Planejamento_Dietetico_para_o_Adolescente

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Planejamento Dietético para o 
Adolescente 
 Puberdade: processo de se desenvolver fisicamente de uma criança 
para um adulto. 
 
 Iniciada por fatores fisiológicos e inclui a maturação do organismo 
todo. Seus mecanismos são pouco compreendidos. A mudança da 
adolescência é tão rápida quanto aquela do início da infância. 
 
 Dura cerca de seis anos, começa diferentemente para cada sexo. 
 
 No sexo feminino, o seu início é mais precoce, por volta dos dez 
anos; enquanto no sexo masculino, somente aos doze ou treze anos 
surgem os caracteres sexuais secundários. 
 
 Aceleração do crescimento, influenciada por fatores genéticos e 
ambientais, é precedida normalmente de um aumento de peso, 
como se a natureza fizesse reservas calóricas para atender ao 
processo de crescimento. 
 
 Caracteriza-se também por grandes modificações psicológicas, 
tais como: intensificação da vida emocional, formação da 
personalidade e seu equilíbrio, conflitos com a autoridade etc. 
É a fase da contestação. Os desenvolvimentos emocional e 
intelectual são rápidos. 
 
 O pico da velocidade de crescimento ocorre em idades 
diferentes para indivíduos diferentes, assim como o início da 
puberdade. Em geral, ocorre mais cedo para as meninas do que 
para os meninos. 
 
 Crescimento se torna mais lento durante o atingir da 
maturidade sexual, o crescimento linear e a aquisição de peso 
continuam diminuem até o final da adolescência para as 
mulheres, e no início dos 20 anos para os homens. 
 
 A maioria das mulheres ganha não mais do que 2 a 3 cm após a 
menarca. 
 
 As mulheres ganham mais gordura durante a puberdade e na 
fase adulta e possuem em torno de 22% de gordura corporal, 
comparado com aproximadamente 15% nos homens. 
 
 Os homens ganham duas vezes mais tecido magro do que as 
mulheres e a massa corporal quase dobra, tornando as 
necessidades calóricas e protéicas maiores do que em qualquer 
outra fase da vida. 
 
 
 É comum o adolescente desenvolver uma imagem do próprio 
físico que inclua um corpo adulto, que está relacionada ao 
estado nutricional. 
 
 Com frequência se sentem desconfortáveis com seus corpos 
que mudam rapidamente, ao mesmo tempo querendo ser 
iguais aos colegas e ídolos culturais mais perfeitos. 
 
 Sentimentos sobre seus próprios atributos físicos, os deixam 
vulneráveis a severas distorções se um distúrbio alimentar se 
desenvolver. 
 
 O desejo de mudar a taxa de crescimento ou as proporções 
corpóreas pode levar o adolescente a manipulações dietéticas 
que podem ter conseqüências negativas. 
 
 O rápido ganho de peso, que acompanha o desenvolvimento 
das características sexuais secundárias, faz com que muitas 
mulheres jovens restrinjam, sem necessidade, a quantidade de 
alimentos ingeridos. 
 
 Os homens jovens são tentados a usar suplementos 
nutricionais, esperando atingir a aparência muscular dos 
adultos. 
 
 O apetite nesta fase é assombroso, mas infelizmente, o 
adolescente não realiza uma seleção qualitativa do que ingere, 
preferindo alimentos que menos lhe convêm: sanduíches, 
refrigerantes, doces, massas e frituras em excesso, em 
detrimento de alimentos ricos em fibras e micronutrientes. 
 
 É a fase da excentricidade alimentar. 
 
 
 A independência crescente, maior participação na vida social e 
horários geralmente ocupados, influenciam seus hábitos 
alimentares. 
 
 Com frequência comem rapidamente e longe de casa, estão 
começando a comprar e preparar suas próprias refeições. 
 
 Padrões de refeições dos adolescentes são frequentemente 
caóticos. 
 
 Apesar da preocupação expressa sobre o hábito de lanchar, os 
adolescentes podem obter a nutrição essencial a partir de 
alimentos consumidos fora das refeições tradicionais. 
 
 
 
 Escolha dos alimentos é mais importante do que o horário e 
local das refeições. 
 
 Incluir vegetais, frutas frescas e produtos integrais, para 
complementar os alimentos ricos em valor energético e 
proteína. 
 
 Durante o período do pico de velocidade de crescimento, os 
adolescentes normalmente precisam comer com mais 
frequência e em grandes quantidades. 
 
 São capazes de utilizar os alimentos com alta concentração de 
calorias; entretanto, necessitam ser mais cuidadosos com as 
quantidades e frequência da alimentação quando o 
crescimento diminui. 
 
Distúrbios Nutricionais 
OBESIDADE 
 
 É uma tendência de distúrbio e justifica a atenção dos profissionais 
de saúde, uma vez que o excesso de peso na adolescência parece 
estar associado a efeitos adversos na saúde física. 
 
 O risco crescente de morbidade por doença cardíaca e aterosclerose 
é maior em homens e mulheres que tiveram excesso de peso na 
adolescência. 
 
 Os adolescentes obesos podem ter ganho de peso através de uma 
combinação de fatores fisiológicos, psicológicas e culturais. 
 
 Quanto mais os adolescentes forem obesos, por qualquer razão, 
maiores as chances de manterem o estado obeso na fase adulta. 
 
 
OBESIDADE 
 
 Uma identificação precisa do adolescente com excesso de peso é 
importante, porque o tratamento precoce, centrado na família, 
baseado no comportamento, pode ter sucesso. 
 
 Os adolescentes estão vulneráveis a atitudes não realistas sobre a 
quantidade de tempo e esforço necessários para o tratamento 
eficaz. 
 
 As dietas da moda, drogas e equipamentos são vistos como as 
soluções rápidas. 
 
 Para terem sucesso, os programas terapêuticos devem incluir dietas 
individualizadas, aptidão e componentes de suporte psicológico, 
envolvendo as famílias e os indivíduos. 
 
 A terapia familiar é um fator importante na prevenção do progresso 
da obesidade na infância para a obesidade na adolescência. 
 
 
DESNUTRIÇÃO 
 
 O adolescente bem nutrido apresenta boa estatura, corpo 
harmônico, músculos rígidos, bons dentes, cabelos sedosos, 
funcionamento intestinal perfeito, resistência às infecções, sistema 
nervoso bem equilibrado, é estável emocionalmente e participante. 
 
Os principais fatores que predispõem o adolescente à desnutrição são: 
 
 Omissão do desjejum ou desjejum carente; 
 Má seleção dos alimentos; 
 Omissão de refeições importantes; 
 Dietas de emagrecimento mal orientadas; 
 Gravidez precoce, causando anemia e carência de micronutrientes. 
 
 
Avaliação e Planejamento da Dieta 
 ÍNDICE DE MASSA CORPORAL – IMC 
 
Tabela 1 - IMC para adolescentes (CASEY et al., 1992) 
 Faixa Etária Meninos Meninas 
7 anos 15,4 ± 0,9 15,7 ± 1,5 
Pré-puberdade* 17,6 ± 2,3 16,7 ± 2,4 
Pico da Velocidade 
de Crescimento ** 
18,4 ± 2,1 17,7 ± 2,9 
Puberdade *** 19,6 ± 2,1 18,9 ± 2,8 
18 anos 21,3 ± 1,9 20,7 ± 2,6 
* Pré- puberdade: dois anos antes do pico de crescimento (estirão) 
** Velocidade de crescimento (pico): meninas- idade média: 12 anos (variação normal 10 a 14 
anos); meninos- idade média: 11 a 16 anos. 
*** Puberdade: dois anos após o pico da velocidade de crescimento. 
 
Ingestão de ENERGIA 
 O VCT da dieta do adolescente não é apenas alto porque 
deve abranger as necessidades de crescimento, mas ainda, 
devido ao próprio metabolismo ser maior nesta idade do 
que o adulto. 
 
 O GET deve ser calculado após a avaliação do peso do 
adolescente. Essa avaliação deve ser feita observando-se o 
peso adequado para a altura do indivíduo através do IMC. 
 
 O GET para o adolescente pode ser calculado pelo Método 
dos Múltiplos da TMB ou Método Fatorial (FAO/85), 
acrescentando-se o gasto energético para o crescimento. 
 
 
 Tabela 2- Gasto Energético para o Crescimento (FAO, 
1985) 
Faixa etária GEC 
10 a 15 anos 1,9 Kcal/Kg/dia 
15 anos 0,96Kcal/Kg/dia 
16 a 18 anos 0,48 Kcal/Kg/dia 
TMB (10 a 18 anos)= 17,5 x P + 651 (Homens) 
TMB (10 a 18 anos) = 12,2 x P + 746 ( Mulheres) 
 
Exemplo: Mulher; 15 anos; 1,62m; 55kg; IMC= 20,95kg/m2 
Sono 8h 
Escola e atividades leves 12h 
Atividade moderada 4h 
 
 Tabela 3 – Fatores de Gasto Energético Bruto ematividades para a faixa etária de 10 a 18 anos (FAO, 1985) 
 
 
 
 
 
 
 
 Para classificar as atividades em leves, moderadas ou intensas, vide 
tabela dos fatores propostos no Método Fatorial (FAO, 1985). 
 
Atividades MeninOs MeninAs 
Escola e atividades leves 1,6 1,5 
Atividades moderadas 2,5 2,2 
Atividade intensa 6,0 6,0 
Sono 1,0 1,0 
 Outra forma de se calcular o GET para o adolescente é: 
calcular a TMB e multiplicar o resultado obtido pelo gasto 
energético médio (Tabela 4). 
 GET = TMB x GEM 
Tabela 4 – Gasto Energético Médio para Adolescentes (FAO, 
1985) 
 
Gasto Energético Médio – GEM 
Idade (anos) MeninOs MeninAs 
10-11 1,76 1,65 
|11-12 1,73 1,63 
|12-13 1,69 1,60 
|13-14 1,67 1,58 
|14-15 1,65 1,57 
|15-16 1,62 1,54 
|16-17 1,60 1,53 
|17-18 1,60 1,52 
 Pelas DRIs/2000, o GET pode ser calculado pelas fórmulas 
propostas para EER. 
 
 Para essa faixa etária, as necessidades de energia são definidas 
para manter a saúde, promover ótimo crescimento e maturação 
sexual e para garantir um nível desejável de atividade física. 
 
 O gasto energético nesta faixa é altamente influenciado pela 
massa livre de gordura, de forma que os meninos apresentam uma 
maior necessidade de energia e de nutrientes que as meninas. 
 
 As equações para determinação da EER dos adolescentes são as 
mesmas utilizadas para meninos e meninas de 6 a 8 anos, exceto a 
energia de deposição, que passa de 20 para 25 em ambos os 
sexos. 
 
 
EER para MeninOs de 9 a 18 anos 
 
EER = 88,5 – 61,9 x I [em anos] + CAF x (26,7 x P [em kg] + 903 
x E [em metros]) + 25 [depósito de energia] 
 
Onde: CAF =1,00 se o NAF for sedentário 
 CAF =1,13 se o NAF for pouco ativo 
 CAF =1,26 se o NAF for ativo 
 CAF =1,42 se o NAF for muito ativo 
 
EER para MeninAs de 9 a 18 anos 
 
EER = 135,3– 30,8 x I [em anos] + CAF x (10,0 x P [em kg] + 934 
x E [em metros]) + 25 [depósito de energia] 
 
Onde: CAF =1,00 se o NAF for sedentário 
 CAF =1,16 se o NAF for pouco ativo 
 CAF =1,31 se o NAF for ativo 
 CAF =1,56 se o NAF for muito ativo 
 
Ingestão de PROTEÍNA 
 
 No planejamento dietético, a quantidade de proteínas a 
serem prescritas na dieta pode ser a recomendação da 
necessidade em g/kg peso/dia ou g/dia, ou ser calculada de 
acordo com o Intervalo de Distribuição Aceitável de 
Macronutrientes – AMDR (Acceptable Macronutrient 
Distribution Range) 
 
 O AMDR de proteínas varia de 10-30% par a faixa de 10 a 18 
anos, segundo as DRIs. 
 
 A tabela 1 mostra as recomendações de proteína para essa 
faixa etária. 
 
Ingestão de PROTEÍNA 
 
TABELA 1 – Recomendações de Proteínas, segundo as DRIs. 
 
 Estágio de 
Vida 
RDA 
(g/dia) 
RDA 
(g/kg de peso/dia) 
 
9-13 anos 34 0,95 
 14-18 anos 52 0,85 
 Para o cálculo da quantidade de CARBOIDRATOS a ser 
prescrita, pode-se utilizar o AMDR, proposto pelas DRIs, que 
é de 45 a 65% para a faixa etária de 10 a 18 anos. 
 
 Ou também, utilizar os valores de RDA/AI em gramas/dia, 
que são: RDA = 130 g/dia (10 a 18 anos) 
 
 É recomendável o cálculo do percentual de LIPÍDEOS pelo 
AMDR para a faixa etária de 10 a 18 anos, devido ao fato de 
não terem sido estabelecidos valores em g/dia. 
 
 O AMDR de lipídeos é de 25 a 35% de 10 a 18 anos. 
 
 
 VITAMINAS E MINERAIS devem ser prescritos de acordo com os valores 
tabelados de RDA ou AI para esta faixa etária. 
 
 Os adolescentes incorporam o dobro da quantidade de cálcio, ferro, 
zinco e magnésio em seus organismos durante os anos do estirão do 
crescimento. 
 
 A necessidade de cálcio na adolescência é baseada nas necessidades do 
crescimento esquelético, 45% do qual ocorre durante este período. 
 
 Ambos, homens e mulheres, têm altas necessidades de ferro. Nos 
homens a construção da massa muscular é acompanhada por volume 
sangüíneo maior e, nas mulheres, o ferro é perdido mensalmente com o 
início da menstruação. 
 
 O zinco é essencial para o crescimento; a retenção de zinco aumenta 
significativamente durante o estirão do crescimento, levando a um uso 
mais eficiente de fontes dietéticas. 
 
 Cálcio, fósforo, ferro e iodo também são necessários em quantidades 
ideais para a produção de hormônios. 
 Quanto às vitaminas, a adolescência é um período da vida em que 
o organismo é extremamente sensível a carências. 
 
 Merecem especial atenção: vitamina A (crescimento e proteção 
da pele); vitaminas do Complexo B (atividade intelectual e 
proteção dos sistema nervoso), vitamina E (maturação sexual), 
vitamina D (crescimento ósseo), vitamina K (coagulação 
sanguínea), vitamina C (formação do colágeno) e ácido fólico 
(início da fase fértil da vida feminina). 
 
 A Tiamina, a Riboflavina e a Niacina são recomendadas em altas 
quantidades para acompanhar as altas necessidades de energia. 
Na maioria dos casos, a maior ingestão de alimentos, exigida por 
maiores necessidades energéticas, será acompanhada por níveis 
crescentes e adequados de vitaminas do Complexo B. 
 
 Todas as vitaminas podem ser fornecidas por uma dieta bem 
escolhida, sem a necessidade de suplementos vitamínicos. 
 
PRÁTICA- DIETA DO ADOLESCENTE 
 
 Pesquise em sua comunidade a dieta de um adolescente, do 
sexo masculino, com idade entre 14 e 16 anos. 
 
 Você deverá fazer um Recordatório Alimentar de 24h e 
avaliar o VCT, a Distribuição dos Macronutrientes e os 
alimentos que compõem a dieta deste adolescente. 
 
 Em seguida, você deve propor uma dieta adequada à faixa 
etária do indivíduo, fazendo todos os cálculos pelas DRIs, 
observando as peculiaridades da alimentação do 
adolescente e os hábitos e gostos do entrevistado. As 
necessidades de Cálcio e Vitamina C devem ser atendidas 
nesta prescrição. O trabalho deve ser feito em dupla.