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Abortamento: Definição, Epidemiologia e Classificação

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SUMÁRIO
1. Definição .......................................................................................3
2. Epidemiologia ...............................................................................4
3. Classificação .................................................................................4
4. Apresentação Clínica ................................................................5
5. Tratamento ................................................................................12
6. Incompetência Istmo Cervical .............................................15
7. Síndrome do Anticorpo Antifosfolípide (SAAF) ...........19
Referências Bibliográficas ........................................................20
3ABORTAMENTO
1. DEFINIÇÃO 
A Organização Mundial da Saúde 
(OMS) define aborto como interrup-
ção da gravidez antes das 22 sema-
nas de gestação ou um feto < 500g 
ou 16,5 cm é importante fixar este 
conceito para não confundir aborta-
mento com situações em que se trata 
de trabalho de parto prematuro extre-
mo, por exemplo. Aproximadamente 
10-15% das gestações apresentam 
hemorragias, de modo que o abor-
tamento se enquadra naquelas que 
ocorrem na 1ª metade da gestação 
sendo este enfatizado neste resumo. 
Vale ressaltar que, no Brasil, o aborto 
é considerado crime salvo em 3 situ-
ações específicas: quando a gravidez 
representa risco de vida para a ges-
tante, quando a gravidez é resultado 
de um estupro ou quando o feto for 
anencéfalo. Logo, diante de uma si-
tuação de aborto, é importante que 
os profissionais de saúde tenham 
uma prática destituída de julgamen-
tos arbitrários e rotulações. 
CONCEITO! Aborto é toda interrupção 
da gravidez antes das 22 semanas de 
gestação ou em que o feto pesa < 500g 
ou mede 16,5 cm. No Brasil, o aborto 
não é considerado crime em 3 situações: 
gravidez representa com risco de vida 
para a gestante, quando é resultado de 
um estupro ou em casos de anencefalia.
SAIBA MAIS! 
A Lei nº 12.845/2013 refere que o atendimento da pessoa em situação de violência nos 
serviços de saúde dispensa a apresentação de Boletim de Ocorrência (BO). E, a realização 
de abortamento não se condiciona a decisão judicial que sentencie se ocorreu estupro ou 
violência sexual. De modo que, a Lei Penal brasileira não exige a apresentação de nenhum 
documento (alvará/autorização judicial, BO, etc.) para a realização de abortamento em caso 
de gravidez decorrente de violência sexual. Logo, não há sustentação legal para que os ser-
viços de saúde neguem o procedimento caso a mulher não possa apresentar documentos 
comprobatórios. 
Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Justiça. Secretaria de Políticas para as Mulheres. Norma Técnica: 
atenção humanizada às pessoas em situação de violência sexual com registro de informações e coleta de 
vestígios. Brasília, 2015; Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações 
Programáticas Estratégicas Prevenção e tratamento dos agravos resultantes da violência sexual contra mulhe-
res e adolescentes: norma técnica. 3ª ed, 124 p. Brasília, 2012.
4ABORTAMENTO
2. EPIDEMIOLOGIA
A magnitude do abortamento no mun-
do é desconhecida, uma vez que em 
diversos países ocorre ilegalidade par-
cial ou total para a realização do mes-
mo. Os dados epidemiológicos acer-
ca do aborto são subclínicos devido 
a muitas vezes acontecerem sem que 
a mulher reconheça que está abortan-
do ao confundir a expulsão do concep-
to com um sangramento menstrual, já 
os clinicamente reconhecidos chegam 
a incidência de 10-15%, destes, 80% 
ocorrem antes das 12 semanas. Po-
rém, a existência de testes altamente 
sensíveis de hCG nota-se que a mag-
nitude de perda gestacional após a 
implantação é de 62%. 
SE LIGA É importante ressaltar que, o 
risco de abortamento é maior em mu-
lheres com idade ≥ 35 anos e, tal risco 
se eleva se o homem tiver ≥ 40 anos.
3. CLASSIFICAÇÃO
Precoce ou tardio
O abortamento é considerado preco-
ce se ocorre até a 12ª semana e tardio 
se ocorre entre a 13ª e 20ª semana.
Espontâneo ou provocado
O espontâneo ocorre sem nenhum 
tipo de intervenção externa, podendo 
ser causado por doenças da mãe ou 
anormalidades do feto. O provocado 
decorre de uma interrupção externa 
e intencional que acarreta na inter-
rupção da gestação. Esta, representa 
custos altos para o Sistema Único de 
Saúde em consequências das suas 
complicações, principalmente, quan-
do há evolução para aborto infectado 
o qual explicaremos melhor a seguir. 
Esporádico ou habitual
A separação em aborto esporádi-
co e habitual, nos auxilia na melhor 
compreensão das etiologias do abor-
tamento. Os abortamentos espo-
rádicos têm como principal causa 
as anormalidades cromossômicas 
que chegam a abranger 50-80% dos 
abortamentos esporádicos, sendo as 
aneuploidias aquelas que represen-
tam maior frequência seguidas das 
triploidias e tetraploidias. Dentre as 
aneuploidias, a trissomia autossômi-
ca possui 52% de frequência e 19% 
de síndrome de Turner.
Chama-se abortamento habitual 
aquele que ocorre 3 vezes ou mais 
na mesma gestante, neste caso, as 
principais causas são: incompetência 
istmo cervical e síndrome do anticor-
po antifosfolípide (SAAF), as quais 
abordaremos a seguir.
Seguro ou inseguro
A OMS costuma designar como se-
guro aqueles realizados por um mé-
dico bem treinado, com materiais e 
5ABORTAMENTO
ambiente adequados representando 
risco menor para a saúde da mulher. 
E, inseguro é aquele aborto realizado 
sem os recursos médicos mínimos 
e/ou sem pessoa capacitada para 
realizá-lo. 
4. APRESENTAÇÃO 
CLÍNICA
Toda gestante com sangramento va-
ginal no 1º trimestre deve ser sub-
metida a exame abdominal, exame 
especular e toque vaginal. Com isso, 
e associada a coleta de uma boa 
anamnese, é possível diagnosticar e 
classificar a mesma dentro de uma 
das 6 apresentações clínicas a seguir. 
Para melhor memorização das apre-
sentações clínicas em cada tipo de 
abortamento, podemos separar em 
dois grupos, sendo o primeiro: ameaça 
de abortamento, completo e retido; o 
segundo grupo: incompleto, infectado 
e inevitável. A tabela a seguir visa re-
sumir os tipos de abortamento e suas 
respectivas apresentações clínicas e, a 
seguir especificaremos melhor as ca-
racterísticas de cada um deles.
SINAIS E 
SINTOMAS
AMEAÇA DE 
ABORTA-
MENTO
ABORTA-
MENTO 
COMPLETO
ABORTA-
MENTO 
RETIDO
ABORTA-
MENTO 
INCOMPLETO
ABORTA-
MENTO 
INFECTADO
ABORTA-
MENTO 
INEVITÁVEL
Sangramento Discreto
Discreto ou 
ausente
Ausente Variável
Variável com 
odor fétido
Presente e 
intenso
Dor
Pouca ou 
ausente
Ausente Ausente Cólicas
Cólicas e 
pode haver 
sinais de 
peritonite
Cólicas
Febre Ausente Ausente Ausente Ausente Presente Ausente
Útero
Compatível 
com IG
Menor do 
que esperado 
para IG
Menor do 
que esperado 
para IG
Menor do 
que esperado 
para IG
Amolecido 
e doloroso à 
palpação
Compatível 
ou não com 
IG
OI do colo Fechado Fechado Fechado
Fechado ou 
aberto
Fechado ou 
aberto
Fechado
ẞhCG + - - - - +
USG
Embrião 
e BCE 
presentes
Útero vazio
Embrião sem 
BCE (morto)
Restos 
ovulares
Variável
Presença ou 
ausência de 
BCE
Tabela 1. Apresentação clínica dos abortamentos. OI: orifício interno; USG: ultrassonografia; BCE: batimento cardio-
embrionário. Fonte: Aula SanarFlix.
6ABORTAMENTO
Ameaça de Abortamento
Neste caso, como o próprio nome su-
gere, trata-se de um abortamento em 
que há chance de reversão do quadro 
por haver ainda perspectivas de evo-
lução da gravidez. O sangramento é 
pouco e a dor, quando presente, diz 
respeito às contrações uterinas inca-
pazes de produzir modificações cer-
vicais. Ao exame especular pode-se 
notar sangramento ativo e na USG 
transvaginal é possível notar hema-
toma retroplacentário. A conduta é 
expectante mesmo na presença de 
hematoma e, prescrição de sinto-
máticos se necessário. É importante 
orientar a paciente evitar relações se-
xuais em caso de perda sanguínea e 
retornar ao serviço de saúde em caso 
de aumentodo sangramento.
B
Figura 1. A: Ameaça de abortamento. Nota-se hemorragia intrauterina. B: Ultrassonografia evidenciando hematoma 
intrauterino. SG= saco gestacional, H= hematoma (Fonte: REZENDE, 2014). 
Abortamento Completo
Consiste no abortamento em que 
há eliminação total do concepto. Os 
sintomas são redução ou parada do 
sangramento e das cólicas após a ex-
pulsão do ovo íntegro. No entanto, se 
o episódio aconteceu e o diagnóstico 
seria dado apenas com o relato colhi-
do na anamnese, o ideal é que seja 
solicitada um exame de imagem que 
possibilite a confirmação do diagnós-
tico. A conduta é expectante, de-
vendo haver apenas monitoramento 
da hemorragia. 
7ABORTAMENTO
Figura 2. Abortamento completo (Fonte: REZENDE, 2014).
Abortamento Retido
Trata-se de um aborto em que o 
concepto permaneceu retido na ca-
vidade uterina sem vitalidade. Com 
isso, há regressão dos sinais graví-
dicos (redução da altura uterina e da 
circunferência abdominal, perda da 
turgescência mamária e dos sinais 
de presunção de gravidez) e perda 
dos batimentos cardioembrionários 
(BCE). Inicialmente, a conduta é ex-
pectante se o mesmo ocorre de for-
ma precoce dentro do 1º trimestre, 
pois até 3 semanas após o aborta-
mento o ovo costuma ser expulso. 
No entanto, é possível nestes casos 
proceder com esvaziamento uterino 
por meio da aspiração manual intrau-
terina (AMIU) ou farmacologicamen-
te com uso do Misoprostol. Sendo a 
retenção maior do que 4 semanas é 
necessário realizar o coagulograma 
antes de iniciar qualquer terapêutica. 
O abortamento retido tardio (no 2º 
trimestre ou > 12 semanas), a me-
lhor conduta é expulsão imediata 
do feto com uso de Misoprostol e, 
em seguida, complementação com 
curetagem uterina. 
8ABORTAMENTO
Abortamento Incompleto
Esta forma clínica é a mais frequen-
te, sendo decorrente da expulsão do 
feto, mas permanência da placenta 
ou restos placentários. O sangra-
mento é o principal sintoma, ocorre 
redução uterina em comparação com 
a idade gestacional (IG) e as dores 
tipo cólica surgem na tentativa de 
expulsão do conteúdo intrauterino. A 
Federação Brasileira das Associações 
de Ginecologia e Obstetrícia (FE-
BRASGO), em seu Protocolo sobre 
Aborto de 2018, recomenda que a 
conduta em caso de < 12 semanas 
seja a realização de Misoprostol ou 
AMIU, se > 12 semanas orienta a 
realização da curetagem. Vale res-
saltar, que a paciente deve ser inter-
nada para estabilização e realização 
dos procedimentos citados. 
Figura 3. Abortamento incompleto (Fonte: REZENDE, 2014).
9ABORTAMENTO
Abortamento Infectado
Este abortamento resulta da tenta-
tiva de esvaziar o útero com uso de 
instrumentos inadequados e técni-
cas inseguras, o que leva a infecções 
polimicrobianas compreendendo mi-
crorganismos da flora genital e in-
testinal. Com isso, a anamnese tem 
uma importância ainda maior por ser 
capaz de identificar o episódio cau-
sador. O sangramento costuma ter 
odor fétido e os demais sintomas va-
riam de acordo com o grau e local de 
acometimento: 
• Endométrio e miométrio: cólicas 
intermitentes, febre 38ºC, dor à 
mobilização do colo e à palpação 
abdominal. 
• Peritônio pélvico: febre 39ºC, dor 
mais intensa, comprometimento 
do estado geral, colo aberto com 
saída de conteúdo purulento, si-
nais de peritonite que dificultam 
inclusive a tentativa de mobiliza-
ção do colo uterino. 
O leucograma apresenta perfil de in-
fecção e, na USG em alguns casos 
nota-se abscesso em fundo de saco. 
O tratamento consiste no uso de 
antibióticos (ATB) e na remoção do 
foco infeccioso. O esquema de ATB 
que deve ser usado é: 
Ampicilina 500mg−1g,6⁄6h ou Penicilina 20−40 milhões UI/dia 
Clindamicina 600−900mg, 6/6h ou Metronidazol 500mg−1g 6/6h
Gentamicina 1,5mg/kg/dia, 8/8h 
+
+
Esquema de tratamento para Aborto Infectado
10ABORTAMENTO
Em seguida, realiza-se curetagem 
para remoção do foco infeccioso. Po-
rém, se as medidas acima não forem 
suficientes ou se houver suspeita de 
perfuração uterina/abscesso pélvi-
co/lesão de alça, deve-se proceder 
para laparotomia seguida de retira-
da do foco, inclusive histerectomia se 
for o caso. Recomenda-se profilaxia 
com antitetânica naqueles casos em 
que para indução do aborto foram 
utilizados instrumentos metálicos ou 
possivelmente suspeitos de levar a 
infecção com tétano.
SE LIGA! Principalmente nos casos de 
abortamento infectado, é importante 
atentar-se para sinais de disfunção or-
gânica que, quando presentes, já deve 
aventar a suspeita de sepse, chamando 
atenção para um possível abortamento 
séptico. Para identificar presença ou não 
de disfunção orgânica têm-se utilizado 
o Escore SOFA (Sequential Organ Failu-
re Assessment Score) onde é possível 
pontuar alterações no sistema respirató-
rio, sanguíneo, hepático, cardiovascular, 
neurológico e renal; havendo pontuação 
> 2 pontos é necessário levar esta pa-
ciente para um Unidade de Terapia In-
tensiva, onde a mesma irá receber trata-
mento direcionado para a Sepse. 
Fonte: Consensus Definition for Sepsis and Sep-
sis Shock. Clinical Review and education. JAMA. 
Volume 315, number 8. February, 2016 
Naqueles casos em que foram insti-
tuídas todas as medidas acima para 
tratamento, mas ainda assim a pa-
ciente continua apresentando fe-
bre deve-se pensar no diagnóstico 
diferencial de Tromboflebite Pélvi-
ca que deve ser tratada realização 
heparinização plena associada à 
antibioticoterapia. 
Abortamento Inevitável
Clinicamente traduz-se pela dilata-
ção do colo permitindo a detecção 
das membranas ovulares ou até mes-
mo do embrião, logo, apesar de não 
haver ainda expulsão do concepto, é 
inevitável que isto ocorra. Além disso, 
nota-se sangramento importante que 
chega a comprometer a hemodinâ-
mica da paciente. Como o feto ainda 
não foi expulso da cavidade uterina, a 
conduta é com Misoprostol + cure-
tagem. Além disso, é importante in-
ternar a paciente para estabilização e 
cuidados com a mesma. 
11ABORTAMENTO
MAPA MENTAL DE APRESENTAÇÃO CLÍNICA E CONDUTAS
Expectante
ABORTAMENTO: 
CONDUTAS
Ameaça de abortamento
Abortamento Incompleto
Abortamento CompletoAbortamento Inevitável
Abortamento RetidoAbortamento Infectado
Expectante
Se < 12 semanas: 
Expectante até 3 semanas 
após o abortamento ou 
AMIU + Misoprostol
Se > 12 semanas ou 2º 
trimestre: Misoprostol + 
curetagem
Se > 12 semanas: 
Curetagem
Se < 12 semanas: 
Misoprostol ou AMIU
Ampicilina 500mg-
1g,6⁄6h ou Penicilina 
20-40 milhões UI/dia
+
Gentamicina 1,5mg/kg/
dia,8/8h
+
Clindamicina 
600-900mg,6/6h 
ou Metronidazol 
500mg-1g 6/6h
Misoprostol + curetagem
12ABORTAMENTO
5. TRATAMENTO 
Até então, foram citadas diversas 
condutas terapêuticas para promo-
ver ou auxiliar no processo de abor-
tamento. Cabe agora falar um pouco 
mais especificamente de cada uma 
delas para melhor elucidação.
Farmacológico
No Brasil, a técnica farmacológica 
para tratamento do abortamento é o 
Misoprostol, o qual tem como apre-
sentação comprimidos para uso vagi-
nal de 25, 100 e 200 mcg, devendo 
ser utilizado apenas em contexto hos-
pitalar. As vantagens do seu uso são: 
ausência de possibilidade de perfura-
ção uterina e formação de sinéquias, 
redução dos riscos decorrentes da di-
latação do colo e eliminação do risco 
anestésico. Vale ressaltar, que o uso 
do Misoprostol deve ser feito com 
base no tamanho uterino e não com 
base na idade gestacional. 
Se abortamento no 1º trimestre: 2 a 
3 doses de 800 mcg, via vaginal, no 
intervalo de 3-12h. Observação: A 
dose utilizada em caso de aborta-
mento incompleto no 1º trimestre é 
400 mcg, dose única. 
Se abortamento no 2º trimestre: 200 
mcg, via vaginal, a cada 4-6h, seguida 
por tratamento cirúrgico combinado. 
SAIBA MAIS! 
Mulheres com cicatriz uterina têm risco de 0,28% de rotura uterina durante abortamento 
farmacológico no 2º trimestre. Por isso, em caso de cicatriz uterina anterior (cesárea ou mio-
mectomia) a dose de Misoprostol não deve ser maior que 200 mcg, via vaginal, a cada 6h. 
Fonte: FEBRASGO. Aborto:classificação, diagnóstico e conduta. Protocolos FEBRASGO, nº 21, 2018.
Mecânico
Os métodos mais utilizados para es-
vaziamento uterino são a aspiração 
intrauterina (manual ou elétrica) e 
curetagem. A OMS recomenda que a 
AMIU seja o método de escolha em 
relação à curetagem uterina para re-
moção do conteúdo uterino no 1º tri-
mestre, sendo inclusive uma das es-
tratégias para redução da mortalidade 
materna. Porém, muitos serviços de 
saúde no Brasil ainda usam a cure-
tagem como método de escolha para 
esvaziamento uterino no primeiro tri-
mestre de gestação. 
A AMIU é realizada através de um 
vácuo manual produzido por uma 
seringa, mas é possível realizar a as-
piração a vácuo elétrica por meio de 
uma bomba, técnica esta abreviada 
como AVE. Quando o colo encontra-
-se fechado, recomenda-se o uso de 
13ABORTAMENTO
Misoprostol 400mcg, via vaginal, 3 
horas antes do procedimento como 
forma de facilitar a realização do mes-
mo. Recomenda-se também antibió-
tico profilático, via oral, até 12h antes, 
em dose única (200mg doxiciclina, 
500mg-1g azitromicina ou 500mg-
-1g metronidazol). Ao realizar a AMIU 
é possível substituir a anestesia geral 
por analgésicos.
A B
14ABORTAMENTO
Figura 4. Utiliza cânulas de Karman com diâmetros variáveis (4-12mm) acopladas a seringa com vácuo, promovendo 
retirada dos restos ovulares por aspiração. A: É feito vácuo na seringa. B: Histerometria com a cânula, devendo em 
seguida acoplar a seringa no local respectivo ao valor da histerometria. C: Liberar o vácuo da válvula. D: Remoção do 
conteúdo uterino (Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/9705545/)
A curetagem consiste inicialmente 
na dilatação da cérvix e uso de uma 
cureta metálica para raspar as pare-
des do útero. A cureta, por seu mate-
rial de aço e diâmetro variável, pode 
ocasionar acidentes 
como perfuração 
uterina. A indicação 
é para abortamen-
tos incompletos do 
2º trimestre, com 
abortamentos reti-
dos > 12 semanas 
e inevitável após 
uso do Misoprostol. 
C D
15ABORTAMENTO
Figura 5. Curetagem uterina (Fonte: http://www.clinicachazan.com.br/saude-feminina/curetagem-uterina/).
SE LIGA! Apesar de não haver evi-
dências de boa qualidade, indica-se a 
administração de Imunoglobulina Anti-
-Rh-D para mulheres Rh negativas com 
Coombs indireto negativo com aborta-
mento espontâneo (incluindo ameaça 
de abortamento) ou induzido. A dose 
no 1º trimestre é 50 mcg e após 12 se-
manas recomenda-se 300mcg (Fonte: 
Moraes Filho, OB. Aborto: classificação, 
diagnóstico e conduta. São Paulo: Fe-
deração Brasileira das Associações de 
Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO); 
2018. (Protocolo FEBRASGO - Obste-
trícia, nº 21/ Comissão Nacional Espe-
cializada em Assistência Pré-Natal). 
6. INCOMPETÊNCIA ISTMO 
CERVICAL
A incompetência istmo cervical diz 
respeito a incapacidade do colo ute-
rino em reter o produto da concep-
ção na ausência de sinais e sintomas 
de contração e/ou parto. É a princi-
pal causa de abortamento habitual 
tardio ou parto pré-termo extremo. 
Representando, aproximadamente, 
8% dos casos de abortamento habi-
tual. O quadro clínico é bastante ca-
racterístico já que ocorre dilatação 
cervical sem dor até 4-6cm, feto 
morfologicamente normal e vivo. 
As perdas gestacionais costumam 
16ABORTAMENTO
acontecer no 2º trimestre ou início do 
3º, com perdas gestacionais cada vez 
mais precoces do que a anterior.
Dentre as principais causas que le-
vam a esta incompetência, costuma 
haver história de: trauma causado por 
conização, laceração cervical no par-
to, dilatação exagerada do colo em 
casos de interrupção provocada da 
gestação, etc. 
Figura 6. Insuficiência cervical aguda com dilatação do colo e herniação de membranas (Fonte: REZENDE, 2014).
O tratamento é cirúrgico por meio 
da cerclagem do colo uterino, sendo 
a técnica de McDonald a mais sim-
ples e de escolha para tratamento. O 
procedimento é indicado para mulhe-
res com histórico de perdas gesta-
cionais com quadro clínico de in-
competência istmo cervical, entre 
12-16 semanas e que após ultrasso-
nografia nota-se feto vivo e sem mal-
formações. Não se indica o procedi-
mento antes das 12 semanas devido 
ao risco de abortamento por outras 
causas, assim como, também não 
está indicada a realização de cercla-
gem após as 16 semanas por conta 
17ABORTAMENTO
do crescimento progressivo do útero 
que tornaria mais provável a dilatação 
do colo. 
: Figura 7. Técnica de Mc Donald. Sutura em bolsa na altura da junção cervicovaginal com fio Ethibond 5 
(Fonte: REZENDE, 2014).
18ABORTAMENTO
Aquelas mulheres que possuem colo 
curto identificado no 2º trimestre, 
mas que não têm histórico de par-
to pré-termo anterior, não têm in-
dicação de cerclagem por não terem 
ainda o diagnóstico de incompetên-
cia istmo cervical. Nestes casos, re-
comenda-se a progesterona vaginal 
para reduzir o risco de parto pré-ter-
mo em mulheres assintomáticas com 
gravidez única, sem história de parto 
pré-termo e colo ≤ 20mm identifica-
do entre 16-24 semanas. 
A remoção da cerclagem deve ser fei-
ta entre 36-37 semanas de gestação.
SAIBA MAIS! 
Apesar de não fazer parte da conduta padrão-ouro na incompetência istmo cervical, alguns 
serviços de saúde lançam mão do pessário vaginal como alternativa à cerclagem. Os pessá-
rios são dispositivos feitos de silicone e em formato de anel, facilmente dobráveis, o que torna 
sua inserção indolor. Antes de indicar tal conduta é preciso excluir patologia da flora vaginal. 
O tamanho do pessário é escolhido com base em ultrassom transvaginal que mede o compri-
mento e diâmetro da cérvix, devendo ser removido assim que se iniciar o trabalho de parto ou 
até completar 37 semanas de gestação. Pode ocorrer leve sangramento, corrimento e edema 
cervical, sendo importante manter a vigilância da flora vaginal. 
Figura 8. PessárioFonte: http://www.pessarios.com.br/pessarios-arabin 
19ABORTAMENTO
7. SÍNDROME 
DO ANTICORPO 
ANTIFOSFOLÍPIDE (SAAF)
Esta é uma das principais e mais im-
portantes causas de abortamento ha-
bitual, correspondendo entre 3-15% 
destes e, decorre da associação entre 
anticorpos antifosfolipídeo (lúpus an-
ticoagulante - LAC e antiocardiolipina 
– aCL) e trombose vascular ou prog-
nóstico adverso na gravidez. Ocorre al-
teração na regulação da homeostasia 
da coagulação sanguínea, tendo como 
principal mecanismo a autoimunidade. 
A manifestação clínica mais comum é 
a trombose de vasos arteriais ou ve-
nosos de qualquer órgão, manifesta-
ções cutâneas como livedo articular 
e úlceras cutâneas e, complicações 
obstétricas dentre elas o abortamento 
principalmente no final do 1º trimestre, 
morte fetal, pré-eclampsia, retardo do 
crescimento intrauterino, etc. 
Devido a diversidade de manifestações 
clínica foram estabelecidos critérios 
diagnósticos (quadro abaixo) e, para fe-
char o diagnóstico deve-se ter ao me-
nos 1 critério clínico e 1 laboratorial:
A. CRITÉRIOS CLÍNICOS
1. Trombose vascular:
Um ou mais episódios clínicos de trombose arterial, venosa ou de pequenos vasos, ocorrendo em qual-
quer tecido ou órgão confirmada por Doppler ou exame histopatológico. A histopatologia deve excluir 
vasculite.
2. Morbidade gestacional:
Uma ou mais mortes de feto morfologicamente normal com mais de 10 semanas de idade gestacional.
Um ou mais nascimentos prematuros de feto morfologicamente normal com 34 semanas ou menos em 
virtude de pré-eclâmpsia, eclâmpsia ou retardo do crescimento uterino.
Três ou mais abortamentos espontâneos antes de 10 semanas de idade gestacional, excluídas causas cro-
mossomais ou maternas.
B. CRITÉRIOS LABORATORIAIS
1. Anticorpo anticardiolipina: anticorpo anticardiolipina IgG ou IgM em títulos moderados a altos (>20uni-
dades) em duas ou mais ocasiões com intervalo de no mínimo de no mínimo seis semanas. O teste deve 
ser Elisa padronizado.
2. Anticorpo anticoagulantes lúpico: anticoagulantes lúpico presente no plasma, detectado de acordo com 
as recomendações da Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia.
Tabela 2. ConsensoInternacional de critérios preliminares para classificação da síndrome antifosfolípide 
(Fonte: SANTAMARIA, et al., 2005)
O tratamento consiste na associação 
entre AAS (75-100mg/dia) e hepari-
nização plena com heparina de baixo 
peso molecular (enoxaparina 1mg/kg/
dia), desde o diagnóstico da gestação 
mantida por 6 semanas no pós-parto. 
20ABORTAMENTO
REFERÊNCIAS 
BIBLIOGRÁFICAS 
Moraes Filho, OB. Aborto: classificação, diagnóstico e conduta. São Paulo: Fe-
deração Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO); 2018. (Pro-
tocolo FEBRASGO - Obstetrícia, nº 21/ Comissão Nacional Especializada em Assistência 
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REZENDE. Obstetrícia Fundamental/ Carlos Antônio Barbosa Montenegro, Jorge de Re-
zende Filho. 13ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
DIAS et al. Aborto infectado: epidemiologia, diagnóstico e conduta na emergência. Re-
vista Médica de Minas Gerais, 2010; 20(2Supl):S6-S10. 
JUSBRASIL. Aborto: o que diz a lei? BlogExamedaOAB. Disponível em: https://examedao-
ab.jusbrasil.com.br/artigos/414535657/aborto-o-que-diz-a-lei. 
GOMES, et al. Incompetência istmo-cervical: atualização. Rev Med Minas Gerais 2012; 22 
(Supl 5): S67-S70. 
DANOWSKI, et al. Diretrizes para tratamento de anticorpo antifosfolípide. Rev. Bras. 
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SANTAMARIA, et al. Síndrome Antifosfolípide. An. Bras. Dermatol. vol.80 no.3 Rio de Ja-
neiro May/June 2005. 
21ABORTAMENTO

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