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1 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 Endocrinologia ENDOCRINOLOGIA PEDIÁTRICA Doenças da Tireoide: O hipotireoidismo congênito é um distúrbio metabólico caracterizado por deficiência na secreção dos hormônios tireoidianos (T3 e T4), que são fundamentais para a maturação do SNC. O hipotireoidismo congênito é o distúrbio endócrino e metabólico congênito mais frequente, com prevalência de 1:1.500 a 1:4.000 nascidos vivos, sendo mais comum no sexo feminino. A doença representa a causa mais comum de deficiência mental prevenível. Por isso, o diagnóstico e o tratamento precoces são fundamentais para prevenir sequelas principalmente neurológicas. Assim, como a maioria dos recém-nascidos são assintomáticos ou apresentam manifestações clínicas inespecíficas e de instalação lenta (semanas a meses), o diagnóstico da doença é realizado a partir da triagem neonatal, por meio do teste do pezinho. As principais manifestações clínicas do hipotireoidismo congênito são: - Choro fraco e rouco. - Letargia. - Macroglossia. - Dificuldade de mamar. - Hipotonia. - Hipotermia transitória. - Icterícia prolongada. - Constipação intestinal. - Hérnia umbilical. - Fontanela anterior aumentada. - Baixa estatura. - Atraso do desenvolvimento neuropsicomotor. - Malformações cardíacas, renais e esqueléticas. A triagem neonatal do hipotireoidismo congênito baseia-se na dosagem de TSH, que deve ser realizada entre o 3º e o 5º dia de vida. Em geral, a presença de TSH < 10 mUI/L exclui o diagnóstico de hipotireoidismo congênito e a presença de TSH > 10 mUI/L exige a realização de dosagem de TSH e de T4 total e/ou livre em amostra de sangue periférico para confirmar ou excluir o diagnóstico de hipotireoidismo congênito. A presença de TSH sérico > 9 µUI/mL, de T4 total < 7 µg/dL e/ou de T4 livre < 0,8 ng/dL confirmam o diagnóstico de hipotireoidismo congênito. Uma vez confirmado o diagnóstico de hipotireoidismo congênito, deve-se realizar investigação de sua etiologia. O exame de primeira escolha para a investigação etiológica do hipotireoidismo congênito é ultrassonografia da região cervical. Entretanto, o início do tratamento não deve ser atrasado quando o exame de imagem não puder ser realizado imediatamente. Assim, quando os exames de imagem (ultrassonografia, cintilografia, etc) não estiverem disponíveis, deve-se iniciar o tratamento do hipotireoidismo congênito e realizar a investigação etiológica da doença aos 3 anos de idade, período no qual há menor risco de complicações associadas à suspensão do uso dos hormônios tireoidianos. O início do tratamento deve ser precoce, não devendo ultrapassar 14 dias de vida, e baseia-se no uso de levotiroxina na dose inicial de 10-15 mcg/kg/dia VO 1 vez ao dia. O tratamento precoce do hipotireoidismo é capaz de prevenir o desenvolvimento das complicações neurológicas, como atraso do desenvolvimento neuropsicomotor e retardo mental. A monitorização do tratamento do hipotireoidismo congênito baseia-se em avaliação de sinais e sintomas de hipotireoidismo ou hipertireoidismo, crescimento, ganho de peso, desenvolvimento neuropsicomotor e dosagens de TSH e de T4 livre regularmente. O hipotireoidismo na infância caracteriza- se clinicamente por pele seca, unhas quebradiças, queda de cabelo (alopécia), intolerância ao frio, letargia, mialgia, edema de face, bócio, madarose e candidíase de repetição. A causa mais frequente de 2 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 hipotireoidismo com início na infância é a Tireoidite de Hashimoto, doença caracterizada por inflamação crônica de etiologia autoimune do tecido tireoidiano, resultando em diminuição da produção de T3 e T4. A Tireoidite de Hashimoto é 4 vezes mais comum no sexo feminino e manifesta- se por bócio e sintomas clássicos de hipotireoidismo. Outras causas de hipotireoidismo, além da Tireoidite de Hashimoto, são deficiência ou excesso de iodo, uso de drogas, como antitireoidianos (metimazol e propiltiouracila), anticonvulsivantes (ácido valproico, fenitoína, fenobarbital) e IFN-α, exposição da tireoide à radiação ou terapia com iodo radioativo, tireoidectomia, doenças hipotalâmicas e/ou hipofisárias (hipotireoidismo central), etc. Os valores de referência de TSH, T3 e T4 considerados normais variam quanto à faixa etária, havendo necessidade de muita atenção ao interpretar os resultados dos exames para a avaliação diagnóstica do hipotireoidismo na infância e na adolescência. Os valores de referência do TSH de acordo com a faixa etária são: - 1 a 4 dias de vida: 2,7-26,5. - 4 a 30 dias de vida: 1,2-13,1. - 1 a 12 meses de vida: 0,6-7,3. - 1 a 5 anos de idade: 0,7-6,6. - 6 a 10 anos de idade: 0,8-6,0. - 11 a 18 anos de idade: 0,6-5,8. - Adultos (> 18 anos de idade): 0,4-4,2. O hipotireoidismo na infância associa-se à diminuição da velocidade de crescimento, atraso do desenvolvimento neuropsicomotor e piora do desempenho escolar. Alguns medicamentos podem causar alterações nos testes de função tireoidiana sem causar necessariamente causar disfunção tireoidiana. Por exemplo, o uso de glicocorticoides pode causar redução dos níveis séricos de tireoglobulina, supressão da secreção de TSH e aumento da conversão periférica de T4 em T3. O diagnóstico do hipotireoidismo primário baseia-se em 2 etapas: - 1ª Etapa: rastreamento/screening com dosagem de TSH. - 2ª Etapa: confirmação diagnóstica com dosagem de TSH e T4 livre após primeira dosagem de TSH aumentado. OBS.: Na 2ª etapa, também pode-se solicitar a dosagem dos anticorpos anti-TPO e anti- Tg para a confirmação diagnóstica da etiologia autoimune do hipotireoidismo, especialmente da Tireoidite de Hashimoto, principal causa de hipotireoidismo na infância, que cursa com anticorpos anti-TPO positivos na maioria dos pacientes. Na avaliação diagnóstica do hipotireoidismo central, o valor do TSH pode estar alto, baixo ou normal e os valores do T4 total, T4 livre e T3 total estão baixos. Além disso, pode-se realizar RM de hipófise com o objetivo de identificar possível patologia hipofisária que explique o hipotireoidismo. As principais doenças associadas ao hipotireoidismo na infância são: - Síndrome de Down: 20-35% dos pacientes portadores da síndrome apresentam hipotireoidismo. - Síndrome de Turner: 37% dos pacientes portadores da síndrome apresentam hipotireoidismo. - Síndrome de Klinefelter. - DM tipo I: 20% dos pacientes com DM tipo I apresentam anticorpos anti-TPO e/ou anti- Tg positivos e 5% apresentam hipotireoidismo. - Doença Celíaca: 23% dos pacientes com doença celíaca apresentam anticorpos anti- TPO e/ou anti-Tg positivos. O hipertireoidismo na infância é raro. A causa mais comum do distúrbio nas crianças é a Doença de Graves, cuja incidência é de até 3 casos a cada 100.000 habitantes. O diagnóstico do hipertireoidismo baseia-se em dosagem de TSH, que estará baixo, e de T3, T4 total e T4 livre, que estarão aumentados. Na investigação etiológica do hipertireoidismo, pode-se solicitar a dosagem dos autoanticorpos TRAB, que serão positivos na maioria dos casos, uma vez que a principal etiologia do hipertireoidismo na infância é a Doença de Graves, e a cintilografia de tireoide, com o objetivo de identificar possível secreção autônoma de hormônios tireoidianos por 3 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 adenoma de tireoide (Doença de Plummer). O hipertireoidismo por Doença de Graves é muito mais comum em meninas do que em meninos. Distúrbios da Diferenciação Sexual: Os distúrbios da diferenciação sexual representam anomalias nas quais o desenvolvimento do sexo cromossômico, gonadal ou da genitália interna e externa é atípico. O manejo dos distúrbios da diferenciação sexual necessita de uma equipe multiprofissional experiente que seja capaz de oferecer suporte máximo ao paciente e à sua família, principalmente do ponto de vista psicológico. As principaiscaracterísticas que, quando estão presentes, sugerem distúrbios da diferenciação sexual são: - História familiar de distúrbios da diferenciação sexual. - Discordância entre cariótipo/genótipo pré- natal e fenótipo ao nascimento. - Indiferenciação genital evidente e/ou presença de extrofias de órgãos genitais. - Genitália aparentemente feminina com: → Falo aumentado, com comprimento > 9 mm e diâmetro > 6 mm. → Fusão dos lábios posteriores. → Seio urogenital. → Massa labial ou inguinal. - Genitália aparentemente masculina com: → Falo diminuído, com comprimento < 2,5 cm e meato uretral não tópico. → Gônadas sexuais não palpáveis. → Meato uretral proximal. → Meato uretral não tópico e gônada sexual ausente na bolsa escrotal. A rotina de atendimento de pacientes com distúrbios da diferenciação sexual baseia-se em: - Informar ao familiar responsável sobre a indiferenciação genital e a necessidade de investigação para possibilitar o registro de nascimento em cartório. - Recomendar que a família não registre o RN em cartório antes da conclusão da investigação. - Solicitar avaliação da genética, endocrinologia, cirurgia pediátrica, psicologia, serviço social e bioética. - Realizar reunião multiprofissional com equipe médica e família. Na avaliação dos distúrbios da diferenciação sexual, deve-se investigar na anamnese: - Exposição materna a androgênios e/ou a medicamentos como espironolactona e fenitoína durante a gestação. OBS1.: O uso de androgênios anabolizantes pela mãe durante a gestação pode causar virilização do feto feminino. OBS2.: O uso de espironolactona pela mãe durante a gestação pode causar feminilização do feto masculino, devido à ação antiandrogênica da droga. - Virilização materna durante a gestação. - História de morte neonatal na família. - Consanguinidade. - História de distúrbio da diferenciação sexual na família. - HAS. No exame físico, a característica mais importante na investigação dos distúrbios de diferenciação sexual é a presença ou a ausência de gônadas sexuais palpáveis. A presença de gônadas sexuais palpáveis abaixo do ligamento inguinal geralmente são testículos. A principal causa de distúrbios da diferenciação sexual, excluindo-se o uso de drogas pela mãe durante a gestação, é a hiperplasia adrenal congênita. A hiperplasia adrenal congênita (HAC) compreende um conjunto de síndromes clínicas resultantes de defeitos congênitos na síntese dos esteroides adrenocorticais. A causa mais comum de HAC é a deficiência da enzima 21-hidroxilase, responsável por aproximadamente 95% dos casos, que resulta em produção deficiente de cortisol e aldosterona, com perda do feedback negativo sobre a hipófise, aumento da secreção de ACTH, hiperestímulo às 4 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 glândulas adrenais e consequente excesso de androgênios, cuja síntese não é prejudicada pelo defeito da enzima 21- hidroxilase. Quanto maior a deficiência da enzima 21-hidroxilase, maior a síntese de androgênios adrenais e maior o grau de virilização devido ao excesso de androgênios circulante no plasma sanguíneo. A forma de apresentação mais comum da hiperplasia adrenal congênita é a não clássica, que se manifesta de forma tardia e caracteriza-se por deficiência leve da enzima 21-hidroxilase, não resultando em deficiência grave de glicocorticoides e mineralocorticoides ou em virilização ao nascimento. Quando há deficiência de glicocorticoides e mineralocorticoides (HAC perdedora de sal), as principais manifestações clínicas são desidratação, hiponatremia, hipotensão arterial, choque, hipercalemia, acidose metabólica e até morte. Nos neonatos do sexo feminino, que são expostos a altas concentrações de androgênios durante o período intrauterino, observa-se genitália ambígua (pseudo-hermafroditismo feminino), virilização progressiva, avanço da idade óssea, crescimento linear acelerado (com fechamento precoce das epífises). Nos casos mais leves, o hiperandrogenismo manifesta-se apenas próximo ao período da puberdade e as manifestações clínicas são semelhantes às presentes na SOP (hirsutismo, aumento da oleosidade, acne). O diagnóstico da hiperplasia adrenal congênita baseia-se na dosagem do hormônio 17-OH-progesterona, que quando for > 5 ng/mL basal ou quando for > 10 ng/mL após administração de ACTH confirma-se o diagnóstico de hiperplasia adrenal congênita. O tratamento de urgência da HAC perdedora de sal em recém-nascidos baseia-se em reposição salina (solução salina hipertônica), correção de distúrbios hidroeletrolíticos e administração de hidrocortisona 100 mg/m2 de superfície corporal EV. No tratamento de manutenção, deve-se administrar glicocorticoide VO com o objetivo de manter a supressão do ACTH e prevenir a secreção excessiva de androgênios adrenais. O glicocorticoide de primeira escolha é a hidrocortisona 10-20 mg/m2/dia. As alternativas são prednisona, prednisolona e dexametasona. Além disso, nos pacientes que apresentam deficiência de mineralocorticoides, também deve-se administrar fludrocortisona 0,1-0,4 mg/dia. A reposição salina sempre deve ser realizada em lactentes com a forma perdedora de sal da doença, visto que o leite materno e as fórmulas lácteas infantis apresentam baixa concentração de sódio. A genitália ambígua deve ser corrigida com cirurgia plástica nas meninas afetadas o mais precocemente possível. Puberdade: A puberdade é definida como a transição da infância para a vida adulta e reprodutiva, caracterizada pelo desenvolvimento das características sexuais secundárias e o crescimento. O período da puberdade em meninos ocorre entre 9 e 14 anos de idade e em meninas ocorre entre 8 e 13 anos de idade. A puberdade pode ser classificada em 5 estágios segundo a Classificação de Tanner, que, em meninos, baseia-se nos estágios de crescimento e desenvolvimento do pênis e dos testículos e dos pelos pubianos, e, em meninas, baseia-se nos estágios de crescimento e desenvolvimento das mamas e dos pelos pubianos. Quanto ao crescimento linear que ocorre durante o período da puberdade, observa-se que o crescimento das meninas ocorre em geral mais precocemente que o crescimento dos meninos, devido à puberdade ter início antes no sexo feminino. 5 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 A sequência de eventos da puberdade em meninos é: - Crescimento dos testículos e do escroto. - Crescimento do pênis. - Crescimento dos pelos pubianos. - Crescimento dos pelos axilares. - Ponto máximo de crescimento linear. - Alteração no timbre da voz. - Crescimento da barba. A sequência de eventos da puberdade em meninas é: - Crescimento das mamas. - Crescimento dos pelos pubianos. - Ponto máximo de crescimento linear. - Alteração na forma corporal. - Crescimento dos pelos axilares. - Primeira menstruação (menarca). - Tamanho final das mamas. A menarca geralmente ocorre após o estirão de crescimento, na fase de desaceleração final do crescimento linear. Entretanto, durante 2 a 3 anos após a menarca, ainda há crescimento médio de aproximadamente 6 cm. Esse crescimento depende da idade óssea da menina aos 12-13 anos. As principais variações da puberdade, que ainda são consideradas como dentro da normalidade, são: - Pubarca precoce: crescimento de pelos pubianos precocemente. - Telarca precoce: crescimento das mamas precocemente. - Menarca precoce. As principais alterações patológicas que envolvem a puberdade são: - Puberdade precoce: central ou periférica. - Hipogonadismo: hipergonadotrófico (aumento de FSH e LH) ou hipogonadotrófico (diminuição de FSH e LH). A telarca precoce normal deve ser diferenciada da telarca precoce patológica: - Normal: < 2 anos de idade, regressiva, sem avanço da idade óssea, ultrassonografia normal; entre 7 e 8 anos de idade, em meninas com altura > percentil alvo, quando avanço puberal e de idade ósseanão influenciam na estatura final. - Patológica: < 2 anos de idade, progressiva, com avanço de idade óssea e aumento de estatura; entre 7 e 8 anos de idade, quando avanço puberal e de idade óssea influenciam na estatura final; rapidamente progressiva. A pubarca precoce, ocorrendo em crianças a partir dos 6 anos de idade, geralmente é normal e manifesta-se por crescimento dos pelos pubianos, crescimento dos pelos axilares, odor e aumento da oleosidade da pele com desenvolvimento de comedões. A pubarca precoce normal deve ser diferenciada da pubarca precoce patológica: - Normal: → Ausência de outros sinais de virilização. → Ausência de aumento/aceleração da velocidade de crescimento. → Ausência de avanço da idade óssea. → DHEA normal ou levemente aumentado. → 17-OH-progesterona normal. → TC e US normais após 4-5 anos de seguimento. - Patológica: → Aumento de clitóris ou pênis, aumento da massa muscular, comedões. → Aumento/aceleração da velocidade de crescimento. → Avanço da idade óssea. → DHEA aumentado. → 17-OH-progesterona aumentada. 6 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 → Pubarca e aumento significativo de DHEA e testosterona em período < 2 anos. - As principais causas de pubarca precoce são: → Adrenarca/pubarca fisiológica. → Adrenarca exacerbada. → Hiperplasia adrenal congênita. → Tumor de adrenal. → Tumor de testículo. → Tumor secretor de HCG. → Testotoxicose. → Puberdade precoce. A puberdade precoce é mais comum em meninas e caracteriza-se pelo desenvolvimento das características sexuais secundárias < 8 anos de idade na menina e < 9 anos de idade no menino. A avaliação diagnóstica da puberdade precoce baseia-se no exame clínico (anamnese e exame físico), na interpretação das curvas de crescimento, nos exames laboratoriais (estradiol, FSH e LH basais e após estímulo com GnRH) e nos exames de imagem (ultrassonografia pélvica para avaliação de útero e ovários em meninas). Na puberdade precoce patológica, há aceleração da velocidade de crescimento, que pode ser observada nas curvas de crescimento, havendo a necessidade de identificar sua etiologia e iniciar o tratamento, com o objetivo de diminuir a velocidade de crescimento e o avanço da idade óssea. O tratamento geralmente baseia-se no uso de análogos do GnRH. Baixa Estatura: A baixa estatura apresenta inúmeras causas, podendo ser classificada em: - Idiopática. - Variante da normalidade: → Baixa estatura constitucional: velocidade de crescimento mais lenta, atraso da idade óssea e atraso da puberdade, resultando em atraso do desenvolvimento físico, mas sem atraso do desenvolvimento mental. → Baixa estatura familiar. - Patológica: → Desproporcional: displasia esquelética e raquitismo. → Proporcional: pré-natal (retardo de crescimento intrauterino, síndromes genéticas/cromossômicas) ou pós-natal (desnutrição, doenças crônicas, doenças endócrinas, nanismo psicossocial). A avaliação endocrinológica de crianças que apresentam baixa estatura baseia-se em: - Anamnese. - Exame Físico. → Cabeça: macrocefalia ou microcefalia, formato, hipertelorismo, ptose, palato alto, defeitos de linha média, esclera de coloração azul (osteogênese imperfeita). → Pescoço: implantação do cabelo e implantação das orelhas. → Mãos e pés: 4º e 5º metacarpos curtos, punho alargado, edema e deformidade de Madelung (ossos do antebraço encurtados). → Genitália: micropênis e criptorquidia. → Proporções: envergadura (medida do comprimento dos 2 braços abertos) deve ser < altura até 12-14 anos de idade; relação segmento superior/segmento inferior deve ser de aproximadamente 1:1. - Raio X de idade óssea. - Exames laboratoriais. - Avaliação do eixo GH ↔ IGF-1. - Avaliação genética. Uma das principais síndromes genéticas/cromossômicas que cursam com baixa estatura é a Síndrome de Turner, que acomete pacientes do sexo feminino, que apresentam cariótipo 45X0 ou mosaico 46XX/45X0, com incidência de 1 caso a cada 2.500 pessoas. As principais características clínicas são pescoço alado e curto, baixa implantação dos cabelos, baixa implantação das orelhas, cúbito e geno valgo, edema de mãos e pés ao nascimento, baixo ganho de peso e de estatura, malformações cardíacas e renais, tórax em escudo, otite média aguda de repetição, hipotireoidismo e falência/insuficiência gonadal.
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