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Violência Contra a Mulher

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2ªedi~o 
DAMÁSIO DE J ESUS 
A 
VIOLENCIA 
CONTRA 
A ULHER 
Visite nossa página 
www.editorasaraiva.eom.br/direito 
Aspectos criminais da Lei n. 11.340/2006 
A 
VIOLENCIA 
CONTRA 
AMULHER 
V) o z 
<( 
o•saraiva 
2015 
2e edicáo 
Aspectos criminais da Lei n. 11.340/2006 
A 
VIOLENCIA 
CONTRA 
A ULHER 
Damásio de Jesus 
125.583.002.001 1 9672751 
Nenhuma parte desta publicacño poderá ser reproduzida 
por qualquer meio ou forma sem a prévia autorizacáo da 
Editora Saraiva. 
A violacáo dos direitos autorais é crime estabelecido na 
Lei n. 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. 
Dúvidas? 
Acesse www.editorasaraiva.com .br/direito 
Data de fechamento da edi~o: 111..10-2014 
Indice paro catálogo sistemático: 
1. Violencia contra mulheres : Crimes 
passionais: Direito penal 343.611 
CDU-343.611 
l. Crimes contra mulheres 2. Crimes passionais 3. Criminali- 
dade 4. Criminologia 5. Mulheres -Abuso - Leis e legislacáo - Brasil 
6. Mulheres - Condicóes sociais 7. Violencia familiar - Leis e 
legislacáo - Brasil l. Título. 
[esus, Damásio de 
Violencia contra a mulher : aspectos criminais da Lei n. 
11. 340/2006 / Damásio de Jesus. - 2. ed. - Sao Paulo : Saraiva, 
2015. 
ISBN 978·85·02·61602·8 
Produráo gráfica Morfi Rampim 
Capa Oenise Aires 
(oordenaráo geral Clarissa Boroschi Maria 
Preparafáo de originais Maria lzobel Barreiros Bitencaurt Bressan e 
Ana Cristina García (coords.) 
Adriana Maria Cláudio 
Arte e diagramafáo Isabela Agrela Teles Veras 
Revisáo de pravas Amélia Kassis Ward e 
Ana Beatriz Fraga Moreira ( coords.) 
Paula Brito Araúio 
Rita de Cassia S. Pereira 
Serviros editaríais Elaine Cristina da Silva 
Kelli Prisdla Pinto 
Man1ia Cordeiro 
Gerencia editorial Thaís de (amargo Rodrigues 
Assistencia editorial Poliana Soares Albuquerque 
Oireráo editorial Luiz Roberto Curia 
Gerencia executiva Rogério Eduardo A/ves 
Rua Henrique Schaumann, 270, Cerqueira César - Sao Paulo - SP 
CEP 05413·909 
PABX: (11) 3613 3000 
SAC: 0800 011 7875 
De 2g a 61, dos 8:30 os 19:30 
www.editorasoraivo.com.br / contoto 
n• Editora 
y.4~Saraiva 
C:C>Iltl"él él Illlllli~:r............................................................................................................... ~7 
Exposicáo de Motivos do Projeto de Lei sobre violencia doméstica ou familiar 
él Ill.ulh~I" ~7 
Projeto de Lei n. 4.559 /2004 sobre a violencia doméstica ou familiar contra 
agosto de 2006 77 
Violencia doméstica ou familiar contra a mulher: Lei n. 11.340, de 7 de 
Lei n. 11.340 /2006 no CP 7 5 
Síntese das ínovacóes mais importantes introduzidas pela 
53 Crime de violencia doméstica ou familiar contra a mulher . 
49 A violencia contra a mulher na legíslacáo penal brasileira . 
47 ~e~e:r~11c:iél.s . 
21 
Dados referentes a questáo da violencia contra a mulher em alguns países da 
Améri e:ric:él . 
A pesquisa sobre a violencia contra a mulher em alguns países 19 
quantitativos.................................................................................................................... 7 
A violencia contra a mulher na América Latina: aspectos qualitativos e 
Sumário 
KofiAnnan, Secretário-Geral da ONU, Um mundo livre da violéncia contra as 
mulheres, 1999. 
1 
A violencia é, cada vez mais, um fenómeno social que atinge gover- 
nos e populacóes, tanto global quanto localmente, no público e no priva- 
do, estando seu conceito em constante mutacáo, urna vez que várias atitu- 
des e comportamentos passaram a ser considerados como formas de 
violencia. 
Nas sociedades onde a definícáo do genero feminino tradicional- 
mente é referida a esfera familiar e a maternidade, a referencia fundamen- 
tal da construcáo social do genero masculino é sua atividade na esfera 
pública, concentrador dos valores materiais, o que faz dele o provedor e 
protetor da família. Enquanto atualmente, nessas mesmas sociedades, as 
mulheres estáo macícamente presentes na forca de trabalho e no mundo 
público, a distribuicáo social da violencia reflete a tradicional divisáo dos 
"A violencia contra as mulheres é, talvez, a mais vergonhosa 
entre todas as víolacñes dos direitos humanos. Enquanto ela 
prosseguir, nao poderemos dizer que progredimos efetiva­ 
mente em direcao a igualdade, ao desenvolvimento e a paz." 
(Kofi Annan)1 
Aspectos qual itativos e quantitativos 
A violencia contra a mulher 
na América Latina 
Violencia contra a mulher: um novo olhar, Santos, Casa da Cultura da Mulher 
Negra, 2001, p. 123. 
2 
espa~os: o homem é vítima da violencia na esfera pública, e a violencia 
contra a mulher é perpetuada no ámbito doméstico, onde o agressor é, 
mais frequentemente, o próprio parceiro. 
De acordo com a Convencáo de Belém do Pará ( 1994 )2, define-se 
como "violencia contra a mulher" qualquer conduta, de acáo ou omissáo, 
baseada no genero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou 
psicológico a mulher, no ámbito público ou privado. 
A violencia contra as mullieres é um dos fenómenos sociais mais de- 
nunciados e que mais ganharam visibilidade nas últimas décadas em todo 
o mundo. Devido ao seu caráter devastador sobre a saúde e a cidadania 
das mullieres, políticas públicas passaram a ser buscadas pelos mais diver- 
sos setores da sociedade, particularmente pelo movimento feminista. 
Trata-se de um problema complexo, e seu enfrentamento necessita da 
composicáo de servicos de naturezas diversas, demandando grande esfor- 
co de trabalho em rede. Aintegracáo entre os servícos existentes dirigidos 
ao problema, entretanto, é difícil e pouco conhecida. 
Os pesquisadores que estudam a violencia contra as mullieres, tema 
tipicamente multidisciplinar, partindo das Ciencias Humanas e Sociais, 
sao provenientes de áreas como Direito, Sociologia, Psicologia, Antropo- 
logia, Educacáo, Administracáo. Os principais tipos de violencia contra as 
mullieres identificados sao: violencia sexual, violencia doméstica ou fami- 
liar, assédio sexual, assédio moral e femicídio. 
A violencia sexual é um crime clandestino e subnotificado, praticado 
contra a liberdade sexual da mulher. Provoca traumas físicos e psíquicos, 
além de expor a doencas sexualmente transmissíveis e a gravidez indeseja- 
da. Existem poucos servicos no Brasil e na América Latina que oferecem 
atendimento especializado para diagnosticar e tratar as mulheres vítimas 
de violencia sexual ( Oshikata, 2003 ). 
Entende-se por violencia familiar, intrafamiliar ou doméstica toda acáo 
ou omissáo cometida no seio de urna familia por um de seus membros, 
ameacando a vida, a integridade física ou psíquica, incluindo a liberdade, 
Violencia contra a mulher 8 
4 
RADFORD, J.; FRIEDBERG, M. (Ed.), Women, violence, and strategies for 
action: feminist research, policy, and practice, London, Open University Press, 
2000, p. 193. 
SAFFIOTI, H. I. B., No fio da navalha: violencia contra enancas e adolescen- 
tes no Brasil atual, In: MADEIRA, E. R. ( Org.), Quem mandou nascermulher? 
Estudos sobre enancas e adolescentes no Brasil, Rio de Janeiro, Record/Rosa 
dos Tempos, 1997, p. 135-211. 
3 
causando sérios danos ao desenvolvimento de sua personalidade. No fenó- 
meno da violencia familiar existem tres variáveis (o genero, a idade e a situa- 
cáo de vulnerabilidade) que sao decisivas na hora de estabelecer a distribuicáo 
de poder e, consequentemente, determinar a dírecáo que adota a conduta 
violenta, bem como quem sao as vítimas mais frequentes. Os grupos de risco 
sao as mullieres, as criancas, as pessoas com deficiencias físicas e mentais e as 
da terceira idade. Para compreender a dinámica da violencia familiar, em 
particular a violencia do homem sobre a mulher, torna-se necessário conhe- 
cer dais fatores: seu caráter cíclico e sua intensidade crescente3• 
Casos de abuso sexual ocorrem em condicóes de dependencia mate- 
rial e emocional do papel de filhato) ou submíssaío), que tornam, nesse 
caso, a questáo da "denúncia" um problema, e nao urna solucáo. Daí ara- 
záo do reduzido número de "acusacóes"O esvaziamento das notifícacóes 
pode ser mais bem compreendido quando se verifica a superposicáo de 
posicóes de vítimas e autores. O agressor geralmente desempenha vários 
personagens no sistema em que a crianca ou o adolescente estáo inseri- 
dos: pai-provedor-agressor, pai-provedor-companheiro-agressor, irmáo- 
-fílho-agressor, avó-provedor-pai-agressor. Enfim, suprimir o personagem 
que o autor da agressáo representa significa também se ausentar de outras 
personífícacóes importantes para as vítimas e outros componentes de sua 
rede familiar. A situacáo se complica quando existe complementaridade 
de características pessoais entre o agressor e outros integrantes da família. 
Existindo congruencia em outros vínculos familiares, as chances de as ví- 
timas terem sua situacáo mudada tornam-se menos promissoras. 
Segundo Saffioti (2002)4, o conceito de violencia conjuga! é fre- 
quentemente usado como sinónimo de violencia doméstica ou violencia 
contra a mulher, em razáo de acorrer, na maioria das vezes, no espa~o 
9 A violencia contra a mu/her na América Latina 
7 
6 
MARQUES, Tánia Mendonca, Violencia conjugal: estudo sobre a permanéncia da 
mulher em relacionamentos abusivos, Uberlándia, 2005 ( dissertacáo de mestrado). 
OSORIO, A. B., O que é violencia contra a mulher? Disponível em http:/ / 
www.ibam.org.br/viomulher/infore19.htm, acesso em 10-09-2006. 
MARQUES, Tánia Mendonca, Violencia conjugal: estudo sobre a permanen­ 
cia da mulher em relacionamentos abusivos, Uberlándia, 2005 ( dissertacáo de 
mestrado). 
5 
doméstico, e pelo fato de a violencia ser perpetrada principalmente pelos 
homens. Marques (2005)5 observa que nao há na literatura sobre o tema 
definicóes claras sobre quais situacóes constituem e quais nao constituem 
violencia doméstica contra a mulher, senda essa categorizacáo muito mais 
intuitiva do que formal. 
Osório (2004)6 observa que a violencia doméstica pode ser definida 
segundo duas variáveis: quem agride e onde agride. Para que a violencia 
sofrida por urna mulher esteja enquadrada na categoria "conjugal', é ne- 
cessário que o agressor seja urna pessoa que frequente sua casa, ou cuja 
casa ela frequente, ou que more com ela - independentemente da deno- 
minacáo: marido, noivo, namorado, amante etc. O espa~o doméstico, por- 
tanto, torna-se a segunda variável, delimitando o agressor como pessoa 
que tem livre acesso a ele. O estudo de Marques ( 2002) 7 caracterizou as 
mulheres que sofrem violencia conjuga! e seus parceiros agressores, deter- 
minando a prevalencia das diferentes quei:xas, tipos de violencia e inci- 
dencia penal. 
Podem ser consideradas formas de assédio sexual as atitudes com 
abordagem íntima ou sexual nao desejada pela pessoa que as recebe. Atual- 
mente, a legíslacáo brasileira já permite a punicáo de algumas formas de 
assédio. Nos tribunais dos Estados Unidos, todas as características indica- 
doras de ocorréncia efetiva de assédio sao avaliadas, e, no caso de a vítima 
ser mulher, o processo deve ser considerado pela perspectiva feminina, 
podendo o culpado ser punido com prisáo e a empresa, condenada a pa- 
gar índenízacáo a vítima (Costa, 1995). 
O assédio moral constitui urna violencia psicológica contra o em- 
pregado. Se um superior submete seu(sua) subordinado(a) a situacóes 
Violencia contra a mulher 10 
vexatórias, exige missóes impossíveis ou ataca sua autoestima com tarefas 
inexpressivas, pode configurar-se um caso de assédio moral. Assim como 
o sexual, o assédio moral é a repeticáo de atitudes, por parte de quem está 
em posicáo de superioridade hierárquica, que tornam insustentável a per- 
manencia do empregado. Tuda o que foge as regras sociais ou as práticas 
definidas no contrato de trabalho pode configurar-se como assédio mo- 
ral, conforme Hirigoyen ( 2002 a,b ). Um dos principais motivos do assé- 
dio é o fato de o empregador desejar o desligamento do funcionário, mas 
nao querer demiti-lo, em funcáo das despesas trabalhistas decorrentes. 
Cría-se, entáo, urna situacáo insustentável, na qual o empregado é levado 
a pedir demissáo. Os empregados que sofrem assédio moral se sentem 
desconfortáveis ou inseguros ao narrar as atitudes do superior hierárqui- 
co. Mesmo diante de advogados, as pessoas tém vergonha de contar o que 
passam no trabalho. Elas também se sentem inseguras quanto aos fatos 
que julgam ser assédio. A exposicáo de empregado a prolongado processo 
para apuracáo de irregularidade, o qual poderia culminar em sua dispensa, 
também configura assédio moral, pois o sub mete a um período de pressáo 
psicológica, humílhacáo e apreensáo injustificadamente delongado. 
O siteAssédio moral (acesso em 14-09-2006) define o conceito como 
"a exposicáo dos trabalhadores e trabalhadoras a situacóes humilhantes e 
constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho 
e no exercício de suas funcóes, senda mais comuns em relacóes hierárqui- 
cas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas negativas, 
relacóes desumanas e aéticas de longa duracáo, de um ou mais chefes, di- 
rigida a um ou mais subordinado(s), desestabilizando a relacáo da vítima 
como ambiente de trabalho e a organízacáo, forcando-o a desistir do em- 
prego" ( www.assediomoral.org/index.htm). 
As poucas pesquisas sobre assédio moral no Brasil tém sido realizadas 
especialmente no nível operacional, no qual se percebem comportamen- 
tos adotados pelo(s) agressor(es) que humilham a vítima, senda percep- 
tíveis pelos colegas. Buscando contribuir para os estudos administrativos, 
Correa e Carrieri ( 2005) desenvolveram um estudo com o objetivo de 
evidenciar formas de assédio moral contra mullieres gerentes durante sua 
11 A violencia contra a mu/her na América Latina 
Segundo Hirigoyen (2002b), os comportamentos contra o trabalha- 
dor na producáo ocorrem de forma direta (verbal e física). Em cargos de 
nível mais elevado, as agressóes tornam-se mais sutis e difíceis de se carac- 
terizar e, geralmente, percebidas somente pela vítima. Esses aspectos po- 
dem ser explicados pelo fato de na producáo as atividades serem mais 
trajetória profissional, analisando-o na perspectiva de variáveis ainda nao 
aprofundadas em pesquisas empíricas: mulher assediada e gerencia. Os 
autores verificaram que a maioria das gerentes vivenciou situacóes que 
envolveram mais de um tipo de assédio ou um grupo de assediadores, que 
podem agir conjunta ou isoladamente, o que também leva a maior degra- 
dacáo do ambiente de trabalho. Categorizando os assédios segundo Hiri- 
goyen (2002 a.b), houve predominancia dos comportamentos adotados 
pelo(s) assediador(es) classificados por "deterioracáo proposital das con- 
dicóes de trabalho", inferindo-se que os agressores preferiram atitudes 
que desabonassem a imagem da gerente em relacáo ao trabalho. Adicio- 
nalmente, a pouca frequéncia da categoria "violencia verbal e física" pode 
ratificar, pelo menos nos casos pesquisados, o comportamento sutil ado- 
tado pelo(s) agressor(es). 
Revisando a classifícacáo de comportamentos de assédio moral, Hi- 
rigoyen ( 2002b) identifica, em seu segundo livro, quatro categorias: 
• deterioracáo proposital das condicóes de trabalho: atitudes que vi- 
sam prejudicar o trabalho da vítima, como retirar sua autonomia, 
contestar sistematicamente suas decisóes, criticar seu trabalho de 
forma exagerada, induzi-la ao erro etc., 
• isolamento e recusa de comunicacáo: falta de diálogo entre superio- 
res hierárquicos e colegas com a vítima, comunicacáo efetuada so- 
mente por escrito etc., 
• atentado contra a dignidade: fazer ínsinuacóes desdenhosas para 
desqualificar a vítima, espalhar rumores, desacreditar a vítima diante 
de colegas, atribuir-lhe tarefas humilhantes etc.; 
• violencia verbal, física ou sexual: ameacas de violencia física, falar 
coma vítima aos gritos, assediá-la ou agredí-la sexualmente (gestos 
ou propostas) etc. 
Violencia contra a mulher 12 
RADFORD,Jill; RUSSEL, Diane E. H., Femicide: the politics of woman killing,NewYork, Twayne Publishers, 1992. 
8 
O conceito de femicídio é útil porque nos indica o caráter social e 
generalizado da violencia baseada na inequidade de genero e nos impede 
de elaborar teses que tendam a culpar as vítimas e a representar os agres- 
definidas e o indivíduo poder verificar se a tarefa foi executada correta- 
mente, ao passo que, na área administrativa, existem ambiguidades: as ta- 
refas sao flexíveis e, muitas vezes, passíveis de avaliacáo subjetiva. 
Em um processo de assédio moral, os sentimentos da vítima sao con- 
fusos, passando pelo medo, vergonha, ínseguranca, impotencia, abatí- 
mento e depressáo. O prolongamento pode ocasionar problemas graves 
de saúde, como reducáo da autoestima, distúrbios psicossomáticos (ex.: 
emagrecimento ou ganho de peso, crises de hipertensáo etc.), estresse, 
crises de insónia e angústia, podendo provocar absenteísmo, Iícencas para 
tratamentos de saúde, pedidos de demissáo ou, até mesmo, situacóes ex- 
tremas, como suicídio ou tentativa de suicídio. 
O termo "femicídio" é recente. Foi usado pela primeira vez por 
Radford e Russell8, autoras do livro Femicide: the politics of woman killing. 
As definicóes a seguir baseiam-se nos conceitos das autoras: 
1) Femicídio: entender-se-á por femicídio o assassinato de mullieres 
por razóes associadas ao seu genero ( sua condicáo de mulher). Pode 
assumir duas formas: femicídio íntimo e femicídio nao íntimo. 
2) Femicídio íntimo: assassinato cometido por homem com quem a víti- 
ma tinha ou teve urna relacáo íntima, familiar, de convivencia ou afím. 
3) Femicídio nao íntimo: assassinato cometido por homem com quem 
a vítima nao tinha relacáo íntima, familiar, de convivencia ou afrm. 
Geralmente esse tipo de femicídio evolui ou decorre de um ataque 
sexual prévio. 
4) Femicídio por conexáo: refere-se a mulher que foi assassinada por 
estar na "linha de fogo" de um homem que tenta matar outra mulher, 
É o caso de mullieres, meninas, parentes ou amigas que intervém para 
evitar o fato, ou que simplesmente sao afetadas pela acáo do femicida. 
13 A violencia contra a mu/her na América Latina 
KELLY, Liz, Surviving sexual violence (feminist perspectives), New York, Polity 
Press. 
10 ENTEL, Rosa, Mujeres en situación de violencia familiar, Buenos Aires, Espa- 
cio Editorial, 2002. 
11 ABRAMOVAY, Miriam et al., ]uventude, violencia e vulnerabilidade social na 
América Latina: desafíos para políticas públicas, Brasília, Unesco, BID, 2002. 
9 
sores como "Ioucos" "fara de controle', ou a conceber essas martes como 
crimes passionais. Apesar disso, essas concepcóes ocultam e negam a ver- 
dadeira dimensáo do problema. Assim, o conceito de femicídio ajuda a 
desarticular os argumentos de que a violencia baseada na inequidade de 
genero é um assunto privado e mostra seu caráter social, produto das rela- 
cóes de poder entre os homens e as mullieres. 
Liz Kelly9, no livro Surviving sexual violence, denominou "continuum 
de violencia" todas as formas de violencia física e emocional de que as 
mullieres sao vítimas: violacáo ou estupro, incesto, abuso sexual, materni- 
dade forcada etc. Expressóes distintas, que demonstram que nao sao fenó- 
menos desconexos, no momento em que qualquer dessas formas causa a 
marte da mulher, conforme observado por Rosa Entel1º. 
Segundo estimativas do Unicef e da Unesco11, a cada ano sao direta- 
mente afetadas pela violencia sexual cerca de 1 milháo de enancas em 
todo o mundo. Dessas, estima-se que 100 mil casos estejam distribuídos 
entre Brasil, Filipinas e Taiwan. 
A situacáo brasileira se perpetua em grande parte gra~as a omissáo e 
ao pacto de silencio que cercam a questáo. Especialistas no atendimento 
as vítimas estimam que, para 20 casos de violencia no País, apenas um é 
denunciado. 
Para a elaboracáo deste relatório foram efetuadas pesquisas em sites 
especializados em violencia contras as mullieres e denúncias, partindo da 
índícacáo de profissionais das áreas relacionadas ao tema, para garantir a 
fidedignidade das fontes. 
Os dados sao desencontrados e nem sempre atualizados. Especialis- 
tas concordam que eles sao geralmente subestimados, urna vez que há 
urna espécie de "pacto de silencio", pelo qual as mulheres vítimas da 
Violencia contra a mulher 14 
12 MOREIRA, Virginia, Grupo de encontro com mulheres vítimas de violencia in­ 
traf umiuar, Estudos de Psicología 4 ( 1), 616- 717, Santiago, Universidad de San- 
tiago de Chile, 1999. 
Em 1990, a Organízacáo Mundial de Saúde reconheceu o problema 
da violencia doméstica e sexual como tema legítimo de direitos humanos e 
de saúde pública. Inúmeras instituicóes prestam apoio as vítimas, como já 
se assinalou. No Brasil, os Estados de Sao Paulo, Rio de Janeiro e Belo 
Horizonte estáo na vanguarda dos servícos e íntervencóes de amparo a ví­ 
tima com diversos programas e abordagens. O governo brasileiro e as Na- 
cóes Unidas firmaram, em 25 de novembro de 1998, o Pacto Comunitário 
" " h couraca contra os omens. 
violencia nao denunciam, e algumas vezes até mesmo protegem e escon- 
dem seus agressores. 
Estudando temas relacionados a violencia familiar, Moreira ( 1999) 12 
listou aqueles presentes em todas as sessóes com mulheres vítimas: 
necessidade fundamental de que a mulher nao se submeta a violen- 
cia doméstica; 
denúncia como estratégia de mudanca, 
vergonha; 
necessidade de autovalorízacáo, 
repeticáo do processo de espancamento na história familiar; 
esperan~a de que a gravidez faca parar o espancamento; 
visáo dos homens como do entes, necessitados de tratamento; 
importancia da necessidade de superacáo da violencia; 
a religiáo como apoio, 
necessidade do estabelecimento de urna rede social; 
necessidade de trabalhar fara do lar; 
seguran~a e independencia fínanceira versus espancamento; 
maus-tratos psicológicos; 
violencia sexual; 
aspectos legais da violencia familiar; 
15 A violencia contra a mu/her na América Latina 
contra a violencia intrafamiliar, como compromisso de "capacitar os poli- 
ciais civis e militares para o atendimento adequado em situacóes de vio- 
lencia contra a mulher, incluídas as situacóes de violencia doméstica': 
Em 1993, as Nacóes Unidas realizaram a Conferencia Mundial sobre 
Direitos Humanos, que reconheceu a violencia contra a mulher como 
obstáculo ao desenvolvimento, a paz e aos ideais de igualdade entre os 
seres humanos. Considerou também que a violencia contra a mulher é 
urna violacáo aos direitos humanos, e que se baseia principalmente no 
fato de a pessoa agredida pertencer ao sexo feminino. 
As instituicóes de apoio as vítimas da violencia encontram-se espa- 
lhadas pelo Brasil, sendo apenas necessário consultar em cada Estado o 
conselho estadual ou a própria polícia para que indiquem a delegacia de 
atendimento a mulher, os servicos de apoio e as casas-abrigo. Instituicóes 
de ensino superior desenvolvem projetos de extensáo visando analisar as 
formas de erradicacáo da violencia doméstica, assistindo, social e juridica- 
mente, as vítimas, especialmente em face das dificuldades de ordem legal 
e processual. Por outro lado, presencia-se, lamentavelmente, os agressores 
liberados, em plena luz do día, ou de volta a seus lares, onde suas vítimas 
temem pelas já anunciadas ameacas, tudo em troca da punícáo que nao 
pune, na forma de penas alternativas que variam desde a concessáo de 
urna cesta básica até a prestacáo de servicos comunitários. A pena alterna- 
tiva, urna vez cumprida, constitui um aval para novas agressóes. 
Ainda que a leí, em princípio, seja feita para atingir todas as relacóes 
interpessoais, observam-se muitas dificuldades ao tentar aplicá-la na esfe- 
ra das relacóes conjugais, familiares e muito íntimas. O crime de lesáo cor- 
poral leve, por exemplo, tem características e sentidos muito diversos 
quando se trata da briga entre desconhecidos em um bar ou das relacóes 
cotidianas de um casal, mas a lei brasileira nao considera esse fato na defi- 
nicáo e apuracáo do crime e na determinacáo da pena.Essa diversidade 
nao significa que um crime seja mais legítimo que o outro, mas sim que 
assumem significados diversos para os presentes. Dirigir a questáo da vio- 
lencia doméstica ao Judiciário acabou por tornar aparente que os crimes 
cometidos por pessoas muito próximas das vítimas térn confíguracáo pró- 
pria e necessitam de regulacáo penal e civil específica, além do compro- 
Violencia contra a mulher 16 
13 Red de Salud de las Mujeres Latinoamericanas y del Caribe, Por el derecho a vivir 
sin violencia. Acciones y propuestas desde las mujeres, Cuadem Mujer Salud, v. 1, 
1996. 
14 HEISE, L. et al., Violence against women. The hidden health burden, Washing- 
ton, The International Bank for Reconstruction and Development, The 
World Bank, 1994. 
misso por parte do Estado de garantir o acesso e o funcionamento desses 
mecanismos. Também deixa claro que as leis podem encobrir a desigual- 
dade justamente pelo apelo da igualdade. 
Diversos países latino-americanos aprovaram, nos últimos anos, leis 
específicas para a violencia doméstica (Red de Salud de las Mujeres Latino­ 
­americanas y del Caribe, 199613). As avalíacóes des ses processos demons- 
tram, entretanto, que, mesmo com leis específicas sobre violencia domés- 
tica, a linguagem jurídica continua apresentando muitos problemas para 
enquadrar as situacóes. 
A partir dos anos 1990, além de remeter o problema a área da justica 
e da polícia, que demonstraram resistencia importante e apresentaram 
problemas na íncorporacáo do tema, o movimento de mulheres iniciou 
nova estratégia. A discussáo foi remetida estratégica e conscientemente 
para tres campos principais: os direitos humanos, a saúde e o desenvolví- 
mento social, todos já consolidados e reconhecidos internacionalmente 
(Heise et al., 199414). O movimento buscou associar a violencia a essas 
questóes, já reconhecidas como importantes, utilizando tal prestígio para 
colocar o tema na agenda internacional. Além disso, esses campos tinham 
conceitos e ferramentas que poderiam ser úteis no trabalho com a violen- 
cia contra a mulher, tais como a linguagem dos direitos e a nocáo de pre- 
vencáo, por exemplo. Ao fazer esse movimento, o tema encontrou novas 
linguagens possíveis de expressáo e trabalho, além da jurídica e policial, e 
passou a ser explorado também como problema de saúde. 
Os dados epidemiológicos sao bastante expressivos. Os homens, so- 
bretudo os mais jovens, estariam muito mais sujeitos que as mulheres a 
violencia no espa~o público, especialmente ao homicídio, cometido por 
estranhos ou conhecidos.Já as mullieres estáo mais sujeitas a serem agre- 
17 A violencia contra a mu/her na América Latina 
didas por pessoas conhecidas e íntimas do que por desconhecidos, o que 
pode significar violencia repetida e continuada, que muitas vezes se per- 
petua cronicamente por muitos anos ou mesmo pela vida inteira. 
Ainda que com dados defasados, e com diferencas importantes na 
metodología de coleta, decorrentes da dificuldade natural em obter da- 
dos confiáveis atualizados, o quadro a seguir apresenta um panorama 
sobre a prevalencia disseminada do problema em alguns países do con- 
tinente americano, ainda que de forma grosseira. Urna observacáo im- 
portante é a de que a questáo da violencia contra a mulher parece nao 
escolher o nível socioeconómico e cultural, atingindo igualmente mu- 
llieres de países pobres e ricos. 
Violencia contra a mulher 18 
Fonte: adaptado de Heise et al. (1994). 
Violence against women: the hidden health burden, Washington, The lnternational Bank for 
Reconstruction and Development, The World Bank, 1994. 
País/autor Amostra Tipo de amostra Achados 
Canadá (Statistics 12.300 mulheres de Amostra nacional 25% das mulheres (29°/a das 
Ganada, 1993) 18 anos ou mais representativa que alguma vez foram casadas) 
informam haver sido atacadas 
fisicamente pelo companheiro 
atual ou anterior desde os 16 
anos de idade 
Chile (Larrain, 1993) 1.000 mulheres entre 22 e Amostra aleatória 60% foram abusadas pelo 
55 anos, em Santiago, estratificada companheiro; 26,2% foram 
envolvidas em urna relagao fisicamente abusadas 
por 2 ou mais anos 
Colombia, 1990 3.272 mulheres urbanas; Amostra nacional 20% foram abusadas 
2.118 mulheres rurais representativa fisicamente; 33% abusadas 
psicologicamente; 10°/a foram 
estupradas pelo marido 
Nicarágua, Lean 488 mulheres de 15 a Amostra representativa 52% sofreram violencia física 
(Ellsberg et al., 1998) 49 anos 
EUA, 1986 2.143 casais oficialmente Amostra probabilística 28% reportam ao menos um 
casados ou coabitando em nível nacional episódio de violencia física 
A pesquisa sobre a violencia contra a mulher em alguns países 
A pesquisa sobre a violencia contra 
a mulher em alguns países 
Aten~ao a vítimas de violencia doméstica: urna média anual de 3.500 
casos de violencia doméstica tem sido atendida pelo Centro Municipal de 
la Mujer de Vicente López de Buenos Aires. Aproximadamente 5.000 pessoas 
por ano, em sua maioria vítimas de violencia conjuga! e abuso sexual, sao 
atendidas no Centro de Atencáo a Vítimas da Cidade de Córdoba. 
Denúncias e condenacáes por abuso sexual: estimam-se entre 5.000 e 
7.000 denúncias por ano. As condenacóes por delitos sexuais oscilam 
ARGENTINA 
A seguir seráo apresentadas informacóes relativas a questáo da vio- 
lencia contra as mulheres em alguns países da América Latina e do Caribe. 
Sao dados compilados de estudos realizados por fontes governamentais 
oficiais e por ONGs relacionadas a causa da violencia contra mulheres.As 
informacóes sao qualitativas e quantitativas, obtidas de fontes seguras, 
porém com formatos e indicadores diferentes, assim como as datas. Res- 
salta-se, pois, a dificuldade na comparacáo desses dados entre os países. 
De modo geral, nao há dados recentes disponíveis, o que se atribui a de- 
mora na sua compílacáo e no tratamento pelos órgáos e autoridades com- 
petentes de cada país. 
Dados referentes a questáo 
da violencia contra a mulher 
em alguns países da América 
Denúncias por violencia doméstica: de um total de 7.307 casos de vio- 
lencia doméstica denunciados entre 1994 e 1998, 93% correspondem a 
violencia intrafamiliar; 4,2%, a víolacáo ou intencáo de violacáo: 1, 7%, a 
assassinato ou intencáo de assassinato; e 0,3%, a casos de tortura ou aban- 
dono de mulher grávida, prostituicáo, sequestro, perseguicáo sexual ou 
incesto (fonte: Informe Nacional sobre Violencia de Género contra las Muje­ 
res. Coordinadora de la Mujer; Centro de Promoción de la Mujer "Grego- 
ria Apaza" La Paz, Bolívia, 1999). 
Femicídios e vioiacses/ estupros em meninas e adolescentes: as íntencóes 
de assassinato denunciadas entre 1994 e 1998 afetaram mullieres entre 21 
e 25 anos ( 61,3%); os femicídios tiveram adolescentes como vítimas, e as 
tentativas de estupro e casos consumados envolveram, em 80% dos casos, 
mullieres entre 11 e 20 anos de idade (fonte: Informe Nacional sobre Vio­ 
lencia de Género contra las Mujeres. Coordinadora de la Mujer; Centro de 
Promoción de la Mujer "Gregaria Apaza', La Paz, Bolívia, 1999 ). 
Servicos legais integrais: até julho de 1997 a Bolívia tinha 37 Servicos 
Legais Integrais. Entre novembro de 1994 e julho de 1997, em 25 deles se 
atenderam 35.087 casos tipificados como violacáo aos direitos humanos, 
dos quais 25.991 ( 7 4%) correspondiam a violencia doméstica contra mu- 
llieres (fonte: Informe Nacional sobre Violencia de Género contra las Muje­ 
res. Coordinadora de la Mujer; Centro de Promoción de la Mujer "Grego- 
ria Apaza" La Paz, Bolívia, 1999). 
BOLÍVIA 
entre 500 e 700 anuais, cerca de 10% dos casos denunciados (fonte: Infor­ 
me Nacional de Argentina sobre Violencia de Género. Silvia Chejter, 1998 ). 
Servicos telejonicos de ajuda: o servico telefónico para mullieres vítimas 
de violencia familiar da cidade de Buenos Aires é urna importante alternati- 
va de atencáo especializada e personalizada, que oferece orientacáo e asses- 
soramento as denunciantes. Tomando como base as chamadas,verifica-se 
que os casos relatados com maior frequéncia envolvem o abuso e maus- 
-tratos de enancas, que ocorrem geralmente no ámbito familiar; em 80% dos 
casos os agressores sao os pais ou padrastos, e no restante a máe ou outro 
membro da familia (fonte: Laws and public policies to punish and prevent vio­ 
lence against women in LatinAmerica. Mala N. Htun, novembro de 1998 ). 
Violencia contra a mulher 22 
Violencia sexual: estudo realizado em Campinas indica que, de um 
total de cerca de 1.800 mullieres entre 15 e 49 anos entrevistadas, 62% 
afirmaram ter mantido relacóes sexuais contra a vontade, 7% declararam 
ter sido submetidas a violencia física; 23%, a alguma forma de coercáo, e 
32% declararam ter considerado que era sua obrigacáo aceitar a imposí- 
~ao de seu marido, noivo ou companheiro (fonte: Jorge Andalaft e Aníbal 
Faúndes, Violencia sexual e resposta do setor de saúde no Brasil. Simposio 
2001. Violencia de Género, Salud y Derechos en las Américas. Cancún, 
México, junho de 2001). 
Violencia contra a mulher em Porto Alegre: de 57.473 casos de violencia 
contra a mulher registrados nas Delegacias Especializadas de Atencáo a Mu- 
lher de Porto Alegre entre 1988 e 1998, mais de 50% correspondema crimes 
de lesáo corporal, ameaca e estupro (fonte: Delegacia de Polícia de Porto 
Alegre; citado em Informe Nacional Brasil, PNUD, dezembro de 1998 ). 
Violencia doméstica e sexual em Sao Paulo: segundo dados das Delegacias 
Especializadas de Atencáo a Mulher, em 1996 foram registrados 65.812 casos 
por violencia doméstica e sexual, 86.684 em 1997 e 46.312 no primeiro se- 
mestre de 1998 (fonte: InformeNacionalBrasil, PNUD, dezembro de 1998). 
Violencia contra a mulher no Río de Janeiro: segundo dados das Dele- 
gacias Especializadas de Atencáo a Mulher, informados pela Polícia Esta- 
dual, em 1994 foram registrados 30.540 casos de violencia; em 1995, 
34.344 casos; em 1996, 38.045 casos; em 1997 foram 43.590, e até julho 
de 1998 haviam sido registrados 49.279 casos de violencia contra a mu- 
lher (fonte: Informe Nacional Brasil, PNUD, dezembro de 1998). 
Violencia contra a mulher no Distrito Federal: durante o período de janeiro a 
setembro de 1998, a Delegacia da Mulher do Distrito Federal havia registrado 
2.058 casos de violencia contra a mulher, assim distribuídos: por lesáo corporal 
dolosa, 983 casos; por estupro, 103; e por ameaca, 972 (fonte: Delegacia da 
Mulher do DF, citado em Informe Nacional Brasil, PNUD, dezembro de 1998 ). 
Delegacias Especializadas de Aten~ao a Mulher (DEAMs): criadas em 
1985, hoje existem 307 DEAMs funcionando em todo o território brasi- 
leiro. Sao Paulo concentra 40,7% delas, e Minas Gerais, 13%. Constituem 
a principal forma de política pública de prevencáo e combate a violencia 
BRASIL 
23 Dados referentes a questao da violencia contra a mu/her em a/guns países da América 
Estima-se que 50% das mullieres chilenas sofram alguma forma de 
violencia. O Servico sobre Violencia Intrafamiliar ( SERNAM) divulgou 
urna investígacáo revelando que 50% das chilenas confessaram ter sido 
agredidas. A ínvestígacáo comparativa, feita em quatro regióes do País, 
concluiu, além disso, que 4 de cada 1 O mullieres sofrem violencia psicoló- 
gica, e entre 25% e 32% já foram esbofeteadas, arrastadas ou levaram sur- 
ras (fonte: http:/ /www.mujereshoy.com). 
A violencia psicológica é a agressáo mais frequente sofrida pelas mu- 
llieres que vivem nas regióes Metropolitana, de Antofagasta, Coquimbo e 
LaAraucanía, de acordo como estudo. A violencia física grave se apresen- 
ta com maior frequéncia que a leve nas regióes Metropolitana e de Co- 
quimbo, enquanto a prevalencia da violencia sexual alcanca entre 14,2% e 
16,6%. 
O universo da pesquisa corresponden a 1.358 mullieres da Área Me- 
tropolitana e 1.383 de La Araucanía, e números similares nas restantes 
regióes da sondagem, residentes em áreas urbanas e rurais, com idade en- 
tre 15 e 49 anos, casadas ou em convivencia com parceiro no momento da 
entrevista. De acordo com os resultados, as manífestacóes e a frequéncia 
da violencia física leve (bofetada, lancamento de objetos, empurróes e pu- 
xóes de cabelo) atingiram 75% em média das entrevistadas. 
CHILE 
contra as mulheres no Brasil (fonte: Ministério da justíca/ Conselho 
Nacional dos Direitos da Mulher. Pesquisa Nacional sobre as Condícóes 
de Funcionamento das Delegacias Especializadas no Atendimento as 
Mullieres, 2001). 
Denúncias policiais nas Delegacias Especializadas de Aten~ao a Mulher 
(DEAMs): durante o ano de 1999 foram registradas 326.793 denúncias 
nas DEAMs, das quais 33,05% foram ameacas, 159 foram assassinatos 
(0,05%); 113.713 constituíram casos de lesáo corporal (34,80%); 4.076, 
casos de maus-tratos (1,25%); 4.697, casos de estupro e (1,44%) 1.242, 
tentativas de estupro ( 0,38%), entre outros crimes (fonte: Ministério da 
justica/ Conselho Nacional dos Direitos da Mulher. Pesquisa Nacional 
sobre as Condicóes de Funcionamento das Delegacias Especializadas no 
Atendimento as Mullieres, 2001 ). 
Violencia contra a mulher 24 
Na subclassífícacáo "violencia física grave" (murros ou golpes com 
objeto), as vítimas de certas regióes do Chile responderam afirmativa- 
mente em 53,8% em cada caso. Na consulta "tentou estrangulá-lat" 15,4% 
responderam afirmativamente em determinada regiáo. Outra regiáo mos- 
trou que 7% das vítimas admitiram ter sofrido tentativa de queimaduras, 
22, 7% foram ameacadas ou agredidas com urna arma. 
As manifestacóes de violencia e frequéncia de violencia sexual reve- 
laram que de 7 a 8 casos em 1 O foram em algum momento forcadas a ter 
relacóes sexuais (fonte: Adital, 24-11-2005 ). 
Sao registrados 4.500 crimes sexuais por ano, entre 70% a 80% come- 
tidos contra menores de idade. Metade dos crimes permanece sem puní- 
~ao (fonte: dados fornecidos pela SEM, Chile, disponíveis em http:// 
www.mujereshoy.com/). 
Violencia sexual entre casais: pela primeira vez no Chile se pode co- 
nhecer o predomínio da violencia sexual entre relacionamentos de casais. 
O estudo considerou a regiáo metropolitana e a regiáo de Araucanía (po- 
pulacóes urbano-rurais e indígenas). Na área metropolitana, 14,9% das 
mulheres que sao ou foram casadas ou que vivem em uniáo estável sofrem 
violencia sexual, enquanto, em La Araucanía, o porcentual é um pouco 
menor: 14,2% (fonte: "Detección y análisis de la prevalencia de la violen- 
cia íntrafamílíar" Universidad de Chile. Centro de Análisis de Políticas 
Públicas. Santiago: SERNAM, agosto de 2001). 
Predomínio da violencia intrafamiliar: na regiáo metropolitana, 50,3% 
das mulheres sofreram alguma violencia na relacáo intrafamiliar. Destas, 
34, 1 % foram vítimas de violencia física e/ ou sexual e 16,3%, de violencia 
psicológica. Na regiáo Araucanía, os resultados sao semelhantes: 47,1 %. 
Das mulheres dessa regiáo, 18,9% foram vítimas de violencia psicológica, 
enquanto 28,2% sofreram violencia física e/ ou sexual (fonte: "Detección 
y análisis de la prevalencia de la violencia íntrafamílíar" Universidad de 
Chile. Centro de Análisis de Políticas Públicas. Santiago: SERNAM, agos- 
to de 2001). 
Violencia conjugal segundo o nível económico: na regiáo metropolitana, 
38,8% das mulheres de nível socioeconómico alto e médio-alto foram ví- 
timas de violencia entre casais. Nos setores medianos, o porcentual sobe 
25 Dados referentes a questao da violencia contra a mu/her em a/guns países da América 
para 44,8 e, nas áreas mais babeas, é 59,4%. Na regiáo de Araucanía, por 
sua vez, 33,8% das mullieres de alto nível socioeconómico e classe média 
alta foram vítimas de violencia entre casais. Em mullieres de classe média, 
a taxa é de 45,8 e, nas de classe babea, 50% (fonte: "Detección y análisis de 
la prevalencia de la violencia intrafamiliar" Universidad de Chile. Centro 
de Análisis de Políticas Públicas. Santiago: SERNAM, agosto de 2001). 
Efeitos da violencia sobre a saúde das mulheres: a autoavaliacáo da saú- 
de geral das mullieres pesquisadas na regiáometropolitana revelou dífe- 
rencas significativas na sua experiencia de violencia doméstica: 65,9% das 
mullieres que sofreram violencia nao avaliou sua saúde como muito boa 
ou excelente, em comparacáo a 57,2% das mullieres que vivem ou vive- 
ram a violencia psicológica e 47,2% das que vivem ou viveram a violencia 
física e/ ou sexual. A regíáo de Araucanía mostra urna tendencia seme- 
lhante (fonte: "Detección y análisis de la prevalencia de la violencia intra- 
familiar': Universidad de Chile. Centro de Análisis de Políticas Públicas. 
Santiago: SERNAM, agosto de 2001 ). 
Violencia entre casais jovens: sobre a violencia nas relacóes de namoro 
(e noivado), os números mostram que a violencia psicológica prevalece 
em 11,4% dos casais de namorados e a física ou sexual chega a 9% (fonte: 
"Detección y análisis de la prevalencia de la violencia intrafamiliar" Uni- 
versidad de Chile. Centro de Análisis de Políticas Públicas. Santiago: 
SERNAM, agosto de 2001). 
Violencia conjugal na VIII Regiáo: em um estudo realizado em Tal- 
cahuano para medir o grau de violencia doméstica nesse distrito, observa- 
-se que 20,5% de 417 mullieres entrevistadas (108) reconheceu sofrer 
violencia de seu cónjuge ou parceiro. Isso significa que urna em cada cinco 
mullieres nessa comunidade é vítima de alguma forma de violencia (fon- 
te: "Magnitud de la violencia conyugal hacia la mujer en la comuna de 
Talcahuano: Municipalidad de Talcahuano". Oficina de la Mujer, marco 
de 1999). 
Denúncia por violencia conjugal: 30% das mulheres que vivem em si- 
tuacáo de violencia em Talcahuano denunciaram o fato e 64,4% nunca o 
fizeram. As queixas sao feitas para policiais por 60,6% delas e 24,2% nos 
Tribunais de justíca. De todas as reclamacóes, 34% terminaram em acor- 
Violencia contra a mulher 26 
Segundo o Cladem Colombia ( Comite Latinoamericano para la De­ 
fensa de los Derechos de la Mujer), a violencia intrafamiliar a tinge principal- 
mente a mulher colombiana. Apenas pouco mais de 5% dos casos sao 
denunciados (fonte: http://www.cladem.com/espanol/). 
Mulheres vítimas de deslocamento [oreado, mullieres e enancas repre- 
sentam 75% das pessoas deslocadas internamente no país: 58% delas sao 
COLOMBIA 
do (fonte: "Magnitud de la violencia conyugal hacia la mujer en la comu- 
na de Talcahuano: Municipalidad de Talcahuano" Oficina de la Mujer, 
marco de 1999). 
Os jovens e a violencia: em Valparaíso, Chile, violencia física em casais 
jovens universitários acorre em 24% dos casos, e violencia psicológica em 
51 % deles (fonte: Universidad Católica de Valparaíso, 1996). 
Impacto da violencia doméstica na renda das mulheres: um estudo rea- 
lizado por Morrison e Orlando Santiago observa que as mullieres que nao 
sao vítimas de violencia física grave ganham urna média de US$ 385 por 
mes, enquanto aquelas que sofrem dessa violencia só ganham em média 
US$ 150 (fonte: El impacto socioeconómico de la violencia doméstica contra 
la mujer en Chile y Nicaragua. A. Morrison e M. B. Orlando, BID: Wa- 
shington, DC, 1997). 
Custos da violencia doméstica: um estudo sobre as consequéncias so- 
cíoeconómícas da violencia familiar revela que, no Chile, o custo para a 
economia é significativo, já que todos os tipos de violencia doméstica ten- 
dem a reduzir o rendimento das mullieres que trabalham em 1,5 bilháo, o 
que corresponde a mais de 2% do PIB em 1996 (fonte: El impacto socioe­ 
conómico de la violencia doméstica contra la mujer en Chile y Nicaragua. A. 
Morrison e M.B. Orlando. BID: Washington, DC, 1997). 
Programas de capacitacáo no enfrentamento da violencia doméstica: o 
Servico Nacional da Mulher ( Sernam) informou que, entre 1992 e 1996, 
24 mil funcionários públicos da polícia, dos tribunais e dos setores de 
educacáo e da saúde foram treinados para prestar atendimento específico 
nessa área (fonte: Laws and public policies to punish and prevent violence 
against women in Latín America. Mala N. Htun, novembro de 1998 ). 
27 Dados referentes a questao da violencia contra a mu/her em a/guns países da América 
do sexo feminino e 25% sao chefes de familia. Apenas 1,28% das pessoas 
deslocadas ( 13.000 pessoas) receberam algum tipo de ajuda humanitária 
(fonte: "Proyecto Promoción de los Derechos Humanos y Reproductivos 
para la Atención y la Prevención de la Violencia contra las Mujeres': Con- 
sejería Presidencial para los Derechos Humanos; Defensoría del Pueblo; 
Instituto de Medicina Legal y Ciencias Forenses; Fiscalía General de la 
Nación, 2000 ). 
Deslocados na Colombia: de acordo com o Projeto de Promocáo dos 
Direitos Humanos e Assisténcia Reprodutiva e Prevencáo da Violencia 
contra a Mulher, as pessoas deslocadas sao em sua maioria camponeses 
que, nos últimos 1 O anos, fugiram de ameacas e assassinatos cometidos 
por guerrilheiros, massacres paramilitares, abusos e execucóes extrajudi- 
ciais pelas forcas de seguran~a e violencia generalizada que levaram ao 
tráfico de drogas. Na maioria dos casos, as mullieres suportam todo o 
peso da situacáo decorrente da violencia. Muitas delas sao viúvas com fi- 
lhos pequenos, analfabetos ou com pouca educacáo, que tém de assumir a 
responsabilidade de cuidar das criancas e preservar a unidade familiar 
(fonte: "Proyecto Promoción de los Derechos Humanos y Reproductivos 
para la Atención y la Prevención de la Violencia contra las Mujeres': Con- 
sejería Presidencial para los Derechos Humanos; Defensoría del Pueblo; 
Instituto de Medicina Legal y Ciencias Forenses; Fiscalía General de la 
Nación, 2000 ). 
Denúncias por violencia intraf amiliar: entre 1996 e 2000, o número 
de denúncias de violencia doméstica em todo o país aumentou de 51.451 
para 68.585, ou seja, mais 17.134 casos. Desse total, as mullieres foram 
responsáveis por 79% das estatísticas como vítimas de violencia domés- 
tica. A maior taxa se revelou entre as mullieres de 25 a 34 anos (fonte: 
Instituto Nacional de Medicina Legal y Ciencias Forenses. Datos Nacio- 
nales, 2000). 
Crimes sexuais: o Instituto de Medicina Legal relatou um total de 
13.542 casos de crimes sexuais atendidos no ano 2000. Desses, 11.636 
(86% dos casos) das vítimas eram do sexo feminino (fonte: Instituto 
Nacional de Medicina Legal y Ciencias Forenses. Dados Nacionais, 
2000). 
Violencia contra a mulher 28 
Segundo dados da Pesquisa Nacional de Violencia contra as Mullie- 
res, 67% das costarriquenhas maiores de 15 anos já sofreram ao menos um 
incidente de violencia física ou sexual em algum momento de sua vida. 
Sessenta e cinco por cento delas sentiram sua vida em perigo no momento 
do incidente. A maioria dos agressores é de homens conhecidos pelas mu- 
llieres, incluindo parceiros e familiares (fonte: http:/ /www.isis.cl). 
Aten~ao pública sobre a violencia doméstica: a partir da implementacáo 
do Plano Nacional de Prevencáo e Tratamento da Violencia Doméstica 
(PLANOVI), em 1994, a sistematizacáo de casos de violencia doméstica 
atendidos em instituicóes públicas aumentou. Em 1995, participaram 
8.325 pessoas; em 1996, 14.323; em 1997, 25.144; e em 1998, 46.531 
(fonte: Ana Isabel García et al. Sistemas públicos contra la violencia domés­ 
tica en América Latina, 2000 ). 
Denúncias perante órgaos judiciais: desde a entrada em vigor da Lei 
contra a Violencia Doméstica, o número de reclamacóes tem sido eres- 
cente. Verificando os resultados do segundo semestre de 1996 e primeiro 
semestre de 1999, nota-se que o número de reclamacóes vem crescendo a 
urna taxa de 5.000 por ano (fonte: Ana Isabel García et al. Sistemas públi­ 
cos contra la violencia doméstica en América Latina, 2000). 
Violencia contra as mulheres, meninas e idosos: um estudo realizado em 
1996 com a populacáo urbana pelo Centro Nacional para o Desenvolvi- 
mento da Mulher e da Familia obteve os seguintes resultados: 36,3% dos 
entrevistados afirmam conhecer um homem que agride com frequéncia sua 
companheira; 35, 1 % relataram conhecer idosos que sofrem abusos em casa; 
21,4% dizem que conhecem um homem que abriga a esposa a ter relacóessexuais; 21 % disseram que conheciam pessoas que tém contato sexual com 
COSTA RICA 
Casos de violencia sexual na Unidade Especializada em crimes contra a 
liberdade sexual e contra a dignidade humana: de acordo com ínformacóes 
fornecidas pelo Gabinete do Procurador-Geral, em 1999, foram indicia- 
das 1.907 pessoas que cometeram crimes sexuais. Desse total, 90% das 
vítimas eram do sexo feminino e 55,6% tinham menos de 14 anos (fonte: 
Fiscalía General de la Nación, 1999 ). 
29 Dados referentes a questao da violencia contra a mu/her em a/guns países da América 
enancas e adolescentes e 19,5% disseram que conheciam pessoas que ensi- 
nam as enancas sobre pomografia (fonte: Ana Isabel García et al. Sistemas 
públicos contra la violencia doméstica en América Latina, 2000). 
Chamadas para a linha 800 "Quebre o Silencio": em 2000, a linha 
"Quebre o Silencio', do Instituto Nacional das Mullieres, receben 12.183 
chamadas, das quais 94% foram para solicitar apoio as mullieres afetadas 
pela violencia (fonte: A. Carcedo y M. Sagot, "Femicidio en Costa Rica: 
cuando la violencia contra las mujeres mata". SanJose, 2001). 
Atendimento de casos de violencia doméstica: de 1998 até julho de 
1999, a Promotoria de Violencia Doméstica e Crimes Sexuais atendeu 
976 casos (fonte: Teresita Ramellini, Informe Nacional Costa Rica. San 
]ose: PNUD, junho de 1999). 
Medidas de protecáo: de acordo com dados do Departamento de Pla- 
nejamento Judicial, em 1999, foram recebidos 26.437 pedidos de medi- 
das de protecáo para a violencia doméstica, 26% a mais do que o registra- 
do em 1998 no país; as mullieres das províncias de Alajuela e SanJose sao 
as responsáveis pelo maior relato de queixas (fonte: Proyecto Estado de la 
Nación, 2000, citado por A. Carcedo e M. Sagot, "Femicidio en Costa 
Rica: cuando la violencia contra las mujeres mata': SanJose, 2001). 
Registro de violencia doméstica nos servicos de saúde: para as autorida- 
des do Fundo de Seguranca Social da Costa Rica ( CCSS), responsável 
pelas estatísticas biomédicas em nível central, a existencia da CID-1 O 
( Classífícacáo Internacional de Doencas - décima revísáo) permite o re- 
gistro de violencia doméstica e seu tratamento estatístico pela equipe téc- 
nica de registros de saúde no ámbito local e regional. A Secáo de Bioesta- 
tística da CCSS conduziu um processo de formacáo de registros técnicos 
de saúde sobre a nova classificacáo de doencas e condícóes que afetam a 
saúde (fonte: Teresita Ramellini, Informe Nacional Costa Rica. San Jose: 
PNUD, junho de 1999). 
Casos de assédio sexual na Defensoría da Mulher: as estatísticas sobre o 
assédio sexual sao raras, embora tenham aumentado após a aprovacáo da 
Lei sobre o Assédio Sexual no Trabalho e na Educacáo (1995). Das 17 e 
22 vítimas que denunciaram em 1996 e 1997, respectivamente, chegou-se 
a cifra de 105em1998 (fonte: Teresita Ramellini, Informe Nacional Costa 
Rica. SanJose: PNUD, junho de 1999). 
Violencia contra a mulher 30 
Nos primeiros 9 meses de 2004, em El Salvador, foram registrados 
1.797 homicídios, sendo pelo menos 153 casos de assassinatos de mullie- 
res, de acordo com informacóes da Polícia Nacional Civil (PNC). Segun- 
EL SALVADOR 
Risco de marte: um estudo realizado pela "WomenAre Not Alone', o 
Programa CEFEMINA (Carcedo, 1994), combase em 5.000 mullieres 
que vieram para seus grupos de apoio, verificou que a gravidade da agres- 
sao recebida muitas vezes resulta em perigo mortal: 15% dessas mullieres 
foram atacadas ou ameacadas com armas de fogo; 31 % com facas; 24% 
com vidros ou tiveram outros danos, como o uso de outros tipos de ins- 
trumentos ou até mesmo sofreram queimaduras; 58% relataram ter senti- 
do perigo de morrer nas máos do agressor, enquanto 4 7% pensaram ou 
tentaram o suicídio, como resultado de violencia sofrida. Finalmente, 
48% dessas mulheres disseram que nunca saíam de casa por medo de 
morrer (fonte: A. Carcedo y M. Sagot, "Femicidio en Costa Rica: cuando 
la violencia contra las mujeres mata': SanJose, 2001). 
Dados sobre o femicídio: na primeira e na segunda metade da década 
de 1990 houve um número semelhante de assassinatos de mullieres (157 
e 158, respectivamente). No entanto, entre 1995 e 1999, foi relatada urna 
taxa de 12% a mais de femicídio do que nos primeiros anos da década. 
Esse dado indica que, embora o número total de mortes intencionais de 
mullieres nao aumentou, o femicídio sofreu um incremento. Nesse senti- 
do, os femicídios representam urna proporcáo cada vez maior dos homicí- 
dios contra mullieres: 56% na primeira metade da década e 61 % na segun- 
da (fonte: A. Carcedo y M. Sagot, "Femicidio en Costa Rica: cuando la 
violencia contra las mujeres mata': SanJose, 2001). 
Relacionamentos e femicídio: os dados mostram que, para fins de femi- 
cídio, os relacionamentos íntimos sao os mais perigosos (mesmo quando 
o relacionamento já acabou). Os parceiros ou ex-parceiros de mullieres 
sao responsáveis por 61 % dos femicídios, seguido por outros membros da 
família que causaram 17% desses crimes, e namorados que causaram 7% 
dos assassinatos (fon te: A. Carcedo y M. Sagot, "Femicidio en Costa Rica: 
cuando la violencia contra las mujeres mata': SanJose, 2001). 
31 Dados referentes a questao da violencia contra a mu/her em a/guns países da América 
do informe da PNC, 93% dos homicídios ocorrem por violencia social, 
ainda que as autoridades nao descartem a possibilidade de que os assassi- 
natos de mulheres acontecam no marco de urna campanha de extermínio 
(fonte: Anistia Internacional- http:/ /www.amnesty.org). 
Femicídios segundo a relacao como agressor: de 134 mullieres assassi- 
nadas entre setembro de 2000 e dezembro de 2001, 98,3% delas foram 
assassinadas: 26, 7% pelo marido; 21,4% pelo ex-marido; 27,4% pelo com- 
panheiro; 18,3% pelo ex-convivente; 2,7% por namorados e 17% pelo ex- 
-namorado (fonte: CEMUJER - Clínica de Atención Integral y monito- 
reo de medios escritos La Prensa Gráfica y El Diario de Hoy, 2002). 
Casos atendidos por violencia intrafamiliar: entre 1995 e 1998, o Pro- 
grama de Saneamento das Relacóes Familiares atendeu 11.313 casos de 
violencia doméstica, 11.691 de abuso contra menores, 14.798 de aconse- 
lhamento e atencáo emocional e 1.334 de crimes sexuais (fonte: ISDEMU 
- Instituto Salvadoreño para el Desarrollo de la Mujer. Programa de Sane- 
amiento de la Relación Familiar, 1999). 
Aten~ao em crise e atencáo sobre a prevencáo da violencia intraf amiliar: 
do total de 200.080 pessoas atendidas entre 1995 e marco de 1999 pelo 
Programa de Saneamento Relacóes Familiares, 43.465 pessoas estavam 
em situacáo de crise (22%) e 156.615 em cuidados preventivos (fonte: 
ISDEMU - Instituto Salvadoreño para el Desarrollo de la Mujer, 1999). 
Crimes contra as mulheres em nível nacional: dos 4.059 crimes cometi- 
dos contra as mullieres, em 1998, e atendidos pela Polícia Nacional de El 
Salvador, 26% eram crimes contra a vida e contra a integridade pessoal 
( 152 homicídios, 746 lesóes, entre outros); 9,5% eram delitos contra os 
costumes e contra a liberdade sexual ( 353 casos de estupro); 16,9% dos 
crimes eram contra a liberdade pessoal e moral; 2,8% eram contra a invio- 
labilidade do domicilio; 42,2% foram crimes contra a propriedade e 0,6% 
foram crimes contra os interesses jurídicos da familia (fonte: Polícia Na- 
cional Civil de El Salvador, 1999). 
Violencia sexual: entre 1992 e 1997, foram atendidos pelo Instituto 
Salvadoreño de Medicina Legal de San Salvador 4.223 casos de violencia 
sexual (fonte: Instituto de Medicina Legal Dr. Roberto Masferrer. Corte 
Suprema de Justicia. Región Metropolitana, 1998). 
Violencia contra a mulher 32 
De cada 1 O equatorianas, 6 sao vítimas de algum tipo de violencia. 
De acordo como Conselho Nacional da Mulher ( CONAMU), a situacáo 
é tao grave que foram criadas delegacias especialmente para receber de- 
núncias de maus-tratos no seio familiar. Estas recebem cerca de 500 acu- 
sacóes diárias por violencia de algum tipo, nas quais 97%das vítimas sao 
mullieres e meninas. O Centro de Planejamento e Estudos afirma que 
60% das mullieres sao ou foram espancadas por seus maridos ou compa- 
nheiros (fonte: http:/ /www.isis.cl). 
Alguns números: urna pesquisa elaborada pelo Centro de Estudos e 
Planejamento ( CEPLAES), em Quito, indica que 60% das mulheres eram 
ou haviam sido espancadas por seus maridos ou parceiros. Dessas, 37,3% 
foram vítimas de abuso com elevada frequéncía, 25% sofreram ataques 
esporádicos e 35,6% eram agredidas "raramente" (Aguilar e Camacho, 
"Nada justifica la violencia", CEPLAES, 1997). De acordo como Relató- 
rio Estatístico n. 9, da Fundacáo María Guare de Guayaquil, entre outu- 
bro de 1996 e abril de 1997, 6.153 casos de violencia doméstica foram 
registrados na Delegacia da Mulher e da Família naquela cidade, sendo 
que em 92, 72% dos casos as vítimas sao mullieres, das quais 53,39% man- 
tiveram um relacionamento conjuga! de sete anos ou mais. O ataque 
acontece em 88,97% das vezes dentro de casa. Em 74,9% dos casos, a de- 
núncia é feita pela vítima. 
EQUADOR 
Violencia contra mulheres e enancas. no período de janeiro a outubro 
de 2001, 434 casos foram notificados de violencia física contra mullieres 
e meninas: 634 casos de violencia psicológica; 117 casos de violencia se- 
xual (estupro, assédio sexual) e 445 casos de violencia económica (fonte: 
CEMUJER - Clínica de Atención Integral a Mujeres, Niños y Niñas Vio- 
lentadas, 2002). 
Assessorias prestadas por CEMUJER como vía de atendimento: entre 
1990 e 2001, foram atendidos portelefone 12.188 casos de violencia con- 
tra mullieres e criancas e 8.631 casos de atendimento direto na Clínica do 
CEMUJER (fonte: CEMUJER- Clínica de Atención Integral a Mujeres, 
Niños y Niñas Violentadas, 2002 ). 
33 Dados referentes a questao da violencia contra a mu/her em a/guns países da América 
Denúncias de violencia doméstica: em 1999, a Defensoria dos Direitos 
da Mulher da Procurado ria dos Direitos Humanos receben 5.000 denún- 
cias de violencia contra as mullieres, das quais 3.484 foram de violencia 
doméstica (fonte: CEIBOS - Centro de Estudios, Información y Bases 
para la Acción. "Módulo Instruccional. Introducción contextual a la pro- 
blemática de la violencia intrafamiliar. Análisis integral de la violencia en 
la familia. Procesos educativos para operadoras y operadores de justicia:' 
Ministerio Público, julho de 2000). 
Denúncias de violencia contra as mulheres e meninas: a Promotoria da 
Mulher informou que, em 2000, foram apresentados 5.029 relatos de vio- 
lencia doméstica e 949 casos de estupro e outros tipos de agressáo (fonte: 
Fiscalía de la Mujer. "Informe estadístico del Departamento de Guatema- 
la sobre violencia intrafamiliar," Ministerio Público, Guatemala, 2000 ). 
Estupro: em 90% dos casos de estupro relatados a Polícia Nacional da 
Guatemala, as vítimas eram mullieres (50%) e meninas ( 40%) (fonte: 
AID - Programa de Justicia. "Diagnóstico sobre impedimentos para el ac- 
ceso de la mujer a la justicia en 15 municipios de la República de Guate- 
mala", dezembro de 2000 ). 
Femicídio: relatos da imprensa dáo conta de que 60% dos assassinatos 
de mullieres sao resultado de violencia doméstica (fonte: Jornal Siglo XXI, 
4 de fevereiro de 2001). 
Violencia contra as mulheres e acesso a ]usti~a: em um estudo feito em 
15 municípios da Guatemala sobre o acesso das mullieres ájustíca, verifi- 
cou-se que 68% recorrem ájustíca em casos de violencia doméstica, 16% 
por lesóes graves e 9% por estupro (fonte: AID - Programa de Justicia. 
GUATEMALA 
Casas de rejúgio: foi inaugurada em 1990, em Quito, a Casa de Refú- 
gio para mullieres e enancas vítimas de violencia. A partir dessa data, ou- 
tras casas de refúgio foram abertas no país: Casa de Refúgio CEPAM, 
Hoste! San Juan de Dios, María Belém Casa, Casa Mullieres Júnior, Juven- 
tud e Talita Cumi etc. (fonte: "Boletín n. 16 de la Red Feminista Latinoa- 
mericana y del Caribe contra la Violencia Doméstica y Sexual', Isis Inter- 
nacional, 1997). 
Violencia contra a mulher 34 
Notícias sobre violencia contra a mulher: urna análise das notícias dos 
jornais líderes do país sobre a violencia contra as mullieres, conduzida 
HONDURAS 
Pesquisa: com base em urna amostra nacionalmente representativa 
de 1.705 mullieres, o Centro haitiano para Pesquisa e Acáo para a Promo- 
~ao da Mulher ( CHREPROF), em 1996, descobriu que 70% haviam sido 
vítimas de violencia doméstica e, com 36% delas, o agressor foi o próprio 
parceiro (fonte: M. Buviníc, A. Morrison e M. Shífter, Violence in Latín 
America and the Caribbean: a framework for action, 1998). 
HAITI 
"Diagnóstico sobre impedimentos para el acceso de la mujer a la justicia 
en 15 municipios de la República de Guatemala", dezembro de 2000). 
Operadores da Justi~a e a aplicacao da lei: apenas 16% dos operadores 
da justíca consideram que as leis para proteger as mullieres sao devida- 
mente aplicadas. Apenas 31 % disseram que a legíslacáo diz respeito ao seu 
trabalho (fonte: AID - Programa de Justicia. "Diagnóstico sobre impedi- 
mentos para el acceso de la mujer a la justicia en 15 municipios de la Re- 
pública de Guatemala" dezembro de 2000 ). 
Conflito armado e violencia política: em 2000, foi retomada a prática 
de desaparecimentos forcados, de invasóes em escritórios de organiza- 
cóes de defesa de direitos humanos e das mullieres para violarem seus 
funcionários, de ameacas de marte e de assassinatos políticos, especial- 
mente de mullieres. Este é o caso do assassinato político da Irmá Barbara 
Ford, que desenvolveu programas de saúde mental para as mullieres afeta- 
das pela guerra; do sequestro e desaparecimento de Mayra Gutierrez, pro- 
fessora universitária e membro do movimento de mullieres na Guatema- 
la; e das ameacas a duas juízas encarregadas de levar o caso do Monsenhor 
Gerardi a um magistrado do Tribunal Constitucional, a promotoras, a 
jornalistas e a defensoras dos direitos humanos (fonte: CLADEM - Co- 
mité Latinoamericano para la Defensa de los Derechos de la Mujer. Re- 
porte sombra de Guatemala para el Comité de Derechos Humanos. Pre- 
sentado al Comité en su 72ª- sesión. Genebra: junho de 2001). 
35 Dados referentes a questao da violencia contra a mu/her em a/guns países da América 
Segundo o Instituto Nacional de Saúde Pública, 33% das mullieres 
mexicanas com mais de 15 anos sofrem abuso e violencia. O Centro para 
Investigacáo e Combate a Violencia Doméstica mostrou que a maioria 
das mexicanas que sofre abuso contribui para a renda da família e está 
sujeita a perder até 30 dias de trabalho a cada ano em virtude da violencia 
sofrida. A pesquisadora Rosario Valdez Santiago afirmou que a violencia 
é responsável por 40% dos suicídios registrados entre mullieres no Méxi- 
co (fonte: http://www.mujereshoy.com). 
As investígacóes conduzidas pela Anistia Internacional concluíram 
que, nos últimos 10 anos, foram assassinadas cerca de 370 mullieres na 
regiáo de Juarez; destas, ao menos 137 haviam sido agredidas sexualmen- 
te antes de morrer. Ainda nao foram identificados outros 7 5 cadáveres 
(fonte: Anistia Internacional- http:/ /www.amnesty.org). 
Pesquisa sobre violencia doméstica: urna em cada tres famílias viven 
abuso emocional, intimidacáo, abuso físico ou abuso sexual. Isso foi re- 
velado pela Pesquisa sobre Violencia Doméstica, em 1999, na área me- 
tropolitana da Cidade do México pelo Instituto Nacional de Estatística, 
Geografia e Informática (INEGE). O abuso emocional é o tipo mais 
comum de agressáo: 99,2%; o bullyingocorre em 16,4% dos casos; a vio- 
lencia física em 11 ,2 % e o abuso sexual em 1, 1 % dos lares. A violencia 
acorre em 32,5% dos domicilios chefiados por homens, enquanto os 
chefiados por mullieres a taxa é de 22 % (fonte: "La prevención y erradi- 
MÉXICO 
pelo Centro de Direitos da Mulher ( CDM) de Honduras, dá os seguintes 
dados: 26,8% dos casos revelam golpes com arma branca ou de fago; 24%, 
agressáo sexual e física (além de espancamentos e alguma forma de abusosexual), e 21,79%, violencia sexual. O local em que acorre o ataque, em 
39, 11 % dos casos, é na casa da vítima, 14,53% na rua, 3,35% na residencia 
do agressor; 6,7% no local de trabalho, e em 18,99% o local nao é especi- 
ficado. De acordo com os mesmos meios de comunicacáo, o país tem urna 
média mensa! de tres mulheres assassinadas pelo marido, namorado ou 
companheiro (fonte: "Mujeres en las Noticias': Centro de Derechos de la 
Mujer (CDM) de Honduras, junho de 1997). 
Violencia contra a mulher 36 
cación de la violencia doméstica a partir del sistema de salud: un nuevo 
paradigma". Patricia Espinosa Torres, Instituto Nacional de las Mujeres, 
México, junho de 2001). 
Martes de mulheres (femicídio): o local predominante de morte das 
mullieres é em casa. Essa é a conclusáo de urna revisáo de 15.162 certi- 
dóes de óbito para mortes violentas na área metropolitana da Cidade do 
México (1993-1997). Envenenamento é 9 vezes maior em mullieres do 
que em homens e o afogamento também tem maior proporcáo para elas. 
Os homicídios por estrangulamento cresceram 3 vezes mais, e aquelas 
mortes por luta, briga, estupro e ataque por outros meios cresceram 2 ve- 
zes. O estudo concluí que, para 6,4 mullieres que sofrem com a violencia, 
apenas 1 homem também sofre com ela (fon te: "Informe México': Simpo- 
sio 2000 - Violencia de Género, Salud y Derechos en las Américas, de- 
zembro de 1999). 
Violencia familiar no México DF: entre 88% e 90% das pessoas que 
vivem a violencia familiar na Cidade do México ( 1999) sao mullieres. Da- 
dos preliminares de urna amostra representativa de mullieres que fre- 
quentam os centros de saúde na Cidade do México a partir de outras 
causas mostram que 42% sofrem abuso emocional, 32% abuso físico, 14% 
abuso sexual e 17% tém algum tipo de abuso durante a gravidez (fonte: 
"Informe México': Simposio 2000 - Violencia de Género, Salud y Dere- 
chos en las Américas, dezembro de 1999 ). 
Pesquisa sobre as mulheres vítimas de violencia doméstica: urna pesqui- 
sa sobre a saúde reprodutiva e a violencia contra as mullieres realizada na 
área metropolitana de Monterrey, em Nuevo Leon, pelo Conselho Nacio- 
nal de Populacáo em 1995e1996, observa que, em urna amostra de 1.064 
mullieres maiores de 15 anos de idade, 46,1 % disseram que haviam sido 
ou estavam sendo sujeitas a alguma forma de violencia psicológica, física 
e/ ou sexual por um parceiro íntimo e 39,3% disseram que a violencia era 
alta ou muito elevada. A faixa etária mais atingida foi a de 30-34 anos (fon- 
te: Redes de atención para la violencia doméstica ­ El Caso de Monterrey, 
México. Marcela Granados, BID: Washington, D.C., 1997). 
Programa de trabalho com homens violentos: a Associacáo de Homens 
por Relacóes Igualitárias A.C. ( CORIAC) foi criada devido ao esforco e a 
37 Dados referentes a questao da violencia contra a mu/her em a/guns países da América 
Delegacias da Mulher: atualmente existem quatro delegacias para mu- 
llieres em Delhi e urna em Callao, além de outras sete em províncias diver- 
sas. Cada delegacia tem urna secáo para Mullieres e Famílias (fonte: El 
abordaje intersectorial de la violencia de género: la experiencia de Perú. Sil- 
PERU 
reflexáo de vários homens, apoiados por muitas mullieres. Em fevereiro 
de 1993, a CORIAC abriu um programa permanente de apoio para ho- 
mens que queriam deixar de ser violentos. A Associacáo forma grupos 
masculinos para reflexáo com urna perspectiva de genero e possui tres ní- 
veis de reabilitacáo ou trabalho individual, além de um período extra para 
os facilitadores de treinamento replicarem a experiencia em sua própria 
comunidade (fonte: El colectivo de hombres por relaciones igualitarias: refle- 
xiones de una experiencia de trabajo con hombres que se reconocen vio- 
lentos. Francisco Cervantes Islas, outubro de 1997). 
Casas de refúgio: a instituicáo Adictos Anónimos a las Relaciones 
(AAR) oferece desde 1988 abrigo para mullieres vítimas de violencia. 
Até 1997, a instituicáo teve quatro casas em Veracruz, Cuautitlan, Xola e 
Iztapalapa. Em 1994, o Centro de Servicos para a Mulher ( CAM) foi 
criado em Tlanelpantla, Estado do México, o qual canta com urna peque- 
na pausada. Em meados de 1997, foi inaugurado o primeiro abrigo na 
Cidade do México, coordenado pela Procurado ria de justica do Distrito 
Federal e do Ministério da Educacáo, Saúde e Desenvolvimento do De- 
partamento do Distrito Federal (fonte: "Boletín n. 16 de la Red Feminis- 
ta Latinoamericana y del Caribe contra la Violencia Doméstica y Sexual', 
Isis Internacional, 1997). 
Programa Nacional contra a Violencia Doméstica 1999­2000 
(PRONAVI): urna acáo significativa na luta para a erradicacáo da violen- 
cia familiar foi a criacáo em 1999 do Programa Nacional contra a Violencia 
Doméstica (PRONAVI) pelo Secretário do Interior. Para isso, levou-se em 
canta as experiencias e conhecimento deste tipo de violencia no México 
por meio das organizacóes de mullieres, universidades e instituicóes de 
pesquisa e governo (fonte: "Informe México': Simposio 2000 - Violencia 
de Género, Salud y Derechos en las Américas, dezembro de 1999 ). 
Violencia contra a mulher 38 
via Loli Espinoza, Ministerio de Promoción de la Mujer y del Desarrollo 
Humano, PROMUDEH, junho de 2001 ). 
Alguns números: um estudo qualitativo de 1995 indicou que seis em 
cada 10 mullieres sao espancadas. A maior taxa de abuso acorre en- 
quanto há um relacionamento ( 7 4%). A pessoa mais agredida na família 
é a mulher ( 60% dos casos). A maior taxa de abuso é a agressáo física 
(76% ), o que geralmente acorre em estado de sobriedade do agressor 
(fonte: Violencia intrafamiliar: los caminos de las mujeres que rompie- 
ron el silencio. Un estudio cualitativo de la ruta crítica que siguen las 
mujeres afectadas por la violencia intrafamiliar. S. Loli e M. Rosas, I, 
OPS. Lima, 1998). 
Deslocadas pela violencia: um recente relatório aponta que, entre 
1993 e 1994, mais de 600 mil pessoas dos Andes e da zona rural tiveram 
que fugir de suas casas por causa da violencia. Os dados recolhidos pelo 
Gabinete de Deslocados de Lima indicam que cerca de 430 mil pessoas 
ainda hoje estariam nessa condicáo. O mesmo relatório chama a atencáo 
para as mullieres deslocadas e, especialmente, aquelas que decidiram vol- 
tar a seus lugares de origem, pois o percentual de chefes de família mullie- 
res em áreas de repovoamento é de 33% e das chefes do lar viúvas é de 
26%. Desse percentual, 75% está em idade fértil, só falam quéchua e a 
maioria sao analfabetas (fonte: D. Miroslavic, Vidas sin violencia: nuevas 
voces, nuevos desafíos. Isis Internacional, 1998). 
Negociacáo de conjlitos entre casais: urna pesquisa realizada em 1997 
com 359 mullieres da regiáo metropolitana de Lima mostrou que a nego- 
ciacáo como forma de solucáo de conflitos entre o casal aparece em 100% 
dos casos, independentemente de saber se é pobre ou nao. Isso significa 
que em algum momento todos os casais negociam ou tentam negociar 
solucóes (fonte: Encuesta sobre la violencia doméstica sobre la mujer. Insti- 
tuto de Estudios Peruanos-Cuánto, Lima, 1997). 
Casas de rejúgio: a primeira casa de refugio, A Voz da Mulher, foi cria- 
da em marco de 1982, em Lima. Ela sobrevive gra~as a solidariedade de 
mullieres e homens e de instituicóes públicas e privadas (fonte: "Boletín 
n. 16 de la Red Feminista Latinoamericana y del Caribe contra la Violen- 
cia Doméstica y Sexual': Isis Internacional, 1997). 
39 Dados referentes a questao da violencia contra a mu/her em a/guns países da América 
Violencia doméstica na juventude: 11.450 mullieres com menos de 20 
anos denunciaram a polícia de Porto Rico que foram vítimas de inciden- 
tes de violencia doméstica nos anos de 1990-1996. Isso representa 10% 
de todas as mullieres feridas em incidentes de violencia doméstica (fonte: 
Coordinadora Paz para la Mujer. "La relación de pareja entre jóvenes': Ver 
en: www.pazparalamujer.org/relacion-pareja-jovenes.htm). 
Estupro de meninas: as estatísticas doservico da Central de Ajuda 
para Vítimas de Estupro, em 1996, mostram que 83% das vítimas eram 
mullieres ou meninas e 60% delas eram menores de 20 anos (fonte: Coor- 
dinadora Paz para la Mujer. "La relación de pareja entre jóvenes': Ver en: 
www.pazparalamujer.org/relacion-pareja-jovenes.htm). 
Denúncias por violencia doméstica: em Porto Rico, entre janeiro de 
1990 e 30 de abril de 1999, foram reportados 164.657 incidentes de vio- 
lencia doméstica e 23.259 ordens de protecáo foram emitidas (fonte: Po- 
licía de Puerto Rico. César Cruz Rodríguez. Ver cuadros en: http://www. 
design2netcom/ cam/ stats/ stat_27.htm%2(}y°Á>20 e http:www.design2net 
com/cam/stats/stat 28.htm). 
Outros dados de violencia doméstica: entre janeiro e junho de 2001, 
houve um total de 8.492 incidentes de violencia doméstica em Porto Rico 
(fonte: Coordinadora Paz para la Mujer. "¡Aquí no se tolera la violencia 
doméstica! Lo que todos/ as debemos saber acerca de la violencia domés- 
tica en el lugar de trabajo': Ver en: www.pazparalamujer.org/vd-lugartra- 
bajo.htm). 
Casos defemicídio: entre 1990 e 1999, foram assassinadas 337 mullie- 
res pelas máos de seus companheiros (fonte: Policía de Puerto Rico. Cé- 
sar Cruz Rodríguez. Ver cuadros en: www.design2net.com/ cam/ stats/ 
stat 32.htm). 
Maus­tratos conjugais: nos resultados da pesquisa de Porto Rico 
consta que, de todas as mullieres entrevistadas entre 15 e 49 anos (as que 
tém ou tiveram um parceiro), 48,19% relataram ter sido abusadas. Deste 
percentual, 16% das mullieres que já foram casadas ou companheiras - e 
que tinham entre 25 e 34 anos - relataram ter sido empurradas, espanca- 
das ou insultadas; 34% das mullieres entre 15 e 24 anos e 48% das que 
PORTO RICO 
Violencia contra a mulher 40 
Violencia por parceiro: um estudo em Montevidéu e Canelones mos- 
trou que 46,4% das mullieres entrevistadas viveram algum tipo de violen- 
cia em sua relacáo. Aproximadamente 36% dos entrevistados sofreram 
violencia psicológica e 10,8% sofreram violencia física e sexual (fonte: 
Violencia en la pareja: la cara oculta de la relación. María Teresa Traversa. 
Washington D.C.: BID, 2001). 
Relatório para a polícia e para os tribunais: o estudo anterior mostrou 
que 25% das mullieres entrevistadas relataram o abuso a polícia e que 20% 
fizeram-no em um tribunal. No entanto, 75% das vítimas disseram que 
relatar o fato nao vai resolver o problema. Das mullieres que relataram, 
URUGUAI 
Prostituicáo: Marianne van der Ber, em seu estudo sobre o tráfico e a 
prostituicáo de mullieres provenientes da República Dominicana, afirma 
que mais de 50% das mullieres que trabalham na prostituicáo nas princi- 
pais cidades da Holanda vérn daquele país (fonte: Dinnys Luciano, Cen- 
tro de Apoyo Aquelarre, 1996). 
Abuso de enancas: de acordo com ínformacóes registradas no Robert 
Reid Cabra! Hospital, entre fevereiro de 1994 e fevereiro de 1995, dos 138 
casos de meninas/meninos agredidos, 40 deles (29,98%) foram queima- 
dos com água quente; 19 (13,66%) foram queimados por chamas; 11 
(7,97%) foram feridos por bala e outros 27 tiveram diferentes tipos de 
agressóes. Quanto ao agressor: 28,26% dos casos envolvem meninas/me- 
ninos com idades entre 3 e 5 anos; 21, 7%, com idades entre 9 a 11 anos e 
20% com idades entre 3 meses e dais anos; 47,82% foram agredidas pela 
máe (fonte: Quehaceres - Centro de Investigación para la Acción Feme- 
nina, CIPAF, agosto de 1997). 
REPÚBLICA DOMINICANA 
estáo entre 35 e 49 anos relataram algo semelhante (fonte: "Encuesta de 
Salud Reproductiva 1995-1996': Resumen de los hallazgos. Escuela Gra- 
duada de Salud Pública. Recinto de Ciencias Médicas. Universidad de 
Puerto Rico, maio de 1998). 
41 Dados referentes a questao da violencia contra a mu/her em a/guns países da América 
71 % o fizeram imediatamente após o incidente violento ou dentro de um 
mes após a o correncia (fonte: Violencia en la pareja: la cara oculta de la re- 
lación. María Teresa Traversa. Washington D.C.: BID, 2001). 
Linha de apoio a mulheres em siiuacáo de violencia doméstica: entre ou- 
tubro de 1992 e dezembro de 1998, o IMM (servíco telefónico da Inten- 
dencia Municipal de Montevidéu) receben 30.894 chamadas de violencia 
doméstica. Em 1999, foram 5.977 chamadas; em 2000, 4.954 e, em 2001, 
receben 5.468 Iígacóes, o que faz um total de 47.293 chamadas desde a sua 
criacáo (fonte: "Intendencia Municipal de Montevideo': Informe sobre 
llamadas al Servicio Telefónico de Asistencia a la Mujer en Situación de 
Violencia Doméstica. Comisión de la Mujer: Montevideo, 2002). 
Características de chamadas para o servico telefónico: em outubro de 
1997, o servico telefónico da Intendencia Municipal de Montevidéu rece- 
ben 367 chamadas, das quais 218 eram sobre violencia doméstica. Em 
14 7 casos, houve violencia e, em outros 70, houve ameacas seguidas de 
violencia. Em 242 casos, a resposta do servico foi a indicacáo para ONGs 
e outras entidades públicas e privadas que trabalham com mulheres que 
sofrem violencia (fonte: Violencia en la pareja: la cara oculta de la relación. 
María Teresa Traversa. Washington D.C.: BID, 2001). 
Delegacia para as mulheres e f amílias: entre j aneiro e outubro de 2001, 
foram apresentadas 951 denúncias de violencia doméstica. Como resulta- 
do, 596 pessoas foram encaminhadas para o sistema judicial, senda julga- 
das apenas 15 delas. Durante esse período, 19 armas foram apreendidas, 
entre elas, seis pistolas, dais fuzis, um rifle e urna faca (fonte: Violencia en 
la pareja: la cara oculta de la relación. María Teresa Traversa. Washington 
D.C.: BID, 2001). 
Sisiematizacáo das consultas para a violencia doméstica: das 956 con- 
sultas realizadas em 2000 para a Casa da Uniáo e da Mulher por violencia 
doméstica, 24 7 foram sistematizadas. O monitoramento mostrou que as 
mulheres que procuraram ajuda pertencem a todas as idades, porém a 
maioria tinha entre 30 e 40 anos, e 57% das vítimas tinham menos de 40 
anos. Em 77% dos casos, o autor da violencia era o marido, companheiro 
ou namorado. Em 43% dos casos, a duracáo da coabitacáo era inferior a 1 O 
anos e, em 49%, entre 11 e 30 anos de convivencia (fonte: Laura Cafaro, 
Violencia contra a mulher 42 
Violencia sexual: os casos de violencia sexual em toda a Venezuela 
chegavam a cerca de 75.530 em 1995, de acordo coma projecáo dos da- 
dos estatísticos recolhidos pela Comissáo Bicameral do Congresso. 
Crimes sexuais: em 1997, foram registrados 7.426 crimes sexuais (es- 
tupro, seducáo, rapto, incesto etc.) em que as vítimas eram mullieres, indi- 
cando que diariamente 11,9 mullieres foram violentadas no país. Este nú- 
mero, fornecido pela Divisáo de Estatística do Carpo Técnico da Polícia 
Judiciária, baseia-se apenas nas alegacóes feitas perante as agencias poli- 
ciais, de modo que é considerado urna subnotífícacáo do problema, já que 
muitas mullieres nao fazem a denúncia por várias dificuldades envolvidas. 
Os números da polícia técnico-judiciária também revelam que, entre 
1989 e 1993, foram relatados 41.401 crimes sexuais no país, enquanto, 
entre 1994 e 1997, o número foi de 29.471 casos. 
VENEZUELA 
Estela De Armas, Claire Niset e Mabel Simois. Violencia doméstica: "para 
desaprender lo aprendido': Montevideo: Casa de la Mujer de la Unión, 
novembro de 2001). 
Formas de violencia: a sistematizacáo da Casa da Mulher e da Uniáo 
mostrou que as mullieres relataram diversas formas de violencia, incluin- 
do os mecanismos de controle e insultos ( 7 4%), agressóes ( 60%), amea- 
cas de marte ou com armas (39% ), violencia económica (30% ), violencia 
contra as enancas (20%), infidelidade (15%) e violencia sexual (13%) 
(fonte: Laura Cafaro, Estela De Armas, Claire Niset e Mabel Simois. Vio­ 
lencia doméstica: "para desaprender lo aprendido': Montevideo: Casa de la 
Mujer de la Unión, novembro de 2001). 
Números de violencia doméstica recolhidos pela República das Mulheres: 
em 2001, o suplemento do jornal La República relatou 29 martes por vio- 
lencia doméstica, nove

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