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MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA MECÂNICA Cap ALEXANDRE GALO LOPES COMPORTAMENTO MECÂNICO DA FRATURA DE MATERIAL COMPÓSITO EMPREGADO NA AVIAÇÃO Rio de Janeiro 2012 INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA Cap ALEXANDRE GALO LOPES COMPORTAMENTO MECÂNICO DA FRATURA DE MATERIAL COMPÓSITO EMPREGADO NA AVIAÇÃO Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado em Engenharia Mecânica do Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências em Engenharia Mecânica. Orientador: Prof. Arnaldo Ferreira – Ph D Rio de Janeiro 2012 1 c2012 INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA Praça General Tibúrcio, 80 – Praia Vermelha Rio de Janeiro – RJ CEP: 22290-270 Este exemplar é de propriedade do Instituto Militar de Engenharia, que poderá incluí-lo em base de dados, armazenar em computador, microfilmar ou adotar qualquer forma de arquivamento. É permitida a menção, reprodução parcial ou integral e a transmissão entre bibliotecas deste trabalho, sem modificação de seu texto, em qualquer meio que esteja ou venha a ser fixado, para pesquisa acadêmica, comentários e citações, desde que sem finalidade comercial e que seja feita a referência bibliográfica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e do orientador. 2 621.092 Lopes, Alexandre Galo L864c Comportamento Mecânico da Fratura do Material Compósito Empregado na Aviação / Alexandre Galo Lopes. - Rio de Janeiro: I Instituto Militar de Engenharia, 2012. 151 p. : il. Dissertação (mestrado). - Instituto Militar de Engenharia. - Rio de Janeiro, 2012 1. Engenharia mecânica - dissertação. 2. Compósitos. 3.Aviação. I. Lopes, Alexandre G. II. Título. III Instituto Militar de Engenharia. CDD 621.092 INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA Cap ALEXANDRE GALO LOPES COMPORTAMENTO MECÂNICO DA FRATURA DE MATERIAL COMPÓSITO EMPREGADO NA AVIAÇÃO Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado em Engenharia Mecânica do Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ciências em Engenharia Mecânica. Orientador: Prof. Arnaldo Ferreira – Ph. D. Aprovada em 23 de janeiro de 2012 pela seguinte Banca Examinadora: _______________________________________________________________ Prof. Arnaldo Ferreira – Ph.D. do IME - Presidente _______________________________________________________________ Prof. Fernando Ribeiro da Silva – D. Sc. do CEFET/RJ _______________________________________________________________ Prof. Ricardo Pondé Weber – D. C. Do IME _______________________________________________________________ Prof. Marco Antônio Santos Pinheiro – Ph.D do IPRJ/UERJ Rio de Janeiro 2012 3 Aos companheiros que alçaram o mais alto dos voos, no cumprimento do dever. 4 AGRADECIMENTOS Ao longo dos últimos dois anos, muitas pessoas de uma maneira direta ou indireta dedicaram parte do seu precioso tempo para prestar o apoio necessário à consecução dos objetivos voltados à presente dissertação. Desde a atenção familiar até o suporte técnico e logístico, todas essas pessoas foram partícipes do processo de construção do conhecimento adquirido, conjunto de informações essas que não apenas serão parte constituinte das minhas habilidades acadêmicas e profissionais, mas também contribuirão com uma parcela no desenvolvimento científico e tecnológico do Exército Brasileiro. • A Laureci Galo Lopes, mãe, e a Cristiane Brutti da Silva, esposa, pelo apoio e compreensão no decurso desta dura jornada, durante a qual foram sacrificadas preciosas horas de convivência familiar; • A Marcos Paulo Cavaliere de Medeiros – Cap QEM, da Seção de Engenharia Nuclear do Instituto Militar de Engenharia, a Luis Felipe Garcia Fernandes – TC QMB, ex-diretor do Parque Regional de Manutenção da 3ª Região Militar e a Wlasmir Cavalcanti de Santana – Maj QEM, da Assessoria/1 do Departamento de Ciência e Tecnologia, que contribuíram para a minha designação para realizar o Curso de Mestrado em Engenharia Mecânica; • Ao Prof. Arnaldo Ferreira – Cel (R/1), PhD, orientador acadêmico, ao Prof. Ricardo Pondé Weber – DC, ao Prof. João Carlos Miguez Suarez – Cel (R/1), DC, ao Prof. Claudio Rios Maria, DC, ao Prof. Carlos Nelson Elias – Cel (R/1), DC, ao Prof. André Louzada Moreira – TC QEM, DC, todos da Seção de Engenharia Mecânica e de Materiais, do Instituto Militar de Engenharia, pela ajuda, estímulo, ensinamentos, interesse e sugestões presentes em várias ocasiões desta pesquisa; • Ao Centro Tecnológico do Exército, em especial a André Luis de Vasconcelos Cardoso – Maj QEM, DC, a Leonardo Bruno de Sá – Cap QEM, a Ivan Ignácio de Almeida, Eng, a Victor de Miranda Santos, Tec Mec, a Francisco dos Santos, Aux Mec, pelo apoio e orientações durante a realização dos ensaios mecânicos; 5 • Aos demais professores e técnicos do programa de Mestrado em Engenharia Mecânica, em especial a Joel Fonseca dos Santos e a Leonardo Francisco da Cruz, pelo auxílio nos trabalhos do Laboratório de Microscopia Eletrônica e no Laboratório de Ensaios Mecânicos, respectivamente; • À Diretoria de Material de Aviação do Exército, em especial a Eliezer Mello de Souza – Maj QEM, a Daniel Guilherme da Silva Júnior – Cap QEM e a Luis Fabiano Damy – Cap QEM, pelas informações técnicas e pelo auxílio prestado para a obtenção da pá destinada a esta pesquisa; • Ao Batalhão de Manutenção e Suprimento de Aviação do Exército, em particular a Rodrigo do Valle Macêdo – Cap Com, a Cicero Adriano do Nascimento – Cap QMB, a Emmanuel Araujo Machado – Cap QEM, a João Uirá de Azevedo Júnior – 2° Sgt Av, Eng, a Wagner Bonifácio de Oliveira – 3º Sgt QE, pelo fornecimento de informações técnicas e pelo apoio prestado durante todo o tempo de trabalho; • Ao Centro de Instrução Pára-quedista General Penha Brasil – Curso de Precursor Pára-quedista, pelo apoio prestado durante o transporte da pá da Guarnição de Taubaté para o IME, apoio este fundamental para a realização do trabalho; • A Wander Ney Oliveira Bastos Gonçalves – Cap QEM, do Arsenal de Guerra do Rio, pela ajuda prestada na confecção dos suportes para a realização dos ensaios mecânicos; • A Luis Carlos Largura Júnior – Eng, MC, do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello, da PETROBRAS, pelas sugestões, apoio, estímulo e amizade durante todo o desenvolvimento do trabalho; • A Marcelo Fonseca dos Santos – Eng, MC, do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello, da PETROBRAS, pela troca de informações e pelas sugestões para realização dos ensaios mecânicos de fratura; • A Janaina Dallas Caroline Bárbara Di Kássia Fonseca da Silva, a Hugo Leonardo de Aquino Keide, a Rodrigo Vieira Landim, do Instituto Nacional de Tecnologia pelo interesse, ajuda e incentivo dispensados, permitindo a utilização das dependências e equipamentos, que muito enriqueceram este trabalho; • A Mirabel Cerqueira Rezende, DC, a Michelle Leali Costa, DC, ambas do Centro Tecnológico de Aeronáutica, a Leandro Pereira Costa – Eng, MC, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pelas muitas sugestões, conselhos e troca de 6 informações durante a realização desta Dissertação; • Ao Centro de Instrução de Aviação do Exército, pelo fornecimento de material de pesquisa, fundamental para a compreensão dos mecanismos do conjunto pá e rotor principal; • A Fabio Bicalho Cano – TC QEM, chefe da Seção de Engenharia Química, do Instituto Militar de Engenharia, pelo apoio prestado na execução de ensaios térmicos e pela disponibilização do espectrômetropara a caracterização do material em estudo; • A Marco Aurélio Silva Amorim – ST Topo, da Seção de Engenharia Cartográfica, do Instituto Militar de Engenharia, pelo apoio prestado na Guarnição de Taubaté e nas instalações do IME, no que se refere às medições do componente analisado; • A todos que embora não citados aqui, mas de uma maneira direta ou indireta contribuíram para atingir os objetivos traçados neste trabalho, os meus sinceros agradecimentos. BRASIL, Acima de Tudo! 7 “A intuição, não testada e não comprovada, é uma garantia insuficiente da verdade”. (Bertrand Russel) 8 SUMÁRIO LISTA DE ILUSTRAÇÕES..........................................................................................12 LISTA DE TABELAS...................................................................................................18 LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS................................................................20 LISTA DE SIGLAS......................................................................................................23 1 INTRODUÇÃO..............................................................................................26 1.1 Importância do Estudo..................................................................................26 1.2 Objetivos........................................................................................................28 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..........................................................................30 2.1 Conceitos Básicos sobre Compósitos...........................................................31 2.2 Conceitos Fundamentais sobre Compósitos Poliméricos.............................35 2.3 Compósitos Poliméricos de Matriz Epoxídica................................................37 2.4 Comportamento Mecânico.............................................................................39 2.5 Mecânica da Fratura......................................................................................48 2.5.1 Fratura no Nível Atômico...............................................................................48 2.5.2 Balanço de Energia de Griffith.......................................................................50 2.5.3 Equação de Griffith Modificada......................................................................51 2.5.4 Taxa de Liberação de Energia.......................................................................52 2.5.5 Fator de Intensidade de Tensões..................................................................52 2.5.6 Relação Entre K e G......................................................................................56 2.5.7 Relação Entre EPT e EPD.............................................................................56 2.5.8 Trabalho Essencial de Fratura (EWF)...........................................................58 2.5.9 Fadiga.............................................................................................................60 2.6 Mecânica da Fratura de Material Compósito de Matriz Epoxídica................62 3 MATERIAL E MÉTODOS..............................................................................64 3.1 Material...........................................................................................................64 3.2 Métodos..........................................................................................................65 3.2.1 Caracterização Físico-química.......................................................................65 9 3.2.1.1 Verificação da Fusibilidade............................................................................66 3.2.1.2 Identificação da Resina Epoxídica por Solubilização....................................66 3.2.1.3 Determinação da Dureza...............................................................................67 3.2.1.4 Determinação da Densidade Relativa...........................................................67 3.2.1.5 Inflamabilidade...............................................................................................69 3.2.1.6 Análise Termogravimétrica (TGA).................................................................69 3.2.1.7 Espectroscopia Infravermelha por Transformada de Fourier (FTIR)............69 3.2.1.8 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV).................................................70 3.2.2 Ensaios Mecânicos........................................................................................71 3.2.2.1 Ensaio de Tração...........................................................................................71 3.2.2.2 Ensaio de Resistência à Fratura....................................................................72 3.2.2.3 Ensaio de Fadiga...........................................................................................75 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................79 4.1 Rotina Computacional para Laminados com Fibras Unidirecionais..............79 4.2 Caracterização Físico-química.......................................................................81 4.2.1 Verificação da Fusibilidade............................................................................81 4.2.2 Identificação da Resina Epoxídica (ER) por Solubilização..........................83 4.2.3 Determinação da Dureza...............................................................................85 4.2.4 Determinação da Densidade Relativa...........................................................86 4.2.5 Inflamabilidade..............................................................................................88 4.2.6 Outros Ensaios Químicos..............................................................................88 4.2.7 Análise Termogravimétrica............................................................................89 4.2.8 Espectroscopia Infravermelha por Transformada de Fourier (FTIR)............92 4.2.9 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)...............................................102 4.3 Ensaios Mecânicos......................................................................................105 4.3.1 Ensaio de Tração.........................................................................................105 4.3.2 Ensaio de Resistência à Fratura..................................................................108 4.3.3 Ensaio de Fadiga.........................................................................................109 5 SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL...............................................................114 6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES.................................................................126 10 6.1 Conclusões...................................................................................................126 6.2 Sugestões....................................................................................................128 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................130 8 APÊNDICES................................................................................................134 8.1 APÊNDICE I: Rotina em Scilab...................................................................135 8.2 APÊNDICE II: Comparação de Dados........................................................141 8.3 APÊNDICE III: Desenho do acoplamento...................................................146 8.4 APÊNDICE IV: Pontos teóricos do perfil ONERA OA209...........................147 8.5 APÊNDICE V: Pontos tomados com a pá na horizontal.............................150 8.6 APÊNDICE VI: Pontostomados com a pá acoplada à aeronave...............151 11 LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIG. 1.1 Propagação de descontinuidade no extradorso da pá.................................27 FIG. 1.2 Deflexão das pás do HA-1 Esquilo...............................................................27 FIG. 1.3 Fluxograma da dissertação...........................................................................29 FIG. 2.1 Classificação de compósitos (Callister, 2008)..............................................32 FIG. 2.2 Interfase e interface em materiais compósitos (Rezende et al, 2011).........33 FIG. 2.3 Tensões internas entre as camadas de compósitos de fibras contínuas (Rezende et al, 2011)..................................................................................................34 FIG. 2.4 Padrões bidimensionais típicos de tecidos (Tong et al, 2002).....................34 FIG. 2.5 Estrutura das cadeias de Kevlar (Callister, 2008)........................................37 FIG. 2.6 Estrutura química de uma resina epóxi (Epóxi – Wikipedia)........................38 FIG. 2.7 Material com fibra frágil e matriz dúctil (Callister, 2008)...............................40 FIG. 2.8: Sistema de coordenadas globais em relação ao sistema de coordenadas locais............................................................................................................................42 FIG. 2.9 Locais das camadas em uma estrutura laminada (Kaw, 2006)...................45 FIG. 2.10 Fluxograma de projeto................................................................................47 FIG. 2.11 Distância interatômica (Anderson, 1994)....................................................49 12 FIG. 2.12 Energia potencial e força como funções da distância de separação atômica (Anderson, 1994)...........................................................................................49 FIG. 2.13 Trinca passante numa placa submetida a uma tensão trativa remota (Anderson, 1994).........................................................................................................51 FIG. 2.14 Coordenadas na ponta da trinca (Anderson, 1994)...................................53 FIG. 2.15 Modos de carregamento e falha (Anderson, 1994)....................................53 FIG. 2.16 Efeito da concentração de tensões sobre a largura da placa (Anderson, 1994)............................................................................................................................55 FIG. 2.17 Comparação entre as correções devidas à largura finita para um CP tipo CCT (Center Cracked Tension) (Anderson, 1994).....................................................55 FIG. 2.18 Estado triaxial de tensões próximo à ponta da trinca (Anderson, 1994). . .57 FIG. 2.19 Efeito da espessura na resistência à fratura de um CP submetido ao Modo I (Anderson, 1994).......................................................................................................57 FIG. 2.20 Esquema básico do método EWF e as restrições geométricas para o CP tipo DENT (Peres, 2009).............................................................................................59 FIG. 2.21 Aumento no comprimento da trinca "a" a partir do comprimento inicial "ai", em função do número de ciclos para 3 intervalos de tensão (Shigley et al, 2005)....60 FIG. 2.22 Comportamento típico de crescimento de trinca em metais (Anderson, 1994)............................................................................................................................61 FIG. 3.1 Epoxietano (Óxido de Etileno - Wikipedia)...................................................70 FIG. 3.2 Corpo de prova instrumentado.....................................................................72 13 FIG. 3.3 CP pronto para o ensaio (vista frontal).........................................................73 FIG. 3.4 CP pronto para o ensaio (vista lateral).........................................................73 FIG. 3.5 Máquina de ensaios universal eletromecânica Instron................................74 FIG. 3.6 Acoplamento para o CP................................................................................74 FIG. 3.7 CP tipo ESE(T)..............................................................................................75 FIG. 3.8 Esquema do CP tipo ESE(T) (ASTM E647).................................................76 FIG. 4.1 Camadas 1 (Esq) e 2 (Dir) mais internas à pá, nessa ordem......................82 FIG. 4.2 Camadas 3 (Esq) e 4 (Dir) mais externas....................................................82 FIG. 4.3 Amostra antes do ataque químico................................................................85 FIG. 4.4 Amostra após o ataque químico...................................................................85 FIG. 4.5 TGA do material em estudo..........................................................................90 FIG. 4.6 TGA de uma amostra de epóxi (Stern e Dierdoff, 2005)..............................90 FIG. 4.7 FTIR da matriz...............................................................................................93 FIG. 4.8 Comparação entre espectros de análise FTIR (NIST).................................95 FIG. 4.9 FTIR oxirano (NIST)......................................................................................96 FIG. 4.10 FTIR 2-propanol (NIST)..............................................................................97 FIG. 4.11 FTIR etil-éter (NIST)....................................................................................98 14 FIG. 4.12 p-metil-anisol (NIST)...................................................................................99 FIG. 4.13 FTIR p-metil-anisol (NIST)..........................................................................99 FIG. 4.14 Análise dos picos (NIST)..........................................................................100 FIG. 4.15 Diagrama de ocorrência de picos para diversos materiais (Silverstein et al, 2005)..........................................................................................................................101 FIG. 4.16 Micrografia MEV de uma fibra..................................................................102 FIG. 4.17 Micrografia MEV de um feixe de fibras (vista superior)............................103 FIG. 4.18 Micrografia MEV da seção de um feixe de fibras.....................................103 FIG. 4.19 Micrografia MEV detalhando uma região do feixe de fibras....................104 FIG. 4.20 Área tomada como referência, em razão da nitidez da micrografia, para estimar-se a densidade planar de fibras...................................................................104 FIG. 4.21 Resultados dos ensaios de tração............................................................105 FIG. 4.22 Codificação para modos típicos de falha (ASTM D3039)........................106 FIG. 4.23 CP após o ensaio......................................................................................107 FIG. 4.24 CP de 4 camadas, com falha no furo de acoplamento............................109 FIG. 4.25 CP tipo SENT acoplado por garras..........................................................110 FIG. 4.26 Utilização da iluminação indireta para a visualização da trinca...............111 FIG. 4.27 CP falhado após ensaio de fadiga............................................................112 15 FIG. 5.1 Configuração geométrica da pá (THM)......................................................114 FIG. 5.2 Representação tridimensional da pá..........................................................115 FIG. 5.3 Perfil ONERA 209 (Airfoil Investigation Database).....................................115 FIG. 5.4 Região de elevada rigidez...........................................................................117 FIG. 5.5 Secção da pá contendo o perfil aerodinâmico...........................................117FIG. 5.6 Materiais que compõem a pá (THM - HELIBRAS, 2003)...........................118 FIG. 5.7 Esboço do perfil real, obtido a partir de uma seção aerodinâmica............118 FIG. 5.8 Execução das medições da pá, na horizontal............................................119 FIG. 5.9 Acoplamento da pá na aeronave para medição dos pontos de interesse 119 FIG. 5.10 Carga distribuída sobre o CG...................................................................120 FIG. 5.11 Malha do modelo.......................................................................................121 FIG. 5.12 Comparação ilustrativa entre o modelo computacional e o componente real.............................................................................................................................121 FIG. 5.13 Deslocamentos devidos ao peso-próprio.................................................122 FIG. 5.14 Campo de deformações na direção longitudinal......................................122 FIG. 5.15 Intensidade de deformações longitudinais na região da trinca................123 FIG. 5.16 Dimensões da cauda da pá (HELIBRAS, 2010)......................................123 16 FIG. 8.1 Resultados de deformações globais obtidos por Kaw (1997) e Ramsaroop e Kanny (2010).............................................................................................................141 FIG. 8.2 Resultados de tensões globais obtidos por Kaw (1997) e Ramsaroop e Kanny (2010).............................................................................................................142 FIG. 8.3 Resultados de deformações locais obtidos por Kaw (1997) e Ramsaroop e Kanny (2010).............................................................................................................143 FIG. 8.4 Resultados de tensões locais obtidos por Kaw (1997) e Ramsaroop e Kanny (2010).............................................................................................................144 FIG. 8.5 Razão de carga (SR) obtida por Ramsaroop e Kanny (2010)...................145 17 LISTA DE TABELAS TAB. 1 Seleção dos materiais conforme a natureza das solicitações.......................31 TAB. 2 Campos de tensão, deformação e deslocamento para materiais isotrópicos lineares elásticos.........................................................................................................54 TAB. 3 Dimensões dos CP tipo ESE(T)......................................................................76 TAB. 4 Dados para o cálculo de estruturas laminadas grafite-epóxi.........................80 TAB. 5 Valores comparativos para a região central da camada 2, apresentados por duas rotinas computacionais.......................................................................................80 TAB. 6 Tabela de análise de fusibilidade...................................................................81 TAB. 7 Tabela de análise de solubilidade..................................................................84 TAB. 8 Valores obtidos no ensaio de dureza Shore D...............................................86 TAB. 9 Dados do CP...................................................................................................86 TAB. 10 Dados da fase dispersa................................................................................87 TAB. 11 Propriedades dos constituintes do material compósito................................88 TAB. 12 TGA de várias amostras de epóxi................................................................91 TAB. 13 TGA da amostra em estudo..........................................................................91 TAB. 14 Tabela de comparação de números de onda (cm-1)....................................94 18 TAB. 15 Valores comuns de números de onda (cm -1) em compostos semelhantes à matriz...........................................................................................................................95 TAB. 16 Valores dos números de onda (cm-1) em análise de FTIR do oxirano.........97 TAB. 17 Valores dos números de onda (cm-1) em análise de FTIR do 2-propanol. . .97 TAB. 18 Valores dos números de onda (cm-1) em análise de FTIR do etil-éter.........98 TAB. 19 Valores dos números de onda (cm -1) em análise de FTIR do p-metil- anisol........................................................................................................................ 99 TAB. 20 Códigos para os CP ensaiados..................................................................107 TAB. 21 Valores de K translaminar...........................................................................108 TAB. 22 Ajuste de curvas para o perfil teórico ONERA 209....................................116 TAB. 23 Dados de entrada........................................................................................125 TAB. 24 Resultados de deformações globais obtidos pelo programa Laminados 2-D.............................................................................................................................141 TAB. 25 Resultados de tensões globais obtidos pelo programa Laminados 2-D....142 TAB. 26 Resultados de deformações locais obtidos pelo programa Laminados 2-D...........................................................................................................................143 TAB. 27 Resultados de tensões locais obtidos pelo programa Laminados 2-D......144 TAB. 28 Razão de carga (SR) calculada pelo programa Laminados 2-D................145 19 LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ABREVIATURAS a - Comprimento da trinca (índices: 0-inicial, f-final, c-crítico) A - Área de seção transversal A, B, D - Componentes da matriz de rigidez Ar - Massa de uma camada de reforço por unidade de área b - Fator de forma relacionado com a dimensão da zona plástica normal à linha da trinca B - Espessura BR - Polibutadieno C, m - Coeficientes de Paris CG - Centro de gravidade Cnxn - Matriz de rigidez (n linhas e n colunas) CP - Corpo de prova DGEBA - Diglicidil éter do bisfenol-A E - Módulo de elasticidade (índice: cl-compósito na direção longitudinal); na seção 2.5.2, indica a energia total do sistema EPD - Estado plano de deformações EPDM - Borracha de etileno-propileno-dieno EPT - Estado plano de tensões ER - Resina epoxídica EWF - Trabalho Essencial de Fratura (Essential Work of Fracture) f - Fração volumétrica Fc - Carga total suportada pelo compósito Ff - Carga suportada pelas fibras Fm - Carga suportada pela matriz Fn - Força centrífuga (índices: n-componente normal, t-componente tangencial) FTIR - Espectroscopia Infravermelha por Transformada de Fourier g - Aceleração da gravidade G, μ - Módulo de cisalhamento; na seção 2.5.4, indica a taxa de liberação de energia GFRP - Compósitos poliméricos reforçados por fibras de vidro 20 h - Horas HDPE - Polietileno de alta densidade hk - Distância do topo da camada de um laminado até a sua base, na k- ésima camada Hn - Parâmetros de Tsai-Wu IIR - Borracha de Isobutileno Isopreno IR - Borracha de poliisopreno IR - Infravermelho K - Fatores de concentração de tensão Kic - Fator de intensidade de tensões crítico, no modo I de falha KTL - Fator de intensidade de tensões translaminar LDPE - Polietileno de baixa densidade M - Massa (índices: I-CP, m-matriz) M - Momento MEF - Método dos elementos finitos MEV - Microscopia Eletrônica de Varredura MFEP - Mecânica da fratura elasto-plástica MFLE - Mecânica da fratura linear-elástica N - Número de ciclos N - Força N2 - Nitrogênio molecular NR - Borracha natural PEEK - Poli-éter-éter-cetona PEI - Polieterimida PIB - Poliisobutileno PMC - Compósitos com matriz polimérica PP - Polipropileno PPS - Sulfeto de polifenileno r - Raio Rnxn - Matriz de Reuter Snxn - Matriz de flexibilidade SR - Razão de carga TGA - Análise termogravimétrica Tnxn - Matriz de transformação (c-cosθ, s-sinθ) 21 un - Deslocamento V - Fração volumétrica w - Peso específico W - Largurada placa We - Trabalho essencial de fratura Wf - Percentual em massa da fase de reforço Wp - Trabalho plástico não essencial Ws - Trabalho destinado a criar novas superfícies x0 - Distância atômica Y - Fator de forma SÍMBOLOS αD - Ângulo de incidência do disco do rotor principal γp - Trabalho plástico por unidade de área de superfície criada γs - Módulo de elasticidade, da energia de superfície por unidade de área ε - Deformação ε0 - Deformação linear κ - Curvatura ν - Coeficiente de Poisson Π - Energia potencial ρ - Densidade (índices: r-reforço, m-matriz) σ - Tensão (índices: c-compósito, m-matriz, f-fibra, C-compressão, T-tração, c-coesiva, este na Seção 2.5.1) τ - Tensão de cisalhamento (ult-última) ω - Velocidade angular ξ, η - Parâmetros das equações de Halpin-Tsai 22 LISTA DE SIGLAS AIST National Institute of Advanced Industrial Science and Technology ASTM American Society for Testing and Materials Btl Mnt Sup Av Ex Batalhão de Manutenção e Suprimento de Aviação do Exército CAD Computer aided design CFD Computational fluid dynamics DCT Departamento de Ciência e Tecnologia DENT Double Edge Notched Tension ESE(T) Carregamento excêntrico – entalhe em apenas um bordo ESIS European Structural Integrity Society HA-1 Helicóptero de ataque IME Instituto Militar de Engenharia INT Instituto Nacional de Tecnologia IUPAC International Union of Pure and Applied Chemistry NACA National Advisory Committee for Aeronautics NIST National Institute of Standards and Technology ONERA Office National d’Etudes et Recherches Aérospatiales P&D Pesquisa e desenvolvimento SE/4 Seção de Engenharia Mecânica e de Materiais SE/5 Seção de Engenharia Química SE/6 Seção de Engenharia Cartográfica SENT Single edge notched tension TC4 Technical Committee 4 THM Technical helicopter manual 23 RESUMO Este trabalho investigou o comportamento mecânico da fratura de um material compósito empregado na aviação de asa rotativa, sob o ponto de vista das características de fabricação e das propriedades mecânicas, oferecendo um ponto de partida para estudos mais aprofundados, que permitam melhor compreensão do fenômeno da fratura em materiais compósitos. O mecanismo pelo qual este fenômeno ocorre ainda não é bem compreendido, visto que este material é submetido a ciclos complexos de carregamento, podendo envolver tanto falhas estruturais, supostamente associadas à fadiga, como o desenvolvimento de trincas em carregamento estático, quando as pás são defletidas pelo sistema de ancoragem. Em uma fase inicial o enfoque foi a caracterização físico-química do material, de modo a associar as propriedades obtidas a um determinado material compósito. Em seguida as propriedades mecânicas de tração e de resistência à fratura foram estimadas, possibilitando a aplicação em modelos computacionais do componente em estudo. Por fim é apresentada a simulação computacional de uma pá de rotor principal, submetida a carregamento estático, de modo a obter a distribuição de tensões na região da trinca, em condições que simulem as situações reais. Os resultados obtidos permitem identificar o material como um compósito laminado de matriz epoxídica reforçada por fibras de vidro. O tamanho crítico da trinca sob solicitação estática é de cerca de 75 mm, abaixo dos valores preconizados em Manuais de Manutenção e observados em condições reais, indicando que outros aspectos tecnológicos estão envolvidos no mecanismo de resistência à fratura e que devem ser alvo de investigação específica. 24 ABSTRACT This study investigated the behavior of fracture mechanics of a composite material used in rotary wing aviation, from the point of view of manufacturing characteristics and of mechanical properties, providing a starting point for further study, allowing a better understanding of the fracture phenomenon of composite materials. The mechanism by which this phenomenon occurs is not well understood, because this material is subjected to complex loading cycles, which may involve both structural flaws, presumably associated with fatigue, as the development of cracks in static loading, when the main rotor blades are deflected by mooring system. In an initial phase, the focus was on the physico-chemical characterization of the material in order to associate the properties obtained for a particular composite material. Then the tensile mechanical properties and fracture toughness were estimated, allowing the application of computational models of the component under study. Finally, the computer simulation is presented of a main rotor blade, subjected to static loading, in order to obtain the stress distribution in the region of the crack under conditions that simulate the real situations. The results obtained allow us to identify the material as a epoxy matrix composite laminate, reinforced with glass fibers. The critical size of cracks under static charging is about 75 mm, below recommended values in the Maintenance Manuals and observed under real conditions, indicating that other technological aspects are involved in the mechanism of fracture toughness to and should be targeted specific research. 25 1 INTRODUÇÃO O conceito de materiais compósitos não é novo e tem sua origem na própria natureza, como é o caso da madeira, que constitui um compósito vegetal. A manufatura dos compósitos baseia-se em uma ideia simples de combinar e colocar em serviço dois ou mais materiais macroconstituintes distintos que, geralmente, diferem em composição química e/ou física, com o objetivo de obter propriedades específicas, diferentes daquelas que cada constituinte apresenta separadamente, tendo uma interface reconhecível entre os componentes (Matthews e Rawlings, 1999). Cada um dos constituintes mantém suas propriedades físicas e químicas, embora o material resultante dessa combinação apresente propriedades diferentes daquelas observadas nos constituintes individuais. As indústrias aeronáutica e aeroespacial são as grandes impulsionadoras do desenvolvimento desses materiais, pois necessitam de componentes com baixa densidade e que atendam aos requisitos de elevada resistência mecânica em serviço. Assim, esse setor da indústria nucleou o surgimento dos compósitos de plásticos reforçados com fibras de alta resistência, também denominados compósitos estruturais (Rezende et al, 2011). 1.1 IMPORTÂNCIA DO ESTUDO A Aviação do Exército Brasileiro tem se deparado com problemas, supostamente associados à fadiga em materiais compósitos, nas pás do rotor principal dos seus helicópteros modelo HA-1 Esquilo e HA-1 Fennec. A FIG. 1.1 mostra a avaria na pá em estágio avançado. Tal ocorrência ainda não está perfeitamente compreendida, pois o aspecto mecânico – por se tratar de uma peça submetida a ciclos complexos de carregamento – pode envolver tanto falhas estruturais ligadas à fadiga, quanto pode 26 1 envolver a propagação da trinca em carregamento estático, quando as pás são submetidas à deflexão pela ação do seu peso próprio ou pelo sistema de ancoragem na condição de estacionamento, conforme ilustra a FIG. 1.2. FIG. 1.1: Propagação de descontinuidade no extradorso da pá 27 FIG. 1.2: Deflexão das pás do HA-1 Esquilo Trinca A presente Dissertação de Mestrado atende à linha de pesquisa determinada pelo Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT), divulgada no Quadro dos Temas dos Cursos de Pós-graduação no IME-2010, intitulada "Avanço de trincas e controle de danos em estruturas aeronáuticas. Análise de falhas estruturais causadas por fadiga", buscando associar o tema genérico a um aspecto particular de interesse da Força Terrestre. O estudo destina-seà investigação da mecânica da fratura em material compósito empregado em componentes de aviação, com a finalidade de coletar e de fornecer aos órgãos de Ciência e Tecnologia do Exército Brasileiro informações acerca do comportamento mecânico de um compósito laminado, cuja malha de fibra de vidro reforça uma possível matriz epoxídica. Nesse contexto, a pesquisa acadêmica tem como motivação o levantamento de parâmetros de resistência à fratura em compósito estrutural utilizado em pás de aeronaves de dotação da Aviação do Exército. Tais pás têm apresentado dano recorrente e prematuro, o que demanda estudos aprofundados de engenharia no campo dos projetos mecânicos para compreender a causa da falha, subsidiar a apuração de responsabilidades e possibilitar posteriores estudos de tolerância ao dano. 1.2 OBJETIVOS Citam-se abaixo os objetivos a serem atingidos nesta dissertação: • caracterizar o material de estudo a partir de análises físico-químicas; • executar ensaios de tensão versus deformação e de resistência à fratura (KTL) no material que apresenta descontinuidades; • desenvolver um modelo computacional do comportamento mecânico de uma pá sob condições estáticas. Para atingir os objetivos propostos, foi realizada uma revisão bibliográfica, inicialmente sobre os conceitos básicos relativos aos materiais compósitos, detendo- se mais especificamente nos compósitos poliméricos e posteriormente nos conceitos do comportamento mecânico e de mecânica da fratura. 28 Em seguida, o material de interesse presente na pá do rotor principal da aeronave foi caracterizado a partir de análises físico-químicas e submetido a ensaios mecânicos. O capítulo 3 descreve o material e os métodos empregados. Esta caracterização foi de fundamental importância visto que os componentes deste material eram desconhecidos e não foram fornecidos pelo fabricante. Propriedades mecânicas foram estimadas a partir de ensaios de tensão versus deformação e de resistência à fratura (KTL). Finalmente, um modelo computacional foi desenvolvido para analisar as tensões devidas a carregamentos estáticos, na região de interesse, cujo objetivo é o de prever o tamanho crítico de trinca. Para melhor visualização dos objetivos apresentados, a FIG. 1.3 organizará o trabalho segundo um fluxograma das atividades desenvolvidas ao longo da fase de investigação. FIG. 1.3: Fluxograma da dissertação 29 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Os materiais compósitos poliméricos destacam-se devido à sua maior resistência específica quando comparados aos materiais convencionais. Além disso, apresentam elevada resistência à corrosão e à fadiga, expansão térmica controlada, moldagem de peças em formatos complexos e orientação das fibras em direções desejadas. Devido ao baixo peso dos compósitos poliméricos, as suas relações resistência-peso e módulo-peso são notadamente superiores às dos materiais metálicos. Rezende et al (2011) apresentam a TAB. 1 relacionando as propriedades dos materiais de emprego aeronáutico, de acordo com estudo publicado por Matthews e Rawlings (1999). Segundo as informações disponibilizadas na TAB. 1, é possível observar que uma matriz epoxídica reforçada por fibras de vidro se adéqua bem às exigências de uma pá do rotor principal do helicóptero. Isto porque além de atender aos requisitos de inflamabilidade e de trabalho a baixa temperatura, também possui baixa rigidez, necessária às deflexões impostas pela dinâmica da pá em voo. 30 2 TAB. 1: Seleção dos materiais conforme a natureza das solicitações Solicitações Escolha dos Materiais Área de Utilização Temperatura Natureza do polímero T<150°C: resina epóxi 150°C<T<220°C: resina bismaleída 220°C<T<300°C: polímeros poliimídicos Rigidez Natureza do reforço Rigidez baixa: vidro Rigidez média: aramida Rigidez alta: carbono Esforços Baixa e média solicitação: vidro Alta solicitação: carbono (alto custo) Alta resistência ao impacto: aramida Inflamabilidade Natureza do polímero e da fibra Resina epóxi: atende aos requisitos de inflamabilidade Resina fenólica: atende aos requisitos de inflamabilidade, emissão de calor e de fumaça Fibras de vidro e de carbono: atendem aos requisitos de contenção de chama Fibra de aramida: não atendem aos requisitos de contenção de chama Rezende et al, 2011 2.1 CONCEITOS BÁSICOS SOBRE COMPÓSITOS Callister (2008), observando que muitos compósitos são constituídos por apenas duas fases, define a fase contínua como sendo a matriz do compósito, enquanto a fase envolvida pela matriz é denominada “fase dispersa”. A FIG 2.1 ilustrará um esquema de classificação para grande variedade de materiais compósitos. 31 FIG. 2.1: Classificação de compósitos (Callister, 2008) Dentre os diversos tipos de configurações, especial atenção será dada aos compósitos reforçados por fibras, devido à natureza do material que será estudado na presente dissertação. Uma das principais características dos projetos que envolvem esse tipo de configuração é aquela que tem como objetivo a alta resistência mecânica e/ou rigidez em relação ao peso, como é o caso das exigências da indústria aeroespacial. As expressões “resistência específica” e “módulo específico” referem-se respectivamente às razões entre o limite de resistência à tração (ou o módulo de elasticidade, no último caso) e o peso específico. O comprimento da fibra colabora especialmente com a resistência mecânica do material, uma vez que às fibras mais longas é transmitido um grau maior da carga a qual a matriz é submetida. Um componente também relevante para a resistência mecânica é a interface entre a matriz e o reforço. Rezende et al (2011) definem interface como sendo a superfície limite entre a fibra e a matriz, por meio da qual ocorre a descontinuidade de alguns parâmetros. Difere de “interfase” por ser esta uma região de espessura finita, que se inicia na interface e se prolonga para dentro da matriz. A interfase, ilustrada pela FIG. 2.2, apresenta gradientes nas suas propriedades físicas, que influenciam significativamente o desempenho do compósito final. Uma técnica modificadora da região de interface consiste em aplicar uma película da matriz polimérica na superfície do reforço antes da sua impregnação com a matriz propriamente dita. Esta operação é conhecida como recobrimento (sizing). 32 Além da natureza dos mecanismos de adesão físico e químico, a adesão mecânica – quando a matriz se ancora mecanicamente no reforço – é devidamente considerada. A rugosidade da fibra e a molhabilidade do reforço exercem influência importante nas propriedades da interface. Ademais, Rezende et al (2011) ressaltam que enquanto tratamentos térmicos e oxidativos contribuem para melhorar a interligação mecânica e aumentar a densidade das interações físicas, a absorção da umidade na estrutura do compósito afeta direta e negativamente a resistência da interface. Outro aspecto importante sobre a configuração mecânica dos compósitos é a sua estrutura em forma de laminados. Suas lâminas bidimensionais possuem uma direção preferencial de alta resistência. Rezende et al (2011) afirmam que os principais fatores referentes ao material e à preparação do laminado, que influenciam na tolerância ao dano afetando a delaminação da borda livre, são a tenacidade da matriz polimérica, a resistência da interface fibra-resina, a orientação das fibras, a sequência de empilhamento das camadas e a espessura do laminado. A FIG. 2.3 ilustra o comportamento mecânico de uma placa laminada submetida a tensões cisalhantes. Nessa figura observa-se que as lâminas de um material laminado submetido a tensões trativassão submetidas a diferentes deformações, uma vez que a orientação das fibras em relação à direção de carregamento determina a rigidez naquela direção. As diferentes deformações, neste caso, 33 FIG. 2.2: Interfase e interface em materiais compósitos (Rezende et al, 2011) submetem o material à delaminação. As fibras podem ser dispostas em tecidos unidirecionalmente ou bidirecionalmente, dependendo das propriedades mecânicas de interesse. Dentre os vários tipos de trançado, Tong et al (2002) afirmam que os tecidos podem se apresentar tipicamente sob 3 padrões bidimensionais: tecido plano, sarja e cetim, conforme ilustrado na FIG. 2.4, apesar de muitas outras configurações serem utilizadas com as mais diversas finalidades. Tais padrões apresentam diferentes propriedades mecânicas, tendo modelos micromecânicos distintos (Tong et al, 2002). Fibras diferentes também podem compor um tecido com propriedades combinadas, o que dá origem aos compósitos híbridos. Quanto à fase matriz, Callister (2008) apresenta o seguintes exemplos: 34 FIG. 2.3: Tensões internas entre as camadas de compósitos de fibras contínuas (Rezende et al, 2011) FIG. 2.4: Padrões bidimensionais típicos de tecidos (Tong et al, 2002) matriz polimérica, metálica, cerâmica, carbono-carbono. O primeiro exemplo será discutido a partir da Seção 2.2, uma vez que é de particular interesse à dissertação. 2.2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE COMPÓSITOS POLIMÉRICOS Os compósitos com matriz polimérica (PMC) consistem em uma resina polimérica sendo a matriz, com fibras na função de reforço (Callister, 2008). Define- se resina como sendo um plástico reforçado com alto peso molecular. Geralmente, a matriz determina a máxima temperatura de serviço, uma vez que suas propriedades térmicas apresentam valores muito mais baixos que aqueles observados na fase de reforço. A fase matriz de origem polimérica é empregada, dentre outros fatores, por apresentar relativa ductilidade em relação à fase metálica ou à fase cerâmica, quando essa propriedade é desejada. Apresenta como função básica a capacidade de unir as fibras umas às outras, além de distribuir as tensões aplicadas externamente ao reforço. Além disso, serve para proteger as fibras individuais contra os danos superficiais em decorrência da abrasão mecânica e contra as reações químicas com o ambiente. Também impede que trincas frágeis sejam transmitidas de uma fibra para outra, prevenindo falhas catastróficas no caso de rompimento de um certo grupo de fibras. Resinas tais quais poliésteres e ésteres vinílicos são resinas poliméricas mais amplamente utilizadas e que apresentam baixo custo. Resinas epoxídicas – usualmente empregadas na indústria aeroespacial – são mais caras, contudo apresentam maior resistência à umidade e melhores propriedades mecânicas se comparadas com as resinas poliésteres e vinílicas (Callister, 2008). Resinas poliimídicas são empregadas em aplicações cujas temperaturas superiores de utilização em regime contínuo aproxima-se de 230°C. Para temperaturas mais altas, utilizam-se as resinas termoplásticas, tais como a poli-éter-éter-cetona (PEEK), o sulfeto de polifenileno (PPS) e a polieterimida (PEI). Os compósitos poliméricos reforçados por fibras de vidro (GFRP) apresentam fibras cujo diâmetro varia normalmente entre 3 e 20 μm de vidro 35 estirado (conhecido por Vidro-E). As propriedades do vidro, tais como fácil estiramento, disponibilidade comercial, relativa resistência e inércia química, fazem com que este material seja muito apreciado do ponto de vista comercial e de engenharia. Todavia, embora possuam resistências elevadas, os GFRP não apresentam elevada rigidez e suas temperaturas de serviço são relativamente baixas se comparadas com materiais metálicos, da ordem de 300°C, para compósitos aperfeiçoados quimicamente com sílica fundida de alta pureza, segundo Callister (2008). Os compósitos poliméricos reforçados com fibras de carbono (CFRP) têm por característica um reforço de alto desempenho pelos seguintes motivos (Callister, 2008): • a resistência específica e o módulo específico das fibras de carbono apresentam os maiores valores dentre todas as fibras de reforço atuais, mantendo valores elevados mesmo a altas temperaturas; • a estabilidade das fibras de carbono na temperatura ambiente mantem-se ainda que sob efeito de umidade ou sob a presença de grande variedade de solventes, ácidos e bases; • a grande diversidade de características físicas e mecânicas das fibras, aliada à sua capacidade de modificações pela engenharia, permite que o compósito que as emprega incorpore uma ampla gama de propriedades devidamente ajustadas ao uso; • os processos de fabricação tornaram-se relativamente baratos, favorecendo a relação custo-benefício. As fibras de carbono são classificadas conforme seu módulo de tração em 4 classes: módulo padrão, intermediário, alto e ultra-alto. Suas fibras possuem diâmetro variando entre 4 e 10 μm e geralmente são revestidas com epóxi para proteção e para melhoramento da adesão à matriz polimérica. No início da década de 70 as fibras poliamidas aromáticas (Chawla, 1998), genericamente conhecidas por aramidas, foram introduzidas, apresentando alta resistência e alto módulo, cujas relações resistência-peso são superiores às dos metais. Comercialmente, as mais comuns são as diversas variedades das fibras marcas KevlarTM e NomexTM. Sua resistência deve-se às moléculas rígidas, que durante a síntese se alinham na direção do eixo das fibras, conforme ilustrado pela 36 FIG. 2.5. Embora possuam alto módulo e limite de resistência à tração na direção longitudinal, sua resistência à compressão é relativamente baixa. As aramidas são conhecidas por sua tenacidade, resistência ao impacto, à fluência e à fadiga. Ademais, a despeito de serem termoplásticos, são resistentes à combustão e estáveis até temperaturas relativamente elevadas, em comparação com os demais materiais compósitos, mantendo altas propriedades mecânicas numa faixa entre -200 e 200°C. Todavia, sua susceptibilidade à ação de ácidos e bases fortes mostra-se um fator restritivo a certos empregos. Os materiais da matriz, geralmente, são os epóxis e os poliésteres. Outros materiais fibrosos, como o boro, o carbeto de silício e o óxido de alumínio também são usados, todavia com menor frequência. No caso das fibras de boro, sua utilização tem sido verificada em componentes de aeronaves militares e em pás de rotores de helicópteros, enquanto as fibras de carbeto de silício e de óxido de alumínio são utilizadas em blindagens militares e nas extremidades de foguetes. 2.3 COMPÓSITOS POLIMÉRICOS DE MATRIZ EPOXÍDICA Rezende et al (2011) ressaltam que os polímeros termorrígidos são muito utilizados em compósitos estruturais de emprego aeronáutico, devido à sua resistência a solventes e às maiores temperaturas de serviço. As resinas epoxídicas, as fenólicas, as bismaleimidas e as poliimidas destacam-se quanto ao uso nessa 37 FIG. 2.5: Estrutura das cadeias de fibras marca KevlarTM (Callister, 2008) área de engenharia. Atestam também que as resinas epoxídicas possuem boas propriedades mecânicas, resistência química, baixa absorção de umidade, baixa porcentagem de contração e fácil processamento. Estas são caracterizadas pela presença de grupos epóxi (anel oxirano) e uma das mais utilizadas é baseada no diglicidil éter do bisfenol-A (DGEBA), ilustrada na FIG. 2.6. Graças às resinas epóxi conterem monômeros difuncionais e polifuncionais, ou pré-polímeros, é possível sua reação com grandevariedade de agentes de cura, que a partir de diferentes combinações de processamentos, resultam em sistemas de resinas termorrígidas de elevado desempenho. Para aumentar o desempenho de algumas propriedades mecânicas, as resinas epóxi usadas na indústria aeroespacial têm sido modificadas com vistas à sua tenacificação, através de alterações em cadeia termorrígida com termoplásticos e elastômeros. Podem ser citadas como vantagens dos sistemas epóxi suas excelentes propriedades quando combinadas às fibras, o seu bom comportamento térmico, sua boa estabilidade dimensional, a baixa contração na cura, sua excelente aderência aos materiais metálicos, sua boa resistência à abrasão, seu bom isolamento elétrico, sua excelente resistência química a solventes orgânicos e a bases, além da propriedade de autoextinção da chama. Todavia, tais sistemas podem possuir um tempo de cura relativamente alto, sua temperatura de operação pode ser limitada para algumas aplicações, sua resistência química aos ácidos sulfúrico e nítrico, a cetonas e a solventes clorados é baixa, e do ponto de vista da fabricação, desvantagens podem ser observadas quanto à necessidade de boa preparação de moldes e ao uso de um bom desmoldante. 38 FIG. 2.6: Estrutura química de uma resina epóxi (Epóxi – Wikipedia) 2.4 COMPORTAMENTO MECÂNICO A presente Seção abordará os aspectos clássicos do comportamento mecânico dos compósitos com fibras contínuas e alinhadas. Embora o material compósito possa apresentar comportamento altamente anisotrópico, como é o caso daqueles que possuem fibras unidirecionais, suas propriedades podem ser tratadas sob um ponto de vista global – em que a combinação de propriedades individuais das fibras e da matriz é obtida por modelos matemáticos – ou local (preservam-se as propriedades individuais dos constituintes), a depender do interesse do estudo. O comportamento tensão versus deformação longitudinal em tração será ilustrado pela FIG. 2.7. Observa-se na FIG. 2.7 (a) o comportamento mecânico da fibra e da matriz isoladamente, enquanto na FIG. 2.7 (b) é ilustrado o comportamento global do material compósito. No estágio I, linear elástico para ambos os constituintes, o compósito se deforma linearmente em uma região intermediária entre os valores dos componentes. Ao entrar no estágio II, a matriz começa a apresentar escoamento, enquanto as fibras, de resistência muito maior, continuam seu comportamento elástico. Nesta região, a proporção de carga suportada pelas fibras aumenta. O compósito falha quando suas fibras falham, embora a falha não necessariamente seja catastrófica. Isso porque as fibras não falham todas simultaneamente e a matriz mantém-se íntegra por mais algum tempo, contendo as partes das fibras que ainda não falharam. Logo, são ainda capazes de suportar algum carregamento, contudo menor, até a falha total do compósito. Mandell e Meier (1975), ao ensaiarem material compósito para estudo de fadiga, observaram que a falha em camadas orientadas a 90° com a direção de carregamento ocorre pela propagação da trinca entre as fibras, não contribuindo substancialmente para a resistência à fratura. 39 FIG. 2.7: Material com fibra frágil e matriz dúctil (Callister, 2008) Para o cálculo do módulo de elasticidade do compósito, parte-se das seguintes hipóteses: • as fibras estão alinhadas com a direção do carregamento; • a ligação interfacial é perfeita, impondo uma condição de isodeformação. Seja Fc a carga total suportada pelo compósito, Fm a carga suportada pela matriz e Ff a carga suportada pelas fibras, implica que: F c=Fm+F f (2.1) Assumindo-se que F=σA, tem-se: σ cAc=σ m Am+σ f A f (2.2) σc=σm Am Ac +σ f A f Ac (2.2a) As frações de área da EQ. 2.2a são equivalentes às frações volumétricas (V) correspondentes se os comprimentos do compósito e das fases presentes forem iguais. Assim, tem-se: σ c=σ mV m+σ f V f (2.3) Da hipótese do estado de isodeformação, implica: εc=εm=ε f (2.4) σc εc = σ m εm V m+ σ f ε f V f (2.5) 40 Sendo σ=Eε e considerando as deformações do compósito, das fibras e da matriz como todas elásticas, o módulo de elasticidade do compósito na direção longitudinal (Ecl) fica: E cl=E mV m+E f V f (2.6) Como Vm+Vf=1: E cl=E m(1−V f )+E f V f (2.7) No carregamento em direção transversal às fibras, tem-se a condição de isotensão: σ c=σm=σ f=σ (2.8) A deformação do compósito como um todo fica: εc=εmV m+ε f V f (2.9) σc Ect = σ Em V m+ σ E f V f (2.10) Sendo Ect o módulo de elasticidade na direção transversal, obtém-se: 1 E ct = V m Em + V f E f (2.11) Donde resulta: E ct= Em E f V m E f+V f E m = Em E f (1−V f )E f+V f E m (2.12) Chawla (1998) apresenta as equações de Halpin-Tsai (EQ. 2.12a e 2.12b), na qual é inserido um termo empírico (ξ) como uma medida relativa ao reforço. Esta medida depende de condições de contorno (configuração geométrica da fibra, distribuição das fibras e condições de carregamento), cuja finalidade é ajustar os dados experimentais. A propriedade “p” é a forma genérica de representar, por exemplo, os módulos E11, E22, G12 ou G23 do compósito, e “pm” e “pf” são os equivalentes a “p” com relação à matriz e à fibra, respectivamente. p pm = 1+ξηV f 1−ηV f (2.12a) η= p f / pm−1 p f / pm+ξ (2.12b) Estudado o comportamento mecânico de uma camada de material compósito com fibras contínuas unidirecionais, a próxima aplicação será o estudo do comportamento mecânico de um laminado com diversas camadas. 41 Kaw (2006) discorre em sua publicação acerca dos procedimentos matemáticos para o estudo de compósitos laminados, sob o ponto de vista macromecânico. Inicialmente, o sistema é orientado segundo coordenadas locais e globais, de acordo com a FIG. 2.8. Um sistema linear isotrópico tridimensional, apresenta a seguinte equação constitutiva para a relação tensão-deformação, segundo a lei de Hooke: [ εx εy εz γ yz γzx γxy ]=[ 1 E −ν E −ν E 0 0 0 −ν E 1 E −ν E 0 0 0 −ν E −ν E 1 E 0 0 0 0 0 0 1 G 0 0 0 0 0 0 1 G 0 0 0 0 0 0 1 G ][σ xσ yσ zτ yzτ zxτxy] (2.13) G= E 2(1+ν) (2.14) Para um material genérico, de comportamento linear, a equação em coordenadas locais fica: 42 FIG. 2.8: Sistema de coordenadas globais em relação ao sistema de coordenadas locais [ σ1 σ2 σ3 τ23 τ31 τ12 ]=[ C11 C12 C13 C14 C15 C16 C21 C22 C23 C 24 C25 C26 C31 C32 C33 C34 C35 C36 C41 C42 C43 C 44 C45 C46 C51 C52 C53 C54 C55 C56 C61 C62 C63 C64 C65 C66 ][ ε1 ε2 ε3 γ23 γ31 γ12 ] (2.14) A matriz C6X6 é chamada matriz de rigidez. Sua recíproca S6X6 é chamada matriz de flexibilidade. Materiais compósitos com fibras unidirecionais, cujo volume de controle assume a forma de um paralelepípedo, apresentam um comportamento ortotrópico. Neste caso, a matriz de rigidez fica: [C ]=[ C11 C12 C13 0 0 0 C21 C22 C23 0 0 0 C31 C32 C33 0 0 0 0 0 0 C44 0 0 0 0 0 0 C55 0 0 0 0 0 0 C66 ] (2.15) Consequentemente, a matriz de flexibilidade fica: [S ]=[ S11 S12 S 13 0 0 0 S 21 S 22 S 23 0 0 0 S31 S32 S 33 0 0 0 0 0 0 S 44 0 0 0 0 0 0 S 55 0 0 0 0 0 0 S66 ] (2.16) A teoria clássica da laminação analisa o comportamento do laminado considerando-o submetido ao estado plano de tensões (EPT). Segundo tal hipótese, as componentes de tensões normais e cisalhantes só estão presentes no plano do laminado. Importante ressaltar que as hipóteses do EPT aplicam-se apenas a placas de dimensões infinitas, pois na região da borda, a uma distância de aproximadamente 2 vezes a espessura do laminado, existe um estado triaxial de tensões, chamado por Rezende et al (2011) de tensões interlaminares, que se manifesta na borda livre podendo causar a delaminação das camadas ouimprimir trincas na matriz. Para tal análise, são empregados métodos de potenciais de 43 tensões, de diferenças finitas e de elementos finitos, que fogem ao escopo da presente dissertação. Assumindo-se o EPT, podem ser suprimidas as linhas e colunas de índices 3, 4 e 5 das matrizes C e S, constantes nas EQ. 2.15 e 2.16. A relação simplificada fica: [σ1σ2τ12]=[ C11 C12 0 C21 C22 0 0 0 C66][ ε1 ε2 γ12] (2.17) Analogamente, para o sistema global, obtemos a seguinte relação: [σ xσ yτxy]=[ C̄11 C̄12 C̄16 C̄ 21 C̄22 C̄26 C̄61 C̄62 C̄66][ εx εy γxy] (2.18) Os elementos da matriz C, da EQ. 2.17, são dependentes das constantes do material e podem ser calculados pelas expressões da EQ. 2.19: C11= E1 1−ν12ν21 ;C12= ν12E 2 1−ν12ν21 ; C22= E2 1−ν12ν21 ; C66=G12 (2.19) A matriz de rigidez reduzida transformada pode ser calculada pela EQ. 2.20. [C̄ ]=[T ]−1[C ][R] [T ][R]−1 (2.20) Onde: T=[ c 2 s2 2sc s2 c2 −2sc −sc sc c2−s2] ; R=[1 0 00 1 00 0 2] ; c=cosθ ; s=sin θ (2.21) Reuter (1971) apresenta a matriz “R” como sendo responsável por eliminar denominadores dos vetores deformação, nos quais os termos cisalhantes aparecem divididos por 2. Então, as transformações são apresentadas conforme a EQ. 2.22. [σ xσ yτxy]=[T ][ σ1 σ2 τ12] ; [ ε1 ε2 γ12]=[R] [T ][R]−1[ εx ε y γxy] (2.22) As equações relativas ao estudo dos laminados, apresentadas até este ponto, são relativas ao cálculo de tensões e deformações para uma única camada. A introdução de mais de uma camada implica numa relação de acoplamento entre 44 os carregamentos (forças e momentos distribuídos) e suas deformações lineares e curvaturas associadas. A EQ. 2.23 traz essa relação: [ NM ]=[A BB D][ε0κ ] (2.23) As EQ. 2.24, 2.25 e 2.26 relacionam os valores A, B e D com os valores da matriz de rigidez reduzida transformada. Aij=∑ k=1 n [(C̄ ij)]k(hk−hk−1) ; i=1,2 ,3 ; j=1,2 ,3 (2.24) Bij= 1 2∑k=1 n [(C̄ ij)]k(h 2 k−h 2 k−1) ; i=1,2,3 ; j=1,2 ,3 (2.25) Dij= 1 3∑k=1 n [(C̄ ij)]k (h 3 k−h 3 k−1) ; i=1,2 ,3 ; j=1,2 ,3 (2.26) Sendo “n” o número de camadas do laminado, “hk” é a distância do topo até a base da k-ésima camada, contada a partir do plano médio do compósito. A FIG. 2.9 ilustrará tais definições. Sendo assim, o vetor de coordenadas globais para deformações no plano é calculado pela EQ. 2.27. Esta equação não contempla efeitos higrotérmicos ou piezoelétricos. [ εxε yγxy]=[ ε0x ε0y γ0xy ]+z[ κxκ yκxy] (2.27) Levantando-se os valores para as tensões locais, um critério de falha deverá 45 FIG. 2.9: Locais das camadas em uma estrutura laminada (Kaw, 2006) ser aplicado para observar-se a resistência do compósito perante o carregamento de projeto. Um desses critérios, o de Tsai-Wu, encontra-se descrito em Kaw (2006) e considera que a lâmina falha quando a condição da EQ. 2.28 é satisfeita: H 1σ1+H 2σ2+H 6 τ12+H11σ 2 1+H 22σ 2 2+H 66 τ 2 12+2H12σ 2 1σ 2 2<1 (2.28) Os parâmetros do critério de falha da Tsai-Wu estão descritos nas EQ. 2.29 a 2.35. H 1= 1 (σT 1)ult − 1 (σC1)ult (2.29) H 2= 1 (σT 2)ult − 1 (σC 2)ult (2.30) H 6=0 (2.31) H 11= 1 (σT1)ult (σ C 1)ult (2.32) H 22= 1 (σT 2)ult(σ C 2)ult (2.33) H 66= 1 (τ12) 2 ult (2.34 ) H 12=− 1 2 √ 1(σT 1)ult (σC1)ult (σT 2)ult (σC2)ult (2.35) O termo H12 do critério aqui apresentado é obtido do critério Mises-Hencky, segundo Kaw (2006). Outros critérios empíricos poderiam ser adotados, como o de Tsai-Hill e Hoffman, por exemplo. Utiliza-se como parâmetro de avaliação a razão de carga (SR), que conforme apresentada pela EQ. 2.36, indica a relação entre a carga admissível e a carga aplicada. SR= carga admissível carga aplicada (2.36) Da EQ. 2.36, observa-se que valores de SR<1 indicam falha do compósito, SR>1 indicam materiais superdimensionados e SR=1 oferece o valor do carregamento de falha. O critério de Tsai-Wu modificado com o uso de SR fica: (H 1σ1+H 2σ2+H 6 τ12)SR+(H 11σ 2 1+H 22σ 2 2+H 66 τ 2 12+2H12σ 2 1σ 2 2)SR 2<1 (2.37) 46 Ramsaroop e Kanny (2010) apresentam um método de análise de compósitos laminados através do uso do software Matlab. O Apêndice I a esta dissertação apresentará um código computacional em software Scilab, seguindo o mesmo método proposto por Ramsaroop e Kanny (2010), e cujos resultados serão discutidos na Seção 4, Pág. 79. O fluxograma representado pela FIG. 2.10, proposto por Ramsaroop e Kanny (2010), apresenta uma rotina para análise de compósitos laminados com fibras unidirecionais, de maneira a auxiliar o projeto com o uso do código constante no Apêndice I. 47 FIG. 2.10: Fluxograma de projeto 2.5 MECÂNICA DA FRATURA O projeto mecânico convencional baseia-se na prevenção de falhas por colapso plástico, no qual o carregamento ultrapassa o limite de escoamento do material. Todavia, componentes mecânicos falham sem que tenham sido carregados até o seu limite de projeto, devido à propagação de trincas. Em metais, as trincas podem ser observadas, por exemplo, nas regiões que apresentem diferentes taxas de solidificação, nos locais atacados por hidrogênio (soldas), nos materiais submetidos à fadiga ou à corrosão sob tensão. Tecnicamente, é correto afirmar que todos os materiais apresentam potencial para nucleação de trincas desde sua fabricação, haja vista as imperfeições nos seus arranjos microestruturais que são agravados pelas condições ambientais e de serviço. A fim de facilitar o estudo da mecânica da fratura, esta área de conhecimento foi dividida em duas sub-áreas: a mecânica da fratura linear-elástica (MFLE) e a mecânica da fratura elasto-plástica (MFEP). Anderson (1994) expõe em sua obra que os conceitos de mecânica da fratura vêm sendo aplicados desde a década de 60, em materiais que obedecem à lei de Hooke. Entretanto, também ressalta que desde 1948 estudos são conduzidos propondo a modelagem de correções para a plasticidade em pequenas escalas em estruturas com comportamento global linear elástico. A presente dissertação tratará dos aspectos relativos à MFLE, uma vez que o compósito a ser estudado apresenta comportamento global linear elástico, com fratura frágil. Callister (2008) explica que uma característica da fratura frágil é a sua ocorrência sem qualquer deformação apreciável, associada a uma rápida propagação da trinca em uma direção aproximadamente perpendicular à direção de aplicação da tensão de tração. O estudo é feito baseando-se na energia liberada durante a abertura da trinca e nos fatores de concentração de tensão (K). Inglis (1913) e Griffith (1920) deram início a estes conceitos, parametrizando-os matematicamente. 2.5.1 FRATURA NO NÍVEL ATÔMICO A fratura ocorre quando são aplicados tensão e trabalho no material, capazes de romperem as suas ligações atômicas. A força da ligação atômica está 48 associada à atração existente entre os núcleos, conforme poderá ser observado nas FIG. 2.11 e 2.12. FIG. 2.11: Distância interatômica (Anderson, 1994) FIG. 2.12: Energia potencial e força como funções da distância de separação atômica (Anderson, 1994) Observa-se na FIG. 2.12 que o estado de equilíbrio entre as forças trativa e 49 compressiva ocorre quando a energia potencial é mínima. Para que ocorra a ruptura da ligação atômica, a força aplicada deve superar o valor da força coesiva. Anderson (1994) cita que para pequenos deslocamentos, a relação de força e de deslocamentos é linear. A EQ. 2.38 explicita a tensão coesiva (σc) em função do módulo de elasticidade, da energia de superfície por unidade de área (γs) e da distância atômica (x0). σ c=√ E γsx0 (2.38) 2.5.2 BALANÇO DE ENERGIA DE GRIFFITH Griffith (1920), com referência à primeira lei da Termodinâmica, aplica esse conceito à Mecânica da Fratura. Propõe que por ocasião daformação da trinca, há uma rápida destruição das ligações trativas que agem na superfície fraturada, liberando energia. No instante seguinte, uma energia potencial devida à deformação retoma seus valores originais. Todavia, não sendo este um estado de equilíbrio, aplica-se o Teorema da Mínima Energia Potencial, pelo qual a energia potencial reduz-se até atingir uma condição de equilíbrio. Considerando-se uma placa submetida a uma tensão constante, contendo uma trinca de comprimento 2a<<w (sendo “w” a largura da placa, conforme FIG. 2.13) e na qual o EPT seja dominante, a Teoria de Griffith sugere que o balanço de energia para um incremento na área fraturada (dA) pode ser dado pela EQ. 2.39. 50 dE dA = d Π dA + dW s dA =0 (2.39) Sendo “E” a energia total do sistema, “Π” a energia potencial (dada pela energia interna de deformação e pelas forças externas) e “W s” o trabalho destinado a criar novas superfícies, Griffith (1920) chegou à seguinte expressão, dada pela EQ. 2.40: σ f=√ 2 E γsπa (2.40) 2.5.3 EQUAÇÃO DE GRIFFITH MODIFICADA Uma vez que a EQ. 2.40 é válida apenas para sólidos frágeis ideais (vidros, por exemplo), seus resultados são subestimados se obtidos para materiais dúcteis. Irwin (1948) e Orowan (1948) modificaram a equação de Griffith e obtiveram uma expressão que se adéqua aos materiais com falha plástica. Tal expressão está 51 FIG. 2.13: Trinca passante numa placa submetida a uma tensão trativa remota (Anderson, 1994) w indicada na EQ. 2.41: σ f=√ 2 E (γs+γ p)πa (2.41) “γp” é o trabalho plástico por unidade de área de superfície criada e é tipicamente muito maior que “γs”. Ressalte-se aqui a diferença entre “área de fratura” e “área superficial”: enquanto a primeira refere-se à área projetada da trinca (na FIG. 2.13 A=2aB), a segunda diz respeito à superfície da trinca como um todo, ou seja, “2A”. 2.5.4 TAXA DE LIBERAÇÃO DE ENERGIA Irwin (1956) propôs que a taxa de liberação de energia “G”, conforme apresentado na EQ. 2.42, é a medida de energia disponível para um incremento de extensão da trinca. G=− d Π dA (2.42) Para uma placa de grandes dimensões (FIG. 2.13) com relação ao comprimento da trinca (2a) , frágil e submetida ao EPT, o valor de “G” toma o valor da EQ. 2.43: G=πσ 2a E (2.43) 2.5.5 FATOR DE INTENSIDADE DE TENSÕES Anderson (1994) observa que cada modo de carregamento produz uma singularidade na ponta de uma trinca elíptica, proporcional a uma constante “k”, a um fator “fij” (dependente do modo de carregamento) e a um fator inversamente proporcional à raiz quadrada do raio da ponta da trinca, (1/r)0,5. A FIG. 2.14 ilustra um elemento infinitesimal próximo à ponta da trinca. 52 Por conveniência matemática, o fator “k” é substituído por “K”, denominado fator de intensidade de tensões, de acordo com a EQ. 2.44. K=k √2π (2.44) O fator de intensidade de tensões é uma função dos modos de falha ilustrados na FIG. 2.15 e o campo de tensão para um material isotrópico linear elástico é dado pela EQ. 2.45. lim r→0 σ(α)ij= K (α) √2π r f (α)ij(θ) ∀ α=I , II , II (2.45) Um modo misto de carregamento pode ser calculado pela superposição dos modos I, II e/ou III, a depender do problema em questão. A EQ. 2.46 apresenta tal solução. σ totalij=σ I ij+σ II ij+σ III ij (2.46) A TAB. 2 apresenta os campos de tensão, deformação e deslocamento para 53 FIG. 2.14: Coordenadas na ponta da trinca (Anderson, 1994) FIG. 2.15: Modos de carregamento e falha (Anderson, 1994) cada modo de carregamento, em função das coordenadas polares do ponto de interesse. TAB. 2: Campos de tensão, deformação e deslocamento para materiais isotrópicos lineares elásticos Modo I Modo II Modo III σxx K I √2πr cos(θ2 )[1−sin( θ2) sin( 3θ2 )] − K II√2πr sin(θ2 )[2+cos(θ2 )cos( 3θ2 )] 0 σyy K I √2πr cos(θ2 )[1+sin( θ2) sin( 3θ2 )] K II√2πr sin(θ2 )cos(θ2 )cos( 3θ2 ) 0 σzz 0 - EPT 0 - EPT 0 ν(σxx+σyy) - EPD ν(σxx+σyy) - EPD 0 τxy K I √2πr cos(θ2 )sin(θ2 )cos( 3θ2 ) K II√2πr cos(θ2)[1−sin(θ2 )sin( 3θ2 )] 0 τxz 0 0 − K III √2πr sin(θ2 ) τyz 0 0 K III √2πr cos(θ2) ux K I 2μ √ r2π cos(θ2 )[κ−1+2sin2(θ2 )] K II2μ √ r2π sin(θ2)[κ+1+2cos2(θ2 )] 0 uy K I 2μ √ r2π cos(θ2 )[κ+1−2cos2(θ2 )] −K II2μ √ r2π cos(θ2 )[ κ−1−2sin2(θ2)] 0 uz 0 0 K III √2πr sin(θ2 ) ν Coeficiente de Poisson μ Módulo de cisalhamento EPD κ=3-4ν EPT κ=(3-ν)/(1+ν) Anderson (1994), ao discorrer sobre os efeitos das dimensões da placa sobre a concentração de tensões, ilustrado na FIG. 2.16, afirma que as linhas de força fazem surgir uma componente na direção “x”, perpendicular à direção de aplicação das tensões trativas, que causa influência na intensificação das tensões na ponta da trinca. 54 Diversas expressões foram sugeridas e ratificadas em análises por elementos finitos. Tais expressões levam em consideração a relação entre o comprimento da trinca e a largura da placa (a/W), pois ao se aproximar da unidade, esta relação impõe a KI um comportamento assintótico, como poderá ser observado na FIG. 2.17. A EQ. 2.47 apresentará uma dessas soluções, que varia conforme a configuração geométrica de cada corpo de prova analisado. 55 FIG. 2.16: Efeito da concentração de tensões sobre a largura da placa (Anderson, 1994) FIG. 2.17: Comparação entre as correções devidas à largura finita para um CP tipo CCT (Center Cracked Tension) (Anderson, 1994) K I=σ√π a[ 2Wπa tg( πa2W)] 1 2 (2.47) Genericamente, tais funções são representadas conforme a EQ. 2.48: K (I , II , III )=Y σ √πa (2.48) 2.5.6 RELAÇÃO ENTRE K E G Enquanto o fator “K” caracteriza um material quanto ao comportamento mecânico de uma fratura existente, segundo suas tensões, deformações e deslocamentos nas proximidades da ponta da trinca, o parâmetro “G” quantifica a mudança líquida de energia potencial que acompanha um incremento na extensão da trinca. Este descreve o comportamento global do material, enquanto aquele é um parâmetro local. Para materiais lineares elásticos, “K” e “G” estão relacionados. A EQ. 2.49 indica tal relação, no caso de metais. G= (K I ) 2 E ' { E '=E⇒ EPTE '= E1−ν2 ⇒ EPD (2.49) Gomes Filho et al. (2011) apresentam a relação da EQ. 2.50, para o caso dos materiais compósitos laminados ortotrópicos: E '= √2 E1 E2 √√ E1E2−ν12+ E12G12 (2.50) 2.5.7 RELAÇÃO ENTRE EPT E EPD A maioria das soluções da mecânica da fratura, afirma Anderson (1994), reduz o problema a um caso bidimensional. Isto implica em ao menos uma das tensões/deformações principais ser nula. Todavia, as situações reais são tridimensionais e há certos limites a serem observados para que as aproximações 56 possam ter validade. A FIG. 2.18 ilustra o estado triaxial de tensões quando r<<B. Para adotar o parâmetro “K” como um critério de falha, e portanto avaliar seu valor crítico “KIc”, é necessário que a zona plástica seja pequena se comparada com a espessura do CP. Se a zona plástica é muito grande, o valor de “K Ic” é influenciado, conforme ilustrado pelo esquema da FIG. 2.19. Valores adotados para o estudo dos metais indicam que o valor do raio plástico do material deve ser da ordem de 1/50 das dimensões do CP para que o valor de KIc seja independente do tamanho. Ou seja, é importante que o material 57 FIG. 2.18: Estado triaxial de tensões próximo à ponta da trinca (Anderson, 1994) FIG. 2.19: Efeito da espessura na resistência à fratura de um CP submetido ao Modo I (Anderson, 1994) esteja em EPD. Todavia, relações superiores às observadas experimentalmente não necessariamente invalidam o valor de KIc, e valores obtidos em laboratório para K ic de materiais em EPT são aplicáveis a estruturas feitas do mesmo material, nas mesmas condições (Anderson, 1994). 2.5.8 TRABALHO ESSENCIAL DE FRATURA (EWF) O princípio do método EWF baseia-se na proposiçãode que a energia relacionada à fratura de um material elasto-plástico pode ser dividida em dois componentes: o trabalho essencial de fratura e uma parte não-essencial. A primeira parte se desenvolve em uma região em torno da ponta da trinca, denominada região final (end-region) e é específica do processo de fratura, admitindo-se portanto que seja uma propriedade do material. O restante da energia total de fratura, controlado pelo comprimento do segmento não fraturado (ligamento) do CP e dependente da configuração geométrica, é relacionado a uma deformação plástica e difusa que ocorre em uma região externa (outer-region) à ponta da trinca. Esta região envolve a anterior e é necessária para acomodar as largas deformações que ocorrem naquela. O método consiste em calcular a energia a partir da área sob a curva de carga versus deslocamento obtida por vários ensaios de CP com diferentes comprimentos de ligamento, até que todo o ligamento tenha apresentado escoamento. As informações obtidas deverão ser plotadas em gráfico de trabalho de fratura total específico versus comprimento do ligamento, a fim de se obter o trabalho específico de fratura, por regressão linear, conforme ilustrado na FIG. 2.20. 58 É possível dividir a energia total de fratura em uma parte que é consumida ao longo da linha de fratura e outra que é consumida em determinado volume de material que circunda a trinca. Para metais e plásticos, Clutton (2001) observa que o volume da região externa é proporcional ao quadrado do comprimento do ligamento. Dessa forma, a energia total absorvida no processo de fratura, W f, pode ser dada pela EQ. 2.51: W f=∫ f Δ x=W e l t+βW p l2t (2.51) Os parâmetros são assim definidos: • We – trabalho essencial de fratura, dissipado na zona de processo de fratura; • β - fator de forma relacionado com a dimensão da zona plástica normal à linha da trinca; • Wp – trabalho plástico não essencial, dissipado por unidade de volume do material. Em uma fase inicial, o objetivo da investigação concentrou-se em levantar o parâmetro de energia denominado Trabalho Essencial de Fratura (do inglês, Essential Work of Fracture – EWF) da camada de material compósito que tem 59 FIG. 2.20: Esquema básico do método EWF e as restrições geométricas para o CP tipo DENT (Peres, 2009) apresentado falha prematura, conforme apresentado em Clutton (2001). Todavia, de uma análise experimental preliminar acerca do comportamento mecânico (tensão versus deformação) do material de interesse, observou-se que o material apresenta deformação linear elástica até a ruptura frágil. Por esse motivo, não ficou evidenciado comportamento na região plástica que justificasse a análise do trabalho não essencial de fratura, que é a energia correspondente à dissipação pelo trabalho plástico realizado pelo material quando carregado até a ruptura. 2.5.9 FADIGA Na década de 1960, Paris et al (1961) demonstraram que a fadiga é um importante fator a ser considerado na mecânica da fratura e seu comportamento é característico de um material. Um comportamento característico do crescimento da trinca é apresentado pela FIG. 2.21, na qual (Δσ)3>(Δσ)2>(Δσ)1: A similaridade entre materiais submetidos a fadiga deve-se tanto a um parâmetro de carregamento quanto a um fator de intensidade de tensões. Se a zona plástica é suficientemente pequena para estar contida na zona de singularidade elástica, então as condições na ponta da trinca são unicamente definidas pelo valor de “K” e a taxa de crescimento da trinca é caracterizada por “Kmin” e “Kmax”. Logo, a relação da EQ. 2.52 é observada: 60 FIG. 2.21: Aumento no comprimento da trinca "a" a partir do comprimento inicial "ai", em função do número de ciclos para 3 intervalos de tensão (Shigley et al, 2005) da dN = f 1(ΔK , R) { ΔK=K max−K minR= K minKmax=σminσmax N−Número deciclos (2.52) Muitas equações empíricas (f1) têm sido propostas para modelar o comportamento em fadiga de um material. A partir delas, é possível estimar o número de ciclos necessários para propagar uma trinca de um comprimento inicial “a0” até um comprimento final “af”. A EQ. 2.53 integra a EQ. 2.52, para explicitar o valor de “N” procurado. N=∫ a0 a f da f 1(ΔK , R) (2.53) A FIG. 2.22 ilustra o comportamento típico do crescimento de uma trinca em metais. A curva sigmoidal contém 3 regiões distintas, dentre as quais a região II é linear, mas com valores de ΔK desviando da linearidade em valores altos e baixos da relação (regiões I e III). Shigley et al (2005) explicam que a região I (threshold) corresponde ao início de uma ou mais microtrincas causadas por deformação plástica cíclica; a região II compreende a progressão de micro a macrotrincas; e a região III corresponde ao ciclo de cargas final, quando o material remanescente não pode suportar as cargas, resultando numa falha rápida e repentina. A região I apresenta o valor limiar de ΔK I, abaixo do qual uma trinca não cresce. Classificam também a fadiga de acordo com o número de ciclos: se 61 FIG. 2.22: Comportamento típico de crescimento de trinca em metais (Anderson, 1994) 1<N<103 ciclos, denomina-se fadiga de baixo ciclo; se N>103 ciclos, ocorre a fadiga de alto ciclo. Paris e Erdogan (1960) apresentaram em seu trabalho uma relação para o crescimento da trinca na região II. Tal relação é apresentada pela EQ. 2.54 como uma descrição do comportamento do material no gráfico log-log característico. da dN =CΔK m (2.54) A integração da EQ. 2.53, nos moldes apresentados pela EQ. 2.54, permite o cálculo do número de ciclos para que a trinca cresça de um comprimento inicial “a0” até um comprimento final “af”. Esta expressão, aplicada a uma chapa com uma trinca vazante com fator de forma Y=1, é apresentada pela EQ. 2.55: N f= a f − m 2 +1−a i − m 2 +1 [−m2 +1]C (Δ σ)mπ m 2 (2.55) 2.6 MECÂNICA DA FRATURA DE MATERIAL COMPÓSITO DE MATRIZ EPOXÍDICA A natureza dos materiais compósitos difere muito daquela observada nos materiais metálicos, por muitos motivos. Como principais aspectos podem ser observados aqueles relativos à microestrutura nos dois casos, em que geralmente o material metálico pode ser tratado como um material homogêneo, enquanto o material compósito é analisado em fases, podendo conter camadas com cada uma delas apresentando um alto grau de anisotropia. Some-se a isto os casos em que os materiais possuem como fase matriz um polímero, como é o caso do epóxi. A degradação deste material devido a altas temperaturas ou a outros fatores associados a atmosferas agressivas requer especial atenção. Weber (2010), em sua tese de doutorado, defende que a degradação de polímeros deve-se a diversos fatores, a saber: radiação luminosa, calor, oxidação pelo ar, hidrólise, ação de produtos químicos, ação de micro- organismos (enzimas), ação antrópica e de outros animais, ação mecânica e 62 radiações ionizantes. Tais fatores podem implicar em mudanças no peso molecular e na composição química do polímero, acarretando alteração na aparência e nas propriedades mecânicas (Gijsman, 2008), degradando-o. Importante observar a diminuição de valores das propriedades mecânicas nos casos em que possam ocorrer a delaminação entre as camadas ou a decoesão entre a matriz e a fibra. A diferença nos módulos de elasticidade dos materiais constituintes pode contribuir para que ocorra a separação entre as interfaces, quando o material compósito é submetido a grandes deformações. Todos esses fatores impõem criteriosa análise quando for realizada a bateria de ensaios durante a investigação do comportamento do compósito. A princípio, o material deverá ser analisado nas condições de operaçãodo componente do qual foi extraído, para que os dados sejam realísticos e permitam inferências capazes de oferecer respostas técnicas imediatas. A presente dissertação considera que, uma vez observada a trinca passante no material investigado, a análise será feita sobre o comportamento mecânico do ponto de vista macroestrutural, no qual as respostas serão obtidas sob um enfoque global, guardadas as devidas similaridades entre as condições de ensaio e a disposição do material no componente de origem. 63 3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 MATERIAL O material compósito analisado foi retirado de uma pá do rotor principal da aeronave HA-1 Esquilo. Esta caracterização se tornou de grande importância porque seus componentes eram desconhecidos e não foram fornecidos pelo fabricante. É importante destacar que os materiais compósitos de alto desempenho são permanentemente aperfeiçoados pela indústria aeronáutica, demandando elevado nível de pesquisa e desenvolvimento, o que mantém o produto cercado de sigilo, por questões de proteção de mercado (Rezende et al, 2011). Este fato resulta em grande custo por parte dos pesquisadores, o que implica em manutenção de segredo acerca das práticas e do conhecimento adquirido no processo de desenvolvimento tecnológico. Para a realização das análises mecânicas, foi necessário previamente caracterizar o material amostrado por meio de análises físico-químicas e em observações microscópicas, conforme será discutido nesta Seção. Além de aparelhagem e vidraria comuns aos laboratórios de pesquisa, foram empregados os seguintes equipamentos: • Microscópio eletrônico de varredura marca JEOL, modelo JSM 5800LV (1); • Analisador térmico marca Shimadzu, série TA-50, controlado por computador (2); • Paquímetro digital marca Mitutoyo, modelo IP67; • Balança digital marca Gehaka, modelo AG200, precisão de 0,1 mg (1); • Espectrômetro no infravermelho marca Perkin-Elmer, modelo Spectrum 100, com acessório de amostras modelo ATR Universal (2); • Máquina de ensaios mecânicos universal marca EMIC, modelo DL 64 3 10000, controlada por computador (1); • Durômetro Time modelo shore hardness tester TH 210 (1); • Estação total marca Topcon, série CTS-3000 (3); • Sistema de aquisição de dados HBM, modelo Spider 8 (1); • Máquina de ensaios mecânicos universal marca Instron, modelo Electropuls E3000 (4); • Strain-gage marca Kyowa, modelo KFRP-5-350-C1-9; • Estereoscópio marca Zeiss, modelo Stemi 2000-C (1); • Helicóptero HA-1 Esquilo (5). (1) Seção de Engenharia Mecânica e de Materiais – SE/4, IME; (2) Seção de Engenharia Química – SE/5, IME; (3) Seção de Engenharia Cartográfica – SE/6, IME; (4) Instituto Nacional de Tecnologia, INT; (5) Batalhão de Manutenção e Suprimento de Aviação do Exército, Btl Mnt Sup Av Ex. 3.2 MÉTODOS 3.2.1 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA O manual de reparo das pás do rotor principal CT 62.10.10.786 (HELIBRAS, 2010) indica as fibras de vidro como material de reparo, dispensando maiores análises quanto à sua composição química. Entretanto, os aspectos relativos ao seu diâmetro e à organização nos feixes do tecido serão levantados oportunamente nesta caracterização. Para a caracterização da matriz epoxídica, Mano e Mendes (2000) propõem que o polímero seja submetido a uma tentativa de solubilização em diversos solventes, a fim de se verificar se pertence ao grupo dos polímeros termorrígidos químicos não-borrachosos (Grupo XVI), subgrupo dos alquil-aromáticos – resina epoxídica (ER). Para tal, foram realizadas análises químicas orientadas segundo procedimentos indicados na referida literatura, a fim de se coletarem as evidências 65 iniciais necessárias à identificação do epóxi na matriz. Estas análises constituem uma fase inicial da investigação, com o objetivo de reunir indícios para outras análises mais profundas, sobre a natureza da matriz, em conformidade com os relatos fornecidos por ocasião da coleta de dados em pesquisa de campo, na Organização Militar responsável pela manutenção das aeronaves (Btl Mnt Sup Av Ex). 3.2.1.1 VERIFICAÇÃO DA FUSIBILIDADE Mano e Mendes (2000) recomendam em sua obra que o polímero cuja natureza se deseja analisar seja submetido a uma adição de calor, a fim de que seu comportamento o distinga como sendo um termoplástico ou termorrígido. O procedimento a ser seguido encontra-se no Painel 75 da publicação, conforme ensaio 3B. Para tal, uma amostra do material foi cortada por meio de uma guilhotina para chapas metálicas e submetida à carbonização em um tubo de ensaio. Com o apoio da Seção de Engenharia Química (SE/5), foi utilizado um de seus laboratórios para que o tubo de ensaio fosse aquecido com o auxílio de um bico de Bunsen. 3.2.1.2 IDENTIFICAÇÃO DA RESINA EPOXÍDICA POR SOLUBILIZAÇÃO O método consiste em preparar 8 amostras em tubos de ensaio, contendo cada um de 2 a 5 ml dos seguintes solventes: acetato de etila, acetona, água, benzeno, clorofórmio, metanol, tetra-hidrofurano e heptano. Na sequência, mantém- se a mistura por 10 minutos a frio, observando o comportamento. Em caso de não ocorrer a dissolução do polímero, aguardar por 12 horas. Persistindo a situação, aquecer a mistura e observar os resultados. Os procedimentos acima foram seguidos, exceto pelo aquecimento do tetra- 66 hidrofurano, por questões de segurança. 3.2.1.3 DETERMINAÇÃO DA DUREZA Também recomendado pelos autores do ensaio anterior, o procedimento consiste em obter uma dureza da superfície com valor maior que 30 Shore-D, de maneira a confirmar que o material da matriz trata-se de um plástico e não de uma borracha. 3.2.1.4 DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE RELATIVA Outro método recomendado consiste em mergulhar a amostra em um béquer com água. Uma vez que a amostra afunde, a densidade (ρ) assume valor maior que 1, relativamente à massa específica da água. Uma amostra do compósito foi mergulhada em água, afundando. Em razão da pequena espessura da fase matriz, é inviável recolher uma amostra contendo somente o polímero, sem que esta contenha também resíduos de fibra. Como será discutido, é esperado um valor em torno de 33% em massa relativo à fase matriz. Canevarolo (2004) informa que a fibra de vidro “tipo E” possui ρ=2,54 g/cm3 e por análise térmica foi possível calcular as massas das fases do compósito. Para se chegar à massa específica da matriz (ρM) seria necessário conhecer ou o volume da matriz ocupado na amostra, ou a fração volumétrica (Vf) do reforço. Rezende et al (2011) sugerem o processo de digestão ácida, normatizado pela ASTM D3171, de modo a ser aplicada a EQ. 3.1. mM mF = ρM ρF (1−V fV f ) (3.1) A norma D3171-09 recomenda o cálculo da densidade do CP em g/cm 3, conforme a EQ. 3.2. 67 ρc= M i 1000Ah (3.2) Onde “Mi” é a massa do CP, em g; “A” é a área do CP, em m2; “h” é a espessura do CP, em mm. Especial atenção deve ser dada à presença de vazios, que encontram-se presentes nos materiais compósitos. Rezende et al (2011), em sua discussão sobre o conteúdo crítico de vazios em compósitos poliméricos, relatam que os vazios são originados pela formação de bolhas devido à saída de voláteis durante a cura do sistema de resina polimérica termorrígida, pelo uso de resina com viscosidade elevada – associado ao fato das fibras não serem molhadas homogeneamente – pela entrada de ar no sistema do laminado, dentre outras causas. Considerando-se que o material em estudo é de alto desempenho para utilização em estruturas aeronáuticas e que o material foi retirado de um componente acabado, espera-se que a fração volumétrica de vazios neste caso seja desprezível. Portanto, será empregado o método II(baseado na medida da espessura do laminado) da norma de referência para o cálculo do percentual em massa e volumétrico da fase matriz, que considera o volume de vazios igual a zero. Após ser submetido a secagem em estufa, o CP foi medido com paquímetro digital marca Mitutoyo, modelo IP67, nas condições normais de temperatura, de umidade e de pressão. Para o cálculo do percentual em massa da fase reforço foi utilizada a EQ. 3.3: W f= Ar N 0,1 ρc h (3.3) Onde “Wf” é o percentual em massa; “Ar” é a massa de uma camada de reforço por unidade de área, em g/m2; “N” é o número de camadas; e “ρc” e “h” são a densidade e a espessura do CP. O cálculo do percentual em volume da fase reforço é dado pela EQ. 3.4. V f = Ar N 0,1 ρr h (3.4) “ρr” é a massa específica da fase reforço, em g/cm3. Da EQ. 3.1, resulta a EQ. 3.5, que possibilita calcular a massa específica da matriz, “ρm”. 68 ρm= M mρrV f M r (1−V f ) (3.5) 3.2.1.5 INFLAMABILIDADE Considerando-se que os polímeros orgânicos são inflamáveis, esta não é uma propriedade esperada de um compósito que seja utilizado em uma pá de helicópteros. O material foi submetido à chama de um bico de Bunsen, até o aparecimento de uma chama no corpo de prova. 3.2.1.6 ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA (TGA) Uma amostra com 11,88 mg do compósito foi submetida ao forno do analisador termogravimétrico Shimadzu, TGA-50, sob atmosfera de N2 (20 ml/min). O aquecimento foi de 10°C/min, de 22,7°C até 800°C, para garantir que toda a fase matriz tenha sido degradada, restando apenas a fase dispersa (fibra de vidro), cujo ponto de fusão ocorre a temperaturas superiores a 1000°C. 3.2.1.7 ESPECTROSCOPIA INFRAVERMELHA POR TRANSFORMADA DE FOURIER (FTIR) O objetivo dessa análise é fornecer informações que auxiliem na identificação da resina epoxídica como parte do composto a ser caracterizado, a qual espera-se ser encontrada. Através de um processo de raspagem, foi obtida uma quantidade suficiente de material da matriz para análise em equipamento analisador de FTIR Perkin 69 Elmer, Spectrum 100, com acessório de amostras modelo ATR Universal. Conforme observado na FIG. 3.1, a resina epoxídica é caracterizada pela presença de grupamento oxirano (nomenclatura conforme a IUPAC: epoxietano, de acordo com a FIG. 3.1) nas extremidades da cadeia e pela presença de anéis aromáticos e um grupamento hidroxila no interior do mero. Portanto, numa análise de FTIR, é esperado que em certos casos estruturas semelhantes apresentem números de onda se não coincidentes, ao menos próximos, caso o material em estudo possua tais estruturas em sua composição química. Silverstein et al (2005), afirmam que a frequência do comprimento de onda da luz incidente absorvida depende da massa relativa dos átomos, das forças entre as ligações atômicas e da geometria dos átomos. Ressaltam também que certas vibrações fundamentais não aparecem no espectro infravermelho (IR) devido à ausência de mudança no dipolo molecular. 3.2.1.8 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV) As micrografias por MEV tiveram por objetivo verificar as dimensões das fibras, conhecendo-se o seu diâmetro, bem como estimar a densidade de fibras por feixe em cada região do tecido. Assim, a determinação da quantidade de fios por feixe será um dado relevante para a caracterização do material a ser ensaiado. As amostras foram submetidas preliminarmente a uma fina camada de carbono, a fim de permitir a passagem de corrente elétrica sobre a superfície não condutora dos corpos de prova. Então, foram observadas no microscópio eletrônico de varredura. 70 FIG. 3.1: Epoxietano (Óxido de Etileno - Wikipedia) 3.2.2 ENSAIOS MECÂNICOS 3.2.2.1 ENSAIO DE TRAÇÃO Com o objetivo de verificar a tensão de ruptura do material, seu coeficiente de Poisson e seu modo de falha, corpos de prova com dimensões recomendadas pela norma ASTM D3039 foram submetidos ao carregamento axial na máquina de ensaios marca EMIC, anteriormente citada. A taxa de carregamento foi de 2 mm/min. O CP foi retirado do componente com o uso de uma serra de disco, segundo dimensões muito maiores que as medidas finais, com o objetivo de prevenir possíveis influências nas bordas devidas ao aquecimento. Após um corte adicional com o uso de uma guilhotina para chapas de aço, o acabamento do contorno foi feito progressivamente pelo uso de politriz com lixas finas (finalização com lixa número 600), com arrefecimento a água, a fim de evitar o aquecimento das bordas e consequente alteração nas propriedades locais do material. O coeficiente de Poisson foi obtido pela instrumentação do CP com um strain-gage marca Kyowa, modelo KFRP-5-350-C1-9, com resistência elétrica de 349,4 ± 0,6 Ω. Os dados foram coletados e processados pelo analisador HBM, modelo Spider 8, que forneceu a quantidade de deformação transversal em função do tempo decorrido durante o ensaio. A FIG. 3.2 ilustra o CP instrumentado, com a conexão ajustada para o acoplamento no analisador. 71 FIG. 3.2: Corpo de prova instrumentado Foram analisados 3 CP com as seguintes dimensões: comprimento de 250 mm, largura de 25 mm. A espessura de dois CP foi de 0,65 mm, tendo estes apenas duas camadas de tecido de fibras, orientadas a 0/90°, enquanto um outro CP apresentou espessura de 1,2 mm, com 4 camadas de fibras, conforme discutido na Seção 4.3.1, Pág. 105. O objetivo de tais ensaios, com CP de dimensões distintas, foi avaliar qualitativamente suas propriedades mecânicas, de maneira a serem estimados valores para aplicação em ensaios de mecânica da fratura. 3.2.2.2 ENSAIO DE RESISTÊNCIA À FRATURA A norma ASTM E1922-04 sistematiza os ensaios para a obtenção do fator K em materiais compósitos, definido como parâmetro de resistência à fratura translaminar (KTL). Para tanto, foram preparados 3 CP do tipo “carregamento excêntrico – entalhe em apenas um bordo” ESE(T) com comprimento de 60 mm, largura de 15 mm e espessura de 0,6 mm, contendo 2 camadas de tecido de reforço, semelhante ao apresentado na FIG. 3.7. Os furos possuem diâmetro de 3 mm. As FIG. 3.3 e 3.4 ilustram uma amostra, pronta para o ensaio. 72 CONEXÃO STRAIN GAGE CORPO DE PROVA FIG. 3.3: CP pronto para o ensaio (vista frontal) FIG. 3.4: CP pronto para o ensaio (vista lateral) O entalhe foi feito com lâmina de espessura 0,3 mm, iniciando-se no centro do bordo lateral até atingir 50% da largura do CP. As dimensões finais foram alcançadas por processo de polimento arrefecido, nos mesmos moldes dos CP para ensaio de tração. Para o acoplamento do CP no sistema de fixação da máquina de ensaios de tração, conforme FIG. 3.5, foram fabricadas peças ilustradas pela FIG. 3.6 e com as 73 CPACOPLAMENTOS ACOPLAMENTOS dimensões apresentadas no Apêndice III (Pag. 126). FIG. 3.5: Máquina de ensaios universal eletromecânica Instron FIG. 3.6: Acoplamento para o CP A velocidade de carregamento foi ajustada para a falha entre 30 e 100 s, assumindo um valor de 125 N/min. Em virtude de se saber previamente pelo ensaio de CP não normatizado que a fratura ocorreria em modo frágil, com alta taxa de propagação, o comprimento da trinca no momento de pico de tensão foi considerado igual ao valor inicial na 74 Lupa pré-trinca, ou seja, 50% da largura. A norma de referência oferece a seguinte expressão para o cálculo de KTL, apresentada pela EQ. 3.6: K= [ PBW 1 /2 ]α1 /2 [1.4+α][3.97−10.88α+26.25α2−38.9α3+30.15α4−9.27α5] [1−α]3 /2 (3.6) α= a W O fator de intensidade de tensões “K” aplicado é obtido em [MPa m 1/2], a carga aplicada deve ser computada em [MN] e as dimensões do CP em [m]. 3.2.2.3 ENSAIO DE FADIGA As normas ASTM E647-08 e ISO 12108:2002(E) regulam o ensaiode fadiga. Para tal, 4 CP tipo ESE(T) (FIG. 3.7) foram submetidos aos ensaios de fadiga na máquina de ensaios universal eletromecânica Instron. O planejamento do ensaio foi feito de acordo com os valores obtidos pelo ensaio de tração, considerando-se inicialmente um valor de Kmax equivalente a 50% da carga de ruptura. O valor de Kmin estabelecido foi de 10% do valor de Kmax, definindo-se assim uma razão de 0,1. Para fins de ajuste da máquina de ensaios, foram produzidos 5 CP da região com 4 camadas de reforço e foram preparados 4 CP da região com 2 camadas de reforço, devido à similaridade com as características apresentadas na região da trinca, para o ensaio propriamente dito. As dimensões foram aquelas preconizadas pela norma, em função da 75 FIG. 3.7: CP tipo ESE(T) Escala Pré-trinca espessura “B”, de acordo com a FIG. 3.8. A escolha deste tipo de CP, em detrimento de outras configurações, deveu- se à pequena espessura da camada de revestimento, de maneira que fosse atendida a relação recomendada pela norma. Tal relação encontra-se descrita na EQ. 3.7. W 20 ≤B≤W 4 (3.7) As dimensões foram definidas de acordo com a TAB. 3. TAB. 3: Dimensões dos CP tipo ESE(T) Número de camadas B (mm) W (mm) Comprimento (mm) 2 0,6 12 44,4 4 1 20 74 O carregamento nominal máximo previsto inicialmente foi de 2415,5 N para o CP de 4 camadas e de 869,58 N para o CP de 2 camadas. Tal definição foi devida à tensão de ruptura obtida pelos ensaios de tração. Cada ensaio recebeu uma sequência de ações denominada pelo fabricante da máquina de ensaios como “método”. O método padrão consistiu em iniciar um 76 FIG. 3.8: Esquema do CP tipo ESE(T) (ASTM E647) carregamento a partir de 0N (descontando-se, neste caso, as cargas devidas ao peso do acoplamento e outras cargas que surgiram durante o ajuste inicial) linearmente até o valor de uma carga média entre o valor máximo para o CP e o mínimo correspondente (10% do valor máximo). Este carregamento inicial foi aplicado em 10 segundos, dando início a um segundo passo, cujo formato senoidal foi ajustado informando-se o valor da “amplitude” desejada. Essa amplitude corresponde à diferença entre o valor máximo e o valor médio, por definição do fabricante do equipamento. As pré-trincas foram feitas pela penetração de uma lâmina de 0,3 mm de espessura, visando não haver perda de massa e possuir a ponta com um raio de curvatura pequeno (Peres, 2009). Então, foi feito um entalhe por deslizamento da lâmina até a profundidade de 2 mm e posteriormente foram dados pequenos pressionamentos (tapping on) da mesma forma que são feitas as trincas em CP poliméricos. Uma vez que não foi possível instrumentar o CP com um extensômetro de lâminas, tipo “clip-gage”, para se avaliar a evolução da abertura da trinca de acordo com o número de ciclos, optou-se por fazer o acompanhamento por inspeção visual, com a utilização de uma lupa especial com iluminação, conforme pode-se observar na FIG. 3.5. Os CP foram submetidos à marcação de referências equidistantes de 0,5 mm na região do caminho esperado de propagação da trinca, para que se pudesse registrar a relação entre o número de ciclos e o comprimento da trinca, para um determinado valor de “ΔK”. A marcação (FIG. 3.7) foi feita utilizando-se uma régua com calibração semelhante e uma lapiseira com ponta de grafite de 0,3 mm, afiada. A escolha desse método de marcação em contrapartida a uma impressão mecânica de espaçamentos, tal qual se faz em CP metálicos, deveu-se à natureza da matriz e das dimensões do CP, o que poderia introduzir defeitos e implicar em erros no ensaio. A partir da obtenção desses dados, seria possível estabelecer uma curva “da/dN versus log ΔK”. A frequência escolhida para a ciclagem, inicialmente, foi de 6,5 Hz, em conformidade com a velocidade angular do rotor principal da aeronave em voo (390 +4 −5 RPM). Embora a frequência de ciclagem seja um fator de aumento da 77 temperatura na ponta da trinca, influenciando nos resultados, a frequência empregada está em conformidade com os ensaios realizados por Mandell e Meier (1975), em material com propriedades semelhantes, os quais foram executados a 5 Hz. 78 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO A presente Seção tem por objetivo apresentar e discutir os resultados obtidos neste trabalho. 4.1 ROTINA COMPUTACIONAL PARA LAMINADOS COM FIBRAS UNIDIRECIONAIS A seção 2.4 apresentou os fundamentos matemáticos para o cálculo e projeto de placas laminadas, com fibras unidirecionais, multicamadas, submetidas a determinados carregamentos em termos de forças e de momentos. Uma rotina computacional foi implementada em software Scilab, buscando a automatização dos procedimentos analíticos discutidos por Kaw (2006). Os resultados apresentaram-se condizentes com os constantes na literatura de referência, apresentando uma leve discrepância atribuída a critérios de aproximação. Os valores calculados por Kaw (2006) e por Ramsaroop e Kanny (2010) são restritos a duas ou quatro casas decimais em determinadas passagens intermediárias. A rotina em Scilab não restringiu o número de casas decimais, usando tantas quantas são disponíveis nas possibilidades do software. Os dados de entrada são apresentados na TAB. 4. 79 4 TAB. 4: Dados para o cálculo de estruturas laminadas grafite-epóxi Propriedades do Material Limites do Material Forças Momento s E1 (GPa) E2 (GPa) G12 (GPa) ν12 (σ1T)ult (MPa) (σ2T)ult (MPa) (σ1C)ult (MPa) (σ2C)ult (MPa) (τ12)ult (MPa ) N (N/m) M (Nm/m) 181 10,3 7,17 0,28 1500 1500 40 246 68 1000 0 1000 0 0 0 Espessura de cada camada (mm) 5 Número de camadas 3 Ângulo das fibras 0° 30° -45° Kaw (2006) De um modo simplificado e ilustrativo, têm-se os seguintes resultados representativos da região central da camada 2, conforme apresentados na TAB. 5. Os resultados completos por camada e por posição encontram-se no Apêndice II, que apresenta os valores de saída da rotina computacional proposta, em comparação com aqueles exibidos por Kaw (2006) e Ramsaroop e Kanny (2010). Observa-se que os valores estão todos muito próximos, o que permite validar a rotina computacional apresentada. TAB. 5: Valores comparativos para a região central da camada 2, apresentados por duas rotinas computacionais Propriedade Kaw (2006) e Ramsaroop e Kanny (2010) Programa Laminados 2-D Deformação Global na direção 1 (10-6 m/m) 0,3123 0,2727 Tensão Global na direção 1 (104 Pa) 10,630 10,634 Deformação Local na direção 1 (10-6 m/m) 0,7781 0,7136 Tensão Local na direção 1 (104 Pa) 15,02 14,91 Razão de Carga 1,1399 1,1322 80 4.2 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA 4.2.1 VERIFICAÇÃO DA FUSIBILIDADE Da análise dos dados da TAB. 6, há indícios de que o polímero seja orgânico e termorrígido, segundo preconizado por Mano e Mendes (2000) em seu manual de procedimentos para identificação de polímeros. TAB. 6: Tabela de análise de fusibilidade Evidência S N Observações Formação de vapores? X Incolor? X Indicação de despolimerização (redução a um monômero ou a um polímero de menor peso molecular) Volumoso? X Coloração Amarelada a acastanhada? Não observado. Sua observação indicaria provável decomposição oxidativa da amostra Forma de condensação Formação de Gotículas? X Indicação de monômero despolimerizado Solidificação de cristais na parede do tubo? X Odor? X Variação da cor do resíduo até a fase final X Permaneceu com cor negra, indicando a presença de material orgânico Crepitação? X Pouca, possivelmente devido à deformação das fibras de vidro e não devido ao polímero; em se tratando de certeza de crepitação da fase matriz, indicariaresíduos de peróxido, geralmente empregado nos agentes de cura Fundiu? X Restaram cinzas? X Partindo-se da hipótese em que o polímero da fase matriz seja um epóxi termorrígido, outros ensaios previstos na literatura de referência serão executados a 81 fim de confirmar a natureza do material. Após a análise de fusibilidade, foi possível observar no resíduo a distribuição das malhas da fase dispersa, conforme as FIG. 4.1 e 4.2, o que permite verificar a orientação das camadas do material de reforço. FIG. 4.1: Camadas 1 (Esq) e 2 (Dir) mais internas à pá, nessa ordem FIG. 4.2: Camadas 3 (Esq) e 4 (Dir) mais externas Observa-se que as camadas mais internas (FIG. 4.1) possuem orientação a -45/45°, enquanto as mais externas (FIG 4.2) estão em orientação a 0/90° na amostra, em forma de sarja. A orientação das camadas mais externas alinha-se 82 com a direção de propagação da trinca. É importante ressaltar que as malhas alinhadas a 90° estão superpostas de maneira espelhada, e que foi observado que a trinca ocorre no extradorso da pá, em uma região apresentando somente duas camadas a 0/90°. A FIG. 4.2 apresenta uma medição aproximada do feixe de fibras (bundles) da malha a 90°, que se apresenta ligeiramente mais estreito que o da malha a 45°. 4.2.2 IDENTIFICAÇÃO DA RESINA EPOXÍDICA (ER) POR SOLUBILIZAÇÃO Não foi possível observar dissolução do material em análise nos solventes sugeridos por Mano e Mendes (2000), e este é um indicativo de se tratar de ER. As amostras de compósito foram pesadas e os dados são apresentados na TAB. 7. Observa-se que na falta de benzeno, optou-se por tolueno, por apresentar menor toxicidade. Em geral, por similaridade das estruturas moleculares entre o benzeno, o tolueno e o xileno, os compostos solúveis em um deles também são solúveis nos demais. Por razões óbvias, o polímero não poderia se dissolver na água e por isso não foi testado com este solvente. Foram acrescentados ao método outros dois componentes, não previstos na literatura: o xileno (mistura das três variedades: orto, meta e para) e o ácido sulfúrico. O aumento de massa do material sem a formação de solução viscosa evidenciou duas possíveis ocorrências: permanência de solvente nas interfaces do compósito (entre as camadas ou entre a fase matriz e a fase dispersa) ou, mais provavelmente, a reticulação do material. Neste caso, e em concordância com a literatura de referência, observa-se que o polímero é insolúvel nos solventes que tenham apresentado inchamento, tratando-se de um polímero termorrígido químico. 83 TAB. 7: Tabela de análise de solubilidade Solvente Massa inicial (g) Massa final (g) Observações Acetato de etila 0,263 0,271 Aumento de massa Acetona 0,182 0,182 Sem alteração Água - - Não testado Tolueno 0,186 0,186 Sem alteração Clorofórmio 0,297 0,313 Aumento de massa Metanol 0,218 0,218 Sem alteração Tetra-hidrofurano 0,218 0,223 Aumento de massa Heptano 0,176 0,176 Sem alteração Xileno - - Não pesado Ácido sulfúrico 0,226 - Não pesado ao final A amostra submetida ao xileno não foi pesada pois buscou-se apenas testar o solvente, como uma alternativa ao tolueno. Caso apresentasse evidências de solubilização, o método seria executado com os devidos rigores normativos. Não tendo apresentado dissolução da matriz, este solvente foi logo descartado. Similarmente à solubilização com o xileno, que não encontrava-se presente nos procedimentos de Mano e Mendes (2000), o ácido sulfúrico também não estava previsto no rol de substâncias a serem testadas. A partir do ataque com o ácido sulfúrico esperava-se que a amostra tivesse sua matriz degradada quimicamente, o que de fato ocorreu. Por esse motivo, dispensou-se a pesagem, em virtude de esperar-se da análise um resultado qualitativo. Quanto ao ataque por ácido sulfúrico, de imediato foi possível observar a formação de solução em cor alaranjada, podendo indicar presença de anel aromático, tal qual ocorre na resina epoxídica. Amostra similar à da FIG. 4.3 foi exposta por 3 dias em um béquer no interior da capela do Laboratório de Análises Térmicas e, ao final, ficou com a aparência ilustrada pela micrografia em estereoscópio da FIG. 4.4. 84 FIG. 4.3: Amostra antes do ataque químico FIG. 4.4: Amostra após o ataque químico 4.2.3 DETERMINAÇÃO DA DUREZA Após submeter uma amostra a um ensaio de dureza segundo a escala Shore D no laboratório de ensaios mecânicos, verificou-se que a média de 5 medições apresentou valor de 92,5 unidades na citada escala. A boa prática de 85 metrologia recomenda que os 3 primeiros valores sejam descartados, pois correspondem à acomodação da ponta do equipamento. A TAB. 8 apresenta os resultados obtidos. TAB. 8: Valores obtidos no ensaio de dureza Shore D Medição Valor Shore D 1 92,1 2 92,1 3 89,0 4 92,3 5 92,1 6 93,1 7 92,3 8 92,7 Média 92,5 Desvio Padrão 0,4 Conclui-se que o polímero é plástico, e não borrachoso, como já era esperado para uma matriz epoxídica. 4.2.4 DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE RELATIVA Foram obtidos os seguintes valores, constantes da TAB. 9: TAB. 9: Dados do CP Medição Largura (mm) Altura (mm) Espessura (mm) Massa (g) Densidade (g/cm3) 1 13,58 51,05 1,04 1,31 -2 13,45 51,15 1,09 3 13,28 51,08 1,09 Média 13,43 51,09 1,07 1,78 O CP foi submetido então à volatilização da sua fase matriz em um bico de Bunsen, até que tenha restado exclusivamente a fase de reforço. Após isso, as malhas orientadas a 90° e a 45° foram submetidas a medição e pesagem, tendo 86 sido obtidos os resultados constantes da TAB. 10: TAB. 10: Dados da fase dispersa Medição Largura (mm) Altura (mm) Espessura (mm) Massa (g) de uma camada Massa específica (ρr) (g/cm3) Malha com fibras a 90° 1 13,58 51,05 0,44 0,22 0,76 2 13,45 51,15 0,41 3 13,28 51,08 0,41 Média 13,43 51,09 0,42 Malha com fibras a 45° Medição Largura (mm) Altura (mm) Espessura (mm) Massa (g) de uma camada Massa específica (ρr) (g/cm3) 1 13,58 51,05 0,41 0,22 0,80 2 13,45 51,15 0,40 3 13,28 51,08 0,38 Média 13,43 51,09 0,40 Observa-se que os valores de massa específica presentes na TAB. 10 correspondem aos cálculos realizados de acordo com os dados obtidos. Isto ocorre porque a espessura das camadas foi medida a partir de amostras de fibras bidirecionais, o que causa superposição de feixes e, portanto, não condiz geometricamente com a espessura real de uma malha da qual se deseja obter propriedades físicas. Face ao exposto, o valor de massa específica utilizado será o constante da literatura. De acordo com os dados de Canevarolo (2004) sobre a massa específica da fibra de vidro “tipo E” (ρr=2,54 g/cm3) , aplicando-se os dados da TAB. 10 na EQ. 3.4, conclui-se que Ar=320,63 g/m2 e que Vf=47,19%. Todavia, o valor de Vf é um valor teórico e ideal, para compósitos isentos de descontinuidades (vazios e poros). Ensaios baseados no método I (digestão ácida) da norma de referência são recomendáveis para a obtenção do volume médio de vazios, o que causará uma pequena diferença nos valores obtidos. A volatilização completa da massa da fase matriz resultou em resíduo de 4 camadas de fase reforço, com massas iguais. A diferença mássica permite calcular a massa da fase matriz, como sendo Mm=0,43g. 87 Assumindo-se que o volume de vazios seja nulo e calculado o valor de V f, decorre que Vm=52,81% é o percentual volumétrico da fase matriz e, aplicando-se tais valores na EQ. 3.3, calcula-se que o percentual em massa da fase reforço é W f=67,34%. A TAB. 11 resume os valores calculados para uma amostra com 4 camadas, desprezando o volume de vazios. TAB. 11: Propriedades dos constituintes do material compósito M(g) ρ(g/cm3) W(%) V(%) Matriz 0,43 1,11 32,66 52,81 Reforço 0,88 2,54 67,34 47,19 Dos cálculos,aplicados à EQ. 3.5 resulta que ρm=1,11 g/cm3. De posse dessa informação e garantindo que ρm>1, é possível concluir que o polímero não é um poli-hidrocarboneto de cadeia alifática (ρ<1). Como exemplos de polímeros com ρ<1 podem ser citados: HDPE, LDPE, PP, PIB, EPDM, NR, IR, IIR, BR. 4.2.5 INFLAMABILIDADE A análise da inflamabilidade do material, quando submetido ao contato direto de uma chama no bico de Bunsen, revelou que a chama é autoextinguível. Em se tratando de matriz orgânica, é possível que o fabricante tenha adicionado compostos à base de cloro ou de boro a fim de atribuir propriedade retardante de chama ao material. 4.2.6 OUTROS ENSAIOS QUÍMICOS Face ao objetivo da caracterização, que teve como principal meta garantir que o material é composto por uma matriz epoxídica, outros ensaios recomendados por Mano e Mendes (2000) não atenderiam às necessidades e foram desconsiderados. 88 Foram omitidos: • Identificação do nitrogênio (ensaio 6); • Identificação do fenol (C6H5OH) sem substituinte em posição orto (o-) ou para (p-)(ensaio 17B). Contudo, a adição de calor permitiu fazer observações citadas em outros dois ensaios, também desprezados: • Pirólise (ensaio 3A) – não foi observada a agressão ao tubo de ensaio por ocasião do ensaio de fusibilidade, o que demonstra que não houve formação de ácido fluorídrico. Consequentemente, não há indícios de haver na matriz um polímero fluorado; • Identificação sem cal do polímero estirênico (ensaio 24A) – a dissolução em H2SO4 da fase matriz (e não do produto da pirólise, como recomenda a referida literatura) apresentou uma coloração alaranjada. Isso pode indicar a presença de anel aromático, desde que a cadeia carbônica tenha pelo menos 2 átomos de carbono. Embora a observação careça de maior rigor experimental, oferece indícios de concordância com a estrutura molecular do epóxi, que apresenta tais características, conforme pode ser observado na FIG. 2.6. Os resultados obtidos até o momento indicam que o composto possui uma matriz epoxídica reforçada com fibras de vidro, podendo ainda ter adições de outros compostos como, por exemplo, agentes retardantes de chama ou compostos para sua tenacificação. 4.2.7 ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA Observa-se no início do experimento apresentado pela FIG. 4.5 uma leve perda de massa, que pode ser atribuída tanto à degradação de elementos de alta volatilidade utilizados no processo de fabricação, quanto à desumidificação da amostra. O início da primeira degradação dá-se em torno de 350° C e a segunda degradação ocorreu em torno de 450°C, até atingir 600°C. O primeiro estágio de degradação apresentou uma perda de 20,9% de massa, enquanto o segundo apresentou 12,7%. A perda de massa da fase matriz 89 totalizou 33,6%, restando resíduos de fase dispersa. FIG. 4.5: TGA do material em estudo A FIG. 4.6, apresentada por Stern e Dierdoff (2005), mostra um termograma obtido a partir de uma série de amostras de epóxi analisadas. FIG. 4.6: TGA de uma amostra de epóxi (Stern e Dierdoff, 2005) Stern e Dierdoff (2005) apresentam uma análise estatística das informações consideradas fundamentais ao realizar-se uma sequência de TGA. Tais informações 90 Perda de massa inicial C(final da 2ª degradação) B(2ª degradação) A(1ª degradação) Δ=33,6% são disponibilizadas na TAB. 12. TAB. 12: TGA de várias amostras de epóxi Perda de massa (%) entre 30°C e 300°C Perda de massa (%) de 300°C até a primeira inflexão Temperatura (°C) da primeira inflexão Média 1,852 61,40 470,8 Desvio Padrão 0,352 1,59 7,66 Stern e Dierdoff (2005) Observa-se que a análise termogravimétrica do compósito alvo do presente estudo foi realizada com uma amostra contendo as fases matriz e reforço. Consequentemente, para concluir-se algo sobre o percentual de variação mássica em comparação com a literatura de referência, é necessário descontar a massa da fase reforço que permaneceu após a total degradação da fase matriz. A massa de resíduo que não sofreu degradação na faixa de temperatura determinada foi de 7,80 mg, conforme indicam os valores reais obtidos na medição e fornecidos pela base de dados do equipamento. A TAB. 13 apresenta os demais valores obtidos. TAB. 13: TGA da amostra em estudo Massa de epóxi (mg) Perda de massa (%) entre 30°C e 300°C Perda de massa (%) de 300°C até a primeira inflexão Temperatura (°C) da primeira inflexão 4,09 7,6 63,08 450 A comparação dos dados obtidos permite inferir que a amostra submetida à TGA, constituinte da fase matriz do compósito investigado, assemelha-se muito a uma resina epoxídica, embora podendo ter constituição razoavelmente distinta da resina estudada por Stern e Dierdoff (2005). Ressalta-se que embora a fração mássica de matriz obtida pelo ensaio tenha se aproximado bastante da apresentada por Canevarolo (2004) e daquela verificada na determinação de densidade relativa, a amostra foi composta por fragmentos irregulares do material que se deseja caracterizar, o que não permite garantir por este método que a proporção entre as fases seja representativa do compósito. Partes dos fragmentos não continham todas as camadas do compósito, o que implica na presença de frações das fases diferente das proporções reais. 91 4.2.8 ESPECTROSCOPIA INFRAVERMELHA POR TRANSFORMADA DE FOURIER (FTIR) O resultado da análise indicou o espectro de transmitância da FIG. 4.7. De posse do espectrograma apresentado na FIG. 4.7 serão feitas a seguir considerações que darão suporte ao método de análise dos dados obtidos. Para fins de comparação, os picos mais bem definidos constantes no espectrograma foram comparados com estruturas de compostos mais simples disponíveis na base de dados do National Institute of Advanced Industrial Science and Technology (AIST). Tal procedimento é recomendado por Silverstein et al (2005), ao sugerirem que o tratamento de moléculas complexas deve ser feito por uma interpretação empírica do espectro IR, através de comparação de espectros e estudos de moléculas mais simples. Foram admitidos números de onda com diferenças de ± 15 cm-1 dos valores encontrados na matriz. A amostragem de compostos será apresentada na TAB. 14. Observa-se que em determinadas colunas há grande quantidade de dados com números de onda próximos ou idênticos ao verificado na análise do material. Isso pode indicar que o composto provavelmente possui parte da estrutura com arranjo semelhante ao evidenciado por tais dados. Em se tratando da observação das linhas, há compostos que apresentam maior coincidência de regiões de pico que outros, o que oferece indícios de que o composto em análise deverá possuir maior similaridade com tais compostos. 92 FIG. 4.7: FTIR da matriz Foram destacados os valores próximos aos números de onda da matriz, desde que sua recorrência tenha superado os 50% em cada busca. Dos dados em destaque, foi possível realizar uma breve análise estatística, levantando-se a média e o desvio padrão. Os valores das colunas 2925 e 1455 foram tratados segundo as três buscas como um todo, uma vez que são observados nas três grandes regiões da tabela (compostos contendo o segmento oxirano, o anel aromático e o grupamento hidroxila). Os demais valores serão tratados dentro das buscas específicas. A TAB. 15 apresentará os resultados, com valores arredondados para o inteiro mais próximo. 93 TAB. 14: Tabela de comparação de números de onda (cm-1) Componente Números de Onda Matriz 3359 2925 2162 1734 1606 1580 1508 1455 1232 1180 1009 966 827 737 Busca por epóxi 2-metiloxirano 2929 1166 1022 961 831 2-etiloxirano 2923 1458 1246 1020 955 832 2,3-epoxibutano 2930 2175 1719 1452 994 961 812 730 2,2-dimetiloxirano 2915 1493 1450 8312,3-epoxi-1-propanol 2926 1454 955 830 1,2:3,4-diepoxibutano 2917 1597 1444 1243 967 839 2,3-epoxipropil metil éter 2930 1453 1012 963 1,2-epoxihexano 2934 1730 1460 1247 955 836 730 3-beta-acetoxi-14,15-beta-epoxi-5- beta,14-beta-bufa-20,22-dienolida 2937 1732 1449 1232 1185 833 5,6-alfa-epoxi-5alfa-cholestan-3- beta-il acetato 2930 1733 1467 1240 1180 973 732 Busca por benzeno Benzeno 1176 Tolueno 1606 1179 729 Estireno 1601 1576 1449 1182 Etilbenzeno 2934 1744 1606 1496 1454 965 Anisol 2925 1601 1588 1454 1182 Isopropenilbenzeno 2922 1602 1444 1003 Ciclopropilbenzeno 1605 1582 1455 1220 1183 965 Cumeno 2927 1606 1452 Fenetol 2932 1602 1586 1173 (Alil-oxi)benzeno 2916 1587 1456 1228 1173 1004 831 Busca por hidroxila (alcoóis) Metanol 3347 1450 Etanol 2925 1455 Alil álcool 2925 1453 1233 1181 Propanol 2936 1456 1235 1017 969 2-propanol 3345 2933 1467 2-pentanol 3346 2933 1460 1231 832 743 3-hexanol 3356 2933 1456 1224 1001 742 Alfa-metilbenzil álcool 3364 2928 1601 1451 1178 1010 1-p-tolil etanol 3356 2926 1514 1451 1181 1010 817 729 2-fenil-1-propanol 3357 2952 1603 1453 1230 1193 1014 976 94 TAB. 15: Valores comuns de números de onda (cm-1) em compostos semelhantes à matriz Números de Onda Matriz 3359 2925 2162 1734 1606 1580 1508 1455 1232 1180 1009 966 827 737 Média 3353 2929 1604 1454 1178 961 831 Desvio padrão 7 8 2 5 4 6 8 Maior desvio da média 11 23 3 13 5 12 19 Pelo princípio físico que é empregado nas análises de FTIR, é possível inferir que estruturas químicas semelhantes, com grupos funcionais em posições parecidas, com ramificações aproximadamente iguais ou com cadeias abertas ou fechadas sendo tratadas geometricamente como parâmetros de similaridade, apresentem modos de vibração também semelhantes. Consequentemente, regiões de picos semelhantes serão indicadas no espectrograma, conforme se poderá observar na FIG. 4.8, pelos espectrogramas de FTIR dos compostos metano, etano, propano e butano. Tal análise foi obtida da base de dados do National Institute of Standards and Technology (NIST). FIG. 4.8: Comparação entre espectros de análise FTIR (NIST) 95 Por analogia, espera-se que estruturas que apresentem configurações geométricas mais complexas, embora resultem em espectrogramas mais complexos, também revelem padrões semelhantes devido aos modos vibracionais de suas partes constituintes. Tomando-se essa hipótese como verdadeira a partir do conhecimento de estruturas moleculares mais simples, as quais especula-se estarem presentes em uma estrutura mais complexa e desconhecida, será apresentada uma análise com a qual pretende-se concluir que tais estruturas simples realmente contribuem para o composto que se deseja caracterizar como resina epoxídica, apesar de se esperar alguns pequenos deslocamentos da faixa do número de onda, bem como da sua intensidade de absorbância. A FIG. 4.9 ilustra uma análise FTIR sobre o oxirano, característico das resinas epoxídicas. FIG. 4.9: FTIR oxirano (NIST) A análise evidencia picos bem definidos, dentro de determinadas faixas, segundo a TAB. 16. 96 TAB. 16: Valores dos números de onda (cm-1) em análise de FTIR do oxirano Números de Onda Pico 3096 3065 3034 3008 2928 1270 1142 867 Valor máximo da faixa 3149 1337 1195 960 Valor mínimo da faixa 2865 1200 1098 748 Observa-se que dos 14 picos destacados na análise da matriz, 2 deles (2925 e 827) encontram-se presentes nas regiões citadas do oxirano. Isso equivale a 14,3% dos picos encontrados na análise da matriz. Por similaridade de estrutura química, buscou-se o espectrograma FTIR do 2-propanol, conforme dados observados na FIG. 4.10 e na TAB. 17. FIG. 4.10: FTIR 2-propanol (NIST) TAB. 17: Valores dos números de onda (cm-1) em análise de FTIR do 2-propanol Números de Onda Pico 3655 2977 2888 1474 1380 1248 1151 1067 956 810 Valor máximo da faixa 3710 3040 2919 1530 1430 1300 1204 1106 1013 876 Valor mínimo da faixa 3600 2919 2570 1430 1300 1204 1106 1013 876 770 97 Similarmente à análise anterior, 3 picos (1455, 966 e 827) da matriz encontram-se na faixa dos picos do 2-propanol. Excluindo-se o pico com 827 cm -1, já computado e melhor definido anteriormente, obtêm-se outros 14,3% dos picos da matriz presentes na estrutura do 2-propanol. O espectro do etil-éter será apresentado na FIG. 4.11 e será feita uma análise semelhante às anteriores, com o auxílio da TAB. 18. FIG. 4.11: FTIR etil-éter (NIST) TAB. 18: Valores dos números de onda (cm-1) em análise de FTIR do etil-éter Números de Onda Pico 2980 2858 1976 1451 1393 1299 1130 1072 930 841 Valor máximo da faixa 3049 2920 2025 1580 1419 1322 1237 1099 974 894 Valor mínimo da faixa 2920 2648 1950 1419 1322 1237 1099 974 894 761 Neste caso, apenas o pico correspondente a 1455 cm -1 do composto da matriz se adequou relativamente bem ao espectrograma do etil-éter. Mas tal pico já encontra-se computado em análises anteriores. Por fim, será procedida a análise de um composto à base de benzeno. Será 98 apresentada na FIG. 4.12 a estrutura molecular do p-metil-anisol, com respectivo espectrograma na FIG. 4.13 e dados apresentados na TAB. 19. FIG. 4.13: FTIR p-metil-anisol (NIST) TAB. 19: Valores dos números de onda (cm-1) em análise de FTIR do p-metil-anisol Números de Onda Pico 2997 2936 2809 1615 1593 1515 1465 1294 1240 1178 1111 1040 813 747 Valor máximo da faixa 3301 2975 2837 1709 1604 1565 1487 1360 1272 1200 1134 1084 901 769 Valor mínimo da faixa 2975 2837 2754 1604 1565 1487 1360 1272 1200 1134 1084 901 769 730 Os valores apresentados na TAB. 19 permitem admitir que os picos de números de onda da matriz 2925, 1508, 1455, 1232 e 1180 cm -1 podem ser devidos a uma estrutura química com características semelhantes ao p-metil-anisol. Uma 99 FIG. 4.12: p-metil-anisol (NIST) vez que os valores 2925 e 1455 cm-1 também se encontram em outras estruturas químicas anteriormente analisadas, pode-se concluir que pelo menos 3 picos de números de onda podem ser devidos exclusivamente ao composto p-metil-anisol. Neste caso, a estrutura química do referido composto contribui com 21,4% dos picos dos números de onda encontrados no composto desconhecido. Um total de 50% dos picos dos números de onda encontrados no polímero que compõe a matriz são observados nas faixas de números de onda das estruturas químicas estudadas. A TAB. 14, contendo vários outros compostos químicos, também oferece indícios de que as estruturas oxirano, anel benzênico e grupamento hidroxila participam da composição do material da matriz. Uma comparação dos valores observados na FIG. 4.14 com tabelas apresentadas por Silverstein et al (2005) (FIG. 4.15) poderão reforçar os indícios já avaliados. FIG. 4.14: Análise dos picos (NIST) 100 FIG. 4.15: Diagrama de ocorrência de picos para diversos materiais (Silverstein et al, 2005) A FIG. 4.15 apresenta as faixas de números de onda onde há ocorrência de picos para diversos compostos químicos. Embora não seja possível definir com precisão suficiente a estrutura química do material em análise, é possível afirmar com razoável grau de certeza que o polímero apresentando as características constantes na FIG. 4.14 possui as estruturas mencionadas, tratando-se portanto de uma matriz derivada de uma resina epoxídica, em plena conformidade com as análises anteriormente realizadas. 101 4.2.9 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV) A FIG. 4.16 mostra uma micrografia de uma fibra, pela qual poderá ser estimado o seu diâmetro. Segundo tal micrografia, é possível estimar que uma fibra do material sob análise possui diâmetro em torno de 9 μm. Outras micrografias foram feitas a partir de uma amostra seccionada, conforme poderá ser visto nas FIG. 4.17, 4.18 e 4.19. A partir das imagens,será possível estimar a densidade de fibras no interior dos feixes (número de fibras por área da seção reta de um feixe). De posse dessas informações, sabendo-se as dimensões de um feixe, tornar-se-á viável estimar a quantidade média de fios por feixe, uma informação tecnológica considerada importante para estudos relacionados à resistência mecânica da fase dispersa. FIG. 4.16: Micrografia MEV de uma fibra A FIG. 4.17 foi obtida por um microscópio eletrônico de varredura, modelo JSM-5800, com aumento de 45 vezes, sobre uma porção do material medindo 2,93 mm de largura (referente à base da imagem). A largura do feixe de fibras foi estimada em 1,28 mm. 102 FIG. 4.17: Micrografia MEV de um feixe de fibras (vista superior) FIG. 4.18: Micrografia MEV da seção de um feixe de fibras Pelo mesmo processo de medição, em que uma secção do material foi aumentada 95 vezes, com largura da base da imagem de 1,39 mm, foi possível estimar a espessura do feixe de fibras em 0,1 mm. 103 FIG. 4.19: Micrografia MEV detalhando uma região do feixe de fibras A análise das FIG. 4.19 e 4.20 revela uma quantidade aproximada de 56 fibras numa área projetada de 5,16 x 10-9 m2, avaliada a partir de uma imagem de MEV com ampliação de 500 vezes e com 264 μm de comprimento da base (FIG. 4.20). Isso indica que a densidade planar de fibras em um feixe é estimada em 10,8 x 109 fibras/m2. FIG. 4.20: Área tomada como referência, em razão da nitidez da micrografia, para estimar-se a densidade planar de fibras 104 4.3 ENSAIOS MECÂNICOS 4.3.1 ENSAIO DE TRAÇÃO Embora tenham sido preparados 3 CP para o ensaio de tração, um CP extra foi ensaiado previamente para fins de ajuste do equipamento. Na FIG. 4.21, podem ser observados os 4 ensaios, na ordem de execução. FIG. 4.21: Resultados dos ensaios de tração Devido ao pequeno número de ensaios realizados, os resultados não podem ser considerados como uma propriedade do material. Entretanto, os valores obtidos podem fornecer uma representação qualitativa do material. Dos 3 ensaios seguindo as orientações da norma de referência, apenas o primeiro ensaio (em amarelo) foi válido para fins de análise da tensão máxima, devido ao seu modo de falha. Neste caso, a tensão de ruptura observada foi σult=241,56 MPa. A deformação transversal medida no momento da ruptura foi de 909,12 μm/m (compressiva), enquanto a deformação longitudinal foi de 0,026 m/m (trativa). Portanto, o coeficiente de Poisson encontrado foi ν=0,035. O baixo valor para o coeficiente de Poisson pode estar associado à verificação das deformações por um extensômetro posicionado apenas na direção transversal ao carregamento, ocasionando a verificação de deformações fora das direções principais. Para a 105 confirmação das direções principais, será necessária a repetição das medições com o uso de extensômetros multi-axiais, tipo roseta. A observação gráfica permite verificar que os CP com o mesmo número de camadas de tecido de reforço (CP2 e CP3) apresentaram igual inclinação, sendo maiores que a observada no CP4, contendo 4 camadas de fibras. Permite-se verificar então que o módulo de elasticidade longitudinal do material com 2 camadas foi de E=9,29 GPa. A norma de referência apresenta codificação para classificar os modos típicos de falha em ensaios de tração. A FIG. 4.22 ilustrará tais modos. FIG. 4.22: Codificação para modos típicos de falha (ASTM D3039) Observa-se na FIG. 4.23 a falha dos 3 CP normatizados, sendo classificados segundo a TAB. 20. 106 TAB. 20: Códigos para os CP ensaiados CP Código 1 LGM 2 LAT 3 LAT Em virtude das impressões devidas ao recartilhado, na região do agarramento, terem sido pouco profundas e semelhantes nos 3 CP, observou-se uma falha recorrente em dois ensaios submetidos às mesmas condições de repetibilidade. Um dos fatores que podem ter contribuído para a concentração de tensões na região do agarramento pode ser associado a possíveis desalinhamentos das garras e até mesmo do tipo de acessório inadequado para os ensaios em compósitos. Não foi observado nenhum fator que pudesse ter ocasionado a falha do CP número 1 exatamente sob a região de fixação do extensômetro, podendo este fato ser atribuído ao acaso. Os rompimentos prematuros inviabilizaram a coleta de mais dados relativos 107 FIG. 4.23: CP após o ensaio à tensão de ruptura, sendo necessária a execução de uma quantidade maior de ensaios em materiais sem histórico de utilização para se garantir a confiabilidade estatística dos resultados obtidos, visando à caracterização mecânica do material. É importante ressaltar que o material ensaiado foi amostrado a partir de um componente em serviço, com 3329,2 horas de voo, o que corresponderia a aproximadamente 78*106 ciclos de carregamento dinâmico, além de diversos carregamentos estáticos, quando a aeronave encontra-se em repouso. Consequentemente, o seu histórico de utilização pode ter introduzido danos que tenham alterado suas propriedades mecânicas. Portanto, os valores encontrados podem diferir de valores obtidos a partir de ensaios de materiais sem uso, demandando estudos mais aprofundados quanto à introdução da variável de dano nas propriedades mecânicas. 4.3.2 ENSAIO DE RESISTÊNCIA À FRATURA Em virtude da fratura ocorrer em modo frágil, o valor de comprimento da trinca no momento de pico de tensão foi considerado igual ao valor inicial, ou seja, 50% da largura. Os valores obtidos no ensaio serão apresentados na TAB. 21, com o respectivos valores calculados de KTL, a partir da EQ. 3.6. TAB. 21: Valores de K translaminar Ensaio Carga Máxima (N) KTL (MPa m1/2) 1 159 15,00 2 198 18,68 3 173 16,32 Média - 16,67 Desvio Padrão - 1,86 Após o ensaio, foi possível observar que a direção de propagação da trinca foi perpendicular à direção de aplicação da força, não havendo comportamento que inviabilizasse os ensaios. Aqui também se aplica tanto a questão já discutida acerca do histórico de utilização do material quanto a do pequeno número de amostras ensaiadas, embora 108 podendo representar qualitativamente o material em questão. Importante ressaltar que o valor de KTL é considerado KIc, e portanto um parâmetro característico do material, quando o CP ensaiado encontra-se no EPD. A FIG. 2.19 ilustra esquematicamente o aumento no valor de K quanto mais as dimensões do material se aproximam do EPT. A norma de referência recomenda que a largura do CP deve estar entre 25 e 50 mm. A espessura recomendada é de aproximadamente 2 mm. Em virtude da pequena espessura do material em estudo e da largura ter sido de 15 mm, o material pode não ter apresentado requisitos de EPD. Portanto, o valor calculado para KTL é crítico apenas para as condições apresentadas e os valores obtidos não são característicos do material, expressando propriedades exclusivas das amostras da região da qual foram retiradas. 4.3.3 ENSAIO DE FADIGA O primeiro ensaio, com carregamento máximo de 50% (2415,5 N) da carga de ruptura para um CP de 4 camadas apresentou falha prematura na região do furo de acoplamento, conforme pode ser observado na FIG. 4.24. Observou-se que o valor de carga para a região em que ocorreu a falha não poderia superar 483,10 N, o que demandou um novo ensaio, com outro CP, a um valor de 400 N. Este valor corresponde a 8,3% do carregamento nominal de ruptura. Após uma ciclagem com este novo valor de carga até aproximadamente 140000 ciclos, não foi observada nenhuma evidência de propagação da trinca. Em virtude do tipo de CP impor carregamentos muito baixos, com os quais não se tinha conhecimento sobre se permitiriam ou não a propagação de trinca de fadiga, optou-se por utilizar o método empregado na normaISO 12108. Por este 109 FIG. 4.24: CP de 4 camadas, com falha no furo de acoplamento método, o CP é acoplado ao equipamento por meio de garras e não de pinos passantes, o que permite a aplicação de carregamentos nominais muito superiores. Neste caso, o CP é denominado SENT e possui dimensões normatizadas diferentes daquelas definidas para o ESE(T). Uma imposição da norma é que a distância entre as garras seja de 4 vezes a largura, para que sejam aplicados os equacionamentos devidos ao fator de intensidade de tensões. A própria norma indica outras literaturas que apresentam equações para valores diferentes de “4W”, caso sejam necessárias. A FIG. 4.25 ilustra o método de acoplamento por garras. FIG. 4.25: CP tipo SENT acoplado por garras Uma vez que a pressão de agarramento é regulada pneumaticamente, foi necessário estabelecer um valor razoável de maneira a permitir o ensaio sem escorregamentos e também não esmagar o CP. Para tal, o artifício empregado foi comparar a impressão feita pelo recartilhado da garra com uma impressão obtida no ensaio de tração considerado válido. Uma pressão de 2 bar foi considerada suficiente para a execução dos ensaios. Após o ajuste dos parâmetros de ensaios, iniciaram-se os ensaios com os CP de 2 camadas de reforço. 110 Pré-trinca Para o primeiro ensaio, foi empregada uma carga máxima de 75% da carga de ruptura (1304 N). O CP falhou no primeiro ciclo de carregamento, com 760 N. A carga máxima foi definida em 25% da carga de ruptura (434,75 N) e o CP foi ensaiado até aproximadamente 140000 ciclos sem apresentar visualmente propagação da trinca. Elevou-se a carga para 35% da carga de ruptura (608,65 N) e o mesmo CP rompeu com 75833 ciclos, embora não tenha sido possível observar a evolução da trinca. A observação foi feita com iluminação indireta, incidindo-se a luz por trás do CP, como ilustra a FIG. 4.26. Um novo ensaio foi realizado com a mesma carga, porém, ao serem feitos 81100 ciclos sem observação de propagação de trinca, aumentou-se a carga máxima para 45% da carga de ruptura. A falha ocorreu 60 ciclos após, evidenciando que o valor de carga máxima ideal para aquele CP é de 35%. FIG. 4.26: Utilização da iluminação indireta para a visualização da trinca Um último ensaio com carga máxima de 35% foi realizado. O método empregado foi de alternância entre ciclos de 6,5 Hz por 30 min e 0,5 Hz por 5 min, buscando-se observar alguma evidência de propagação controlada de trinca. Foi possível observar uma mancha na direção 0° e 90°, na ponta da trinca, por volta dos 50000 ciclos. Em virtude do seu pequeno tamanho, não foi captada pela máquina fotográfica. No lado oposto, sem remoção da tinta de revestimento, observaram-se 3 trincas se propagando, mas não foi possível definir se tais trincas estavam 111 ocorrendo somente no revestimento ou se estavam presentes na matriz epoxídica. Aos 160000 ciclos aproximadamente o material apresentou um rápido aparecimento de vazios na região da linha de propagação da trinca (sem contudo ser possível ver a trinca) e rompeu. A FIG. 4.27 mostra o estado do CP após a falha por fadiga. FIG. 4.27: CP falhado após ensaio de fadiga Não foi possível levantar os parâmetros de fadiga para o material com o método empregado. Todavia, o experimento permitiu a verificação das condições de ensaio de fadiga em um CP com 2 camadas, como a pressão de agarramento, a norma a ser empregada, o tipo de CP, a carga máxima de cada ciclo, o número aproximado de ciclos até a falha e o método de acompanhamento do crescimento da trinca. Ressalta-se a necessidade do uso de uma máquina de ensaios de tração, com capacidade para executar ciclos de fadiga, com célula de carga com valores abaixo de 5 kN. É desejável uma máquina eletromecânica, em virtude da maior precisão de carga, devido à sua baixa oscilação sob uma condição de estabilidade. Face à dificuldade de observação da trinca e ao material não ser condutor de eletricidade (neste caso, não é possível medir o comprimento da trinca pelo método da diferença de potencial elétrico), é importante que sejam combinados os métodos da medição da abertura da pré-trinca com extensômetro (método da compliance) e o método da inspeção visual, com o auxílio de um estereoscópio acoplável ao equipamento de ensaios (microscópio de viagem). Uma possível dificuldade de visualização da trinca com equipamentos de grande poder de aumento deve-se ao seu posicionamento muito próximo às garras, o que poderá ser impeditivo para a focalização da trinca. Uma boa condição de iluminação também se faz necessária para a visualização da propagação. O material laminado possui camadas intercaladas de 112 matriz e de reforço, fato que não permitirá a passagem total da luz através da trinca, pois uma camada de matriz pode ter falhado enquanto a camada de reforço na mesma região se mantém íntegra, ou vice-versa. Portanto, uma fonte de luz intensa e concentrada é fundamental para se fazer a devida observação da trinca. 113 5 SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL Visando obter uma resposta estimada para os carregamentos envolvidos na pá sob condições estáticas, foi estabelecido um modelo computacional para posterior análise por MEF. Os dados serão apresentados inicialmente segundo um carregamento estático do componente. De posse do THM (HELIBRAS, 2003), foi possível coletar informações sobre a configuração geométrica da pá, conforme pode ser observado no extrato apresentado na FIG. 5.1. FIG. 5.1: Configuração geométrica da pá (THM) Em razão da dificuldade em se obter as propriedades mecânicas de cada material com os quais o componente é construído, optou-se por estimar uma propriedade global da pá, para a partir da sua resposta ao carregamento estático global, obter-se a distribuição local de tensões na região da ponta da trinca. Para tanto, foi feito em software de CAD Solidworks um modelo tridimensional do perfil tipo ONERA OA209 seguindo um caminho convolutivo com torção sobre um eixo longitudinal a 87,5 mm do bordo de ataque, como indicado pela FIG. 5.2. O THM (HELIBRAS, 2003) informa o peso da pá e no componente há a marcação feita pelo fabricante da posição do centro de gravidade, que encontra-se a 2430 mm da extremidade livre. 114 5 O website Airfoil Investigation Database fornece os pontos que compõem o perfil OA209, para uma corda de comprimento unitário. De posse desses dados, multiplicados por 350, devido ao comprimento da corda do perfil real medir 350 mm, obteve-se o perfil teórico da região aerodinâmica em estudo. Os dados são apresentados na FIG. 5.3, cujos pontos encontram-se discriminados no Apêndice IV. Tomando-se tais pontos em grupos distintos, foram ajustadas curvas para a geração do perfil ideal. As curvas são apresentadas na TAB. 22, seguindo a ordem em que os pares ordenados para uma corda de 350 mm são apresentados na planilha. FIG. 5.3: Perfil ONERA 209 (Airfoil Investigation Database) 115 FIG. 5.2: Representação tridimensional da pá TAB. 22: Ajuste de curvas para o perfil teórico ONERA 209 Trecho x (mm) y (mm) Equação R2 1 350 0,88025 y=0,0044x2-3,0555x+525,88 0,9979 328,5415 1,7171 2 321,6969 2,61415 y=-3E-07x3-0,0002x2+0,0307x+19,465 1 85,55365 20,67065 3 76,9979 20,62655 y=20,43061-18,70034*0,94434x 0,99138 0 0 4 0 0 y=3,25403*exp(-x/1,90788)+1,08805*exp(- x/0,09488)-4,34549 0,999663,423 -3,8192 5 5,4768 -4,4135 y=6E-06x4-0,0005x3+0,0182x2-0,3822x-2,791 1 29,09095 -7,05775 6 32,51325 -7,31185 Y=4,78456*exp(-x/51,49415)+4,78456*exp(- x/51,49423)-12,27668 0,99729154,0067 -11,6974 7 162,5624 -11,6792 y=0,0004x2-0,1096x-3,179 1 321,6976 -1,94285 8 328,5422 -1,37515 y = 2E-05x3-0,0255x2+9,3642x-1142 1 350 -0,8778 Devidoa desalinhamentos que ocorrem nas extremidades das curvas obtidas, alguns recursos de alinhamento por tangência de retas e emprego de curvas suaves foram utilizados nessas regiões. Tais recursos não seriam necessários se o perfil fosse traçado interligando-se ponto a ponto, o que todavia seria um trabalho que demandaria elevado esforço de inserção de dados no modelo em CAD. Foram feitas as seguintes considerações, para o estudo do carregamento estático: • A região da raiz e da transição possuem rigidez muito mais elevada que a presente na região do perfil aerodinâmico (FIG. 5.4); • A região do perfil aerodinâmico é engastada à região de transição com a raiz como uma viga em balanço; • Para fins de carregamento do peso-próprio, desconsiderou-se a torção de projeto do perfil aerodinâmico, assumindo-se a linha contendo o CG como um eixo paralelo ao eixo de torção; • Na direção longitudinal, uma secção qualquer da região do perfil 116 aerodinâmico possui a mesma composição das suas análogas, garantindo a mesma distribuição de massa por unidade de comprimento ao longo dessa direção para a obtenção de um valor médio; • O enchimento de espuma de isocianato alquídico possui densidade extremamente baixa, conferindo à região da cauda (FIG. 5.5) do perfil aerodinâmico uma alta relação resistência-peso quando combinada com o revestimento feito pelo compósito em estudo. Portanto, a região da cauda é considerada indeformável por ação do seu peso-próprio; • A região da cauda do perfil aerodinâmico deforma-se ao longo da direção longitudinal da pá com a corda retilínea e perpendicular ao eixo de torção; • O perfil aerodinâmico é modelado como um material de comportamento elástico global, homogêneo e isotrópico. A FIG. 5.6 indica os materiais que compõem as diversas regiões da pá. 117 FIG. 5.4: Região de elevada rigidez Figura 5.5: Secção da pá contendo o perfil aerodinâmico Para a verificação da distribuição de massa na direção da corda, foram utilizados dados coletados em campo, segundo o esboço ilustrado pela FIG. 5.7. Segundo medições realizadas no material, observou-se que o CG de uma secção de perfil aerodinâmico está posicionado a 272 mm do bordo de fuga, a uma altura de 17 mm. A referida secção, com 20 mm de largura, apresentou massa de 111,47 g, o que confere ao perfil aerodinâmico uma carga distribuída vertical (peso-próprio) no valor de 5,5735 g/mm, atuando sobre o “eixo” que contém o CG de cada secção infinitesimal. Para o estabelecimento do módulo de elasticidade global do componente, 118 FIG. 5.7: Esboço do perfil real, obtido a partir de uma seção aerodinâmica FIG. 5.6: Materiais que compõem a pá (THM - HELIBRAS, 2003) foram levantados pontos na pá, em condições distintas, a saber: • 11 pontos no bordo de fuga, com a pá na horizontal (FIG. 5.8); • Os mesmos 11 pontos com a pá submetida à ação do seu peso próprio, acoplada à aeronave (FIG. 5.9), simulando um carregamento de viga engastada, conforme representação computacional apresentada na FIG. 5.10; • Com a pá carregada em sua extremidade livre pelo sistema de ancoragem, os mesmos pontos foram medidos, com o apoio de uma estação total. Os pontos medidos encontram-se relatados nos apêndices 5 e 6. 119 FIG. 5.8: Execução das medições da pá, na horizontal FIG. 5.9: Acoplamento da pá na aeronave para medição dos pontos de interesse Estabeleceu-se a diferença entre os valores da pá na horizontal e sob flexão. O ponto de número 11 (mais próximo à extremidade livre) apresentou uma variação de 605 mm. A partir do modelo em CAD, a região de interesse foi exportada para o software ANSYS 12.1 para que fosse estimado um valor relativo ao módulo de elasticidade e ao coeficiente de Poisson. Um valor inicial de 207 GPa, com ν=0,3, típico do aço, foi inserido para verificar o comportamento do material. Complementarmente, buscou-se estabelecer uma malha mapeada com elementos hexaédricos e tetraédricos de 10 mm, apresentando 218028 nós e 42510 elementos, como pode-se observar na FIG. 5.11. Para a execução dos cálculos, foram empregadas as ferramentas virtual topology e cálculo de grandes deflexões. A primeira refere-se à suavização das regiões de transição entre as curvas ajustadas, como anteriormente explicado, evitando com isso que arestas provenientes do modelo CAD pudessem influenciar no processo de geração de malha. A segunda ferramenta permite que a cada iteração o modelo tenha sua matriz de rigidez recalculada, por se tratar de cálculos com não-linearidade geométrica. 120 FIG. 5.10: Carga distribuída sobre o CG Após serem feitas várias execuções do modelo, alterando-se o valor do módulo de elasticidade, foi possível concluir que um valor de E=5,54 GPa adéqua o modelo deformado com boa precisão comparado com a deflexão real. A FIG. 5.12 ilustrará tal comparação. 121 FIG. 5.11: Malha do modelo FIG. 5.12: Comparação ilustrativa entre o modelo computacional e o componente real A FIG. 5.13 apresentará a representação computacional dos valores da distribuição de deslocamentos na direção vertical do modelo. Segundo o modelo sugerido, a análise resultou no campo de deformações ao longo da superfície do extradorso, conforme a FIG. 5.14. Observa-se que a trinca ocorre comumente a 470 mm do início do perfil aerodinâmico, propagando-se do bordo de fuga para o bordo de ataque. A FIG. 5.15 destacará esta região a fim de poderem ser analisadas as deformações locais, ocasionadas pela deflexão em estudo. 122 FIG. 5.13: Deslocamentos devidos ao peso-próprio FIG. 5.14: Campo de deformações na direção longitudinal Região da trinca Dos dados apresentados, é possível observar que há uma grande variação nas deformações ao longo da linha onde se localiza a trinca, a partir do ponto onde se localiza sua nucleação (próximo ao bordo de fuga). Internamente, a pá real possui composição como ilustrada pela FIG. 5.6. Assumir-se-á que uma trinca passante sobre o revestimento, com extensão do bordo de fuga até a longarina em fibra de vidro indisponibiliza catastroficamente o componente. Tal região possui comprimento de 165 mm (descontando-se a região “E”), de acordo com a FIG. 5.16. 123 FIG. 5.15: Intensidade de deformações longitudinais na região da trinca FIG. 5.16: Dimensões da cauda da pá (HELIBRAS, 2010) Bordo de ataque Bordo de fuga Direção e sentido de propagação da trinca A análise a seguir estimará o comprimento crítico de uma trinca que se propaga até 165 mm, a partir de um carregamento nominal monotônico conhecido. Serão assumidas as seguintes hipóteses: • Devido à alta resistência mecânica do revestimento em relação ao enchimento, a falha ocorre se uma trinca simplesmente transpassar o revestimento, sem necessariamente penetrar no enchimento; • Os efeitos de aumento da resistência à fratura devidos à fixação adesiva entre o revestimento e o enchimento serão desprezados; • O modo I de abertura de trinca será predominante sobre os demais modos; • Não ocorrerá delaminação; • O revestimento será considerado uma placa plana, sem efeitos de curvatura; • Esta placa será submetida a condições de carregamento semelhantes a um CP tipo SENT. O Manual de Manutenção (HELIBRAS, 2010) considera aceitável, porém com necessidade de manutenção, uma trinca nesta região com comprimento máximo de 100 mm. O valor aproximado de deformação obtido pela análise MEF na ponta de uma trinca de 100 mm é de ε=1,5 x 10-3. Dos dados obtidos no ensaio de tração do material de interesse, a deformação citada corresponde a uma tensão nominal de σ=13,935 MPa. Anderson (1994) apresenta a expressão (modificada) descrita nas EQ. 5.1 e 5.2 para o fator de forma“Y”, a ser aplicado na EQ. 2.48. Y=√ Wπa f ( aW ) (5.1) f ( aW )=√ 2 tan πa 2W cos πa 2W [0,752+2,02( aW )+0,37(1−sen π a2W) 3] (5.2) A TAB. 23 apresentará os dados de entrada. 124 TAB. 23: Dados de entrada Kc (MPa m1/2) σc (MPa) W (m) 16,67 13,935 0,165 Para tais valores e para o material da região estudada, o comprimento crítico de trinca ac=75,13 mm. Este valor é menor do que o verificado normalmente nas pás. Pode-se concluir que outros fatores influenciam no mecanismo de resistência à fratura, como a fixação adesiva entre a camada de revestimento e a espuma de enchimento. O carregamento distribuído exclusivamente sobre uma linha ao longo da direção longitudinal (e não sobre toda a superfície do extradorso) pode ter intensificado as deformações nas proximidades da região de sua aplicação, o que pode ter contribuído para superestimar as tensões associadas à região de interesse (ponta da trinca). Além disso, o critério adotado como limite para a propagação da trinca (165 mm) pode ter sido excessivamente conservador, requerendo maiores estudos quanto a condições mais realísticas de aceptabilidade do comprimento de trinca na região de interesse. Portanto, o valor de a c deverá ser melhor examinado. 125 6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES 6.1 CONCLUSÕES A análise apresentada neste trabalho, com base nos resultados experimentais e no modelo computacional, aliados às informações presentes na literatura, permite concluir que: • A rotina computacional implementada no código Scilab (Apêndice I – Pág. 135) apresentou resultados condizentes com os constantes na literatura. Esta rotina permite realizar cálculos e projetos para placas laminadas, com fibras unidirecionais, com múltiplas camadas, submetidas a carregamentos em termos de forças e momentos; • A caracterização físico-química permite afirmar que o material da pá do rotor principal do helicóptero é um material compósito estrutural laminado de matriz epoxídica reforçado com fibras de vidro; • Os resultados do ensaio de dureza (Pág. 85) mostram um valor de dureza na escala Shore D com média igual a 92,5 e desvio padrão 0,4, concluindo que o polímero é plástico, como esperado para uma matriz epoxídica; • O compósito apresenta uma densidade igual a 1,78 g/cm3, sendo que a fase matriz apresentou um valor de percentual volumétrico de 52,81%, com um percentual em massa de 32,66% e massa específica de 1,11 g/cm3. Os percentuais volumétricos obtidos são valores teóricos relativos a um compósito ideal, no qual há ausência de poros e de vazios. É recomendável a execução dos ensaios para a determinação do percentual volumétrico dessas descontinuidades (ensaio de digestão ácida e/ou de ultrassom) para melhor caracterização do material; • Os valores obtidos de massa específica (0,76 g/cm3 para a malha com fibras a 90° e 0,80 g/cm3 para a malha a 45°) divergem daqueles encontrados na literatura (Pág. 87) para a fibra de vidro tipo “E”, provavelmente porque a espessura das camadas foi obtida a partir das amostras de fibras bidirecionais, o que causa 126 6 superposição dos feixes, não condizendo com a espessura real da fibra; • Os resultados da Análise Termogravimétrica – TGA (Pág. 91) e da Espectroscopia Infravermelha por Transformada de Fourier – FTIR (Pág. 100) confirmam que o material constituinte da fase matriz é uma resina epoxídica, embora não seja possível definir com exatidão a estrutura química do material em análise; • As amostras submetidas a Microscopia Eletrônica de Varredura – MEV (Pág. 102) indicam que a largura do feixe de fibras é de 1,28 mm com uma espessura de 0,1 mm. A densidade planar de fibras é estimada em 10,8 x 109 fibras/m2; • Os ensaios mecânicos de tração (Pág. 105) indicam uma tensão de ruptura igual a σult=241,6 MPa, um módulo de elasticidade E=9,29 GPa, com uma deformação transversal igual a 909,1 μm/m e uma deformação longitudinal de 0,026 m/m, com um coeficiente de Poisson de ν=0,035, caracterizando uma fratura frágil com pouca deformação longitudinal na ruptura; • O valor médio de tenacidade a fratura para o material da região estudada (Pág. 108) é de KC=16,67 MPa m 1/2 com desvio padrão de 1,86; • Os valores obtidos nos ensaios mecânicos foram realizados com amostras retiradas de componente que já havia apresentado um histórico de utilização, com falhas em serviço, razão pela qual estes valores devem ser utilizados com o devido cuidado. Observa-se também a necessidade de execução de ensaios em uma quantidade maior de amostras, retiradas de material novo, para garantir a confiabilidade estatística dos dados; • Os valores obtidos com as amostras em ensaio de fadiga (Pág. 109 a 113) foram inconclusivos, não permitindo a obtenção da taxa de propagação da trinca. Não foi possível observar o crescimento da trinca com o equipamento disponível. É necessário disponibilizar um equipamento adequado para realizar este tipo de teste com materiais compósitos; • O módulo de elasticidade global da pá foi estimado em E=5,54 GPa, como resultado da deflexão por ação do peso próprio. Tal valor se adéqua bem a um componente composto basicamente por materiais de mesma natureza 127 (compósitos com fibra de vidro, como ilustrado na FIG. 5.6, presentes na longarina e no revestimento) preenchido por um material que apresenta evidentemente menor módulo de elasticidade (espuma de isocianato alquídico). Neste caso, a estrutura apresentando tal combinação obrigatoriamente deveria apresentar um valor inferior de módulo de elasticidade; • Os resultados obtidos com a simulação computacional, utilizando um modelo com carregamento estático, mostram que uma vez iniciada a falha, os esforços originados pelo próprio peso são capazes de promover o crescimento da trinca. Este fato será certamente agravado se houver um esforço adicional devido à ancoragem das pás, uma vez que aumentam a deflexão e, consequentemente, a tensão trativa no extradorso; • O comprimento crítico de trinca para as dimensões estabelecidas como limites falha catastrófica da pá foi de cerca de ac=75 mm. Este valor está abaixo daquele normatizado e observado como máximo admissível. Isto implica que as hipóteses relativas ao valor máximo que a trinca pode atingir causando a destruição do componente e à ausência de influência do revestimento podem ter sido definidas de maneira excessivamente conservadoras, necessitando serem revistas e submetidas a novas análises. 6.2 SUGESTÕES Visando a aprofundar o estudo realizado e a refinar os resultados obtidos, as seguintes sugestões são apresentadas: • Repetir os ensaios mecânicos com material coletado de componentes sem uso, visando caracterizar o material sob o enfoque das suas propriedades mecânicas; • Analisar o comportamento em fadiga utilizando equipamento de ensaio adequado e com emprego de extensômetro de lâminas, tipo clip-gage, com o objetivo de medir o crescimento da trinca; • Verificar a degradação sob a influência da temperatura, da umidade e da incidência de raios solares sobre a propriedades mecânicas do material compósito; 128 • Realizar um estudo para estabelecer um critério de falha realístico para o comprimento crítico da trinca; • Analisar a influência do histórico de carregamento (dano) sobre o comportamento mecânico do material compósito; • Comparar as análises físico-químicas realizadas para a caracterização do epóxi com as de outros materiais poliméricos de emprego na aviação, verificando possíveis semelhanças entre materiais diferentes; • Estabelecer uma simulação computacional para um modelo estático, considerando a carga distribuída sobre toda a superfície do extradorso, a fim de que efeitostorcionais por ação do peso-próprio sejam verificados; • Estabelecer uma simulação computacional para um modelo de carregamento dinâmico, conjugando dados existentes na literatura com os dados de um modelo estocástico. 129 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Airfoil Investigation Database (AID). 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Tese (Doutorado em Engenharia de Materiais) – Instituto Militar de Engenharia, 2010. 133 8 APÊNDICES 134 8 8.1 APÊNDICE I: ROTINA EM SCILAB //Programa Laminados 2-D //Limpeza de variáveis clear; clearglobal(); clc; h=input("Informe a espessura do composito, em mm "); h=h*(1e-3) k=input("Informe o numero de camadas "); //Todas as camadas tem a mesma espessura //Computa numero de camadas de mesma espessura acima do plano medio //Numero par de camadas kmp=k/2 m=modulo(k,2) if m==0 then t=h/k for i=1:kmp //Elemento superior da pilha eh o primeiro elemento do vetor //Valores relativos ao topo da camada //Posicoes acima do plano medio apresentam valores negativos hvaux1(i)=-(h/2-(i-1)*t) hvaux2(i)=-hvaux1(i) end //Invertendo a posicao dos elementos do vetor auxiliar 2 for j=1:(kmp/2) l=kmp-j+1 auxj=hvaux2(j) hvaux2(j)=hvaux2(l) hvaux2(l)=auxj end //Vetor com todas as posições dos topos das camadas hv=[hvaux1 hvaux2] else //Numero impar de camadas kmp=k/2 //Espessura da camada dividida pelo plano médio t=h/k for i=1:kmp //Elemento superior da pilha eh o primeiro elemento do vetor //Valores relativos ao topo da camada //Posicoes acima do plano medio apresentam valores negativos hvaux1(i)=-(h/2-(i-1)*t) hvaux2(i)=-hvaux1(i) end //Invertendo a posicao dos elementos do vetor auxiliar 2 for j=1:(kmp/2) l=kmp-j+1 135 auxj=hvaux2(j) hvaux2(j)=hvaux2(l) hvaux2(l)=auxj end //Vetor com todas as posições dos topos das camadas hv=[hvaux1 -t/2 t/2 hvaux2] end //Propriedades mecanicas das camadas printf('Propriedades mecanicas das camadas \n') R=[1 0 0;0 1 0;0 0 2]; ig=input('As camadas tem propriedades mecanicas iguais? (1) para SIM, (0) para NAO' ) select ig case 0 then MT=zeros(3,3,1) MQb=zeros(3,3,1) for j=1:k printf('Esta e a camada %f',j) theta=input('Informe o angulo entre os sistemas global e local, em graus ') E1=input("Informe o valor de E na direcao 1, em GPa ") E1=E1*1e9 E2=input("Informe o valor de E na direcao 2, em GPa ") E2=E2*1e9 ST1=input("Informeo valor de Tensao Ultima de Tracao na direcao 1, em MPa ") ST1=ST1*1e6 ST2=input("Informe o valor de Tensao Ultima de Tracao na direcao 2, em MPa ") ST2=ST2*1e6 SC1=input("Informe o valor de Tensao Ultima de Compressao na direcao 1, em MPa ") SC1=SC1*1e6 SC2=input("Informe o valor de Tensao Ultima de Compressao na direcao 2, em MPa ") SC2=SC2*1e6 SS=input("Informe o valor de Tensao Ultima de Cisalhamento, em MPa ") SS=SS*1e6 G12=input("Informe o valor do Modulo de Cisalhamento no plano 1-2, em GPa ") G12=G12*1e9 v12=input("Informe o valor do Coef Poisson no plano 1-2 ") vv=input("v12=v21? (1) para SIM, (0) para NAO ") select vv case 1 then v21=v12 case 0 then v21=input("Informe o valor do Coef Poisson no plano 2-1 ") else break end Aux1=(1-v12*v21) 136 Q11=E1/Aux1 Q22=E2/Aux1 Q12=Q22*v12 Q66=G12 Q=[Q11 Q12 0;Q12 Q22 0; 0 0 Q66] Aux2=cosd(theta))^2 Aux3=sind(theta))^2 Aux4=((sind(theta))*(cosd(theta)) T=[Aux2 Aux3 2*Aux4;Aux3 Aux2 -2*Aux4;-Aux4 Aux4 Aux2-Aux3] //Matriz de T em camadas MT(:,:,j)=T Qb=inv(T)*Q*R*T*inv(R) //Matriz de propriedades P(j,:)=[theta E1 E2 ST1 ST2 SC1 SC2 SS G12 v12 v21] //Matriz de Qb em camadas MQb(:,:,j)=Qb end case 1 then E1=input("Informe o valor de E na direcao 1, em GPa ") E1=E1*1e9 E2=input("Informe o valor de E na direcao 2, em GPa ") E2=E2*1e9 ST1=input("Informe o valor de Tensao Ultima de Tracao na direcao 1, em MPa ") ST1=ST1*1e6 ST2=input("Informe o valor de Tensao Ultima de Tracao na direcao 2, em MPa ") ST2=ST2*1e6 SC1=input("Informe o valor de Tensao Ultima de Compressao na direcao 1, em MPa ") SC1=SC1*1e6 SC2=input("Informe o valor de Tensao Ultima de Compressao na direcao 2, em MPa ") SC2=SC2*1e6 SS=input("Informe o valor de Tensao Ultima de Cisalhamento, em MPa ") SS=SS*1e6 G12=input("Informe o valor do Modulo de Cisalhamento no plano 1-2, em GPa ") G12=G12*1e9 v12=input("Informe o valor do Coef Poisson no plano 1-2 ") vv=input("v12=v21? (1) para SIM, (0) para NAO ") select vv case 1 then v21=v12 case 0 then v21=input("Informe o valor do Coef Poisson no plano 2-1 ") else break end Aux1=(1-v12*v21) Q11=E1/Aux1 137 Q22=E2/Aux1 Q12=Q22*v12 Q66=G12 Q=[Q11 Q12 0;Q12 Q22 0; 0 0 Q66] MT=zeros(3,3,1) MQb=zeros(3,3,1) for j=1:k printf('Esta e a camada %f',j) theta=input('Informe o angulo entre os sistemas global e local, em graus ') Aux2=(cosd(theta))^2 Aux3=(sind(theta))^2 Aux4=(sind(theta))*(cosd(theta)) T=[Aux2 Aux3 2*Aux4;Aux3 Aux2 -2*Aux4;-Aux4 Aux4 Aux2-Aux3] //Matriz de T em camadas MT(:,:,j)=T Qb=inv(T)*Q*R*T*inv(R) //Matriz de propriedades P(j,:)=[theta E1 E2 ST1 ST2 SC1 SC2 SS G12 v12 v21] //Matriz de Qb em camadas MQb(:,:,j)=Qb end else break end //Calculo de A, B e D A=zeros(3,3) B=A D=A for l=1:k A=A+MQb(:,:,l)*(hv(l+1)-hv(l)) B=B+MQb(:,:,l)*((hv(l+1))^2-(hv(l))^2) D=D+MQb(:,:,l)*((hv(l+1))^3-(hv(l))^3) end B=(1/2)*B D=(1/3)*D Nx=input("Entre com o valor da forca Nx, em N/m ") Ny=input("Entre com o valor da forca Ny, em N/m ") Nxy=input("Entre com o valor da forca Nxy, em N/m ") Mx=input("Entre com o valor do momento Mx, em N*m/m ") My=input("Entre com o valor do momento My, em N*m/m ") Mxy=input("Entre com o valor do momento Mxy, em N*m/m ") N=[Nx;Ny;Nxy] M=[Mx;My;Mxy] //Invertendo a equacao constitutiva para calcular as deformacoes e curvaturas no plano medio ek=inv([A B;B D])*[N;M] //Posicao z do topo, meio e base de cada camada z=zeros(1,3) 138 for i=1:k z(i,:)=[hv(i) (hv(i)+hv(i+1))/2 hv(i+1)] end //Calculando as deformacoes por camadas, no sistema global epsg=zeros(3,3,1) for i=1:k for j=1:3 epsg(j,:,i)=(ek(1:3)+z(i,j)*ek(4:6))' end end //Calculando as deformacoes para cada camada, no sistema local epsl=zeros(3,3,1) for i=1:k for j=1:3 epsl(j,:,i)=R*MT(:,:,i)*inv(R)*epsg(j,:,i)' end end //Calculando as tensoes por camadas, no sistema local sigl=zeros(3,3,1) for i=1:k for j=1:3 sigl(j,:,i)=[Q11 Q12 0;Q12 Q22 0;0 0 Q66]*epsl(j,:,i)' end end //Calculando as tensões por camadas, no sistema global for i=1:k for j=1:3 sigg(j,:,i)=inv(MT(:,:,i))*sigl(j,:,i)' end end //Criterio de falha de Tsai-Wu para as tensões locais H1=inv(ST1)-inv(SC1) H2=inv(ST2)-inv(SC2) H6=0 H11=inv(ST1*SC1) H22=inv(ST2*SC2) H66=inv(SS^2) H12=-(1/2)*sqrt(inv(ST1*SC1*ST2*SC2)) //Linhas da matriz TW sao os valores de SR para as regiões superiores, medianas e inferiores, de cada camada TW=zeros(3,3,1) MSR=zeros(1,3) for i=1:k for j=1:3 Aux11=H1*sigl(j,1,i)+H2*sigl(j,2,i)+H6*sigl(j,3,i) Aux12=H11*sigl(j,1,i)^2+H22*sigl(j,2,i)^2+H66*sigl(j,3,i)^2+2*H12*sigl(j,1,i)*sigl(j, 2,i) Aux13=poly([-1 Aux11 Aux12],'SR','coeff') 139 Aux14=roots(Aux13)/1000 MSR(i,j)=Aux14(1); end end 140 8.2 APÊNDICE II: COMPARAÇÃO DE DADOS FIG. 8.1: Resultados de deformações globais obtidos por Kaw (1997) e Ramsaroop e Kanny (2010) TAB. 24: Resultados de deformações globais obtidos pelo programa Laminados 2-D Deformações Globais (10-6 m/m) Camada Posição εx εy γxy 1 Superior 0.0889857 5.5326349 - 3.6837576 Média 0.1502314 4.7850653 - 2.6971109 Inferior 0.2114771 4.0374957 - 1.7104643 2 Superior 0.2114771 4.0374957 - 1.7104643 Média 0.2727229 3.2899261 - 0.7238176 Inferior 0.3339686 2.5423565 0.2628291 3 Superior 0.3339686 2.5423565 0.2628291 Média 0.3952143 1.7947869 1.2494758 Inferior 0.45646 1.0472173 2.2361225 141 FIG. 8.2: Resultados de tensões globais obtidos por Kaw (1997) e Ramsaroop e Kanny (2010) TAB. 25: Resultados de tensões globais obtidos pelo programa Laminados 2-D Tensões Globais (104 Pa) Camada Posição σx σy τxy 1 Superior 3.4790072 6.2112385 - 2.6412542 Média 4.4479182 5.3949045 - 1.9338285 Inferior 5.4168293 4.5785705 - 1.2264029 2 Superior 6.7662461 7.2271914 3.1258643 Média 10.633982 7.6800082 5.7862444 Inferior 14.501717 8.1328251 8.4466244 3 Superior 12.575839 15.742667 - 11.996134 Média 4.9181002 6.9250873 - 3.8524158 Inferior - 2.7396383 - 1.8924924 4.2913021 142 TAB. 26: Resultados de deformações locais obtidos pelo programa Laminados 2-D Deformações Locais (10-6 m/m) Camada Posição ε1 ε2 γ12 1 Superior 0.0889857 5.5326349 - 3.6837576 Média 0.1502314 4.7850653 - 2.6971109 Inferior 0.2114771 4.0374957 - 1.7104643 2 Superior 0.4273290 3.8216438 2.4581971 Média 0.7136014 2.8490475 2.2510658 Inferior 0.9998739 1.8764512 2.0439346 3 Superior 1.306748 1.5695771 - 2.2083879 Média 0.4702627 1.7197385 - 1.3995726 Inferior - 0.3662226 1.8698999 - 0.5907573 143 FIG. 8.3: Resultados de deformações locais obtidos por Kaw (1997) e Ramsaroop e Kanny (2010) TAB. 27: Resultados de tensões locais obtidos pelo programa Laminados 2-D Tensões Locais (104 Pa) Camada Posição σ1 σ2 τ12 1 Superior 3.4790072 6.2112385 - 2.6412542 Média 4.4479182 5.3949045 - 1.9338285 Inferior 5.4168293 4.5785705 - 1.2264029 2 Superior 9.5885604 4.4048772 1.7625273 Média 14.906523 3.407467 1.6140142 Inferior 20.224485 2.4100568 1.4655011 3 Superior 26.155387 2.163119 - 1.5834141 Média 9.7740096 2.0691779 - 1.0034935 Inferior - 6.6073674 1.9752368 - 0.4235730 144 FIG. 8.4: Resultados de tensões locais obtidos por Kaw (1997) e Ramsaroop e Kanny (2010) TAB. 28: Razão de carga (SR) calculada pelo programa Laminados 2-D Posicionamento na camada Ângulo da camada Superior Média Inferior 0° 0.6151229 0.7196737 0.8639926 30° 0.8819268 1.1321697 1.5494638 -45° 1.6453688 1.8611584 1.9297937 145 FIG. 8.5: Razão de carga (SR) obtida por Ramsaroop e Kanny (2010) 8.3 APÊNDICE III: DESENHO DO ACOPLAMENTO 146 8.4 APÊNDICE IV: PONTOS TEÓRICOS DO PERFIL ONERA OA209 Corda unitária Corda 350 mm 1 0,002515 350 0,880250,977804 0,001981 342,2314 0,69335 0,951108 0,003581 332,8878 1,25335 0,93869 0,004906 328,5415 1,7171 0,919134 0,007469 321,6969 2,61415 0,899577 0,010363 314,85195 3,62705 0,88002 0,013359 308,007 4,67565 0,870242 0,01484 304,5847 5,194 0,850685 0,017712 297,73975 6,1992 0,831129 0,020444 290,89515 7,1554 0,806683 0,023675 282,33905 8,28625 0,782238 0,026731 273,7833 9,35585 0,757792 0,029638 265,2272 10,3733 0,733347 0,032409 256,67145 11,34315 0,708901 0,035044 248,11535 12,2654 0,684455 0,037536 239,55925 13,1376 0,660009 0,039882 231,00315 13,9587 0,635564 0,042079 222,4474 14,72765 0,611118 0,04413 213,8913 15,4455 0,586673 0,046039 205,33555 16,11365 0,562228 0,047807 196,7798 16,73245 0,537782 0,049435 188,2237 17,30225 0,513337 0,05092 179,66795 17,822 0,488892 0,052254 171,1122 18,2889 0,464446 0,053431 162,5561 18,70085 0,440001 0,054454 154,00035 19,0589 0,415556 0,055334 145,4446 19,3669 0,39111 0,056099 136,8885 19,63465 0,366665 0,056785 128,33275 19,87475 0,34222 0,057418 119,777 20,0963 0,317775 0,058003 111,22125 20,30105 0,293329 0,058513 102,66515 20,47955 0,268884 0,05889 94,1094 20,6115 0,244439 0,059059 85,55365 20,67065 0,219994 0,058933 76,9979 20,62655 0,195549 0,058414 68,44215 20,4449 0,171105 0,057387 59,88675 20,08545 0,146659 0,055714 51,33065 19,4999 147 0,122215 0,053221 42,77525 18,62735 0,092881 0,048797 32,50835 17,07895 0,083104 0,046874 29,0864 16,4059 0,073326 0,044669 25,6641 15,63415 0,063549 0,042132 22,24215 14,7462 0,053771 0,039195 18,81985 13,71825 0,044972 0,036138 15,7402 12,6483 0,039105 0,033839 13,68675 11,84365 0,035195 0,032173 12,31825 11,26055 0,029328 0,029445 10,2648 10,30575 0,022484 0,025845 7,8694 9,04575 0,015641 0,021618 5,47435 7,5663 0,009775 0,017155 3,42125 6,00425 0,007037 0,014584 2,46295 5,1044 0,004887 0,012159 1,71045 4,25565 0,001759 0,007224 0,61565 2,5284 0,000781 0,004747 0,27335 1,66145 0,000292 0,002855 0,1022 0,99925 0 0 0 0 0 0 0 0 0,000293 -0,002597 0,10255 -0,90895 0,000783 -0,004076 0,27405 -1,4266 0,001761 -0,005787 0,61635 -2,02545 0,004891 -0,00862 1,71185 -3,017 0,007042 -0,009794 2,4647 -3,4279 0,00978 -0,010912 3,423 -3,8192 0,015648 -0,01261 5,4768 -4,4135 0,022492 -0,014008 7,8722 -4,9028 0,029337 -0,015091 10,26795 -5,28185 0,035204 -0,015868 12,3214 -5,5538 0,039115 -0,016331 13,69025 -5,71585 0,044982 -0,01696 15,7437 -5,936 0,053782 -0,017799 18,8237 -6,22965 0,063561 -0,018638 22,24635 -6,5233 0,073339 -0,019419 25,66865 -6,79665 0,083117 -0,020165 29,09095 -7,05775 0,092895 -0,020891 32,51325 -7,31185 0,12223 -0,022991 42,7805 -8,04685 0,146675 -0,024669 51,33625 -8,63415 0,171121 -0,026259 59,89235 -9,19065 0,195567 -0,027717 68,44845 -9,70095 148 0,220012 -0,029 77,0042 -10,15 0,244457 -0,030072 85,55995 -10,5252 0,268902 -0,030924 94,1157 -10,8234 0,293347 -0,031579 102,67145 -11,05265 0,317792 -0,032083 111,2272 -11,22905 0,342237 -0,03249 119,78295 -11,3715 0,366683 -0,032836 128,33905 -11,4926 0,391128 -0,033124 136,8948 -11,5934 0,415574 -0,03333 145,4509 -11,6655 0,440019 -0,033421 154,00665 -11,69735 0,464464 -0,033369 162,5624 -11,67915 0,488909 -0,03316 171,11815 -11,606 0,513354 -0,032793 179,6739 -11,47755 0,537798 -0,032274 188,2293 -11,2959 0,562243 -0,031613 196,78505 -11,06455 0,586688 -0,030813 205,3408 -10,78455 0,611133 -0,029876 213,89655 -10,4566 0,635578 -0,028795 222,4523 -10,07825 0,660023 -0,027568 231,00805 -9,6488 0,684467 -0,026193 239,56345 -9,16755 0,708913 -0,024673 248,11955 -8,63555 0,733358 -0,023013 256,6753 -8,05455 0,757802 -0,021218 265,2307 -7,4263 0,782247 -0,01928 273,78645 -6,748 0,806691 -0,017182 282,34185 -6,0137 0,831136 -0,014896 290,8976 -5,2136 0,850692 -0,012915 297,7422 -4,52025 0,870247 -0,010804 304,58645 -3,7814 0,880025 -0,009715 308,00875 -3,40025 0,899581 -0,007547 314,85335 -2,64145 0,919136 -0,005551 321,6976 -1,94285 0,938692 -0,003929 328,5422 -1,37515 0,95111 -0,003181 332,8885 -1,11335 0,977804 -0,00243 342,2314 -0,8505 1 -0,002508 350 -0,8778 149 8.5 APÊNDICE V: PONTOS TOMADOS COM A PÁ NA HORIZONTAL Os pontos foram medidos tomando-se por base marcações feitas no extradorso, na região do bordo de fuga. 150 8.6 APÊNDICE VI: PONTOS TOMADOS COM A PÁ ACOPLADA À AERONAVE Os pontos foram medidos tomando-se por base marcações feitas no extradorso, na região do bordo de fuga. A pá encontrava-se acoplada à aeronave. 151 1 INTRODUÇÃO 1.1 IMPORTÂNCIA DO ESTUDO 1.2 OBJETIVOS 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 CONCEITOS BÁSICOS SOBRE COMPÓSITOS 2.2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE COMPÓSITOS POLIMÉRICOS 2.3 COMPÓSITOS POLIMÉRICOS DE MATRIZ EPOXÍDICA 2.4 COMPORTAMENTO MECÂNICO 2.5 MECÂNICA DA FRATURA 2.5.1 FRATURA NO NÍVEL ATÔMICO 2.5.2 BALANÇO DE ENERGIA DE GRIFFITH 2.5.3 EQUAÇÃO DE GRIFFITH MODIFICADA 2.5.4 TAXA DE LIBERAÇÃO DE ENERGIA 2.5.5 FATOR DE INTENSIDADE DE TENSÕES 2.5.6 RELAÇÃO ENTRE K E G 2.5.7 RELAÇÃO ENTRE EPT E EPD 2.5.8 TRABALHO ESSENCIAL DE FRATURA (EWF) 2.5.9 FADIGA 2.6 MECÂNICA DA FRATURA DE MATERIAL COMPÓSITO DE MATRIZ EPOXÍDICA 3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 MATERIAL 3.2 MÉTODOS 3.2.1 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA 3.2.1.1 VERIFICAÇÃO DA FUSIBILIDADE 3.2.1.2 IDENTIFICAÇÃO DA RESINA EPOXÍDICA POR SOLUBILIZAÇÃO 3.2.1.3 DETERMINAÇÃO DA DUREZA 3.2.1.4 DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE RELATIVA 3.2.1.5 INFLAMABILIDADE 3.2.1.6 ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA (TGA) 3.2.1.7 ESPECTROSCOPIA INFRAVERMELHA POR TRANSFORMADA DE FOURIER (FTIR) 3.2.1.8 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV) 3.2.2 ENSAIOS MECÂNICOS 3.2.2.1 ENSAIO DE TRAÇÃO 3.2.2.2 ENSAIO DE RESISTÊNCIA À FRATURA 3.2.2.3 ENSAIO DE FADIGA 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 ROTINA COMPUTACIONAL PARA LAMINADOS COM FIBRAS UNIDIRECIONAIS 4.2 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA 4.2.1 VERIFICAÇÃO DA FUSIBILIDADE 4.2.2 IDENTIFICAÇÃO DA RESINA EPOXÍDICA (ER) POR SOLUBILIZAÇÃO 4.2.3 DETERMINAÇÃO DA DUREZA 4.2.4 DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE RELATIVA 4.2.5 INFLAMABILIDADE 4.2.6 OUTROS ENSAIOS QUÍMICOS 4.2.7 ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA 4.2.8 ESPECTROSCOPIA INFRAVERMELHA POR TRANSFORMADA DE FOURIER (FTIR) 4.2.9 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV) 4.3 ENSAIOS MECÂNICOS 4.3.1 ENSAIO DE TRAÇÃO 4.3.2 ENSAIO DE RESISTÊNCIA À FRATURA 4.3.3 ENSAIO DE FADIGA 5 SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL 6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES 6.1 CONCLUSÕES 6.2 SUGESTÕES 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 8 APÊNDICES 8.1 APÊNDICE I: ROTINA EM SCILAB 8.2 APÊNDICE II: COMPARAÇÃO DE DADOS 8.3 APÊNDICE III: DESENHO DO ACOPLAMENTO 8.4 APÊNDICE IV: PONTOS TEÓRICOS DO PERFIL ONERA OA209 8.5 APÊNDICE V: PONTOS TOMADOS COM A PÁ NA HORIZONTAL 8.6 APÊNDICE VI: PONTOS TOMADOS COM A PÁ ACOPLADA À AERONAVE