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TOSSE DOS CANIS Prof. Vitor Márcio Ribeiro Traqueobronquite Infecciosa Canina • Sinonímia • Tosse dos Canis • Tosse Canina • Crupe Canina Tosse dos Canis • O complexo da Tosse dos Canis (CTC) é uma síndrome onde diversos vírus e bactérias altamente contagiosos, com patogenicidade variável para o aparelho respiratório, atuando em conjunto ou isoladamente, ocasionam desde sintomas leves a lesões graves, às vezes irreversíveis. • A traqueobronquite infecciosa (Tosse dos Canis) resulta da inflamação das vias aéreas superiores. • É uma doença leve que normalmente melhora por conta própria. Tosse dos Canis • Pode evoluir em filhotes para broncopneumonia fatal ou bronquite crônica em cães enfraquecidos, doentes ou idosos. A doença se espalha rapidamente entre os cães suscetíveis alojados em confinamentos próximos, como hospitais veterinários ou canis. • Define-se como uma infecção respiratória aguda dos cães, altamente contagiosa, caracterizada por um ataque súbito de tosse acompanhado ou não de descarga nasal e ocular. Tosse dos Canis • A tosse possui um som “rouco” ou um som alto de “grasnar de ganso” • Os sinais clínicos são atribuídos a um ou mais agentes etiológicos • Bactérias e vírus • Colonizam o epitélio da cavidade nasal, laringe, traquéia, brônquios, bronquíolos e interstício pulmonar Tosse dos Canis • O estresse e as mudanças ambientais, como extremos de ventilação, temperatura e umidade, parecem aumentar a suscetibilidade do cão a doenças e sua gravidade. Tosse dos Canis • “Possui forte apelo na indústria cinófila quando, por todo o país (USA), proprietários de cães procuram alojamentos para seus animais sadios e, ao buscá-los, frequentemente são surpreendidos com seus cães tossindo. Nos EUA, está entre as principais preocupações da indústria de pensão canina.” Lynn R. C 1986 Tosse dos Canis • Agentes etiológicos virais Adenovírus canino tipo 2 (CAV2) Parainfluenza canina (VPC) Herpesvírus canino Vírus da Cinomose Canina Tosse dos Canis • Agentes etiológicos bacterianos • Mycoplasma spp. • Bordetella bronchiseptica • Streptococcus spp. Bordetella bronchiseptica Cocobacilo Gram – Aeróbio http://phil.cdc.gov/public/254.htm http://phil.cdc.gov/public/1037.htm Mycoplasma spp. Várias espécies Também o gênero Ureaplasma Menores células procariotas Streptococcus spp. . Também Pasteurella, Pseudomonas e coliformes . Oportunistas . Agravam o processo . O Streptococus spp pode ser o agente primário Tosse dos Canis • Bordetella bronchiseptica - cães podem ser portadores sãos - pode ser o agente primário + importante - em suínos (rinite atrófica) / animais de laboratório (infecção respiratória epizoótica) / gatos Tosse dos Canis • Bordetella bronchiseptica • Pode ficar no estado extracelular • Na situação intracelular consegue se defender do sistema imune e mantém a infecção persistente (estado de portador) - poder patogênico - varia conforme a cepa - zoonose (imunossuprimidos) FATOR CORRELAÇÃO Exposição a animais Circunstancial - grande variedade de mamíferos domésticos e silvestres Doença respiratória pré-existente Casos observados em pacientes com peritonite, pneumonia e bronquite concomitantes Idade Crianças têm maior risco Procedimento cirúrgico respiratório Traqueostomia e tubo traqueal Imunodeficiência Casos relatados em pacientes com alcoolismo, HIV, sob tratamento com imunossupressores. Fatores que contribuem para Bordetelose em humanos Tosse dos Canis • Adenovírus canino tipo 2 - cães maiores - 8 a 10 semanas - tosse seca, dura alguns dias e apresenta regressão espontânea - complicações bacterianas - cronicidade Tosse dos Canis • Parainfluenza (CPiV) -frequente -tosse breve de regressão espontânea -infecções em filhotes, mesmo assintomáticas, levam à diminuição da capacidade respiratória normal (cães atletas) -predispõe a infecções mistas, principalmente por B. bronchiseptica, com efeito sinérgico e doença respiratória mais severa. - IgA local tem papel essencial na proteção Tosse dos Canis • Adenovírus tipo 1 / Reovírus tipo 1, 2 e 3 • pouco patogênicos • Herpesvírus canino • tem sido isolado esporadicamente de cães com traqueobronquite • em neonatos, pode provocar pneumonia grave • não é altamente infeccioso • mais relacionado a problemas reprodutivos. Vírus da Cinomose Canina • Associado ao complexo por alguns autores • Alta letalidade • Infecta vários sistemas além do respiratório • Sinais clínicos associados às alterações dos outros sistemas • Sinais neurológicos são os principais para o diagnóstico clínico Tosse dos Canis - Transmissão • Aerossóis (tosse e espirros) • Fômites (gaiolas, funcionários, comedouros e bebedouros) Ocorrência • Cães jovens - após desmame • Cães adultos debilitados ou submetidos a fatores de estresse • Cães de ambos os sexos e idades variadas Patogênese • Infecções mistas são comuns e sinérgicas • Os agentes isolados mais frequentes • B. bronchiseptica • vírus da Parainfluenza Canina (CPiV) • Área mais afetada - epitélio das vias aéreas superiores • Provoca lesão epitelial, inflamação aguda e disfunção dos cílios das vias aéreas • Bordetella bronchiseptica Adere-se à superfície ciliada do epitélio respiratório: inflamação (edema) necrose muco - libera toxinas que inibem ação dos macrófagos e induz a ciliostase - A tosse advém da lesão traqueal e estímulo dos receptores da tosse nessa região Patogênese Na traqueobronquite, as áreas da parede traqueal ou brônquica ficam inflamadas e edemaciadas, fazendo com que a passagem aérea fique dificultada. Patogênese • Cães muito jovens e/ou imunocomprometidos sofrem infecção bacteriana secundária do TRI com pneumonia de risco de morte • Cepas patogênicas de B. bronchiseptica podem levar a óbito em 3 a 4 semanas • estes casos se confundem com cinomose • 30 a 40% letalidade (cães jovens) Sinais Clínicos • Período de incubação • 5 a 7 dias - (variação de 3 a 10 dias) • Sinal mais comum – tosse seca e áspera que podem evoluir para vômitos • Manifestação mais intensa nos primeiros 5 dias • Evolução em até 10 a 20 dias. Sinais Clínicos • Em alguns cães afetados os sinais são discretos • Somente alguma perda de apetite • Importantes na transmissão e estabelecimento dos surtos • O desenvolvimento de sinais mais graves, incluindo febre, secreção nasal contendo pus, depressão, perda de apetite e tosse produtiva, principalmente em filhotes, geralmente indica a presença de uma infecção adicional, como cinomose ou broncopneumonia. • O estresse, principalmente devido a condições ambientais adversas e nutrição inadequada, pode contribuir para uma recaída durante a recuperação. Sinais clínicos • Forma branda (mantém boa condição geral) - + comum - início agudo - tosse curta e repetida - seguida por vômito - som seco - facilmente estimulada pela palpação traqueal, exercícios, alterações de temperatura e umidade do ar inspirado - curso clínico - 7 a 14 dias Sinais clínicos • Forma grave (anorexia, depressão e febre) - mais comum em cãezinhos não vacinados - origem: ambientes de lojas e abrigos de animais - broncopneumonia bacteriana parece ser o determinante da gravidade da doença - tosse produtiva - assemelha-se à cinomose e pode ser fatal – filhotes neonatos Diagnóstico • Geralmente, suspeita-se de traqueobronquite sempre que um cão demonstra tosse severa e tem histórico de exposição a outros cães suscetíveis ou afetados (hotelaria / internamento em cirurgia eletivas / salas de espera. Diagnóstico • Sinais clínicos • Histórico vacinal (?) • Histórico de exposição recente • Leucograma: inespecífico • Cultura c/antibiograma • Lavado traqueal - cultura Diagnóstico • Testes de laboratório são geralmente normais. • Radiografias de tórax são importantes para determinar a gravidade da doença e descartar outras causas de tosse. Tratamento • Ambulatorial - casosnão complicados • Internamento - para casos complicados por pneumonia • Repouso por 14 a 21 dias • Alimento de boa qualidade • Evite internamento e, se houver, em isolamento Tratamento • Isolamento - cães infectados podem transmitir os agentes *antes de manifestar sinais clínicos *após os sinais, até desenvolverem imunidade • Curso da doença - 10 a 14 dias Antimicrobianos - Amoxicilina / ácido clavulânico (12,5 - 25 mg / kg BID PO) - Doxiciclina ( 5 mg / kg BID PO) - Gentamicina (2-4 mg / kg TID IV, SC, IM) - Amicacina (6,5 mg / kg TID IV, IM, SC) - Cefazolina (20 - 35 mg / kg IV, IM TID) - Cefalexina (30 mg/kg PO BID) - Enrofloxacina (2,5 a 5 mg / kg BID PO, IM, IV) Antimicrobianos • B. bronchiseptica e outras bactérias resistentes - Nebulização – pura ou com atb (ausência de resposta) O2 a 3-5 L/min com 6-10 mL NaCl/15 min TID antibiótico mg/kg em 10 ml NaCl BID kanamicina (250 mg) gentamicina (50 mg) Aplicar durante 5 dias consecutivos Antitussígenos • Butorfanol (0,55 mg / kg PO BID ou TID) • Bitartarato de hidrocodona (0,22 mg / kg PO TID, QID) • Codeína (0,1 a 0,3 mg/kg PO TID) • Dextrometorfana 0,5 a 2 mg/kg PO TID • Prednisolona - 0,2 mg/kg BID Antitussígenos • Não utilizar em broncopneumonia - uso prolongado reduz ventilação e expectoração (retém secreção e bactérias) Broncodilatadores • Teofilina (10 mg/kg PO BID / TID) • Aminofilina (10 mg/kg PO, IV BID / TID) Acompanhamento • Em casos benignos, a resolução deve ocorrer em 14 dias • Se a tosse continua - rever diagnóstico e tratamento • Doença severa - RX - 14 dias após resolução Prevenção • Dispersão dos agentes causais é o fator de persistência do problema em canis, abrigos de animais, hotéis e hospitais veterinários • Vacinas • Adenovírus canino tipo 2 • Parainfluenza canina (CPiV) • Bordetella bronchiseptica Esquema vacinal • As vacinas estão disponíveis para proteção contra a cinomose, parainfluenza, adenovírus-2 canino e Bordetella bronchiseptica • Podem ser aplicadas tão cedo como 3 semanas – conforme situação epidemiológica • Em situação eletiva – aos 4 meses – junto a ultima dose da polivalente e anual Esquema vacinal • Intranasal (Bronchi-Shield III®)- Fort Dodge • Bordetella bronchiseptica • Adenovírus tipo 2 / vírus Parainfluenza tipo 2 - atenuada - 2-4 semanas de idade (vacinar a mãe) - revacinação anual - protege contra doença e infecção - estimula IgA local Esquema vacinal • Intranasal (Bronchi-Shield III®)- Fort Dodge - Os antígenos vão se replicar no trato respiratório superior dos cães - Estabelece, durante a implantação da imunidade local, maior produção de secreção pela mucosa nasal - Alguns animais, particularmente os de raça toy e miniatura, poderão apresentar : - Espirros / tosse e corrimento nasal por 2 a 3 dias - Induz proteção em 72 horas Esquema vacinal • Intranasal - Nobivac® KC – MSD - Bordetella bronchiseptica - Vírus da Parainfluenza (CPiV) - Atenuada - A partir de 3 semanas de idade - Revacinação anual - Induz proteção em 72 horas Esquema vacinal • Parenteral (Pneumodog®)- Merial • Bordetella bronchiseptica • vírus da Parainfluenza tipo 2 (CPiV-2) - inativada - aplicação SC ou IM - primovacinação - 4-6 semanas de idade - reforço - 2 a 3 semanas / anual - protege contra a doença mas não contra a infecção Esquema vacinal • Parenteral (BronchiGuard®) – Zoetis • Vacina monovalente • B. bronchiseptica • Inativada • Não possui adjuvante • Indicadas duas aplicações com intervalo de 2 a 4 semanas • Revacinação anual – dose única Esquema vacinal Considerações • Utilizar a via de administração recomendada • Reações adversas: parenteral X IN • Primovacinação: IN • Revacinação anual: parenteral Em canis • Os animais, ao chegarem ao canil, devem receber vacina nasal • Aplicação parenteral deve ser feita previamente à vinda dos cães • Uma dose anual deve ser aplicada em todos os cães • Aplicação da vacina nasal em cães hospitalizados Outras medidas prevenção • Em canis - 10 dias quarentena p/ introdução • Vacinação e vermifugação pré introdução • Adequada ventilação nos canis e maternidades • Adequada desinfecção • Fluxograma racional - evitar visitas de passeios Desinfecção Ambiental • Hipoclorito de sódio 0,175% • Clorexidina • Cloreto de benzalcônio Bibliografia • Chomel, B.; Arzt, J. Dogs and bacterial zoonoses 96-99, 2000. • Ettinger & Feldman, v. 1, 2012. • Ford, R. B. A little-known fact: Bordetella bronchiseptica has zoonotic potential Topics in Vet. Med., 6, 3, 1995, 18- 22. • Hoskins, J. D. The 5-minute veterinary consult 1264-65, 1995 • Lynn, R. C. How to control canine infectious tracheobronchitis through vaccination, Veterinary Record, June, 544-550, 1996. • Sherding, R. G. Traqueobronquite infecciosa canina, 1999. • Greene, Infectious Diseases of the Dog and Cat, 2010.
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