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Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos Diabetes Mellitus Pâncreas ★ O pâncreas é formado por dois órgãos funcionalmente diferentes: ↪︎ Pâncreas exócrino ↦ principal glândula digestiva; ↪︎ Pâncreas endócrino ↦ 1-1,5% da massa pancreática; modula todos os aspectos da nutrição celular, desde a absorção até o armazenamento. (Insulina, glucagon, somatostatina, polipeptídeo pancreático). ✴ Ilhota de Langerhans ↦ células alfa, beta, delta. Aspectos Importantes ⚙ Apesar de as ilhotas representarem 1-2% da massa do pâncreas, elas recebem cerca de 10-15% do fluxo sanguíneo pancreático; ⚙ O sangue venoso do pâncreas drena na veia porta hepática ↦ assim o fígado é o principal órgão-alvo dos efeitos fisiológicos dos hormônios pancreáticos; ⚙ O fígado é o primeiro que recebe esses hormônios (glucagon e insulina); ⚙ Os nervos parassimpáticos, simpáticos e sensitivos inervam ricamente as ilhotas e exercem efeitos reguladores importantes sobre a secreção hormonal; ❖ Estimulação simpática (N. Vago) – inibe a produção de insulina e estimula glucagon; ❖ Estimulação parassimpática – estimula a produção de insulina. Biossíntese da Insulina ⚑ A insulina é sintetizada como um polipeptídeo precursor de 86 aminoácidos, a pré-pró-insulina; ⚑ Produzida no retículo endoplasmático rugoso; ⚑ Sofre clivagem e é convertida em pró-insulina com duas cadeias (A= 21aa e B=30aa) e um peptídeo de ligação; ⚑ No complexo de golgi, a pró-insulina sofre proteólise para separar o o peptídeo C das cadeias A e B; ⚑ No interior dos grânulos de secreção, encontramos insulina em quantidades equimolares de peptídeo C; ⚑ Quando eu quebro pró-insulina em insulina, o peptídeo C é liberado. Ou seja, para cada molécula de insulina produzida, um peptídeo C é liberado. ⚑ Do ponto de vista laboratorial, é mais fácil dosar o peptídeo C que a insulina; ⚑ Quando tenho um aumento de peptídeo C e de insulina, posso dizer que a pessoa está produzindo mais insulina (produção do paciente). Caso insulina aumente e peptídeo C não, posso deduzir que a pessoa está recebendo insulina; ⚑ Ex: suspeita de insulinoma ↦ dosar peptídeo C e insulina. Se insulina vier alta e peptídeo C nulo, quer dizer que o paciente está se aplicando insulina, e não, produzindo em excesso (como no insulinoma). Mecanismos de Secreção Insulínica ➫ As células B são estimuladas principalmente pela glicose, mas também por aminoácidos, ácidos graxos livres, peptídeos gastrointestinais (Ex: GLP1), neurotransmissores e medicamentos como as sulfoniuréias e as glinidas; ➫ A glicose é transportada de forma eficaz para o interior das células B pelo GLUT2 e imediatamente fosforilada em glicose-6P pela glicoquinase; ➫ A glicose-6P é oxidada aumentando a relação ATP/ADP com fechamento dos canais de K+ sensíveis ao ATP das células B; ➫ Há, então, despolarização da membrana destas células com abertura dos canais de Ca++, aumento da concentração do Ca++ citoplasmático, ativação de cinases, com extrusão dos grânulos secretores e liberação de insulina. 1 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos Homeostase Glicêmica ✶ Os níveis de glicose plasmática são normalmente mantidos numa faixa relativamente estreita, aproximadamente entre 70 e 150mg/dL; ✶ A manutenção dos níveis glicêmicos é crítica para a sobrevivência porque a glicose plasmática é o substrato energético principal utilizado pelo sistema nervoso central. Secreção de Insulina ๏ A secreção de insulina é bifásica; ๏ A primeira fase ocorre nos primeiros 10 minutos após o estímulo, sendo aguda e de curta duração. É constituída pela insulina pré-formada; ๏ Persistindo o estímulo glicêmico, ocorre a segunda fase, que é menos intensa e mais prolongada. Ação Insulínica ✤ A insulina liberada na circulação atinge seus receptores em seus órgãos-alvo sem necessitar de transportador; ✤ O receptor da insulina é um hétero-tetrâmero constituído de duas subunidades a, extracelulares e duas subunidades b, transmembrana celulares e intracelulares; ✤ A ação da insulina começa com sua ligação às subunidades a, que muda de conformação e ativa a subunidade b, que é uma tirosina quinase; ✤ Assim, inicia-se a fosforilação em cascata de substratos e enzimas, que culmina com as ações da insulina: anabolismo, estímulo do transporte da glicose pelo GLUT4 (músculo, tecido adiposo), crescimento celular; ✤ O papel da insulina é levar o GLUT4 até a membrana para trazer a glicose para dentro da célula. ✤ Glicose fora da célula ↦ fadiga e fome 2 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos Metabolismo da Insulina ♠A insulina secretada pelas células beta na circulação portal, tem sua primeira passagem no fígado e 50% dela é destruída; ♠A principal via de degradação da insulina conhecida é através de uma protease insulino-específica em todo o organismo. Os principais órgãos responsáveis pela degradação periférica são: fígado, rins e placenta; ♠A insulina não possui proteína carreadora e sua vida média é de 5 minutos; ⤳ Sempre que eu quiser dosar a insulina (dependendo da situação é muito difícil interpretar) TEM que dosar a glicose junto!!!! ♠ É importante saber os locais em que a insulina é destruída, pois uma das complicações que o diabético tem são problemas renais. Se o rim não funciona bem, a insulina fica mais tempo circulado (pois o rim é um dos órgãos que destrói insulina). É muito comum ver pacientes diabéticos que desenvolvem insuficiência renal, então pode- se diminuir as doses de insulina (diabetes melhora por causa de uma complicação); ♠A placenta contribui para o diabetes gestacional, pois ela destrói insulina. Diabetes Mellitus: Problema de Saúde Pública ♥ Concorre entre as principais causas de mortalidade; ♥ A glicemia elevada está entre os 3 fatores principais para mortalidade prematura: hipertensão arterial, fumo e hiperglicemia; ♥ Alta prevalência: 8,8% da população mundial entre 20 e 79 anos – 415 milhões de adultos; ♥ Altos custos; ♥ Considerável morbidade; ♥ Incapacitações e encurtamento de vida útil; ♥ Mortalidade prematura – 2 a 3x maior; ♥ Sub-diagnosticado e tratamento inadequado; ♥ Estima-se que: ♡ 1 em cada 11 adultos, tem diabetes; ♡ 1 entre 2 adultos com diabetes não é diagnosticado; ♡ 12% dos gastos da saúde mundial é com diabetes; ♡ 1 a cada 7 nascimentos é afetado pela diabetes gestacional. Diabetes - Epidemia ☾ O aumento na prevalência se deve a: ☀ Maior longevidade; ☀ Consumo crescente de gorduras saturadas; ☀ Sedentarismo; ☀ Obesidade; ☾ Fatores genéticos e ambientais; ☾ Estudo Brasileiro: ☀ Em 2011, estimou-se que existiriam 11,9 milhões de pessoas, na faixa etária de 20-79 anos com diabetes no Brasil, podendo alcançar 19,2 milhões em 2035 (B); ☀ 50% dos diabéticos desconhecem o diagnóstico; ☀ Atraso no diagnóstico de 4-7 anos; ☀ 20% daqueles com diagnóstico não faziam qualquer tratamento. 3 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos Grau de Recomendação ☑ Evidência A ↦ estudos experimentais e observacionais de melhor consistência; ☑ Evidência B ↦ estudos experimentais e observacionais de menor consistência; ☑ Evidência C ↦ relatos de casos – estudos não controlados; ☑ Evidência D ↦ opinião desprovida de avaliação crítica, baseada em consenso, estudo fisiológico ou modelos animais; Resistência à Insulina ❣ Indica o comprometimento da resposta biológica à insulina endógena ou exógena; ❣ A resistência à insulina é manifestada pela diminuição do transporte de glicose mediado pela insulina em adipócitos e músculo esquelético e pelo comprometimento da supressão da produção hepática de glicose; ❣ Porque pacientes ficam em jejum 8h e a glicose de jejum continua alta? ↦ Fígado não para de produzir glicose, porque ele entende que está em falta; ❣ A sensibilidade à insulina é influenciada por inúmeros fatores que incluem: raça, idade, peso, gordura abdominal, atividade física e drogas; ❣ A obesidade, especialmente a VISCERAL, é um dos fatores mais importantes parao desenvolvimento do diabetes, por meio de diversos mecanismos, como aumento dos ácidos graxos livres circulantes (FFA), diminuição da adiponectina e secreção pelo tecido adiposo de citocinas (por exemplo, o TNF-a e a interleucina – 6) que, em última análise, exacerbam a RI; ❣ A lipoaspiração retira a gordura subcutânea, a gordura visceral continua. Então, para pacientes obesos, que querem diminuir a gordura abdominal por conta da tendência à diabetes, não é indicada a lipoaspiração. O tecido adiposo é um órgão endócrino que produz TNF-a (ruim) e adiponectina (bom). A adiponectina é produzida em maior quantidade no subcutâneo, então ao retirar a gordura subcutânea na lipoaspiração, acaba-se aumentando o TNF-a (ruim) em relação a adiponectina (bom), piorando o quadro do paciente. DM - Definição ♣ Diabetes mellitus (DM) não é uma única doença, mas um grupo heterogêneo de distúrbios metabólicos que apresenta em comum a hiperglicemia, resultante de efeitos na ação da insulina, na secreção de insulina ou em ambas; ♣ A classificação atual do DM baseia-se na etiologia e não no tipo de tratamento, portanto, os termos “DM insulinodependente” e “DM insulinoindependente” devem ser eliminados dessa categoria classificatória. 4 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos Classificação Etiológica do DM ⤮ Tipo 1: imuno-mediado ou idiopático (é chamado idiopático quando não se consegue encontrar os anticorpos no sangue, mas os sintomas/tratamento são os mesmos); ⤮ Tipo 2; ⤮ Outros tipos específicos de DM: monogênico (Mody), secundário a endocrinopatias (Ex: paciente acromegálico, paciente com doença de Cushing – a diabetes é resolvida após tratar essas doenças), secundário à doenças do pâncreas exócrino, secundário a medicamentos e infecções; ⤮ DM gestacional; Diabetes Tipo I ✡ É uma das doenças crônicas mais comuns na infância, mas pode acometer indivíduos de todas as idades; ✡ Denomina-se tipo 1A a forma de diabetes resultante de destruição autoimune da massa de células betapancreáticas, promovendo insulinopenia; ✡ Avanços na monitorização glicêmica, no desenvolvimento de análogos de insulina e em estratégicas de alimentação tem proporcionado melhor qualidade de vida a longo prazo; ✡ Em princípio, o diabetes do tipo 2 é tratado não somente por endocrinologistas, e o diabetes do tipo 1, como é mais instável e a pessoa precisa de mais hábitos para tratar, é aconselhado que se trate com endocrinologistas. ■ Patogênese: ✡ O processo de destruição autoimune ocorre em indivíduos geneticamente suscetíveis, provavelmente desencadeado por agentes ambientais (Ex: vírus, estressee, uso precoce de leite de vaca em recém- nascidos) e progride por meses ou anos em sujeitos assintomáticos e euglicêmicos; ⤑ Precisa ter predisposição genética + fator desencadeante; ✡ Os marcadores genéticos estão presentes desde o nascimento; ✡ Os marcadores de autoimunidade são detectados desde o início do processo de destruição, mesmo antes dos sintomas; ✡ Normalmente só se faz o diagnóstico quando muitas células beta já morreram, que é quando começam a aparecer os sintomas; ✡ Não adianta muito descobrir que a pessoa tem os anticorpos antes de a destruição ser bastante grande, pois não se tem muito o que fazer. Não tem tratamento estabelecido. 5 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos Susceptibilidade genética: ✡ A doença tem padrão clássico poligênico, os genes HLA são os mais determinantes na etiologia do DM1; ✡ Mais de 90% dos pacientes com DM1 apresentam haplótipos HLA DR3 e/ou DR4; ✡ Alguns alelos estão relacionados com a velocidade de destruição; ✡ Por outro lado, os genes também podem estar associados a proteção como o HLA DR2; ✡ Gêmeos monozigóticos de DM1 tem risco de 50%. Dizigóticos ou irmãos não-gêmeos de 6%. Agentes ambientais: ✡ Tem sido estudado inúmeros agentes ambientais deflagradores do DM1: ⤑ Fatores perinatais; ⤑ Vírus – rubéola congênita, coxsackie, etc; ⤑ Exposição precoce ao leite de vaca; ⤑ Nitratos; ⤑ Vitamina D e ômega-3 parecem ser PROTETORES. Marcadores da autoimunidade: ✡ São disponíveis ensaios quantitativos para anticorpos que reagem contra os quatro principais autoantígenos da ilhota; ✡ Anticorpo antidescarboxilase do ácido glutâmico ↦ anti – GAD; ✡ Anticorpo anti-insulina; ✡ Anticorpo antiproteína 2; ✡ An#corpo an#transportador 8 de zinco. Doenças autoimunes em pacientes com DM1: ✡ Tireoidite de Hashimoto (20%); ✡ Doença celíaca (7-10%); ✡ Doença de Addison (< 1%); ✡ Síndrome poliglandular autoimune I e II (quando se tem várias glândulas que não funcionam adequadamente); ✡ Pacientes com DM1 tem maior chance de ter outras doenças autoimunes (1x ao ano deve-se pedir dosagem de TSH, para ver se ele não está desenvolvendo alguma doença da tireóide, que é a mais frequente). Quadro Clínico: ✡ O diagnóstico geralmente é feito por ocasião da puberdade, após período com sintomas: poliúria (glicosúria e diurese osmótica), polidipsia (desidratação pela diurese osmótica), polifagia e emagrecimento (porque o corpo não consegue utilizar glicose, então acaba degradando gordura) que frequentemente evoluem para cetoacidose; ✡ É necessário o tratamento imediato com insulina para a sobrevivência desses pacientes. Diabetes Tipo II ✶ Corresponde a 80-90% dos diabéticos. Habitualmente após os 40 anos; ✶ Apresentam insulinorresistência e insulino-deficiência; ✶ A maioria dos pacientes apresentam também a síndrome metabólica (dislipidemia, obesidade abdominal, resistência a insulina, hipertensão arterial). ✓ Fatores de risco para DM2: ✶ Idade > 45 anos; ✶ Excesso de peso (IMC > 25kg/m2) – CA; ✶ Sedentarismo; ✶ HAS/doença cardiovascular; 6 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos ✶ Pré-diabetes identificado previamente; ✶ História de DM gestacional ou feto macrossômico; ✶ HDL < 35mg/dl ou triglicerídeos > 250mg/dl; ✶ SOPC (síndrome de ovário policístico – é uma situação de resistência à insulina); Acantose nigricans – sinal de resistência insulina encontrado no exame físico = mancha escura no pescoço/axila; ✶ Raça/etnia de alto risco para DM (negros, hispânicos e índios pima); ✶ Fumo (pois gera reação inflamatória que aumenta a resistência insulina); ✶ OBS: o fato de comer açúcar não aumenta o risco de ter diabetes, O SOBREPESO é um fator de risco; ✓ Patogênese: ✶ Combinação de uma série de fatores: • Resistência à insulina no fígado, músculo e tecido adiposo; • Progressivo declínio da massa e da função das células beta pancreáticas; • Defeito na supressão dos níveis de glucagon, aumentando a produção hepática de glicose; 7 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos DM Gestacional (DMG) ◘ É definido como qualquer grau de intolerância à glicose com início ou detecção durante à gravidez. ◘ Entretanto, aquelas mulheres de alto risco e que na primeira consulta de pré-natal já preenchem os critérios para diabetes, não serão classificadas com DMG (o DM gestacional tende a parecer no decorrer da gravidez, quando é descoberta bem no início da gravidez, normalmente a mulher já tinha diabetes antes de engravidar); ◘ Resistência à insulina e diminuição da produção de insulina; ◘ Maior incidência de complicações obstétricas (polidrâmnio, toxemia gravídica, ruptura prematura da placenta) e de parto cesárea. Macrossomia é a anormalidade fetal mais comum; ⤳ Essas crianças são maiores, mas tem uma imaturidade maior. Elas fazem bastante hipoglicemia quando nascem, pois, são maiores e estão acostumados a receber grandes quantidades de glicose da mãe. É bastante comum monitorar essas crianças nos primeiros 2-3 dias para garantir que não façam hipoglicemia. Isso acontece normalmente quando a diabetes da mãe não está bem controlada; ◘ Ainda não há, atualmente, critérios diagnósticos bem definidos para DM gestacional; ◘ A gravidez é um momento mais fácil de tratar essas mulheres, pois elas têm uma motivação extra para se tratarem corretamente. Diagnósticode Diabetes ✦ Suspeita clínica ↦ presença de fatores de risco ↦ confirmação laboratorial ➾ Poliúria; Polidipsia; Perda de peso; Polifagia ↦ 4P ➾ Visão turva; ➾ Fadiga; ➾ Infecções ↦ principalmente genitourinárias; ➾ Cetoacidose, coma hiperosmolar ↦ complicações agudas; ➾ Presença de fatores de risco. ✦ Exames laboratoriais: ➾ Glicemia de jejum ↦ é o método mais simples e de menor custo. É realizada a glicemia plasmática com um jejum mínimo de 8 horas; ➾ Teste oral de tolerância a glicose (TOTG) ↦ é o exame mais sensível; glicemia de jejum e 2 horas após ingestão de 75g de glicose via oral; ➾ Hemoglobina glicada ↦ pode ser considerada no diagnóstico; representa a média glicêmica dos últimos 3 meses; ✦ Valores de normalidade: ➾ Glicemia de jejum: 70 – 99 mg/dl; ➾ Glicemia 2h após 75g de glicose oral (TOTG): < 140mg/dl; ➾ Hemoglobina glicada (HPLC): de 4-6%. Hemoglobina Glicada ✘ Usar metodologia padronizada; ✘ É o índice que melhor avalia a exposição a níveis elevados de glicemia; ✘ Baixa variabilidade biológica; ✘ Jejum desnecessário; ✘ Não é afetado por perturbações agudas; ✘ Utilizado para acompanhamento e ajuste da terapia; ✘ Hemoglobina glicada ↦ hemoglobina que se liga em glicose (quanto mais açúcar tem no sangue, mais se liga na hemoglobina); ✘ Causas de variações na HbA1c: ‣ Valores falsamente diminuídos ↦ anemia hemolítica ou estados hemorrágicos; grandes quantidades de vitaminas C e E (inibem a glicação da hemoglobina); 8 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos ‣ Valores falsamente aumentados ↦ deficiência de ferro (aumenta a sobrevida das hemácias), hipertrigliceridemia, uremia, alcoolismo crônico, uso de salicilatos. Critérios de Diagnóstico ☑ Tolerância diminuída a glicose ↦ pré-diabetes Indicações para TOTG ➢ Glicemia de jejum alterada (≥ 100 e < 126mg/dl); ➢ Diagnóstico de diabetes gestacional; ➢ Presença de complicações crônicas compatíveis com DM e glicemia de jejum normal (geralmente pacientes com neuropatia/retinopatia com glicose de jejum normal); ➢ Presença de muitos fatores de risco; ➢ O único exame que não se deve repetir é o TOTG, o resto tem que ser feito em 2 ocasiões (hemoglobina glicada, glicose em jejum)!! Diagnóstico de DM Gestacional ☼ Não há consenso entre as diversas sociedades; ☼ Na primeira consulta solicita-se glicemia de jejum: ☁ Se ≥ 126mg/dl = DM pré-gestacional; ☁ Se ≥92 e < 126 = DM gestacional. ☁ Em ambos os casos deve-se repetir a glicemia para confirmar. Se < 92 deve-se reavaliar no segundo trimestre. ☼ Fatores de risco ↦ > 35 anos de idade, sobrepeso ou obesidade, história familiar (HF), crescimento fetal excessivo, polidramio, HAS na gravides, Macrossomia, DMG prévio, abortamento de repetição, SOPC. ☼ TOTG na gestante: ☁ Fazer com 75g de glicose oral e coletar glicemia: jejum, 1 hora e 2 horas após 75g de glicose oral. Deve ser feita entre 24 e 28 semanas; ☁ Ponto de corte: ➡ Jejum = 92; ➡ 1 hora = 180; ➡ 2 horas = 153. ➡ Um ponto alterado faz o diagnóstico. Dados Importantes na Anamnese: DM ❀ Tempo de diagnóstico; ❀ Como foi diagnosticado (presença de sintomas ou não); ❀ Peso no início e como evoluiu; ❀ Sintomas atuais de hiperglicemia com ou sem perda de peso; ❀ Tratamentos já efetuados e tratamento atual; 9 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos ❀ Frequência de visitas médicas/hospitalizações anteriores; ❀ Controle domiciliar (glicemias capilares); ❀ Frequência de hipoglicemias; ❀ Hábitos (alimentação, atividade física, fumo, álcool); ❀ Presença de complicações crônicas (última visita ao oftalmo, angina, claudicação, neuropatia periférica e autonômica, proteinúria). Exame Físico (não esquecer)! ※ Peso, altura, IMC, CA (cintura abdominal), CC (cintura cervical); ※ Palpação da tireoide; ※ PA deitado, sentado e em pé com FC nas 3 posições (para verificar hipotensão postural ou hipertensão de decúbito); ※ Palpação e ausculta dos pulsos; ※ Exame neurológico com reflexos patelares, aquileu, diapasão e monofilamento; ※ Exame detalhado dos pés (pelo menos 1 vez por ano, e se tiver complicações, em todas as consultas). Caso Clínico 1 ⤑ I: João, sexo masculino, 60 anos, eletricista, natural e procedente de Florianópolis. ⤑ QP: glicemia de jejum alterada ⤑ HDA: Paciente chega ao ambulatório trazendo glicemias alteradas realizadas em exame admissional. Está assintomático e refere ter engordado nos últimos 5 anos (+8kg) ⤑ LEMBRAR: para síndrome metabólica ↦ cintura aumentada + 2 fatores ⤑ Lista de problemas: ➡ 2 glicemias de jejum alteradas (129 e 133) ➡ Hemoglobina glicada = 6,8% ➡ Ganho de peso (+8kg) ➡ HAS ➡ Dislipidemia (colesterol total = 180mg/dl, HDL = 60MG/DL, LDL = 100mg/dl) ➡ Sedentário ➡ IMC alterado (sobrepeso) ➡ Cintura = 108cm ⤑ Fatores de risco ↦ histórico familiar de pai diabético, mãe hipertensa 1. Esse paciente já poderia ser considerado diabético? - Sim, pois o paciente possui glicose em jejum >/= 126 e HbA1c >/= 6,5% 2. Necessita de outros exames para confirmar a diabetes? - Não, a positividade de qualquer um dos parâmetros (glicose em jejum, TOTG, glicose ao acaso, HbA1c) já confirma o diagnóstico de DM 3. Qual o tipo mais provável de diabetes desse paciente? - DM tipo II, pois o paciente possui fatores de risco e exame confirmatórios para tipo II Caso Clínico 2 ⤑ A paciente está com a glicemia venosa bem alterada (398 mg/dl), e como tem muita glicose no sangue, o corpo tenta expulsar essa glicose com poliúria e glicosúria. A paciente encontra-se, inclusive, desidratada, pois não está conseguindo compensar toda sua perda de água pela urina, por isso a paciente está sentindo tanta sede. ⤑ Qual o Dx? DM1 ⤑ Você solicitaria outros exames para confirmar? Não, pois a paciente é sintomática e tem glicemia alterada, o que já fecha o diagnóstico. 10 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos Amenorréia Introdução ‣ Hormônios hipofisários (FSH e LH) ↦ LH que vai dar a ovulação (maior pico); ‣ FSH faz o folículo crescer no ovário; ‣ Os hormônios ovarianos estrogênio e progesterona respondem aos hormônios hipofisários; Menstruação ➡ É um fenômeno cíclico, que ocorre após a queda dos níveis circulantes de esteroides sexuais, e requer: ‣ Integridade do eixo gonadotrófico (hipotálamo-hipófise/ovários); ‣ Endométrio responsivo; ‣ Aparelho genital permeável; ➡ Pode ocorrer sangramento em casos de anovulação: ‣ Por flutuações dos níveis de estrogênio; ‣ Menstruação com padrão irregular e anárquico seguido de amenorréia; Amenorréia ❀ Ausência de menstruação; ❀ Pode ser: ✓ Primária: ✴ Ausência de menarca (1º ciclo menstrual) até os 14 anos sem desenvolvimento puberal; ✴ Ausência de menarca (1º ciclo menstrual) até os 16 anos com ou sem desenvolvimento puberal; ✓ Secundária: ✴ Ausência de menstruação por no mínimo 3 meses consecutivos em mulher que já menstruava; ❀ Meninas: 1º telarca ↦ Pubarca ↦ estirão ↦ mudança padrão corporal ↦ menarca; 11 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos ❀ Classificação da amenorréia quanto a etiologia: • 1. Alteração anatômica do aparelho reprodutivo; • 2. Insuficiência ovariana primária (IOP); • 3. Anovulação crônica com estrogênio presente; • 4. Causas centrais; ❀ Excluir situações fisiológicas: • Gravidez; • Lactação (prolactina inibe o eixo gonadotrófico); • Menopausa; • Puberdade tardia constitucional (retardo puberal simples); • Obs ↦ na puberdade tardia apenas observar, pois é impossível identificar ausência de menstruação com atraso de maturação óssea e baixa estatura; 1. Alterações Anatômicas do Aparelho Reprodutivo ■ Congênitas: amenorréia primária isolada com desenvolvimento sexual secundário ⤑ Fusão/aglutinação labial; ⤑ Hímen imperfurado; ⤑ Agenesia vaginal; ⤑ Hipoplasia/aplasia endometrial; ⤑ Ausência congênita do útero (síndrome de Mayer-Rokitanski-Kuster-Hauser); ■ Adquiridas: ⤑ Síndrome de Asherman (sinéquias intrauterinas); ⤑ Causas ↦ DIP crônica, trauma, infecção,curetagem, radioterapia, dilatação por complicação obstétrica; ⤑ USG ↦ ausência de endométrio; ⤑ Teste ciclo estrogênio + progesterona ↦ negativo; 12 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos 2. Insuficiência Ovariana Primária (IOP) ♥ Ocorre antes dos 40 anos (normal ↦ 45 – 55 anos); ♥ Por ausência da menarca (amenorreia 1º) ou depleção prematura dos folículos ovarianos (amenorreia secundária); ♥ 1/100 até os 40 anos; ♥ Estrogênio↓ e FSH↑ ♥ Pode não ser definitiva (5 – 10% voltam a engravidar); ♥ Causas adquiridas: ♡ Autoimune; ❣ 20 – 30% concomitância com IOP; ❣ Associado a outras autoimunes – principalmente doença tireoidiana (10 – 20% doença de addison); ❣ Associado a outras doenças sistêmicas ↦ ARJ, LES, glomerulonefrite, doença hepática crônica, miastenia gravis, asma; ♡ Iatrogênica ↦ RXT, QXT, torção ovariana, cirurgia; ♡ Resistência ovariana (síndrome de Savage); ♡ Idiopática ↦ 50% dos casos; ♥ Causas genéticas: ♡ Síndrome de Turner (45X0) ❣ Disgenesia gonádica; ❣ Causa mais comum de baixa estatura feminina associada a distúrbio cromossômico; ❣ 1:2.000/5.000 meninas; ❣ Baixo peso ao nascimento e Linfedema; ❣ Implantação baixa do cabelo, pescoço alado, hipertelorismo mamário, cúbito valgo, 4º MCP (metacarpo) curto, palato em ogiva, malformações cardíacas e renais, amenorreia primária (também pode ser amenorreia 2ª); 3. Anovulação Crônica com Estrogênio Presente ♦ Alteração no mecanismo de feedback do eixo hipotálamo-hipófise-ovários de maneira a estimular a secreção dos esteroides gonádicos de forma acíclica; ♦ SOP (forma mais comum) ↦ 5 – 10% das mulheres em idade reprodutiva; ♦ Outras causas: ↪︎ Obesidade; ↪︎ Tumores adrenais/ovarianos; ↪︎ Doença tireoidiana, síndrome de Cushing; ↪︎ Hiperplasia adrenal congênita não clássica; ↪︎ > deficiência enzima 21 hidroxilase (↓cortisol , ↑ACTH, ↑esteroidogênese); 4. Causas Centrais (Hipotalâmicas ou Hipofisárias) ☯ Laboratório: ☞ LH e FSH diminuídos ou normais; ☞ LH diminuído ou FSH diminuído isolados; ☯ Causas + frequentes ↦ podem ser causas adquiridas ou genéticas ☞ Neoplasia; ☞ Inflamatórias; ☞ Infiltrativas; ☞ Infecciosas da região selar; 13 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos ☯ Causas centrais genéticas: ☞ Mutações do gene do receptor GnRH; ☞ Deficiência congênita do GnRH; ✦ Hipogonadismo hipogonadotrófico idiopático; ✦ Síndrome de Kalmann – hipogonadismo hipogonadotrófico + anosmia/hiposmia; ☞ Mutações no gene na subunidade beta do FSH; ☯ Causas centrais adquiridas: geralmente causam amenorreia secundária ☞ Amenorréia funcional hipotalâmica (AFH): ✦ Frequente (15 – 35% dos casos); ✦ Diagnóstico de exclusão; ✦ Causas ↦ baixo peso (abaixo de 10% do peso ideal), < percentual de adiposidade, atividade física excessiva (ginastas, bailarinas, corredoras...), estresse emocional e associado a doenças graves ou crônicas, anorexia nervosa; ✦ Mecanismo ↦ diminuição da leptina? ↦ alteração no padrão de secreção do GnRH ↦ variável ↓pulso gonadotrofinas; ☞ Encefalites; ☞ Doenças Granulomatosas (Tuberculose, Sarcoidose); ☞ Doenças inflamatórias (Hipofisite); ☞ Doenças vaculares (Aneurismas); ☞ RXT/ Cirurgia na região selar; ☞ Hiperprolactinemia (15-30% amenorréia): por medicamentos, TU selares (por inibição da secreção pulsátil do GnRH); Avaliação Diagnóstica da Amenorréia Primária ☾ Anamnese: ☸ Comorbidades; ☸ Tratamentos prévios; ☸ Dor pélvica; ☸ Galactorréia; ☸ Cefaleia ou distúrbio visual; ☸ HF de puberdade tardia; ☸ Ambiente social e familiar; ☾ Exame físico: ☸ Curva de peso e altura; ☸ Desenvolvimento de caracteres sexuais secundários; ☸ Estigmas de Turner; ☸ Hirsutismo e virilização; ☾ Laboratório: ☸ LH/FSH; ☾ Imagem: ☸ USG pélvico, RNM hipófise; Avaliação Diagnóstica da Amenorréia Secundária ❀ Descartar gravidez; ❀ Anamnese e exame físico ↦ sinais de hirsutismo, virilização, galactorréia, massa abdominal palpável; ❀ Idade da menarca; ❀ Regularidade menstrual; ❀ História obstétrica ↦ abortos, curetagens... ❀ Medicamentos em uso; ❀ Doença tireoidiana; 14 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos ❀ Sobrepeso/obesidade + manifestações de hiperandrogenismo: SOP/síndrome de Cushing; ❀ Queixas de hipoestrogenismo ↦ IOP / secundária a uma causa central; ❀ Galactorréia/distúrbio visual/agalactia pós parto; ❀ Estresse emocional, excesso de atividade física.. Investigação Complementar ➡ Laboratório: ✓ Beta HCG; ✓ Prolactina - Inibe GnRH; - Quando > 250 ↦ Patognomônico de prolactinoma; ✓ TSH; ✓ FSH; ➡ Se necessário: ✓ Estrogênio; ✓ Testosterona total + SHBG; ✓ Cortisol na urina 24 horas; ✓ Pesquisa de doenças autoimunes; Teste com Acetato de Medroxiprogesterona (MPA) ✈ Consiste em MPA (medroxiprogesterona) 10 mg/dia por 5 – 10 dias; ✈ Menor custo para verificar grau de estrogenização; ✈ Faço quando eu quero ver se vai sangrar o endométrio; ✈ Resposta positiva ↦ sangramento menstrual significa trato genital íntegro e eixo HHO sem alterações; - Portanto ↦ Anovulação (sem corpo lúteo) – causa = estresse? Emocional? - Tratamento = medroxiprogesterona 10 mg (últimos 10 – 12 dias) ou ACO combinado; ✈ Resposta negativa ↦ ausência de sangramento; - Portanto ↦ déficit no trato genital? Resposta endometrial inadequada? Estrogênio ausente/diminuído? ↦ fazer teste do estrogênio; Teste com Estrogênio Associado a Progestógeno ⤮ Consiste em testar a resposta endometrial e a permeabilidade uterina; ⤮ Esquema: ➡ Estrogênio conjugado 1,25 mg ou estradiol 2 mg por 21 dias e MPA 10 mg/dia nos últimos 10 dias; ⤮ Resposta positiva ↦ sangramento menstrual; ➡ Portanto, exclui causas uterovaginais; ⤮ Resposta negativa ↦ ausência de sangramento; ➡ Portanto, investigar causas de amenorreia primária; Teste com Citrato de Clomifeno ☀ Clomifeno é agonista parcial do receptor de estrogênio no H-H, estimulando a produção de LH/FSH; ☀ Indicação: ☁ Verificar a função hipotalâmica; ☁ Melhor tratamento na investigação da infertilidade; ☀ Esquema: ☁ Clomifeno 100 mg/dia por 5 dias associado a: ☁ Medida da temperatura bucal; ☁ Dosagens de FSH e LH (no 1º e 5º dias) e progesterona (no 7º dia); ☀ Respostas: ☁ 1. Ovulação e sangramento menstrual; 15 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos ☁ 2. Sangramento menstrual sem ovulação; ☁ 3. Ausência de sangramento menstrual; Exames de Imagem ➫ Histeroscopia; ➫ USG pélvica, USG-TV (transvaginal); ➫ TC pélvica/abdominal; ➫ RNM hipófise/hipotálamo; ➫ Campimetria visual; 16 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos Tratamento ↪︎ 1. Alteração do trato reprodutivo ↦ cirurgia; ↪︎ 2. Insuficiência ovariana primária COM retardo puberal ↦ promover desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários e garantir o pico da massa óssea (estrogênio – E2) crescente até sangramento e depois associar progesterona (P) na segunda fase do ciclo; ↪︎ 3. Insuficiência ovariana primária SEM retardo puberal ↦ E2 + P; ↪︎ 4. Se gônadas disgenéticas ↦ retirar gônadas pelo risco de malignização; ↪︎ 5. Hipogonadismo hipogonadotrófico ↦ E2 + P; ↪︎ 6. Hipoestrogenismo por estresse físico/psicológico/distúrbios alimentares ↦ aconselhamento psicológico/ nutricional; ↪︎ 7. Hiperprolactinemia; ↪︎ 8. Hiperandrogenismo ↦ tumor? ↦ cirurgia; ↪︎ 9. SOP ↦ de acordo com o objetivo do paciente; 17 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos Síndrome dos Ovários Policísticos Introdução ๏ É uma das endocrinopatias mais comuns; ๏ Prevalência em ~18% das mulheres (consenso de Rotterdam); Síndrome ✓ Hiperandrogenemia; ✓ Hiperandrogenismo; ✓ Disfunção menstrual; ✓ Ovários policísticos (USG); ✓ Considerada um importante fator de risco cardiovascular (aterosclerose subclínica)!!! Fisiopatologia 18 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos Diagnóstico ☼ É uma síndrome ↦ diagnóstico é de exclusão; ☼ Anamnese; ☼ Exame físico; ☼ Dosagens laboratoriais; ☼ USG pélvica; Características da SOP❀ Disfunção menstrual: ➾ Geralmente na perimenarca, mas também pode ser mais tardiamente; ➾ Caracterizada por oligomenorréia/amenorréia 2ª (até 1ª); ❀ Hiperandrogenismo: ➾ Hirsutismo – escala de Ferriman & Gallwey – ponto de corte ↦ ≥ 8; ➾ Acne; ➾ Alopécia androgênica; ❀ Hiperandrogenemia (laboratório, fazer na fase folicular): ➾ Aumento de 60 – 80% nos andrógenos; ➾ > testosterona livre; ➾ 25% SDHEA; ➾ Androstenediona; ➾ Discreta elevação 17HP ↦ geral < 8ng/ml; ❀ Exame físico: ➾ Obesidade: padrão androide – agrava distúrbio metabólico; ➾ Acantose nigricans; ➾ Galactorréia; ➾ Caracteres sexuais secundários; ➾ Virilização; ❀ Outros lab ↦ LH/FSH e estradiol (para afastar hipogonadismo hipogonadotrófico); ➾ USG (preferência transvaginal): ➾ Fazer na fase folicular precoce, sem ACO por 3 meses; ➾ ≥ 12 folículos medindo entre 2 – 9 mm; ➾ Aumento do volume ovariano (> 10 cm3); Escala de Ferriman & Gallwey 19 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos Diagnóstico Diferencial ➢ Medicamentos que cursam com clínica ~ SOP; ✴ Ácido valproico, glicocorticoidesm anabolizantes; ➢ Síndrome de Cushing/acromegalia/disfunção tireoidiana/hiperprolactinemia; ✴ Interferem na SHBG e na secreção das gonadotrofinas; ➢ Síndromes hiperandrogênicas virilizantes ↦ TU adrenal, ovário, hipertecose ovário; ➢ Síndromes hiperandrogênicas não-virilizantes: ✴ Hirsutismo idiopático ↦ ciclo menstrual regular e ovulatório, USG normal, normoandrogenemia; ✴ Hiperplasia adrenal congênita não-clássica ↦ dosar 17HP basal ou pós-ACTH; Condições e Riscos Associados à SOP ✶ Hiperplasia e carcinoma de endométrio; ✶ Apnéia do sono; ✶ Obesidade (androide); ✶ HAS; ✶ Resistência insulínica; ✶ Distúrbios metabólicos ↦ metabolismo de carboidratos (TTOG), dislipidemia (principalmente diminuição do HDL); 20 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos Situações Especiais ❄ Adolescentes: ⤳ Observar até os 18 anos ou só se tiver as características da SOP muito presentes para considerar SOP; ⤳ Alteração menstrual pode ocorrer até 5 anos após a menarca; ⤳ Acne transitória; ⤳ Hirsutismo apenas se for progressivo; ⤳ Laboratório ↦ ausência de dados normativos e baixa especificidade – de hormônios masculinos na fase da adolescência; ⤳ USG pélvico ↦ considerar apenas volume ovariano; ❄ Menopausa: ⤳ Persistem as anormalidades hormonais, metabólicas e inflamatórias ↦ por isso devem ser acompanhadas Tratamento ☀ Levar em consideração: ☁ Fertilidade? ☁ A princípio mulheres com SOP não são tão férteis (não ovulam); ☁ Características da SOP; ☁ Obesidade e distúrbio metabólico; ☁ Prevenção do câncer de endométrio; ☀ 1. Infertilidade: ☁ Parar tabagismo, álcool, reduzir peso, atividade física; ☁ Acetato de clomifeno; ☁ Metformina (< eficácia) ↦ regulariza ciclo menstrual e ovulação; ☁ Indicada apenas para distúrbios do metabolismo de carboidratos (diabetes/pré-diabetes); ☀ 2. Disfunção menstrual e prevenção do câncer de endométrio: ☁ ACO (anticoncepcional) – E + P: ☁ Contraindicações ↦ tabagismo, HAS, HMP de TVP/AVC/IAM, CA mama, doença hepática em atividade, DM com nefropatia/retinopatia/neuropatia, cefaleia com sintomas neurológicos focais, doença valvular cardíaca, LES, deficiência de proteína C e S; ☀ 3. Manifestações pilossebáceas: ☁ ACO por pelo menos 6 meses; ☁ Tratamento mecânico ↦ eletrodepilação a laser; ☁ Creme de eflortina a 13,9% (Vaniqa) 2x/dia em face; ☁ Antiandrógenos: ☁ Bloqueadores dos receptores androgênicos ↦ ciproterona, espinolactona (tem que dar associado com ACO se não a menina vai sangrar muito), flutamida, inibidores da 5 alfa redutase (finasterida); 21 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos Caso Clínico 22 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos Métodos de Avaliação do Controle Glicêmico e Tratamento Não Farmacológico da Diabetes Métodos de Avaliação do Controle Glicêmico ➡ Saber diferenciar o que usar para diagnosticar e para monitorar; ‣ Glicemia de Jejum ↦ não é indicada para tratamento (por se tratar de uma medida muito pontual); - Coleta com 8h de jejum; ‣ Glicemia pós-prandial ↦ picos glicêmicos após as refeições, insuficiente pra acompanhamento do controle glicêmico (também é uma medida pontual); ‣ Hemoglobina glicada (HbA1c) ↦ glicemia capilares diárias, desvio padrão médio das glicemias, tempo no alvo ↦ período dentro da faixa recomendada; ➡ Métodos de avaliação são usados como meios de alcançar as metas terapêuticas. ➡ Objetivo ↦ diminuir as complicações associadas Níveis de Hemoglobina Glicada e suas complicações ❄ Estimar com as glicemias estiveram nos últimos 3 a 4 meses; ❄ Ligação irreversível ❄ Porcentagem da hemoglobina que sofreu glicação será tanto maior quanto a concentração de glicose sanguínea; ❄ Médias das glicemias diárias: ⤳ 50% no mês que procedeu o exame; ⤳ 25% no mês anterior ⤳ 25% ao terceiro e quarto meses anteriores; ❄ Método de análise ↦ padronização entre os laboratórios para sua monitorização; ❄ Atenção para as causas que alterem os valores de HbA1c ❄ Falsa elevação de HbA: ⤳ Insuficiência renal crônica; ⤳ Hipertrigliceridemia; ⤳ Álcool; ⤳ Esplenectomia; ⤳ Deficiência de ferro; ⤳ Toxicidade por chumbo; ⤳ Toxicidade por opiáceos; 23 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos ❄ Falsa diminuição do HbA: ⤳ Qualquer condição que diminua a meia-vida das hemácias (anemia hemolítica, esferocitose, eliptocitose, lise desencadeada por deficiência de C6PD); ⤳ Perda de sangue (aguda ou crônica); ⤳ Transfusão de sangue recente; ⤳ Gravidez ou parto recente; ⤳ Altas doses de vitamina C ou E (1g/dia); ⤳ Hemoglobinopatias (não com HPLC); ⤳ Hemoglobina F (com imunodetecção); ⤳ Dapsona; ❄ Frequência recomendada de testes de A1C: ✓ Fazer o teste 2x ao ano em paciente com exames de controle dentro da meta e que tenham controle estável; ✓ Fazer o teste de 3 em 3 meses para pacientes com mudança na terapia ou que apresentem exames fora da meta; Metas do Controle Glicêmico 24 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos Metas Terapêuticas/Sociedade Brasileira de Diabetes Automonitorização Diária da Glicemia Capilar ♦ Diminuir o risco de complicações agudas, como cetoacidose e hipoglicemia; ♦ Compreender os determinantes de sua glicemia; ➢ ex.: alimentação e prática de atividades físicas; ♦ Define estratégias para ajustes de insulina; Glicosímetros ๏ Orientações: ❥ Má perfusão tecidual ↘︎ GC menor que a do laboratório; ❥ Padrão de Precisão: ↘︎ GC deve variar até +/- 12% do laboratório quando glicemia < 100 mg/dl; ↘︎ CG deve variar até +/- 12,5% do laboratório quando glicemia > 100 mg/dl ❥ Orientar o rodízio das lancetas; Metas Terapêuticas: Glicemia Capilar ■ Frequência da Monitorização está associada a melhora da HbA1c; ■ Número de testes: ✓ DM1 ↦ antes das principais refeições, ao deitar, 2h após as refeições para ajustes da insulina; ✓ DM2 ↦ conforme prescrição de insulina Frequência dos Testes de Glicemia Capilar 25 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos Sensor de Glicemia ⤿ No centro do sensor sai um filamento que atravessa a pele e entra em contato direto com o líquido do tecido subcutâneo, realizando em tempo real as medidas de glicose desse fluido. Esse filamento que faz parte do sensor é inserido através da pele por meio de um introdutor com agulha e lá permanecerá por 2 semanas realizando medidas de glicose, após esse período deve ser trocado o sensor. ⤿ Para se saber o valor de glicose naquele momento é muito simples: basta passar o glicosímetro próprio em frente ao sensor e o valor aparecerá imediatamente na tela do aparelho. ⤿ Outra grande vantagem do uso do sensor de glicose é que por estar em contínuo contato com o líquido subcutâneo, ele realiza medidas praticamente contínuas de glicose. Metas Terapêuticas - Desvio-padrão da glicemia da média das glicemia (maior o desvio, maior instabilidade da glicemia);- Tempo no alvo (período com glicemia entre 70 e 180 mg/dl). 26 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos Metas Terapêuticas nos Idosos Metas Glicêmicas da Gestação ✦ DM tipo 1 ou 2 pré-gestacional ↦ recomenda-se HbA1c< 6,5% antes da concepção por menor risco de anomalias congênitas; ✦ Após a concepção, metas: Como Alcançar as Metas Terapêuticas? ★ Mudanças de estilo de vida: ⤿ Orientação nutricional; ⤿ Atividade física; ★ Medicamentos. Orientações Nutricional ♕ "A abordagem do manejo nutricional não deve ser somente prescritiva, mas também apresentar caráter mais subjetivo, de olhar comportamental, colocando o indivíduo no centro do cuidado Educação Nutricional em Diabetes ■ Envolvimento da paciente e dos familiares ↦ autoconhecimento e auxílio na tomada de decisões; ■ Equipe multiprofissional ■ Alimentação está diretamente relacionada a questões psicossociais e culturais; ■ Participação efetiva do paciente e familiares; ■ Reavaliação em quatro momentos críticos ↦ diagnóstico, anualmente, no surgimento de complicações ou algum tipo de mudança no tratamento; ■ Objetivos ↦ resultados clínicos, condição geral de saúde e qualidade de vida; ■ Centralização no paciente; ■ Promoção de melhores resultados e redução de custos no tratamento; 27 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos Prevenção do DM2 ✡ Pode ser evitada por meio de mudanças do estilo de vida ✡ Incentivar a perda de peso ↦ plano alimentar, reduzido em calorias associada a pratica de atividade física regular; ✡ Estudo Diabetes Prevention Program (DPP) ↦ manter no mínimo 7% de perda de peso e 150 minutos de atividade física por semana; ❥ Cada Kg perdido esteve associado a uma redução de 16% do risco de DM2 Orientação Nutricional ⚑ Equipe Multiprofissional: ☞ Acompanhamento com nutricionista é fundamental; ⚑ Ingestão dietética em pacientes DM segue as recomendações semelhantes àquelas definidas para a população geral, considerando-se todas as faixas etárias. Atentar para deficiência de vitamina B12. ⚑ Carboidratos: ☞ Nutriente que exerce maior influência na variabilidade pós-prandial (processo de digestão); ☞ Tipo de carboidrato tem grande relevância (estimular seu consumo com fibras); ☞ Índice glicêmico: quanto o alimento contribui para a glicemia pós-prandial (preferir alimentos com baixo índice glicêmico); ⚑ Açúcares: redução consumo dentro de uma dieta saudável, especialmente dos produtos industrializados; ⚑ Edulcorantes: ☞ Podem favorecer o convívio social e a flexibilidade do plano alimentar; ☞ Adoçantes não nutritivos ou não calóricos tem o potencial de reduzir o consumo de carboidratos e calorias; ☞ Sugere-se rodízio nos tipos de edulcorantes: sucralose, stevia... Padrões de Dieta ✿ Dieta Mediterrânea: ❀ Incluem na alimentação: vegetais, frutas, nozes, sementes, legumes, grãos integrais, pães, ervas, temperos, peixes, frutos do mar e azeite de oliva extra virgem; ❀ Muitos estudos demonstram que a dieta mediterrânea desempenha um papel importante na prevenção da DM2; ↪︎ Diminuição da obesidade abdominal e redução da resistência a insulina; ❀ Evidências sugerem que a qualidade dos alimentos consumidos é mais importante do que a restrição de algum grupo de nutrientes. ✿ Dieta Low Carb: ❀ Sugere-se como uma abordagem dentro do gerenciamento da diabetes, entretanto sua definição é inconsistente; ❀ Controvérsias: ↪︎ Alguns estudos indicam melhora do controle glicêmico e da sensibilidade à insulina ↪︎ Outros não verificaram diferenças significativa no controle glicêmico; ❀ Consenso: ↪︎ Monitorar quantidade de carboidratos das refeições é uma estratégia para melhorar a glicemia pós- prandial; ❀ Adesão a longo prazo é baixo pelos dados das diretrizes britânicas de diabetes; ↪︎ Controle adequado entre 3 e 6 meses e perda de adesão após 12 a 24 meses. 28 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos ❀ Não foram encontrados estudos que reportam a segurança de dietas muito baixas em carboidratos em diabéticos ↪︎ Cuidado com dietas extremamente restritivas por seus efeitos cetogênicos, especialmente em pacientes com risco de cetoacidose ou em uso de inibidores de SGLT2 ou insulina. ↪︎ Recomendação (Sociedade Americana de Diabetes): adoção ou não de dietas restritas em carboidratos deve ser acompanhada por um profissional, reforçando que a dieta low carb não é a retirada total de carboidratos da dieta Mitos e Verdades ☯ Mitos: ☑ Frutas são "comida saudável", então posso comer o quanto quiser? ↦ não, podem conter altos valores de glicose; ☑ Pessoas com diabetes devem comer alimentos especiais para diabéticos? ↦ não, apenas seguir uma dieta controlada. Contagem de Carboidratos ‣ Ferramenta no tratamento do diabetes permite maior flexibilidade nas escolhas alimentares. ‣ Considera o total de carboidratos consumidos em uma refeição. ※ Quantidade de carboidratos é o maior determinante da resposta glicêmica pós-prandial; ※ Carboidratos são convertidos em glicose em um período que varia de 15 minutos a 2 horas. ‣ Há um app que indica a quantidade de insulina rápida a ser aplicada para determinada quantidade de carboidratos ingerida; Recomendações Gerais ⧗ Preferir ↦ grande variedade dos principais grupos alimentares; ⧖ Hortaliças (de diferentes tipos e cores), leguminosas, frutas, cereais (principalmente integrais), carnes magras, aves, peixes, ovos, leite e derivados (principalmente os desnatados); ⧗ Limitar ↦ Alimentos risco em gorduras saturadas, álcool, sal, açúcar, bebidas com adição de açúcar. Gorduras e Saúde Cardiovascular ☀ São fatores de risco para doença cardiovascular o alto consumo de ácido graxo saturado, gordura trans e carboidrato simples; ☀ O consumo elevado desses macronutrientes: ☁ Aumenta lipoproteína de baixa densidade (LDL-c), resistência a insulina, pressão arterial, estresse oxidativo, inflamação e reduz níveis de lipoproteína de alta densidade (HDL-c); ☀ Trabalhos demonstram que redução do consumo de ácido graxo saturado e gordura trans ou a substituição dessas por ácido graxo monoinsaturado e ácido graxo poli-insaturado, exercem efeitos protetores contra progressão de aterosclerose, atenuando o risco de mortalidade por doença cardiovascular (DCV); ☀ A quantidade ideal de gordura total para pacientes com diabetes ainda é controversa, portanto um plano alimentar que realce alimentos de uma dieta estilo mediterrâneo, rica em ácido graxo monoinsaturado e ácido graxo poli-insaturado, pode ser considerada para melhorar o metabolismo da glicose e reduzir o risco de DCV. 29 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos Exercício Físico e Diabetes ➤ A estratégia ideal para a prática de exercícios físicos por pessoas com diabetes deve envolver a combinação: ⤳ Exercício aeróbico (ex. caminhada rápida, corrida, bicicleta, natação); ⤳ Exercício resistido (ex.: pesos, livres, aparelhos de musculação, bandas elásticas ou usos do próprio peso corporal); ➤ Aumento progressivo de tempo, frequência, carga e intensidade. 30 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos Rastreio de Doenças Cardiovasculares Como prescrever exercício físico? ๏ Entrevista e anamnese clínica; ๏ Presença de comorbidades, estabelecer metas a curto e longo prazo; ๏ Exames clínicos; ๏ ECG de repouso, teste ergométrico, ecocardiograma; ๏ Precauções conforme as comorbidades; Recomendações de Exercício ✴ No mínimo 150 minutos semanais de exercício aeróbico de moderada ou vigorosa intensidade, sem permanecer mais do que dois dias consecutivos sem atividade; Intensidade do Exercício Físico ❖ Avaliação da intensidade do exercício aeróbico pode ser determinada de diferentes maneiras: ❖ Parâmetros objetivos como a frequência cardíaca máxima e a capacidade máxima de transporte e metabolização de oxigênio durante um exercício fisico (VO2 máx, determinada através de um teste de esforço comum ou idealmente, da ergoespirometria); ❖ Parâmetros mais subjetivos,como a escala de percepção subjetiva de esforço de Borg e o teste da fala (mensura o esforço avaliando se a pessoa consegue falar ou cantar durante o exercício); 31 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos Recomendações Diabetes com Complicações Microvasculares Cuidados no Paciente Diabético em uso de Insulina e Atividade Física ♦ Risco de hipoglicemia durante a após o exercício; ♦ A resposta glicêmica ao exercício é variável; ♦ Considerar: tipo, intensidade e duração do exercício, dose de insulina e/ou o consumo de carboidratos. Exercício Físico e o Diabetes ➫ Pacientes em uso de Insulina: ✶ O exercício resistido pode aumentar a glicemia durante a sua execução, tanto agudamente quanto pós- exercício em comparação ao exercício aeróbio; ✶ Antecipar o exercício resistido em relação ao treino aeróbio pode ser uma estratégico para minimizar o risco de hipoglicemia em pacientes insulinizados. 32 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos Orientações de Estilo de Vida ♥ Cessação de tabagismo: ♡ Existem receptores nicotínicos ao nível pancreático, pelos quais a nicotina pode reduzir a liberação de insulina; ♡ Estudos em animais indicam que a nicotina pode induzir disfunção e apoptose das células beta; ♡ O tabagismo é um fator de risco modificável para o desenvolvimento da DM2; ♡ Segundo estimativa, em âmbito mundial, 10% de todos os casos de DM2 podem ser diretamente atribuídos ao tabagismo; ♡ De acordo com alguns autores, o abandono do tabagismo reduz o risco para desenvolvimento de diabetes a níveis semelhantes aos de uma pessoa que nunca fumou, uma vez passados 10 anos de abstinência; ♡ Desse modo, apesar de diabetes ser uma doença de etiologia multifatorial, o controle do tabagismo também pode contribuir substancialmente para a redução do número de casos da doença. ♥ Vacinação: ♡ Pacientes com DM apresentam maior risco presumido de infecção pneumocócica grave e complicações decorrentes de influenza. ♡ Indicações de vacina pneumocócica (fazem parte do grupo de risco) ♡ Vacina conjugada pneumocócica 13-valente e polissacarídica 23-valente Educação em Diabetes ◘ De que modo o diabetes afeta a sua rotina diária e a de sua família? ◘ Quais dúvidas você tem sobre o diabetes? ◘ Qual a parte mais difícil em lidar com o diabetes? ◘ O que lhe causa mais preocupação ou mais dificuldade? Considerações Finais ➾ Modificar hábitos de vida envolve orientação; ➾ Reforçar importância de praticar atividade física regularmente; ➾ Orientar padrão de dieta com redução de produtos industrializados e ultra processados. Buscar alimentos com menor índice glicêmico; ➾ Metas de tratamento precisam ser individualizadas. Em paciente jovem, sem outras comorbidades, metas são mais rígidas. 33 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos Tratamento Medicamentoso do Diabetes Tipo 2 Classes de Medicamentos 1. Aumentam a secreção de insulina ✓ Sulfoniureias; ✓ Glinidas 2. Não aumentam a secreção de insulina - Reduzem gliconeogênese hepática ✓ Biguanidas - Aumentam utilização periférica de glicose ✓ Glitazonas - Reduzem absorção de glicídios ✓ Inibidores da Alfa-glicosidase 3. Aumentam a secreção de insulina glicose-dependente e suprimem glucagon - Efeito incretínico ✓ Gliptinas (iDPP4) ✓ Agonistas/Análogos do GLP1 4. Promotores de Glicosúria ✓ Gliflozinas (iSGLT2) Sulfoniureias ✿ Mecanismo de ação ↦ estímulo à secreção basal de insulina pela célula beta ↦ agem diretamente nas células beta; * não estimulam a síntese de insulina ✿ Potencial: ‣ Redução glicemia de jejum ↦ 60-70 mg/dl ‣ Redução HbA1c ↦ 1,5-2,0% * bastante usadas por conta da grande potência; * todas de primeira geração, menos a clorpropamida (alto índice de hipoglicemia); ✿ Efeitos colaterais: ‣ Hipoglicemia; ‣ Fatores associados a hipoglicemias: • Doses excessivas; • Idosos; • Omissão de Refeições; • Exercício extenuante; • Abuso de álcool; • Diarreia • Síndromes disabsortivas; • Insuficiência renal; • Insulina ↦ evitar com sulfoniureia (piora) ‣ Ganho de peso ↦ grande problema pois corre o risco de piorar as outras comorbidades (e muitos pacientes já são obesos); ✿ Contraindicações: ‣ Insuficiência renal ou hepática; ‣ Gestação * ↦ primeira escolha vai ser sempre a insulina, depois a sulfoniureia; ‣ DM1 ↦ não tem síntese de insulina, então nao adianta; ‣ Complicações hiperglicêmicas agudas ↦ tratamento é com insulina; 34 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos Glinidas ⧗ Mecanismo de ação ↦ estímulo à secreção de insulina pelas células beta; ⧖ Estímulo às células beta por mecanismo diferente e por menor período de tempo ⧗ Potencial: ⧖ Redução glicemia de jejum ↦ 20-30 mg/dl ⧖ Redução HbA1c ↦ 1,0-1,5% ⧗ Representantes: ⧗ Modo de uso ↦ logo antes das refeições ⧖ se omitir refeição ↦ omitir dose ⧖ Maior efeito na glicemia pós prandial ⧗ Pouco prescritas ⧗ Usadas geralmente em associação a outras drogas orais ↦ pelo baixo potencial redutor ⧗ Efeitos colaterais: ⧖ Hipoglicemias; ⧖ Ganho de peso; ⧗ Contraindicações: ⧖ Insuficiência renal ou hepática; ⧖ Gestação; Biguanidas ♏ Metformina ↦ principal e único representante; ♏ Mecanismos de ação: - efeito predominante no fígado ✶ Redução da Gliconeogênese hepática; ✶ Aumento da sensibilidade dos tecidos periféricos à insulina; ✶ Reduz insulinemia; ✶ Inibição das vias de sinalização hepática do Glucagon; ✶ SEM ação direta na célula beta; ♏ Potencial: ✶ Redução GJ ↦ 60-70 mg/dl; ✶ Redução HbA1c ↦ 1,5-2,0%; * Sempre após refeições; * Se necessário ↦ iniciar dose baixa e escalonar até dose desejada (já sai orientado pra isso); * Sem evidência de superioridade com doses > 2 g/dia (não vai ter nenhum incremento, apenas aumento dos efeitos colaterais); 35 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos ♏ Vantagens: ✶ Potencial de redução glicêmica; ✶ Experiência extensa; ✶ Redução de eventos cardiovasculares; ✶ Redução da progressão pré DM ↦ DM; ✶ Redução de peso (não ocorre em todos os pacientes) ✶ Melhora do perfil lipídico ✶ Baixíssimo risco de hipoglicemia; ✶ Custo. ♏ Efeitos colaterais: ✶ Desconforto abdominal, diarreia e náuseas (20%) ↦ menos comum ainda em doses escalonadas e na metformina XR; ✶ Deficiência de vitamina B12 ↦ ao longo dos anos; ✶ Risco de acidose lática ↦ super raro. ♏ Contraindicações: ✶ Insuficiência renal; ✶ Insuficiência hepática, cardíaca, pulmonar (com hipoxemia); ✶ Sepse; ✶ Complicações hiperglicêmicas agudas DM. ♏ Atenção: ✶ Gestação * ↦ em alguns casos, pode ser usada durante a gestação; ✶ Segura na lactação; ✶ Suspender 24-48h antes de exames contrastados. ♏ Uso no pré-DM: ✶ Superior ao placebo, mas inferior a MEV isoladamente ✶ Critérios para tratar pré-diabéticos: - Idade < 60 anos; - História de Diabetes gestacional; - Hipertrigliceridemia e HDL baixo; - Obesidade IMC > 35; - Hb Glicada > 6%; - HAS; - Histórico familiar de DM2 em parentes de 1o grau. Glitazonas ☀ Representante ↦ Pioglitazona; ☀ Mecanismo de ação: ☁ Sensibilizador de insulina nos adipócitos, miócitos e hepatócitos; ☁ Redução da lipólise e da liberação de ácidos graxos livres; 36 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos ☀ Potencial: ☁ Redução glicemia de jejum ↦ 35-65 mg/dl; ☁ Redução Hb glicada ↦ 0,5-1,4%; ☀ Vantagens: ☁ Melhora Lipidograma (triglicerídeos e HDL); ☁ Redução da esteatose hepática; ☁ Redução espessamento médio intimal carotídeo; ☁ Reduz pré-DM ↦ DM; ☁ Baixo risco de hipoglicemia; ☀ Desvantagens: ☁ Ganho de peso; ☁ Retenção hídrica e edema; ☁ Hepatotoxicidade ‣ monitorar AST/ALT prévios, 2/2 meses; periodicamente; ‣ suspender se > 3x LSN; ☁ Anemia dilucional; ☁ Fraturas (mulheres); ☁ Edema de Mácula; ☁ Câncer de bexiga ☀ Contraindicações: ☁ IC classes II e IV* ☁ Insuficiência hepática; ☁ Alcoolistas; ☁ Gestação; ☀ Atenção: ☁ Reduz em 30% os níveis séricos de anticoncepcionais orais Inibidores da Alfa Glicosidase➡ Representante ↦ Acarbose; ➡ Mecanismo de ação: ☞ No lúmen intestinal ➡ Potencial: ☞ Redução GJ ↦ 20-30 mg/dl; ☞ Redução Hb glicada ↦ 0,5-0,8%; 37 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos ➡ Vantagens: ☞ Reduz variabilidade pós-prandial; ☞ Reduz progressão Pré-DM ↦ DM; ☞ Hipoglicemia raramente - preferível tratar com glicose; ➡ Desvantagens: ☞ Efeitos Colaterais: - Meteorismo; - Flatulência; - Diarreia * devido aos oligo, dissacarídeos que não foram digeridos ☞ Redução Discreta HbA1c ☞ Uso 3x ao dia (pq são pacientes que usam outras medicações - pressão, etc...) Gliptinas - Inibidores do DPP4 ✦ Representantes ↦ Vildagliptina, Sitagliptina Linagliptina, Saxagliptina, Alogliptina; ✦ Mecanismo de ação ↦ estímulo incretínico, mediado pelo GLP1 e GIP; ✦ Aumento GLP1 e GIP ciruculantes (agem a nível pancreático): ✧ Estímulo a células beta ↦ insulina ↑ ✧ Inibição da célula alfa ↦ glucagon ↓ ✧ glicose-dependente; ✦ Potencial: ✧ Redução de GJ ↦ 20 mg/dl; ✧ Redução de Hb glicada ↦ 0,6-0,8%; ✦ Vantagens: ✧ Boa tolerabilidade e Segurança (cardiovascular); ✧ Efeito neutro no peso (glicose-dependente); ✧ Rara hipoglicemia; ✧ Associação com MTF melhora a tolerabilidade; ✦ Desvantagens: ✧ Evitar na IC classes III e IV - CF III Saxagliptina e Alogliptina; - CF IV: todas; ✧ Evitar se histórico de Pancreatite*; ✧ Dor Articular; ✧ Contraindicados: DM1 e gestante Análogos do GLP-1 ■ Células L enteroendócrinas; ■ Íleo e Cólon; 38 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos ■ Modificações na molécula do GLP-1 para torná-la resistente à degradação pelo DPP4; ■ Potencial: ➾ Redução de Glicemia de Jejum ↦ 30mg/dl ➾ Redução de HbA1c ↦ 0,8-1,2% (1,8*) ■ Vantagens: ➾ Perda de peso ➾ Redução de PAS ➾ Redução de eventos e mortalidade cardiovasculares ➾ Redução progressão de doença renal e albuminúria ➾ Hipoglicemias ↦ raro ➾ Melhoraria massa de células beta ■ Desvantagens: ➾ Efeitos Gastrintestinais (náuseas*, vômitos, dor abdominal, diarreia) ➾ Custo ➾ Injetável ↦ Subcutânea ➾ Reações nos sítios de aplicação ➾ Relatos de Pancreatite Aguda ➾ Carcinoma Medular de Tireoide Gliflozinas - Inibidores SGLT2 ♥ Representantes ↦ Dapagliflozina, Empagliflozina, Canagliflozina ♥ Mecanismo de ação ↦ inibidores do SGLT2 (co-transportador de sódio/glicose 39 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos ♥ Reabsorção: ♡ Normal ↦ 180g ♡ DM ↦ 250g ♥ Potencial: ♡ Glicemia de jejum ↦ 30mg/dl ♡ Hb Glicada ↦ 0,5-1% ♥ Vantagens: ♡ Redução do peso ↦ 2 a 4kg ♡ Redução de PA ↦ 4 a 6mmHg ♡ Redução de eventos cardiovasculares e mortalidade cardiovascular ♡ Redução do risco de internação por Insuficiência Cardíaca ♡ Redução da progressão da insuficiência renal e da proteinúria ♥ Desvantagens: ♡ Infecção Genital ♡ Infecção Urinária ♡ ‘Poliúria’, depleção de volume e hipotensão – PAS ♡ Aumento transitório da Creatinina ♡ Cetoacidose Euglicêmica ♡ Não usar em paciente com Disfunção Renal Grave ♡ Aumento risco de Fraturas – Canagliflozina (?) ♡ Aumento risco Ca Mama e Bexiga – Dapagliflozina (?) Escolha da Medicação ⤳ Estado Geral e Idade; ⤳ Grau de descompensação glicêmico; ⤳ ‘Estágio da Doença’; ⤳ Potência das drogas; ⤳ Peso; ⤳ Comorbidades; ⤳ Complicações; ⤳ Interações Medicamentosas; ⤳ Custo; ⤳ Preferência do paciente; Como Começar?? ♠ "Todos" ↦ Modificações de Estilo de Vida + METFORMINA ♠ Combinação de drogas pode ser considerada já desde o início do tratamento ⤿ Segunda droga oral ⤿ Insulina ♠ Intensificação do tratamento não deve ser postergada ♠ A cada 3-6 meses revisar esquema de tratamento e adesão e fazer os ajustes necessários; ♠ Manifestações Leves: ⤿ Pode iniciar com Monoterapia; ♠ Manifestações Moderadas: ⤿ Glicemia 200-300, sem critérios de gravidade; ⤿ Já iniciar com 2 drogas orais; 40 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos ♠ Manifestações graves: ⤿ Glicemia > 300, HbA1c > 10%, perda de peso, sintomas graves ⤿ Incluir insulina no tratamento inicial Escolha da Segunda Droga ❋ Alto risco Cardiovascular, Doença Aterosclerótica estabelecida, DRC ClCr >45, Insuficiência Cardíaca: ↪︎ aGLP1; ↪︎ iSGLT2; ❋ Preocupação com Hipoglicemias: ↪︎ IDPP4; ↪︎ aGLP1; ↪︎ iSGLT2; ↪︎ Pioglitazona; ❋ Preocupação com o peso: ↪︎ aGLP1; ↪︎ iSGLT2; ❋ Custo como fator limitante: ↪︎ Pioglitazona; ↪︎ Sulfoniureia Atenção 1o - os dois agem da mesma forma 2o - aumentam risco de hipoglicemia 41 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos Medicamentos Associados - Favorecem maior adesão; Populações Especiais - Disfunção Renal ☯ Metformina: ☾ Metade da dose se ClCr <45 ☾ Suspender se ClCr < 30 ☯ Sulfoniureias: ☾ Evitar por maior potencial de Hipoglicemia (Gliclazida MR) ☯ Pioglitazona: ☾ Não necessita ajuste de dose ☾ Atenção risco retenção líquido e descompensação cardíaca Populações Especiais - Disfunção Hepática ★ ISGLT2: ⤑ Evitar com ClCr<45 ↦ menor eficácia ★ IDPP4: ⤑ Linagliptina ↦ não necessita ajustar dose ⤑ Vildagliptina, Sitagliptina, Saxagliptina ↦ metade da dose se ClCr <50 ⤑ Alogliptina ↦ metade da dose se ClCr 30-50 E 1⁄4 da dose se ClCr<30 42 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos ★ aGLP1: ⤑ Evitar se ClCr<45 ⤑ Quando ClCr<30 ↦ Insulina ★ AST e ALT elevadas acima de 3x: ⤑ Evitar Pioglitazona, Vildagliptina, Sitagliptina ou Acarbose ⤑ Considerar Gliclazida ou Glimepirida em doses baixas, ou Linagliptina doses habituais ★ Metformina: ⤑ Insuficiência hepática poderia aumentar o risco de acidose lática ↦ evitar na cirrose hepática Populações Especiais ✓ Glicemia de Jejum normal, com Hb Glicada acima da meta ‣ Predomínio de hiperglicemia pós prandial ⤮ Inibidores do DPP4 ⤮ Acarbose ⤮ Glinidas Caso Clínico - João, 65 anos , sem queixas, procura atendimento por diagnóstico recente de diabetes durante exames de rotina. Nega doenças prévias ou uso de medicação contínua. - Ao Exame: Peso: 90kg A: 1,70cm IMC: 31,1 PA: 150/90 Ausculta pulmonar e Cardíaca sem alterações. - Lab: Gli: 156; HbA1c: 7,9%; Col Total: 220; HDL: 37; TGL: 169; Cr: 0,89; ✤ Como iniciar o tratamento? - Maria, 77 anos, sem queixas, sem avaliação médica há 1 ano, vem reiniciar acompanhamento. Tem diagnóstico de DM2 há 3 anos, Dislipidemia e Hipertensão Arterial. Antecedente de IAM e Angioplastia há 5 anos. - Em uso: Metformina 2g/dia; Losartana 50mg/dia; Atenolol 25mg/dia; AAS 100mg/dia; Sinvastatina 40mg/dia - Ao Exame: Peso: 97kg A: 1,63; IMC: 36,5; PA: 150/90; CA: 102cm; Ausculta pulmonar e cardíca sp; palpação abdominal sem alterações; MMII: sem edema, sem lesões. - Exames: Gli: 198; HbA1c: 8,9%; Cr: 1,23; TFG: 49; CT: 210; HDL: 33; TGL: 176 ✤ Quais as opções medicamentosas? ✤ Quais cuidados devemos ter ao escolher a medicação? 43 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos Insulinoterapia Introdução ↘︎ A insulina é a mais efetiva medicação hipoglicemiante conhecida e pode reduzir a HbA1c aos níveis de controle desejáveis a partir de quaisquer níveis de HbA1c iniciais; ↘︎ Não existem doses máximas acima das quais seu efeito terapêutico não ocorra, nem contraindicações a seu uso; ↘︎ A utilização da insulina é menos frequente do que deveria e seu início tende a ser tardio. Preparações de Insulina ⚑ Insulina de ação intermediária/prolongada: ✴ Suprime a produção hepática de glicose durante a noite e entre as refeições ↦ Basal; ⚑ Insulina de ação rápida/ultra-rápida: ✴ Prevenir hiperglicemias pós-prandiais ↦ Pré-prandial. Tipos de Insulina Disponíveis ➡ Insulina de ação intermediária/prolongada: 1. Intermediária ↦ NPH; 2. Prolongada ↦ degludeca (Tresiba®) glargina 100U/ml (Lantus®) e glargina 300U/ml (Toujeo®). ➡ Insulina de ação rápida/ultra-rápida: 1. Rápida ↦ regular; 2. Ultra-rápida ↦ lispro (Humalog®), aspart (Novorapid®), glulisina(Aprida®); 3. Insulina Inalável ↦ Afrezza. Propriedades Farmacocinéticasdas Insulinas e Análogos Insulina Afrezza ↦ inicio de ação em 10 minutos, pico em 15 min e duração de 2 a 3 horas. 44 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos Insulinoterapia no Diabético Tipo 2 Dificuldades na Utilização da Insulina ♦ Por parte dos médicos: ⤑ Dificuldade na logística de treinar o paciente para o uso; ⤑ Desconhecimento quanto a dose incial e como ajustar; ⤑ Medo da hipoglicemia; ⤑ Preocupação com o ganho de peso. 45 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos ♦ Por parte dos pacientes: ⤑ Medos da injeção e da ︎dependência︎; ⤑ Sensação de que o diabetes está grave; ⤑ Medo de hipoglicemias; ⤑ Dificuldade nos horários de aplicação. Insulina Basal + Outros Antidiabéticos ☼ Manter os antidiabéticos orais/injetável (2 ou 3); ☼ A dose inicial é de 10U ou 0,2 U/kg/dia; ☼ Fazer ajustes até atingir a meta da glicemia de jejum, sem hipoglicemia noturna; ☼ Este esquema terapêutico é capaz de normalizar a HbA1c em mais de 70% dos pacientes. Como iniciar a Insulinoterapia? ✓ Mantendo os antidiabéticos orais e adicionando insulina: ☞ N noturna ou análogo de longa duração (glargina ou detemir ou degludeca); ☞ Aumentar 2 a 4U a cada 3 dias até chegar na meta da glicemia de jejum; ☞ Quando glicemia de jejum na meta, verificar outras glicemias pré e pós prandiais. Importância da Titulação da Insulina Basal ⤑ 2 UI/kg/dia! Precauções com a Insulinoterapia ♕ Hipoglicemia; ♕ Ganho de peso ↦ 2/3 em gordura e 1/3 em massa magra (UKPS ︎ 4kg); ♕ Retenção hídrica nos primeiros dias; ♕ Técnica correta de aplicação; ♕ Educação do paciente e familiares é fundamental. Insulinização Basal-bolus no DM2 ■ Significa adicionar insulina de ação rápida antes das refeições; ■ Quando houver normalização na glicemia de jejum sem atingir a meta da Hemoglobina glicada; ■ Quando a insulina basal atingir a dose de 0,5U/kg/dia, sem atingir a meta da glicemia de jejum; ■ Os secretagogos devem ser descontinuados (sulfonilureias e glinidas); ■ Os sensibilizadores podem ser mantidos sempre que possível (metformina); assim como outros antidiabéticos ↦ se não houver contra-indicação; ■ Podemos iniciar introduzindo uma dose de insulina rápida antes da principal refeição. Esta dose pode ser de 4 U ou 0,1U/kg; ■ Podemos acrescentar em outras refeições dentro da necessidade. ■ Insulina basal com glargina/detemir/degludeca dose única ou NPH 2 - 3 X ao dia; ↪︎ O controle da dose da insulina basal é feito pela glicemia de jejum; + ■ Insulina pré-prandial com R ou aspart/lispro/glulisina; ↪︎ O ajuste da dose da insulina pré-prandial é feito com a glicemia pós-prandial (<160mg/dL). 46 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos Insulinoterapia em Idosos ◘ Requer boa acuidade visual, motora e cognitiva, ou que haja disponibilidade de familiares ou cuidadores bem treinados; ◘ O risco de hipoglicemia também é um ponto a ser considerado nesses pacientes, devendo-se evitar esquemas complexos como múltiplas injeções diárias; ◘ Em pacientes com complicações crônicas, comorbidades, estado funcional mais comprometido ou menor expectativa de vida estamos orientados a tolerar níveis glicêmicos maiores para evitar as danosas hipoglicemias. Esquemas de Insulinoterapia Fatores que Interferem na Absorção da Insulina ☑ Exercício ou massagem no local da aplicação; ☑ Temperatura; ☑ Dose (U/kg/dia) ↦ doses maiores atrasam a absorção e aumentam tempo de ação; ☑ Local de aplicação ↦ mais rápido no abdômen (menos relevante com R e glargina); ☑ não aplicar sempre no mesmo lugar ↦ ocorre um acúmulo de gordura na região! ☑ Lipohipertrofia ↦ atrasa absorção Locais da Aplicação 47 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos Monitorização Domiciliar da Glicemia ☸ É indispensável para ajustes da insulinoterapia; ☸ Existe uma relação direta entre o número de glicemias/dia e os níveis de hemoglobina glicada; ☸ Pode ser feito com glicemia capilar em ponta de dedo ou monitorização continua; ☸ Importante ferramenta para verificar a variabilidade glicêmica. Cuidados com a Insulina ♏ Deve ser armazenada na geladeira em temperatura de 2-8o︎C. Não pode ser congelada ou ficar em temperatura superior a 30o ︎C; ♏ A insulina em uso pode ficar em temperatura ambiente por até 28 dias; ♏ A insulina glargina e detemir não podem ser misturadas na mesma seringa com outras insulinas. Variabilidade da NPH * A protamina se deposita no frasco e se isso não for bem homogenizado não funciona como insulina mais lenta ↦ tem que ficar bem misturada só pra NPH. Caso Clínico ✦ Identificação: 55 anos, masculino, empresário; ✧ Consulta de rotina, referindo ter diabetes diagnosticado há 10 anos, por ocasião de exames de rotina, quando pesava 90 kg e era assintomático. Foi tratado inicialmente com dieta, atividade física e metformina. Há três anos faz uso de metformina (1000mg 2x) e gliclazida (120mg/d), sitagliptina 100mg/dia acompanhado de dieta e caminhadas regulares de 30minutos/dia. Refere perda de 3 kg no último ano. Sem outras queixas; ✦ HMF: Pai e 2 irmãos diabéticos; ✦ HMP: HAS em tratamento com hidroclorotiazida 25 mg/dia e losartan 100mg/dia. Dislipidemia em tratamento com atorvastatina 20 mg/dia. Nega doença coronariana. ✦ Exame Físico: ✧ Altura: 1,78 m Peso: 83 kg IMC: 26,26 kg/m2; ✧ Cintura: 98 cm. PA: 130 / 80 mmHg (deitado). 120/80 mmHg (em pé); ✧ Ausculta cardiopulmonar sem particularidades; ✧ Abdomen sem particularidades; ✧ Pulsos periféricos presentes e reflexo aquileu negativo, monofilamento positivo; ✧ Glicemia capilar: 199mg/dl. 48 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos ✦ Exames complementares: ✧ Glicemia de jejum 207mg/dl; ✧ Colesterol total 180mg/dl, HDL-colesterol 46 mg/dl, Triglicerídeos 145mg/dl, TGO e TGP normais. Creatinina 1,1 mg/dl; ✧ HbA1c 10,8% (VN 4-6). ✦ Como seria a prescrição deste paciente? 16UI de insulina glargina ✦ Qual deve ser o esquema de controle glicêmico inicial? Ao deitar (mas pode ser em outro momento do dia), com agulha de 5mm. Fazer a glicemia ao acordar (de jejum) * Sempre perguntar se o paciente não acordou com dor de cabeça, com o pijama molhado... (sintomas de hipoglicemia); ✦ Quais as metas que deve atingir? <100 mg/dL ✦ Manteria os medicamentos em uso? Sim ✦ Quando repetirias a hemoglobina glicada? Se eu acertei o valor da insulina e a glicemia ficou boa, espero 30 dias e peço a hemoglobina glicada (a metade do valor representa os últimos 30 dias) ↦ se eu ver que o valor está caindo, é porque estou no caminho certo! Se mesmo com NPH não chegar a meta, acrescento pré-prandial. Insulinoterapia no DM Tipo 1 Diabetes Mellitus Tipo 1 ↘︎ O tratamento com insulina é imprescindível no DM1 e deve ser iniciado no momento do diagnóstico; ↘︎ Estudos recentes demonstraram que o bom controle glicêmico no primeiro ano de doença é um bom preditor de controle em longo prazo; ↘︎ O DCCT (Diabetes Control and Complications Trial) demonstrou que o tratamento intensivo, com três ou mais doses diárias de insulina, é eficaz em reduzir a frequência de complicações crônicas; ↘︎ O Uso de análogos de insulina em substituição as insulinas tradicionais (N e R) mimetiza melhor o funcionamento do pâncreas e reduz as hipoglicemias. Insulinoterapia ✶ Múltiplas doses de uma associação de insulina basal e insulina rápida/ ultra-rápida; ✶ Não se associa aos antidiabéticos orais; ✶ Fase inicial ao diagnóstico ↦ de 0,5 a 1,0 U/kg/dia; ✶ A dose diária depende da idade, do peso corporal, do estágio puberal, do tempo de diagnóstico, da dieta, da prática de atividade física, etc... Esquema Basal-bolus ♠ A dose de insulina basal correspondea 40-60% da dose total de insulina calculada. (NPH 2 - 4x/d, Glargina U100/U300 e Degludeca 1x/dia); ♠ Bolus para correção e para refeição. Aplicada antes das refeições ou aleatoriamente se correção for necessária. (Regular, Lispro, aspart e glulisina); ♠ Calcular o Fator de sensibilidade ou Fator de correção; ♠Fator de sensibilidade (FS) representa o quanto uma unidade de insulina reduz a glicemia (FS = 1.500/dose total de insulina ao dia); ♠ No caso do paciente utilizar a contagem de carboidratos e análogos de insulina ultra-rápida deve-se calcular a razão insulina/carboidrato. 500 a 400/pela dose total de insulina; ♠ O FS e a razão insulina/carboidrato devem ser sempre individualizados e podem variar ao longo do dia e nas diferentes faixas etárias. 49 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos Caso Clínico ➫ Jovem de 14 anos chega à emergência referindo fadiga intensa, poliúria, polidipsia e perda de 8 kg nos últimos 10 dias. Glicemia de chegada 380mg/dl, cetonemia negativa; ✴ Hidratado, eupneico, peso 60kg, PA 110/70mmHg deitado e sentado; ✴ Sem outras doenças conhecidas. ➫ Qual o diagnóstico mais provável deste paciente? DM1 ➫ Necessita algum outro exame para confirmar? Clínica + Laboratório ➫ Necessita ficar hospitalizado? Não ➫ Qual seria a prescrição sugerida? ✴ Insulina (dose total: 60 x 0,5 = 30U) ✴ Degludeca ↦ 15 U uma vez ao dia (a dose será corrigida com a glicemia de jejum). ✴ Insulina Aspart (ultra-rápida) ↦ aplicar 10–15 minutos antes das refeições ↦ 1U para cada 15g de carboidrato (500:30) e 1U para corrigir 60mg de glicemia (1800:30). Insulinoterapia no Paciente Hospitalizado Fisiopatologia da Hiperglicemia ❄ Aumento dos hormônios contra-reguladores ↦ catecolaminas, cortisol, glucagon, HGH; ❄ Dificuldade na alimentação ↦ NPO, jejum para exames, inapetência pela doença, mudanças nos horários; ❄ Infusão de glicose; ❄ Falta de atividade física; ❄ Aplicações de insulina irregulares, sem relação correta com as refeições; ❄ Uso de medicações hiperglicemiantes; ❄ Suspensão do tratamento domiciliar. Hiperglicemia/Diabetes Hospitalar ‣ Desde 2010, a ADA propôs o limite de 140 mg/dL, a partir do qual se define hiperglicemia hospitalar; ‣ Em pacientes com hiperglicemia recém diagnosticada recomenda-se que a hemoglobina glicada (Hba1c) seja medida; valores acima de 6,5% indicam existência prévia de diabetes. Consequências da Hiperglicemia ➾ Distúrbio hidro-eletrolítico (diurese osmótica); ➾ Diminuição da função dos glóbulos brancos; ➾ Retardo do esvaziamento gástrico; ➾ Complicações cirúrgicas: infecções hospitalares e da ferida cirúrgica; ➾ Aumento do tempo de permanência hospitalar; ➾ Pior prognóstico das patologias cardiovasculares e infecciosas a curto e longo prazo. Metas para Pacientes Hospitalizados ✿ Meta glicêmica entre 140-180 mg/dl, evitando valores <100mg/dl; ✿ Metas definidas pela ADA e AACE após metanálise que observaram aumento inaceitável das taxas de hipoglicemia e mortalidade em pacientes com alvos mais rígidos de glicemia Por que não usar "Insulina conforme glicemia"? ★ Não funciona! ★ Reação, não prevenção; ★ Aumenta risco de cetose e hipoglicemia; ★ Muita oscilação de glicemia; ★ Utilizado desde 1930!! 50 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos Protocolo de Tratamento Basal-bolus ➤ No momento da admissão, suspender os medicamentos orais ou injetável não insulínico; ➤ Calcular a dose total de insulina diária = 0,5U/kg de peso corporal; ➤ Em pacientes com mais de 70 anos ou com creatinina >2mg/dl, reduzir para 0,3U/kg/dia; ➤ A dose total deve ser dividida: 1⁄2 glargina e 1⁄2 em análogo de ação ultrarrápida; ➤ Glargina 1x ao dia, sempre no mesmo horário; ➤ Insulina ultrarrápida dividida em três doses antes das refeições principais. Caso Clínico ☁ Paciente de 60 anos diabético em uso de metformina 850 mg 2x/dia + gliclazida 60 mg/dia é hospitalizado para uma colecistectomia. Peso = 80kg. Função renal normal. Hb glicada 6,8%. ☁ Prescrição Caso (80kg): ☀ Suspender hipoglicemiantes orais; ☀ 0,5U/kg/dia = 40U; ☀ 50% = basal = 20U Lantus 1x ao dia (ou NPH dividido em 2 ou 3x); ☀ 50% = 20U:3 = pré-prandial (6,6,6); ☀ Fazer ajuste das doses em função das glicemias; ☀ Correção da hiperglicemia com insulina UR conforme esquema; ☀ No dia da cirurgia ↦ somente insulina basal. ☁ No Momento da Alta: ☀ Se HbA1c = < 7% ↦ manter o mesmo tratamento; ☀ Se HbA1c = 7- 9% ↦ acrescentar insulina aos hipoglicemiantes orais; ☀ Se HbA1c = > 9% ↦ insulinoterapia plena. Importante ♥ SBD e SBI baseados na literatura elegem as seguintes vacinas como importantes para o paciente com DM: ♡ Influenza; ♡ Pneumocócica conjugada 13-valente Pneumocócica polissacarídica 23-valente; ♡ Hepatite B; ♡ Varicela e herpes zoster. 51 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos Crises Hiperglicêmicas Agudas Introdução ↘︎ Englobam a cetoacidose diabética (CAD) e o estado hiperglicêmico hiperosmolar (EHH); ↘︎ Complicações agudas mais graves do DM; ↘︎ Importantes causas de morbimortalidade. Patogênese ✿ Insulina ↦ Hormônio Anabólico: ✴ Captação, armazenamento e utilização da glicose; ✴ Síntese e armazenamento de proteínas; ✴ Síntese e armazenamento das gorduras; ✿ Deficiência absoluta ou relativa de insulina ou ação ineficaz da insulina; ✿ Níveis elevados de hormônios contrarregulares (glucagon, catecolaminas, cortisol e hormônio de crescimento): ✴ Aumento da produção hepática de glicose e diminuição da utilização de glicose nos tecidos periféricos. ✿ Desidratação e anormalidades eletrolíticas, principalmente devido a diurese osmótica. Revisão os conceitos ➫ Manutenção da composição adequada nos compartimentos intra e extracelulares: equilíbrio osmótico; ➫ Membranas celulares são muito permeáveis à água; ➫ Osmolaridade: concentração osmolar de uma solução; ➫ Aproximadamente 80% da osmolaridade total do líquido intersticial e do plasma são devidos aos íons sódio e cloreto, enquanto no líquido intracelular ao íon potássio, o restante é dividido entre as outras substâncias intracelulares; ➫ Equilíbrio ácido-base: íon hidrogênio (H+) e íons bicarbonato (HCO-3); ➡ Tampões intra e extracelulares; ➡ Centro respiratório que regula a eliminação de CO2; ➡ Ajustes na excreção renal. Fatores Precipitantes de Cetoacidose Diabética e Estado Hiperglicêmico Hiperosmolar ☗ Tratamento inadequado: ☖ Interrupção da administração de insulina ou hipoglicemiantes orais ☗ Doenças agudas: ☖ Infecções (pulmonar, trato urinário, influenza), infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, pancreatite aguda ☗ Distúrbios endócrinos: ☖ Hipertireoidismo, feocromocitoma, síndrome de Cushing, acromegalia ☗ Fármacos: ☖ Exemplos: Glicocorticoides, agonistas adrenérgicos, clortalidona, antipsicóticos atípicos, inibidores de SGLT-2 (dapagliflozina, empagliflozina) ☗ Substâncias: ☖ Álcool (consumo excessivo), cocaína, ecstasy, maconha ☗ Desidratação: ☖ Oferta inadequada de água, uremia, diálise, diarreia 52 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos Patogênese das Crises Hiperglicêmicas Agudas Cetoacidose Diabética ↘︎ Complicação grave que pode ocorrer durante a evolução de DM1 e DM2; ↘︎ Durante muitos anos, considerou-se a CAD uma complicação especifica do DM1; ↘︎ O controle glicêmico insatisfatório em longo prazo se relaciona com o seu diagnóstico. Patogênese Quadro Clínico ♦ Evolução progressiva dos sinais e sintomas de DM descompensado: ➩ Poliúria; ➩ Polidipsia; ➩ Perda de peso; ➩ Náuseas, vômitos; ➩ Sonolência, letargia e, finalmente, coma; 53 Med XXV Endócrino Carolina Boppré dos Santos ♦ Ao exame físico: ➩ Desidratação: • Pele seca e fria, língua seca, extremidades frias, agitação, hipotonia muscular, pulso rápido e pressão arterial variando do normal até o choque hipovolêmico. • Intensificação da desidratação pode tornar doloroso o deslizamento dos folhetos da pleura e do peritônio, sendo possível a defesa muscular abdominal localizada ou generalizada: ‣ Dor abdominal presente em até 51% dos casos. ➩ Na presença de acidose, podem-se observar hiperpneia e, em situações mais graves, respiração de Kussmaul (eliminação de pCO2). ➩ Hálito cetônico Avaliação Laboratorial ๏ Glicose plasmática; ๏ Eletrólitos:
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