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AO JUÍZO DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE APUCARANA/PR MARGARIDA, brasileira, solteira, trabalhadora rural, portadora do documento de identidade RG nº XX.XXX.XXX-X, inscrita no CPF sob o nº XXX.XXX.XXX-XX, domiciliada e residente no município de Londrina/PR, por intermédio de seu bastante procurador signatário, conforme instrumento de procuração anexo, portador da inscrição profissional OAB, vem, perante Vossa Excelência, com todo o acatamento e respeito, com fundamento no art. 2º da lei 11.804/08 e art. 4º da lei 5.478/68, propor a presente AÇÃO DE ALIMENTOS GRAVÍDICOS C/C ALIMENTOS PROVISÓRIOS Em face de FRANCISCO, brasileiro, casado, empresário, portador do documento de identidade RG nº XX.XXX.XXX-X, inscrito no CPF sob o nº XXX.XXX.XXX-XX, domiciliado e residente no município de Londrina/PR, pelos motivos de fato e de direito a seguir deduzidos. I - DOS FATOS A autora, há tempos passou a trabalhar no plantio de milho na propriedade do réu, na cidade de Londrina/PR. Pouco tempo depois que estava trabalhando ali, passou a manter relações sexuais com Francisco, mesmo sabendo, desde que a mesma iniciou seu labor, que o réu era casado com Rosa. Como Margarida morava em local muito distante do trabalho, Francisco então resolveu oferecer à mesma, que se mudasse para a casa que tinha dentro da sua propriedade, na intenção de que isso facilitaria os encontros e a autora acabou aceitando. Passado alguns meses, Margarida descobriu que estava grávida e procurou o réu para informar sobre o ocorrido, porém, o réu se recusou a reconhecer a gravidez alegando que não era filho dele e que deveria ser de uma relação que Margarida tivera com terceiro. Então, num ato contínuo, Francisco rompeu a relação entre ele e a autora e pediu que ela desocupasse imediatamente a casa em que estava morando. Ocorre que Margarida não tem condições financeiras para manter a gravidez sozinha, além disso, conforme laudo de ultrassonografia e atestado médico ginecológico anexos, a gravidez é de risco, portanto a mesma não pode trabalhar no período de gestação, tornando pior a situação, já que não tem ajuda financeira nenhuma, nem mesmo de seus pais, que se recusam a aceitá-la em casa, já que não concordam com o fato da mesma estar grávida sendo solteira. Margarida necessita de ajuda financeira para arcar com os gastos referentes ao plano de saúde, à alimentação, à moradia, aos remédios, além do enxoval do bebê e à cesariana, que devido ao risco da gravidez, seu médico recomendou que seria a forma mais segura para ambos. Ressalta-se que a autora, por não ter onde morar, conseguiu, depois de muita procura, alugar uma pequena casa, mas somente na cidade de Apucarana, no estado do Paraná, pelo valor mensal de R$ 350,00. Quantia esta que a mesma também não tem condições de pagar sozinha por muito mais tempo e necessita de ajuda também para arcar com mais este gasto. O que pede-se aqui, nada mais é do que assegurar que a autora e seu bebê, possam passar pela gestação de forma segura e que quando a criança nascer, possa ter condições dignas de sobrevida. II – DA PATERNIDADE A paternidade em questão fica evidenciada com as fotografias e mensagens de texto trocadas entre a autora e o réu, comprovando que os mesmos mantinham diversas relações sexuais, durante meses, inclusive na semana apontada no laudo de ultrassonografia, como a correspondente ao início da gestação. Ambas provas estão em anexo, além do fato de que poderão ser confirmadas também pelas declarações de testemunhas, que serão de extrema importância para confirmar os fatos. III – DAS CONDIÇÕES FINANCEIRAS DA MÃE – ORA AUTORA Como já demonstrado, a mesma não tem condições financeiras para suprir as necessidades da gestação, ora que o emprego que tinha, foi mandada embora, não tem residência própria, nem mesmo ajuda de terceiros. Além disso, devido ao risco gestacional, não pode trabalhar, logo não tem condições de se manter sozinha. Desta forma, demonstrada a NECESSIDADE da autora. DO PAI – ORA RÉU Conforme visto nos fatos, o réu é empresário, proprietário de um local extenso com mais de uma casa e tem condições suficientes para ajudar a autora, evidenciando sua POSSIBILIDADE. Afinal, esse suporte financeiro é indispensável por parte do réu, já que o suporte afetivo e psicológico já negados, não lhe pode ser exigível. III – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS DOS ALIMENTOS GRAVÍDICOS A lei 11.804/08, que trata sobre o direito dos alimentos gravídicos e a forma como ele será exercido, deixa claro em seu art. 2º que os valores que cobrirão as despesas do período de gravidez, incluem também todas as despesas adicionais necessárias, como visto no artigo: “Art. 2.º Os alimentos de que trata esta Lei compreenderão os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive as referentes a alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o juiz considere pertinentes. (...)” g.n. Portanto, o dever do réu de cobrir as principais despesas desta difícil fase é inequívoco. Além disso, o art. 6º desta mesma lei traz ainda que para a concessão dos alimentos gravídicos, basta a existência de INDÍCIOS da paternidade, independente de comprovação de vínculo parentesco, conforme precedente sobre o tema: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE ALIMENTOS GRAVÍDICOS. POSSIBILIDADE, NO CASO. 1. O requisito exigido para a concessão dos alimentos gravídicos, qual seja, "indícios de paternidade", nos termos do art. 6º da Lei nº 11.804/08, deve ser examinado, em sede de cognição sumária, sem muito rigorismo, tendo em vista a dificuldade na comprovação do alegado vínculo de parentesco já no momento do ajuizamento da ação, sob pena de não se atender à finalidade da lei, que é proporcionar ao nascituro seu sadio desenvolvimento. 2. No caso, considerando os exames médicos a comprovar a gestação, as fotografias e, em especial, as conversas mantidas pelas partes via WhatsApp, há plausibilidade na indicação de paternidade realizada pela agravante, decorrente de relacionamento mantido no período concomitante à concepção, restando autorizado o deferimento dos alimentos gravídicos, no valor equivalente a 30% do salário mínimo nacional. AGRAVO DE INSTRUMENTO PARCIALMENTE PROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº 70071951578, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ricardo Moreira Lins Pastl, Julgado em 09/03/2017 – grifou-se). Tem-se em vista também que o art. 1.695, do Código Civil, traz em sua letra que os alimentos são devidos a quem os pretende e que não tem bens suficientes ou não pode prover pelo seu trabalho: “Art. 1.695 São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.” Assim, diante da presença do binômio: necessidade do alimentando e possibilidade do alimentante, considerando ainda que a gestante está passando por grave dificuldade financeira e risco de gravidez, impedindo a mesma trabalhar, além de não ter plano de saúde, nem mesmo moradia própria, não resta outra alternativa a não ser a determinação imediata de alimentos provisórios. IV – ALIMENTOS PROVISÓRIOS Os alimentos provisórios são amparados pela lei 5.478/68 e em seu art. 4º deixa muito claro sobre a fixação dos alimentos, desde logo pelo juiz: “Art. 4º. Ao despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios aserem pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente declarar que deles não necessita.” Neste caso, ficam caracterizados perfeitamente dois elementos que são a probabilidade do direito e o risco da demora. Sendo que a probabilidade do direito se dá diante das provas anexadas à inicial, trazendo a existência de todos os indícios da paternidade e a falta de condições da autora de se manter financeiramente e o risco da demora se dá pelo fato de que a autora passa por uma gravidez de risco, necessitando de ajuda financeira para ter condições adequadas para manter a gravidez, sendo que a falta dessas condições podem trazer a perda do bebê. V – DA JUSTIÇA GRATUITA Como visto, a requerente atualmente não tem condições financeiras nem mesmo de se manter, está desempregada e não pode trabalhar devido as condições de risco de sua gravidez. Por isso, a requerente não possui condições financeiras para arcar com as custas processuais e honorários advocatícios. Nesse sentido, junta-se a declaração de hipossuficiência e cópia da carteira de trabalho. Por tais razões, pleiteiam-se os benefícios da Justiça Gratuita, assegurados pela Constituição Federal, art. 5º, inciso LXXIV e pela Lei 13.105/15 (CPC), artigo 98 e seguintes. VI – DOS PEDIDOS Ante o exposto, pede-se que seja julgada TOTALMENTE PROCEDENTE a presente ação, para tanto requer: a) A concessão da JUSTIÇA GRATUITA, nos termos do art. 98 do CPC; b) O arbitramento de ALIMENTOS PROVISÓRIOS, ao equivalente a R$ 3.350,00 mensais, sendo que o valor condiz com que a autora terá que arcar com os gastos referentes ao plano de saúde, à alimentação e aos remédios que necessita, sendo que norteiam o valor de R$ 3.000,00, além dos R$ 350,00 destinados à moradia, onde atualmente a autora necessita desse valor para pagar o aluguel de sua casa. c) Citação do réu, para responder a presente ação, querendo; b) Seja designada audiência de conciliação, e não havendo êxito, seja designada audiência de Instrução e Julgamento para a oitiva das partes e testemunhas; c) Intimação e remessa dos autos do Ministério Público; d) Por fim, requer nos termos da Lei dos Alimentos Gravídicos, parágrafo Único, do art. 6º, que, após o nascimento com vida, os alimentos gravídicos, sejam convertidos em pensão alimentícia em favor do menor; e) A condenação do réu ao pagamento de honorários advocatícios nos parâmetros previstos no art. 85, § 2º, do CPC. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, principalmente prova documental, oral e pericial. Dá-se a presente causa o valor de R$ 40.200,00 (quarenta mil e duzentos reais), nos moldes do art. 292, inciso III do CPC. Nestes termos, pede-se o deferimento. Apucarana/PR, maio de 2020. Advogado OAB Assinado digitalmente
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