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PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA 8.1 – Modelo de recurso especial EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE DO ESTADO DE ___________________ (10 cm) PROCESSO N.º ___________________ FULANO DE TAL, por seu advogado e bastante procurador infra-assinado, não se conformando com a decisão exarada no Acórdão de fls. ____, vem, mui respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, nos autos da AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE VALORES PAGOS INDEVIDAMENTE que move em face do PLANO DE SAÚDE TODOS COBERTOS, interpor RECURSO ESPECIAL, com fundamento nos artigos 1.029 e seguintes do Código de Processo Civil, combinados com o artigo 105, inciso III, alíneas “a” e “c” da Constituição Federal e com os artigos 255 a 257-A do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça (RISTJ), conforme as razões de fato e de direito abaixo, requerendo que se digne de recebê- las, processá-las e remetê-las ao Superior Tribunal de Justiça, nos termos do artigo 1.030 do Código de Processo Civil. Nestes termos, pede deferimento. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Local e data. Assinatura, Nome e OAB PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA RAZÕES DO RECURSO ESPECIAL RECORRENTE: FULANO DE TAL RECORRIDO: PLANO DE SAÚDE TODOS COBERTO TRIBUNAL DE ORIGEM: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE __________ RECURSO DE APELAÇÃO NÚMERO: _____________ Egrégio Tribunal Colenda Corte Nobres Julgadores I – DA EXPOSIÇÃO DOS FATOS E DO DIREITO 1. O recorrente teve de ser internado no Hospital “Salvador”, localizado na Rua ____________ n. ______, no bairro de ___________, cujo hospital não integra a rede credenciada de convênio pelo recorrido. Essa internação deu-se por motivos de emergência, visto que ele tivera um infarto, e não havia pronto-socorro credenciado próximo à localidade onde se encontrava o recorrente. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA 2. Os familiares do recorrente pagaram a quantia de R$ 13.000,00 (treze mil reais) pelo atendimento médico. Posteriormente, solicitaram reembolso da quantia paga, contudo, o recorrido negou-lhes o reembolso sob a alegação de que não há previsão contratual. Inconformado com a recusa da devolução da quantia supramencionada, o recorrente propôs ação judicial para obter a restituição da quantia, contudo, tanto o juiz de direito quanto o Tribunal de Justiça do Estado de ___________________ julgaram improcedente o pedido. 3. O Acórdão de número _____________ do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de _____________ afirmou que o requerente não tem o direito de ser reembolsado pelas despesas médicas, porque não escolheu hospital conveniado. Segue, portanto, o fragmento do Acórdão impugnado: Trata-se de apelação interposta contra a r. sentença de fls. ___, a qual julgou improcedente a ação movida contra o plano de saúde que negou o reembolso integral das despesas médico- hospitalares. O autor pretendeu o reembolso integral das despesas médicas despedidas com procedimento cirúrgico para tratamento do enfarto que sofrera, realizada no Hospital _________Sírio Libanês, no valor de R$ 13.000,00 (treze mil reais). Afirmou que em razão do enfarto não teve tempo de localizar hospital conveniado. Em apertada síntese, o magistrado entendeu que não cabe o reembolso, visto que o apelante deveria ter procurado hospital conveniado. É o relatório. De fato, razão assiste ao magistrado “a quo”, visto que a cláusula ____ do contrato em anexo explica de forma clara que não há reembolso para beneficiários que são atendidos por hospitais não conveniados. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA 4. Ora, Nobres Julgadores, a decisão supramencionada contraria lei federal, nega-lhe vigência e dá interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal. 5. A decisão contraria lei federal e nega-lhe vigência, pois o artigo 12, inciso VI, da Lei n. 9.656/98 é de clareza meridiana ao afirmar que: “(...) reembolso, em todos os tipos de plano ou seguro, nos limites das obrigações contratuais, das despesas efetuadas pelo beneficiário, titular ou dependente, com assistência à saúde, em casos de urgência ou emergência, quando não for possível a utilização de serviços próprios, contratados ou credenciados pelas operadoras definidas no artigo 1º, de acordo com a relação de preços de serviços médicos e hospitalares praticados pelo respectivo plano ou seguro, pagáveis no prazo máximo de trinta dias após a entrega à operadora da documentação adequada.” 5. O reembolso é devido, quando se trata de casos de urgência ou emergência. O legislador restringiu o direito de reembolso somente para aquelas pessoas que foram acometidas de enfermidade abrupta. Empregou para tanto os substantivos urgência e emergência para designar situações diversas. 6. A professora de Língua Portuguesa Ruth Rocha define ambos os vocábulos da seguinte forma: “urgente: que urge; que é preciso fazer-se com rapidez; indispensável; iminente. Emergência: ação de emergir; ocorrência, situação crítica”. (Cf. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Minidicionário da língua portuguesa. São Paulo : Scipione, pp. 228 e 628). 7. Inferem-se, portanto, dessas definições que o caso urgente é aquele que está para acontecer, e a emergência já aconteceu. A conjunção alternativa “ou” é de exclusão e não de adição. Isso significa que constatada a urgência ou a emergência, o beneficiário pode ser medicado em hospital não credenciado. 8. Outro aspecto importante a ser tratado é os conceitos de urgência e emergência, segundo a Resolução CFM n. 1.451/95, artigo 1º, parágrafos primeiro e segundo: “Define-se por URGÊNCIA a ocorrência imprevista de agravo à saúde com ou sem risco potencial de vida, cujo portador necessita de assistência médica imediata. Define-se por EMERGÊNCIA a constatação médica de condições de agravo à saúde que impliquem em risco iminente de vida ou sofrimento intenso, exigindo, portanto, o tratamento médico imediato.” 9. Note-se que o recorrente estava na iminência de enfartar e passou muito mal, assustando seus familiares que providenciaram o socorro imediato. Nesse momento de angústia e desespero, duvida-se que alguém consulte guia de hospital para localizar aqueles que são conveniados para socorrer o enfermo. Além disso, a emergência ficou bem caracterizado no prontuário médico o risco “iminente de vida”, caso não houvesse atendimento médico imediato. 10. Mesmo diante dessas considerações, a demanda foi julgada improcedente, cuja decisão houve por bem ser mantida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. No entanto, o recorrente PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA insiste que tem direito ao reembolso com fundamento na interpretação do artigo 12, inciso VI, da Lei n.º 9.656/98. III – A DEMONSTRAÇÃO DO CABIMENTO DO RECURSO INTERPOSTO 11. O artigo 105, inciso III, alíneas “a” e “c”, da Constituição Federal explicitam que: “Compete ao Supremo Tribunal de Justiça: III – julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigências; c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal”. 12. Em primeiro lugar, repise-se, entende o recorrente que o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo negou vigência ao artigo 12, inciso VI, da Lei n.º 9.656/98, pois negou o pedido de reembolso, quando este possui respaldo legal na lei retromencionada. Ressalte-seque o teor do artigo é claro a respeito desse assunto: “... em casos de urgência ou emergência, quando não for possível a utilização dos serviços próprios ou contratados ou credenciados pelas PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA operadoras...”. Sob essa tese, o requerente já desenvolveu suas considerações no item anterior. 12. Saliente-se, ainda, que o recorrido não impugnou a alegação do recorrente que se tratava do atendimento de emergência, tornando a matéria incontroversa. Ao contrário, pautou-se a defesa apenas na cláusula contratual que impedia o reembolso. 13. Ora, Ilustres Magistrados, há necessidade de se verificar a aplicabilidade ou não do artigo 12, inciso VI, da Lei n.º 9.656/98 nestes casos, pois, como se trata de matéria de direito (interpretação e aplicação da norma ao caso concreto), estar-se-á estabelecendo uma decisão uniforme para casos dessa natureza que muito interessa ao cidadão brasileiro que possui plano de saúde. Saber- se-á, por exemplo, se nos casos de emergência ou urgência, tem-se a possibilidade de ser atendido no hospital mais próximo ou obrigatoriamente ou se deve procurar um hospital conveniado, tendo ou não ainda, direito ao reembolso se o atendimento der-se em hospital não conveniado. 14. Há de se ponderar também que a decisão do Tribunal do Estado de São Paulo deu interpretação divergente que lhe deu o Tribunal de Santa Catarina, no Processo número 2005.039482, cujo relator foi o Desembargador Sérgio Izidoro Hell. A Câmara daquele Tribunal julgou procedente ação idêntica, cujo acórdão paradigma encontra-se em anexo. Para demonstrar a divergência, cita precisamente o aresto do acórdão que interpretou o artigo 12, VI, da Lei n.º 9.656/98 em caso semelhante a este aqui discutido: PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA “Apelação Cível – Ação de Ressarcimento de Despesas Médico-Hospitalares – Plano de Saúde – UNIMED – Relação de Consumo – Incidência do Código de Defesa do Consumidor – Tratamento de Urgência – Despesa Paga pelo Consumidor – Obrigatoriedade do Ressarcimento – Previsão Legal e Contratual – Lei 9.656/98 – Negativa do Plano de Saúde – Interpretação mais Favorável ao Consumidor – Inteligência do art. 47 do CDC – Reembolso devido – Valor do reembolso limitado ao contrato – Art. 12, VI, da Lei 9.656/98 – Sentença Reformada em Parte – Recurso parcialmente provido”. 17. Veja-se que é exatamente neste ponto que se instaura a divergência, pois o acórdão recorrido dá interpretação oposta ao mesmo artigo: “Tampouco impressiona a alegação de que a situação espelhava caso de emergência a permitir a incidência do disposto no artigo 12, inciso VI, da Lei n.º 9.656/98. Na espécie, pelo que se extrai dos autos, era possível ao autor a utilização da rede credenciada disponibilizada pelo recorrido (nada se comprovou em sentido contrário), que, inclusive, contava com estabelecimento especializado para seu atendimento (Hospital do Coração, fls. ___), optando-se, no entanto, por pura liberalidade, por nosocômio não integrante do sistema, o que, per si, fulmina a pretensão.” 18. Há de se ressaltar, ainda, que a tese defendida pelo recorrente guarda apoio nas decisões majoritárias do Superior Tribunal de Justiça: PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA “EMENTA: PLANO DE SAÚDE. CENTRO TRASMONTANO. INTERNAÇÃO. HOSPITAL CONVENIADO. O reembolso das despesas efetuadas pela internação em hospital não conveniado, pelo valor equivalente ao que seria cobrado por outro da rede, pode ser admitido em casos especiais (inexistência de estabelecimento credenciado no local, recusa do hospital conveniado de receber o paciente, urgência da internação etc.), os quais foram reconhecidos nas instâncias ordinárias. A operadora de serviços de assistência à saúde que presta serviços remunerados à população tem sua atividade regida pelo Código de Defesa do Consumidor, pouco importando o nome ou a natureza jurídica.” Relator: Ministro Ruy Rosado de Aguiar. Recurso Especial n. 267.530 – São Paulo (2000/0071810-6). 19. Como se pode observar, o recorrente encontra apoio nas decisões de outro tribunais e nas decisões do Superior Tribunal de Justiça para se insurgir em face das decisões que julgaram improcedente o seu pedido. IV – DAS RAZÕES DO PEDIDO DE REFORMA DA DECISÃO RECORRIDA 20. Note-se, portanto, que restou comprovado a repercussão geral da matéria. Além disso, provou-se também que as decisões dos juízos a quo e ad quem negaram vigência à lei federal e deram à mesma lei interpretação divergente de outro PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA tribunal. Esses requisitos admitem o recurso especial, a fim de reformar o decisum. V – DO PEDIDO Ex positis, o recorrente requer sejam as razões aqui expostas conhecidas para o fim de reformar a decisão recorrida, julgando-se procedente a ação, e condenando o recorrido ao reembolso das despesas hospitalares no valor de R$ 13.000,00 (treze mil reais), acrescido de juros e correção monetária, além das custas processuais e verbas de sucumbência, aplicando-se a mais costumeira J U S T I Ç A! Nestes termos, pede deferimento. Local e data. Assinatura, nome e OAB. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA 8.2 – Modelo de Recurso Extraordinário EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE ____________ PROCESSO N.º _________________ ULPIANO DE SOUSA, por seu advogado e bastante procurador infra-assinado, vem, mui respeitosamente, perante Vossa Excelência, nos autos da ação em Epígrafe que move em face de PLANO DE SAÚDE, interpor RECURSO EXTRAORDINÁRIO, com fundamento no artigo 102, inciso III, alínea “a”, da Constituição Federal, combinado com os artigos 1.029 e seguintes do Código de Processo Civil e artigos 321 a 329 do RISTF. Requer, nos termos do artigo 1.030 do Código de Processo Civil que o recorrido seja intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual requer desde já que sejam os autos remetidos ao Supremo Tribunal Federal para os devidos fins de direito. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Nestes termos, pede deferimento. Local e data. Assinatura, nome e OAB. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA RAZÕES DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO RECORRENTE: ULPIANO DE SOUSA RECORRIDO: PLANO DE SAÚDE TRIBUNAL: EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE ________ APELAÇÃO N.º ___________ ACÓRDÃO N. _____________ Egrégio Tribunal Colenda Corte Ínclitos Ministros I – DA REPERCUSSÃO GERAL DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1. A questão guerreada nestes autos versa sobre o índice legal a ser aplicado nos reajustes das mensalidades dos planos de saúde em razão da faixa etária dos beneficiários que atingem 59 anos de idade. Foi a demanda julgada improcedente, entendendo o Tribunal de Justiça do Estado de _______________, por meio do Acórdão n._______ que o reajuste das mensalidades dos planos de saúde em razão da faixa etária é legal, independente, do índice aplicado nas mensalidades. Ora, não há dúvida de que essa matéria configura repercussão geral, porque existe questão relevante do ponto de vista econômico, político, social e jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos destes autos do processo, conforme dispõe o artigo 1.035, § 1º, do Código de Processo Civil. 2. Não há dúvida de que o índice a ser aplicado nas mensalidades de planos de saúde transcende o direito individual, PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA tornando a matéria relevante, inserindo-a na ordem pública e classificando-a como de interesse social. O tema atinge osbrasileiros com 59 anos de idade, visto que a decisão desta demanda afetará todos eles. Seguindo essas diretrizes, o professor José Rogério Cruz e Tucci sustenta que a repercussão geral apresenta “a existência ou não, no thema decidendum, que suplantem o interesse individual dos litigantes.” Diz ainda: ““Andou bem o legislador não enumerando as hipóteses que possam ter tal expressiva dimensão, porque o referido preceito constitucional estabeleceu um ‘conceito jurídico indeterminado’ (como tantos outros previstos em nosso ordenamento jurídico), que atribui ao julgador a incumbência de aplicá-lo diante dos aspectos particulares do caso analisado”. Anotações sobre a repercussão geral como pressuposto de admissibilidade do recurso extraordinário. Disponível em: <http://www.oab.org.br/editora/revista/users/revista/12112895351742181 81901.pdf. 3. A decisão guerreada insere-se exatamente no artigo 1.035, § 3º, inciso I, do Código de Processo Civil que dispõe o seguinte: “Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar acórdão que: I - contrarie jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal.” 4. A recorrente demonstrará que a decisão proferida pelo Tribunal de Justiça do Estado de _____________ apresenta repercussão geral, porque contraria jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA II – A EXPOSIÇÃO DO FATO E DO DIREITO 5. Em ___/___/___, a recorrente firmou com a recorrida o contrato de número _________ referente à prestação de serviços médico-hospitalares. Ao longo desse contrato, a recorrente sempre cumpriu com suas obrigações financeiras, pagando pontualmente as mensalidades. 6. Há de se ressaltar que em ___/___/___, um representante da recorrida convenceu-a a transferir seu plano de saúde para o plano empresarial de seu esposo, pois, assim, o pagamento da mensalidade seria menor. Infelizmente, não isso não aconteceu realmente. Quando a recorrente percebeu que o pagamento era bem maior do que se esperava, tratou de pagar individualmente seu plano de saúde. Deve-se observar que nunca houve rescisão contratual de um plano de saúde para outro. 7. Em __/___/___, a recorrente foi acometida de uma doença profundamente grave e teve de ser submetida à cirurgia, apresentando um quadro pós-operatório tardio de meningioma e insuficiência respiratória crônica. Encontra-se acamada, com ventilação mecânica (CPAP) sob os cuidados de “home care”. 8. Em razão do contrato de prestação de saúde firmado, a recorrente pagava à recorrida a quantia de R$ 1.000,00 (mil reais) por mês, conforme documento de fls. ___, no entanto, foi surpreendida com uma fatura de R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos reais) a partir de ____/____/____. A recorrente solicitou informação sobre esse aumento de 150% (cento e cinquenta por cento) na PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA mensalidade, e a recorrida disse que se tratava de aumento em razão da mudança de faixa etária, visto que ela acabara de completar 60 anos de idade. 9. Por esse motivo, a recorrente propôs ação judicial com o escopo de declarar abusiva a cláusula que permite esse aumento em razão da idade, bem como aplicar o índice de reajuste de _____ autorizado pela ANS, ou qualquer outro índice legal, salientando que a recorrente impugnou a ilegalidade desse aumento em razão da idade, bem como o índice ilegal aplicado às mensalidades do plano de saúde. Infelizmente, o Tribunal de Justiça do Estado de ___________ entendeu que é permitido não só o aumento em razão da idade de 60 anos, mas também o índice aplicado. II – A DEMONSTRAÇÃO DO CABIMENTO DO RECURSO INTERPOSTO 10. O artigo 102, inciso III, alínea “a”, da Constituição Federal explicita que caberá Recurso Extraordinário, quando o Acórdão contraria dispositivo da Constituição Federal. O aumento abusivo da mensalidade do plano de saúde desrespeita o artigo 1º, inciso III, da Constituição Federal que diz respeito à proteção da dignidade da pessoa humana. 11. Afirmou-se que a recorrente é portadora de doença grave e que depende de tratamento médico contínuo. A manutenção do plano de saúde é essencial para seu tratamento, porque depende de ventilação mecânica para sobreviver. O aumento abusivo da mensalidade irá impedi-la de manter o plano de saúde e, com isso, estará correndo risco iminente de morte. Ora, Ínclitos Ministros, atentar PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA contra a saúde de outrem empregando meios comerciais como a majoração das mensalidades dos planos de saúde é ofender a dignidade da pessoa humana. Impõe-se ao Estado tutelar os cidadãos desses abusos econômicos. 12. Outro aspecto importante a ser considerado é que o artigo 3º, inciso IV, da Constituição Federal esclarece que é objetivo fundamental da República Federativa do Brasil promover o bem de todos sem preconceitos de idade ou quaisquer outras formas de discriminação. Ora, aumento da mensalidade de plano de saúde em razão da idade é preconceituoso e discriminatório. 13. Por fim, o Acórdão recorrido contrariou jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal (STF), visto que é cediço a ilegalidade de aumento nas mensalidades dos planos de saúde às pessoas que contam com 60 anos de idade. A jurisprudência abaixo colacionada demonstra o posicionamento do Supremo Tribunal Federal sobre o tema, da lavra do Iminente Ministro Luís Roberto Barroso, publicado no DJe-076 DIVULG 19/04/2016 PUBLIC 20/04/2016 (Recurso Extraordinário com Agravo): DECISÃO: Trata-se de agravo cujo objeto é decisão que negou seguimento a recurso extraordinário interposto contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, assim ementado: “Apelação Cível. Reajuste de plano de saúde coletivo. Desnecessidade de prévia autorização da ANS, que não afasta a verificação de abusividade da cláusula contratual, com base no CDC. Vedação ao reajuste por faixa etária que se extrai do art. 15, §3º da Lei nº 10.741/03 e do art. 3º, IV, da CF. PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Abusividade do reajuste sob o pretexto de aumento de sinistralidade, desprovido de prova do cálculo atuarial contábil pertinente. Pacífica jurisprudência do TJ/RJ sobre o tema. Condenação da seguradora a promover a devolução dos valores indevidamente pagos pelos segurados, além de indenização a título de danos morais. 1. O Estatuto do Idoso encerra matéria de ordem pública, sendo perfeitamente aplicável aos efeitos futuros dos atos e negócios jurídicos formados anteriormente à sua vigência. Aplicação da Súmula nº 214 desta Corte: ‘A vedação do reajuste de seguro saúde, em razão de alteração de faixa etária, aplica se aos contratos anteriores ao Estatuto do Idoso’. 2. Urge ressaltar que, apesar de a Lei 10.741/03 estipular como idosa a pessoa com idade igual ou superior a 60 anos (art. 1º), isso não significa dizer que o Direito deve se coadunar com a prática de condutas manifestamente abusivas, que visem a burlar o espírito protetivo idealizado pelo legislador com a edição do Estatuto do Idoso. Com efeito, o reajuste praticado às vésperas de uma pessoa se tornar sexagenária revela-se abusivo e contrário ao ordenamento jurídico, devendo ser rechaçado pelo Poder Judiciário. 3. Prevalência das normas constitucionais (art. 3º, IV, CF), legais (art. 15, § 3º, da Lei nº 10.741/03) e dos deveres anexos, colaterais ou fiduciários inerentes a todo e qualquer contrato sobre o vetusto princípio da obrigatoriedade, de modo a melhor proteger a parte que teve a sua legítima confiança frustrada por ato da outra. 4. Malgrado tenha comunicado formalmente a estipulante acerca do reajuste, com objetivo de retomar o equilíbrio econômico-financeiro do contrato, impende destacar que o réu não se desincumbiudo ônus de comprovar sua efetiva necessidade (art. 333, II, do CPC). Considerando que os reajustes promovidos pelo réu não vieram PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA acompanhados dos elementos probatórios que os justificassem, forçoso concluir pela abusividade da conduta, devendo ser eliminado os reajustes excedentes, prevalecendo apenas os índices autorizados pela ANS. 5. Dever de ressarcir, em dobro, a quantia excedente paga pelos autores (art. 42, parágrafo único, do CDC). Dano moral arbitrado em R$ 18.000,00, a ser repartido entre os seis autores. 6. Desprovimento do recurso do réu. Provimento do recurso dos autores.” O recurso busca fundamento no art. 102, III, a, da Constituição Federal. A parte recorrente alega violação ao art. 3º, IV, da Constituição Federal. O Plenário Virtual do Supremo Tribunal Federal, ao apreciar o RE 630.852, Rel.ª Min.ª Rosa Weber, reconheceu a existência de repercussão geral da matéria em exame nestes autos. Veja-se, a propósito, a ementa do julgado (Tema 381): “PLANO DE SAÚDE. AUMENTO DA CONTRIBUIÇÃO EM RAZÃO DE INGRESSO EM FAIXA ETÁRIA DIFERENCIADA. APLICAÇÃO DA LEI 10.741/03 (ESTATUTO DO IDOSO) A CONTRATO FIRMADO ANTES DA SUA VIGÊNCIA. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.” Diante do exposto, com base no art. 328, parágrafo único, do RI/STF, determino o retorno dos autos à origem para que seja aplicada a sistemática de repercussão geral. 14. Como se pode observar, o tema discutido neste recurso extremo é de repercussão geral, devendo ser recebido e apreciado pela Corte Suprema. III – AS RAZÕES DO PEDIDO DE REFORMA DA DECISÃO RECORRIDA PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA 15. O Acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado de _______________ infringiu os artigos 1º, inciso III e 3º, inciso IV, da Constituição Federal. Também desrespeitou o artigo 1.035, § 3º, inciso I, do Código de Defesa do Consumidor. 16. O aumento em razão da idade ofende a dignidade da pessoa humana e é preconceituoso. Por esse motivo, a jurisprudência majoritária do STF está sedimentada de que aumentar a mensalidade do plano de saúde das pessoas com 60 anos de idade é ilegal. IV – DO PEDIDO Diante do exposto, o presente recurso extremo merece conhecimento e provimento, o que se espera dos Eminentes Ministros sobre os quais recairá a decisão sobre tão relevante questão a fim de considerar ilegal o aumento aplicado nas mensalidades dos beneficiários com 60 anos de idade, julgando procedente o recurso e condenando o recorrido nas custas, despesas e honorários advocatícios, tudo devidamente atualizado. Requer que seja dado efeito suspensivo ao presente recurso, nos termos do artigo 1.029, § 5º, do Código de Processo Civil. Por fim, requer que seja concedida a prioridade no julgamento do recurso extremo, nos termos do artigo 1.048, inciso I, do Código de Processo Civil, uma vez que a recorrente é pessoa que PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA conta com idade superior a 60 (sessenta) anos e também é portadora de doença grave. Nestes termos, pede deferimento. Local e data. Assinatura, nome e OAB
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