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RESP E REXT - Modelo peça

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PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA 
 
8.1 – Modelo de recurso especial 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR 
PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE DO ESTADO DE 
___________________ 
 
 
(10 cm) 
 
PROCESSO N.º ___________________ 
 
 FULANO DE TAL, por seu 
advogado e bastante procurador infra-assinado, não se conformando 
com a decisão exarada no Acórdão de fls. ____, vem, mui 
respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, nos autos da AÇÃO 
DE RESTITUIÇÃO DE VALORES PAGOS INDEVIDAMENTE que move 
em face do PLANO DE SAÚDE TODOS COBERTOS, interpor 
RECURSO ESPECIAL, com fundamento nos artigos 1.029 e seguintes 
do Código de Processo Civil, combinados com o artigo 105, inciso III, 
alíneas “a” e “c” da Constituição Federal e com os artigos 255 a 257-A do 
Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça (RISTJ), conforme as 
razões de fato e de direito abaixo, requerendo que se digne de recebê-
las, processá-las e remetê-las ao Superior Tribunal de Justiça, nos 
termos do artigo 1.030 do Código de Processo Civil. 
 
 Nestes termos, 
 pede deferimento. 
 
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA 
 
 Local e data. 
 
 Assinatura, Nome e OAB 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA 
 
RAZÕES DO RECURSO ESPECIAL 
 
 
RECORRENTE: FULANO DE TAL 
RECORRIDO: PLANO DE SAÚDE TODOS COBERTO 
TRIBUNAL DE ORIGEM: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE 
__________ 
RECURSO DE APELAÇÃO NÚMERO: _____________ 
 
Egrégio Tribunal 
Colenda Corte 
Nobres Julgadores 
 
I – DA EXPOSIÇÃO DOS FATOS E DO DIREITO 
 
 1. O recorrente teve de ser internado no 
Hospital “Salvador”, localizado na Rua ____________ n. ______, no 
bairro de ___________, cujo hospital não integra a rede credenciada de 
convênio pelo recorrido. Essa internação deu-se por motivos de 
emergência, visto que ele tivera um infarto, e não havia pronto-socorro 
credenciado próximo à localidade onde se encontrava o recorrente. 
 
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA 
 
 2. Os familiares do recorrente pagaram a 
quantia de R$ 13.000,00 (treze mil reais) pelo atendimento médico. 
Posteriormente, solicitaram reembolso da quantia paga, contudo, o 
recorrido negou-lhes o reembolso sob a alegação de que não há 
previsão contratual. Inconformado com a recusa da devolução da quantia 
supramencionada, o recorrente propôs ação judicial para obter a 
restituição da quantia, contudo, tanto o juiz de direito quanto o Tribunal 
de Justiça do Estado de ___________________ julgaram improcedente 
o pedido. 
 
 3. O Acórdão de número _____________ 
do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de _____________ afirmou 
que o requerente não tem o direito de ser reembolsado pelas despesas 
médicas, porque não escolheu hospital conveniado. Segue, portanto, o 
fragmento do Acórdão impugnado: 
 
Trata-se de apelação interposta contra a r. 
sentença de fls. ___, a qual julgou improcedente a 
ação movida contra o plano de saúde que negou o 
reembolso integral das despesas médico-
hospitalares. O autor pretendeu o reembolso 
integral das despesas médicas despedidas com 
procedimento cirúrgico para tratamento do enfarto 
que sofrera, realizada no Hospital _________Sírio 
Libanês, no valor de R$ 13.000,00 (treze mil 
reais). Afirmou que em razão do enfarto não teve 
tempo de localizar hospital conveniado. Em 
apertada síntese, o magistrado entendeu que não 
cabe o reembolso, visto que o apelante deveria ter 
procurado hospital conveniado. É o relatório. De 
fato, razão assiste ao magistrado “a quo”, visto 
que a cláusula ____ do contrato em anexo explica 
de forma clara que não há reembolso para 
beneficiários que são atendidos por hospitais não 
conveniados. 
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA 
 
 
 4. Ora, Nobres Julgadores, a decisão 
supramencionada contraria lei federal, nega-lhe vigência e dá interpretação 
divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal. 
 
 5. A decisão contraria lei federal e nega-lhe 
vigência, pois o artigo 12, inciso VI, da Lei n. 9.656/98 é de clareza meridiana 
ao afirmar que: 
 
“(...) reembolso, em todos os tipos de plano ou 
seguro, nos limites das obrigações contratuais, 
das despesas efetuadas pelo beneficiário, titular 
ou dependente, com assistência à saúde, em 
casos de urgência ou emergência, quando não for 
possível a utilização de serviços próprios, 
contratados ou credenciados pelas operadoras 
definidas no artigo 1º, de acordo com a relação de 
preços de serviços médicos e hospitalares 
praticados pelo respectivo plano ou seguro, 
pagáveis no prazo máximo de trinta dias após a 
entrega à operadora da documentação 
adequada.” 
 
 5. O reembolso é devido, quando se trata 
de casos de urgência ou emergência. O legislador restringiu o direito de 
reembolso somente para aquelas pessoas que foram acometidas de 
enfermidade abrupta. Empregou para tanto os substantivos urgência e 
emergência para designar situações diversas. 
 6. A professora de Língua Portuguesa 
Ruth Rocha define ambos os vocábulos da seguinte forma: “urgente: que 
urge; que é preciso fazer-se com rapidez; indispensável; iminente. 
Emergência: ação de emergir; ocorrência, situação crítica”. (Cf. 
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Minidicionário da língua portuguesa. São Paulo : Scipione, pp. 228 e 
628). 
 7. Inferem-se, portanto, dessas definições 
que o caso urgente é aquele que está para acontecer, e a emergência já 
aconteceu. A conjunção alternativa “ou” é de exclusão e não de adição. 
Isso significa que constatada a urgência ou a emergência, o beneficiário 
pode ser medicado em hospital não credenciado. 
 
 8. Outro aspecto importante a ser tratado 
é os conceitos de urgência e emergência, segundo a Resolução CFM n. 
1.451/95, artigo 1º, parágrafos primeiro e segundo: “Define-se por 
URGÊNCIA a ocorrência imprevista de agravo à saúde com ou sem risco 
potencial de vida, cujo portador necessita de assistência médica 
imediata. Define-se por EMERGÊNCIA a constatação médica de 
condições de agravo à saúde que impliquem em risco iminente de vida 
ou sofrimento intenso, exigindo, portanto, o tratamento médico imediato.” 
 
 9. Note-se que o recorrente estava na 
iminência de enfartar e passou muito mal, assustando seus familiares 
que providenciaram o socorro imediato. Nesse momento de angústia e 
desespero, duvida-se que alguém consulte guia de hospital para localizar 
aqueles que são conveniados para socorrer o enfermo. Além disso, a 
emergência ficou bem caracterizado no prontuário médico o risco 
“iminente de vida”, caso não houvesse atendimento médico imediato. 
 10. Mesmo diante dessas considerações, 
a demanda foi julgada improcedente, cuja decisão houve por bem ser 
mantida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. No entanto, o recorrente 
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insiste que tem direito ao reembolso com fundamento na interpretação do 
artigo 12, inciso VI, da Lei n.º 9.656/98. 
 
III – A DEMONSTRAÇÃO DO CABIMENTO DO RECURSO 
INTERPOSTO 
 
 11. O artigo 105, inciso III, alíneas “a” e 
“c”, da Constituição Federal explicitam que: 
 
“Compete ao Supremo Tribunal de Justiça: 
III – julgar, em recurso especial, as causas 
decididas, em única ou última instância, 
pelos Tribunais Regionais Federais ou 
pelos Tribunais dos Estados, do Distrito 
Federal e Territórios, quando a decisão 
recorrida: a) contrariar tratado ou lei 
federal, ou negar-lhes vigências; c) der a 
lei federal interpretação divergente da que 
lhe haja atribuído outro tribunal”. 
 
 12. Em primeiro lugar, repise-se, entende 
o recorrente que o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo negou 
vigência ao artigo 12, inciso VI, da Lei n.º 9.656/98, pois negou o pedido 
de reembolso, quando este possui respaldo legal na lei retromencionada. 
Ressalte-seque o teor do artigo é claro a respeito desse assunto: “... em 
casos de urgência ou emergência, quando não for possível a utilização 
dos serviços próprios ou contratados ou credenciados pelas 
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operadoras...”. Sob essa tese, o requerente já desenvolveu suas 
considerações no item anterior. 
 
 12. Saliente-se, ainda, que o recorrido não 
impugnou a alegação do recorrente que se tratava do atendimento de 
emergência, tornando a matéria incontroversa. Ao contrário, pautou-se a 
defesa apenas na cláusula contratual que impedia o reembolso. 
 
 13. Ora, Ilustres Magistrados, há 
necessidade de se verificar a aplicabilidade ou não do artigo 12, inciso 
VI, da Lei n.º 9.656/98 nestes casos, pois, como se trata de matéria de 
direito (interpretação e aplicação da norma ao caso concreto), estar-se-á 
estabelecendo uma decisão uniforme para casos dessa natureza que 
muito interessa ao cidadão brasileiro que possui plano de saúde. Saber-
se-á, por exemplo, se nos casos de emergência ou urgência, tem-se a 
possibilidade de ser atendido no hospital mais próximo ou 
obrigatoriamente ou se deve procurar um hospital conveniado, tendo ou 
não ainda, direito ao reembolso se o atendimento der-se em hospital não 
conveniado. 
 14. Há de se ponderar também que a 
decisão do Tribunal do Estado de São Paulo deu interpretação 
divergente que lhe deu o Tribunal de Santa Catarina, no Processo 
número 2005.039482, cujo relator foi o Desembargador Sérgio Izidoro 
Hell. A Câmara daquele Tribunal julgou procedente ação idêntica, cujo 
acórdão paradigma encontra-se em anexo. Para demonstrar a 
divergência, cita precisamente o aresto do acórdão que interpretou o 
artigo 12, VI, da Lei n.º 9.656/98 em caso semelhante a este aqui 
discutido: 
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“Apelação Cível – Ação de Ressarcimento de 
Despesas Médico-Hospitalares – Plano de Saúde 
– UNIMED – Relação de Consumo – Incidência do 
Código de Defesa do Consumidor – Tratamento 
de Urgência – Despesa Paga pelo Consumidor – 
Obrigatoriedade do Ressarcimento – Previsão 
Legal e Contratual – Lei 9.656/98 – Negativa do 
Plano de Saúde – Interpretação mais Favorável 
ao Consumidor – Inteligência do art. 47 do CDC – 
Reembolso devido – Valor do reembolso limitado 
ao contrato – Art. 12, VI, da Lei 9.656/98 – 
Sentença Reformada em Parte – Recurso 
parcialmente provido”. 
 
 17. Veja-se que é exatamente neste ponto 
que se instaura a divergência, pois o acórdão recorrido dá interpretação 
oposta ao mesmo artigo: 
 
“Tampouco impressiona a alegação de que a 
situação espelhava caso de emergência a 
permitir a incidência do disposto no artigo 12, 
inciso VI, da Lei n.º 9.656/98. Na espécie, 
pelo que se extrai dos autos, era possível ao 
autor a utilização da rede credenciada 
disponibilizada pelo recorrido (nada se 
comprovou em sentido contrário), que, 
inclusive, contava com estabelecimento 
especializado para seu atendimento (Hospital 
do Coração, fls. ___), optando-se, no entanto, 
por pura liberalidade, por nosocômio não 
integrante do sistema, o que, per si, fulmina a 
pretensão.” 
 
 18. Há de se ressaltar, ainda, que a tese 
defendida pelo recorrente guarda apoio nas decisões majoritárias do 
Superior Tribunal de Justiça: 
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“EMENTA: PLANO DE SAÚDE. CENTRO 
TRASMONTANO. INTERNAÇÃO. 
HOSPITAL CONVENIADO. O reembolso das 
despesas efetuadas pela internação em 
hospital não conveniado, pelo valor 
equivalente ao que seria cobrado por outro da 
rede, pode ser admitido em casos especiais 
(inexistência de estabelecimento credenciado 
no local, recusa do hospital conveniado de 
receber o paciente, urgência da internação 
etc.), os quais foram reconhecidos nas 
instâncias ordinárias. A operadora de serviços 
de assistência à saúde que presta serviços 
remunerados à população tem sua atividade 
regida pelo Código de Defesa do Consumidor, 
pouco importando o nome ou a natureza 
jurídica.” Relator: Ministro Ruy Rosado de 
Aguiar. Recurso Especial n. 267.530 – São 
Paulo (2000/0071810-6). 
 
 19. Como se pode observar, o recorrente 
encontra apoio nas decisões de outro tribunais e nas decisões do 
Superior Tribunal de Justiça para se insurgir em face das decisões que 
julgaram improcedente o seu pedido. 
 
IV – DAS RAZÕES DO PEDIDO DE REFORMA DA DECISÃO 
RECORRIDA 
 
 20. Note-se, portanto, que restou 
comprovado a repercussão geral da matéria. Além disso, provou-se 
também que as decisões dos juízos a quo e ad quem negaram vigência à 
lei federal e deram à mesma lei interpretação divergente de outro 
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tribunal. Esses requisitos admitem o recurso especial, a fim de reformar o 
decisum. 
 
V – DO PEDIDO 
 
 Ex positis, o recorrente requer sejam as 
razões aqui expostas conhecidas para o fim de reformar a decisão 
recorrida, julgando-se procedente a ação, e condenando o recorrido ao 
reembolso das despesas hospitalares no valor de R$ 13.000,00 (treze mil 
reais), acrescido de juros e correção monetária, além das custas 
processuais e verbas de sucumbência, aplicando-se a mais costumeira 
 
 J U S T I Ç A! 
 
 Nestes termos, 
 pede deferimento. 
 
 Local e data. 
 
 
 Assinatura, nome e OAB. 
 
 
 
 
 
 
 
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA 
 
8.2 – Modelo de Recurso Extraordinário 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR 
PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE ____________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO N.º _________________ 
 
 ULPIANO DE SOUSA, por seu advogado e 
bastante procurador infra-assinado, vem, mui respeitosamente, perante 
Vossa Excelência, nos autos da ação em Epígrafe que move em face de 
PLANO DE SAÚDE, interpor RECURSO EXTRAORDINÁRIO, com 
fundamento no artigo 102, inciso III, alínea “a”, da Constituição Federal, 
combinado com os artigos 1.029 e seguintes do Código de Processo Civil 
e artigos 321 a 329 do RISTF. 
 
 Requer, nos termos do artigo 1.030 do Código 
de Processo Civil que o recorrido seja intimado para apresentar 
contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual requer desde já 
que sejam os autos remetidos ao Supremo Tribunal Federal para os 
devidos fins de direito. 
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA 
 
 
 
 Nestes termos, 
 pede deferimento. 
 Local e data. 
 Assinatura, nome e OAB. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA 
 
RAZÕES DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
 
RECORRENTE: ULPIANO DE SOUSA 
RECORRIDO: PLANO DE SAÚDE 
TRIBUNAL: EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE ________ 
APELAÇÃO N.º ___________ 
ACÓRDÃO N. _____________ 
 
Egrégio Tribunal 
Colenda Corte 
Ínclitos Ministros 
 
I – DA REPERCUSSÃO GERAL DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
 
 1. A questão guerreada nestes autos versa 
sobre o índice legal a ser aplicado nos reajustes das mensalidades dos 
planos de saúde em razão da faixa etária dos beneficiários que atingem 
59 anos de idade. Foi a demanda julgada improcedente, entendendo o 
Tribunal de Justiça do Estado de _______________, por meio do 
Acórdão n._______ que o reajuste das mensalidades dos planos de 
saúde em razão da faixa etária é legal, independente, do índice aplicado 
nas mensalidades. Ora, não há dúvida de que essa matéria configura 
repercussão geral, porque existe questão relevante do ponto de vista 
econômico, político, social e jurídico que ultrapassem os interesses 
subjetivos destes autos do processo, conforme dispõe o artigo 1.035, § 
1º, do Código de Processo Civil. 
 2. Não há dúvida de que o índice a ser aplicado 
nas mensalidades de planos de saúde transcende o direito individual, 
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tornando a matéria relevante, inserindo-a na ordem pública e 
classificando-a como de interesse social. O tema atinge osbrasileiros 
com 59 anos de idade, visto que a decisão desta demanda afetará todos 
eles. Seguindo essas diretrizes, o professor José Rogério Cruz e Tucci 
sustenta que a repercussão geral apresenta “a existência ou não, no 
thema decidendum, que suplantem o interesse individual dos litigantes.” 
Diz ainda: ““Andou bem o legislador não enumerando as hipóteses que 
possam ter tal expressiva dimensão, porque o referido preceito 
constitucional estabeleceu um ‘conceito jurídico indeterminado’ (como 
tantos outros previstos em nosso ordenamento jurídico), que atribui ao 
julgador a incumbência de aplicá-lo diante dos aspectos particulares do 
caso analisado”. Anotações sobre a repercussão geral como pressuposto 
de admissibilidade do recurso extraordinário. Disponível em: 
<http://www.oab.org.br/editora/revista/users/revista/12112895351742181
81901.pdf. 
 
 3. A decisão guerreada insere-se exatamente no 
artigo 1.035, § 3º, inciso I, do Código de Processo Civil que dispõe o 
seguinte: “Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar 
acórdão que: I - contrarie jurisprudência dominante do Supremo Tribunal 
Federal.” 
 
 4. A recorrente demonstrará que a decisão 
proferida pelo Tribunal de Justiça do Estado de _____________ 
apresenta repercussão geral, porque contraria jurisprudência dominante 
do Supremo Tribunal Federal. 
 
 
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II – A EXPOSIÇÃO DO FATO E DO DIREITO 
 
 5. Em ___/___/___, a recorrente firmou com a 
recorrida o contrato de número _________ referente à prestação de 
serviços médico-hospitalares. Ao longo desse contrato, a recorrente 
sempre cumpriu com suas obrigações financeiras, pagando 
pontualmente as mensalidades. 
 6. Há de se ressaltar que em ___/___/___, um 
representante da recorrida convenceu-a a transferir seu plano de saúde 
para o plano empresarial de seu esposo, pois, assim, o pagamento da 
mensalidade seria menor. Infelizmente, não isso não aconteceu 
realmente. Quando a recorrente percebeu que o pagamento era bem 
maior do que se esperava, tratou de pagar individualmente seu plano de 
saúde. Deve-se observar que nunca houve rescisão contratual de um 
plano de saúde para outro. 
 7. Em __/___/___, a recorrente foi acometida de 
uma doença profundamente grave e teve de ser submetida à cirurgia, 
apresentando um quadro pós-operatório tardio de meningioma e 
insuficiência respiratória crônica. Encontra-se acamada, com ventilação 
mecânica (CPAP) sob os cuidados de “home care”. 
 8. Em razão do contrato de prestação de saúde 
firmado, a recorrente pagava à recorrida a quantia de R$ 1.000,00 (mil 
reais) por mês, conforme documento de fls. ___, no entanto, foi 
surpreendida com uma fatura de R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos 
reais) a partir de ____/____/____. A recorrente solicitou informação 
sobre esse aumento de 150% (cento e cinquenta por cento) na 
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mensalidade, e a recorrida disse que se tratava de aumento em razão da 
mudança de faixa etária, visto que ela acabara de completar 60 anos de 
idade. 
 9. Por esse motivo, a recorrente propôs ação 
judicial com o escopo de declarar abusiva a cláusula que permite esse 
aumento em razão da idade, bem como aplicar o índice de reajuste de 
_____ autorizado pela ANS, ou qualquer outro índice legal, salientando 
que a recorrente impugnou a ilegalidade desse aumento em razão da 
idade, bem como o índice ilegal aplicado às mensalidades do plano de 
saúde. Infelizmente, o Tribunal de Justiça do Estado de ___________ 
entendeu que é permitido não só o aumento em razão da idade de 60 
anos, mas também o índice aplicado. 
II – A DEMONSTRAÇÃO DO CABIMENTO DO RECURSO 
INTERPOSTO 
 10. O artigo 102, inciso III, alínea “a”, da 
Constituição Federal explicita que caberá Recurso Extraordinário, 
quando o Acórdão contraria dispositivo da Constituição Federal. O 
aumento abusivo da mensalidade do plano de saúde desrespeita o artigo 
1º, inciso III, da Constituição Federal que diz respeito à proteção da 
dignidade da pessoa humana. 
 11. Afirmou-se que a recorrente é portadora de 
doença grave e que depende de tratamento médico contínuo. A 
manutenção do plano de saúde é essencial para seu tratamento, porque 
depende de ventilação mecânica para sobreviver. O aumento abusivo da 
mensalidade irá impedi-la de manter o plano de saúde e, com isso, 
estará correndo risco iminente de morte. Ora, Ínclitos Ministros, atentar 
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contra a saúde de outrem empregando meios comerciais como a 
majoração das mensalidades dos planos de saúde é ofender a dignidade 
da pessoa humana. Impõe-se ao Estado tutelar os cidadãos desses 
abusos econômicos. 
 12. Outro aspecto importante a ser considerado 
é que o artigo 3º, inciso IV, da Constituição Federal esclarece que é 
objetivo fundamental da República Federativa do Brasil promover o bem 
de todos sem preconceitos de idade ou quaisquer outras formas de 
discriminação. Ora, aumento da mensalidade de plano de saúde em 
razão da idade é preconceituoso e discriminatório. 
 13. Por fim, o Acórdão recorrido contrariou 
jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal (STF), visto que é 
cediço a ilegalidade de aumento nas mensalidades dos planos de saúde 
às pessoas que contam com 60 anos de idade. A jurisprudência abaixo 
colacionada demonstra o posicionamento do Supremo Tribunal Federal 
sobre o tema, da lavra do Iminente Ministro Luís Roberto Barroso, 
publicado no DJe-076 DIVULG 19/04/2016 PUBLIC 20/04/2016 (Recurso 
Extraordinário com Agravo): 
 
DECISÃO: 
 Trata-se de agravo cujo objeto é decisão que 
negou seguimento a recurso extraordinário 
interposto contra acórdão do Tribunal de Justiça do 
Estado do Rio de Janeiro, assim ementado: 
 “Apelação Cível. Reajuste de plano de saúde 
coletivo. Desnecessidade de prévia autorização da 
ANS, que não afasta a verificação de abusividade da 
cláusula contratual, com base no CDC. Vedação ao 
reajuste por faixa etária que se extrai do art. 15, §3º 
da Lei nº 10.741/03 e do art. 3º, IV, da CF. 
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA 
 
Abusividade do reajuste sob o pretexto de aumento 
de sinistralidade, desprovido de prova do cálculo 
atuarial contábil pertinente. Pacífica jurisprudência 
do TJ/RJ sobre o tema. Condenação da seguradora 
a promover a devolução dos valores indevidamente 
pagos pelos segurados, além de indenização a título 
de danos morais. 
 1. O Estatuto do Idoso encerra matéria de ordem 
pública, sendo perfeitamente aplicável aos efeitos 
futuros dos atos e negócios jurídicos formados 
anteriormente à sua vigência. Aplicação da Súmula 
nº 214 desta Corte: ‘A vedação do reajuste de 
seguro saúde, em razão de alteração de faixa etária, 
aplica se aos contratos anteriores ao Estatuto do 
Idoso’. 
 2. Urge ressaltar que, apesar de a Lei 10.741/03 
estipular como idosa a pessoa com idade igual ou 
superior a 60 anos (art. 1º), isso não significa dizer 
que o Direito deve se coadunar com a prática de 
condutas manifestamente abusivas, que visem a 
burlar o espírito protetivo idealizado pelo legislador 
com a edição do Estatuto do Idoso. Com efeito, o 
reajuste praticado às vésperas de uma pessoa se 
tornar sexagenária revela-se abusivo e contrário ao 
ordenamento jurídico, devendo ser rechaçado pelo 
Poder Judiciário. 
 3. Prevalência das normas constitucionais (art. 3º, 
IV, CF), legais (art. 15, § 3º, da Lei nº 10.741/03) e 
dos deveres anexos, colaterais ou fiduciários 
inerentes a todo e qualquer contrato sobre o vetusto 
princípio da obrigatoriedade, de modo a melhor 
proteger a parte que teve a sua legítima confiança 
frustrada por ato da outra. 
 4. Malgrado tenha comunicado formalmente a 
estipulante acerca do reajuste, com objetivo de 
retomar o equilíbrio econômico-financeiro do 
contrato, impende destacar que o réu não se 
desincumbiudo ônus de comprovar sua efetiva 
necessidade (art. 333, II, do CPC). Considerando 
que os reajustes promovidos pelo réu não vieram 
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acompanhados dos elementos probatórios que os 
justificassem, forçoso concluir pela abusividade da 
conduta, devendo ser eliminado os reajustes 
excedentes, prevalecendo apenas os índices 
autorizados pela ANS. 
 5. Dever de ressarcir, em dobro, a quantia 
excedente paga pelos autores (art. 42, parágrafo 
único, do CDC). Dano moral arbitrado em R$ 
18.000,00, a ser repartido entre os seis autores. 
 6. Desprovimento do recurso do réu. Provimento 
do recurso dos autores.” 
 O recurso busca fundamento no art. 102, III, a, da 
Constituição Federal. A parte recorrente alega 
violação ao art. 3º, IV, da Constituição Federal. 
 O Plenário Virtual do Supremo Tribunal Federal, 
ao apreciar o RE 630.852, Rel.ª Min.ª Rosa Weber, 
reconheceu a existência de repercussão geral da 
matéria em exame nestes autos. Veja-se, a 
propósito, a ementa do julgado (Tema 381): 
 “PLANO DE SAÚDE. AUMENTO DA 
CONTRIBUIÇÃO EM RAZÃO DE INGRESSO EM 
FAIXA ETÁRIA DIFERENCIADA. APLICAÇÃO DA 
LEI 10.741/03 (ESTATUTO DO IDOSO) A 
CONTRATO FIRMADO ANTES DA SUA VIGÊNCIA. 
EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.” 
 Diante do exposto, com base no art. 328, 
parágrafo único, do RI/STF, determino o retorno dos 
autos à origem para que seja aplicada a sistemática 
de repercussão geral. 
 
 14. Como se pode observar, o tema discutido 
neste recurso extremo é de repercussão geral, devendo ser recebido e 
apreciado pela Corte Suprema. 
 
III – AS RAZÕES DO PEDIDO DE REFORMA DA DECISÃO 
RECORRIDA 
 
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 15. O Acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça 
do Estado de _______________ infringiu os artigos 1º, inciso III e 3º, 
inciso IV, da Constituição Federal. Também desrespeitou o artigo 1.035, 
§ 3º, inciso I, do Código de Defesa do Consumidor. 
 
 16. O aumento em razão da idade ofende a 
dignidade da pessoa humana e é preconceituoso. Por esse motivo, a 
jurisprudência majoritária do STF está sedimentada de que aumentar a 
mensalidade do plano de saúde das pessoas com 60 anos de idade é 
ilegal. 
 
IV – DO PEDIDO 
 
 Diante do exposto, o presente recurso extremo 
merece conhecimento e provimento, o que se espera dos Eminentes 
Ministros sobre os quais recairá a decisão sobre tão relevante questão a 
fim de considerar ilegal o aumento aplicado nas mensalidades dos 
beneficiários com 60 anos de idade, julgando procedente o recurso e 
condenando o recorrido nas custas, despesas e honorários advocatícios, 
tudo devidamente atualizado. 
 Requer que seja dado efeito suspensivo ao 
presente recurso, nos termos do artigo 1.029, § 5º, do Código de 
Processo Civil. 
 Por fim, requer que seja concedida a prioridade 
no julgamento do recurso extremo, nos termos do artigo 1.048, inciso I, 
do Código de Processo Civil, uma vez que a recorrente é pessoa que 
PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA 
 
conta com idade superior a 60 (sessenta) anos e também é portadora de 
doença grave. 
 Nestes termos, 
 pede deferimento. 
 Local e data. 
 
 Assinatura, nome e OAB

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