Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE Copyright © UVA 2020 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. AUTORIA DO CONTEÚDO Cristiana Lopes de Oliveira REVISÃO Janaina Senna Janaina Vieira Lydianna Lima PROJETO GRÁFICO UVA DIAGRAMAÇÃO UVA SUMÁRIO Apresentação Autor 6 7 Relações entre ciência, tecnologia e sociedade 27 • Ciência, tecnologia e sociedade e suas relações • Influências culturais e comportamentais nas concepções da ciência e da tecnologia • Análise das mudanças comportamentais contemporâneas UNIDADE 2 8 • Tecnologia, sociedade e transformação histórica • Ciência e tecnologia: liderança das nações e competitividade • O cenário atual de ciência e da tecnologia e as mudanças na sociedade Perspectiva histórica da evolução científica e tecnológica UNIDADE 1 SUMÁRIO Ciência, tecnologia e o mundo do futuro 59 • Futuros possíveis • Meio ambiente: ciência e tecnologia como causadores ou soluciona- dores de problemas? • Ciência, tecnologia, mudanças na sociedade e questões éticas UNIDADE 4 43 • Desenvolvimento tecnocientífico e reconfigurações no ambiente de trabalho • Desemprego tecnológico, eliminação e criação de profissões • Máquinas ou humanos: reflexões sobre o grau de importância do ser humano frente à evolução da Inteligência Artificial Desenvolvimento científico/tecnológico e o mundo do trabalho UNIDADE 3 6 Quando ouvimos falar em ciência e tecnologia somos levados a pensar em quais outras coi- sas? Existe ciência sem tecnologia ou tecnologia sem ciência? Existe sociedade sem ciência e tecnologia? O que você acha? Você também compreende que toda forma de conhecimento passa necessariamente por essa discussão? Entende que nosso cotidiano, hoje, está per- meado por discussões relacionadas a esses termos? Uma questão tão recorrente quando falamos em globalização, por exemplo, é aquela relacionada à interação ou à compreensão desses três conceitos básicos de nossa disciplina: Ciência, Tecnologia e Sociedade. No decorrer da disciplina discutiremos a evolução histórica da ciência e da tecnologia e como essa evolução dialoga com o conceito de competitividade. Vamos analisar como o conceito de inovação pode significar uma vantagem competitiva para as empresas e nações como um todo. • Quais influências culturais podem ser vistas nas concepções de ciência e tecnologia? • Quais são os impactos das tecnologias no desenvolvimento científico? • Quais são as mudanças provocadas por essas evoluções? • Existem repercussões sociais, econômicas, políticas e éticas das atividades cien- tíficas e tecnológicas no presente? • É possível pensar como será no futuro? • Existe sentido em pensar essas relações com o meio ambiente também? • Quais serão os impactos de uma sociedade industrial na modernidade e pós-in- dustrial na contemporaneidade? • Quais são seus riscos e ganhos? • Existem riscos e ganhos? É isso que vamos estudar no decorrer das unidades, ou seja, como pensar esses conceitos ao longo da história; quais as influências culturais, políticas, econômicas e, sobretudo, como entender esses conceitos a partir de nossa área da atuação profissio- nal ou mesmo nas mínimas coisas do nosso dia a dia. Vamos lá? APRESENTAÇÃO 7 CRISTIANA LOPES DE OLIVEIRA Graduação em Filosofia e Serviço Social. Mestrado em Filosofia pela Universidade Fede- ral da Bahia – UFBA (2010). Especialização em Metodologia do Ensino, Pesquisa e Exten- são em Educação pela Universidade do Estado da Bahia – Uneb em 2006. Atualmente, é editora do Cabine Cultural (www.cabineculutral.com), canal de crítica de arte; assistente social perita do Tribunal de Justiça da Bahia; professora do Centro Universitário Jorge Amado – Unijorge nos cursos de Psicologia, Serviço Social, Pedagogia, Administração, Redes e Recursos Humanos; professora de Direitos Humanos e Economia Solidária na Associação Sons do Silêncio – AESOS, que trabalha com inclusão, sobretudo de surdos, no Projeto Libras para Todos. Fez mestrado sanduíche entre a Universidade de São Paulo – USP e a Universidade Federal da Bahia – UFBA por meio do programa de cooperação acadêmica – Procad, também participou do Projeto BNB/PNUD, com experiência nas áreas de gestão de participação comunitária, educação popular, projetos sociais, planeja- mento e capacitação em oficinas de intervenção. É também professora-tutora habilitada pelo Programa de Formação de Tutores da Universidade Veiga de Almeida – UVA-RJ e pelo Curso de Formação de Tutores da Universidade Federal da Bahia – UFBA AUTOR Perspectiva histórica da evolução científica e tecnológica UNIDADE 1 9 Nossa busca, nesta unidade, é para compreender o processo histórico-social do desen- volvimento tecnológico e científico. Nesse sentido, nosso objetivo será relembrar, em alguns momentos do nosso processo de formação em sociedade, como essas tecnolo- gias evoluíram e como hoje nos relacionamos com elas. No primeiro momento, faremos esse caminho percorrendo os períodos históricos para citarmos exemplos de tecnolo- gias surgidas ao longo do tempo. Em seguida, veremos como surge a ciência, como ela se relaciona com a tecnologia e como nós, em sociedade, lidamos com uma e outra e como é importante refletir sobre essa perspectiva. INTRODUÇÃO Nesta unidade você será capaz de: • Identificar os aspectos históricos e os desdobramentos impulsionados pelas tecnologias nas sociedades. OBJETIVO 10 Tecnologia, sociedade e transformação histórica O que você acha de começarmos a falar da perspectiva histórica da evolução tecnológi- ca nesta unidade e sobre a perspectiva científica na outra, refletindo sobre tecnologia e ciência? O que é tecnologia? O que é ciência? Se fizermos uma busca no Google ou em qualquer dicionário, vamos ver que a tecnologia está relacionada a termos como “técnica”, “método”, “instrumento” ou mesmo “habilida- de” e “processo”, que denotam a maneira como o homem produzia ou produz um bem ou como alcança algum objetivo. Se isso é verdade, desfazemos alguns equívocos nossos quando pensamos na tecnologia associada normalmente a um aparelho eletrônico, não é mesmo? Se a gente consegue responder “sim”, estamos a meio caminho de compreen- der essa perspectiva histórica da evolução e da tecnologia. Para Abbagnano (2000, p. 939), em seu Dicionário de filosofia: Técnica compreende qualquer conjunto de regras aptas a dirigir eficazmen- te uma atividade qualquer. Nesse sentido, técnica não se distingue de ciên- cia, nem de qualquer processo ou operação capazes de produzir um efeito qualquer: seu campo estende-se tanto quanto o de todas as atividades hu- manas. São procedimentos regidos por normas e providos de certa eficácia. E sobre o conceito de tecnologia? Ainda para Abbagnano (2000, p. 942), tecnologia “é o estudo dos processos técnicos de determinado ramo da produção industrial ou de vários ramos”, ou seja, o conceito de téc- nica se confunde em vários sentidos com o conceito de tecnologia. Cita, ainda, o conceito de tecnocracia, que se refere a quando a técnica é usada como instrumento de poder ou controle social. No entanto, essa discussão vamos deixar mais para a frente, quando for- mos falar sobre ética. Dessa forma, se pensarmos a humanidade como um todo, vamos perceber que tudo o que diz respeito a ela está associado à capacidade humana de criar, de encontrar meios para sobreviver e de pensar formas de adaptar-se ou estruturar o meio em que vive para deixá-lo mais agradável ou mais funcional. 11 Para refletir Mesmo que isso signifique, em algum momento, que essa capacidade tenha sido usada para alguns fins que nem sempre foram bons, não é mesmo? Va- mos estudar um pouco disso quando falarmos sobre o tópico Ética, tecnologia e ciência lá na Unidade 3. Combinado? Voltemos, então! Tomando como referência essa ideia de invençãoou relação humana com seu próprio meio, podemos pensar várias áreas e como essas produções e criações agregaram valor à sociedade no decorrer dos tempos, por exemplo, na saúde, na educa- ção, na agricultura etc., mesmo que esses termos não sejam usados da maneira como conhecemos hoje, nessa época inicial. Se formos até a chamada Idade da Pedra, ou Pré-história, vemos o homem usando os- sos, madeira, pedra etc. como matéria-prima para a fabricação de ferramentas, armas ou instrumentos diversos. Isso é também tecnologia! É quase como dizer que a evolução da humanidade está intimamente associada à evolução tecnológica e também às maiores transformações ou descobertas históricas, como a percepção da roda e o encontro do homem com materiais como a borracha. Também vemos isso na evolução dos instru- mentos de manuseios da agricultura, nas práticas de domesticação dos animais e na própria descoberta do fogo. Para refletir E daí o homem não parou mais! Isso é bom? Ruim? O que você acha? Se seguir- mos essa linha, vamos perceber que é possível afirmar que a história da socie- dade se confunde com a história de evolução da tecnologia e da própria ciência — andam de mãos dadas. Concorda? Vamos pensar um pouco mais sobre isso? Dividiremos nosso tempo histórico em quatro períodos a fim de usarmos os meios his- tóricos para citar algumas tecnologias consideradas muito modernas para a época, às quais nos referimos, hoje, como defasadas. Primeiro, de quais períodos históricos esta- mos tratando? São eles: 12 Período antigo Do século VI a.C. ao século VI d.C. Período moderno, ou o considerado mais revolucionário em relação à ciência e à tecnologia Do século XVII a meados do século XVIII Período médio ou medieval Do século VIII ao século XIV Período contemporâneo Vai de meados do século XIX e chega aos nossos dias Usamos como referência os principais períodos da história da filosofia e da história como um todo, trabalhados por Marilena Chauí em seu livro Convite à filosofia. Ampliando o foco Período antigo Na Antiguidade, o que podemos citar? Você se lembra de alguma coisa muito antiga? Achou difícil? Tenho certeza de que você se recorda! Aí você verá como um período que está há cerca de dois milhões de anos de distância de nós pode nos oferecer tanta riqueza na área da tecnologia. Nessa época, vemos o chamado Homo habilis dominando o fogo, aprimorando suas técnicas de caça, pesca e dominação da natureza, inclusive técnicas de cultivo agrícola, como já citamos, e tam- bém de armazenamento de alimentos, usando, sobretudo, a pedra como matéria-prima — daí o nome Idade da Pedra. 13 Nesse período vemos as pinturas ru- pestres, inovando na área da comuni- cação ou mesmo iniciando esse pro- cesso, que compreendemos como comunicação oral ou linguagem es- crita. Vemos também inovação tecno- lógica nas técnicas de construção de casas de barro e de pedra, construção de barcos, invenção ou descoberta da roda e técnicas de tecelagem e manu- seio de cerâmicas. Animais pintados na Gruta de Lascaux, um dos sítios de arte rupestre mais famosos do mundo. Domínio Público Vitral da Catedral de Chartres, ilustrando um ferreiro aplicando uma ferradura em um cavalo. Domínio Público Para refletir Nenhum desses instrumentos é eletrônico ou considerado, hoje em dia, tão tec- nológico, não é mesmo? Isso é bem interessante para pensarmos no conceito de tecnologia. Período medieval Na Idade Média a escrita é considera- da uma das principais transformações históricas, o que facilitou e deu ferra- mentas para a revolução científica, que vem logo depois e é parte importante do nosso próximo tópico, quando abor- daremos a perspectiva histórica da evolução científica. Ainda citando tec- nologias na Idade Média, temos o arco e a flecha, as espadas, a dominação da cavalaria, a descoberta da pólvora, os moinhos, que ajudavam no aumento da produtividade, sobretudo nas socieda- des feudais, o arado, os arreios, o reló- gio, os óculos (antes, usávamos a lupa), a bússola, as caravelas etc. 14 Viu quanta tecnologia e avanço? Período moderno O período que se segue é considerado um dos mais tecnológicos: é o período moderno. Sobre ele vamos dar alguns exemplos e fazer um superexercício, porque temos uma infinidade de possi- bilidades para referenciar. Aqui, no en- tanto, podemos aproveitar para pensar um pouco sobre as implicações da ino- vação tecnológica em nosso cotidiano e como isso é decisivo para refletirmos sobre a sociedade como um todo e também nossas relações profissionais, tema que discutiremos com mais pro- priedade na Unidade 3. Podemos nos concentrar um pouco na Revolução Industrial e em seu impacto na eco- nomia e nas relações sociais. Há quem diga que seria melhor não termos passado por tantas transformações, já que fizemos muitas mudanças no meio ambiente e em nossa relação com o outro. Há quem diga também que as revoluções nas áreas tecno- lógica, científica, mercadológica e social foram nosso maior ganho, ou seja, devemos pensar na mudança como necessária e em nós mesmos como sujeitos que precisam se adaptar para não ficar para trás. Para refletir É uma reflexão interessante, mas podemos perceber que fomos engolidos pela segunda opção, não é mesmo? Coalbrookdale, cidade britânica considerada um dos berços da Revolução Industrial. Domínio Público Nossa vida, hoje, parece não fazer sentido algum se não estamos conectados pratica- mente 24 horas por dia, mesmo que não façamos quase nunca a reflexão de que, em algum lugar no mundo, existem pessoas que não têm acesso à internet e parecem ter pa- rado no tempo. Voltaremos a discutir um pouco mais sobre isso nas próximas unidades. 15 Para darmos continuidade a nossos exemplos históricos de transformações na área da tecnologia, ainda na Moder- nidade podemos citar o surgimento da ciência e das inúmeras tecnologias de que fazemos uso constantemente em nosso dia a dia, como telescópio, ter- mômetro, pêndulos, canhões, micros- cópio, máquinas a vapor, enciclopédias, eletricidade, átomo, ondas de rádio, te- légrafos, anestesia, fotografia, livros im- pressos etc. Ufa! São muitos exemplos, porque foi um período em que houve diversas descobertas em várias áreas: matemática, física, pintura, antropolo- gia, sociologia, arquitetura, mecânica, química, cinema etc. Assim, compreen- demos tudo isso como parte de nossa rotina: as tecnologias e as novas inven- ções que surgem a cada dia. Ainda sobre a ciência, nossa maior questão é determinar os saberes que são científicos ou não. O que é um saber científico? O que é um saber confiável? Em 2020, passando por uma pandemia e diante de um grande número de fake news, essa pergunta surge ainda com mais intensidade, já que a efervescência de um vírus (o coronavírus) faz questionar a validade do que é dito porque nossa vida, a das pessoas que amamos e a da sociedade como um todo estão em jogo. Desde a Grécia Antiga pergunta-se sobre a ordem da Terra, a posição das estrelas e do Sol e buscam-se suas comprovações por meio de experimentações e respostas. Sequência de um cavalo galopando feita por Ead- weard Muybridge: origens do cinema. Domínio Público 16 Período contemporâneo Nesse sentindo, o período contemporâneo, que diz respeito aos dias atuais, é marcado, sobretudo, pela velocidade das descobertas científicas e de informações na era digital, já que passamos pelos automóveis, pelos aviões, pelas televisões, pelos avanços na área genética etc. Então, o termo “tecnologia” se associa cada vez mais ao termo “inovação”, que não tem nem tempo nem espaço como limites. Assim, todos nós precisamos acom- panhar as mudanças e nos adaptarmos cada vez mais, sobretudo quando falamos no mercado de trabalho, mesmo que hoje, se pensarmos na questão capitalista, necessaria- mente sejamos levados a refletir também sobre as questões política e econômica. Para refletir A tecnologia muda nossos estilos de vida. Esse pode ser nosso nortepara es- tudarmos, a partir de agora, a perspectiva da ciência, do mercado de trabalho e da noção de competitividade em que toda inovação tecnológica faz pensar. Smartphone: celular que combina recursos de computadores pessoais. 17 Ciência e tecnologia: liderança das nações e competitividade Vamos refletir um pouco? • O que é competitividade? • O que é ciência? • Os países tornam-se competitivos ou líderes porque são detentores dos saberes científicos e das tecnologias ou existem outros índices de comparação que mar- cam essa linha de relação? • O que é tecnociência? Sobre o conceito de competitividade, é difícil defini-lo em termos mais técnicos exata- mente, porque a competitividade parece ser o coração de uma dinâmica à qual as empre- sas e as nações têm abraçado para melhorar seu desempenho ou se destacar de algu- ma forma a fim de disputar um lugar no mercado. Michael Porter, em seu livro Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior, trabalha o conceito de competitividade como um dos principais instrumentos da vantagem competitiva. Ciência, para Abbagnano (2000, p. 136), é: [...] conhecimento que inclua, em qualquer forma ou medida, uma garan- tia da própria validade. A limitação expressa pelas palavras em qualquer forma ou medida é aqui incluída para tornar a definição aplicável à ciên- cia moderna, que não tem pretensões de absoluto. Segundo o conceito tradicional, a ciência inclui garantia absoluta de validade, sendo, portan- to, como conhecimento, o grau máximo da certeza. O oposto da ciência é a opinião, caracterizada pela falta de garantia acerca de sua validade. E temos a tecnociência, que é quando a ciência utiliza a tecnologia como ferramenta para alcançar seus objetivos ou avançar em suas pesquisas, ou seja, quando ciência e tecnologia dialogam com o contexto social e estruturam seus resultados a partir daí. É quando a evolução tecnológica serve à ciência. Em algum sentido, há a reflexão tam- bém, a partir desse termo, de quais principais impactos e prejuízos foram e são cau- sados por esses avanços na própria sociedade ou mesmo se há uma hipervalorização da tecnologia, sem se verificar ou refletir sobre suas consequências, sobretudo quando 18 Dentro da própria ciência, quando pensamos nos processos seletivos ou quan- do existe algum concurso para bolsa de pesquisa, por exemplo, a noção de competitividade aparece, e vemos cientistas disputando também um lugar. Exemplo as questões mercadológicas são levadas em consideração em detrimento dos valores éticos, vez ou outra deixados de lado. Para refletir É mesmo inevitável que, em meio ao sistema econômico capitalista em que vivemos, comparemos habilidades e desempenhos das empresas porque a concorrência no mercado é grande e fazemos escolhas o tempo inteiro, não é mesmo? Cada vez mais as empresas buscam adaptar-se e alcançar as inovações científicas e tecnológicas para que permaneçam ativas, ou seja, há uma relação direta entre a área empresarial, as tecnologias e as vantagens competitivas. Da mesma forma que pensamos nas empresas, compreendemos que as nações têm buscado alcançar sua vantagem ou ganho competitivo como indicadores para ultrapas- sar os limites geográficos por meio das tecnologias e de seus meios de produção para alcançarem os mercados mundiais ou se tornarem nações de referência. De que forma fazem isso? Participando das políticas comerciais dos mercados interno e internacional. Assim, podemos usar o termo “competitividade” tanto para pensar as empresas como para pensar as nações. A noção de competitividade, portanto, baseia-se na necessidade de surpreender o mer- cado e os clientes com êxito maior que o de outras empresas. Em relação às nações, essa competitividade está relacionada à capacidade que um país tem de oferecer um produto melhor e mais barato do que outro, e também à maneira como ele vem crescen- do em número de exportação diante do mercado internacional. E como se contabiliza isso? Mediante o câmbio real, quando uma moeda é comparada com a de outro país, ou seja, por meio de algum indicador cambial ou de troca. 19 Podemos levar em conta, inclusive, o nível de exigência de quem compra, o produto in- terno bruto e as escolhas políticas que um chefe de Estado faz. Há uma relação também entre estabilidade macroeconômica e níveis tecnológicos que as nações detêm. Michael Porter, como visto anteriormente, é um dos pensadores mais influentes quando o tema é competitividade. Em seu livro Competição: estratégias competitivas essenciais, mais especificamente no Capítulo 6, A vantagem competitiva das nações, ele trabalha sua teoria da estratégia competitiva e fala das tendências globais após a Segunda Guerra Mun- dial. Também traça um panorama para analisar a posição de uma empresa e dizer que o destaque que uma organização alcança no mercado está relacionado às escolhas criativas que ela faz, da mesma forma que acontece com as escolhas feitas pelos chefes de Estado em relação a outras nações. Na obra citada, o autor realizou um estudo no qual analisou dez países consi- derados importantes nas relações comerciais e que são detentores de mais da metade das exportações no mundo inteiro. São eles: Japão, Dinamarca, Coreia, Alemanha, Reino Unido, Estados Unidos, Singapura, Suíça e Suécia. Porter baseou sua teoria na relação entre liderança de custo total, diferencia- ção e enfoque. A liderança de custo total diz respeito ao produto ou serviço oferecido pela empresa quando ele alcança menores custos de fabricação e isso é repassado para o valor final. A diferenciação quer dizer que uma empresa deve buscar alguma vantagem que a distinga das demais, sem perda significativa na qualidade do que é ofere- cido. Por fim, o conceito de enfoque quer dizer que uma empresa deve focar um nicho ou segmento do mercado e buscar atendê-lo da melhor forma possível, ou seja, deve encontrar um alvo estratégico ou forças competitivas. Exemplo Outra forma de pensar a competitividade pode ser o fato de a inovação tecnológica ser um agregador em meio à economia globalizada. A Tecnologia da Informação também é um diferencial. As empresas que têm a inovação tecnológica em sua infraestrutura como parte de seu negócio, assim como a Tecnologia da Informação e Comunicação – TIC, já estão à frente de outras e têm nesse fato uma vantagem competitiva em relação às demais. 20 Isso significa que as chamadas TICs já são consideradas uma das maiores inovações e garantias de destaque no universo empresarial. Estabelecer uma forma de comunicação entre o público interno e o externo pode ser uma força competitiva, como apontamos anteriormente. Isso é bastante interessante, porque o consumidor, de maneira geral, já tem acesso a muitas informações. Isso faz com ele também consiga comparar preços, analisar os comentários feitos quando ou- tras pessoas compram determinado produto, pesquisar sobre esses produtos até em outros países e escolher com base em quem oferece mais vantagem para ele. A era da informação e comunicação, associada ao avanço na era digital, não é um privilégio das empresas, pois também beneficia o consumidor. Mais uma vez é necessário voltar aos temas dos avanços tecnológicos e científi- cos e da competitividade. Importante É assim que relacionamos tecnologia, ciência e competitividade — não há como disso- ciar esses termos. É preciso traçar estratégias e pensar que o mercado sofre alterações em suas necessidades e as empresas tornam-se competitivas, dependendo daquilo que podem oferecer como diferencial. Isso pode significar, em vários sentidos, uma melhoria da qualidade dos produtos e serviços que elas oferecem ao consumidor final, o que pode ser bom, não é mesmo? 21 O cenário atual de ciência e da tecnologia e as mudanças na sociedade Vamos iniciar este tópico fazendo o exercício de pensarmos como eram nossas vidas há dez anos. Muita coisa mudou? Consegue pensar em alguma descoberta científica que antes eranovidade e que hoje foi contestada ou deixou de ser tão inovadora? Consegue pensar a sociedade com suas transformações e cenários que mudam constantemente e rela- cioná-la às tecnologias? Nós somos mesmo adaptáveis e por quantas coisas já passamos, não é mesmo? Então, você consegue trazer para nossos dias essas reflexões? Para refletir Qual é o cenário atual quando pensamos em tecnologia e ciência? Já ouviu falar em inteligência artificial? Em pesquisas com células tronco? Em relação às pró- prias redes sociais, temos ouvido falar muito em fake news e em uma infinidade de notícias chamadas de pós-verdades e difundidas pelos robôs (famosos na década de 1970, vejam só). E na ciência? Ah, quanta coisa poderíamos citar! E os celulares? As televisões? Os automóveis? No rumo do desenvolvimento das ciências temos também a chamada Indústria 4.0, por exemplo. Alguns autores classificam esse salto tecno- lógico como uma quarta Revolução Industrial em que se inserem a elabo- ração e a aplicação de uma tecnolo- gia de ponta baseada em inteligência artificial – IA e Big Data (um grande banco de dados que cruza diversas informações tão rapidamente que permite a seus utilizadores criarem um perfil baseado nas diversas informações disponí- veis nos bancos de dados de instituições financeiras, aplicativos, redes sociais e outros 22 espaços virtuais, e não somente de indivíduos, mas também de empresas, organizações etc.). Há, ainda, outras tecnologias de ponta, como a transmissão de dados via 4G e 5G (este último ainda em desenvolvimento, com aplicação ainda limitada). Essa nova indústria é tratada como a possível substituição de seres humanos em diver- sas tarefas e tem sido utilizada para o desenvolvimento de novas formas de diagnosticar doenças e de novas ferramentas para auxiliar e até mesmo substituir a presença humana direta em diversos procedimentos médicos, inclusive cirúrgicos. Além disso, a tecnolo- gia que se consolida permite que tenhamos mais segurança e que, futuramente, seja acessível para um grande número de pessoas o controle de eletrodomésticos e outros produtos eletrônicos a distância, por meio de comandos de aplicativos para a execução de tarefas domésticas ou laborais. Porém, nem só de coisas boas vivem as novidades. Essa mesma “revolução” tecnológi- ca é responsável pelo aumento do controle de empresas e Estados sobre os indivíduos, que são utilizados como ferramentas de ascensão de governos antidemocráticos (por exemplo, Hungria, EUA e Brasil), e pela precarização nas relações de trabalho, já que as empresas têm adotado uma percepção de subvalorização do trabalho humano em detri- mento da tecnologia. É importante salientar que o desenvolvimento tecnológico proposto pela Revo- lução Industrial, desde seu princípio, era tido pelos teóricos como um salto para a humanidade no sentido de ser necessária cada vez menos a aplicação da mão de obra humana para a geração de riqueza, o que permitiria que os seres humanos utilizassem menos tempo no trabalho e tivessem tempo livre para desenvolver outras habilidades. Um exemplo desses teóricos é Hobsbawm (2007), que nos apresenta exatamente os limites dessa perspectiva ao apontar que o período entre 1845 e 1875 serviu para consolidar a sociedade burguesa e foi quando se iniciou uma forte repressão dos Estados-nacionais à chamada Primavera dos Povos, momento em que a classe trabalhadora de toda a Europa se insurgiu contra as péssimas condições de trabalho do período. Em um se- gundo momento, o capitalismo se desenvolveu para cumprir uma etapa impe- rialista, de espólio e invasão de outros países, consolidando seu projeto global e criando as condições dos dois maiores conflitos mundiais já existentes no planeta (a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais) e consolidando a tendência monopolista do capitalismo, com destaque para o capital financeiro. Importante 23 Ainda que esse discurso persista, nos momentos em que se tem falta de mão de obra humana ressurge sempre o discurso de que, sem os trabalhadores e as trabalhadoras, a economia não funciona, o que também demonstra que, ainda que se avance na tecno- logia, o papel humano é fundamental para o desenvolvimento de pesquisas científicas e para quaisquer outros modelos de trabalho. Elementos da subjetividade humana podem ser copiados por máquinas, mas não vivenciados de forma plena, o que pode ser feito apenas por mulheres e homens. Para refletir De forma plena, apenas mulheres e homens têm esse dom. Isso é o que nos resguarda de certa forma e, em certa medida, deixa-nos um pouco seguros e cheios de esperança. O que nos leva, portanto, a uma necessidade de readap- tação, capacitação e melhoria em nossas capacidades e desempenhos para alcançarmos esses avanços e nos adequarmos ao mercado de trabalho. Alguns autores afirmam que passamos por pelo menos quatro tipos de revolução: A primeira revolução, quando as produções mais artesanais são substituídas pela criação de algu- mas máquinas, como as a vapor. A terceira revolução, após a Segunda Guerra Mundial, é a mais comentada e conhecida: a Re- volução Industrial, marcada pela criação da internet e pelos com- putadores. A segunda revolução, quando inovamos, sobretudo, na área de transporte e comunicação. Nesse período, temos, por exemplo, os modelos fordistas e também os aviões, as televisões etc. A revolução digital, de que tratamos anteriormente. Sobre as duas primeiras revoluções, o sociólogo Manuel Castells as aborda em seu livro quando trata da sociedade em rede. Sobre a terceira revolução, temos como referência o britânico Eric Hobsbawn e, sobre a chamada revolução digital, Klaus Schwab. 24 Temos hoje, então, uma espécie de junção entre aquilo que entendemos como novas tecno- logias ou avanços na área tecnológico-científica, o chamado mundo digital, e a sociedade. Para ampliar seu conhecimento veja o material complementar da Unidade 1, disponível na Midiateca. MIDIATECA Na pandemia, observamos como o uso da ciência e da tecnologia é importante: na área da saúde, na busca por vacinas ou meios de combater a covid-19; e nas redes sociais e na internet, utilizadas com toda a intensidade que a quarentena e o isolamento social exigem. Outros exemplos são o surgimento das lives e o oferecimento de serviço de delivery por empresas que, antes, não o faziam, o que levou empreendimentos que antes não vendiam pela internet a se adapta- rem à nova realidade que enfrentamos. A rede de informação tem sido cada vez mais necessária para nos munirmos de dados e conhecimentos essenciais para nossa sobrevivência. Nesse senti- do, percebemos cada vez mais que ciência e tecnologia dialogam diretamente, e o tempo inteiro, com a sociedade e suas transformações. NA PRÁTICA 25 Resumo da Unidade 1 No primeiro momento trabalhamos os aspectos históricos e os desdobramentos im- pulsionados pelas tecnologias e refletimos sobre qual a relação dessas tecnologias nas sociedades. Em seguida, trabalhamos a relação entre mercado, ciência e ino- vação tecnológica como vantagem competitiva e ganho na área profissional, assim como as formas de pensar a competitividade. Por fim, discutimos os impactos do desenvolvimento científico/tecnológico na sociedade e também qual o cenário atual da ciência e da tecnologia. Trabalhamos os conceitos de tecnologia, competitividade, ciência, tecnociên- cia, tecnocracia, vantagem competitiva e os tipos de revoluções. CONCEITO 26 Referências ABBAGNANO, N. Dicionário de filosofia. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000. CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2000. CHAUÍ, M. Convite à filosofia. 7. ed. São Paulo: Ática, 2000. HOBSBAWM, E. A Era do Capital: 1848-1875. 13. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2007. MARX, K. 18 Brumário de Luís Bonaparte. In: MARX, K. A revolução antes da revolução. São Paulo: Expressão Popular, 2008. MARX, K.; ENGELS, F. O manifesto comunista. São Paulo: Anita Garibaldi, 2006. PORTER, M. E. Competição:estratégias competitivas essenciais. Rio de Janeiro: Cam- pus, 1999. PORTER, M. E. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. Rio de Janeiro: Campus, 1992. SCHWAB, K. A quarta revolução industrial. São Paulo: Edipro, 2019. Relações entre ciência, tecnologia e sociedade UNIDADE 2 28 Nesta unidade vamos estudar como podemos pensar sobre os avanços científicos e tecnológicos na relação com a sociedade, com o meio ambiente e a partir do nosso ecossistema. Também discutiremos como as questões políticas e as macroestruturas podem ou não influenciar nossas decisões mercadológicas. Discutiremos as influências culturais e comportamentais nas questões políticas e a partir dos avanços tecnológicos. Por fim, quais os impactos causados pelas mudanças históri- co-tecnológicas nos comportamentos e na construção da subjetividade humana. INTRODUÇÃO Nesta unidade você será capaz de: • Avaliar os impactos do desenvolvimento científico/tecnológico na sociedade e os impactos da sociedade no desenvolvimento científico/tecnológico. OBJETIVO 29 Ciência, tecnologia e sociedade e suas relações E a inovação tecnológica na relação com o meio ambiente e com a socie- dade? Como podemos pensar sobre isso? Já parou um minutinho para refletir? Vamos tentar? Se por um lado as empresas e a própria sociedade precisaram adaptar-se aos avanços tecnológicos e até entendê-los como um fator de progresso social, por outro houve e há também a necessidade de se perguntar sobre nossa responsabilidade em meio a esse progresso. Responsabilidade e talvez as consequências dessas inovações em nosso meio, não é mesmo? É inegável que todos os níveis — econômico, político, social etc. — sofreram fortes trans- formações tecnológicas e científicas, como vimos na Unidade 1. É pensando dessa for- ma que começamos nossa segunda unidade discutindo essa relação e o que permeia toda a nossa disciplina e nosso cotidiano ou o meio ambiente em que vivemos. Não há sentido algum em discutir sobre tecnologia e ciência sem tomar como parâmetro para quem elas servem ou a quem estão subordinadas, ou seja, sem levar em considera- ção o homem ou a sociedade. O que são os ecossistemas e quais são seus componentes? Por que falar sobre eles? Porque tudo o que diz respeito aos nossos atos e fatos está associado aos planetas e ecossistemas. Podemos chamar de ecossistema uma comunidade que não pode ser pensada de forma independente ou isolada de outras comunidades e também não pode ser dissociada do A tecnologia permite chegar a um alimento transgênico, por exemplo, mas pre- cisa discutir quais consequências esse consumo traz para a saúde humana. Ou mesmo quais biomas ou ecossistemas fazem parte dessas relações. Exemplo 30 meio ambiente em que está localizada. Em outras palavras, é a própria interação entre os fatores bióticos (organismos vivos) e fatores abióticos (elementos físico-químicos essen- ciais para a existência dos seres bióticos). De acordo com o dicionário Michaelis: Ecossistema é o “sistema formado por um meio natural e pela comunidade de organismos animais e vegetais, assim como as inter-relações entre ambos”. É importante entender que, para que tenhamos um meio ambiente saudável, precisamos pensar estrategicamente como nos relacionamos com esse ambiente. As empresas que pensam de maneira sistêmica também têm a tendência de estar na frente das outras. O sucesso de uma empresa está relacionado, portanto, ao ambiente apropriado que ela escolhe para existir ou estar. A empresa não é parte apenas de um ramo ou categoria empresarial, ela faz parte de uma estrutura que vai além da área em que ela se especializa. A empresa relaciona- -se com fornecedores, clientes, empresários, concorrentes, pequenos produtores. Nesse sentido, uma boa estratégia empresarial que tem sido muito usada deixa de lado a ideia de que você precisa responder pelos números da empresa de maneira isolada. Saber quais são os atores locais e os principais desafios também é importante. Descobrir as múltiplas potencialidades do local, ou mesmo pensar em “ecossistemas de inovação” para agregar valor à empresa e todo o seu entorno também podem ser bons caminhos. O que é um ecossistema de inovação? Podemos pensá-lo como polos de tecnologias? Acho que sim, não é mesmo? Ecossistema de inovação são redes de relações em que empresas compartilham inte- resses comuns e pensam juntas soluções viáveis para seus negócios. Empresas que Para refletir Nosso interesse é, portanto, saber como as inovações tecnológicas podem in- terferir ou contribuir com os ecossistemas. É possível pensar, por exemplo, nos ecossistemas e relacioná-los ao ambiente de trabalho? http://www.michaelis.uol.com 31 cooperam entre si e cujos papéis são distribuídos de acordo com o que cada uma delas pode oferecer. Não é fantástico? Se antes toda a relação entre empresas era descrita a partir da pura competição, agora temos um novo momento em que elas precisam agregar valores e ganhos, já que a con- corrência hoje é bem maior. O livro Ecossistema de inovação: alinhamento conceitual, de Clarissa Stefani Teixeira, Dorzeli Trzeciak e Gregório Varvakis, publicado em 2017, diz que: [...] uma das principais aplicações da metáfora do ecossistema biológico às organizações é encontrada nos estudos de Moore (1993) que definiu o conceito de ecossistemas de negócios, em que as organizações são vistas como componentes que coopetem, ou seja, trabalham de modo cooperati- vo e competitivo, para sustentar novos produtos e satisfazer as necessida- des dos consumidores e incorporam inovações. Ecossistema de negócios é uma comunidade econômica que se apoia na interação entre organiza- ções e indivíduos, considerados os organismos do mundo dos negócios. Sistemas de cooperação O sistema de cooperação entre as empresas tem sido um dos maiores ganhos dos últi- mos tempos. Temos também os parques ecológicos. Um dos parques ecológicos mais conhecidos é o chamado Vale do Silício. Localizado na Califórnia, comporta várias startups conhecidas mundialmente como Google, Facebook, Apple, Yahoo. São consideradas tendências de inova- ção ou o futuro mercadológico, diríamos até o próprio presente. A empresa Buscapé, criada por estudantes da USP, nasce a partir da necessidade de um de seus sócio-criadores e é um avanço como ferramenta de busca e de comparação de preços pela internet. É considerada uma das primeiras start-ups de sucesso no Brasil. Hoje, se pensamos nossas práticas cotidianas, quase não conseguimos comprar nada sem pesquisar quais empresas oferecem o melhor preço, melhor produto e o melhor serviço, não é mesmo? Passamos horas lendo os comentários de outras pessoas que já fizeram uso do produto para termos certeza de nossa escolha. E isso sem sair de casa. Exemplo 32 O portal de conteúdos sobre tendências futuras, chamado futurotopia.com, vai trazer uma lista de 11 ecossistemas de inovação em 11 cidades brasileira e vale muito a pena conhecer. Vamos ver algumas delas? Ficou curioso também? 1. Porto Digital localizado em Recife - PE – Reúne cerca de 250 empresas diferentes na área de tecnologia e tem como foco os games, multimídia, cinema, música, fotogra- fia e design. 2. Pólo Industrial de Camaçari – Bahia – Investem na área de automação, química, mineração e construção civil. 3. San Pedro Valley – Belo Horizonte/MG – Fazem parte mais de 200 empresas contan- do com espaços de coworking, as chamadas aceleradoras e investidores. 4. Vale da Eletrônica – Santa Rita do Sapucaí/MG - Com foco na área de informática. 5. Parque Tecnológico – São José dos Campos/SP – Focado no mercado de defesa e aeroespacial – desenvolvimento na área da aeronáutica, setores automotivo, energético, saúde, têxtil etc. 6. Fundação UNICAMP - Campinas - Com mão de obra especializada: engenheiros, físi- cos, químicos, cientistas da computação etc. 7. São Paulo/SP – Fazem parte cerca de 2.600 empresas e uma das cidades mais pro- missoras do mundocom destaque nos segmentos de fintech e saúde. 8. Capital da Inovação – Florianópolis/SC – De acordo com o portal citado mais acima, é a segunda cidade mais empreendedora do Brasil, ficando atrás apenas de São Paulo. Conta com mais de 600 startups tecnológicas (FUTUROTOPIA..., 2020). Além da proposta de parceria, algumas dessas empresas têm pensado projetos de de- senvolvimento sustentável, mesmo não sendo ainda o investimento ideal e mesmo não sendo todas elas, algumas seguem nessa linha e falaremos um pouco mais no próximo tópico. Pensando nesse mesmo princípio de cooperação, podemos citar também as cha- madas comunidades colaborativas, ou economia criativa ou mesmo as propostas de economia solidária. • Nas comunidades colaborativas, por exemplo, são utilizadas tecnologias e ferra- mentas de financiamento coletivo feito normalmente pela internet ou por meio de algum aplicativo. • Na economia criativa, empresas podem comprar ideias ou o chamado capital in- telectual e cultural de outras. • Na economia solidária, empresas se unem, normalmente em espaços colabo- rativos, e têm sua gestão feita pelas próprias empresas que fazem parte desses espaços. Não são cooperativas porque as empresas nem sempre têm produtos, objetivos ou missões iguais. 33 O menino que descobriu o vento. O filme é baseado no livro homônimo que conta a história de um menino que frequenta- va escondido a biblioteca da escola onde estudou, mas foi expulso porque os pais não podiam pagar a mensalidade. O fil- me mostra como uma inovação pode ser benéfica e como é importante levar em consideração o que o espaço oferece como oportunidade. Kamkwamba cons- trói um moinho que vai ajudar toda a sua comunidade naquilo que era de maior ne- cessidade no local, ou seja, irrigar o solo seco. Considerada uma grande inovação na técnica de bombeamento de água, vê- -se claramente essa interação entre tecnologia e sociedade. Com direção de Chiwetel Ejiofor, o filme foi lançado em 2019. Ampliando o foco 34 Influências culturais e comportamentais nas concepções da ciência e da tecnologia No final do tópico anterior começamos a falar um pouco sobre as redes de cooperação e de solidariedade. Por isso, vamos iniciar nosso tópico 2 pensando as influências culturais e comportamentais. Tomaremos como base, claro, a ciência, a tecnologia e os avanços todos dos quais já falamos anteriormente, também nos referindo às redes com as quais em algum momento temos acesso e das quais a maioria das empresas hoje tem se va- lido muito para pensar seus negócios e seu capital financeiro, sobretudo as pequenas e médias empresas que são, como dito, a nossa maioria comercial no Brasil. Não foi à toa que desde o ano de 2003 foi formada uma rede de gestores públicos de economia solidária, por exemplo. Isso quer dizer, mais que nunca, que os comportamen- tos e as necessidades da sociedade são a principal referência para se pensar sobre as tecnologias e as ciências. A cultura, os fatores geográficos, os fatores sociais e os nos- sos comportamentos são os impulsionadores das decisões de investimento e isso não é diferente em relação à tecnologia e à ciência. Você concorda ou acha que o progresso é um mito? Pierre-Henri Gouyon, em seu texto O mito do progresso, presente no livro fantástico inti- tulado Transgênicos, para quem?, publicado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário em 2011, vai fazer uma crítica ao termo e diz que mesmo que a técnica ou recorrer aos recursos mais sistemáticos seja bom para a solução de alguns problemas, é inegável que também cria ou gera outros. Traz ainda nesse mesmo texto uma alusão a dois tipos de pessoas: as que pensam o progresso como única forma de relação com o meio e que entendem que, se houver problemas, esses devem ser resolvidos no próprio processo e Existe um site governamental chamado www.rededegestoresecosol.org.br no qual vocês podem encontrar várias informações, histórico, carta de apresenta- ção e regimento interno. É o site da Rede de Gestores de Políticas Públicas de Economia Solidária. Ampliando o foco http://www.rededegestoresecosol.org.br 35 é um dado natural; e as pessoas que pensam que já estamos diante de muitos erros pro- venientes dos avanços tecnológicos, que é preciso parar para corrigi-los ou refletir sobre eles o quanto antes. E você? O que pensa sobre isso? Já ouviu falar em biodiversidade ou bio- tecnologias? Biodiversidade e biotecnologia Mesmo não sendo um tema tão recente, a biodiversidade, como o próprio nome sugere, responde pela variedade biológica existente em todo o planeta. Falamos de ecossistema mais acima e por isso voltamos a tocar no assunto: é preciso pensar sobre o equilíbrio ambiental ao falar dos avanços tecnocientíficos. É verdade que a própria biodiversidade nos dá elementos para nos adaptarmos e readaptarmos o tempo inteiro. Vemos isso em todas as áreas da sociedade, como na saúde, na área alimentar, na área geográfica, mas entendemos também que alguns organismos vivos foram extintos, mesmo sendo essen- ciais. Vemos isso, sobretudo, na fauna e na flora. Nesse sentido, um dos problemas que mais preocupam quando levamos em conta a questão ética diz respeito aos processos científicos relacionados à manipulação da vida e às questões ambientais. A vida precisa importar mais do que as questões econômicas. Mesmo que essa máxima não seja tão levada em conta nos mercados de investimento e no nível de capitalismo a que chegamos, é preciso pensar sobre ela. Para refletir É inevitável admitir que existem interesses distintos por parte de vários grupos em relação aos principais investimentos a se fazer ou mesmo qual investimen- to é mais rentável. Os recursos naturais e biológicos também são usados como ferramenta para descobertas e os novos ramos científicos com certeza influen- ciam as decisões comerciais. Na área da saúde, por exemplo, podemos nos lembrar dos avanços em relação à engenharia genética. E como fica o meio ambiente em meio a isso tudo? 36 A necropolítica e as tecnologias Quem tem o controle da vida? Quem tem o controle sobre a morte se não trabalharmos essas questões pela via religiosa ou sem recorrer a Deus? O que é a macroestrutura ou macropolítca? Parece que fomos educados em meio a uma grande ambivalência. Por um lado a ideia de que não temos controle algum sobre nosso corpo e que tudo o que diz respeito a ele está em um controle de esfera metafísica; por outro temos a ideia de que somos res- ponsáveis por todos os nossos atos e escolhas sem levar em conta que há um controle indireto do Estado e das macroestruturas sobre nós, mas gerando também a sensação de que todo o limite já está posto independentemente de nossa vontade. Há quem diga, por exemplo, que a própria guerra é uma construção humana como forma de controle ou mesmo como forma de imposição das estruturas de poder. Nesse sentido, há uma discussão muito interessante que nos faz pensar se os grupos apresentados como rivais dentro da sociedade não são uma construção dos grupos de controle. Se levamos essas reflexões para o que objetiva nossa disciplina, que é discutir sobre ciência e tecnologia, dá para ponderar? E em relação às tecnologias? Já parou para pensar se as questões políticas ou de desi- gualdades também não estão relacionadas? • O que você acha? Há uma ambivalência também? • É possível discutir formas de controle ou de supremacia de grupos de pessoas em relação a outros? • É possível refletir sobre o quanto de violência indireta há na segregação de quem não detém os meios e acessos tecnológicos? • Você já se sentiu discriminado ou segregado por não ter um aparelho eletrônico igual ao do colega ou de última geração? Para refletir Quando o governo ou mesmo algumas empresas oferecem um benefício, mas esse benefício só pode ser adquirido ou resgatado por meio de algum aplicativo ou meio digital, como ficam as pessoas que precisam ou têm direito mas não têm acesso? Quem é destituído é que passa a ser o entraveou inimigo, gerando, portanto, mais uma forma de exclusão. 37 Análise das mudanças comportamentais contemporâneas O ano é 2020, estamos em meio a uma pandemia, diante de um vírus desconhecido e que nos deixou de certa forma em suspenso. Mesmo vivenciando um nível de avanço tecnoló- gico e científico — ainda não temos respiradores para todos que precisam, mesmo sendo aparelhos teoricamente muito fáceis de serem construídos — essa passou a ser uma das maiores preocupações: a vida humana reivindicando apenas o direito de poder respirar. Não há leitos suficientes, não há testes suficientes, não há organização suficiente e, mais ainda, não parece haver respeito incondicional a toda e qualquer vida. E não falamos nem sobre as questões relacionadas às desigualdades sociais e as ques- tões essenciais de saneamento básico, por exemplo. Temos, por outro lado, um não con- trole, como é natural e sempre foi em toda a história da humanidade em algum momento, ou seja, um não controle das questões da natureza. Por outro, nos vemos o tempo inteiro diante da possibilidade de finitude e isso é muito inquietante. Um termo que tem sido muito usado quando nos encontramos diante dessas questões é o chamado brutalismo, inicialmente comum na arquitetura, mas discutido hoje também nas análises sobre o capitalismo e sobre as formas de segregação ou exclusão. O autor Achille Mbembe, filósofo e historia- dor africano, define brutalismo como uma espécie de evento contemporâneo “pelo qual o poder enquanto força geomórfica é atualmente constituído, se exprime, se re- configura, atua e se reproduz. E fá-lo pela fratura e fissura, pela acumulação de barris, pela perfuração e pelo esvaziar de matéria orgânica, por fim, pelo que chamamos de esgotamento.” (trecho retirado do artigo O direito universal à respiração, publica- do pela revista Geledés, com tradução de Mariana Pinto dos Santos e Marta Lança). Ele questiona ainda se nossas vulnerabilidades não estão associadas aos processos químicos e radioativos pelos quais passamos nas últimas décadas. Seriam as catás- trofes orgânico-naturais, as contaminações por vírus etc. consequência dos nossos corpos expostos? Achille Mbembe (1957-): filósofo, teórico político, historiador, intelectual e professor universitário camaronês. Foto: The European Graduate School. 38 Nas palavras dele: Não será a toxicidade, isto é, a multiplicação de produtos químicos e resí- duos perigosos, uma dimensão estrutural do presente? Tais substâncias e resíduos não atacam apenas a natureza e o ambiente (ar, solo, água, cadeias alimentares), mas igualmente os corpos expostos ao chumbo, ao fósforo, mercúrio, berílio, aos fluidos refrigerantes. (MBEMBE, 2020) E aí, o que você acha? Podemos parar agora para pensar sobre o nosso meio ambiente e sobre as coisas que consumimos para nos alimentar- mos? E o que tem a ver a ciência e a tecnologia com isso? O livro que citamos mais acima sobre os transgênicos diz que os alimentos genetica- mente modificados têm sustentado sua produção sob “três argumentos principais: a pre- servação do meio ambiente, o aumento da produção para combater a fome e a redução dos custos de produção”. Ou seja, “em cada um desses eixos depreende-se um enorme esforço para demonstrar como os transgênicos geram resultados positivos, e que não há risco para o meio ambiente e em particular para o consumo pelos seres humanos” (p.10). Fala-se sobre os benefícios, entretanto pouco se fala sobre os malefícios que eles causam à nossa saúde. Um dos argumentos utilizados por quem defende seu uso é de que há muita crítica por- que somos resistentes às mudanças. Alimentos modificados geneticamente, ou seja, produzidos artificialmente por meio da engenharia genética são mesmo nossa melhor opção? Aplausos para os avanços científicos e tecnológicos nas áreas da engenharia e da genética, não podemos deixar de pontuar, mas é um alerta em relação à nossa saúde e a dos animais que também fazem parte do nosso ecossistema, não é mesmo? Sabe quais são os dois principais produtos com códigos genéticos modifi- cados? A soja e o milho. Soja e milho são os alimentos que servem de base também para as rações que serão consumidas pelos animais explorados pela indústria de consumo de carne. Animais que serão abatidos e consumidos por seres humanos e outros animais, só que domesticados. Isso sem falar que são também a base de alimentos processados e empacotados que compramos todos os dias em supermercados, como macarrão, biscoitos etc. Ampliando o foco 39 Para refletir Consegue imaginar esse ciclo de consumo para a nossa saúde? Praticamente todas as coisas que são de origem vegetal e que consumimos são modificadas geneticamente. Precisamos pensar sobre isso. Concorda? The Game Changers é um documen- tário lançado em 2018, com direção de Louise Psihoyos, e traduzido para o português como Dieta de Gladiadores. O filme discute a dieta à base de plan- tas e também como algumas doenças modernas, como intolerância à lactose, problemas cardíacos ou câncer podem estar relacionados ao nosso consumo de proteína animal. O filme desfaz al- guns mitos relacionados ao nosso de- sempenho e saúde, caso consumamos alimentos de origem puramente vegetal. Ampliando o foco Para ampliar o seu conhecimento veja o material complementar da Unidade 2, disponível na midiateca. MIDIATECA 40 A fertilização in vitro é um exemplo maravilhoso de como os avanços científi- cos e tecnológicos podem ser úteis para realizar sonhos. Mulheres e homens que, por algum motivo genético ou orgânico, não poderiam ter filhos hoje têm o procedimento como uma possibilidade. Programas e clínicas inclusive ofe- recem planos mais acessíveis e até a redução do valor por meio da troca de óvulos e sêmens. Quando pensamos em nossa atuação profissional podemos nos lembrar do processo de inclusão de algumas ferramentas que são essenciais para o an- damento do processo de comunicação nas empresas e em nosso campo de trabalho. Podemos citar como exemplo as videoconferências, as correspon- dências e trocas de informações internas por meio eletrônico e os cursos de capacitação na modalidade on-line, que são hoje uma grande fonte de conheci- mento, com baixo custo de acesso. NA PRÁTICA 41 Resumo da Unidade 2 Como foi importante discutir sobre o desenvolvimento da ciência e tecnologia e relacio- ná-lo com o nosso processo de formação sócio-histórico, não é mesmo? Foi isso que vimos nesta unidade. Podemos pensar essas questões de forma política e como a partir das nossas questões do dia a dia pensar a ciência e a tecnologia. Na ciência, nas formas de alimentação, nas relações de trabalho e na sociedade como um todo. Ecossistema como ambiente em que vivemos e nos repensamos. Sistemas de cooperação como forma de lidar com as necessidades do mercado. Biodiversi- dade e biotecnologia, uma discussão sobre as diversidades que a biologia ofe- rece e como pensar isso na relação com os avanços tecnológicos e científicos. Necropolítica como o espaço em que se discute aquilo que está subordinado a uma macroestrutura e a questões políticas. CONCEITO 42 Referências FUTUROTOPIA. Os ecossistemas de inovação em 11 cidades brasileiras. Futurotopia. com. Disponível em: https://novo.futurotopia.com/2019/12/10/ecossistema-de-inova- cao-em-11-cidades-brasileiras/. Acesso em: 1º jun. 2020. Disponível em https://www.re- dedegestoresecosol.org.br. Acesso em: 1º jun. 2020. GOULART, M. C. V.; IANO, F. G.; SILVA, P. M.; PERES, S. H. de C. S.; PERES, A. S. Mani- pulação do genoma humano: ética e direito. Ciênc. saúde coletiva. v. 15, supl.1. Rio de Janeiro, jun. 2010. MBEMBE, A. Necropolítica. São Paulo: n-1 edições, 2018. MBEMBE, A. O direito universal à respiração. Disponível em: https://www.geledes.org. br/o-direito-universal-a-respiracao/amp/. Acesso em: 1º jun. 2020. TEIXEIRA, C. S.; TRZECIAK, D. S.; VARVAKIS, G. Ecossistemas de inovação: alinhamento conceitual. Florianópolis:Perse, 2017. ZANONI, M.; FERMENT, G. (orgs.). Transgênicos para quem? Agricultura, ciência e socie- dade. Brasilia: Ministério do Desenvolvimento Agrário, 2011. https://novo.futurotopia.com/2019/12/10/ecossistema-de-inovacao-em-11-cidades-brasileiras/ https://novo.futurotopia.com/2019/12/10/ecossistema-de-inovacao-em-11-cidades-brasileiras/ https://www.geledes.org.br/o-direito-universal-a-respiracao/amp/ https://www.geledes.org.br/o-direito-universal-a-respiracao/amp/ Desenvolvimento científico/ tecnológico e o mundo do trabalho UNIDADE 3 44 Nesta unidade vamos discutir as reconfigurações do mercado de trabalho por conta do desenvolvimento tecnocientífico e como profissionais e empresas precisaram e preci- sam se estruturar para acompanhar as mudanças e permanecerem no mercado. Discuti- remos também o chamado desemprego tecnológico e as novas profissões que são con- sequências desse processo de evolução. Discutiremos a sociabilidade e a cultura digital, virtual e a dimensão do real; usos e apreensões de tecnologias emergentes e, sobretudo, o grau de importância do ser humano frente às evoluções. INTRODUÇÃO Nesta unidade você será capaz de: • Identificar alternativas para a valorização da atuação profissional dentro de um contexto de profundas mudanças provocadas pela evolução científica e tecnológica. OBJETIVO 45 Desenvolvimento tecnocientífico e reconfi- gurações no ambiente de trabalho Como vimos em vários momentos de nossa disciplina, muitas áreas, profissões e profis- sionais precisaram se reinventar por conta das mudanças tecnológicas e dos avanços científicos pelos quais passamos enquanto sociedade. Precisamos reconfigurar nossa relação com o ambiente como um todo e mais especificamente com o ambiente de tra- balho de maneira geral. Foram mudanças sócio-históricas, políticas e econômicas em todos os âmbitos de nossas relações sociais e mudanças mais estruturais em relação aos nossos instrumentos de trabalho. Nesta perspectiva, há uma espécie de exigência do próprio mercado para que haja um investimento cada vez maior nessas novas ferramentas consequentes dos avanços tecnológicos, sobretudo por se tratarem de espaços altamente competitivos. Além da infraestrutura há a necessidade também de se capacitar a equipe de trabalho para se adequar a esses avanços. Um exemplo no fordismo Vimos essa questão de necessidade de reestruturação em vários momentos de nossa história, como na chamada Segunda Revolução Industrial, que é até hoje tida como re- ferência automobilística: o fordismo. O mais incrível é que a empresa existe até hoje. As linhas de montagem e o uso de esteiras de rolagem mudaram completamente a forma de se lidar com a produção, inclusive expandindo-se e servindo como exemplo para ou- tras áreas, como a siderurgia e a indústria têxtil. O fordismo foi, sem sombra de dúvida, uma revolução nos modos de produção. Quando falamos em linhas de montagem ou linhas de produção queremos dizer com isso que cada empregado dentro da fábrica seria responsável apenas por uma função ou apenas por uma parte de todo o processo que geraria um produto final, ou seja, apenas uma par- te do todo. O objetivo, portanto, era produzir o máximo possível no menor tempo possível já que o mercado estava se expandindo, ou seja, ganhar tempo na produção e assim diminuir custos e aumentar os lucros. 46 Um exemplo dessa diminuição de custo usada pela empresa nesse período foi a escolha de uma úni- ca cor para todos os carros. As- sim, todos os carros da Ford eram pintados de preto. A tinta preta à época tinha o menor preço e o menor tempo de secagem, além de toda a comodidade que isso re- presentava naquele período. Outra coisa que era importante no for- dismo era o fato de que, se o em- pregado executava a mesma função, ele se tornava cada vez mais eficiente e cada vez se apropriava mais daquela função, tornando-se, portanto, um especialista naquilo que fazia. É bem verdade que muitas críticas pertinentes foram feitas a essa forma de trabalho. O que queremos destacar é, sobretudo, a maneira como nos adaptamos e fazemos uso das tecnologias. Linha de produção de modelo da Ford em 1928. Veja nossa dica de filme para saber a quais críticas ao capitalismo estamos nos referindo. Pesquise e assista ao filme Tem- pos modernos. O filme é uma crítica aos modelos de produ- ção baseados na divisão do tra- balho e à produção em massa, também ao processo de repe- tição e alienação que as linhas de montagens podem gerar no indivíduo. Conhecido por ser es- crito, dirigido e protagonizado por Charlie Chaplin, o filme retrata a vida de um funcionário de uma fábrica e torna-se conhecido por criticar o avanço do capitalismo e a desumanização na época da Revolução Industrial. Ampliando o foco 47 Por que trouxemos esses dois exemplos na área organizacional? Para dizer, sobretu- do, que todo ambiente de trabalho sofre ou precisa sofrer alteração ou se reestruturar para adequar-se ao desenvolvimento tecnocientífico. Inauguram-se novos paradigmas socioeconômicos e novos setores são criados, como veremos no próximo tópico. Há uma nova leitura dos padrões de exigência em relação às empresas. As organizações que saem na frente são aquelas que fazem o melhor uso de sua equipe de trabalho, das potencialidades do mercado e dos recursos tecnológicos disponíveis. Hoje, por exemplo, não cabe mais o discurso de que não se sabe usar um computador, de que não se sabe usar as ferramentas de comunicação por aplicativos de conversa e videoconferências e de que não se usam as redes sociais. Aquele que quer estar adequa- do ao ambiente de trabalho precisa adaptar-se, precisa se reconfigurar, precisa se capaci- tar e se adequar às novas formas do mercado de trabalho e da sociedade como um todo. A era digital é, sem dúvida alguma, uma mudança estrutural em toda forma de relaciona- mento. Isso em todos os ambientes e em todos os níveis: social, familiar e mais ainda no ambiente socioprodutivo e profissional. Há uma exigência do mercado de trabalho e pre- cisamos nos enquadrar sob pena de sermos substituídos ou de não sermos requisitados. Um outro exemplo visto no toyotismo Das diferenças entre taylorismo e fordismo surge o toyotismo. Considerado uma espécie de avanço do fordismo, no toyotismo o processo de produção se- ria adequado às demandas do mercado de trabalho, ou seja, não se teria mais um dos problemas atribuídos ao fordismo, que foi a produção em massa de carros sem que fossem todos consumidos, ficando em estoque. Assim, além do recurso parado, havia o problema de necessitar de espaço físico para arma- zenamento dos carros produzidos. No estilo Toyota os carros seriam produzidos de acordo com a demanda e a necessidade do cliente ou do mercado, sem desperdício de tempo e dinheiro. Outra diferença é que o trabalhador teria conhecimento de todas as etapas do processo de produção. Se no fordismo o controle de qualidade era feito apenas na última etapa da linha de produção, no toyotismo esse controle acontecia o tempo inteiro, em todas as etapas, evitando, assim, determinados custos caso houvesse algum problema. Exemplo 48 Ciência, tecnologia e sociedade necessariamente dialogam nessa necessidade ou exi- gência. É como se a nossa relação social estivesse vinculada ao trabalho. Dominique Schnapper, uma socióloga francesa que discute sobre trabalho e sociologia urbana, em seu livro intitulado Contra o fim do trabalho, publicado em 1998, diz que: Se hoje devemos repensar o estatuto do trabalho, devemos fazê-lo sem negligenciar este elo original, que continua a ser fundamental, entre o trabalho produtivo e a cidadania. O cidadão moderno adquire a sua dig- nidade trabalhando. (1998, p. 15) A nossa identidade parece confundir-se com aquilo que produzimos. 49 Desemprego tecnológico, eliminação e cria- ção de profissões Como em muitas das coisas que podemos discutir, há duas faces de uma mesma moe- da quando falamos em avanços tecnocientíficos.Ao mesmo tempo que temos o surgi- mento e a criação de novas profissões consequentes dos avanços tecnológicos, temos também desemprego e eliminação de outras formas de trabalho. Você consegue lembrar-se de alguma profissão que hoje não tem mais espaço? Com bem pouco esforço lembramo-nos de várias, não é mesmo? A substituição das atividades ou produtos artesanais por mercadorias, que são resultado de um processo técnico ou construído a partir das máquinas, já foi discutido um pouco na primeira unidade quando falamos dos momentos históricos marcados por revolu- ções tecnológicas. Falamos também da necessidade de reestruturação do trabalhador no tópico anterior e agora, mais especificamente, vamos tentar pensar sobre a ideia do chamado desemprego tecnológico. Acompanhamos um número considerável de pessoas que perderam seus empregos e viraram motoristas de aplicativos ou pequenos empreendedores. Pessoas, inclusive, que não tinham tanta afinidade com as novas tecnologias oferecidas por um aparelho de celular e que precisaram se modernizar para sobreviver. Antes, quando havia algum pro- blema com nossa linha telefônica ou algum problema em nosso número, procurávamos uma loja física ou um funcionário da empresa para resolvê-lo. Hoje, as lojas físicas pare- cem concentrar seu objetivo na venda de novos aparelhos e de planos ou combos. Todo o resto é resolvido pelo telefone. Antes, todas as nossas contas eram pagas em agências bancárias. Hoje, conseguimos efetuar todas as operações e pagamentos pela tela do celular, o que causou o fechamento de inúmeras agências físicas. Essa é uma tendência cada vez maior, que nos leva a “pensar o mercado” a partir da exclusão de profissões como gerente de banco ou caixa. De um lado, há a leitura desse movimento como progresso, do outro lamentamos tam- bém muitas perdas e exclusões. Hoje, temos mão de obra sendo substituída por robôs e/ou circuitos digitais. A utilização de máquinas sempre foi tida, na maioria das vezes, por empresários e economistas de linha mais capitalista, como sinônimo de aumento de produtividade, aumento de lucros e, consequentemente, aumento de frentes novas de 50 empregos caso haja expansão nos negócios, já que seriam ferramentas utilizadas para facilitar as atividades do trabalhador. É fato também que nem sempre ou pouco se discutiu, por exemplo, sobre a quantidade de trabalhadores que foram descartados por conta dessas mesmas máquinas, sinôni- mos de progresso como dito mais acima. Em seu livro intitulado O capital, Karl Marx, fi- lósofo, sociólogo, historiador e economista diz que a finalidade da maquinaria capitalista é, sem dúvida, um meio de produção de mais-valor. Ou seja, ela existe para o aumento do lucro do empregador. Para ele, na manufatura, o revolucionamento (palavra criada por ele) do modo de produção começa com a força de trabalho; na grande indústria, com o meio de trabalho. Nesse sentido não dá para desconsiderar que o aumento do número de máquinas e meios tecnológicos é também o descarte de profissões e da classe trabalhadora: Na manufatura, os trabalhadores, individualmente ou em grupo, têm de executar cada processo parcial específico com sua ferramenta manual. Se o trabalhador é adaptado ao processo, este último também foi previa- mente adaptado ao trabalhador. Este princípio subjetivo da divisão deixa de existir na produção mecanizada. O processo total é aqui considerado objetivamente, por si mesmo, e analisado em suas fases constitutivas, e o problema de executar cada processo parcial e de combinar os diversos processos parciais é solucionado mediante a aplicação técnica da me- cânica, da química etc. (MARX, 2013. p. 454) Dessa forma, o que fica claro quando lemos a situação de maneira crítica é o avanço que leva em consideração, sobretudo, as necessidades de um mercado consumidor e de uma sociedade capitalista. Marx também vai dizer mais à frente, sobre o modo de produção na indústria, que um “revolucionamento” leva a outro “revolucionamento” e nos dá um exemplo: Assim, a fiação tornou necessário mecanizar a tecelagem, e ambas tor- naram necessária a revolução mecânico-química no branqueamento, na estampagem e no tingimento. Por outro lado, a revolução na fiação do algodão provocou a invenção do gin para separar a fibra do algodão da semente, o que finalmente possibilitou a produção de algodão na larga escala agora exigida. Mas a revolução no modo de produção da indústria 51 e da agricultura provocou também uma revolução nas condições gerais do processo de produção social, isto é, nos meios de comunicação e de transporte. (MARX, 2013. p. 457) Apesar de não ser uma leitura marxista propriamente dita, usamos o pretexto das novas exigências e revoluções no processo de produção que ele traz na citação acima para dizer que, da mesma forma que é inevitável reconhecer o descarte de algumas profis- sões, como falamos no início desse tópico, também reconhecemos o fato de que houve inclusão de várias outras profissões exatamente por conta da evolução tecnológica e científica. Podemos citar algumas dessas profissões: profissionais que trabalham com controle, produção e organização de dados, ou seja, as profissões da área de tecnologia como um todo, sobretudo, da tecnologia da informação, como o profissional chama- do de big data, os engenheiros de softwares e desenvolvedores de aplicativos. Temos também os gestores de desenvolvimento de negócios de inteligência artificial, influencer digital, professores tutores de ensino na modalidade on-line, designers de redes sociais, especialista em e-commerce etc. 52 Máquinas ou humanos: reflexões sobre o grau de importância do ser humano frente à evolução da Inteligência Artificial Como funciona o raciocínio humano? Existem ferramentas e meios capa- zes de reproduzir o que o homem pensa? O que você acha? A tarefa de tentar compreender como funcionam os nossos pensamentos não é recente. Desde sempre, na história da filosofia, essa vontade e busca existe. Entretanto, é mes- mo possível transferir nossas sinapses cerebrais para um computador? Nesse terceiro tópico seguiremos discutindo, portanto, quais são as discussões acerca do processo de “maquinização” de seres humanos ou mesmo se é possível dizer que sistemas racioci- nam ou não. A partir da década de 1940 Alan Turing trouxe a pergunta sobre a possibilidade de as máquinas pensarem ou demonstrarem algum tipo de comportamento tido como inteli- gente e provocou os pensadores britânicos que pesquisavam cibernética a discutirem o tema. Vários experimentos surgiram depois disso, mas foi sobretudo a partir da década de 1980 que a chamada inteligência artificial configurou-se como modelo considerável e Quando pensamos sobre o conceito de inteligência artificial, logo nos vem à mente o questionamento se seremos ou não substituídos por robôs. Entretan- to, a inteligência artificial vai muito além disso. Nós já fazemos uso da inteligên- cia artificial no nosso dia a dia. Por exemplo, quando digitamos uma palavra incorreta e um corretor ortográfico dos aparelhos celulares a corrige. Ou então quando ele nos oferece como opção as palavras que mais usamos para conti- nuar as frases que escrevemos. Ou quando nossos aparelhos são reconheci- dos automaticamente pelo carro ou pelas caixas de som que já foram usadas anteriormente. É como se a inteligência artificial estivesse diretamente ligada à capacidade que algumas máquinas, aparelhos ou dispositivos têm de proces- sar os dados e agirem de forma independente dos nossos comandos. Exemplo 53 usado por empresas, sobretudo nos Estados Unidos e no Japão. Já nessa época discu- tia-se o uso de microchips e a interação homem-computador. A inteligência artificial já é a base sólida para os processos de automação em todos os setores. O mais incrível, porém, em relação à inteligência artificial é que nós já estamos conectados e imbricados. Somos híbridos, nesse sentido. Esse processo de automação já aparece em diversasatividades que executamos sem que a gente se dê conta. Parece que não nos reconhecemos mais sem ela. Já faz parte de praticamente todas as áreas com as quais a sociedade tem contato: na área organizacional, no marketing digital. Na medicina, por exemplo, temos automação em transplantes de órgãos e em várias cirurgias, que já são feitas com o auxílio de máquinas, robótica e microcâmeras. Nas indústrias ou fábricas vemos automação no controle de estoque, nas rotas de entrega, nos registros de reclamação ou avaliação de serviço. Na área educacional temos os softwares de gestão escolar e os monitoramentos de atividades. Vemos tam- bém no uso dos códigos de barras dos boletos de pagamento, nos indicadores de metas, nas campanhas com públicos específicos. Nesse sentido, discutir automação ou inteligência artificial vai além de pensarmos se vamos ou não ser substituídos por robôs. Exemplo Para refletir Há quem diga que o homem e sua criatividade terão ainda mais valor e impor- tância nesse processo, mas é constatável pela velocidade com que temos visto esses avanços que muitas pessoas de fato não alcancem e, claro, muitas áreas de atuação serão completamente automatizadas. Chegará o tempo em que nossa maior preocupação não será com os avanços tecnocientíficos ou com todas essas eras de revolução das máquinas. Haverá um tempo em que nossa maior preocupação será com a energia, com a água e com o meio ambiente, ou seja, com as nossas necessidades mais básicas. 54 Conhecendo um pouco mais Machine learning ou aprendizagem de máquinas É parte do conhecimento sobre inteligência artificial e diz respeito ao reconhecimento de padrões de dados para tomada de decisão. Um curso ou faculdade consegue, por meio desses dados, prever, por exemplo, se haverá desistência dos alunos e promover por con- ta disso uma grande ação de marketing. São estabelecidos padrões ou regras lógicas, como aquelas dos corretores ortográficos nos nossos celulares. Por exemplo, existem algumas palavras que foram pesquisadas anteriormente em algum site ou rede social, ou mesmo que usamos com muita frequência, e o corretor armazena essa informação, dis- ponibilizando-a em seguida quando digitamos as primeiras letras. São reconhecimentos provenientes de algum algoritmo ou armazenamento de dados. Realidade misturada Faz uma combinação de cenas reais do mundo físico e cenas virtuais ou artificiais. Esse ambiente é gerado por computadores por meio dos quais o usuário interage de maneira intuitiva. Combina cores, formas, uma espécie de ambiente tridimensional. Os capacetes de visualização e os óculos estereoscópicos usam a realidade misturada. QR Code ou Código de Resposta Rápida É um código de barras bidimensional, usado inicialmente na indústria automobilística para rastreamento e que hoje tem sido bem comum. Eles ficaram bem conhecidos nas lives que aconteceram durante a pandemia do Covid-19. Os cantores faziam shows e seus patrocinadores, por meio do QRCode, vendiam seus produtos, davam descontos ou direcionavam os usuários para as páginas de propagandas ou venda desses produtos. Tecnologia RFID Identificação por sinais de rádio ou radiofrequência. Usada em hospitais para controle dos pacientes com pulseiras com etiqueta de tecnologia RFID e também em pedágios, quando os carros são identificados e liberados por possuírem planos como “sem parar”. Internet das coisas A internet das coisas entende que qualquer objeto físico conectado pode ser programá- vel. É uma espécie de conexão avançada de dispositivos e tecnologia sensorial. 55 Computadores de vestir São as tecnologias usadas em acessórios que estão frequentemente mais perto e com a gente do que computadores e tablets. São as tecnologias, por exemplo, encontradas nos smartwatches, também conhecidos como relógios inteligentes, ou mesmo em óculos de alta tecnologia. Nanotecnologia São as tecnologias que utilizam as escalas nanométricas, ou escala atômica e molecular. São usadas em microscópios e chips. Energia renovável, alternativa ou limpa Proveniente de recursos naturais ou de fontes que não geram grandes impactos ao meio ambiente e que se renovam como sol, vento, chuva etc. Acordo de Paris Tratado assinado pelas nações em acordo sobre as questões do meio ambiente e que decidiram pensar ações que minimizem a emissão de gases estufa e o aquecimento global. Aprovado por 195 países. O Brasil assumiu o compromisso de contribuir para as questões da sustentabilidade em 12 de setembro de 2016, compromisso, inclusive com o reflorestamento e uso de energia renovável. Fonte: Ministério do Meio Ambiente (2020). Pesquise e assista a série Black mirror, uma série britânica de ficção científica, criada pelo roteirista Charlie Brooker, que retrata situações cotidianas geradas pelo uso de novas tecnolo- gias. A série causa um certo incômodo exata- mente por se mostrar mais do que real porque, por mais que essa não seja uma escolha ne- cessariamente, nós parecemos fazer parte de cada episódio. Realidade, virtualidade e ficção Ampliando o foco 56 Para ampliar o seu conhecimento veja o material complementar da Unidade 3, disponível na midiateca. MIDIATECA científica misturam-se e confundem-se, trazendo a questão dos avanços cien- tíficos e tecnológicos como pauta de reflexão. A série vai além de uma simples crítica à mídia moderna ou à tecnologia propriamente dita. Ela vai além, faz pensar sobre a nossa relação com essas ferramentas e quais seriam nossas posturas diante do encanto que um novo instrumento pode trazer. Vale muito a pena conferir! O que seria de nós se, ao passarmos por uma pandemia, não existissem as tec- nologias e meios digitais, sobretudo as ferramentas de comunicação? Como ficariam as reuniões de trabalho, já que fomos obrigados a estar em isolamento social? Temos, inclusive, peças de teatro sendo encenadas ao vivo pelas redes sociais ou algum aplicativo. Temos shows improvisados sendo feitos a partir de lives e temos também muito desemprego, readaptações e o surgimento de novas fontes de renda, como a fabricação de máscaras de proteção, vendas de ring light com tripé e aumento considerável do mercado de delivery. Empresas que não admitiam incluir em sua forma de atividade a venda pela internet preci- saram se reinventar para não fechar as portas. NA PRÁTICA 57 Resumo da Unidade 3 Nesta unidade discutimos as novas configurações do mercado de trabalho, que incluem o chamado desemprego tecnológico e quais foram as profissões que passaram a fazer par- te dessa nova configuração. Trabalhamos as novas nomenclaturas de usos e mercados tecnológicos e as combinações já existentes entre o mundo físico e o mundo digital. Por fim, discutimos o processo de automação, inteligência artificial e seus desdobramentos. Reestruturação produtiva; Desemprego tecnológico; Fordismo; Taylorismo; Au- tomação; Inteligência artificial; Internet das coisas; Tecnologia RFID; QR Code; Realidade misturada; Machine learning;. Acordo de Paris. CONCEITO 58 Referências ACORDO de Paris. Ministério do Meio Ambiente. Brasília, DF: MMA. Disponível em: ht- tps://www.mma.gov.br/clima/convencao-das-nacoes-unidas/acordo-de-paris. Acesso em: 10 jul. 2020. MARX, K. O Capital: crítica da economia política. Livro 1. São Paulo: Boitempo, 2013. SCHNAPPER, D. Contra o fim do trabalho. Lisboa: Terramar: 1998. Disponível em: ht- tps://revistagalileu.globo.com/Cultura/noticia/2018/06/17-fatos-e-curiosidades-sobre-vi- da-do-alan-turing.html. Acesso em: 10 Jun. 2020. https://www.mma.gov.br/clima/convencao-das-nacoes-unidas/acordo-de-paris https://www.mma.gov.br/clima/convencao-das-nacoes-unidas/acordo-de-paris https://revistagalileu.globo.com/Cultura/noticia/2018/06/17-fatos-e-curiosidades-sobre-vida-do-alan-turing.html https://revistagalileu.globo.com/Cultura/noticia/2018/06/17-fatos-e-curiosidades-sobre-vida-do-alan-turing.html https://revistagalileu.globo.com/Cultura/noticia/2018/06/17-fatos-e-curiosidades-sobre-vida-do-alan-turing.html
Compartilhar