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O Sistema Prisional e a Ressocialização do Preso

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FACULDADE DE DIREITO DO SUL DE MINAS
RICARDO GOMES NEGRÃO
O SISTEMA PRISIONAL E A RESSOCIALIZAÇÃO DO PRESO 
POUSO ALEGRE – MG
2015
FACULDADE DE DIREITO DO SUL DE MINAS
O SISTEMA PRISIONAL E A RESSOCIALIZAÇÃO DO PRESO 
Trabalho de conclusão de curso, apresentado como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Direito no Curso de Direito da Faculdade de Direito do Sul de Minas.
Orientado: Prof. 
FDSM-MG
2015
	 Negrão, Ricardo Gomes.
O Sistema Prisional e a Ressocialização do Preso / Ricardo Gomes Negrão. Pouso Alegre: FDSM – MG, 2015.
 35 p.
 Orientador (a): 
Monografia – Faculdade de Direito do Sul de Minas, Graduação em Direito.
FACULDADE DE DIREITO DO SUL DE MINAS
O SISTEMA PRISIONAL E A RESSOCIALIZAÇÃO DO PRESO 
FACULDADE DE DIREITO DO SUL DE MINAS
Data da Aprovação _____/_____/_____
Banca Examinadora
________________________________________________________
Prof.(a) Dr.(a)
Orientador
_________________________________________________________
Prof.(a) Dr.(a)
_________________________________________________________
Prof.(a) Dr.(a)
Pouso Alegre-MG
2015
Dedico esse trabalho a minha família, que sempre esteve ao meu lado, torcendo pelas minhas conquistas.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por mais essa conquista em minha vida.
Quando alguém compreende que é contrário à sua dignidade de homem obedecer a leis injustas, nenhuma tirania pode escravizá-lo.
Mahatma Gandhi
RESUMO
NEGRÃO, Ricardo Gomes. O SISTEMA PRISIONAL E A RESSOCIALIZAÇÃO DO PRESO. 2015. 35f. Monografia (Graduação em Direito) – Faculdade de Direito do Sul de Minas. Pouso Alegre, 2015.
Atualmente a situação das penitenciárias no Brasil é extremamente precária, onde as penitenciárias e cadeias encontram-se superlotadas, em condições degradantes, mostrando um contexto que afeta toda a sociedade que recebe os indivíduos que saem desses locais da mesma forma como entraram ou até piores. Vale pontuar que é direito de todos os cidadãos, ainda que tenha cometido algum delito, serem tratados com dignidade e respeito, por isso, nesse contexto cresce a importância da adoção de políticas que de forma efetiva promovam a recuperação do detento no convívio social, seguindo uma ferramenta básica, a Lei de Execução Penal e seus dois eixos, que priorizam punir e ressocializar. A reabilitação do indivíduo no sistema prisional brasileiro não é eficaz, o que produz cada vez mais criminosos, não cumprindo com sua real função, onde se nota então a necessidade de reforma das instituições, a fim de permitir a realização de medidas que assegurem o retorno pacífico e pleno do indivíduo ao convívio social. O trabalho aqui apresentado trata do assunto, relatando a situação do sistema carcerário brasileiro, assim como a situação dos detentos e sua ressocialização e o papel dos agentes penitenciários, através de levantamento bibliográfico, com realização de pesquisas em livros e material eletrônico a fim de elucidar o tema proposto.
Palavras-chave: Penitenciárias; Ressocialização; Condenado.
ABSTRACT
NEGRÃO, Ricardo Gomes. O SISTEMA PRISIONAL E A RESSOCIALIZAÇÃO DO PRESO. 2015. 35f. Monografia (Graduação em Direito) – Faculdade de Direito do Sul de Minas. Pouso Alegre, 2015.
Currently the situation of prisons in Brazil is extremely precarious, where prisons and jails are overcrowded, in degrading conditions, showing a context that affects all of society that welcomes people who come out of these places just as entered or even worse. It is worth to point out that it is the right of all citizens, although it has committed any offense, be treated with dignity and respect, so in that context increases the importance of adopting policies that effectively promote the recovery of the detainee in social life, following a basic tool, the Penal Execution Law and his two axes that prioritize punish and re-socialize. The rehabilitation of the individual in the Brazilian prison system is not effective, which produces more and more criminals, not complying with its real function, which then note the need for institutional reform in order to allow for measures to ensure the return peaceful and full of the individual to social life. The work presented here deals with the subject, reporting the situation of the Brazilian prison system as well as the situation of prisoners and their rehabilitation and the role of prison guards, through literature, to conduct research in books and electronic material in order to elucidate the proposed theme.
Keywords: Prisons; Rehabilitation; Convicted.
1 INTRODUÇÃO
É cada vez mais frequente a discussão em torno da doutrina e da jurisprudência acerca da relativização da impenhorabilidade de verbas de origem salarial, considerando que o próprio fim da execução é a satisfação do credor. No Brasil, a lei não traz a possibilidade de penhora de dinheiro de origem salarial, onde o juiz não exerce a mera função de observar a literalidade da lei e amoldar a partir do caso concreto, assim como interpretar as normas jurídicas buscando sempre fazer com que os direitos fundamentais sejam respeitados.
A penhora tem como objetivo a apreensão de bens do devedor a fim de garantir uma divida, sendo um ato que se submete a expropriação judicial para quitação do débito que é reivindicado pelo credor. Theodoro Júnior (2009) corrobora citando que a natureza jurídica da penhora se explica de três maneiras, através de três correntes doutrinárias, sendo que, a primeira que considera a penhora como uma medida cautelar; a segunda que diz que o instituto em questão tem natureza de ato executivo; e a última corrente diz que a penhora mesmo com a natureza de ato executivo, tem efeitos conservatórios. 
A penhorabilidade de salários do devedor é uma situação possível quando é discutida a partir de um caso concreto, observando sempre os limites que são impostos, 5envolvendo a verba de natureza alimentar e a própria dignidade do devedor. É preciso salientar que o direito busca resolver os conflitos usando a ponderação e proporcionalidade dos interesses postos na forma de casos concretos. 
Por isso, observar que o devedor receba vultosa quantia em virtude do seu salário, e que essa quantia lhe proporciona uma qualidade de vida bem acima do normal e que do lado oposto exista um devedor necessitado do valor do débito é uma situação totalmente descabida e inaceitável, interpretação essa que pode ser vista como ofensa aos direitos fundamentais do credor entre os quais está presente o principio da dignidade humana.
De acordo com Theodoro Júnior (2009, p. 276) as funções da penhora podem ser discriminadas das seguintes formas: 
a) individualiza e apreende efetivamente os bens destinados ao fim da execução e que esteja a disposição judicial, através da entrega a um depositário; 
b) conservação dos ditos bens, o que evita sua deterioração ou desvio; e 
c) cria a preferência para o exequente, sem prejuízo das prelações de direito material estabelecidas anteriormente. 
Vale pontuar ainda que o devedor já não poderá mais realizar, livremente, a transferência de domínio ou posse de bens citados, sob pena de ineficácia perante o credor exequente, de todos os atos jurídicos que vier a praticar nesse sentido (THEODORO JÚNIOR, 2009).
Não é admissível que o salário mínimo ou o valor que ampare o devedor para a sua subsistência seja penhorada, mas somente um percentual de salários acima do necessário para preservação da dignidade do devedor. Os valores do salário que podem chegar a ser penhorados são os que se destinam a supérfluos, assim como o consumismo exagerado e a manutenção de alto padrão de vida, fora da natureza alimentar, no entanto, a cultura jurídica brasileira ainda se mostra arcaica e segue em discordância com a Constituição Federal (PUCHTA, 2010). 
Para Postarcki (2013) o tema em questão no Brasil ainda vive divergências, dividindo correntes, sendo que algumasprezam pela proibição total da penhora de qualquer valor da conta salarial do devedor, enquanto outras correntes entendem ser permissivo o bloqueio de parte do salário do executado para quitação de uma divida.
No entanto, vale salientar que a grande maioria se posiciona contra, pois se acredita que a maioria da população brasileira tem como única fonte de renda o salário, não tendo outra fonte de renda que seja passível de penhora. Por outro lado, a doutrina, de uma forma geral, entende que penhora salarial pode ser a única maneira de o credor exercer seu direito de cobrança, fazendo valer a justiça. Mesmo diante de tantas mudanças e o posicionamento doutrinário estar direcionado para a cobrança dessa dívida através da penhora do salário, o Supremo Tribunal ainda se mostra sempre favorável para o lado do devedor, deixando o credor com poucos recursos disponíveis para cobrança dos valores em haver (POSTARCKI, 2013).
Sem dúvida, ainda é uma discussão que divide opiniões, considerando que muitos casos concretos o devedor acaba sendo o único protegido pela vedação do artigo 649 do Código de Processo Civil, levando o magistrado a agir com cautela e ponderação sobre as garantias do devedor os direitos do credor. 
Percebe-se com esse estudo é que a penhora salarial precisa ser considerada em muitos casos, sendo revista com cautela, considerando cada caso em especial, obedecendo a balança jurisdicional para garantir a proteção do salário do devedor, e por outro lado, não se esquecendo da dignidade da pessoa humana do credor.
2 CONCEITO DE PENHORA
Cabe ao Estado, resultando em debates, o encargo de garantir a paz social e, chamar para si a responsabilidade de monopolizar mecanismos voltados à solução dos conflitos causados em função das transgressões da ordem jurídica. Diante disso, cabe ao judiciário intervir nesses conflitos, mediante a aplicação da legislação diante de casos concretos. 
No contexto processual, o instituto da penhora é visto como sendo um ato fundamental e principal do processo executório, considerando que existe uma individualização de um determinado bem pertencente ao devedor que haverá de ser expropriado pelo Estado, a fim de oportunizar a satisfação do crédito exequendo. ARTIGO 16
De acordo com Greco Filho (2000) a penhora é o ato de apreensão de bens com a finalidade de execução, dando início a um conjunto de medidas tendentes à expropriação de bens do devedor para pagamento de um credor. 
O mesmo autor define ainda:
se o devedor não pagar nem fizer nomeação válida, o oficial de justiça, após as 24 horas posteriores à citação (na prática esse prazo é sempre mais longo), o oficial de justiça penhorar-lhe-á tantos bens quantos bastem para o pagamento, juros, custas e honorários advocatícios (GRECO FILHO, 2000, p. 75). ARTIGO 7
Vale pontuar que a penhora sofreu e vem sofrendo mudanças significativas nas ultimas alterações realizadas no Código de Processo Civil (CPC) por isso, e para que se possa adentrar no mérito da impenhorabilidade prevista do direito processual é necessário buscar um entendimento sobre o instituto da penhora, considerando que é um ato executivo e coativo contra o devedor, sendo que o seu patrimônio responde pela dívida.
 A penhora precisa ser vista como uma apreensão e individualização de bens do devedor para emprega-los na satisfação do crédito do reclamante para o pagamento da obrigação inadimplida. ARTIGO 11
Segundo Barbosa Moreira a penhora pode ser justificada como “o ato pelo qual se apreendem bens para empregá-los, de maneira direta ou indireta, na satisfação do crédito exequendo” 4 . 
Por isso, a penhora pode ser apontada como um ato essencial do procedimento da execução por quantia certa contra devedor em questão. Considera-se ainda que este procedimento especial de execução tenha como mecanismo de satisfação do crédito do credor a expropriação de bens do devedor, onde a penhora configura-se como um instrumento fundamental para consecução da execução. ARTIGO 17
Neves (2010, p. 939) “a penhora tem o formato individualizado pois se considera que o bem do patrimônio do executado que passa a partir desse ato de constrição a se sujeitar diretamente à execução”. (NEVES, 2010, p.939) ARTIGO 11
Em concordância com o art. 831 do Novo CPC a penhora recair sobre bens quantos bastem para o pagamento do principal atualizado, incluindo os juros, custas e honorários advocatícios, obedecendo a uma ordem de preferência, onde o dinheiro pode estar em espécie, depósito ou aplicação em instituição financeira, como previsto no art. 835. 
É preciso considerar que nem todos os bens respondem por uma dívida, sendo necessário seguir a previsão legal em relação aos casos concretos, onde pode-se esclarecer que: 
Pela penhora, também, o credor adquire direito de preferência sobre bens. Recaindo mais de uma penhora sobre os mesmos bens, cada credor conservará o seu título e ordem de preferência. Trata-se de preferência processual, que não se confunde com o eventual privilégio civil do crédito. Essa preferência processual cessa se for instaurado o concurso universal de bens e credores contra o devedor comum, sendo-lhe decretada a insolvência (GRECO FILHO, 2000, p. 75). ARTIGO 7
Theodoro Júnior (2010) através da penhora, a responsabilidade patrimonial que, era genérica, acaba sofrendo um processo de individualização, mediante apreensão física, direta ou indireta, seja de uma parte determinada ou especifica do patrimônio do devedor.
Montenegro Filho 1 cita ainda que: 
A penhora é instituto que pertence ao direito processual, tendo por objetivo efetuar a apreensão de bens do patrimônio do devedor e/ou do responsável, com vista a permitir a posterior satisfação do credor, considerando que a execução por quantia certa contra devedor solvente é marcada pelo fato de ser expropriatória (art. 646 do CPC), atuando o Estado de forma substitutiva, mediante atos de sujeição impostos ao devedor, coma autorização para que o seu patrimônio seja invadido mesmo contra a sua vontade.
Neves 2 corrobora ainda citando que é por meio da penhora em que se faz a individualização de um determinado bem do patrimônio do executado, onde o mesmo passa a partir desse ato de constrição a se sujeitar à execução, incidindo ainda as implicações necessárias para os fins de satisfazer os interesses do credor na execução. ARTIGO 16
Observa-se ainda que é através desse ato pelo qual o Estado exerce seu poder para retirar da posse do devedor os bens suficientes para satisfazer a obrigação inadimplida. ARTIGO 11
Considera-se ainda que se não houver bens penhoráveis que sejam encontrados ou os mesmo sejam insuficientes, o oficial de justiça deverá relatar tal circunstância e devolver o mandado, citando tal fato na suspensão da execução. Vicente Greco Filho (2000) que ARTIGO 7
2.1 Bens impenhoráveis
De acordo com Donizetti (2014, p. 1052), “em princípio, todos os bens de propriedade do devedor ou dos responsáveis pelo débito (artigos 591 e 592), desde que tenham valor econômico, são passíveis de penhora”. 
Diante disso, o novo CPC prevê a impenhorabilidade de alguns bens, a saber:
Art. 833 - São impenhoráveis: 
I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução; 
II - os móveis, os pertences e as utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida; 
III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor; 
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal;
§ 2º; V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício da profissão do executado;VI - o seguro de vida; 
VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas; 
VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família; 
IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social; 
X - a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de 40 (quarenta) salários-mínimos; 
XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos por partido político, nos termos da lei; 
XII - os créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária, vinculados à execução da obra.
É preciso se refletir sobre a impenhorabilidade absoluta do salário, onde Mutim reflete sobre a possibilidade da penhora de salário frente ao paradigma jurídico atual, onde se sustenta que uma interpretação restritiva ou literal da Lei constante no art. 649 do CPC acabaria por violar do credor os mesmos princípios que afetam o devedor, como a dignidade humana, por exemplo. 
Neste sentido pode-se pontuar ainda que: 
Aquela interpretação canhestra e restritiva, sem dúvida, ofende inúmeros princípios constitucionais, tais como o princípio da dignidade da pessoa humana, da isonomia, da proporcionalidade, da razoabilidade, da economia e celeridade processuais, da razoável duração do processo e, até mesmo, o direito à inafastabilidade do judiciário. Isto, por óbvio, já que o crédito pode ter natureza alimentar para o sujeito ativo da obrigação, de modo que é importante a sua efetivação a fim de se alcançar justiça! 33 ARTIGO 17
3 PRINCÍPIOS
Mesmo antes de se adentrar na discussão acerca da impenhorabilidade dos vencimentos, é preciso discorrer acerca dos princípios jurídicos. É imprescindível também conceituar sobre o que são os princípios citados no Direito, como corrobora Marinela (2012, p. 25):
Assim, princípios são mandamentos de otimização, normas que ordenam a melhor aplicação possível, dentro das possibilidades jurídicas e reais existentes, portanto, a sua incidência depende de ponderações a serem realizadas no momento de sua aplicação. ARTIGO 15
Mello (2003a, p. 817-818) conceitua ainda que:
Princípio – já averbamos alhures – é, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico. É o conhecimento dos princípios que preside a intelecção das diferentes partes componentes do todo unitário que há por nome sistema jurídico positivo.
Pode-se considerar que os princípios são bases fundamentais do ordenamento jurídico, sendo de observância obrigatória por parte dos operadores do direito, quando frente a uma resolução de conflitos.
Vale pontuar ainda que a violação de um princípio é considerada um ato grave como cita Melo (2003b, p. 818): 
Violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer. A desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido, porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e corrosão de sua estrutura mestra. ARTIGO 15
3.1 Princípio da proporcionalidade
É necessário esclarecer que o texto Constitucional brasileiro não aponta uma previsão expressa a respeito do princípio da proporcionalidade, o que não impede seu reconhecimento, uma vez que o mesmo é uma imposição natural de qualquer sistema constitucional de garantias fundamentais. Na verdade, o princípio da proporcionalidade é elemento intrínseco e essencial a qualquer documento jurídico que visa buscar um Estado de Direito Democrático, baseado na preservação de direitos fundamentais. 62 ARTIGO 4
A simples observação do nomen iuris referente a este princípio já se mostra sugestivo, dando importância ao seu significado no estudo de penhora sobre salários. É um princípio que tem sua origem relacionada ao controle das atividades do Estado, como observa Giordani (2008, p. 36): 
Quanto ao princípio da proporcionalidade, sabemos que teve, de início, a missão de conter ou controlar a atividade do Estado, e a partir daí apresentando-se, de maneira firme, sólida e segura, como o meio adequado para resolver conflitos entre princípios, nos mais diversos ramos do direito. ARTIGO 12
O princípio da proporcionalidade aparece como o derivado do princípio da dignidade da pessoa humana, o que o fez ressurgir como princípio ordenador quando estiver diante do conflito de dignidades, onde o intérprete deve operar e examinar de forma concreta se algum direito ou princípio está em conflito com o da dignidade, encontrando um caminho para a solução desse impasse, considerando que a prevalência se dá pela dignidade. Rizzatto Nunes 64
Aí surge a proporcionalidade que surge para auxiliar na resolução, sempre com base na dignidade. No entanto, se o caso se revelar como um conflito de dignidades, então, nessa hipótese, aqueles elementos que compõem o princípio da proporcionalidade se voltam para possibilitar a solução do conflito. ARTIGO 4
O princípio da proporcionalidade surge como um instrumento de interpretação e deve ser traduzido num princípio de interpretação conforme a Constituição, sendo que, o julgador deve tentar preservar a validade do conteúdo da regra jurídica, sendo aplicada de acordo com a Constituição, considerando ainda a Lei Maior. Paulo Bonavides 71
Ainda é preciso pontuar que o juiz não poder esquecer que os direitos fundamentais autorizam os órgãos do Poder Judiciário a não aplicar as normas infraconstitucionais sempre que haja conflito entre a legalidade e a constitucionalidade. São direitos que surgem como parâmetro para a aplicação e interpretação das leis e, num eventual conflito entre lei e principio constitucional, sendo essenciais a fiscalização do poder judiciário e da aplicação do princípio da proporcionalidade. ARTIGO 4
Sendo assim, pode-se dizer que o princípio da proporcionalidade tem sido usada com frequência na aplicação do direito processual civil, sobretudo na execução, onde existem inúmeros conflitos entre o princípio da efetividade e o da dignidade da pessoa humana, sobretudo no que diz respeito aos poderes exercidos pelo magistrado. professor Fredie Didier (2013a, p. 61): ARTIGO 15
3.2 Princípio da dignidade da pessoa humana
No atual panorama constitucional o principal direito fundamental garantido é o da dignidade da pessoa humana, sendo que, a dignidade é o primeiro fundamento de todo o sistema constitucional, garantindo a proteção dos direitos individuais, onde a dignidade precisa ser considerada pelo intérprete da lei. 72 ARTIGO 4
Cármem Lúcia Antunes salienta que:
Com o acolhimento desse princípio, o Estado é obrigado a adotar políticas públicas inclusivas, ou seja, políticas que incluam todos os homens nos bens e serviços que os possibilitem ser parte ativa no processo socioeconômico e cidadão autor da história política (...). O Estado deve impedir que o homem se despoje do seu valor-fim e se veja recolhido às sombras socioeconômicas e políticas; que seja renegado pela sociedade e, como antes observado, veja-se repudiado pelos seus e, envergonhado de si mesmo, rejeite-se e se anule como cidadão.78 ARTIGO 4
Caram (2009, p. 118) corrobora ainda que:
Outro princípio que se relaciona a este e o faz tornar-se concreto é o do devido processo legal, art. 5°, inciso LIV: ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. É que o princípio insculpido no artigo 5º, inciso LIV, denota a ideia de proteção ao indivíduo na sociedade, por um processo judicial que deve ter, por essência, uma tramitação ordenada, deamplas manifestações contraditórias. Essa dialética processual lhe assegura o direito à liberdade e à propriedade, garantindo-lhe o direito à própria vida e, assim, prestigiando-lhe o atributo inerente que é a dignidade (CARAM, 2009, p. 118) ARTIGO 12
Pode-se dizer ainda que o principio da dignidade da pessoa humana engloba todas as dimensões dos direitos fundamentais, explicando o porquê de não se poder compreender as dimensões dos direitos fundamentais de modo isolado ou distante, promovendo a integração de todas elas. 80 ARTIGO 4
Assim, vale apontar também a definição a dignidade, como aponta Moraes 9:
A dignidade da pessoa humana é um valor espiritual e moral inerente à pessoa, que se manifesta singularmente na autodeterminação consciente e responsável da própria vida e que traz consigo a pretensão ao respeito por parte das demais pessoas, constituindo-se em um mínimo invulnerável que todo estatuto jurídico deve assegurar, de modo que apenas excepcionalmente possam ser feitas limitações ao exercício dos direitos fundamentais, mas sempre sem menosprezar a necessária estima que merecem todas as pessoas enquanto seres humanos. ARTIGO 16
Dante disso, a dignidade da pessoa humana não se submete a avaliação em face de outros princípios, sendo que o princípio da dignidade humana é subjacente a todos os direitos fundamentais, não havendo ponderação, porque é sempre o que informa e o que aponta. 
Por isso, a dignidade do homem é sempre o fim perseguido, e não pode ser apreendido como uma ideia individualista, mas precisa ser igualmente visualizada através da sociedade, em todos os seus aspectos. 83 ARTIGO 4
3.3 Princípio da efetividade 
É um princípio que busca através do provimento jurisdicional, que os direitos declarados no papel se tornem realidade como afirma Chiovenda “O processo deve dar, quanto for possível praticamente, a quem tenha um direito, tudo aquilo e exatamente aquilo que tenha direito de conseguir” (CHIOVENDA apud CAMARA, 2003, p. 152). ARTIGO 12
Percebe-se que o direito declarado, em muitas ocasiões, não se efetiva dentro da sociedade brasileira, o que acaba não se resolvendo de acordo com a lei, gerando um descrédito em relação ao Poder Judiciário. É preciso efetivar as reformas da legislação processual, que ocorrem para que mais pessoas possam usufruir do seu direito, em conformidade com a lei em decisões judiciais. ARTIGO 12
4 IMPENHORABILIDADE DO SALÁRIO – breve histórico e algumas considerações
Desde o ano de 1789, com a instituição da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, busca-se garantir a dignidade e satisfação de muitos princípios e direitos fundamentais dos homens. A citada declaração tratava-se de documento de cunho geral, com o objetivo era fomentar e instigar as nações a pensarem e preverem, em suas constituições os princípios básicos como liberdade e igualdade. A declaração previu ainda a instituição de um protagonismo das nações no sentido de criar o ambiente para discussão desses direitos. 1 . ARTIGO 18
Em 1850 surgiu também o Regulamento 737, que de início era aplicável somente às causas de natureza comercial, em sua parte segunda, com destaque ao seu artigo 529 que ditava que não podem ser absolutamente penhoráveis os ordenados e vencimentos dos magistrados e empregados públicos e os saldos e vencimentos dos militares, assim como os proventos das pessoas que trabalhavam no mar, além dos guarda-livros, feitores, caixeiros e operários. Incluía-se também as pensões, tenças e montepios, inclusive o dos Servidores do Estado. ARTIGO 20
Com o advento da Declaração Universal dos Direitos do Homem em 1948, muitos direitos e princípios ganharam contorno mais nítido, em especial no que tange à dignidade humana, assim como a viabilização desse princípio por meio do salário, como citavam os incisos do art. 23 da referida declaração:
1. Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à proteção contra o desemprego. 
2. Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual. 
3. Quem trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e satisfatória, que lhe permita e à sua família uma existência conforme com a dignidade humana, e completada, se possível, por todos os outros meios de proteção social. 
4. Toda a pessoa tem o direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de se filiar em sindicatos para a defesa dos seus interesses. 
Diante disso, pode-se apontar que o salário tem sua importância a muito tempo, assegurando igualdade, liberdade e dignidade aos cidadãos. Diante disso, o direito brasileiro também buscou garantir tais princípios por meio da valorização do salário, e com o tempo foi se construindo, de forma gradativa, uma cultura de valorização do salário, considerando, em especial suas funções sociais, como um fator que garante a satisfação das necessidades básicas e assegura a dignidade dos cidadãos. 
Através da instituição do salário mínimo pelo Governo Vargas, e posteriormente, com a evolução do direito trabalhista no Brasil, o salário foi ganhando cada vez mais relevância no âmbito das garantias fundamentais e finalmente, com a Constituição Federal do Brasil de 1988, em especial com vista ao inciso IV do art. 7º, tal garantia tornou-se um princípio e um direito social assegurado pelo Estado, como pode-se pontuar: 2
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: 
[..] IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim.
Diante de tudo isso, a lei nº 11.382/2006 surgiu como forma de atender ao disposto na Constituição Federal, dentre as alterações que promoveu no CPC, modificou o inciso IV do art. 649 do referido diploma legal, o que veio para ampliar o rol de bens impenhoráveis relacionados ao salário. 3 ARTIGO 18
Assim, o salário passou a ser protegido pela Carta Magna, vindo a atender à todas as necessidades básicas dos indivíduos, bem como de sua família, em seus termos do art. 7º, IV da CF/88: 
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: 
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; Contudo, não é essa a realidade de nossa sociedade. O salário mínimo, conforme previsto em lei, não consegue abarcar todo o rol mencionado, eis que o poder de compra dos salários mínimos percebido pelos trabalhadores, não reflete nessa capacidade aquisitiva que o texto legal prevê. ARTIGO 21
A partir daí houve toda uma evolução da importância do salário e do interesse em protegê-lo, apontando para um avanço rumo a um futuro moderno e promissor. Diante da salvaguarda do salário, por meio de princípios como a irredutibilidade no âmbito trabalhista e da impenhorabilidade, com o expresso reconhecimento da sua importância, buscou-se acima de tudo a preservação da dignidade da pessoa humana. Gelson Amaro de Souza 4
O princípio da impenhorabilidade salarial, presente no artigo 649, IV do CPC, afirma que a preocupação maior é preservar as receitas alimentares, e, portanto, mais básicas do devedor e sua família. Além disso, considera-se o espírito da civilização cristã, que defende que a execução não pode levar o executado e sua família à extrema ruína, gerando situações dissociadas da realidade da dignidade humana. Humberto Theodoro Júnior 6
Como se percebe, o salário de forma histórica passou a ganhar muita importância e relevância, sendoobjeto, direta ou indiretamente de várias proteções. Dentro das muitas proteções está a proteção específica à penhora sobre os salários, impedindo uma violação ao princípio da dignidade da pessoa humana, conquistado com muita luta social. ARTIGO 18
O tema impenhorabilidade no Brasil constitui um sistema rígido, sem a flexibilidade ou ponderação, muito menos um equilíbrio necessário, tanto na elaboração de leis como nas decisões nos casos concretos, onde as leis possuem defeitos e vícios extrínsecos, que maculam a ordem jurídica, o que a torna injusta. Anita Puchta (apud REGO, 2013)
Pode-se dizer, em suma, que é a própria ordem jurídica voltando-se contra si mesma. É preciso considerar que nenhum direito no ordenamento é absoluto, onde há necessidade que se ceda em um direito para observar outro. As normas de impenhorabilidade, como um todo, se mostram rígidas, ofendendo a dignidade humana e o direito fundamental de ação da vítima de ilícitos. ARTIGO 15
Antes de prosseguir a contrapontos da reflexão, cumpre aqui acertar a respeito das variadas formas remuneratórias que equiparadas a salário estarão sob o pálio e a merecer a proteção da impenhorabilidade. No artigo 100, §1ª-A da CF/88 tem-se que: 
Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou invalidez, fundadas na responsabilidade civil, em virtude de sentença transitada em julgado. 
Por outro lado o art. 649, IV do CPC compila as seguintes espécies remuneratórias com redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006: 
(…) os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, observado o disposto no § 3o deste artigo; ARTIGO 5
O fundamento para a preservação das parcelas salariais do devedor, assim como as outras regras de impenhorabilidade, como, por exemplo, a impenhorabilidade do bem de família, limitando-se aqui a apenas menciona - lá por não ser objeto do presente estudo, visa proteger a dignidade material da pessoa do devedor, através da manutenção de um patrimônio minimamente necessário para sua sobrevivência. Por isso os salários e rendimentos disposto no inciso IV do artigo 649, recebem a denominação pela Constituição Federal de natureza alimentar. 
Contudo essa regra precisa urgentemente ser relativizada, esquecendo aqui da prestação alimentícia posto que a própria lei processual já faz a exceção, pois considerar salários com altos rendimentos como bens impenhoráveis é um descaso para com o credor, titular de direitos violados, sobre o tema comenta Puchta (2010, p.128): 
Somente a verba que se destina, de certa forma, á dignidade do assalariado é que constitui verba alimentar. Altos rendimentos não são de natureza alimentar e necessitam, perfeitamente, ser penhorados. Com certeza com a introdução da penhora parcial de salários a crise na execução tende a ser cada vez menor, certamente não resolverá por completo, mas minimizará esse descrédito dado á tutela jurisdicional quando se fala em processo executório. ARTIGO 8
Atualmente, percebe-se na prática forense que o Poder Judiciário esta cada vez mais tendencioso a atenuar a impenhorabilidade absoluta dos salários, a fim de proporcionar um melhor efetivação do direito do credor.
A própria lei abrange uma exceção em relação à impenhorabilidade absoluta de salários em seu art.649, § 2o , quando a penhora for para pagar dívida de natureza alimentar. ARTIGO 11
Em análise ao art. 649 do CPC, podemos analisar que o salário é impenhorável, no entanto o próprio dispositivo 649, em seu parágrafo segundo, estabelece uma exceção a essa regra, permitindo a penhora de valores, mesmo decorrentes de salário, para o pagamento de prestação alimentícia. Aliado a isso, já entendeu o Superior Tribunal de Justiça que, em princípio, é inaceitável a penhora salarial, no entanto ao entrar na esfera de disponibilidade do devedor sem que a verba tenha sido consumida na sua totalidade para o suprimento de suas necessidades básicas, concluiu-se que a verba perde seu caráter alimentar, tornando-se penhorável. ARTIGO 13
Tal posicionamento tem fundamento lógico, visto que, caso não se quebre o absolutismo que envolve a regra de impenhorabilidade, certamente se trará graves ao credor, agravando-se ainda mais quando os créditos possuírem natureza alimentar como se dá no caso dos decorrentes de honorários de profissionais liberais, etc. em que pese ter o devedor o direito humano ao mínimo necessário à sua existência, todavia, selar a impenhorabilidade dos salários com o rótulo do absolutismo é privar o credor de seu direito também ao mínimo existencial. Daí a necessidade de ponderação quando da resolução de quizilas dessa natureza. ARTIGO 15
A lei brasileira prevê apenas duas exceções à impenhorabilidade dos vencimentos e salários do devedor. São as que estão previstas nos §§ 1º e 2º do art. 649 do Código de Processo Civil, que assim está redigido:
§ 1º A impenhorabilidade não é oponível à cobrança do crédito concedido para a aquisição do próprio bem.
§ 2º O disposto no inciso IV do caput deste artigo não se aplica no caso de penhora para pagamento de prestação alimentícia.
O professor Cândido Rangel Dinamarco (apud REGO, 2013) leciona no sentido de que as impenhorabilidades devem ser relativizadas, principalmente utilizadas para proteger aquele devedor que não honra com o pagamento de seu crédito e continua mantendo o mesmo padrão de vida:
É preciso estar atento a não exagerar impenhorabilidades, de modo a não as converter em escudos capazes de privilegiar o mau pagador. A impenhorabilidade da casa residencial, estabelecida pela Lei do bem de Família (Lei n. 8009, de 29.03.1990), não deve deixar a salvo uma grande e suntuosa mansão em que resida o devedor, o qual pode muito bem alojar-se em uma residência de menor valor. ARTIGO 15
O principal objetivo da impenhorabilidade salarial é a proteção da dignidade do devedor, para que não tenha a sua subsistência afetada em função de dívidas feitas sem a devida precaução. Ocorre que, tal proteção quando é absoluta faz com que o devedor se beneficie desta proteção e continue prejudicando inúmeros credores, os quais não terão o seu crédito adimplido porque sempre encontrarão como barreira a penhorabilidade salarial. O devedor, por sua vez, poderá contrair novas dívidas sem qualquer punição por tal ato. ARTIGO 15
5 DA POSSIBILIDADE DE PENHORA SALARIAL
Conforme capítulo anterior, por meio inciso IV, do art. 833 do Novo CPP, os salários são impenhoráveis. Todavia, há exceção para a execução de pagamento deprestação alimentícia, assim como aborda Vicente Greco Filho: Dadas as peculiaridades da obrigação alimentícia e inclusive o texto constitucional (CF, art. 5°, LXVII), que autoriza a prisão do responsável pelo inadimplemento de obrigação alimentar, o Código de Processo prevê medidas especiais executivas com a finalidade de satisfazer o credor de prestação dessanatureza (2000, p. 97). ARTIGO 7
Via de regra, atendendo os preceitos legais as verbas salariais são absolutamente impenhoráveis, conforme prevista no artigo 649, IV, do Código de Processo Civil: São absolutamente impenhoráveis: (...) os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios, as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, osganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, observado o disposto no §3º deste artigo. Referida norma foi apresentada pelo legislador com intuito de preservar os meios necessários à subsistência do executado, abrindo uma exceção apenas no que condiz a penhora de caráter alimentar. ARTIGO 13
Conforme entendimento de alguns Tribunais é possível a penhorade valores postos em conta bancária destinada ao recebimento de salário, proventos ou pensão, desde que limitada ao percentual de 30% e desde que não haja outros meios de satisfação da divida executada. Não há dúvidas que a penhora em dinheiro é o é o meio mais viável para garantir a celeridade e a efetividade processual e o bloqueio do percentual de 30% certamente não prejudica a sobrevivência do devedor, conforme jurisprudência abaixo:
TJDFT – ACÓRDÃO - 480.791 - AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSO CIVIL. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. PENHORA DE CONTA SALÁRIO. POSSIBILIDADE DESDE QUE EM PERCENTUAL RAZOÁVEL, LIMITADO A 30% DOS RENDIMENTOS E CONTANTO QUE NÃO COMPROMETA A DIGNIDADE DO SUSTENTO DO DEVEDOR. 1- A jurisprudência desta e. Corte vem entendendo que, com o escopo de imprimir celeridade e efetividade ao processo de execução, é possível a penhora de 30 % dos rendimentos do executado, desde que não esteja comprometida a dignidade de seu sustento. 2- O comprometimento de 97% da remuneração do executado coloca em risco a sua subsistência, ofendendo o princípio da dignidade da pessoa humana. (Agravo de Instrumento nº 2010.0020182004 AGI. Julgado em 09 de Fevereiro de 2011).
Vale frisar que há precedentes do STJ no sentido de que não é possível a penhora mensal em conta corrente destinada ao recebimento de salário, quando aquela representar onerosidade excessiva ao executado, haja vista que a execução deve se processar da forma menos gravosa para o devedor. 
Atento a isso, o legislador, na recente Reforma Constitucional, por meio da Emenda nº 45/2004, inseriu como direito individual a duração razoável do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação, art. 5º, inc. LXXVIII, da CF. Transcrevo, in verbis, o referido dispositivo: 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade da sua tramitação. Por óbvio que a penhora do numerário será meio mais apto a garantir a celeridade e a efetividade pretendida pelo credor. Não é demais ressaltar que o executado encontra-se em mora e que a postergação injustificada do pagamento da dívida prejudica demasiadamente os credores. ARTIGO 13
Importante mencionar que as decisões permitem que apenas 30% (trinta por cento) do salário mensal do executado seja disponibilizado para quitação da dívida trabalhista. Referido valor deverá ser descontado mês pós mês até o integralidade dos valores cobrados. Com efeito, permite a observância mais completa dos princípios de proteção em conflito, que visam a garantir um mínimo necessário à sobrevivência digna tanto do credor, quanto do devedor.
Para que se atenda ao principio da igualdade se faz necessário a restrição a um direito fundamental para o atendimento a outro direito fundamental de idêntica importância, elemento indispensável ao exame da proporcionalidade. ARTIGO 1
No Brasil, um dos maiores entraves para a efetividade do processo de execução é a difícil localização de bens penhoráveis do devedor. Portanto, o instituto legal da impenhorabilidade como regra geral sem a devida limitação, auxilia na atual crise do processo de execução omissivo e ensejador de lesão a direitos fundamentais.129
Para Cândido Rangel Dinamarco:
(...) Pelo aspecto da relevância social da tutela jurisdicional, é imperioso mitigar as impenhorabilidades, adequando as previsões legais ao objetivo de proteger o mínimo indispensável à vida. Não se legitima, por exemplo, livrar da execução um bem qualificado como impenhorável, mas economicamente tão valioso que deixar de utilizá-lo in executivis seria um inconstitucional privilégio concedido ao devedor.130 ARTIGO 4
Vale ressaltar, que grande parte da população brasileira é concebida de assalariados que possuem como única fonte de renda os rendimentos mensais do trabalho. Evitar que os salários dessas pessoas sejam passíveis de penhora, certamente tornara ineficaz o processo de execução.
Frente a isto, importante se faz, buscar uma sensatez entre a regra da impenhorabilidade salarial e a satisfação do direito de crédito do credor. É inadmissível que o devedor assalariado economize suas aplicações e depósitos bancários, sem sofrer qualquer diminuição em seu patrimônio, enquanto o alimentado sofra arduamente pela insuficiência alimentar.
O devedor não pode ser selado com imunidade absoluta das verbas de origem salarial, eis que além de ser injusta para o credor necessitado, cria uma certa proteção processual ao devedor, criando uma sensação de ineficiência do poder judiciário. ARTIGO 1
Marcelo Pires Lima, sobre admissibilidade da penhora de percentual dos salários, expõe que:
No caminho que sugere a doutrina brasileira este estudo defende a necessidade de mudar o sistema executivo, de maneira a permitir com algumas modificações a satisfação executiva sendo que, o princípio da proporcionalidade, com ou sem modificações, deve sempre ser empregado e, em especial no tocante a questão da admissão da penhora.133
Estabelecer a penhora sobre parte do salário do devedor atende aos propósitos legais, pois ao passo que garante ao credor o recebimento de sua dívida também preserva um percentual razoável à dignidade do devedor, preservando ainda a eficácia da jurisdição.134 Portanto, a penhora de percentual dos salários dos devedores é algo que se impõe nos dias atuais, visto que existe a “necessidade de combater com todas as forças certos absurdos entraves à efetivação da tutela jurisdicional, em prol da moralização do processo executivo e de sua severíssima condução com vista aos resultados a obter.”135 ARTIGO 4
5.1 Decisões significativas e jurisprudências
Hodiernamente é possível encontrar vários julgados pela penhora parcial de vencimentos, notadamente quando se trate de crédito de natureza alimentar. Na maioria dos casos, utilizam os magistrados que assim procedem, a aplicação analógica do disposto nos Incisos I e III do art. 3º da Lei do Bem de Família (Lei 8.009/1990), que assim dispõe:
Art. 3° A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciário, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:
I. em razão dos créditos de trabalhadores da própria residência e das respectivas contribuições previdenciárias; [...]
III. pelo credor de pensão alimentícia; [...]
Como não poderia ser diferente em uma sociedade que paulatinamente sofre mudanças no contexto social, requerendo do direito uma acomodação aos fatos que se insurgem dos anseios da população, a jurisprudência vem evoluindo no sentido de permitir a penhora parcial de vencimentos, tendo utilizado como limite a porcentagem de 30% (trinta por cento) desta verba. É o que se extrai de alguns dos julgados do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, in verbis:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO. PENHORA ON LINE. SISTEMA BACEN JUD. LEGALIDADE. Nos termos do artigo 655-A do CPC, “para possibilitar a penhora de dinheiro em depósito ou aplicação financeira, o juiz, a requerimento do exeqüente, requisitará à autoridade supervisora do sistema bancário, preferencialmente por meio eletrônico, informações sobre a existência de ativos em nome do executado, podendo no mesmo ato determinar sua indisponibilidade, até o valor indicado na execução. Consiste o BACENJUD em um sistema de informática desenvolvido pelo Banco Central, o qual hoje possibilita aos magistrados darem efetividade ao artigo 655-A, solicitando, por meio eletrônico, informações acerca da movimentação financeira dos clientes das instituições financeiras e determinando, também por meio eletrônico, o bloqueio de contas-correntes ou qualquer conta de investimento. A absoluta impenhorabilidade da verba salarial do executado diz respeito à vedação de desconto em folha. Depositado em conta-corrente, não continua intangível, podendoser objeto de penhora on line, sobretudo se inexistirem outros meios para a satisfação do crédito. Entender de modo diverso equivaleria a fomentar o enriquecimento ilícito do devedor. Contudo, a penhora integral de conta-salário mostra-se excessiva. Mais razoável é que a constrição recaia somente sobre o percentual de 30% (trinta por cento) dos valores decorrentes de salário, de forma a não acarretar onerosidade excessiva ao devedor, tampouco ofensa ao artigo 649, inciso IV, do Código de Processo Civil. Agravo conhecido e não provido. (Processo nº 20090020042864 AGI, Relator ANA MARIA DUARTE AMARANTE BRITO, 6ª Turma Cível, julgado em 10/06/2009, DJ 17/06/2009 p. 84)
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. PENHORA. DINHEIRO. CONTA-CORRENTE. LIMITE DE 30% (TRINTA POR CENTO). POSSIBILIDADE.DINHEIRO1. A PENHORA DE SALDO DE SALÁRIO LIMITADA A 30% (TRINTA POR CENTO) DO VALOR CREDITADO É ACEITÁVEL QUANDO NÃO HOUVER OUTROS MEIOS DE SATISFAÇÃO DO CRÉDITO DO EXEQÜENTE E NÃO CAUSE PREJUÍZO À SOBREVIVÊNCIA DO DEVEDOR. ADEMAIS, TAL CONSTRIÇÃO ESTÁ EM CONSONÂNCIA COM O DISPOSTO NO ART. 655 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.655CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL2. RECURSO DESPROVIDO. (128007920098070000 DF 0012800-79.2009.807.0000, Relator: JOÃO MARIOSA, Data de Julgamento: 10/03/2010, 3ª Turma Cível, Data de Publicação: 20/05/2010, DJ-e Pág. 75)
Apesar de ainda ser um ponto em que são poucos os que ousam discutir acerca do assunto, contudo, percebe-se que o Poder Judiciário tem entendido que, levando-se em conta as peculiaridades de cada caso, há a possibilidade de relativização da impenhorabilidade dos vencimentos e salários, com o fim de efetivação da jurisdição.
Ainda que em poucas linhas, percebe-se que a penhora vem recaindo sobre o percentual máximo de 30% (trinta por cento) do valor dos vencimentos e salários, utilizando-se o operador do direito responsável por dizer o direito dos princípios da proporcionalidade e o da menor onerosidade da execução e o da efetividade. ARTIGO 15
6 LEIS E PROJETOS DE LEIS EM RELAÇÃO A PENHORA SALARIAL
6.1 Projeto de Lei 4.497/2004 e o veto quanto a penhora salarial
A preservação das parcelas salariais do devedor, assim como as outras regras de impenhorabilidade de determinados bens, tem, portanto, esse caráter de preservação da dignidade material da pessoa do devedor, através da manutenção de um patrimônio minimamente necessário para a sua sobrevivência digna. Foi a concepção da necessidade de manutenção das condições mínimas de dignidade material do devedor que levou o legislador do Código de 73 a criar a regra da impenhorabilidade remuneratória disposta no inc. IV do art. 649. ARTIGO 14
Registre-se, no entanto, que mesmo na origem da criação dessa regra, o ideal pretendido pelo legislador foi o de estabelecer um equilíbrio justo entre a necessidade de satisfação do direito do exeqüente e a preservação da dignidade material do executado. A preocupação foi a de evitar que o processo de execução possa levar o devedor a um estado de extrema dificuldade em sua sobrevivência, daí o impedimento quanto à expropriação de determinados bens. O instituto da impenhorabilidade sempre teve essa nota característica, de manter com o devedor apenas o mínimo necessário para sua sobrevivência digna. ARTIGO 14
Com a constitucionalização do direito civil, os direitos fundamentais passaram a irradiar seus efeitos a todos os ramos do direito, inclusive às relações privadas, entre Estado e particular e entre particular e particular1 , garantindo uma maior proteção à pessoa humana, em busca da concretização de uma sociedade mais solidária e justa. Como reflexo do Estado Democrático Social de Direito, tivemos a primazia das relações sociais sobre as patrimoniais. 
Afinal, a função do direito é, principalmente, proteger a pessoa, regulando as relações sociais. Nesse sentido são os ensinamentos de Luiz Edson Fachin: "O ordenamento jurídico tem como suprema missão a tutela da pessoa, possibilitando a convivência dos homens, uma pacífica vida comunitária regida por normas obrigatórias. (...) A valorização da solidariedade traz a socialização do Direito, sendo que esse processo carrega em si a ideia de função social inerente à estrutura das instituições jurídicas - em especial a propriedade, que é funcionalizada ao interesse social”2 . ARTIGO 19
Objetivando criar uma norma regulamentadora para a penhora salarial, fui instaurado o Projeto de Lei (PL) 4.497/2004, que gerou a Lei 11.232/2006, o qual possuía seu texto o seguinte conteúdo quanto às penhorabilidades:
Art. 649 [Omissis]
§ 3o Na hipótese do inciso IV, será considerado penhorável até quarenta por cento do total recebido mensalmente acima de vinte salários mínimos, calculados após efetuados os descontos de imposto de renda retido na fonte, contribuição previdenciária oficial e outros descontos compulsórios.
(NR)
Art. 650. Podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e rendimentos dos bens inalienáveis, salvo se destinados à satisfação de prestação alimentícia.
Parágrafo único. Também pode ser penhorado o imóvel considerado bem de família, se de valor superior a mil salários mínimos, caso em que, apurado o valor em dinheiro, a quantia até aquele limite será entregue ao devedor, sob cláusula de impenhorabilidade. ARTIGO 1
No entanto, inusitadamente referido projeto foi vetado pelo ex-presidente Lula ao sancionar a Lei 11.382/06. Em suas razões do veto, argumentou que a implantação da lei que autorizasse a penhora salarial quebraria a tradição normativa brasileira da impenhorabilidade da remuneração. Explicou ainda que referido projeto deveria ser debatido e estudado com mais profundidade pela comunidade jurídica.
Referido veto contrariou grande parte da doutrina e da comunidade jurídica, eis que, com o veto do projeto de lei acima dissertado, observa-se ter havido um retrocesso na justiça brasileira, tendo em vista que referida lei se aprovada traria maior satisfatividade e celeridade ao processo de execução. ARTIGO 1
Seguindo o mesmo norte Marinoni não se convenceu do veto presidencial demonstrando sua repudia para tal ato:
A justificativa do veto, pouco convincente, não contribui em absolutamente para o equilíbrio das relações humanas” e completa ao comentar que Tanto credores quanto devedores devem ser protegidos de forma unânime, justa e equilibrada. Diante de tudo isso, os vetos impostos pelo senhor Presidente da Republica através da Mensagem n° 1047, além de não atender aos fins sociais, vai contra o maior objetivo da reforma do judiciário que é celeridade e efetividade jurisdicional (2008, p. 639). ARTIGO 1
Caso não bastasse a repudia maciça da doutrina para com o veto presidencial, argumentam ainda que o fato do projeto lei ter sido aprovado por deputados e senadores já seria suficiente para sua aprovação junto ao Presidente da Republica. A Lei federal 11.382/2006 implementou fortes mudança no ordenamento processual civil e na tentativa de firmar efetiva prestação à tutela jurisdicional foi inconstitucionalmente impedida pela Presidência da República através de veto. 
Os Tribunais Superiores (STJ, TST) e vários tribunais estaduais em muitas decisões têm demonstrado posicionamento na esteira do veto, i.e., impregnados de um positivismo em que a regra legal baliza os princípios constitucionais. Demonstra interpretar a lei na sua literalidade em manutenção de um dogmatismo que deve ser extirpado do mundo jurídico do País. ARTIGO 5
Irredutível ao veto presidencial do Projeto Lei 4494/2004 o Deputado Federal Sérgio Barradas Carneiro (PT), apresentou um novo Projeto Lei (PL 8046/10) o qual defende a permissão de penhora salarial para quitação de dívidas até o patamar de 30% do rendimento mensal do devedor que exceder seis salários mínimos, calculados após descontos obrigatórios (Imposto de Renda, contribuição previdenciária e pensão). Segundo o deputado referido mecanismo possibilitara a efetividade das decisões judiciais sem prejudicar o executado, que não terá seu salário totalmente atingido pela norma. ARTIGO 13
Ocorre, entretanto,que a parcela do patrimônio a ser preservada deve ser "efetivamente o mínimo necessário à sobrevivência digna, e não a manutenção do padrão de vida do devedor, muitas vezes impossível de ser mantido quando diante da obrigatoriedade de honrar seu compromisso" [05]. Se o fundamento da regra da impenhorabilidade pressupõe que se evitem sacrifícios patrimoniais exagerados, por outro lado não pretendeu exageros de liberalização. A norma deve ser interpretada dentro de um indispensável plano de equilíbrio entre a concepção humanitária da preservação das condições mínimas de dignidade material do devedor com a necessidade também relevante de se garantir a efetividade da tutela jurisdicional executiva. ARTIGO 14
Sendo assim, ainda não consta expresso em nossa legislação autorização para penhora salarial, que de certa forma é considerada verba de natureza alimentar e que por isso só pode ser comprometido nos casos de não pagamento de pensão alimentícia. Entretanto, como demonstrado no presente trabalho a Justiça em alguns casos tem admitido a penhora do pagamento de outras naturezas, tais como títulos creditórios, dívidas bancárias, entre outras, deixando uma incógnita quanto a possibilidade ou não do desconto salarial para quitação de divida. ARTIGO 13
Muito embora existam regras claras no ordenamento jurídico que imprimam que determinados bens, como o salário, são absolutamente impenhoráveis, o direito, enquanto ciência humana que não se submete à rigidez desse caráter absolutista, na resolução de problemas, deverá sempre se ter como ponto de partida a ponderação de valores que serão analisados em cada caso em concreto, evitando-se assim que certos bens, direitos e princípios sejam levados à máxima em detrimento de outros, quando a proporcionalidade é primado que também deve orientar o Estado na condução da prestação jurisdicional 13 . ARTIGO 16
Certamente os Projetos Leis apresentados poderiam contribuir para a efetividade jurisdicional e não contrariariam os princípios constitucionais, na medida em que o legislador estaria buscando meios eficazes para viabilizar o adimplemento de dividas, já que os atuais instrumentos têm sido falhos frente às inúmeras possibilidades de fraudes à execução. ARTIGO 13

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