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Unidade III - Doenças Relacionadas ao Trabalho

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Saúde do Trabalhador
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Esp. Erika Gambeti de Santana
Revisão Textual:
Profa. Ms. Fátima Furlan
Doenças Relacionadas ao Trabalho
• Adoecimento Ocupacional
• Averiguação da relação entre trabalho e saúde
• DORT – Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho
• LER – Lesões por Esforços Repetitivos
• PAIR – Perda Auditiva Induzida por Ruído
• Intoxicação por meio do chumbo
• Dermatoses Ocupacionais
• Pneumoconioses
 · Apresentar conceitos das patologias
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Título da Unidade
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Doenças Relacionadas ao Trabalho
Doenças ligadas ao desenvolvimento 
de atividades laborais
São compartilhados com os trabalhadores e com os que não trabalham as formas 
que fazem com que adoeçam e morram devido ao estilo de vida, da idade, do sexo, 
do perfil genético e de fatores de risco de natureza ambiental ao quais todos estão 
expostos. Porém, doenças e acidentes são apresentados pelos funcionários que 
já exerceram ou exercem as atividades que geram estes riscos e também que já 
estiveram nos locais de exposição devido aos serviços prestados. O resultado da 
articulação entre os fatores de risco aos quais uma comunidade fica exposta é o 
perfil de fatalidades como o adoecimento e morte dos funcionários. Acrescidos 
daqueles aos quais se expõem ao local de trabalho, tem sido qualificado em três 
grupos os agravos direcionados ao trabalho, que podem ser vistos abaixo:
Trabalho 
como causa 
necessária
Trabalho como 
fator contribui-
tivo, mas não 
necessário
Trabalho como 
provocador de um 
distúrbio latente, 
ou agravador de 
uma doença
• Intoxicação por chumbo
• Silicose
• Doenças pro�ssionais legalmente reconhecidas
• Doenças coronarianas
• Doenças do aparelho locomotor
• Câncer
• Varizes dos membros inferiores
• Bronquite crônica
• Dermatide de contato alergico
• Asma
• Doenças mentais
Figura 1 
Primeiro grupo, tratando do trabalho como causa necessária, as patologias 
que são encontradas quando o trabalho é uma condição necessária. As patologias 
decorrentes quando o trabalho é uma condição são encontradas raramente fora das 
situações de exposição não ocupacional. Segundo grupo, encontram-se patologias 
comuns, distribuídas amplamente na comunidade, porém se tornam mais frequentes 
ou surgem mais precocemente em funções de determinadas condições no local de 
trabalho. No caso do terceiro grupo, o trabalho é que provoca o distúrbio agravador 
ou latente da doença ou do distúrbio preexistente. Basicamente podemos dizer 
que os fatores de risco de segurança e saúde dos trabalhadores podem ter uma 
classificação dividida em cinco grupos, como mostrados a seguir:
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Físicos
Químicos
Biológicos
PsicossociaisErgonômicos
Mecânicos
Acidentais
Figura 2
Investigando as ligações entre trabalho e saúde
Existem muitos métodos de averiguação da relação saúde e trabalho. Destacamos 
os estudos epidemiológicos, a ergonomia, a toxicologia e a higiene industrial.
Entretanto, vamos enfatizar nesta parte mais especificamente aquelas de mais 
fácil acesso ao profissional da atenção básica. A anamnese ocupacional é o 
método mais simples e de uso universal para investigar entre condições: saúde, 
doença e trabalho. Ela será definida através de um conjunto de informações tendo 
por principais objetivos a detecção e esclarecimentos de alterações de saúde do 
paciente com o trabalho que realiza ou realizou, sendo colhidas pelos colaboradores 
específicos da saúde junto ao paciente. 
A anamnese ocupacional é constituída pelos objetivos a seguir: identificar os 
riscos a saúde expostas no trabalho, nos hábitos do paciente e no meio ambiente, 
identificar os riscos a saúde no meio ambiente, identificar as alterações na saúde e as 
relações nos riscos detectados e o nível que está o estado de saúde/doença, fornecer 
informações para o tratamento correto, fornecer informações que permitam ao 
paciente o acesso aos benefícios da Previdência Privada, fornecer informações que 
possam auxiliar na produção cientifica e nas ações de vigilância a saúde.
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UNIDADE Doenças Relacionadas ao Trabalho
Importante!
A anamnese ocupacional tem que procurar responder as seguintes questões:
O que o trabalhador exerce?
Com qual produto trabalha?
Com o que é feito? (Quais as ferramentas, matérias-primas e instrumentos empregados?)
Como é feito? (Quais os segmentos do corpo, os movimentos e grupos musculares demandados para 
realização da tarefa? Quais são as posturas exigidas no trabalho?
Quanto que é produzido? Em quanto tempo? Qual a jornada de trabalho?
Quantas horas extras? Tem férias regularmente? Existem estratégias para proteger a saúde no trabalho?
Quais equipamentos de proteção coletiva? Quais equipamentos de proteção individual?
São realizados exames periódicos de saúde? Quais exames são realizados?
Tem acesso aos resultados desses exames? Já apresentou acidentes ou doenças decorrentes do trabalho?
Alguns colegas de trabalho tiveram alguma alteração de saúde parecida com a sua?
No seu trabalho identi�ca algum risco a saúde?
Onde faz? (Onde é e como é seu ambiente de trabalho?). Como São as instalações? Quais as 
condições de conforto? (existem sanitários, refeitórios e áreas de descanso adequadas?).
Com quem trabalha? (Como é a relação com os chefes? Quantas pessoas compõem 
a equipe de trabalho? Como é a relação entre elas?).
Figura 3
Importante!
Diversas vezes, trabalhadores enfrentam fatores de risco em suas atividades que 
são responsáveis pelas alterações de saúde descobertas na consulta, exigindo para 
esclarecimento relatórios dos serviços exercidos no passado. Cânceres e algumas 
patologias pulmonares relacionadas com o serviço prestado constituem exemplos 
típicos, a patologia pode se apresentar clinicamente após o colaborador ter deixado 
o emprego no qual se expôs ao risco.
A Anamnese ocupacional embora seja uma realização fácil no dia a dia, não é 
sempre suficiente para o esclarecimento de uma possível relação à patologia com 
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o trabalho. Por isso colocam como prioridade a inspeção do ambiente de trabalho, 
pela complexidade das atividades ou pelas poucas informações passadas.Faz-se 
necessário a exigência de uma inspeção no ambiente de trabalho também para 
os casos em que os profissionais realizem suas tarefas em ambientes domiciliares, 
por mais que o processo de trabalho seja bem compreendido pelo paciente, pelos 
outros trabalhadores e por seus familiares. No primeiro caso, criar um componente 
fundamentalmente rotineiro antecipando a vigilância necessária à saúde dos 
colaboradores, não ocorrendo de forma imediata ou subordinada a constatação de 
agravos à saúde no trabalho. Através dessa inspeção rotineira, busca-se constatar a 
existência de condições de risco a saúde e a vida dos colaboradores e situações de não 
conformidade nas legislações de proteção à saúde do trabalhador. Principalmente 
quando o trabalho acontece no ambiente domiciliar, a inspeção constitui uma 
oportunidade para a implantação de atividades educativas e recreativas junto a 
trabalhadores, empregadores e familiares. Em extremas situações, pode-se chamar 
a vigilância sanitária do município, que terá o poder de punir empregadores 
negligentes que não cumprem os códigos sanitários das legislações trabalhistas.
O ministério público do trabalho possui instrumentos dentro das leis para “fazer 
cumprir a lei” por parte dos empregadores em caso de risco coletivo.
Cabe aqui mencionar que os auditores, fiscais do ministério do trabalho, também 
podem fazer as inspeções, tendo como instrumento Legal a Legislação Trabalhista, 
as chamadas Normas Regulamentadoras, sendo que o descumprimento pode 
ocasionar notificação e estabelecimento de prazos para que seja cumprida na data.
As inspeções rotineiras dos locais de trabalho podem ter como ponto de inicio um 
cadastro de atividades no local de equipe, sendo realizado pelo ACS. No território da 
equipe, a realização do cadastro visa inventariar as atitudes econômicas realizadas, 
sem esquecer do espaço domiciliar, com ênfase as com potencial de gerar riscos 
à saúde dos colaboradores e seus familiares. Deve ser sistemática a realização do 
cadastro, não podendo estar subordinada a identificação de casos de adoecimento 
no trabalho, ao contrário, deve ser um método que informa ações de vigilância ao 
ambiente e problemas. A constatação de fatores de risco deve dar origem a ações 
de natureza educativa voltada para colaboradores e empregadores e de vigilância 
em saúde dos trabalhadores.
A necessidade de conhecer mais a fundo o processo de trabalho é outra situação 
motivadora de inspeções, acrescentando informações obtidas pela realização 
de uma anamnese ocupacional. Quanto a não conformidade das condições de 
trabalho às normas de proteção à saúde no trabalho e no meio ambiente será 
promovido a busca ativa de casos de patologia e acidentes relacionados ao trabalho 
e apuração de denúncias de qualquer pessoa envolvida ou da própria comunidade. 
Com finalidades práticas e formas genéricas, os riscos à saúde presentes nos locais 
de trabalho estão classificados em cinco grupos de fatores de risco, com condições 
ou conjunto de circunstâncias que têm o potencial de causar efeito contrário. 
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UNIDADE Doenças Relacionadas ao Trabalho
É fundamental para a definição da existência dos fatores de riscos de acidentes o 
reconhecimento de situações que ajudem para que aconteçam em algum processo 
de trabalho. Imediatamente após a certificação, deverá ser feita a verificação da 
probabilidade de que o dano ocorra e sua gravidade. No meio das inspeções nos 
locais de trabalho, busca-se ainda verificar se a empresa está cumprindo as normas 
de segurança e saúde no trabalho, definidas nas legislações. Tanto os trabalhadores 
quanto os empregadores devem ser orientados sobre a necessidade de adaptar 
o trabalho ao bem-estar, à segurança e à saúde de todos e não apenas focar no 
cumprimento das legislações, onde o conteúdo não é capaz de compreender a 
complexidade do ambiente ocupacional e das novas tendências tecnológicas, nos 
novos riscos e nas novas formas de organizar os trabalhos. 
Veja a seguir como os riscos se dividem:
 · Riscos físicos: Pressões anormais, vibrações, ruídos, radiações ionizantes, 
não ionizantes e temperaturas.
 · Riscos Químicos: substâncias e agentes químicos sob a forma de gases 
líquidos, vapores, nevoas, fumos, poeiras, neblinas e fibras.
 · Riscos Biológicos: Fungos, protozoários, bactérias, vírus e parasitas e 
todos outros tipos.
 · Riscos por conta da organização do trabalho: longas jornadas de 
trabalhos, trabalho penoso, rodízio de turnos ou trabalho noturno, ritmo 
intenso de trabalho, monotonias, demandas excessivas de produtividade, 
responsabilidade excessiva, relações de trabalhos autoritários, equipamentos, 
falhas nos treinamentos e na supervisão de trabalhadores, máquinas ou 
mobiliários inadequados, más condições de ventilação e conforto, exigências 
de posturas e posições desconfortáveis.
 · Riscos de Acidentes e mecânicos: Limpeza e organização geral 
do ambiente, máquina com proteção, inadequação em arranjo físico, 
identificação de produtos químicos, Máquinas e áreas perigosas com 
sinalização, instalações elétricas com proteção e outros casos que podem 
gerar acidentes de trabalho. 
Mediante os cinco grupos discriminados acima, observamos que quando é feita 
a inspeção dos locais de trabalho, uma verificação qualitativa da existência de 
fatores de risco é realizada. A verificação não é difícil. Porém, a mensuração da 
real exposição a esses riscos pode ser necessária para termos uma noção precisa 
dos impactos sobre a saúde dos colaboradores e da observância, ou não, pelo 
empregador dos parâmetros legais. Constitui numa etapa seguinte a verificação 
quantitativa, sendo mais complexa, pois envolve o método de medição por 
instrumentos de manuseio especializado.
O comportamento diante de um caso de doença relacionada ao trabalho não é 
uma novidade para os colaboradores das equipes de Saúde da Família.
Os trabalhadores já vêm realizando esses procedimentos no dia a dia, porém 
nem sempre conscientes da importância e das repercussões do adoecimento no 
trabalho no cenário de saúde do país. A atenção de qualidade ao colaborador vitimas 
de doenças ou acidentes pertinentes ao trabalho prescinde da implementação de 
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algumas condutas. Podemos destacar que entre as condutas possíveis e necessárias, 
frente a um caso de acidente ou adoecimento no trabalho, são:
 · Em relação à origem e mecanismos de seu adoecimento, informar e orientar 
formas de prevenção e tratamento que existem, medidas que devem ser 
tomadas para evitar agravamento de sua patologia ou surgimentos de 
novos casos.
 · Exames complementares necessários devem ser solicitados para 
esclarecimento do caso.
 · Realizar verificação da existência de outros trabalhadores expostos, inspeção 
ao local de trabalho para verificação da existência de riscos, esclarecimento 
diagnóstico e atividades educativas.
 · Quando for necessário, para mais esclarecimento do diagnóstico, solicitar 
Interconsulta de especialistas.
 · Informar ao colaborador sobre seus direitos previdenciários e trabalhistas. 
 · Quando há gravidade, o nível de dificuldade da investigação diagnóstica ou 
o que os especialistas de terapias especificas exigirem.
 · Encaminhar e diagnosticar o tratamento quando necessário incluindo 
medicamentos, reabilitação física, cirurgia, acompanhamento neurológico.
 · Sempre que for necessário, emitir relatórios e atestados de afastamento da 
exposição de risco.
 · Afastar do trabalho quando for medida terapêutica indicada pelo médico, 
ou seja, o único jeito de evitar a exposição de risco que gere o agravamento 
da situação. O profissional deve fornecer os atestados médicos com 
pareceres que justifiquem tecnicamente essa licença à empresa e ao órgão 
da previdência social, quando for preciso.
 · Para os trabalhadores que possuem carteira assinada, em caso de doenças 
e acidentes relacionados ao trabalho deverá emitir um comunicado de 
acidente do trabalho (CAT). A CAT deverá ser emitida pelo empregador, 
determina assima legislação. No caso dele se recusar, poderá também o 
trabalhador da saúde, o próprio colaborador adoentado, o sindicato, seus 
familiares ou uma autoridade pública fazer a notificação. Independente 
da CAT ser emitida por uma dessas pessoas ou órgão é dever ético 
do médico, caso seja solicitado pelo paciente, preencher o campo 
discriminado por diagnóstico.
 · Em caso de confirmação de agravamento relacionado ao trabalho de 
notificação compulsória, deve ser notificado o SINAN.
 · Quando existir sindicato do ramo do trabalhador, notificá-lo imediatamente. 
Uma das atribuições do sindicato junto aos empregadores é negociar 
melhoras das condições no trabalho. Para que isso aconteça todos os 
problemas de saúde dos trabalhadores devem ser informados para que 
providências sejam tomadas.
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UNIDADE Doenças Relacionadas ao Trabalho
 · Não deixar de orientar sobre a reabilitação profissional. Eles ocorrem 
quando o tratamento é finalizado e verifica-se que não poderá continuar 
na atividade que gerou a patologia, ou perda parcial do desempenho para 
o serviço. Isso para as situações em que não existam invalidez e outras 
doenças que o impeçam de exercer outras atividades. Esse processo de 
reabilitação profissional é o processo de adquirir novas habilidades e 
competências para que assim possa retomar sua vida profissional em outro 
tipo de serviço. Os trabalhadores que forem filiados ao INSS têm direito ao 
benefício previsto em lei, mas são oferecidas atividades de requalificação 
em outras organizações da sociedade.
 · Executar atividades educativas voltadas para os trabalhadores.
Como verificamos, trata-se de uma extensa lista de ações, porém não completa. 
Situações e realidades específicas de seu território indicam a necessidade de tomar 
outras medidas que não foram citadas neste texto.
Apesar de no dia a dia presenciarmos situações bastante diferentes, quando há 
constatação de agravos relacionados ao trabalho, temos um kit básico de ações 
que deverão ser colocadas em prática. Como não podemos falar de cada um deles, 
iremos dar ênfase a partir de agora nos que mais presenciamos em nosso meio.
DORT – Distúrbio osteomusculares relacionado ao trabalho e LER 
– Lesões por esforços repetitivos
Na sua prática cotidiana qual é o grupo de patologia mais comum? Podemos 
dizer com grande chance de acerto que as doenças que mais nos deparamos no dia 
a dia são: diabetes, hipertensão arterial, osteomusculares, infecções respiratórias 
e doenças neurológicas. As dores em membros superiores, artralgias e lombalgias 
são queixas mais comuns no cotidiano dos hospitais e uma boa parte delas são 
agravadas ou provocadas pelo trabalho.
Quando estamos falando sobre as doenças relacionadas ao trabalho mais 
notificadas no Brasil, estamos nos referindo ao DORT/LER. Reúnem-se sob essas 
denominações uns grandes grupos de quadros clínicos que acometem normalmente 
a região cervical, escapular e membros superiores.
Tornou-se mais frequente esse grupo de distúrbios a partir dos anos 1980, 
quando passaram a ocorrer de forma epidêmica, principalmente nas áreas 
de digitação e entrada eletrônica de dados (caixa de banco e supermercado), 
colaboradores de cozinha industrial, frigorifico, abatedouros, conservação e 
limpeza, em linha de montagem na indústria, eletrônica e vários outros serviços 
que contêm determinadas características dos locais de trabalho e organização, as 
quais fortemente determinam o risco de surgimento desses eventos. Destaca-se 
que entre os atores de risco os mais descritos são: atividade com uso repetitivo dos 
membros superiores, ritmos intensos de trabalho, inexistência ou insuficiência de 
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pausa para descanso, ferramentas inadequadas, jornadas prolongadas de trabalho, 
atividade penosa de exigência de trabalho em posições não fisiológicas, móveis 
inadequados, exposição ao frio, vibração, trabalho em situação de forte pressão 
por produtividade etc.
A DORT/LER na maioria dos casos tem como vítimas mulheres, representando 
70%. Isso ocorre por normalmente mulheres serem destinadas aos trabalhos 
repetitivos e também serem oneradas a duplas jornadas (trabalho e serviços 
domésticos), onde são penosas e repetitivas as atividades.
As doenças de compreensão nervosa (síndrome do túnel do carpo e do 
desfiladeiro torácico) são as mais comuns. Muito comuns também são as 
manifestações músculo-tendinosos e dentro desta categoria se destacam a tendinite 
do ombro, dos flexores e extensores, a dor miofascial, a cérvico-braquialgia, as 
epocondilites e também as dores crônicas dos membros superiores.
Nesses casos, a evolução quase sempre é insidiosa e provoca dor. Sendo de 
fraca intensidade no inicio, mas depois é caracterizada por sensação de peso, 
que se agrava mediante exposição prolongada, podendo passar para fases mais 
avançadas que impedem o desempenho das atividades diárias, com perdas de força 
muscular, formigamentos e dormências, edemas, contraturas musculares, nódulos, 
hipotrofias e alterações de temperatura locais. As queixas de manifestações 
tendinosas, compressivas e musculares são diagnósticos eminentes clínicos, achados 
através dos exames físicos e também por colhimento de elementos após inspeção 
do local de trabalho. A realização de exame especializado de neurologia e ortopedia 
pode contribuir com a definição do diagnóstico e também exames complementares 
como ultrassom, radiografia, tomografia e ressonância magnética.
Para o tratamento muitas vezes é exigido o afastamento das atividades de 
risco e do trabalho, sendo mais efetivo quando é descoberto de forma precoce, 
sendo utilizados também analgésicos, relaxantes musculares, antidepressivos, anti-
inflamatórios que aumentam o limiar de dor. Muitas vezes acaba sendo necessário 
um tratamento com fisioterapia tendo como função a recuperação da força muscular 
e manutenção da amplitude de movimentos. Podemos constatar em alguns casos 
alterações comportamentais que decorrem de insônia, frustração por conta da 
incapacidade das atividades diárias, dor crônica, insegurança por ter sensação 
de invalidez, tendo a necessidade de um acompanhamento de profissionais da 
área de saúde mental. Para alguns casos, pode ser indicada cirurgia, como nos 
casos que abrangem tendinite do ombro e rompimento de tendões ou até mesmo 
compressões mais graves.
Para controlar situações como descritas, se faz necessário possíveis mudanças 
na organização do ambiente de trabalho, novos ritmos, mudanças nas jornadas, 
adaptação de mobiliário e equipamentos para a prevenção das DORT/LER.
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UNIDADE Doenças Relacionadas ao Trabalho
Intoxicação por meio do chumbo
Na crosta terrestre que está amplamente destruída, encontramos uma 
quantidade abundante de chumbo, podendo ser encontrado livre ou associado 
a outros elementos, exercendo funções fisiológicas no organismo. A estimativa 
é que este metal seja utilizado em mais de 200 processos industriais, sendo 
destacado nos acumuladores elétricos. Estão relatando no Brasil, além dos casos 
das baterias automotivas, a presença em projéteis de chumbo que podem intoxicar 
os organismos. Outras formas de intoxicação também atingem os trabalhadores 
que exercem suas atividades nas indústrias de plástico, nas empresas que utilizam o 
chumbo para lapidação de pedras, na aprendizagem e instrução de tiro, na redução 
de minérios ricos, nos trabalhos com radiadores de carros, na fundição de sucatas 
e também nas soldas a base de chumbo.
Se o chumbo for absorvido, distribuído e excretado ele não sofre metabolização 
ao estar em contato com o organismo. A contaminação pode ocorrer através da 
inalação de poeiras e fumos, mas para a visão ocupacional o mais preocupante é 
a ingestão. O chumbo é absorvido pela inalação na maioria das vezes. Podemos 
dizer que a ingestão é por volta de 16% apenas no caso dos adultos, já nas 
crianças em 50%. Quando é absorvido é diretamente distribuído para o sangue, 
onde sua meia-vida é de trinta e sete dias. No caso dos tecidos moles sua meia-vidaé de quarenta dias e de vinte e sete anos no caso dos ossos. A via urinária é sua 
via preferida de eliminação.
O chumbo compromete vários sistemas fisiológicos. Sendo os mais sensíveis 
hematopoiéticos, sistema central nervoso, renal, cardiovascular, gastrintestinal, 
reprodutor e músculo esquelético.
Nos casos individuais existem variações significativas. Os adultos podem ter 
sintomas que se manifestaram apenas por meio de concentrações sanguíneas de 
chumbo a partir de 25 μg/dL. De acordo com maior concentração é que se têm os 
sintomas e gravidade maiores. Os primeiros sintomas são bem leves e não se sabe 
ao certo o que são, mas são referentes ao sistema nervoso, através de problemas 
com sono, dificuldade de concentração, fadiga, irritação, alguns problemas gástricos 
como cólicas, diarreia, náusea, podendo trazer dores nos membros inferiores. De 
forma insidiosa é que as manifestações clínicas evoluem, sendo que muitas vezes é 
apresentada a partir de evidências laboratorial inequívoca exposição assintomática. 
Algumas mudanças cognitivas do humor podem ser causadas devido à nefropatia 
com gota e também da insuficiência renal crônica, essas mudanças podem ser bem 
graves. Em alguns casos mais raros é possível ter intoxicações agudas mesmo com 
exposições curtas e intensas.
No caso dos quadros agudos, esses acontecem por conta de intoxicações crônicas 
e trazem uma encefalopatia aguda e neuropatia periférica grave, trazendo a paralisia 
dos músculos que são fortemente atingidos. Estes também podem trazer dores 
abdominais difusas e intensas, acompanhadas de ausência de leucocitose, febre, 
hipertensão arterial e constipação intestinal. O Ministério da Saúde recomenda que 
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seja utilizado um diagnóstico laboratorial para medir a dosagem de chumbo no 
sangue para os trabalhadores que são expostos ao Chumbo Metálico, sendo seu 
limite de normalidade 40 μg/dL, onde o limite é de 60 μg/dL, é permitido pela 
IBPM, mesmo sabendo que os valores abaixo de 60 já causam alterações fisiológicas.
São utilizados dosagem de indicadores que surtem efeitos biológicos, revelando 
alteração orgânica que resulta da ação indireta ou direta do chumbo na síntese do 
heme, onde a dosagem do ácido delta aminolevulínico na urina (ALA-u) é o mais 
utilizado, a dosagem eleva-se quando a plumbemia é a partir de 40 μg. Até 4,5 
mg/g é o valor de referência de creatinina e de BMP 10 mg/g para creatinina. 
O afastamento do metal faz parte do tratamento indicado para as intoxicações 
assim como a hidratação oral. O medicamento mais utilizado é o uso das drogas 
quelantes, sendo que o acido etilenodiaminotetracético (EDTA) é o mais conhecido 
na forma de cálcio ou cálcico-versenato.
A substituição do chumbo por agentes menos tóxicos, enclausuramento das 
operações e instalação de sistemas exautores são as formas de prevenção da 
intoxicação. Caso essas medidas não sejam apresentadas logo, é importante que 
se faça o uso de EPI’ s adequados como máscaras de filtro químico, uniformes e 
luvas que devem ser lavados pela empresa, para que não acarrete contaminação 
no ambiente domiciliar. É importante que a limpeza seja realizada por via úmida, 
que seja feita a deposição de rejeitos que contenham chumbo, que não sejam 
consumidas comidas e bebidas nos locais contaminados, desenvolvendo assim 
boas práticas por parte da empresa e dos trabalhadores. Se faz primordial que 
empresas deste gênero tenham um sistema de informação e conscientização para 
os trabalhadores sob a exposição e os riscos decorrentes dela.
Embora sejam mais frequentes as intoxicações por chumbo e por metais 
pesados, essas não são as únicas. No Brasil, sem dúvida, o maior índice de 
intoxicações é por meio dos agrotóxicos, principalmente nas zonas rurais. É de 
grande ocorrência no país a intoxicação por pesticidas ou agrotóxicos, sendo 
essa abrangente a um conjunto de manifestações variáveis, de acordo com as 
características químicas do agente. 
De acordo com Brasil (2001), podemos considerar como agrotóxicos: produtos 
ou componentes classificados como químicos, biológicos e físicos que causam danos 
aos organismos dos seres vivos e estão presentes em diversas áreas principalmente 
nas agrícolas, como na proteção das florestas implantadas e nativas e em todos os 
processos que estão envolvidos e que podem alterar a flora e a fauna, sem esquecer 
dos processos de estimulação, inibidores, dessecantes e também de desfolhantes.
Os produtos utilizados são escolhidos pelo tipo de praga ou doença, podendo 
ser fungicidas, herbicidas, acaricidas, bacteriostáticos, moluscidas, nematicidas 
ou raticidas. Os produtos por conta de sua toxidade são classificados em quatro 
classes, de acordo com o grau de toxidade:
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UNIDADE Doenças Relacionadas ao Trabalho
Classe 1 Nas embalagens têm tarja vermelha, são extremamente tóxicos;
Classe 2 Nas embalagens têm tarja amarela, sendo altamente tóxicos;
Classe 3 Nas embalagens têm tarja azul, são medianamente tóxicos;
Classe 4 Nas embalagens têm tarja verde, sendo eles pouco tóxicos.
Figura 4
Os trabalhadores que realizam trabalhos com produção e distribuição de 
agrotóxicos e também preparo e aplicação dos inseticidas para ambientes urbanos, 
combate de endemias e também a população que vive em áreas contíguas as 
aplicações de agrotóxicos estão expostos ao risco de intoxicação e podem ser 
contaminados por essas substâncias. Os organofosforados, carbamatos, piretroides 
e organoclorados são os grupos mais importantes para a classificação química. 
Os maiores números de intoxicações ocupacionais são de responsabilidade 
dos carbamatos e organofosforados, pois ambos podem ser absorvidos por 
inalação e vias dérmica e digestiva, trazendo em seu quadro clínico, sialorreia, 
miose, sudorese, hipersecreção, tosse, brônquica, cólicas, diarreias, fasciculações 
musculares, hipertensão, ataxia, convulsões, choque cardiorrespiratório e confusão 
mental, podendo levar à morte. Os carbamatos mesmo tendo um quadro clínico 
bem parecido, são relativamente mais leves do que os organofosforados.
Devido a grande toxidade os inseticidas clorados possuem restrições legais quanto 
ao uso, pois causam degradação de longa permanecia no ambiente, podem ser 
cumulativos no tecido adiposo humano e também causam efeitos carcinogênicos 
nos animais. Atuam no comprometimento da transmissão dos impulsos nervosos 
e podem causar alterações no comportamento sensório e de equilíbrio, podendo 
também atuar no centro respiratório.
Estes podem ser eliminados através do leite materno e da urina, sendo eles 
absorvidos por digestão, via dérmica ou inalação. Podem ser manifestadas as 
intoxicações agudas através de sintomas respiratórios (tosse, rinorreia, rouquidão), 
ataxia, cefaleia intensa, alterações do equilíbrio, fraqueza e também gastrintestinais 
(vômitos, cólicas, diarreias, náuseas). No caso das exposições serem crônicas, pode 
causar fraqueza muscular, cefaleia, dermatoses, perda de peso e anorexia.
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Nas dedetizações de prédios públicos e residências, são vastamente utilizados 
os inseticidas piretroides, por conta de possuir baixos índices de toxidade e 
concentração de produtos industrializados, com isso são raras as chances de 
intoxicação aguda. Esses podem ser absorvidos através das vias cutâneas, digestivas 
e inalatórias. Podem desencadear uma dermatite alérgica ou uma asma por 
serem hipersensibilizantes. Podem causar também formigamento e dormência nas 
pálpebras e lábios, irritações conjuntivas etc. Convulsões, perda de consciência e 
opistótomo são provocadas por longas exposições.
Para tratar das intoxicações é necessário que se tenha o afastamento da exposição 
e tratamento com medicações, sendo preciso suporte para o caso de intoxicações 
agudas. No caso dos agrotóxicos, não causam efeitos graves sobre a pele mesmo 
sendo absorvidos pelas vias cutâneas. Esta, por sua vez não apresenta apenas a 
entrada para diversas substâncias, mas também é bem sensível a muitos agentes 
agressores quechegam até o trabalhador por meio dos ambientes de trabalho, 
causando assim dermatoses.
Perda de audição induzida pelo ruído – PAIR
Normalmente, quando saímos de ambientes com muito barulho, boates e trios 
elétricos e vamos para ambientes silenciosos, sentimos um zumbido no ouvido 
ou uma sensação de irritação e dor de cabeça. No caso das empresas não são 
diferentes os sintomas aos barulhos, mas isso ocorre durante um período de 8 
horas ou mais, durante anos. Hoje podemos dizer que essa sensação de desconforto 
pode até trazer danos à audição, mas é devido à exposição crônica a ruídos durante 
anos que ocorre a perda progressiva da audição da pessoa em questão. Um dos 
riscos à saúde mais presentes no ambiente de trabalho é a exposição ao ruído, 
principalmente nos industriais. Sendo o ruído o maior causador de perda auditiva 
em adultos, pois o trabalho é uma fonte de exposição importante a esse agente.
A PAIR – Perda de Audição induzida pelo Ruído é resultante da lesão irreversível 
e permanente das células ciliares que estão presentes no ouvido interno, sendo 
sua natureza neurossensorial. Esse quadro é quase sempre oligossintomático e 
insidioso, manifestado de inicio por meio de frequências mais altas e agudas que 
vão acima de 3.000 Hertz e estão mais presentes nos ambientes industriais. Pode 
ser estabilizada com o afastamento da exposição e raramente são profundas. Os 
trabalhadores podem queixar-se de zumbidos nos ouvidos além da redução de 
audição, eles representam um terço dos trabalhadores que sofrem com o PAIR.
Podemos detectar através da audiometria tonal a perda de audição induzida 
pelo ruído, esta deve ser realizada uma vez ao ano nos trabalhadores que ficam 
expostos. O isolamento e enclausuramento das operações ruidosas e das máquinas 
é uma das formas principais de prevenção nestes casos, outras que podem ser 
consideradas são: manutenção das máquinas e substituição por equipamentos 
menos barulhentos. Até que sejam implantadas essas prevenções, é importante 
que sejam utilizados os equipamentos de proteção individual (EPIs).
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UNIDADE Doenças Relacionadas ao Trabalho
Esta exposição aguda a ruídos (PAIR) pode gerar um trauma acústico. As explosões, 
que são ruídos intensos, podem causar perfuração do tímpano, desarticulação 
dos ossículos e surdez de condução, e o indivíduo pode se recuperar parcial ou 
totalmente. Apresentam efeitos extra-auditivos à exposição crônica ao ruído, como 
irritabilidade, alterações de sono, hipertensão arterial, taquicardia e outros.
Importante!
Os marteleiros, trabalhadores da construção civil, metalúrgicas, gráficas, siderúrgicas, 
mineração, indústrias têxteis, lavanderias industriais e aeroportos, estão mais expostos 
ao risco de perda auditiva induzida.
Você Sabia?
Devemos levar em consideração a exposição aos produtos químicos como 
solventes, monóxido de carbono e metais pesados, que também podem levar a 
lesões no ouvido e perda de audição. O chumbo é o metal que mais se destaca 
quanto à exposição ocupacional no Brasil.
Pneumoconioses
São classificadas como doenças respiratórias ocupacionais, conhecida e 
notificada no território brasileiro, mais precisamente em Minas Gerais, onde os 
números registrados são bem significativos. O organismo reage à presença de 
poeiras fibrogênicas, causando assim fibroses intersticiais pulmonares. A silicose é 
a mais comum e é decorrente da inalação de partículas menores a 10 μ de sílica livre 
presentes no ambiente de trabalho. Os trabalhadores que desenvolvem trabalhos na 
mineração, extração e beneficiamento de quartzito, de britas e granito, lapidação 
de pedras, indústria cerâmica, produção de abrasivos e refratários, jateamento de 
areia e em outras atividades estão mais expostos ao risco de silicose.
Esta doença se manifesta radiologicamente depois de muitos períodos de 
exposição sendo insidiosa. No inicio, são constatadas queixas clínicas principalmente 
dispneia aos esforços. É possível diagnosticar com radiografia de tórax, segundo a 
OIT, nos casos positivos são apresentadas lesões nodulares intersticiais. Nos casos 
onde haja dúvida é solicitado ao paciente uma tomografia axial computadorizada e em 
alguns casos específicos biópsia pulmonar. Normalmente, são tardias as alterações 
funcionais, por isso é utilizada a espirometria para que uma melhor avaliação da 
incapacidade provocada pela doença e não com finalidades diagnósticas.
É bom saber que a silicose pode agravar casos de doenças pulmonares já existentes 
e crônicos, principalmente nos casos de doenças como: as causadas pelo tabagismo, 
câncer de pulmão, tuberculose, infecções pulmonares, insuficiência cardíaca e outras. 
É importante deixar claro que não existe um tratamento eficaz, com isso, mesmo que 
a exposição seja cessada, a doença poderá evoluir. Devem ser afastados da poeira 
sílica urgentemente os pacientes que tiverem diagnóstico confirmado.
A asbestose é uma pneumoconioses que se destaca, pois é decorrente da inalação 
das fibras de amianto ou asbesto. É muito parecida com a silicose diagnosticamente, 
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21
e se manifesta radiologicamente pela fibrose intersticial irregular e nas bases dos 
pulmões. No Brasil, o amianto ainda é utilizado, apesar de ter sido banido de 
mais de 40 países, com isso ainda temos trabalhadores que ficam expostos na 
mineração, nas indústrias de cimento, lonas plásticas, nas tecelagens de fibras e 
outras. Além dessa asbestose, o amianto pode também causar o derrame pleural 
benigno e é carcinogênico, podendo causar câncer de pulmão e mesotelioma de 
pleura. Há no Brasil fortes movimentos para que seu uso seja banido. A asbestose 
também possui um diagnóstico radiológico, portanto precisa dos mesmos cuidados 
e procedimentos que na silicose. Para as pneumoconioses não existem tratamentos 
de cura, com isso a melhor maneira de lidar com elas é com a prevenção. Dentro 
dessa prevenção temos a umidificação dos processos, mecanização e isolamento 
dos exaustores que geram poeira. Caso não sejam possíveis essas providências 
ou enquanto elas estão sendo providenciadas, é importante que se proteja os 
trabalhadores com máscaras de filtro adequadas. Sem esquecer que o uso dos 
produtos que são carcinogênicos como o amianto deve ser banido.
Dermatoses Ocupacionais
As dermatoses ocupacionais podem ser compreendidas como alterações na pele 
que pioram por conta do tipo de exposição no trabalho. Em boa parte, os agentes 
químicos são os responsáveis por essas dermatoses, pois sensibilizam a pele e 
irritam. Dermatites fazem parte dessas dermatoses e são as mais frequentes sendo 
bem mais representativas do que as outras doenças de pele. As alergias possuem 
um percentual bem mais baixo dentro das dermatites. O tratamento para este caso 
é o afastamento em relação ao agente causal da exposição. Os agentes biológicos, 
fungos, bactérias, insetos e leveduras são os causadores destas dermatoses de 
trabalho e também os agentes físicos como umidade, eletricidade, calor, frio, 
radiações, vibrações e outros. As ditodermatoses são mais comuns, os trabalhadores 
são atingidos pelo contato com os vegetais, dentre eles as madeiras, sendo mais 
comum aos marceneiros, jardineiros e carpinteiros. No caso das dotodermatoses, 
essas ocorrem por conta da exposição ao sol, quando existe o contato com 
substâncias como caju, embu, manga, limão, cajá que são fotossensíveis e também 
drogas como a prometazina que levam a alteração de cor da pele.
A partir das queixas de trabalho, exames clínicos, histórico ocupacional 
e resultados de teste epicutâneos podem diagnosticar casos dessas doenças de 
dermatose por sensibilização. O tratamento para melhora das lesões exige que seja 
detectado o agente causal ou o suspeito sendo isso muitas vezes suficiente para 
que não ocorram mais lesões. Esse tratamento pode também muitas vezes exigir 
o uso de medicamentos específicos como corticoides orais e tópicos, solução de 
permanganato, anti-histamícos e outros.
No país, temos expressivas ocorrências dedermatoses ocupacionais. As 
pneumoconioses também são muito frequentes dentre as doenças do trabalho, 
como, por exemplo, a silicose que é bem expressiva.
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UNIDADE Doenças Relacionadas ao Trabalho
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Identificação de Fatores de Riscos Ocupacionais no Processo de Abate de Bovinos
https://goo.gl/mS4vVM
Principais Doenças Ocupacionais
https://goo.gl/QpGNfx
Doenças Ocupacionais por Agentes Físicos
https://goo.gl/yn1dXN
 Leitura
Doenças Relacionadas ao Trabalho
Manual de Procedimentos para os Serviços de Saúde.
https://goo.gl/w5sd1m
Agentes Químicos, Doenças Ocupacionais e Uso de Respiradores
https://goo.gl/wCZcvh
Segurança do Trabalho
https://goo.gl/VqDFA0
Agentes Físicos
https://goo.gl/nyKDC8
Lista das Doenças Profissionais
https://goo.gl/TUD6mz
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