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1 Vanessa Monteiro 
PARASITOLOGIA – TRICONOMÍASE 
 
1) Agente Etiológico: 
Trichomonas vaginalis; é DST não viral mais comum no mundo, segundo OMS tem cercs de 170 
milhoes de pessoas infectadas. Clínicos acreditam que essa doença não dá muitas sequelas. Mas 
recentemente há artigos que mostram a relação com problemas médicos, como risco de HIV, 
partos prematuros, infertilidade e com câncer cervical. 
Parasita está no filo sarcomastigophora; família: Trichomonadiae; gênero: trichomonas; espécie: 
Trichomonas vaginalis. 
 
Parasita apresenta uma única forma evolutiva: trofozoíta. Que é uma forma vegetativa, que não 
apresenta elevada sobrevivência fora do habitat normal. Essa forma pode ser piriforme ou 
esférica. A forma piriforme geralmente é observada na literatura, na porção anterior tem 4 
flagelos livres de tamanhos diferentes, membrana ondulante, estruturas fimbrilares (costa), 
axóstilo (estrutura firme que atravessa todo o corpo do parasita, ultrapassando a extremidade 
posterior). Apresenta núcleo grande e alongado, localizado na porção mais anterior. Não 
apresentam mitocôndrias, mas apresentam grânulos densos denominados de hidrogenossomo, 
que vão realizar o papel das mitocôndrias. É anaeróbio facultativo (oxigênio não é benéfico, 
apesar dele conseguir sobreviver em baixas quantidades). Ele vai sobreviver bem próximo a 
bactérias, pois elas criam um ambiente oxi-redutor, favorecendo o desenvolvimento. 
O protozoário se desenvolve bem num ph mais ácido (5 – 7,5) e em temperaturas de 20 a 40 
graus. Sua fonte de energia são glicoses, maltoses e galactoses. 
 
2) Habitat: 
Trato genitourinário (fem e masc). Lembrando que a tricomoníase é mais prevalente no sexo 
feminino. No masculino, não apresentam manifestações clínicas. Na mulher, o parasita pode ser 
encontrado na vulva, vagina e no colo do útero. Já no homem na uretra, na vesícula seminal e 
próstata. 
 
3) Transmissão: 
A de maior importância epidemiológica é a relação sexual; o homem é considerado o vetor da 
doença (infectado porém não tem sintomas -> não realizam tratamento). Não apresenta porque 
o número de parasitas que abriga é menor, e também pela alta secreção prostática (diminui o 
número de parasitas). Há também relatos de outras formas de transmissão ex: meninas virgens 
que adquiriam a infecção: alguém da família estava infectado e havia compartilhamento de 
roupas íntimas ou de vaso sanitário, ou até mesmo de banheira. Esses mecanismos não têm 
grande importância epidemiológica. 
Outro também são mães que tiveram infecção, e não foram tratadas corretamente, durante o 
parto vaginal, a criança (menina) pode ser infectada (5%). 
Outra forma também pode ser pela falta de higienação de materiais ginecológicos em clínicas. 
Parasita pode sobreviver várias horas em uma gota de secreção vaginal, na água sobrevive 2 
horas até 40 graus, na urina cerca de 3 horas e no sêmen ejaculado por cerca de 6 horas. 
 
4) Ciclo biológico: 
Monoxêmico. Durante as relações sexuais; o protozoário atinge um novo hospedeiro, e 
encontrando as condições favoráveis para seu desenvolvimento, ele vai sofrer multiplicação por 
divisão binária, originando novos parasitas, que vão colonizar o epitélio vaginal, causando a 
infeção. 
 
5) Patogenia: 
A vagina normal é resistente a infecções. É preciso que ocorra uma alteração para facilitar a 
infecção. Mas até mesmo no epitélio normal, pode ser favorável para o crescimento do 
 
2 Vanessa Monteiro 
trichomonas. Cresce em Ph ácido, rico em glicogênio e bacilos de Doderlein (presentes na 
mucosa vaginal, converte glicogênio em ácido lático -> acidez -> dificulta a infeção). 
 
Condições favoráveis: diminuição de acidez (basicidade), Modificação da flora bacteriana, 
Diminuição do glicogênio e Descamação epitelial. 
 
Fatores que predispõe a essas alterações: período pré-menstrual, puerperal (após gestação), 
diabetes e estresse, uso de sabonetes com formulação que diminui o ph ácido da vagina. 
 
6) Sintomatologia: 
 A maioria dos homens não apresentam manifestações clinicas, aqueles que apresentam terão 
ureetrite, prostatite ou vesiculite. Os sintomas mais observados é a secreção uretral matutina, 
geralmente é escassa. Outra manifestação é o prurido uretral e dificuldade de urinar (disúria). 
 
Nas mulheres as manifestações são mais evidentes e estão relacionadas com cervicite, vaginite 
e vulvite. A principal é o corrimento vaginal, que pode ser espumoso ou bolhoso, escasso ou 
abundante, fino ou espesso. A sua coloração pode variar de branco a amarelado. Apresenta em 
geral odor fétido. As mulheres podem apresentar dor abaixo do ventre e dificuldade de urinar 
(disíuria), dor durante e após relações sexuais. Geralmente elas relatam prurido intenso na 
região vaginal. 
Essas manifestações não são específicas da tricomoníase, podendo ter também em outras DST’s. 
 
7) Diagnóstico: 
O diagnóstico clínico não é possível, precisa ter confirmação laboratorial, a não ser por aquelas 
mulheres que apresentam sinal característico da tricomoníase, que é são colpites maculares. A 
presença de tricomonas na endocérvice pode promover a formação de pontos hemorrágicos, 
esse sinal será específico da tricomoníase (só 2 a 5% das mulheres apresentam esse sinal). 
Deve ser feita a pesquisa do parasita na secreção vaginal, uretral, secreção prostática, para 
confirmar diagnóstico. 
 
Exame padrão-ouro: cultura. Porém é demorado. Indicado é que se colete o material, faça o 
exame da secreção vaginal e concomitantemente, com o mesmo material coletado, seja 
semeado um meio de cultura para o crescimento do parasita. 
 
Triagem é preciso que o número de trichomonas seja grande! Caso ele seja positivo, trata logo 
a paciente. Sendo negativo, precisa fazer os outros exames. Esse tipo de exame será mais rápido. 
 
O de cultura é bem mais demorado e precisa de mais materiais para sua realização. Quando não 
semeados rapidamente, os trofozoítos podem ser destruídos, podendo dar falso-negativo. 
 
Hoje existe um meio de cultura chamado “impolg tv”, um método que já vem com meio de 
cultura preparado num saco, colocamos o swab na vagina da mulher e colocamos dentro do 
saco com o meio de cultura favorável para crescimento. O tempo para cultura é bem menor. 
(ainda não é muito utilizado). 
 
Papanicolau: Esse método não tem função de identificar presença de microorganismos, mas sim 
de prevenir câncer de colo de útero. Mas, como existe campanha para combater o câncer, 
muitas mulheres fazem, e nele pode-se visualizar microorganismos (não é o melhor método! 
Mas como muitas mulheres estavam realizando, poderíamos tirar algum diagnóstico dali, não 
só para triconomíase). 
 
 
3 Vanessa Monteiro 
Diagnóstico laboratorial: o imunológico não é muito utilizado para diagnóstico de tricomoníase, 
embora tenha kits disponíveis. Podemos fazer por teste ELISA, hemaglutinação indireta, 
imunofluorescência indireta ou por PCR (para pesquisa). 
 
8) Problemas relacionados: 
Gravidez: mulheres infectadas por trichomonas tem mais facilidade de causar ruptura da 
membrana fetal, parto prematuro, baixo peso do recém-nascido, ou até morte neonatal 
(frequente). Não chega a infectar o bebê, mas o processo inflamatório pode causar tudo isso. 
Infertilidade: a tricomoníase pode levar à doença inflamatória pélvica (do trato genitourinário 
superior) com a presença de trichomonas na tuba uterina, que pode danificar as células ciliadas 
da tuba (lesionando), dificultando o encontro dos gametas. 
Transmissão de HIV: aumento da frequência da transmissão (10x mais chance de adquirir o 
vírus); mulher infectada tem parasita na parede vaginal -> indivíduo vai tentar resposta 
imunológica. Nessa resposta, são recrutados para eliminar o parasita os macrófagos e linfócitos 
T CD4 (ou seja, no epitélio vaginal, vai ter muito linfócito TCD4). Então quando ela tiver relação 
com um homem infectado com HIV, o vírus vai se ligar a esses linfócitos, e adentram no 
organismo, alcançando a circulação sanguínea. Porta de entradado vírus. 
Pessoas co-infectadas com HIV e trichomonas, terá maior carga parasitária no epitélio vaginal. 
Esses vírus podem chegar no epitélio vaginal pelos pontos hemorrágicos. 
Liberação de citocinas no local, é quimiotáxico para o vírus HIV. 
 
9) Epidemiologia: 
É uma moléstia cosmopolita (pode ser encontrada em várias regiões do mundo), incidência 
maior nas mulheres (ocorrendo de 20 a 40% das mulheres examinadas). Se a mulher tiver 
corrimento leucorréico, o diagnóstico chega a 70% dos casos. 
Incidência depende de vários fatores: 
Meninas novas, antes da primeira menstruação, com hormônios ainda se ajustando, geralmente 
não se infectam com trichomonas. Mulheres após a menopausa também. Aquelas que estão em 
atividade sexual tem maior propensão de adquirir a tricomoníase (maior número de parceiros) 
e condições socioeconômicas baixas aumentam ainda mais a chance de adquirir o parasita. 
 
10) Tratamento: 
Deve ser feito no paciente diagnosticado e no parceiro (a). Geralmente ocorre que a mulher é 
diagnosticada (procura mais médico, faz mais exames), mas o parceiro não tem manifestação, 
não realiza o exame (os quais tem limitações -> pode dar falso-negativo). Independente disso, 
eles também devem ser tratados, quando sua parceira estiver infectada. Então quando o 
homem não faz o tratamento e continua a relação com a mulher infectada, dificulta a cura dela 
e pode aumentar a resistência ao medicamento = metronidazol (250 mg / 3 x ao dia (10 dias)). 
Podem ser usados outros medicamentos como: ornidazol (Aguda – 3 comp./ 500 mg/ dose 
única; e se for crônica – 2 comp./ 500 mg/ 5 dias), tinidazol e nimorazol. 
As mulheres devem ser uso concomitante de cremes vaginais ou óvulos vaginais, que 
contenham o mesmo princípio ativo do medicamento oral. 
As grávidas não podem usar nenhuma dessas medicações no primeiro trimestre de gravidez. 
 
11) Profilaxia: 
As mesmas adotadas para as outras DSTs: 
• Prática de sexo seguro, Uso de preservativos, Abstinência de contatos c/ pessoas infectadas, 
tratamento adequado do casal, uso de vaso sanitários, banheiras, consultórios ginecológicos.

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