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PARECER JURÍDICO

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PARECER TÉCNICO JURÍDICO 
 
 
ASSUNTO: CRIME DE DESCAMINHO 
INTERESSADO: MARIA E FAMILIARES 
EMENTA: SENTENÇA CONDENATÓRIA ATRAVÉS DE CITAÇÃO POR EDITAL 
 
 
I - RELATÓRIO DOS FATOS 
 
Incialmente, destaca-se que este parecer fora requisitado pelos familiares da 
Sra. Maria, que fora denunciada acerca de uma suposta prática de descaminho, tendo e 
vista que nao efetou o recolhimento dos impostos que totalizavam a monta de R$ 
500,00 (quinhentos reais), fato constatado quando do lançamento definitivo pela 
Administração Pública. 
Ao analisar a folha de antecedentes criminais de Maria, fora verificado que 
possuía em sua FAC uma anotação criminal atecedente, consistente em um suposto 
crime de roubo, processo no qual é originado os fundamentos pelo qual encontra-se 
em prisão preventiva. Por tal anotação, deixou o Ministério Público de oferecer 
suspensão condicional do processo. 
Após a instrução criminal em que fora observado os trâmites legais, foi 
publicada sentença, Maria, assistida pela Defensoria Pública, fora condenada, em pena 
cominada no mínimo legal previsto para o delito, fixando, o magistrado, o regime inicial 
aberto e, dada as características da condenação, fora a pena privativa de liberdade 
substituída por pena restritiva de direito. 
Por fim, foi fornecido o fato de que a acusada fora intimada da sentença por 
edital, visto que não fora localizada no endereço constante no processo, uma vez que se 
encontrava presa. 
 
 
II - FUNDAMENTAÇÃO: 
 
1. CRIME DE DESCAMINHO E O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
Maria fora acusada, em espécie, por eventual prática de crime de descaminho, 
por suposta falta de recolhimento de imposto em mercadoria, consistente em R$ 
500,00. 
O crime de descaminho é avaliado pela lei como a ilusão, mediante artifício 
ardil, ou qualquer outro meio fraudulento, o pagamento de direito ou imposto devido. 
Ultrapassado tal conceito, destaca-se que o tipo penal é dotado de 
plausibilidade para aplicação do princípio da insignificância, considerando que, 
segundo a portaria 75/12 do Ministério da Fazenda, a Administração Pública não fará a 
execução fiscal de valor inferior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais), sendo tal valor 
ratificado pelo STF quando da análise de aplicação do princípio da insignificância, em 
julgamento do HC 139.393/PR, ao crime de descaminho. 
Ora, se mesmo com a sonegação de impostos a administração não fará a 
execução fiscal para cobrar tais valores, tal conduta de sonegação inferior a R$ 
20.000,00 não mereceria prosperar perante a ciência penal, senão pela mantença e 
aplicação do princípio da insignificância a espécie. 
2. NÃO APLICAÇÃO DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO 
 
Importante salutar que fora correta a manifestação do Ministério Público 
quanto a não aplicação do sursis processual, visto que Maria respondia a outro 
processo pela suposta prática do crime de roubo, motivo pelo qual não se amoldaria 
aos requisitos impostos pelo art. 87 da Lei 9.099/95, in verbis: 
“Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou 
inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério 
Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do 
processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não 
esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro 
crime, presentes os demais requisitos queautorizariam 
suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).” 
 
 
3. DA INTIMAÇÃO POR EDITAL DA SENTENÇA CONDENATÓRIA 
 
Quando publicada a sentença condenatória, Maria fora intimada por edital, 
sob o pretexto de que não fora localizada no endereço constante do processo. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art77
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art77
Saliente-se que Maria encontrava-se presa, sob a custódia do Estado. Assim, é 
obrigação do Estado saber a localização do preso, independente da unidade da 
federação em que se encontra, sendo necessária a sua intimação pessoal, 
considerando que possui legitimidade para interpor determinados recursos quanto a 
sentença. 
Conforme o doutrinador Eugenio Pacelli, em sua obra de Curso de Processo 
Penal, se o acusado estiver preso, tal pessoa encontra-se sob a guarda do Estado, e, 
por logo, deve o Estado ter ciência da localização de tais pessoas, sem possibilidade de 
alegação de dificuldade de comunicação com os demais entes federativos, sendo 
ultrapassado o enunciado de súmula de nº 351 do STF. 
 
 
III CONCLUSÃO 
 
Conclui-se que a sentença dada na açao é nula, desde a citaçao da ré, pois a 
mesma estavasob a guarda do poder público. 
A ré nestas condições não poderia ter sido citada via edital, e tão menos que 
esta citação foss declarada válida pelo magistrado. 
Ocorre ainda que durante a ação penal deveria ter sido aplicado o princípio da 
insignificância ao delito, considerando que o valor sonegado não ultrapassava o teto da 
portaria 75/12 do Ministério da Fazenda. 
 
 
 
__ de ______ de ____, cidade/estado 
 
Advogado (a) - nome 
OAB/XX nº xxxxxxx 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
	PARECER TÉCNICO JURÍDICO
	II - FUNDAMENTAÇÃO:
	2. NÃO APLICAÇÃO DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO
	3. DA INTIMAÇÃO POR EDITAL DA SENTENÇA CONDENATÓRIA