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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE DIREITO DISCIPLINA: DIREITO EMPRESARIAL PROFESSOR: DIVANIR MARCELO DE PIERI ALUNO: NILSON FERNANDO GOMES BEZERRA QUESTÕES SOBRE FALÊNCIA 1. QUAL O OBJETIVO FUNDAMENTAL DA FALÊNCIA? Na falência, assim como na recuperação judicial, percebe-se a preocupação do legislador com a preservação da empresa, especialmente nas regras previstas nos arts. 95 (que autoriza o devedor a pleitear sua recuperação judicial como meio de defesa, de forma incidental, dentro do prazo legal para contestação de pedido de falência apresentado por determinado credor) e 140 (e seus incisos da LFRE que indicam a preferência legal pela venda do conjunto de estabelecimentos do falido, pelos estabelecimentos singularmente considerados ou, pelo menos, de blocos de bens aptos à utilização produtiva). Nesse sentido, a falência tem vários objetivos, mas sua principal finalidade é a RETIRADA DO MERCADO DA EMPRESA INVIÁVEL, pois é importante ressalvar que nem toda empresa merece ser preservada. Não existe, no Direito brasileiro um princípio da “preservação da empresa a todo custo”. Na verdade, a LFRE consagra, no sentido exatamente oposto, um princípio complementar ao da preservação da empresa que é o da retirada do mercado da empresa inviável. 2. A INSOLVÊNCIA É CAUSA DETERMINANTE DA FALÊNCIA? Sim, pois do ponto de vista do direito, a falência é um processo de execução coletiva contra o devedor insolvente sujeito a esse instituto jurídico. 3. A FALÊNCIA SE ESTENDE A QUAL ESPÉCIE DE DEVEDOR? O art. 1º da Lei 11.101/2005, que regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, assim disciplina: “Art. 1º Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente como devedor”. Desse modo, verifica-se que o instituto da falência se aplica somente ao empresário e à sociedade empresária. 4. QUAL ESPÉCIE DE DÍVIDA PERMITE O REQUERIMENTO DE FALÊNCIA? Qualquer divida líquida com execução frustrada e acima de 40 (quarenta) salários mínimos. 1/3 5. O PROTESTO DO TÍTULO É OBRIGATÓRIO PARA REQUERER A FALÊNCIA DE DEVER EMPRESÁRIO? Sim, como podemos perceber em vários dispositivos da Lei Falimentar, conforme abaixo: “Art. 51. A petição inicial de recuperação judicial será instruída com: [...] VIII – certidões dos cartórios de protestos situados na comarca do domicílio ou sede do devedor e naquelas onde possui filial; [...] Art. 94. Será decretada a falência do devedor que: [...] I – sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência; [....] § 3o Na hipótese do inciso I do caput deste artigo, o pedido de falência será instruído com os títulos executivos na forma do parágrafo único do art. 9o desta Lei, acompanhados, em qualquer caso, dos respectivos instrumentos de protesto para fim falimentar nos termos da legislação específica. [...] Art. 96. A falência requerida com base no art. 94, inciso I do caput, desta Lei, não será decretada se o requerido provar: [...] VI – vício em protesto ou em seu instrumento; [...] Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações: [...] II – fixará o termo legal da falência, sem poder retrotraí-lo por mais de 90 (noventa) dias contados do pedido de falência, do pedido de recuperação judicial ou do 1o (primeiro) protesto por falta de pagamento, excluindo-se, para esta finalidade, os protestos que tenham sido cancelados;” 6. A FALÊNCIA DA PESSOA JURÍDICA, IMPLICA TAMBÉM NA FALÊNCIA DOS SEUS SÓCIOS? O art. 81 da Lei de Falências assim determina: “a falência da sociedade com sócios ilimitadamente responsáveis também acarreta a falência destes” e, portanto, os efeitos da falência se estendem aos sócios apenas quando os mesmo respondem de forma ilimitada pela sociedade empresária. Entretanto, segundo prescreve o art. 82 do mesmo normativo os sócios com responsabilidade limitada, os controladores e os administradores da sociedade falida podem responder pelo dano provocado. 7. A SOCIEDADE EM COMUM ESTÁ SUJEITA A FALÊNCIA? De certo que a Lei 11.101/05 pode ser aplicada ao empresário irregular ou a sociedade empresária em comum, mormente porque a conceituação de "empresário" não abrange a regularidade da inscrição no órgão competente. Na realidade, o art. 966 do Código Civil destaca três características primordiais ao empresário: (1) profissionalismo, (2) exercício de atividade econômica organizada e (3) produção ou circulação de bens ou serviços. 2/3 8. A FALÊNCIA PODE SER DECRETA DE OFÍCIO PELO JUIZ? Em princípio, não existe declaração de falência de ofício, pois o juiz tem que ser provocado por agente competente. 9. O REQUERENTE DA FALÊNCIA DEVE SER, NECESSARIAMENTE, EMPRESÁRIO? O sujeito passivo da falência deve ser necessariamente um empresário, individual ou sociedade empresária. Só os empresários, portanto, se submetem aos ditames da legislação falimentar. Entretanto, o requerimento de falência pode ser feita pelo próprio empresário (autofalência), na forma do disposto nos arts. 105 a 107 da Lei; do cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante; o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato constitutivo da sociedade; ou qualquer credor, empresarial ou civil, como um trabalhador ou um consumidor, por exemplo. 10. EM QUE LUGAR DEVE SER PROPOSTA A FALÊNCIA? Segundo o art. 3º da Lei Falimentar “é competente para decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil”, sendo que a distribuição do pedido de falência ou recuperação judicial torna o juízo prevento para outros pedidos relativos ao mesmo devedor. 3/3
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