinteresse na autocomposição, conforme permite o art.334, § 5º, do CPC/15 e, como advogado de Julião e Ruth, foi protocolado avulsamente, concordando com o autor no desinteresse de autocomposição e pedindo o cancelamento da audiência (conforme art. 335, II, CPC/15), em 5/7/2019 (sexta-feira).
Tempestiva, pois, a presente contestação c/c reconvenção.
IV- DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Com fulcro no art. 5º, LXXIV, da CRFB/88, e do art. 98, do CPC/15, os Requeridos fazem jus à concessão do benefício da gratuidade da justiça, pois não detêm recursos suficientes para arcar com as custas processuais e honorários advocatícios sem prejudicar a sua subsistência ou a de sua família.
V – DO MÉRITO DA CONTESTAÇÃO
a-) Da diferença entre posse e propriedade
Primeiramente busca esclarecer a ré a diferença entre posse e propriedade, inclusive, mencionando que, quando um imóvel está alugado, como se verifica no referido caso em análise, a propriedade é de uma pessoa, mas a posse está com outra, ou seja, a propriedade é do locador mais a posse está com o locatário do imóvel, como se verifica no artigo 1.228 do CC/02 e artigo 1.196 também do CC/02. Vejamos:
“Art.1.228: O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha".
“Art.1.196: Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade".
b-) – Da inexistência de animus domini
Um ponto importante a se verificar é que um dos requisitos para a usucapião é a posse qualificada (ad usucapionem) e que quem está no imóvel sem animus domini (ânimo de dono) – como no caso do locatário e do comodatário, por exemplo – é mero detentor, nos termos do art. 1.208, do CC. Apregoa o referido artigo:
“Art.1.208: “Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade”.
Então fica claro que a pretensão do autor em obter a propriedade do imóvel por usucapião resta-se desconfigurada pois esse é um mero detentor, por figurar como locatário, não possuindo assim “animus domini”.
Nesse sentido: 
“(...) A intenção de possuir o imóvel como um proprietário (animus domini) é (...) requisito indispensável à configuração da posse ad usucapionem. Por ele objetiva a lei (...) descartar a hipótese de usucapião pelo detentor (empregado ou preposto do possuidor) ou por quem tem o uso ou a fruição do imóvel em razão de negócio jurídico celebrado com o proprietário (locatário, usufrutuário, comodatário etc.) (...) O possuidor desprovido de animus domini, que não age como dono da coisa, está disposto a entregá-la ao proprietário tão logo instado a fazê-lo. A situação de fato em que se encontra não se incompatibiliza com o exercício, pelo titular do domínio, do direito de propriedade. (...)” (COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil, volume 3: direito das coisas, direito autoral – 4. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2012, versão digital, pp. 194/195) – grifei.
A cognição acima também é aplicável àquele que possui a coisa em virtude de contrato de parceria agrícola, como é o caso dos autores, pois tal pacto, objetivamente, obsta o reconhecimento da usucapião, porquanto não subsiste, em tal hipótese, animus domini do possuidor que se vale do imóvel por tal título. 
Nesse prisma, também é o entendimento jurisprudencial predominante no egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais: 
“AÇÃO DE USUCAPIÃO DE BEM IMÓVEL - AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO ANIMUS DOMINI (...) O exercício de posse em razão de contrato de parceria agrícola impede o reconhecimento da usucapião, pois inexistente animus domini por parte do possuidor que utiliza do imóvel a este título (...)” (TJMG - proc. Nº 1.0009.06.007287-4/001, Rel. Des. Corrêa Camargo, DJ de 17/06/2013). 
“AÇÃO DE USUCAPIÃO (...) AUSÊNCIA DE 'ANIMUS DOMINI' - REQUISITO INDISPENSÁVEL AO RECONHECIMENTO DA PRETENSÃO - EXISTÊNCIA DE CONTRATO DE PARCERIA AGRÍCOLA - ART. 1.208 DO CÓDIGO CIVIL. (...) A aquisição do imóvel através da usucapião exige ânimo de dono, que é incompatível com o contrato de parceria agrícola” (TJMG, proc. Nº 1.0428.09.015267-2/001, Rel. Des. Valdez Leite Machado, DJ de 12/04/2013).
c-) - Da inércia
da inicial por ausência de consentimento do companheiro. Art.73 caput CPC
Conforme o artigo 73 do CPC/2015, exige-se que o cônjuge e também o companheiro necessita do consentimento do outro para propor ações que versem sobre direito real imobiliário, como ocorre na ação de usucapião.
Ocorre que no caso em tela suponha-se, estar ausente qualquer tipo de consentimento de Marcos, o companheiro de João em união estável homoafetiva, na petição inicial ou nos documentos, no sentido de assentimento ao ajuizamento da ação de usucapião. Notou-se ainda que, na procuração apresentada, consta apenas a digital de João sob a rubrica “analfabeto”. Ferindo o referido artigo.
“Art. 73: O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens.
§ 1º Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para a ação:
I - que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens;
II - resultante de fato que diga respeito a ambos os cônjuges ou de ato praticado por eles;
III - fundada em dívida contraída por um dos cônjuges a bem da família;
IV - que tenha por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre imóvel de um ou de ambos os cônjuges.
§ 2º Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é indispensável nas hipóteses de composse ou de ato por ambos praticado.
§ 3º Aplica-se o disposto neste artigo à união estável comprovada nos autos.
d-) – Do pagamento de impostos do imóvel pelos autores
Ademais, cumpre informar que não subsiste lógica na alegação de que os autores seriam legítimos possuidores do imóvel usucapiendo por terem pago os impostos decorrentes do exercício de propriedade do referido imóvel.
Isso porque, como se apurará, a quantia para o pagamento de tais impostos era repassada aos autores diretamente pelos réus, os quais assim o faziam para facilitar o próprio adimplemento dos referidos tributos, pois eram os autores que, sendo moradores do local, recebiam, via Correios, as guias para pagamento de IPTU.
A condição acima consta de cláusula do contrato verbal de parceria agrícola, o qual será, como dito, comprovado por prova testemunhal. Ainda, os recibos anexos à esta contestação comprovam que, de fato, os réus repassavam aos autores as quantias referentes ao pagamento anual do IPTU. Nesse cenário, os autores apenas ficavam com os recibos de pagamento dos referidos impostos junto à instituição bancária, pois gozavam de plena confiança dos réus.
VI – Reconvenção (CPC, art. 343)
Com base nos art 9º III da Lei 8245/91 e art 62 I da lei 8245/91, o contrato de locação deve ser rescindindo, expedindo-se mandado de despejo. O autor deve ser condenado a pagar o valor devido referente aos alugueis em atraso, devidamente corrigidos, de acordo com o cálculo discriminado anexado a presente. Regulamentada pela lei 8.245/91 conhecida como lei do Inquilino, para de fato se tornar um inquilino é necessário o valor do alugueis liquidados, visto que não é comprovado qualquer pagamento oneroso do valor mensal do aluguel, mediante pagamento de uma remuneração, normalmente denominada de aluguel, com o pagamento de forma correta consiste na cessão temporária de um bem. 
A ação do locador para reaver o imóvel com base no art 5 da lei 8.245/91.
 “ Seja qual for o fundamento do termino da locação, a ação do locador para reaver o imóvel é o de despejo”. 
Essa tem como objetivo a rescisão do contrato de locação com ação de despejo e a retomada da posse do imóvel alugado pelo proprietário. A concessão de liminar na ação de despejo exige caução de três meses de alugue, que deve ser feita por deposito judicial do valor. Nesse sentido, quando o locador manifestar intenção de que o locatário saia com urgência do imóvel, devera depositar judicialmente essa caução (forma de garantia) no valor correspondente três meses do aluguel pactuado.
O art. 58 da lei do Inquilinato, traz algumas questões importantes: 
I os processos tramitam durante o recesso forense. 
II é competente para imóvel, salvo conhecer e julgar a ação de despejo o foro do lugar da situação do se no contrato outro foro tiver sido eleito: 
III o valor da causa correspondera a aluguel.
Com isso, venho entregar contamente AÇÃO DE DESPEJO fundamentada no artigo 62 na LEI 8.245/91, por falta de pagamento dos locatários João e seu companheiro Marcos.
I - Requerimento
Requer em juízo do débito atualizado (isto é, dos valores cobrados em atraso), no prazo de 15 (quinze) dias a contar da citação. Ou seja, o inquilino deve PAGAR tudo que está sendo cobrado para evitar ser despejado.
VII - DOS PEDIDOS
1. O julgamento improcedente do pedido, condenando os autores ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios sucumbenciais;
2. Seja determinado aos autores a entrega dos recibos de pagamento dos impostos decorrentes da propriedade do bem imóvel dos réus (IPTU).
3 . Improcedência na petição inicial 
4. Seja o pedido da reconvenção julgado Totalmente Procedente, afim de efetuar o despejo e condenar ao pagamento dos alugueis.
5- Que seja concedida a Gratuidade de Justiça nos termos do artigo fulcro no art. 5º, LXXIV, da CRFB/88, e do art. 98, do CPC/15.
Protesta por todos os meios de direito admitidos para comprovar os fatos alegados, especialmente prova testemunhal e depoimento pessoal das partes. 
Cumprida as necessárias formalidades legais, deve a presente ser recebida e juntada aos autos. 
Nestes termos, pede deferimento. 
Londrina, 6 de xx de xxxx. 
ADVOGADO 
OAB/SP

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando