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27/06/2020 1 Diagnóstico e tratamento do tromboembolismo arterial em gatos Profa. Dra. Paula Itikawa Professora da Universidade Cruzeiro do Sul Instituto Veterinário de Imagem (IVI) e Hospital Pet Care Conselheira Fiscal da Sociedade Brasileira de Cardiologia Veterinária (SBCV) Junho/202027/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa Tópicos • Tromboembolismo Arterial em Gatos • Aspectos Clínicos • Patofisiologia • Diagnóstico • Tratamento • Prognóstico • Profilaxia 27/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa 27/06/2020 2 • Tromboembolismo arterial (TEA) é uma interrupção súbita do fluxo sanguíneo arterial causado por um material tromboembólico que é originado em sítio distante • Leva ao infarto dos tecidos irrigados por este leito arterial • Sítio original da formação do trombo: –embolismo cardiogênico ocorre tipicamente dentro do átrio ou aurícula esquerdos dilatados Hoogan 2014; Ware, 2010 Tromboembolismo arterial em gatos 27/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa Tromboembolismo arterial em gatos • Embolisa em sítios distantes –trifurcação aórtica => oclusão abrupta do suprimento sanguíneo para os membros pélvicos => isquemia de grandes grupos musculares • Condição patológica principal: aumento de átrio esquerdo + estase sanguínea + lesão endocárdica =>formação de substrato para o trombo 27/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa 27/06/2020 3 Aspectos Clínicos • Paresia aguda de membros pélvicos com ausência de pulso femoral palpável • Os tromboembolos podem também se alojar na artéria renal, mesentérica ou pulmonar causando falência desses órgãos e morte. • Em caso de êmbolos cerebrais, pode ocorrer convulsões e déficits neurológicos FUENTES, 201227/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa • Mas também pode se alojar nas artérias ilíaca, femoral, renal e a braquial • Trombo: obstrução + liberação de substâncias vasoativas que induzem a vasoconstricção e comprometem o desenvolvimento de fluxo sanguíneo colateral ao redor dos vasos obstruídos => isquemia e inflamação • Membros afetados desenvolvem neuropatia isquêmica => disfunção e degeneração nervosa + alterações patológicas no tecido muscular associado Aspectos Clínicos HOGAN, 2015 27/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa 27/06/2020 4 Aspectos Clínicos • Paresia aguda de membros pélvicos com ausência de pulso femoral palpável • Os tromboêmbolos podem também se alojar na artéria renal, mesentérica ou pulmonar causando falência desses órgãos e morte. • Em caso de êmbolos cerebrais, pode ocorrer convulsões e déficits neurológicos FUENTES, 201227/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa Fisiopatologia • Saudável: equilíbrio – formação e dissolução de trombos • O endotélio intacto normal possui fatores: –antiplaquetários –anticoagulantes – fibrinolíticos Ware, 2007; Hogan, 2015 Fuentes, 2012 27/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa 27/06/2020 5 Tríade de Virchow Hoogan, 2015; Ware, 2007 • Lesão endotelial • Estase sanguínea • Estado de hipercoagulação 27/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa Fonte: Ware, 200727/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa 27/06/2020 6 Estudos retrospectivos Smith et al., 2003 Borgeat et al., 2014 27/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa Smith et al., 2003 • 127 gatos com TEA • Incidência de 0,57 ou 1:175 casos novos • Machos foram mais afetados (67%) CMH • Idade 8,6 ± 4,2 anos • 81% gatos SRD • Raças: Absínio, Birbanes e Ragdoll • Em 76% dos casos foi a primeira manifestação • 72% dos casos afetou ambos membros • Achado prodrômico: êmese em 16 Borgeat et al., 2014 • 250 gatos com TEA • Prevalência de 0,3% • Machos 57,4% • Idade média 12 anos (1 a 21 anos) • 92% gatos sem pedigree • CMH diagnosticado previamente 11,6% • Hipertireoidismo diagnosticado previamente 6,8% 27/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa 27/06/2020 7 Smith et al., 2003 Borgeat et al., 2014 27/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa Smith et al., 2003 27/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa 27/06/2020 8 • Hipotermia retal, principalmente quando era afetado ambos os membros profundo choque • Aumento da frequência respiratória dor (respiração com boca aberta) • Associação com ICC – realizar RX • Sopro, ritmo de galope e arritmias • Êmese em 10,8%(Borgeat, 2014) (Smith: 16%) 27/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa Ecocardiograma • Ecocardiograma • Avaliar presença de cardiomiopatia • Presença de trombos intracardíacos e/ou presença de contraste espontâneo (“smoke”) 27/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa 27/06/2020 9 Laboratorial • Azotemia – Pré-renal: má-perfusão / desidratação – Renal: embolização das artérias renais ou nefropatia pré- existente • Acidose metabólica • Anormalidade eletrolítica – Principalmente redução de Na, Ca e K e aumento de P – Hipercalemia: secundária à lesão muscular isquêmico e a síndrome da reperfusão 27/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa • Aumento de ALT e AST – início nas primeiras 12 horas após o TEA e atinge o máximo em 36 horas após a TEA • Aumento de lactato desidrogenase e creatina quinase (CK) – aumento rápido que permanece elevado por semanas • Geralmente o gato apresenta perfil normal de coagulação, mas a realização inicial é importante para o acompanhamento posterior do tratamento. 27/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa 27/06/2020 10 Mensuração lactato • Accutrend Plus - Roche 27/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa Tratamento • Visa: –Controle da dor – ICC e as arritmias –Prevenir a extensão do êmbolo e a formação de novos trombos –Melhorar o fluxo sanguíneo –Tratamento suporte 27/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa 27/06/2020 11 Controle da dor Fonte: Fuentes, 201227/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa Tratamento da ICC Fonte: Fuentes, 201227/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa 27/06/2020 12 Objetivos da terapia • 1- Estabilizar o paciente com tratamento suporte – Manter perfusão tecidual • 2- Prevenir a extensão do trombo e outros eventos tromboembólicos – Terapia anticoagulante – Terapia antiplaquetária (ex. Aspirina e Clopidogrel) • 3- Reduzir o tamanho do coágulo existente – Terapia fibrinolítica (ex. estreptoquinase e fator ativador de plasminogênio) – Uso em casos específicos 27/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa Prevenir a extensão do trombo e outros eventos tromboembólicos • Terapia anticoagulante –Heparina não fracionada –Heparina de baixo peso molecular 27/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa 27/06/2020 13 Heparina não fracionada • Indicada para limitar a extensão dos trombos e na prevenção de outros. Não promove a trombólise! • Efeito: ativação de AT (ativador de plasminogênio) que por sua vez, inibe os fatores IX, X, XI e XII e a trombina – liga- se na AT e na trombina => inibe a ativação intrínseca da cascata de coagulação • Também estimula a produção de inibidor do fator tecidual => inibe a ativação extrínseca da cascata de coagulação FUENTES, 2012; HOGAN, 2015 27/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa Heparina não fracionada • Risco de sangramento • Administração IV ou subcutânea –nunca IM (hemorragia no local de aplicação) • Realizar coagulograma antes e durante o tratamento 27/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa 27/06/2020 14 Coagulograma UNIDADE CANINO FELINO Contagem de plaquetas 103/mm3 200 – 600 100 – 350 Tempo de protrombina (TP) Segundos 6,8 – 10,2 8,2 – 11,0 Tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPA) Segundos 10,7 – 16,4 30 – 50 Fibrinogênio mg/dL 200 – 400 200 – 400 Amostra de sangue total em tubo contendo citrato de sódio Fonte: Serviço de Anestesia do HOVET – FMVZ/USP27/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa Acompanhamento: heparina não fracionada • Realizar coagulograma seriado até atingir 1,5 a 2,0 vezes o tempo basal – TTPA • O tempo de ativação de coágulo não é recomendada para monitorar a terapia com heparina • O sulfato de protamina pode ser utilizado para neutralizar o sangramento induzido pela heparina • 1,0 – 1,5 UI para cada 100 UI de heparina administradas IV em infusão por 60 minutos –Protamina ampola com 1000UI/ml – Guia Terapêutico Veterinário (Viana, 2003) WARE, 2007; HOGAN, 2015 27/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa 27/06/2020 15 Acompanhamento: heparina não fracionada • Plasma fresco: reposição de AT-III • O tratamento com heparina deve ser continuado até a estabilidade do paciente e tenha sido estabelecido o tratamento antiplaquetário WARE, 2007; HOGAN, 2015 27/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa Heparina de baixo peso molecular • Alternativa segura • Alto custo • Devido ao pequeno tamanho, impede a ligação simultânea com a AT e a trombina • Eficazes contra o fator Xa • Maior biodisponibilidade e meia-vida • Não alteram os tempos de coagulação • Ainda não há estudos que determinem o protocolo FUENTES, 201227/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa 27/06/2020 16 Doses • Heparina não fracionada – CÃO: 200-300UI/kg/IV (bolus inicial) => 200 a 250 UI/kg/SC/TID a QID – GATO: 250-375UI/kg/IV (bolus inicial) => 150 a 250 UI/kg/SC/TID a QID • Enoxiparina – Cão e gato: 1 a 1,5mg/kg/SC/BID – Clexane 20mg/seringa com 0,2ml R$ 38,00 (duas seringas) – Clexane 40mg/seringa com 0,4ml R$ 75,00 (duas seringas) • Deltaparina – Cão e gato: 100UI/kg/SC/BID – Fragmin 2500UI/seringa com 0,2ml R$ 12,00 (seringa) HOGAN, 201527/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa Fonte: Ware, 2007; Fuentes, 2012 Heparina Heparina de baixo peso molecular 27/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa 27/06/2020 17 Prevenir a extensão do êmbolo e a formação de novos trombos Fonte: Fuentes, 201227/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa Aspirina • Bloqueador da ativação e da agregação plaquetária • Inibe de forma irreversível a ciclooxigenase => diminui síntese de prostaglandina e tromboxano A2 • Benefício para se evitar a formação do trombo • Ainda não se sabe para o tratamento da TEA • Experimentalmente: também melhora a circulação colateral • Iniciar SOMENTE após início da ingestão de alimento!!!!27/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa 27/06/2020 18 Melhorar o fluxo sanguíneo • Terapia trombolítica • Promover a circulação colateral –Não utilizar propanolol! – ef. antitrombótico • Beta bloqueador não seletivo => contribui para a vasoconstricção periférica –Não utilizar acepromazina • Efeito alfa-adrenérgico – melhora na circulação colateral => causa hipotensão e exacerba da obstrução do fluxo da via de saída de VE 27/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa Terapia trombolítica • Estreptoquinase, uroquinase e ativador do plasminogênio tissular recombinante humano (rt- PA) • Aumentam a conversão do plasminogênio => plasmina - facilitando a fibrinólise • Poucos estudos na veterinária • Devem ser instituídos em até 6 horas após a ocorrência da TEA (18 horas) => após esse período, maiores riscos da síndrome de reperfusão (hipercalemia e acidose metabólica) – sempre monitorar [K] e ECG27/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa 27/06/2020 19 Melhora da circulação colateral • Clopidogrel –Reduz a liberação de serotonina que é um agente ativador de plaquetas –Melhora a circulação colateral –Redução nas manifestações clínicas de neuropatia isquêmica 27/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa Medicações antiplaquetárias Fonte: Fuentes, 201227/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa 27/06/2020 20 Prognóstico Fonte: Smith, 200327/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa Fonte: Borgeat, 201427/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa 27/06/2020 21 Taxas de mortalidade • Smith et al., 2003- tratamento –127 gatos –44 sobreviveram (34,6%) –83 óbitos (65,4%) 27/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa • Borgeat et al., 2014 –250 gatos –153 (61,2%) foram eutanasiados –97 não eutanasiados • 27,2% sobreviveram após 24 horas – 68 sobreviventes » 44,1% sobreviveram por mais de 7dias » Para esses gatos, a média de sobrevida foi de 94 dias, sendo que 6 sobreviveram por mais de 1 ano –Portanto, a taxa de sobrevivência • 2,4% geral • 6,18% não eutanasiados 27/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa 27/06/2020 22 Profilaxia • Prevenção primária e secundária • Agentes antiplaquetários –AAS –Clopidogrel • Agentes anticoagulantes –Heparina –Heparina de baixo peso molecular 27/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa 27/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa 27/06/2020 23 27/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa 27/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa 27/06/2020 24 27/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa Obrigada! paulaitikawa@gmail.com27/06/2020 Profa. Dra. Paula Itikawa
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