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Abordagens cientificas filosofica_UNIUBE

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Prévia do material em texto

Giovanni de Paula Oliveira
André Luís Teixeira Fernandes
Carlos Messias Pimenta
Tiago Zanquêta de Souza
Abordagens científica, 
filosófica e artística das 
relações sociedade ‑natureza
Catalogação elaborada pelo Setor de Referência da Biblioteca Central Uniube
© 2017 by Universidade de Uberaba
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser 
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico 
ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de 
armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, 
da Universidade de Uberaba.
Universidade de Uberaba
Reitor
Marcelo Palmério
Pró‑Reitor de Educação a Distância
Fernando César Marra e Silva
Coordenação de Graduação a Distância
Sílvia Denise dos Santos Bisinotto
Diagramação
xxxx
Projeto da capa
Agência Experimental Portfólio
Edição
Universidade de Uberaba
Av. Nenê Sabino, 1801 – Bairro Universitário
Sobre os autores
André Luís Teixeira Fernandes
Doutor em Engenharia de Água e Solo, com concentração em Irrigação 
e Drenagem, pela Feagri/Unicamp – Campinas. Mestre em Irrigação 
e Drenagem, com área de concentração em Uso Racional de Água e 
Energia Elétrica na Agricultura e Pecuária, pela Esalq/USP – Piracicaba; 
Engenheiro Agrônomo, formado pela Esalq/USP – Piracicaba; Atua como 
professor e pesquisador na Universidade de Uberaba há dez anos, 
ministrando aulas atualmente nos cursos de Gestão de Agronegócios, 
Engenharia Ambiental e Enfermagem, na Graduação e nos cursos de 
Pós ‑Graduação de Cafeicultura Irrigada e MBA em Gestão de Agro‑
negócios, cursos de Especialização que coordena. É coordenador do 
Núcleo de Cafeicultura Irrigada da Embrapa Café e Bolsista do CNPq 
(Produtividade em Pesquisa).
Carlos Messias Pimenta
Especialista em Administração Rural pela Universidade Federal de 
Lavras. Graduado em Direito pela Universidade de Uberaba e em En‑
genharia Agrícola pela Universidade Federal de Lavras. Professor da Uni‑
versidade de Uberaba, com experiência na área de Ciências Ambientais. 
IV UNIUBE
Giovanni de Paula Oliveira
Mestre em Linguística pela Universidade Federal de Uberlândia (2009). 
Graduado em Letras Português‑Inglês pela Universidade de Uberaba – 
Uniube (2005). Integra o Grupo de Pesquisa em Sociolinguística (GEPSO‑
CIO) da Universidade Federal de Uberlândia – UFU. Professor de Língua 
Portuguesa e Literatura da Educação Básica. Preceptor do curso de Letras 
Português‑Inglês dos polos de Uberaba e Uberlândia. Principais áreas de 
atuação: Sociolinguística – variação e sintaxe em uma perspectiva intra e 
interlinguística; Literatura Brasileira.
Márcia Regina Pires
Especialista em Formação de Professores em Educação a Distância, pela 
Universidade Federal do Paraná – UFPR. Especialista em Linguística 
Aplicada ao Ensino de Língua Materna, graduada em Tecnologia em Pro‑
cessamento de Dados e em Licenciatura em Letras, pela Universidade 
de Uberaba – UNIUBE. É docente e integra a equipe de Produção de 
Materiais Didáticos e Pedagógicos desta Universidade.
Tiago Zanquêta de Souza
Especialista em Docência do Ensino Superior e em Gestão Ambiental. Li‑
cenciado em Ciências Biológicas pela Universidade de Uberaba – Uniube. 
Habilitado em Magistério para os anos iniciais do Ensino Fundamental. 
Professor do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas (EAD) e 
Professor do Curso de Engenharia Ambiental, da Uniube. Professor da 
rede particular de ensino de Uberaba.
Sumário
Apresentação ........................................................................................IX
Capítulo 1 Impactos ambientais globais ............................................1
1.1 Aquecimento global: hipótese ou fato? ........................................................3
1.2 Tempo e clima ............................................................................................12
1.3 Variabilidade × mudança climática ............................................................14
1.4 Efeito estufa ...............................................................................................15
1.5 Medidas mitigadoras ..................................................................................30
Capítulo 2 Educação e gestão ambiental – construindo 
caminhos, dividindo fronteiras ........................................39
2.1 Educação ambiental como ferramenta de gestão do ambiente ................ 42
 2.1.1 A relação homem × natureza ............................................................47
 2.1.2 Necessidade da ética ambiental .......................................................49
 2.1.3 Sustentabilidade: princípios necessários ao desenvolvimento .........51
 2.1.4 Tendências da educação ambiental no Brasil...................................57
 2.1.5 Diretrizes para conservação do meio ambiente ...............................65
2.2 Gestão e suas funções: planejar, organizar, dirigir e controlar ..................69
 2.2.1 A questão ambiental na empresa .....................................................80
 2.2.2 Visão do gerenciamento ambiental nos dias atuais..........................83
 2.2.3 Certificação ambiental ......................................................................93
 2.2.4 Melhoria contínua do desempenho ambiental ................................102
Capítulo 3 O ambiente sob o olhar do artista – leituras do 
ambiente na literatura, nas artes plásticas, 
na música .....................................................................123
3.1 O olhar do artista: artes plásticas ............................................................125
3.2 O olhar do artista: a música .....................................................................132
3.3 O olhar do artista: a literatura ..................................................................137
3.4 O traslado do olhar ..................................................................................140
VI UNIUBE
Capítulo 4 O ambiente sob o olhar do artista – leituras do 
ambiente no cinema, nas artes cênicas e 
na televisão ..................................................................159
4.1 Para começo de conversa: um pouco de teoria da linguagem ................ 160
4.2 A junção das matrizes: verbal – visual – sonora ......................................163
4.3 Leituras do ambiente – o cinema .............................................................166
4.4 Leituras do ambiente – as artes cênicas .................................................172
4.5 Leituras do ambiente – a televisão ..........................................................174
Apresentação
Caro(a) aluno(a),
Certamente estamos construindo um período histórico em que grandes 
mudanças se nos apresentam a cada dia, levando ‑nos a refletir sobre 
tantas questões importantes como o despertamento de olhares, as mu‑
danças de paradigmas, a interação entre culturas e o aumento constante 
da necessidade de diálogo entre nós que habitamos o planeta.
Em tempos quando questões como interdisciplinaridade, interação social 
e multiculturalismo são amplamente discutidas e levadas à reflexão por 
filósofos e educadores, faz ‑se mister o surgimento de incursões por en‑
tre as veredas que nos levam ao mundo das artes, do desenvolvimento 
da percepção que nos revela verdades em relação ao mundo em que 
vivemos, e faz ‑nos pensar sobre a igual necessidade de uma educação 
voltada para a integração entre o ser humano com sua capacidade de 
criação e a natureza. A partir dessas questões, os estudos que você 
realizará neste volume serão de fundamental importância à construção 
de sua própria identidade como professor de geografia.
No Capítulo 1, você iniciará seus estudos a partir dos impactos ambientais 
que atualmente atingem o planeta como o aquecimento global, o efeito 
estufa e tantos outros assuntos decorrentes da postura do ser humano 
frente à natureza.
VIII UNIUBE
No Capítulo2, partindo do que foi apresentado no Capítulo 1 sobre os im‑
pactos ambientais, será apresentado um estudo sobre a gestão ambiental 
e também um panorama sobre a educação ambiental, cuja necessidade 
se faz presente a partir do momento em que os seres humanos tomam 
consciência de que é por meio da educação que haverá a possibilidade de 
o planeta ser salvo, e qual deve ser a postura do professor na formação 
de indivíduos da educação básica, que desde cedo já irão pensar sobre 
melhores maneiras de o ser humano se beneficiar dos recursos que a 
natureza tem a lhe oferecer sem, contudo, colocar a raça humana e ou‑
tras espécies em risco de extinção. Mas para isso, é necessário que haja 
uma gestão que dê conta de promover um desenvolvimento sustentável, 
justificando a necessidade de uma gestão ambiental.
Seguindo uma linha interdisciplinar de pensamento, nos capítulos 3 e 
4 você encontrará diversas reflexões filosóficas sobre a relação entre 
o ser humano, o meio ambiente e várias formas de arte como as artes 
plásticas, a música, a literatura, o cinema, as artes cênicas e a televi‑
são, e como essas reflexões são importantes à formação do indivíduo 
que possui uma dimensão filosófica, uma dimensão ético ‑política e uma 
dimensão artística.
Com isso, esperamos que você realize ótimos estudos, a fim de se tornar 
um excelente educador comprometido com o desenvolvimento humano 
em todas as suas dimensões.
Equipe Pedagógica
André Luís Teixeira Fernandes
Introdução
Todos nós temos nos deparado, ultimamente, com discussões 
sobre o aquecimento global. Trata ‑se de notícia repetida inúme‑
ras vezes na mídia. Esse assunto, da mesma forma, tem sido 
o tema central de reuniões científicas e diplomáticas em todo 
o mundo.
Porém, nem sempre essa questão é colocada de forma isenta de 
paixões, livre de visões catastróficas e de forma que as hipóteses 
científicas de hoje não sejam consideradas fatos consumados.
A hipótese do aquecimento global tem sido sustentada por séries 
numéricas de dados de temperatura média global do ar nos últi‑
mos 150 anos, no aumento observado de gás carbônico (CO2) 
na atmosfera e em simulações com modelos matemáticos dos 
mais variados possíveis.
Dentro desse contexto, vamos estudar neste capítulo alguns 
aspectos teóricos referentes a mudanças climáticas, variabili‑
dade climática, efeito estufa e outros conceitos, além de discutir 
Impactos 
ambientais globais
Capítulo
1
2 UNIUBE
como andam as negociações internacionais sobre os estudos 
do clima.
Objetivos
Esperamos que ao final deste capítulo, você seja capaz de:
•	 compreender o que significa o efeito estufa, sua impor‑
tância e seus inconvenientes para a manutenção da vida 
na Terra;
•	 aumentar o conhecimento sobre o aquecimento global, 
distinguindo o que é mito e o que é verdade sobre o 
tema;
•	 identificar a diferença entre mudanças climáticas e varia‑
bilidade climática;
•	 estudar possíveis formas mitigadoras para conviver com 
o cenário de novas temperaturas da Terra.
Esquema
Efeito estufa
Medidas mitigadoras
Variabilidade × mudança climática
Tempo e clima
Aquecimento global: hipótese ou fato?
UNIUBE 3
 1.1 Aquecimento global: hipótese ou fato?
Segundo Nishi et al. (2005), a média de temperatura da 
superfície terrestre sofreu um aumento de 0,6ºC no século 
XX. Em termos globais, é provável que a década de 1990 
tenha sido a mais quente e o ano de 1998 o mais quente 
dessa década. Esse fato leva em consideração dados 
coletados desde 1861, quando se iniciaram as medidas 
da temperatura por instrumentação.
Alguns fatos são incontestáveis. No último século e 
meio, observamos o aumento da concentração de gás 
carbônico em 25% e um aumento da temperatura mé‑
dia global de 0,3 a 0,6ºC. Porém, alguns modelos têm 
feito simulações indicando aumentos catastróficos de 
1,5 a 4,5ºC, gerando consequências gravíssimas às 
populações de todo o mundo.
 explicando melhor 
O aumento do nível dos oceanos, o degelo de calotas polares e a expansão 
volumétrica das águas dos oceanos implicariam a necessidade de realocação 
de 60% da população que vive em regiões costeiras.
Vejamos outros fatos relevantes vistos na mídia com 
relação aos fenômenos atmosféricos extremos:
•	 forte calor no verão de 2003, com temperaturas até 
6ºC acima da média, que matou cerca de 14 mil 
4 UNIUBE
pessoas na França e 4 mil na Itália. Em toda a Europa foram cerca 
de 35 mil mortes;
•	 a seca que assolou a Amazônia entre os meses de maio e outubro de 
2005 foi uma das maiores da história: mais de 250 mil pessoas foram 
atingidas nos estados do Amazonas e do Pará;
•	 entre fevereiro e abril de 2005, as chuvas intensas e constantes em 
toda a Amazônia Legal causaram sérios prejuízos à população;
•	 a estiagem dos meses de janeiro e fevereiro de 2005 foi uma das 
maiores da história, provocando perdas de produtividade de mais de 
60% nas lavouras de soja, e cerca de 55% de quebra de produção nas 
lavouras de milho do Rio Grande do Sul;
•	 em 2004, ventos de 150 km/h e ondas de 5 metros deixaram Torres, no 
litoral gaúcho, em estado de emergência. Vinte mil residências foram 
destruídas nas cidades litorâneas da região Sul;
•	 o Furacão Katrina foi um furacão que alcançou o nível máximo na Es‑
cala Saffir ‑Simpson (Tabela 1), com ventos de 280 km/h. Ao atingir a 
costa sul dos Estados Unidos, em 28 de agosto de 2005, obrigou mais 
de 1 milhão de pessoas a deixarem suas casas na região metropoli‑
tana de Nova Orleans, com cerca de 1.500 mortos em quatro estados 
norte ‑americanos. Os prejuízos foram orçados em US$ 2 bilhões.
Tabela 1: Escala de classificação de ventos de Saffir ‑Simpson.
Categoria
Ventos 
(km/h)
Altura 
(m)
Pressão 
(hPa)
UNIUBE 5
Tempestade 
Tropical
56‑117 ‑ ‑
1 119‑153 1,2‑1,6 > 980
2 154‑177 1,7‑2,5 965‑979
3 178‑210 2,6‑3,8 945‑964
4 211‑249 3,9‑5,5 920‑944
5 > 249 > 5,5 < 920
Fonte: Adaptado de Pereira; Angelocci; Sentelhas (2002).
 curiosidade 
Um furacão é um ciclone de grande intensidade.
 
Mas qual é a diferença entre ciclone e anticiclone?
O centro de uma massa aquecida, segundo Pereira, Angelocci e Sente‑
lhas (2002), possui baixa pressão. Na medida em que se afasta do centro, 
a pressão vai aumentando. A tendência natural é de o vento soprar em 
direção ao centro de baixa pressão, ou seja, um centro de baixa pressão 
é uma região de convergência de ventos.
Um centro de alta pressão, ou seja, um centro exportador de vento, tem 
circulação anti ‑horária, caracterizando um anticiclone. Isso vale para o 
Hemisfério Sul.
Em 2007, o Furacão Dean atingiu a Jamaica e deixou um rastro de des‑
truição, matando várias pessoas e passando à categoria 5.
6 UNIUBE
A rede de televisão estatal de Mianmar informou que o número oficial de 
mortos após a passagem do ciclone Nargis, que atingiu o país no início 
de maio de 2008, pode chegar a 100 mil pessoas.
De acordo com Nishi et al. (2005), algumas consequências drásticas 
são esperadas com o aquecimento iminente, como o derretimento das 
calotas polares, o aumento do nível médio dos oceanos, a propagação 
de doenças tropicais, a migração e extinção da biodiversidade, entre 
outros desastres. Algumas dessas consequências já podem ser obser‑
vadas, como o aumento médio do nível dos oceanos e o derretimento 
das calotas polares (Figura 1).
Ações de depredação ambiental realizadas pelos seres humanos in‑
fluenciam essas mudanças, as quais, por sua vez, intensificam a de‑
gradação ambiental, criando um círculo vicioso (PRIMAVESI; ARzABE; 
PEDREIRA, 2007).
No Brasil, os efeitos das catástrofes climáticas podem ser:
a) savanização da Amazônia;
b) elevação do nível dos oceanos;
UNIUBE 7
Figura 1: Situação da calota polar ártica, desde 1979.
Fonte: Adaptado de NASA. Redesenhada pela equipe de produção EAD – Uniube.
POLO NORTE
Desde 1979, mais de 20% 
da camada de gelo foi perdida
Mar Ártico – camada 
de gelo em 1979
c) represas ameaçama biodiversidade;
d) seca no Nordeste;
e) enchentes no Sudeste (as chuvas em SP e RJ no dia 25 de maio de 
2005 foram as mais intensas desde 1943);
f) ciclones no Sul (como o Catarina, em março de 2004);
g) pororoca no Norte (a nossa minitsunami no rio Araguari ‑AP);
h) chuva de granizo (granizada);
i) deslizamento de terra (avalanches em áreas de risco);
j) enchentes em todo o Brasil;
8 UNIUBE
k) secas;
l) vendavais;
m) raios.
 curiosidade 
Em 2007:
Oitenta e sete por cento dos brasileiros estão preocupados com as mudanças 
climáticas, segundo relevou uma pesquisa de opinião realizada pela BBC. O 
Brasil é o país mais apreensivo com a questão. A pesquisa, que ouviu 14 mil 
pessoas de 21 países, mostrou que a média de preocupação mundial é de 68%. 
Fonte: Agroanalysis, FGV, p. 11, abril de 2007.
Em 2009:
Para o brasileiro, clima não é o maior problema. Neste caderno especial da 
Folha de S.Paulo, o problema das mudanças climáticas é preocupação para 
apenas 5% dos brasileiros. Os mais graves são: pobreza (22%) e violência 
e fome (19% cada um).
Fonte: Folha Clima, Folha de S.Paulo, p. 2, 6 dez. 2009.
Mesmo com todas essas informações reforçando a hipótese de um aque‑
cimento iminente da temperatura global, percebemos, por um acompa‑
nhamento histórico e diário de reportagens da revista Times, que, já em 
1945 – após a Segunda Guerra Mundial, as mudanças climáticas já eram 
manchete, sendo a reportagem a seguinte: “o mundo está fervendo”; nos 
anos 1970, a notícia era o esfriamento, com a reportagem: “O grande 
UNIUBE 9
congelamento”; Em 2006, a manchete dizia: “Fiquem preocupados, muito 
preocupados”, iniciando reportagem global sobre o aquecimento global.
 
E agora? Quer dizer que já se falava em aquecimento global em 1945? De‑
pois disso veio uma época fria? E depois, novamente, uma quente? Como 
explicar?
Na verdade, a partir do início das publicações oficiais do IPCC sobre o 
aquecimento global, um grupo de cientistas de várias partes do mundo 
começou a criticar as chamadas “teorias do aquecimento”, sendo pro‑
movidos a partir de então vários debates acalorados em várias partes 
do mundo, debates estes que perduram até hoje. Esses pesquisadores, 
que posteriormente passaram a ser chamados de “céticos”, criticam du‑
ramente as teorias do IPCC. Vamos tentar entender, na Figura 2, essas 
duas teorias com pensamentos tão conflitantes.
Conforme podemos ver na Figura 2, ambas as correntes confirmam um 
acréscimo médio de temperatura. Os conflitos aparecem nas causas do 
aquecimento. Segundo o IPCC, o planeta está aquecendo ‑se devido ao 
aumento fora de controle na emissão dos chamados Gases do Efeito 
Estufa (GEE), devido às causas antrópicas. Ou seja, atribuem a “culpa” 
pelo aquecimento global ao homem, unicamente.
Já os céticos, apesar de também confirmarem aumentos de temperatura 
do globo, afirmam que o homem nada tem a ver com os aumentos de 
temperatura, que são causados por causas naturais, como a radiação 
solar (manchas solares), o aquecimento cíclico das águas dos oceanos, 
10 UNIUBE
em especial do Pacífico (oscilação decadal do Pacífico), à redução do 
albedo planetário, entre outros fatores. Os céticos criticam o estabeleci‑
mento de modelos matemáticos para prever futuras mudanças no clima, 
por considerá ‑los falhos e tendenciosos.
 saiba mais 
IPCC = Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas. Resumo do 
40o relatório, novembro de 2007:
O aquecimento global vai causar:
•	 perdas irreversíveis ao meio ambiente;
•	 a temperatura mundial deve aumentar de 1,1°C a 6,4°C até 2100, com 
um valor médio mais seguro entre 1,8°C e 4°C. O aquecimento será mais 
importante nas latitudes mais elevadas;
•	 as chuvas serão mais intensas nas latitudes mais elevadas, mas diminuirão 
na maioria das regiões subtropicais;
•	 desertificação da Amazônia;
•	 o nível dos oceanos poderá subir de 0,18 a 0,59 m;
•	 aumento de eventos climáticos extremos como furacões, secas, enchentes, 
geadas e altas temperaturas;
•	 o homem é o principal causador do aquecimento global – emissões de CO2.
UNIUBE 11
 saiba mais 
Para saber mais sobre as teorias dos céticos, um excelente artigo é o do 
Prof. Luiz Carlos Baldicero Molion, da Universidade Federal de Alagoas. Em 
artigo intitulado “Considerações sobre o aquecimento global antropogênico”, 
o professor Molion argumenta que se a influência humana no clima global 
existe, ela é muito pequena e impossível se ser detectada em face da grande 
variabilidade natural do clima. Molion afirma que, considerando o passado 
recente, é muito provável que ocorra um resfriamento global nos próxi‑
mos 20 anos ao invés de um aquecimento.
Fonte: MOLION, L. C. B. Considerações sobre o aquecimento global antro‑
pogênico. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 29, n. 246, p. 7 ‑18, set./
out. 2008.
Conheça em detalhes as correntes científicas atuais que abordam o aque‑
cimento global, apresentadas, na Figura 2, por Rolim (2008).
12 UNIUBE
Correntes científicas atuais
IPCC:
►incremento	dos	gases	de	
efeito estufa GEE pelo homem 
causa o aquecimento global
Tendência de AUMENTO 
da temperatura
Tendência ??
Medidas de redução dos GEEs Indiferente aos GEEs/Causa natural
Céticos:
argumentos sólidos em relação a:
►aquecimento	não	pode	ser	devido	ao	
homem porque antes de 1946 as emissões 
de GEE eram menos de 10% das atuais
►aumento	das	atividades	solares
►redução	do	albedo	planetário:	devido	à	
diminiução de atividades vulcânicas
►dados	obtidos	em	“ilhas	de	calor”
►supervalorização	dos	GEE	e	
desvalorização dos efeitos de ODP 
(vulcões submarinos)
►modelos	climáticos	falhos
Fato científico: está ocorrendo aquecimento médio da Terra
(não necessariamente onde você vive!)
CAUSAS?
MEDIDAS ESTRATÉGICAS?
Figura 2: Comparação das duas teorias sobre o aquecimento global (IPCC = 
Intergovernmental Panel on Climate Change ou Painel Intergovernamental de 
Mudanças Climáticas; GEE = Gases do Efeito Estufa; ODP = Oscilação Decadal do 
Oceano Pacífico).
Fonte: Rolim (2008).
Está na moda falar de clima, mas ficam alguns questionamentos 
fundamentais:
O que é clima? E o que é tempo?
Mudança ou variação climática?
O que é efeito estufa?
UNIUBE 13
Qual o problema dos combustíveis fósseis?
Para que serve o Protocolo de Kyoto? E o acordo de Copenhague?
Quais os impactos das mudanças climáticas?
Com base no exposto, vamos continuar nossos estudos.
 1.2 Tempo e clima
Conforme Angelocci e Sentelhas (2007), a atmosfera é uma massa 
em contínuo movimento, induzindo variações nas condições pre‑
dominantes numa região. O estado da atmosfera pode ser descrito 
por variáveis que caracterizam as suas condições energéticas. 
Para um dado local, essa descrição pode ser tanto em termos 
instantâneos (condição atual) como em termos médios (condição 
média).
 registrando 
Denomina ‑se tempo a descrição instantânea, enquanto a descrição média é 
denominada clima.
O clima é uma descrição estática que expressa as condições médias, 
geralmente por mais de 30 anos, das condições de tempo num deter‑
minado local. As variações sazonais de temperatura, chuva, umidade 
relativa do ar e radiação solar caracterizam o clima de uma região. A 
Organização Meteorológica Mundial (OMM) escolheu o período mínimo 
14 UNIUBE
de 30 anos com base em princípios estatísticos de tendência do valor 
médio. Assim, incluem ‑se anos com desvios para mais e para menos em 
todos os elementos do clima.
 ponto ‑chave 
O valor médio de 30 anos é chamado NORMAL CLIMATOLÓGICA.
Na Figura 3, consta um exemplo de Normais Climatológicas para a 
cidade de Uberaba ‑MG, tanto para a variável temperatura como para 
precipitação (chuva).
O tempo, como já dissemos, é a situação instantânea, cuja previsão é 
constantemente acompanhada na maioria dos jornais televisivos, todos 
os dias.
Figura 3: Normais climatológicas de Uberaba (1960 ‑1990).
Fonte: Rolim; Sentelhas (2007).
UNIUBE 15
 1.3 Variabilidade × mudança climática
Paraum melhor entendimento do estudo das flutuações climáticas, é 
necessário entender os conceitos de variabilidade, de anomalia e de 
mudança climática.
Define ‑se a variabilidade climática como uma variação das condições 
climáticas em torno da média climatológica, ou seja, normais climatoló‑
gicas, conforme já estudamos. A anomalia climática refere ‑se a uma 
flutuação extrema de um elemento em uma série climatológica, com 
desvios acentuados do padrão observado de variabilidade. Por fim, mu‑
dança climática é um termo que designa uma tendência de alteração da 
média por um longo período de tempo. Vamos analisar a Figura 4 para 
entender melhor esses conceitos.
Ch
uv
a 
an
ua
l (
m
m
)
anomalia
2100
1300
1700
500
17 23 29 35 41 47 53 59 65 71 77 83 89 92 95 98 1 420 26 32 38 44 50 56 62 68 74 80 86
900
1900
1100
1500
700
tendência
Ano
Figura 4: Variação da precipitação anual em Piracicaba, desde 1917.
Fonte: Angelocci; Sentelhas (2007).
16 UNIUBE
Analisando a Figura 4, observamos uma grande variação, isto é, varia‑
bilidade, em torno da média que é 1.300 mm de chuva anuais, além de 
anomalias, como os valores de 812 mm em 1921 e 2.018 mm em 1983.
Outro aspecto de relevância é que entre 1983 e 1996 pode ser notada 
uma tendência de aumento da chuva, que não deve ser caracterizada 
ainda como uma mudança climática.
 1.4 Efeito estufa
Segundo Cunha (1997), o efeito estufa é ocasionado por alguns 
gases presentes na atmosfera, denominados gases do efeito estufa 
(GEEs), tais como: dióxido de carbono (CO2); metano (CH4); óxido 
nitroso (N2O); hexafluoreto de enxofre (SF6); perfluormetano (CF4); 
perfluoretano (C2F6); hidrofluorcarbonos (HFC); clorofluorcarbono 
(CFC).
De acordo com Primavesi, Arzabe e Pedreira (2007), a emissão de 
gases do efeito estufa é resultado tanto de processos naturais como 
de atividades humanas, isto é, de emissões de origem antrópica ou 
antropogênica.
Na Figura 5, podemos visualizar que, para o gás carbônico, metano e 
óxido nitroso, tem ‑se verificado grandes aumentos ao longo dos anos, 
principalmente após a Revolução Industrial.
UNIUBE 17
Gás carbônico
Ano Ano
Ano
C
O
2 (
pp
m
)
C
H
4 (
pp
b)
N
2O
 (p
pb
)
360 1750
1500
1250
1000
750
310
290
270
250
340
320
300
280
260
1000 1000
1000
1200 1200
1200
1400 1400
1400
1600 1600
1600
1800 1800
1800
2000 2000
2000
Metano
Óxido nitroso
Figura 5: Gases do efeito estufa ao longo dos últimos 100 anos.
Fonte: Adaptado de IPCC (2007).
Segundo McKibeen (2007), antes da Revolução Industrial, a atmosfera 
tinha algo em torno de 280 ppm (partes por milhão) de gás carbônico 
(Figura 5). Depois que se passou a queimar carvão, gás e petróleo, o 
patamar de 280 ppm foi ficando para trás. No final da década de 1950, 
os valores já superavam 315 ppm. Atualmente, o valor é superior a 380 
ppm, crescendo num ritmo de 2 ppm/ano.
Voltando aos céticos…
Molion (2008) faz o seguinte comentário:
É dito que a concentração de CO2 passou de 280 ppm, 
na era pré ‑industrial para os atuais 380 ppm, um apa‑
rente aumento de 35% da concentração desse gás nos 
últimos 150 anos. Utilizando tais concentrações nas 
simulações feitas por modelos de clima global (MCG), 
o incremento na temperatura média global resultante já 
seria de 0,5ºC e 2,7ºC, conforme o modelo utilizado. En‑
tretanto, de acordo com o Sumário para Formuladores 
de Políticas, extraído do Relatório da Quarta Avaliação 
18 UNIUBE
do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC, 
2007), o aumento observado está entre 0,4ºC e 0,7ºC, 
ou seja, está situado no limite inferior dos resultados 
produzidos pelos atuais MCG utilizados para testar a 
hipótese da intensificação do efeito estufa, evidenciando 
que esses tendem a superestimar a temperatura. Po‑
rém, se a concentração de CO2 dobrar nos próximos 
100 anos, de acordo com os mesmos MCG, poderá 
haver um aumento da temperatura global entre 2ºC e 
4,5º, não inferior a 1,5ºC, conforme afirmado no IPCC 
(2007). Os efeitos desse aumento de temperatura se‑
riam catastróficos. Segundo a mesma fonte, uma das 
consequências seria a expansão volumétrica da água 
dos oceanos que, associada ao degelo parcial das gelei‑
ras e calotas polares, notadamente o Ártico, aumentaria 
os níveis dos mares entre 20 e 60 cm. Esse fato, dentre 
outros impactos sociais, forçaria a relocação dos 60% 
da humanidade que vive em regiões costeiras.aumento 
na frequência de tempestades severas e na intensidade 
de furacões seria outra consequência.
 importante! 
Embora não represente um número aparentemente representativo, o calor 
adicional capturado pelo aumento de gás carbônico é suficiente para aquecer 
de modo considerável o planeta.
Com relação às emissões pelo homem de gás carbônico, Primavesi, 
Arzabe e Pedreira (2007) comentam:
As emissões de CO2 de origem antrópica ocorrem a 
partir da queima proposital ou acidental de diferentes 
produtos orgânicos pelo ser humano: carvão, ma‑
deira e combustíveis fósseis (óleo diesel, gasolina e 
outros derivados de petróleo), principalmente. Assim, 
a geração de CO2 ocorre em atividades corriqueiras, 
domésticas, comerciais e industriais (produção de 
aço, de cimento, de alumínio, de papel), tais como 
queima de carvão ou de lenha para churrasco, de fo‑
lhas secas, de pastagens, de florestas e de carvão ou 
de madeira em padarias, em cerâmicas e em outras 
UNIUBE 19
indústrias. Também gera CO2 o uso de veículos moto‑
rizados, como motocicletas, caminhões, automóveis, 
aviões, tratores e até mesmo aqueles movidos com 
biocombustíveis.
O gás metano é liberado durante a decomposição de celulose em condi‑
ções anaeróbias, tais como de áreas inundadas ou de material orgânico 
acumulado em lagoas de decantação e em aterros sanitários. A degra‑
dação anaeróbia da celulose desse material orgânico libera metano, 
formando bolhas na água. Esse gás também é liberado quando materiais 
orgânicos são digeridos por ruminantes, tais como bovinos, bubalinos, 
ovinos e caprinos, e sua intensidade de produção depende do substrato 
ingerido (plantas forrageiras ou grãos de cereais).
O óxido nitroso tem sua origem no processo de nitrificação, ou seja, na 
formação de nitrato – NO3 – a partir de amônio – NH4 ou de desnitrifica‑
ção, isto é, na geração de dióxido de N – NO2, de monóxido de N – NO, 
de óxido nitroso – N2O e de nitrogênio elementar – N2.
O N2 é a forma natural de nitrogênio na atmosfera, que certas bactérias 
simbióticas ou assimbióticas podem fixar. A indústria química o fixa para 
fabricar adubos nitrogenados sintéticos.
 
Mas o que significa, em termos práticos, o aumento da concentração dos 
gases do efeito estufa?
O efeito estufa é sempre maléfico?
Na verdade, o efeito estufa é a forma que a Terra tem para manter sua tem‑
peratura constante. A atmosfera é altamente transparente à luz solar, porém, 
20 UNIUBE
35% da radiação que recebemos vão ser refletidas de novo para o espaço, 
ficando os outros 65% retidos na Terra (BORTHOLIN; GUEDES, 2003).
Os gases de efeito estufa interagem, preferencialmente, com a radia‑
ção de onda longa proveniente da Terra, refletindo ‑os para a superfície 
terrestre. A radiação de onda curta, proveniente do sol, que chega à 
Terra praticamente não interage com os GEEs, mantendo constante a 
quantidade de energia que chega à superfície.
Os GEEs são, portanto, gases seletivos.
 curiosidade 
Nos carros fechados e expostos ao sol e nas estufas de vidro – daí o nome 
efeito estufa – ocorre o mesmo processo.
Porém, embora geralmente apontado como vilão, em função da propriedade 
de aprisionar parte da radiação infravermelha emitida pela superfície da 
Terra, a temperatura média global do ar próxima à superfície é de 15ºC. Na 
sua ausência, teríamos algo em torno de ‑18ºC, o que inviabilizaria a maior 
parte da vida na Terra (MOLION, 2008). O efeito estufa é responsável por um 
aumento de 33ºC na temperatura da superfície do planeta. Logo, é benéficopara o planeta, pois gera condições que permitem a existência da vida.
Na Figura 6, podemos comparar as duas situações: a atmosfera em 
condições normais e a atmosfera modificada, com o aumento na concen‑
tração dos gases do efeito estufa. Note que, na atmosfera modificada, 
o escudo é mais denso, fazendo com que mais radiação fique retida, 
aumentando a temperatura na Terra.
UNIUBE 21
Efeito Estufa 
em condições 
normais Atmosfera com concentração 
natural de GEEs
Onda 
longa 
emitida
Onda 
curta
O.L. refletida 
pela atmosfera
Superfície
Efeito Estufa 
em condições 
normais Atmosfera com 
concentração 
natural de GEEs
Onda 
longa 
emitida
Onda 
curta
O.L. refletida 
pela atm.
Superfície
Efeito Estufa 
com atmosfera 
alterada
(a) (b)
Figura 6: Efeito estufa: (a) atmosfera normal; (b) atmosfera modificada.
 
Mas, quem seriam os grandes vilões na emissão de gases do efeito estufa? 
Serão os países desenvolvidos ou os em desenvolvimento?
Veja na Figura 7 que os países que têm as suas indústrias mais desen‑
volvidas, os chamados países industrializados incluindo Canadá, Esta‑
dos Unidos, toda a Europa, a União Soviética, a Austrália e o Japão são 
responsáveis por 77% das emissões dos GEEs. Salientamos também a 
contribuição das novas potências mundiais industriais, como a China e 
a Índia, já responsáveis por mais de 12% das emissões globais.
22 UNIUBE
Industrializados
Em desenvolvimento
Canadá
2.3%
27.7%
2.5%
2.6% 3.7%12.2%
1.1%
13.3%
30.3%
3.8% 77%
Estados Unidos
América Central 
e do Sul
China, Índia e 
Ásia em desenvolv.
Contribuições ao aquecimento global
Áreas são proporcionais às emissões históricas 
de gás carbônico, 1900 ‑1999
Europa
África
JapãoÁsia Oeste
Austrália
União Soviética
Figura 7: Contribuição para o aumento da emissão de gases do efeito estufa dos 
países industrializados e dos em desenvolvimento.
Fonte: Adaptado de Pinto et al. (2009).
 saiba mais 
O Encontro de Kyoto, no Japão, teve importância talvez maior, pois foi o palco 
da criação do chamado “Protocolo de Kyoto”, que estabeleceu a necessidade 
de redução dos gases do efeito estufa não controlados pelo Protocolo de 
Montreal em 5,2% por países desenvolvidos, considerados grandes emis‑
sores (Figura 7).
No Brasil, as principais emissões são causadas pela mudança no uso 
do solo (75%), sendo o restante atribuído à queima de combustíveis 
fósseis (Figura 8). Aproximadamente 17% da floresta Amazônica ou 60 
UNIUBE 23
milhões de hectares, uma área equivalente à França, foram convertidos 
para outras atividades de uso do solo nos últimos 30 anos.
Com as evidências do aquecimento global, a preocupação com o clima 
ganhou importância a partir da década de 1980. Segundo Scarpinella 
(2002), desde então, ocorreram inúmeras reuniões internacionais, cuja 
pauta se ocupava das mudanças climáticas. Nessas reuniões, foram 
discutidas as possíveis soluções para evitar ou, pelo menos, reduzir as 
emissões de gases causadores do efeito estufa.
Figura 8: Emissões brasileiras de carbono para a atmosfera.
Fonte: Adaptado de Inventário Brasileiro das emissões e remoções antrópicas de 
gases do efeito estufa (2009).
No Quadro 1, a seguir, poderemos sanar algumas dúvidas a respeito 
desse Protocolo.
24 UNIUBE
Quadro 1: Principais dúvidas a respeito do Protocolo de Kyoto.
O que é? É um acordo internacional que estabelece metas 
de redução de gases poluentes para os países 
industrializados.
Foi finalizado em 1997, baseado nos princípios do 
Tratado da ONU sobre Mudanças Climáticas, de 1992. 
Entrou em vigor em fevereiro de 2005.
Quais são as 
metas?
Países industrializados se comprometeram a reduzir, até 
2012, as suas emissões de dióxido de carbono a níveis 
pelo menos 5,2% menores do que os que vigoravam em 
1990. A meta de redução varia de um signatário para 
outro.
Os países da União Europeia têm de cortar as emissões 
em 8%, enquanto o Japão se comprometeu com uma 
redução de 5%. Alguns países, que têm emissões 
baixas, podem até aumentá ‑las.
As metas estão 
sendo atingidas?
O total de emissões de dióxido de carbono caiu 3% 
entre 1990 e 2000. No entanto, a queda aconteceu 
principalmente por causa do declínio econômico nas ex‑
‑repúblicas soviéticas, mascarando um aumento de 8% 
nas emissões entre os países ricos.
A Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que os 
países industrializados estão fora da meta e prevê para 
2010 um aumento de 10% em relação a 1990. Segundo 
a ONU, apenas quatro países da União Europeia têm 
chance de atingir as metas.
Por que os EUA 
se retiraram do 
protocolo?
O presidente americano George W. Bush se retirou das 
negociações sobre o Protocolo em 2001, alegando que 
o tratado estava “fatalmente fracassado”.
Um dos argumentos do presidente foi que não havia 
exigências sobre os países em desenvolvimento para 
reduzirem as suas emissões.
Na verdade, o presidente abandonou o Protocolo 
porque, ao contrário de reduzir suas emissões 
em 7%, como seria exigido com a assinatura, 
havia previsão de aumento de 35% nas emissões 
americanas até 2012.
UNIUBE 25
E para o Brasil e 
demais países em 
desenvolvimento?
No acordo, os países em desenvolvimento, como o 
Brasil, são os que menos contribuem para as mudanças 
climáticas. No entanto, tendem a ser os mais afetados 
pelos seus efeitos.
Embora muitos tenham aderido ao Protocolo, países 
em desenvolvimento não tiveram de se comprometer 
com metas específicas. Como signatários, no entanto, 
eles precisam manter a ONU informada do seu nível de 
emissões e buscar o desenvolvimento de estratégias 
para as mudanças climáticas.
Fonte: Notícias Terra (2005).
Segundo Nishi et al. (2005), o Protocolo propõe três mecanismos de 
flexibilização, que são:
i. Implementação Conjunta;
ii. Comércio de Emissões;
iii. Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL).
Dos três, o MDL é o que possui maior aplicabilidade no Brasil, pois 
permite que países industrializados financiem projetos de diminuição 
ou comprem os volumes de redução de emissões resultantes de ini‑
ciativas desenvolvidas nos países não industrializados. Porém, pelo 
Protocolo, as reduções na emissão dos GEEs devem ser adicionais 
àquelas que ocorreriam na ausência das atividades do projeto certi‑
ficado. As reduções devem ser reais, mensuráveis e devem propor‑
cionar benefícios de longo prazo para a mitigação das mudanças 
climáticas.
26 UNIUBE
A utilização do critério econômico para promover a hierarquização 
dos projetos candidatos ao MDL também está sendo considerada. 
Quanto maiores as contribuições dos chamados “créditos de car‑
bono” na viabilidade financeira, maior será a prioridade do projeto 
para aprovação.
 
Mas, o que significa “crédito de carbono”?
Créditos de carbono, também chamados de Redução Certificada de 
Emissões (RCE), são certificados emitidos quando ocorre a redução 
de emissão de gases do efeito estufa (GEE), conforme já vimos ante‑
riormente. Uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) equivalente cor‑
responde a um crédito de carbono. Esse crédito pode ser negociado no 
mercado internacional.
E depois de Kyoto?
Segundo Pinto et al. (2009), com a entrada em vigor da Convenção do 
Clima em 1994, representantes dos países signatários da UNFCCC pas‑
saram a se reunir anualmente para discutir a sua implementação. Esses 
encontros são chamados de Conferências das Partes (COPs). Nesse 
caso, Parte é o mesmo que País e a COP constitui o órgão supremo da 
Convenção do Clima. No Quadro 2 são descritas todas as COPs, desde 
1995 até a última, em 2009, em Copenhague.
UNIUBE 27
Quadro 2: Descrição das Conferências das Partes, desde 1995 até 2009.
COP 1 – 1995 Inicia o processo de negociação de metas e prazos específicos 
para a redução de emissões de gases de efeito estufa para os países 
desenvolvidos. É sugerida a constituição de um Protocolo.
COP 2 – 1996 É acordada a criação de obrigações legais de metas de 
redução por meio da Declaração de Genebra
COP 3 – 1997 Culminou com aadoção do Protocolo de Kyoto, estabelecendo 
metas de redução de gases de efeito estufa para os principais países 
emissores, chamados países do Anexo I.
COP 4 – 1998 O Plano de Ação de Buenos Aires é elaborado, visando um 
plano de trabalho para implementar e ratificar o Protocolo de Kyoto.
COP 5 – 1999 Deu continuidade aos trabalhos iniciados em Buenos Aires.
COP 6 – 2000 As negociações são suspensas pela falta de acordo entre, 
especificamente, a União Europeia e os Estados Unidos em assuntos 
relacionados a sumidouros e às atividades de mudança do uso da terra.
COP 6 ½ e COP 7 – 2001 As negociações são retomadas, porém, com a saída 
dos Estados Unidos do processo de negociação, sob a alegação de que os 
custos para a redução de emissões seriam muito elevados para a economia 
americana, bem como a contestação sobre a inexistência de metas para os 
países do sul.
COP 8 – 2002 Iniciou a discussão sobre o estabelecimento de metas de uso 
de fontes renováveis na matriz energética dos países.
COP 9 – 2003 Entra em destaque a questão da regulamentação de 
sumidouros de carbono no âmbito do MDL.
COP 10 – 2004 São aprovadas as regras para a implementação do Protocolo 
de Kyoto e discutidas as questões relacionadas à regulamentação de projetos 
de MDL de pequena escala de reflorestamento/florestamento, o período pós‑
‑Kyoto e a necessidade de metas mais rigorosas.
COP 11/ MOP1 – 2005 11ª Conferência das Partes e 1ª Reunião das Partes 
do Protocolo de Kyoto (MOP1). Primeira conferência realizada após a entrada 
em vigor do Protocolo de Kyoto. Pela primeira vez, a questão das emissões 
oriundas do desmatamento tropical e mudanças no uso da terra é aceita 
oficialmente nas discussões no âmbito da Convenção.
COP 12/MOP2 – 2006 Representantes de 189 nações assumem o 
compromisso de revisar o Protocolo de Kyoto e regras são estipuladas para 
o financiamento de projetos de adaptação em países pobres. O governo 
brasileiro propõe oficialmente a criação de um mecanismo que promova 
efetivamente a redução de emissões de gases de efeito estufa em países em 
desenvolvimento oriundas do desmatamento.
28 UNIUBE
COP 13/MOP3 – 2007 Pela primeira vez a questão de florestas é incluída no 
texto da decisão final da Conferência para ser considerada no próximo tratado 
climático, tendo os países um prazo até 2009 para definir as metas de redução 
de emissões oriundas do desmatamento em países em desenvolvimento pós‑
‑2012.
COP 14/MOP4 – 2008 Continuidade no processo de negociações estabelecido 
pelo “Mapa do Caminho de Bali” (Bali Road Map) em 2007 com o objetivo de 
definir um novo acordo legal nas decisões de Copenhague, em 2009, durante 
a COP15/MOP5.
COP15/MOP15 – 2009 Término do período de dois anos de negociações 
estabelecido pelo “Mapa do Caminho de Bali” (Bali Road Map), definição 
de um acordo internacional que substituirá o Protocolo de Kyoto, que 
deverá estabelecer novas metas para os países do Anexo I e deverá incluir 
metas de redução de emissões oriundas de desmatamento em países em 
desenvolvimento, pós ‑2012.
Fonte: Pinto et al. (2009).
Na Figura 9, constam as porcentagens relativas às mudanças de emis‑
sões de gases de efeito estufa ocorridas em cada país incluído no Anexo 
I desde o ano base de 1990 até 2005 (que foi o último ano reportado). 
As emissões oriundas do Uso da Terra, Mudanças de Uso da Terra e 
Florestas – LULUCF – não foram contabilizadas. É interessante notar que 
alguns países, além de não cumprirem as metas, aumentaram conside‑
ravelmente suas emissões, como a Turquia (74,4%) e Espanha (53,3%).
UNIUBE 29
Figura 9: Mudança nas emissões de gases do efeito estufa (GEE) de 1990 a 2005.
Fonte: Pinto et al. (2009).
30 UNIUBE
 saiba mais 
A sigla LULUCF significa “Uso da Terra, Mudança no Uso da Terra e Florestas”, 
que vem do inglês “Land ‑Use, Land ‑Use Change and Forestry”. As atividades 
LULUCF até hoje elegíveis no MDL são aquelas que promovem a remoção 
de gás carbônico da atmosfera, ou seja, florestamento e reflorestamento 
(PINTO et al., 2009).
 
Mas e Copenhague, o que aconteceu de fato? Houve avanços nas políticas 
para reduzir os impactos humanos no clima mundial?
Não foram estabelecidas metas de redução de emissões ou de qual‑
quer tipo. Porém, ainda há esperança por um acordo futuro mais ade‑
quado nos próximos anos. Um pouco dessa esperança pode ser visto 
no acordo sobre REDD (Redução de Emissões de Desmatamento e 
Degradação Florestal). O texto final sobre o assunto expressou avanços 
importantes, reconhecendo o papel de populações indígenas e tradicio‑
nais na formulação e acompanhamento de ações de REDD nos países. 
Uma vitória sem dúvida de centenas de representantes de povos da 
floresta que começaram a participar das conferências de clima há al‑
guns anos e conseguiram que suas ideias fossem incorporadas nas 
discussões. Pode ‑se dizer que o desempenho do Brasil, salvo no último 
minuto por um discurso excelente do presidente Lula, indica que o país 
terá um papel importante nas próximas rodadas de reuniões. O papel 
fundamental do Brasil é o da liderança. O país poderá fazer muito mais 
UNIUBE 31
do que já prometeu. Poderá, se houver vontade política, acabar com o 
desmatamento da Amazônia até 2020 e não reduzi ‑lo a 80%.
Haverá várias reuniões intermediárias até a próxima COP em 2010, no 
México. O imenso contingente de brasileiros que acompanhou as nego‑
ciações em Copenhague certamente continuará a postos para cobrar 
mais ações do governo e mantermos assim nossas esperanças. Cuidar 
do clima planetário será certamente um diferencial entre os candidatos 
nas próximas eleições. Aqueles que não assumirem os compromissos 
declarados, certamente terão a resposta no voto. 
 1.5 Medidas mitigadoras
Superfícies secas apresentam grande amplitude térmica e geram pulsos 
de calor e de frio. Quando sombreadas, essas superfícies não esquen‑
tam. O aquecimento global é alimentado pelo calor em excesso gerado 
por áreas degradadas ou aridizadas ou desertificadas. Essas áreas são 
secas e não são sombreadas.
Conforme Primavesi, Arzabe e Pedreira (2007), em regiões tropicais e 
em regiões subtropicais, a eliminação da cobertura vegetal permanente, 
a queima dos restos vegetais e a exposição do solo às chuvas intensas 
resultam em regressão ecológica, rumo a condições inóspitas para a vida: 
condições sem água residente, de grandes amplitudes de temperatura e 
de umidade relativa do ar, de ventos fortes, de chuvas fortes e de chuva 
com raios ou de tempestades elétricas, sem capacidade de suporte, sem 
elo inicial da cadeia alimentar (plantas) e com ciclo da água curtíssimo.
32 UNIUBE
Necessita ‑se, segundo esses autores, recuperar, conservar e potencia‑
lizar a capacidade de suporte e de produção das áreas já desmatadas, 
a fim de se evitar a diminuição de áreas de produção, principalmente de 
água e de alimentos. Isso deve ser feito a fim de reduzir áreas produtoras 
de calor em excesso, o qual os gases de efeito estufa em maiores concen‑
trações retêm e redistribuem globalmente, em parceria com os ventos.
 
Mas o que o Brasil tem feito para reduzir o desmatamento?
Analisando ‑se a Figura 10, observa ‑se que, em geral, as taxas anuais de 
desmatamento vêm diminuindo. Os esforços governamentais implemen‑
tados recentemente mostram o comprometimento para reduzir o desma‑
tamento. Nos últimos anos, o Brasil adotou uma série de iniciativas para 
a redução do desmatamento, como o Plano de Ação para Prevenção e 
Controle de Desmatamento na Amazônia (PPCDAM), o Fundo Amazônia, 
e o Plano Nacional sobre Mudança do Clima, lançado em dezembro de 
2008. A intervenção do governo contemplou, segundo Pinto et al. (2009), 
a criação de 240.000 km2 de novas áreas protegidas na Amazônia onde 
o desmatamento é mais intenso. Como consequência, estima ‑se que 
essas áreas poderão evitar, na próxima década, a liberação de apro‑
ximadamente 600 milhões de toneladas de carbono para a atmosfera.
Para a sociedade como umtodo, a intensa veiculação na mídia a respeito 
do aumento iminente da temperatura global, mesmo não sendo ainda 
de todo provado cientificamente pelos pesquisadores do mundo inteiro, 
é um alerta importante para todos.
UNIUBE 33
35.000
25.000
15.000
5.000
88
(a) (b) (b) (c)
(a) Média ente 
1977 e 1988
(b) Média entre 
1993 e 1994
(c) Taxas anuais 
consolidadas
(d) Taxa 
estimada
(c) (c) (d)ano
9289 93 9690 94 9791 95 98 99 02 05 0800 03 0601 04 07
30.000
20.000
10.000
0
km
2 /a
no
Figura 10: Taxa de desmatamento da Amazônia Legal brasileira (km2/ano).
Fonte: OBT (2009).
Conforme Da Veiga (2008), apesar da incerteza científica que fica patente 
na comparação das duas teorias sobre o aquecimento, não faltaram mo‑
tivos para que, nas últimas décadas, emergisse um efetivo processo de 
negociações internacionais com objetivos preventivos, tentando buscar 
as maneiras mais viáveis de reduzir o aquecimento global e as formas 
de se adaptar a ele.
A sociedade deve se conscientizar da importância da preservação am‑
biental. A Terra é capaz de absorver certa quantidade dos gases do efeito 
estufa. A humanidade precisa aprender a viver dentro desses limites 
impostos pela natureza, devendo sempre adotar técnicas capazes de 
minimizar esses impactos.
Segundo Pinto et al. (2009), o reflorestamento promove a remoção ou 
“sequestro” de CO2 da atmosfera, diminuindo a concentração desse gás 
do efeito estufa e, consequentemente, desempenhando um importante 
papel no combate à intensificação do efeito estufa. A retirada do gás 
carbônico da atmosfera é realizada graças ao processo denominado 
34 UNIUBE
fotossíntese, que permite a fixação do carbono na biomassa da vege‑
tação e nos solos. Conforme a vegetação vai crescendo (Figura 11), o 
carbono incorpora ‑se nos troncos, galhos, folhas e raízes das plantas. 
Cerca de 50% da biomassa vegetal é constituída de carbono, e a floresta 
Amazônica é um grande estoque mundial de carbono pela sua área e 
densidade de biomassa.
Figura 11: Papel das florestas no sequestro de carbono.
Fonte: Adaptado de Pinto et al. (2009).
Precisamos refletir criticamente sobre essas importantes temáticas. E, como 
educadores e interessados no futuro do nosso planeta, temos a função de 
proporcionar a construção de conhecimentos para formação de sujeitos 
capazes de analisar e intervir de forma ética no meio em que vivem.
Finalizando este texto introdutório, convido ‑o a reforçar seus conheci‑
mentos, realizando as leituras obrigatórias indicadas, preparando ‑se para 
a realização das atividades propostas.
UNIUBE 35
 saiba mais 
Agora é com você. Estamos indicando algumas leituras que consideramos 
importantes para que você aprofunde os seus conhecimentos neste capítulo 
intitulado “Impactos ambientais globais”.
Mãos à obra!
PRIMAVESI, O.; ARzABE, C.; PEDREIRA, M. S. Efeitos. In: . Mudanças 
climáticas: visão integrada das causas, dos impactos e de possíveis soluções 
para ambientes rurais ou urbanos. São Carlos: Embrapa Pecuária Sudeste, 
2007. (Documentos Embrapa, 70), cap. 4, p. 54 ‑76. Disponível em: <http://
www.cppse.embrapa.br/080servicos/070publicacaogratuita/documentos/
Documentos70.pdf>. Acesso em: 10 maio 2008.
SILVA, M. E. S.; GUETTER, A. K. Mudanças climáticas regionais observadas 
no estado do Paraná. Terra Livre, São Paulo, ano 1, v. 1, n. 20, p. 111 ‑126, 
2003. Disponível em: <http://www.rbmet.org.br/port/revista/revista_dl.php?id_
artigo=537&id_arquivo=79>. Acesso em: 10 dez. 2009.
Atividades
Atividade 1
Leia o fragmento de texto a seguir:
Os impactos das mudanças climáticas no cotidiano 
das pessoas do campo e da cidade têm levado al‑
guns indivíduos a repensar sua estreita ligação com 
o mundo natural (PRIMAVESI; ARzABE; PEDREIRA, 
2007, p. 13).
36 UNIUBE
Explique em, no mínimo, 10 linhas, os reflexos desse “repensar” para a 
conservação do ambiente natural do planeta. Para tanto, você deve se 
basear no texto introdutório e nas leituras obrigatórias indicadas.
Atividade 2
Para a realização dessa atividade, leia, atentamente, o texto, a seguir:
Decisões do tipo “para salvar a madeira das árvores 
dos incêndios, a solução é simples: derrubá ‑las an‑
tes de perder tudo” mantêm o ultrapassado sistema 
econômico que é baseado na depleção dos recursos 
naturais e cujos lucros são gerados à custa do social 
e do ambiente, e que considera prejuízo as práticas de 
conservação da infraestrutura ambiental essencial para 
a manutenção da biodiversidade (vegetal e animal), 
verdadeira riqueza real e potencial.
Determinadas soluções são propostas, por exemplo, 
a irrigação, a utilização de plantas resistentes à seca 
ou a biotecnologia moderna, como a transgenia. To‑
das essas propostas são reducionistas e há contes‑
tação para todas. Parecem promessas de políticos. 
Irrigar, sim, mas com que água? Por que ainda não 
foram desenvolvidas plantas para os inúmeros deser‑
tos criados pelo ser humano, inclusive o Saara, que já 
foi densa floresta e depois antigo celeiro de grãos do 
Império Romano, seguido por extensas pastagens? 
Quanto à saída biotecnológica e à transgenia, não 
há plantas que vegetam sem água no solo ou no ar 
e no calor abrasador. Não devemos querer adaptar 
as espécies ao ambiente em degradação. O mais 
sábio e condizente com a espécie humana é parar 
e reverter a degradação. Isto se aplica em especial 
ao Brasil, cujo diferencial no cenário mundial ainda 
é o ambiente natural, aquele com rica biodiversidade 
e aquele com potencial agropecuário, ecoturístico 
e energético, e que necessita ser conservado e 
recuperado ou mesmo implementado a todo custo, 
de modo a converter em oportunidade o que hoje é 
problema (RICUPERO apud PRIMAVESI; ARzABE; 
PEDREIRA, 2007).
UNIUBE 37
Após sua leitura, elabore um texto estabelecendo relações entre as 
soluções propostas e a sua real efetividade. Em seguida, descreva sua 
opinião a respeito da interferência internacional no controle do patrimônio 
ambiental brasileiro.
Atividade 3
Considerando a realidade de sua região geográfica:
3.1 Faça um levantamento sobre as variações climáticas aí existen‑
tes e os possíveis fatores que possam estar interferindo nessa 
variabilidade.
3.2 Explique a diferença entre tempo e clima utilizando ‑se de dois 
exemplos.
Atividade 4
Com base no Quadro 1, do texto introdutório, e em outras fontes de pes‑
quisa, faça uma síntese dos avanços da conservação do meio ambiente 
consequentes das medidas constitutivas do Protocolo de Kyoto.
Referências
ASSAD, Eduardo Delgado; PINTO, Hilton Silveira; zULLO JR., Jurandir; 
MARIN, Fábio Ricardo; Mudanças climáticas e agricultura: uma abordagem 
agroclimatológica, Ciência & Ambiente, Santa Maria, v. 34, p.169 ‑182, 2007.
ANGELOCCI, Luiz Roberto; SENTELHAS, Paulo César. Variabilidade, anomalia e 
mudança climática. Material didático da disciplina LCE306 – Meteorologia Agrícola 
– Turmas 1,4,5 e 6, Departamento de Ciências Exatas – setor de Agrometeorologia – 
ESALQ/USP – 2007.
38 UNIUBE
BORTHOLIN, Érica; GUEDES, Bárbara Daniela. Efeito estufa. Instrumentação 
para o ensino, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003. Disponível em: <http://
educar.sc.usp.br/licenciatura/2003/ee/Efeito_Estufa.html>. Acesso em: 15 maio 2008.
DA VEIGA, J. E. Aquecimento global: frias contendas científicas. São Paulo: 
SENAC, 2008. 112 p.
INVENTÁRIO BRASILEIRO DAS EMISSÕES E REMOÇÕES ANTRÓPICAS DE 
GASES DE EFEITO ESTUFA. Ministério da Ciência e Tecnologia. Disponível em: 
<http://www.oc.org.br/cms/arquivos/inventa%C2%A1rio_emissa%C2%B5es_gee‑
‑valores_preliminares ‑25 ‑11 ‑2009.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2009.
IPCC. Summary for policymakers. In: IPCC. Climate chance 2007: the physical 
science basis. Cambridge: Cambridge University Press, 2007. Contribution of 
Working Group I to the Fourth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on 
Climate Change. Disponível em: <http:www.ipcc.ch/pdf/assessment ‑report/ar4/wg1/
ar4 ‑wg1 ‑spm.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2009.
McKIBENN, B.Climate change 2007: The physical science basis – Summary for 
policymakers. Contribution of Working Group I to the Fourth Assessment Report of 
the Intergovernmental Panel on Climate Change. IPCC, 18p. Disponível em: <http://
www.ipcc.ch/pdf/assessment‑report/ar4/syr/ar4_syr_spm.pdf>. Acesso em 15 mai. 
2010.
MOLION, L. C. B. Considerações sobre o aquecimento global antropogênico. 
Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 29, n. 246, p. 7 ‑18, set./out. 2008.
NISHI, M. H. et al. Influência dos créditos de carbono na viabilidade financeira de três 
projetos florestais. Revista Árvore, Viçosa, v. 29, p. 263 ‑270, 2005.
NOTÍCIAS TERRA. Principais pontos do Protocolo de Kyoto. 16 fev. 2005. Disponível 
em: <http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI472903 ‑EI299,00.html>. Acesso 
em: 15 maio 2008.
OBT – Coordenação Geral de Observação da Terra. Instituto Nacional de Pesquisas 
Espaciais. Estimativas Anuais desde 1988 até 2008. Disponível em: <http://www.
obt.inpe.br/prodes/prodes_1988_2008.htm>. Acesso em: 10 dez. 2009.
Educação e 
gestão ambiental – 
construindo 
caminhos, dividindo 
fronteiras
Capítulo
2
Carlos Messias Pimenta / Tiago Zanquêta de Souza
Introdução
Este capítulo está dividido em duas partes. Inicialmente a edu‑
cação ambiental será analisada como uma ferramenta de ges‑
tão ambiental. Sua importância está no fato de que é por meio 
dela que haverá a possibilidade de a humanidade refletir seu 
modo de vida e salvar a própria espécie. Você deve pensar 
qual deve ser a postura do professor na formação de indivíduos 
da educação básica, que desde cedo já irão pensar sobre as 
melhores maneiras de o ser humano se beneficiar dos recursos 
que a natureza tem a lhe oferecer sem, contudo, colocar a raça 
humana e outras espécies em risco de extinção. Mas para isso, 
é necessário que haja uma gestão que dê conta de promover 
um desenvolvimento sustentável, justificando a necessidade de 
uma gestão ambiental. Esse assunto será discutido na Parte II 
deste capítulo.
40 UNIUBE
Objetivos
Esperamos que ao final deste capítulo você seja capaz de:
•	 avaliar a relação que existe entre o homem e o meio 
ambiente;
•	 coordenar projetos de educação ambiental, objetivando 
a prática ética;
•	 discutir as tendências da educação ambiental no Brasil;
•	 interpretar as políticas de educação ambiental e aplicá‑
‑las, quando necessário;
•	 apontar diretrizes para conservação e preservação dos 
recursos naturais.
•	 preparar ‑se para atuação pró ‑ativa no contexto da orga‑
nização em gestão ambiental;
•	 reconhecer a importância da inserção da variável ambien‑
tal no planejamento, na organização, direção e controle 
das atividades de uma empresa;
•	 aplicar os termos da legislação ambiental, que define 
parâmetros que deverão ser seguidos pelo gestor;
•	 justificar a importância da gestão ambiental como ferra‑
menta para as empresas.
UNIUBE 41
Esquema
Parte I – Educação ambiental como ferramenta de gestão do 
ambiente
1º momento: A relação homem × natureza
2º momento: Necessidade da ética 
ambiental 
3º momento: Sustentabilidade: princípios 
necessários ao desenvolvimento 
4º momento: Tendências da educação 
ambiental no Brasil 
5º momento: Diretrizes para conservação 
do meio ambiente
Parte II – Por que estudar gestão ambiental
1º momento: Gestão e suas funções: 
planejar, organizar, dirigir e controlar
2º momento: A questão ambiental na 
empresa
3º momento: Visão do gerenciamento 
ambiental nos dias atuais
42 UNIUBE
4º momento: Certificação ambiental
5º momento: Melhoria contínua do 
desempenho ambiental
 2.1 Educação ambiental como ferramenta de gestão do 
ambiente
Neste capítulo, vamos estudar e perceber a importância da Educação 
Ambiental como ferramenta de gestão do ambiente. Aqui, vamos dar 
uma importância e uma atenção maior a essa ferramenta de gestão. 
Para isso, vamos entender primeiro quando a Educação Ambiental 
surgiu.
A Educação Ambiental surgiu em 1965, quando se começou a lutar 
pela busca de soluções para a crise ambiental que é notória em 
nosso país e até mesmo em todo nosso planeta. Para Pádua (2002, 
p. 55), ela
[…] surgiu também em resposta à crise na própria 
educação; crise nessa educação que prioriza o racio‑
nal, que compartimenta os saberes e que estimula a 
competição entre indivíduos e grupos.
Se Pádua (2002) destaca o agravamento da problemática ambiental nas 
três últimas décadas, é certo que se trata de um problema que remonta 
ao final do século XVIII, com o advento da Revolução Industrial que 
surge na Inglaterra. A partir daí, começou ‑se a perceber, de maneira 
UNIUBE 43
cada vez mais acentuada, a resposta do planeta Terra às agressões 
dirigidas contra ele.
A Revolução Industrial iniciou um novo ciclo de inovações tecnológicas 
que se aperfeiçoam, intensificando a mais importante condição à acu‑
mulação do capital, o que mantém a razão de ser do modo de produção 
capitalista. Mas, todo esse progresso técnico ‑científico deixou como 
consequência um violento impacto sobre a biomassa, os recursos natu‑
rais e a atmosfera.
Esse impacto passou a ser visto com maior preocupação nos anos 1960, 
com as reações da Terra a essas agressões, na forma de grandes catás‑
trofes: enchentes, terremotos, maremotos, furacões, chuvas ácidas, efeito 
estufa, buraco na camada de ozônio, radiação nuclear, derretimento de 
geleiras, aumento de combustão e tantos outros.
No início do século XXI, o problema da degradação ambiental é tão evi‑
dente que faz com que os mais árduos defensores do desenvolvimento 
a qualquer custo parem para repensar suas ações. As conferências 
internacionais, que envolvem um conjunto cada vez maior de países, 
evidenciam a gravidade da situação.
 importante! 
O termo “educação ambiental” foi usado pela primeira vez em 1965, durante 
a Conferência de Educação da Universidade de Keele, na Grã ‑Bretanha, sob 
a expressão “Enviromental Education” (LOUREIRO, 2004).
44 UNIUBE
A partir deste estudo, você compreenderá melhor a necessidade da 
educação ambiental como ferramenta de mudança do atual cenário em 
que vive o planeta Terra. A maioria das situações vividas por cada um de 
nós exige urgentemente mudança. E essa mudança poderá acontecer 
por meio dos estudos da educação ambiental.
Na segunda parte, abordaremos a inter ‑relação da administração de 
uma organização com as questões ambientais, em todas as fases da 
gestão, explicitando a importância de atitudes ambientais preventivas 
e corretivas, dentro e fora da empresa, enfatizando, assim, a inserção 
das variáveis ambientais nos processos produtivos e administrativos da 
organização.
No detalhamento dos objetivos da gestão do ambiente devem ser con‑
templados os valores universais e os valores individualizáveis. Entre os 
valores universais estão os que dependem, por exemplo, de garantia 
do acesso indistinto em quantidade e qualidade aos bens ambientais 
essenciais à vida, por meio de leis, constituições, normas, resoluções, 
códigos, portarias etc.
Entre os valores individualizáveis estão aqueles associados ao 
acesso aos bens ambientais para as atividades de produção eco‑
nômica. Do mesmo modo, os instrumentos técnicos, econômicos e 
legais da gestão ambiental têm de estar submetidos a uma catego‑
rização de valores. Por isso, não devem impedir acesso aos bens 
ambientais associados aos valores universais e sim estabelecer 
critérios e condições para o acesso aos bens ligados aos valores 
individualizados.
UNIUBE 45
 
Mas o que é educação ambiental?
Educação ambiental é um ramo da educação cujo objetivo é a disse‑
minação do conhecimento sobre o ambiente, a fim de ajudar a sua 
preservação e utilização sustentável dos seus recursos. É uma metodo‑
logia de análise que surge a partir do crescente interesse do homem em 
assuntos como o ambiente devido às grandes catástrofes naturais que 
têm assolado o mundo nas últimas décadas.
E a educação ambiental noBrasil?
No Brasil, a educação ambiental assume uma perspectiva mais abran‑
gente, não restringindo seu olhar à proteção e uso sustentável de recur‑
sos naturais, mas incorporando fortemente a proposta de construção de 
sociedades sustentáveis.
A educação ambiental tornou ‑se lei em 27 de abril de 1999. A Lei n. 9.795 
– Lei da Educação Ambiental, em seu art. 2°, afirma que a educação am‑
biental é um componente essencial e permanente da educação nacional, 
devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e moda‑
lidades do processo educativo, em caráter formal e não formal.
 saiba mais 
Caráter formal é aquele em que a educação ambiental se propaga em esta‑
belecimentos de ensino, ou seja, nas escolas.
46 UNIUBE
Caráter não formal é o processo educativo que acontece através da mídia, 
ou seja, de jornais, revistas e propagandas.
A educação ambiental tenta despertar em todos a consciência de que o 
ser humano é parte do meio ambiente. Ela tenta superar a visão antropo‑
cêntrica, que fez com que o homem se sentisse sempre o centro de tudo, 
esquecendo a importância da natureza, da qual é parte integrante.
É uma ação educativa permanente pela qual a comunidade educa‑
tiva têm a tomada de consciência de sua realidade global, do tipo 
de relações que os homens estabelecem entre si e com a natureza, 
dos problemas derivados de ditas relações e suas causas profundas. 
Ela desenvolve, mediante uma prática que vincula o indivíduo com 
a comunidade, valores e atitudes que promovem um comportamento 
dirigido à transformação superadora dessa realidade, tanto em seus 
aspectos naturais como sociais, desenvolvendo no educando as ha‑
bilidades e atitudes necessárias para essa transformação (BRAGA 
et al., 2005).
Mas qual é a necessidade da educação ambiental na sua formação?
Como afirmamos anteriormente, a educação ambiental é uma fer‑
ramenta das práticas de gestão do ambiente, uma vez que esse 
ambiente é formado também pelo ser humano, um ser inteligente, 
racional, que precisa, imprescindivelmente, rever valores, atitudes e 
pensamentos, buscando a prática de conservação e preservação dos 
recursos naturais.
UNIUBE 47
2.1.1 A relação homem × natureza
De acordo com Branco (1988) a problemática ambiental é herdeira direta 
da concepção de que o homem, por ser capaz de raciocinar, adquirir, 
produzir e organizar conhecimentos, está acima da natureza e das leis 
que regem o planeta e o mantêm em equilíbrio.
 importante! 
A maioria das pessoas, sobretudo aquelas que não estudaram as ciências 
biológicas, manifesta muito frequentemente uma tendência a situar o homem 
em confronto com a natureza, ou mesmo em oposição a ela. Sejam essas 
pessoas otimistas ou pessimistas, veem elas o homem como o rei da natureza 
ou a sua vítima (FRIEDEL apud BRANCO, 1988, p. 6).
Essa maneira de pensar e compreender a relação homem/natureza, 
expressa pelo filósofo francês fez crescer a crença de que o ser humano 
poderia reinar sobre todos os recursos naturais, explorando ‑os desorde‑
nadamente sem se preocupar com as consequências dessa exploração. 
Fez com que o homem não se sentisse como um componente do meio 
ambiente, excluindo ‑o de qualquer relação de ordem natural.
Esse comportamento foi incorporado à ciência, que dirige a trans‑
missão do conhecimento a uma minoria privilegiada e o faz de forma 
compartimentada.
O homem passou a pensar cada ramo do conhecimento separadamente, 
como fragmentos desarticulados, desconsiderando o todo e distante da 
sua relação com a natureza, o que o isolava em seu “mundo”, longe da 
realidade e do cotidiano.
48 UNIUBE
 saiba mais 
O planeta Terra é mais do que um contexto: é o todo ao mesmo tempo orga‑
nizador e desorganizador de que fazemos parte. O todo tem qualidades ou 
propriedades que não são encontradas nas partes; se estas estiverem isoladas 
umas das outras, certas qualidades ou propriedades das partes podem ser 
inibidas pelas restrições provenientes do todo. Marcel Mauss dizia: “É preciso 
recompor o todo”. É preciso efetivamente recompor o todo para conhecer as 
partes (MORIN, 2002, p. 37).
Considerando a afirmação “A natureza está a serviço do homem, dela 
podendo dispor o que lhe for conveniente”, pode ‑se notar quão falhos 
são os seres humanos altamente consumidores no mundo atual em que 
estão vivendo.
A bioética em seus princípios – justiça, beneficên‑
cia, não maleficência e igualdade – mostra que a 
natureza não está a serviço do homem para dela 
dispor do que lhe for conveniente.
O homem deve utilizar ‑se da natureza para pro‑
duzir bens, mas jamais abusar do que ela oferece. 
Deve ‑se preocupar sempre com a necessidade e 
a importância do que ela tem a ser utilizado pelo 
homem. Não se pode causar danos ou desequilíbrios, mas sim beneficiar 
e favorecer a vida, com justiça e igualdade para todo e qualquer ser vivo.
Diante disso, o desafio de um gestor ambiental é gigantesco. É preciso 
orientar o profissional para a construção de um novo modelo de ação, 
Bioética
É o estudo 
transdisciplinar entre 
biologia, medicina, 
filosofia (ética) e 
direito (biodireito) que 
investiga as condições 
necessárias para 
uma administração 
responsável da vida 
humana, animal e 
responsabilidade 
ambiental.
UNIUBE 49
comprometido com a inserção do homem em seu habitat natural, um 
modelo que permita a interação plena homem/ambiente.
A humanidade deve sempre empenhar ‑se para que a espécie humana 
nunca deixe de tornar ‑se reprodutora do humano, para que se desenvolva 
e dê condições favoráveis ao surgimento de homens mais conscientes 
e solidários uns para com os outros e a natureza.
Segundo Pádua (2002, p. 53), todo ser vivo ocupa um nicho dentro da 
teia da vida. O ser humano nem sempre se dá conta de seu papel, pois 
há muito se distanciou da natureza e de suas origens biológicas. No 
entanto, ressalta o autor, “não vivemos sem a natureza porque ela faz 
parte, ou melhor, ela está no âmago do nosso ser”.
2.1.2 Necessidade da ética ambiental
Vamos agora dar um salto no tempo e notar um crescimento espantoso 
da humanidade, hoje altamente tecnológica. A medicina surge com novas 
técnicas, resultando numa queda dos índices de mortalidade, alterando 
o binômio nascimento/morte e superlotando o planeta. O descontrole 
da produção alimentar e a degradação da cultura vêm mundializando a 
fome e a pobreza.
Em meio a essa visão egocêntrica, surge a ética ambiental como uma 
nova relação de consciência entre o homem e a natureza: o ser humano 
faz parte da natureza e não é o seu dono, não a tem para servi ‑lo, mas 
para que ele sobreviva em harmonia com os demais seres vivos. Nessa 
nova concepção, o homem passa a se preocupar com suas ações e, como 
consequência, passa a praticar ações coerentes com a natureza.
50 UNIUBE
 importante! 
Com essa nova linha de pensamento, podemos definir ética ambiental como 
uma conduta de comportamento do ser humano com a natureza, cuja base 
está na conscientização ambiental e no compromisso preservacionista, onde 
o objetivo é a conservação da vida global.
O desafio dessa nova ética está no aparecimento de um compromisso 
pessoal que se desenvolve pelo próprio indivíduo, dentro dele, é ético e 
não legal. Não se trata de uma obrigação legal, mas moral e ética, que 
posiciona o homem frente à natureza e se reflete em ações éticas, que 
sem dúvida trarão resultados favoráveis à preservação ambiental e, 
consequentemente, à melhoria da qualidade de vida.
O fenômeno da globalização obriga ‑nos a criar e adaptar regras de 
aceitação internacional, gerando uma onda de normalização ao redor 
do mundo, onde a ISO 9.000 foi o marco, que posteriormente culminou 
na ISO 14.000, em consequência à Conferência Rio ‑92, tornando ‑se um 
pré ‑requisito de qualidade ambiental na guerra da competitividade e da 
onda preservacionista, porém positiva, pois exige o esforço de inovação 
na implantação de tecnologias limpas.
 pesquisandoDo que se trata a Série ISO 9.000? Pesquise no site <http://pt.wikipedia.org/
wiki/ISO_9000>.
Uma nova ordem mundial alicerçada em valores extra ssociais humanos, 
embasado cientificamente na relação do homem com a natureza, desen‑
UNIUBE 51
volvendo uma humanidade consciente de que é parte viva da Terra, e 
como tal tem o dever de desenvolver uma nova conduta comportamental, 
em todos os segmentos da sociedade, notadamente o setor empresarial 
e industrial, como peças fundamentais nesse novo paradigma do século 
XXI: a ética ambiental.
2.1.3 Sustentabilidade: princípios necessários ao desenvolvimento
Sustentabilidade é um conceito sistêmico, relacionado com a conti‑
nuidade dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da 
sociedade humana.
Propõe ‑se a ser um meio de configurar a civilização e atividade humanas, 
de tal forma que a sociedade, os seus membros e as suas economias 
possam satisfazer as suas necessidades e expressar o seu maior po‑
tencial no presente e, ao mesmo tempo, preservar a biodiversidade 
(Figura 1) e os ecossistemas naturais (Figura 2), planejando e agindo 
de forma a atingir pró ‑eficiência na manutenção indefinida desses ideais.
 
Figura 1: Biodiversidade: o conjunto dos seres vivos 
 do ambiente terrestre, que habitam regiões caracte‑ 
rísticas do planeta, dependendo do clima, condições 
nutricionais, além de ar, água e terra.
52 UNIUBE
 
Figura 2: Ecossistema. A figura apresenta fielmente a relação 
dos seres vivos entre si e com o meio ambiente.
De acordo com Braga et al. (2005, p. 47 ‑48) a sustentabilidade abrange 
vários níveis de organização, desde a vizinhança local até o planeta 
inteiro. Para um empreendimento humano ser sustentável, tem de 
ter em vista quatro requisitos básicos. Esse empreendimento tem 
de ser:
•	 ecologicamente correto;
•	 economicamente viável;
•	 socialmente justo;
•	 culturalmente aceito.
Um exemplo real de comunidades humanas que praticam a sustentabi‑
lidade em todos os níveis são as ecovilas.
Ainda de acordo com Braga et al. (2005), os ensinamentos das leis físicas 
e do funcionamento dos ecossistemas fornecem os requisitos básicos 
UNIUBE 53
para a concepção do modelo que pode ser chamado modelo de desen‑
volvimento sustentável. Esse modelo deve funcionar como um sistema 
fechado, que tem como base as seguintes premissas:
•	 dependência da energia solar;
•	 uso racional das fontes de energia e matéria, visando à conservação 
e evitando desperdícios;
•	 promover a reciclagem;
•	 controlar o crescimento populacional.
Na Figura 3 é ilustrado como deve funcionar o modelo de desenvolvi‑
mento sustentável.
ENERGIA
Modelo de Desenvolvimento Sustentável
Uso de 
Recursos
Processamento
Modificação
Recursos
Transporte Consumo
Recuperação do Reuso
Resíduo/Impacto
Impacto minimizado pela restauração ambiental
Figura 3: Modelo de desenvolvimento sustentável. O que diferencia o modelo de 
desenvolvimento sustentável do modelo econômico atual é o reuso dos recursos 
pela reciclagem, e mesmo com a estabilização da população e controle da poluição, 
há aumento do consumo nos países menos desenvolvidos, gerando desequilíbrios 
no balanço energético global.
Desenho: Tiago zanquêta de Souza (2010a). Adaptado de Braga et al. (2005, p. 48).
54 UNIUBE
Colocando em termos simples, de acordo com a Comissão Mundial do 
Desenvolvimento e do Meio Ambiente, a sustentabilidade é prover o 
melhor para as pessoas e para o ambiente tanto agora como para um 
futuro indefinido.
Segundo o Relatório de Brundtland (apud BRAGA et al., 2005, p. 48), 
sustentabilidade é “suprir as necessidades da geração presente sem 
afetar a habilidade das gerações futuras de suprir as suas”. Isso é muito 
parecido com a filosofia dos nativos dos Estados Unidos, que diziam que 
os seus líderes deviam sempre considerar os efeitos das suas ações nos 
seus dependentes após sete gerações futuras.
O termo original foi “desenvolvimento sustentável”, adaptado pela 
Agenda 21, um programa das Nações Unidas.
Algumas pessoas hoje se referem ao termo “desenvolvimento sustentá‑
vel” como um termo amplo, pois implica em desenvolvimento continuado, 
e insistem que ele deve ser reservado somente para as atividades de 
desenvolvimento. “Sustentabilidade”, então, é hoje em dia usado como 
um termo amplo para todas as atividades humanas.
Na economia, crescimento sustentado refere ‑se a um ciclo de cres‑
cimento econômico real do valor da produção (descontada a inflação), 
sendo, portanto, relativamente constante e duradouro assentado em 
bases consideradas estáveis e seguras (BRAGA et al., 2005, p. 216).
Observa ‑se, portanto, que, assim descrito, o conceito é um ato de crença 
ou um desejo filosófico de preservação que requer melhor especificação 
do ponto de vista prático.
UNIUBE 55
Existe uma grande dúvida na definição do que sejam necessidades fu‑
turas e, além disso, existe a questão do degrau de desenvolvimento da 
região ou país em questão.
Os parâmetros do desenvolvimento sustentável em um país com a força 
econômica do Japão devem ser certamente diferentes dos de um país 
da África Oriental, cujo consumo de energia mal supera os 2.000 kcal/
dia de sobrevivência (BRAGA et al., 2005, p. 216).
2.1.3.1 O que é preciso fazer para alcançar o desenvolvimento 
sustentável?
Para ser alcançado, o desenvolvimento sustentável depende de planeja‑
mento e do reconhecimento de que os recursos naturais são finitos. Esse 
conceito representou uma nova forma de desenvolvimento econômico, 
que leva em conta o meio ambiente.
Muitas vezes, desenvolvimento é confundido com crescimento econô‑
mico, que depende do consumo crescente de energia e recursos naturais. 
Esse tipo de desenvolvimento tende a ser insustentável, pois leva ao 
esgotamento dos recursos naturais dos quais a humanidade depende.
Atividades econômicas podem ser encorajadas em detrimento da base 
de recursos naturais dos países. Desses recursos depende não só a 
existência humana e a diversidade biológica, como o próprio crescimento 
econômico.
O desenvolvimento sustentável sugere, de fato, qualidade em vez de 
quantidade, com a redução do uso de matérias ‑primas e produtos e o 
aumento da reutilização e da reciclagem.
56 UNIUBE
 pesquisando 
•	 O que são os 3Rs?
•	 O que é coleta seletiva?
Aproveite sua pesquisa para criar um projeto de coleta seletiva que possa ser 
utilizado por uma empresa. Pesquise, para isso, outros projetos já existentes.
2.1.3.2 Os modelos de desenvolvimento dos países industrializados 
devem ser seguidos?
O desenvolvimento econômico é vital para os países mais pobres, mas 
o caminho a seguir não pode ser o mesmo adotado pelos países indus‑
trializados, por suas diferenças de possibilidades.
Caso as sociedades do Hemisfério Sul copiassem os padrões das so‑
ciedades do Norte, a quantidade de combustíveis fósseis consumida 
atualmente aumentaria 10 vezes e a de recursos minerais, 200 vezes. 
Ao invés de aumentar os níveis de consumo dos países em desenvolvi‑
mento, é preciso reduzir os níveis observados nos países industrializados 
(BRAGA et al., 2005).
 importante! 
O crescimento econômico e populacional das últimas décadas tem sido 
marcado por disparidades. Embora os países do Hemisfério Norte possuam 
apenas um quinto da população do planeta, eles detêm quatro quintos dos 
rendimentos mundiais e consomem 70% da energia, 75% dos metais e 85% 
da produção de madeira mundial (LOUREIRO, 2004).
UNIUBE 57
Conta ‑se que Mahatma Gandhi, ao ser perguntado se, depois da 
independência, a Índia perseguiria o estilo de vida britânico, teria 
respondido: “[…] a Grã ‑Bretanha precisou de metade dos recursos do 
planeta para alcançar sua prosperidade; quantos planetas não seriam 
necessários para que um país como a Índia alcançasse o mesmo pa‑
tamar?” (LOUREIRO, 2004).
A sabedoria de Gandhi indicava que os modelos de desenvolvimento pre‑
cisam mudar. Os estilos de vida das

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