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04 DO INCIDENTE DE ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE NCPC

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CAPÍTULO IV
DO INCIDENTE DE ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE
Art. 948. Arguida, em controle difuso, a inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do poder público, o relator, após ouvir o Ministério Público e as partes, submeterá a questão à turma ou à câmara à qual competir o conhecimento do processo.
Art. 949. Se a arguição for:
I - rejeitada, prosseguirá o julgamento;
II - acolhida, a questão será submetida ao plenário do tribunal ou ao seu órgão especial, onde houver.
Parágrafo único. Os órgãos fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário ou ao órgão especial a arguição de inconstitucionalidade quando já houver pronunciamento destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão.
Art. 950. Remetida cópia do acórdão a todos os juízes, o presidente do tribunal designará a sessão de julgamento.
§ 1o As pessoas jurídicas de direito público responsáveis pela edição do ato questionado poderão manifestar-se no incidente de inconstitucionalidade se assim o requererem, observados os prazos e as condições previstos no regimento interno do tribunal.
§ 2oA parte legitimada à propositura das ações previstas no art. 103 da Constituição Federal poderá manifestar-se, por escrito, sobre a questão constitucional objeto de apreciação, no prazo previsto pelo regimento interno, sendo-lhe assegurado o direito de apresentar memoriais ou de requerer a juntada de documentos.
§ 3o Considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, o relator poderá admitir, por despacho irrecorrível, a manifestação de outros órgãos ou entidades.
COMENTÁRIO AOS ARTIGOS 948 A 950 DO NCPC
O instituto em análise, inserido no item dos processos nos tribunais e das competênciasoriginárias nos tribunais, não sofreu mudanças significativas nos artigosdispostos no novo Código de Processo Civil, mas houve acréscimos redacionais positivandoo que já vinha sendo definido pela jurisprudência e doutrina.
Nesse sentido, para adentrar nos comentários do Incidente de Arguição deInconstitucionalidade importante pontuar o sistema de controle de constitucionalidade,o objeto de arguição, a legitimidade ativa para propor o incidente, o órgãoa que se argui, o momento da arguição, o procedimento nos tribunais, e o quórumpara a declaração/decretação da inconstitucionalidade.
No que tange à natureza, continua sendo um incidente arguido no julgamentodo recurso ou em causaoriginária dos tribunais. 
A finalidade é levantar a inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo, ou seja, toda e qualquer normatizaçãoinfraconstitucional, como também de fracionar a competência, de formaque:
-a inconstitucionalidade fica ao encargo do órgão pleno (ou órgão especial quandohouver)e 
- a rejeição, com prosseguimento do julgamento, para o órgão fracionário.
Trata-se, portanto de controle difusoe esta é a primeira modificação redacional,isto é, a inserção do termo “controle difuso”, pois a diferença entre controle concentrado (ou direto) e difuso está no exercício deste controle. 
NOTA: O controledifuso pode ser exercido por qualquer órgão do Poder Judiciário, coletivoou singular, enquanto o concentrado restringe-se ao Supremo Tribunal Federal,ressalvada as competências locais para a declaração de inconstitucionalidade delei estadual ou municipal frente à Constituição Estadual.
Apenas para ratificar, a Constituição está no topo da hierarquia das leis sejamelas leis ordinárias, leis complementares, decretos, regulamentos, etc. 
Assim, aConstituição no Brasil pode ser compreendida como o texto escrito que consagrao Estado como um sistema de garantias fundamentais ao cidadão e de nível social,baseada no modelo da separação e autonomia de poderes. 
Consequentemente, énatural a necessidade de controle dos atos normativos, irrelevante o órgão que otenha expedido, de modo a verificar se eles se encontram em consonância com oque expressa a Constituição. 
N0TA: Nesse sentido, o incidente também não sofreu mudançasem relação a sua previsão no Código de 1973.No que tange ao objeto da arguição, igualmente não houve alteração. O objetocontinua sendo a arguição de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poderpúblico no âmbito do julgamento do caso concreto. 
OBS.:A interpretaçãotambémcontinua sendo de expandir seu cabimento a todos os atos de caráter normativo,ou seja, leis ordinárias, complementares, decretos, leis delegadas, resoluções e atéRegimento Interno dos Tribunais, desde que tenham sido emanados do Estado.
Outro ponto que não teve alteração, o conceito amplo de inconstitucionalidadereferindo-se tanto a Constituição Federal como a Estadual.
IMPORTANTE:A “novidade”, como mencionado, foi a inserção do termo, “controle difuso”,ou seja, a declaração/decretação poderá ser exercida por qualquer órgão do PoderJudiciário, coletivo ou singular, mas incidentalmente ao processosubjetivo ou coletivoem curso na origem, sem efeitos erga omnes.
LEGITIMIDADE:Sobre os legitimados para intervir no incidente, INOVOU o Código estabelecendoque também as partes serão ouvidas acerca da arguição.O fato é que legitimadopara arguir a inconstitucionalidade é qualquer sujeito da relação processual,eis que inexistem normas que restrinjam a sua aplicação. Assim, habilitam-se atanto as partes principais, terceiros interessados e que intervenham de algumaforma na lide, Ministério Público e os magistrados, esses de ofício.
O Ministério Público caso não seja parte continua sendo essencial como fiscalda lei na declaração de (in)constitucionalidade de ato normativo. Assim, comoreferido, a sua oitiva é indispensável, seja como parte, seja como fiscal da lei, o quese estende às partes para só então submeter a questão à turma ou à câmara de suacompetência.
A sua vez, o órgão perante o qual se argui a inconstitucionalidade não sofreualteração, sendo necessário que a questão seja levada ao colegiado, seja turma oucâmara, dependendo da forma de composição de cada Tribunal. OBS.:Não há decisõesmonocráticas sobre a (in)constitucionalidade arguida.
Nos casos de acolhimento ou rejeição, o procedimento não teve mudançassignificativas. 
1 - Se a arguição for rejeitada, o julgamento da ação tomaráseu curso no órgão de origem. 
2 - Se ela for acolhida a questão será posta ao órgãopleno ou ao órgão especial, onde houver. 
NOTA:Também, manteve-se a regra de que casojá tenha sido levantada a arguição com posicionamento firmado pelo Tribunal oupelo Supremo Tribunal Federal, a mesma questão não será levada ao colegiadonovamente.
Sobre o momento da arguição, nenhuma regra nova. 
A arguição pode se dara qualquer tempo, pois inexiste preclusão, tendo como termo final o julgamentodo processo ou do recurso. 
Porém, sobre a forma, em que pese não haja regra positivando,o título do capítulo acrescenta a qualificação de “incidente” à arguiçãode inconstitucionalidade, autorizando, assim, que a irresignação possa se dar mediantepetição avulsa, nas razões de recurso, ou até mesmo na sustentação oral, e oMinistério público pode fazê-lo em qualquer momento em que deva manifestar-senos autos. 
Os juízes deverão fazê-lo no momento em que formularem seu voto eo relator, assim que receba a arguição, antecipando seu enfrentamento. Emboraincidental, pela inspiração de um processo célere e efetivo, dispensa-se autuaçãoem apartado, dando-se nos próprios autos.
Uma vez acolhida a provocação de inconstitucionalidade pelo órgão fracionário,lavrar-se-á acórdão que será remetido ao plenário do tribunal ou ao seuórgão especial. 
Cumpre ao presidente do tribunal ou órgão especial designar datade sessão de julgamento, comunicando por ofício a todos os juízes que integramo colegiado, com cópia do acórdão que acolheu a sua instalação, sem embargo dedesignação de relator para conduzir o feito.
Nada impede que, nos termos procedimentais do Regimento Interno, hajaa intervenção dos entes públicos responsáveis pela edição do ato quinado, assimcomo os legitimados a proporem o processo objetivo, conforme art. 103 da ConstituiçãoFederal, sem prejuízo de outros órgãos
ou entidades, conforme a relevânciada matéria e a representatividade dos postulantes.
Quanto à decisão a ser proferida, não se exige no quorum de votação a intervençãoe presença de todos os integrantes do pleno, ou do órgão especial. 
Devehaver a presença da maioria absoluta(metade mais um) do órgão especial ou do pleno, conformeartigo 97 da Constituição (somente pelo voto da maioria absoluta de seus membrosou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidadede lei ou ato normativo do Poder Público), de sorte que no mínimoa maioria absoluta deverá estar presente, pois nada impede que haja unanimidadeno reconhecimento da inconstitucionalidade. 
Dizendo de outra forma, a deliberaçãopode ser iniciada com a maioria absoluta dos presentes; porém a declaração/decretação somente pode ser pronunciada se, neste caso, a completude dos membrospresentes (metade mais um) votem no sentido da inconstitucionalidade.
Por fim, no que tange a eficácia da decisão do plenário (ou órgão especialonde houver) uma vez decidida a questão da inconstitucionalidade, não pode oórgão fracionário manifestar-se de modo distinto nos demais julgamentos. (efeito vinculante)
A solução dada à questão prejudicial éincorporada ao julgamento do feito principal.
Nesse sentido, o Supremo TribunalFederal tem entendido que para a admissibilidade do recurso extraordinário, emque tenha havido a declaração de inconstitucionalidade pelo pleno ou órgão especial,é essencial a juntada do acórdão destes órgãos. 
OBS.:reitera-se que no casode a decisão do pleno ou do órgão especial bastar para a solução da lide, eis que ainconstitucionalidade da lei é o único fundamento da causa, é desnecessário que ofeito seja remetido para o órgão fracionário, porque nada remanesce para o órgãofracionário decidir.

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