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Noções de Direito Previdenciário

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Noções de Direito 
Previdenciário 
120 horas 
Com certificado 
online 
Rawlyson Maciel Mendes 
Este material é parte integrante do curso online "Noções de Direito Previdenciário" do INTRA 
(www.intra-ead.com.br) conforme a lei nº 9.610/98. É proibida a reprodução total e parcial ou 
divulgação comercial deste material sem autorização prévia expressa do autor (Artigo 29). 
 
 
 
 
 
 
 
Noções de Direito 
Previdenciário 
120 horas 
Com certificado 
online 
Rawlyson Maciel Mendes 
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SUMÁRIO 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 4 
CONCEITO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL ..................................................................... 5 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL ..................... 7 
3.1 CONSTITUIÇÃO DE 1824 ........................................................................................ 7 
3.2 CONSTITUIÇÃO DE 1891 ........................................................................................ 7 
3.3 CONSTITUIÇÃO DE 1934 ........................................................................................ 8 
3.4 CONSTITUIÇÃO DE 1937 ........................................................................................ 8 
3.5 CONSTITUIÇÃO DE 1946 ...................................................................................... 10 
3.6 CONSTITUIÇÃO DE 1967 (EMENDA N. 1 DE 1969) .......................................... 10 
3.7 CONSTITUIÇÃO DE 1988 ...................................................................................... 11 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO MUNDO .................. 14 
4.1 INGLATERRA .......................................................................................................... 14 
4.2 MÉXICO ................................................................................................................... 14 
4.3 ALEMANHA ............................................................................................................ 15 
4.4 ESTADOS UNIDOS ................................................................................................. 15 
PREVIDÊNCIA ................................................................................................................. 17 
5.1 PREVIDÊNCIA SOCIAL ......................................................................................... 17 
5.2 PREVIDÊNCIA PRIVADA ...................................................................................... 17 
SEGURIDADE SOCIAL (SEGURANÇA SOCIAL) – (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 
ARTIGOS 194 E SEGUINTES) ....................................................................................... 19 
SAÚDE (CF, ARTIGOS, 196 E SEGUINTES) ............................................................... 20 
7.1 A SAÚDE É DIREITO DE TODOS E DEVER DO ESTADO (CF, ART. 196). .... 20 
ASSISTÊNCIA SOCIAL (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ARTIGOS 203 E 204) ..... 22 
PREVIDÊNCIA SOCIAL (ARTS. 201 E 202 CF) ......................................................... 24 
PRINCIPAIS NORMAS CONSTITUCIONAIS ACERCA DA PREVIDÊNCIA 
SOCIAL .............................................................................................................................. 27 
CONCLUSÃO .................................................................................................................... 35 
AVALIAÇÃO..................................................................................................................... 37 
REFERÊNCIAS................................................................................................................. 43 
 
 
Noções de Direito Previdenciário 
 
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(Artigo 29). 
4 
01 
INTRODUÇÃO 
 
 
 
 
Para que se possa entender melhor a Previdência Social em nossa sociedade atual, mister 
se faz a análise da evolução histórica da mesma, não apenas em nosso país, como também 
em alguns outros países do mundo. Ademais, tal estudo também se mostra de vital 
importância no que diz respeito à busca de um aprimoramento cada vez maior do 
mencionado instituto. 
Assim, entende-se que, ao se examinar o curso da evolução histórica da Previdência 
Social, faz-se possível que, partindo-se de elementos históricos, se conheça melhor os 
institutos que atualmente vigoram. Ademais, mencionada análise permite um melhor 
entendimento de qual é a melhor forma de se construir as bases para o futuro, aproveitando 
os acertos dos projetos que trouxeram resultados positivos e, concomitantemente, 
descartando aqueles que não deram certo. 
Desta forma, o presente trabalho possui o intuito de analisar os momentos 
históricos em que a Previdência Social esteve em evidência no Brasil e no mundo, de 
forma a se buscar um maior entendimento sobre os avanços de tal instituto, o que se fará 
por meio do estudo pormenorizado do tratamento dispensado ao instituto ao longo das 
Constituições brasileiras, além de uma pontuação dos principais marcos históricos relativos 
à Previdência Social em países como o México, a Inglaterra e a Alemanha. 
Ademais, cumpre ressaltar que os direitos relativos à Previdência Social podem ser 
considerados direitos fundamentais sociais, ou direitos de segunda dimensão e, devido a tal 
“status”, tais direitos têm adquirido uma força normativa cada vez maior, tendo atingido o 
seu mais alto grau, no Ordenamento Jurídico pátrio, com o advento da Constituição 
Federal de 1988, que por ser o nosso atual texto constitucional, além de ser o documento 
legal pátrio que mais se preocupou em tratar de questões relativas à Previdência Social, 
merecerá grande destaque no presente estudo. 
 
Unidade 2 – Conceito de Previdência Social 
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(Artigo 29). 
5 
02 
CONCEITO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL 
 
 
 
 
Inicialmente, importante destacar que os direitos relativos à Previdência Social fazem parte 
dos assim denominados direitos fundamentais sociais, os quais, de acordo com o disposto 
pelo art. 6º da Constituição Federal de 1988, são os direitos à educação, à saúde, ao 
trabalho, à moradia, ao lazer, à segurança, à previdência social, à proteção à maternidade e 
à infância, à assistência aos desamparados. 
Para um melhor entendimento do que vem a ser os direitos sociais, dentre os quais 
incluem-se, como visto acima, os direitos relativos à Previdência Social, importante a 
transcrição da lição trazida pelo ilustre doutrinador José Afonso da Silva1, segundo o qual 
os direitos sociais consistem em: 
“Prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou indiretamente, 
enunciadas em normas constitucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos 
mais fracos, direitos que tendem a realizar a igualização de situações sociais desiguais. 
São, portanto, direitos que se ligam ao direito de igualdade.” 
Ante o exposto, entende-se que os direitos sociais são os direitos de igualdade, ou 
seja, aqueles que possuem o escopo de fazer com que o Estado atue de maneira positiva, 
garantindo, assim, a dignidade humana de todos os cidadãos. 
Por possuírem a finalidade de garantir a observância da dignidade da pessoahumana, os direitos sociais, dentre os quais se incluem os direitos relativos à Previdência 
Social, são considerados direitos fundamentais, o que significa que são protegidos pela 
imutabilidade, ou seja, são consideradas cláusulas pétreas, não havendo que se falar, 
portanto, na supressão dos direitos fundamentais sociais e, consequentemente, não havendo 
que se falar na supressão do direito à Previdência Social. 
A Constituição Federal de 1988 inseriu a Previdência Social em um sistema de 
proteção social mais amplo. Em conjunto com políticas de saúde e assistência social, a 
previdência compõe o sistema de seguridade social, conforme consta do art. 194, do 
capítulo que trata da Seguridade Social. 
Noções de Direito Previdenciário 
 
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(Artigo 29). 
6 
De acordo com o citado art. 194, a seguridade social consiste em um conjunto de 
ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinado a assegurar o direito à 
saúde, à previdência social e à assistência social. 
Entretanto, mister se faz a distinção entre os conceitos de assistência social e 
previdência social, sendo que esta última deve ser encarada como um seguro de 
contribuição mútua para que haja o recebimento pelo segurado no futuro, enquanto a 
primeira é financiada pelo governo por meio dos tributos pagos pela sociedade. 
A própria Constituição Federal de 1998 traz, em seus arts. 201 e 203 características 
da Previdência Social e da Assistência Social, respectivamente, não havendo margem para 
que haja a confusão entre os dois institutos. 
Para a finalidade do presente trabalho, nos interessa entender o que vem a ser a 
Previdência Social. O art. 201 da CF/88 dispõe que “a previdência social será organizada 
sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória observados 
critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial”. 
Desta forma, pode-se concluir que a Previdência Social consiste em uma poupança 
forçada, imposta ao cidadão para que este possua condições financeiras de usufruir da vida 
em sociedade quando não mais possuir capacidade laboral. 
 
Unidade 3 – Evolução Histórica da Previdência Social no Brasil 
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(Artigo 29). 
7 
03 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PREVIDÊNCIA 
SOCIAL NO BRASIL 
 
 
 
 
3.1 CONSTITUIÇÃO DE 1824 
O primeiro documento legislativo a tratar sobre a Previdência Social no Brasil foi a 
Constituição de 1824, a qual dedicou o inciso XXXI de seu art. 179 a tal escopo. Tal 
dispositivo garantia aos cidadãos o direito aos então denominados “socorros públicos”. 
Apesar da referida previsão, a utilidade prática de tal dispositivo constitucional não 
existiu, tendo em vista que os cidadãos não dispunham de meios para exigir o efetivo 
cumprimento de tal garantia, ou seja, apesar de previsto constitucionalmente, o direito aos 
“socorros públicos” não era dotado de exigibilidade. 
Todavia, não obstante a inutilidade prática do referido dispositivo, não há que se 
negar o valor histórico da inserção de direitos relacionados à Previdência Social na 
Constituição de 1824, tendo em vista que, a despeito de sua ineficácia, é historicamente 
relevante o fato de tal direito (por exigir uma prestação positiva por parte do Estado, não 
consistindo tão somente em uma liberdade individual), ter encontrado proteção 
constitucional já nessa época. 
 
 
3.2 CONSTITUIÇÃO DE 1891 
A Constituição brasileira de 1891 previu em seu bojo dois dispositivos relacionados à 
Previdência Social, quais sejam, o art. 5º e o art. 75, sendo que o primeiro dispunha sobre a 
obrigação de a União prestar socorro aos Estados em calamidade pública, se tal Estado 
solicitasse, e o último dispunha sobre a aposentadoria por invalidez dos funcionários 
públicos. 
Noções de Direito Previdenciário 
 
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8 
No que tange ao art. 75 da Constituição de 1891, deve-se observar que a referida 
aposentadoria concedida aos funcionários públicos que viessem a ficar inválidos, não 
dependia de qualquer contribuição por parte do trabalhador, sendo completamente custeada 
pelo Estado. 
Importante frisar que a doutrina majoritária não considera qualquer dos dispositivos 
acima citados, regras relacionadas com a Previdência Social, conferindo a eles tão somente 
valor histórico. 
Desta forma, toda a legislação realmente importante relativa à Previdência Social, 
foi editada de forma infraconstitucional, não obstante sob a égide da Constituição 
republicana. 
Dentre os documentos legais editados durante o referido período, merece destaque a 
Lei Elói Chaves (Decreto Legislativo n. 4.682/1923). 
O referido decreto data do dia 14 de janeiro do referido ano, e pode ser considerado 
um dos grandes marcos no que toca ao progresso da Previdência Social no Brasil, tendo em 
vista que foi responsável pela criação das caixas de aposentadorias e pensões para os 
ferroviários. 
Além disso, após a Lei Elói Chaves foram sendo criadas inúmeras caixas de 
aposentadoria em prol das mais variadas categorias de trabalhadores, como os portuários, 
os servidores públicos, os mineradores etc. 
Quase todas as caixas de aposentadoria e pensão previam a forma de custeio da 
previdência da respectiva categoria, além dos benefícios a serem concedidos. 
 
 
3.3 CONSTITUIÇÃO DE 1934 
O sistema tripartide de financiamento da Previdência Social, tal qual o conhecemos hoje, 
foi previsto inicialmente na Constituição de 1934. 
Desta forma, a referida Constituição foi a primeira no Brasil a prever que o 
trabalhador, o empregador e o Estado deveriam contribuir para o financiamento da 
Previdência Social, o que significou um grande progresso de tal Instituto em nosso país. 
 
 
3.4 CONSTITUIÇÃO DE 1937 
O art. 137, alínea “m”, da Constituição Federal de 1937 instituiu seguros em decorrência 
de acidente de trabalho, sendo eles os seguros de vida, de invalidez e de velhice. 
Unidade 3 – Evolução Histórica da Previdência Social no Brasil 
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9 
Para além do exposto acima, não se pode dizer que a referida Carta trouxe qualquer 
tipo de inovação no que tange à Previdência Social, a qual era tratada pelo uso da 
expressão, até então sinônima, “seguro social”. 
Não obstante a falta de inovação no plano constitucional, não se pode dizer o 
mesmo do plano infraconstitucional, tendo em vista que, sob a égide da Constituição 
Federal de 1937, vários foram os documentos editados. 
Em ordem cronológica, tem-se que o primeiro documento legal editado sob a égide 
da Constituição Federal de 1937 foi o Decreto-Lei n. 288, o qual data de 23 de fevereiro de 
1938. O referido decreto foi responsável pela criação do Instituto de Previdência e 
Assistência dos Servidores do Estado. 
Logo após, ainda em 1938, foi editado, em 26 de agosto, o Decreto-Lei n. 651, o 
qual transformou a Caixa de Aposentadoria e Pensões dos Trabalhadores em Trapiches e 
Armazéns, criando, assim, o Instituto de Aposentadoriase Pensões dos Empregados em 
Transportes e Cargas. 
Ademais, já em 1939, foi editado o Decreto-Lei n. 1.142, datado do dia 9 de março 
do referido ano. Tal documento, além de ter sido responsável pela filiação dos condutores 
de veículos ao Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados em Transportes e 
Cargas, também fez uma ressalva no que tange ao princípio da vinculação pela categoria 
profissional, utilizando como critério a atividade genérica da empresa. 
Ainda no ano de 1939 tivemos a edição do Decreto-Lei n. 1.355, no dia 19 de 
junho, documento este que instituiu o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Operários 
Estivadores. 
Para finalizar as inovações legislativas ocorridas no ano de 1939, tivemos a edição 
do Decreto-Lei n. 1.469, no dia 1º de agosto, o qual foi responsável pela criação do Serviço 
Central de Alimentação do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários. 
Por sua vez, no ano de 1940, foi editado o Decreto-Lei n. 2.122, na data de 9 de 
abril. Tal documento dispunha sobre o regime de filiação de comerciantes ao sistema da 
Previdência Social, que passou a ser misto. 
Em 6 de agosto de 1945, houve a edição do Decreto-Lei n. 7.835, que estabeleceu 
um percentual mínimo de 70% e 35% do salário mínimo para as aposentadorias e pensões, 
respectivamente. 
Por fim, no dia 19 de janeiro de 1946, pouco antes da promulgação da Constituição 
Federal de 1946, foi editado o Decreto-Lei n. 8.742, o qual teve o condão de criar o 
Departamento Nacional de Previdência Social. 
 
 
Noções de Direito Previdenciário 
 
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10 
3.5 CONSTITUIÇÃO DE 1946 
Em primeiro lugar, importante destacar que a Constituição brasileira de 1946 não 
representou nenhuma mudança de conteúdo no que tange à Previdência Social se 
comparada com a Constituição anterior. Não obstante, é no bojo desta Constituição que cai 
totalmente em desuso o termo “seguro social”, o qual foi substituído, pela primeira vez em 
termos constitucionais no Brasil, pelo termo “Previdência Social”. 
Entretanto, mister salientar que, sob a égide da mencionada Constituição, foi 
editada a Lei Orgânica da Previdência Social, em 1960, a qual teve o condão de unificar 
todos os dispositivos infraconstitucionais relativos à Previdência Social que até então 
existiam. 
Ademais, a referida Lei Orgânica (Lei n. 3.807/1960) instituiu o auxilio-reclusão, o 
auxilio-natalidade e o auxilio-funeral tendo, portanto, representado grandes avanços 
também no plano substancial. 
Desta forma, conforme se observa do exposto acima, apesar de a nossa Constituição 
Federal de 1946 não ter trazido mudanças no tocante à Previdência Social, sob a sua égide 
é que foi dado o primeiro passo em direção ao sistema de seguridade social tal qual o 
conhecemos atualmente. 
 
 
3.6 CONSTITUIÇÃO DE 1967 (EMENDA N. 1 DE 1969) 
A maior inovação trazida pela Constituição Federal de 1967, no que diz respeito à 
Previdência Social, foi a instituição do seguro desemprego. Ademais, importante salientar 
também que foi neste texto constitucional que ocorreu a inclusão do salário família, que 
antes só havia recebido tratamento infraconstitucional. 
Ademais das referidas inovações constitucionais no tocante à Previdência Social, 
ocorreram também várias inovações no plano infraconstitucional, a saber: 
Em 14 de setembro de 1967 foi editada a lei n. 5.316, a qual passou a incluir na 
Previdência Social o seguro de acidentes de trabalho. 
Em 1º de maio de 1969 foi editado o Decreto-Lei n. 564, o qual passou a 
comtemplar o trabalhador rural na Previdência Social. 
Em 7 de setembro de 1970 foi editada a LC n. 7. Tal lei foi a responsável pela 
criação do PIS (Programa de Integração Social). Ademais, ainda no ano de 1970, 
especificamente de 3 de dezembro, foi editada a LC n. 8, que foi responsável pela criação 
do PASEP (Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público). 
Em 1971, a LC n. 11, datada de 25 de maio, teve o condão de substituir o plano 
básico de Previdência Social Rural pelo Programa de Assistência ao Trabalhador Rural 
(PRÓ-RURAL). 
Unidade 3 – Evolução Histórica da Previdência Social no Brasil 
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11 
Já em 1972, a lei n. 5.859, de 11 de dezembro, foi a responsável pela inclusão, na 
Previdência Social, dos empregados domésticos. 
Em 1º de maio de 1974 foi editada a lei n. 6.036, a qual desmembrou o Ministério 
do Trabalho e Previdência Social, dando origem ao Ministério da Previdência e Assistência 
Social. 
Em 4 de novembro de 1974, a lei n. 6.125 teve o poder de autorizar a criação, pelo 
Poder Executivo, da Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social 
(DATAPREV). 
Em 24 de janeiro de 1976 foi editado o Decreto n. 77.077, o qual instituiu a 
Consolidação das Leis da Previdência Social. 
Já no ano de 1977, especificamente no dia 1º de setembro, foi editada a lei n. 6.439, 
responsável pela criação do Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social 
(SINPAS), o qual possuía o escopo de propor a política de previdência e assistência 
médica, farmacêutica e social. 
Por fim, como último documento legal editado sob a égide da Constituição Federal 
de 1967, pode-se citar o Decreto n. 89.312, o qual foi edital no dia 23 de janeiro de 1984, e 
teve o condão de aprovar uma nova Consolidação das Leis da Previdência Social. 
 
 
3.7 CONSTITUIÇÃO DE 1988 
Conforme se sabe, a Constituição Federal brasileira de 1988 marca o retorno de um Estado 
democrático de direito em nosso país, tendo contemplado vários direitos e garantias 
fundamentais aos cidadãos. 
É neste contexto em que, com relação aos direitos fundamentais sociais, também 
chamados de direitos fundamentais de segunda dimensão (dentre os quais se inclui os 
direitos relativos à Previdência Social) surge a discussão a respeito da eficácia de tais 
direitos, ou seja, se é possível se exigir do Estado prestações de cunho positivo a fim de 
que os direitos fundamentais sociais sejam efetivamente garantidos. 
É certo que há, sobre o tema ora em evidência, muita divergência doutrinária. No 
entanto, atualmente já é majoritário o entendimento de que um mínimo de dignidade da 
pessoa humana deve ser garantido a todos os cidadãos, de maneira que indiscutível que o 
Estado possui um dever perante a sociedade no sentido de garantir de forma efetiva que 
todos os cidadãos possam usufruir de seus direitos fundamentais sociais. 
Ademais, cumpre ressaltar que os direitos fundamentais sociais, assim como os 
direitos fundamentais individuais, possuem uma proteção reforçada, constituindo clausulas 
pétreas, o que significa que, por força do disposto no art. 60, §4º, II, da CF/88, tais direitos 
não podem ser suprimidos nem mesmo por meio de emenda constitucional. 
Noções de Direito Previdenciário 
 
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12 
Desta forma, é neste contexto que se inserem os direitos relativos à Previdência 
Social na Carta Magna de 1988, tendo em vista que, conforme já mencionado alhures, tais 
direitos possuem natureza de direitos fundamentais sociais. 
Com o advento da referida Constituição, houve o nascimento de um Sistema 
Nacional de Seguridade Social, o qual possuia finalidade precípua de assegurar o bem-
estar e a justiça sociais, para que, desta forma, ninguém seja privado do mínimo 
existencial, ou seja, para que a todos os cidadãos seja assegurado o princípio da dignidade 
humana. 
O mencionado sistema de seguridade social é pautado, em nossa Carta vigente, por 
vários princípios, dentre eles o princípio da universalidade de cobertura e de atendimento, 
o que demonstra que o sistema de seguridade social da Constituição Federal de 1988 
possui caráter ideário. 
Cumpre ressaltar que, dentro da Seguridade Social, os serviços de saúde e de 
assistência social não dependem de custeio, ou seja, não demandam que seus usuários 
efetuem uma contraprestação para que possam usufruir de tais serviços, devendo, tão 
somente, se encontrarem em situação tal que demande o respectivo serviço. 
Em contrapartida, os serviços de Previdência Social dependem de custeio, de 
acordo com o que se depreende da leitura do art. 195, caput, da CF. Assim, pode-se 
entender que, não obstante nossa Carta Magna traga a ideia de vinculação do regime de 
seguridade social, o que se observa é que a necessidade de custeio prévio da Previdência 
Social pelo beneficiário rompe com o mencionado ideário. 
Desta forma, podemos diferenciar os setores do sistema de seguridade social de 
acordo com a abrangência quantitativa e qualitativa da proteção. Assim, por um lado, os 
serviços de saúde e de assistência social são garantidos a todos, não obstante possuir um 
caráter de proteção do mínimo existencial, ou seja, garante-se a saúde e a assistência social 
apenas até o ponto em que não se fira o princípio da dignidade humana. Em contrapartida, 
o serviço de Previdência Social não é garantido a todos, porém sua proteção não abrange 
tão somente o mínimo existencial, sendo qualitativamente mais abrangente que os serviços 
de saúde e de assistência social. 
Conforme já salientado, a principal diferença da Previdência Social para os demais 
integrantes do sistema de seguridade social está no custeio. Desta forma, observa-se que o 
ideário da universalidade de cobertura não foi efetivamente concretizado, tendo em vista 
que tão somente o trabalhador e seus dependentes usufruem da proteção social 
previdenciária. 
Pode-se dizer que a Previdência Social brasileira é pautada, basicamente, por duas 
características, a saber: a relação entre o padrão-social do contribuinte e a abrangência da 
proteção previdenciária a ele conferida; e a restrição da proteção ao nível das necessidades 
básicas, ou seja, a Previdência Social só abrange a proteção do nível de vida do 
contribuinte, atentando-se, conforme já salientado, aos limites econômicos estabelecidos de 
forma prévia. 
A referida limitação da abrangência da proteção da Previdência Social foi reforçada 
com o advento da Emenda Constitucional n. 20, de 1998, a qual, além de ratificar o regime 
Unidade 3 – Evolução Histórica da Previdência Social no Brasil 
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(Artigo 29). 
13 
contributivo e limitado, também tratou de dispor sobre os regimes de Previdência Social 
complementares, os quais não possuem limite de cobertura e possuem um regime de 
vinculação facultativa. 
Por fim, importante mencionar as mudanças trazidas pela EC n. 41, de 2003, a qual 
indiscutivelmente trouxe maiores benefícios aos servidores públicos, pois concedeu o 
direito à aposentadoria integral daqueles que ingressaram no serviço público antes da 
referida emenda constitucional. 
Desta forma, vários foram os ataques à referida emenda, tendo em vista que não 
existem motivos, sejam de ordem técnica, política ou jurídica, para a diferenciação do 
Regime Geral de Previdência Social e o Regime Próprio dos Servidores Públicos. 
Não obstante todas as críticas, não há que se negar que as evoluções trazidas pela 
Constituição Federal de 1988 no que tange à Previdência Social foram muitas, e que o 
nível de proteção conferido aos seus beneficiários foi indiscutivelmente ampliado ao longo 
das constituições brasileiras, tendo atingido o seu ápice em nossa atual Carta Maior. 
 
Noções de Direito Previdenciário 
 
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14 
04 
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PREVIDÊNCIA 
SOCIAL NO MUNDO 
 
 
 
 
4.1 INGLATERRA 
O primeiro documento legislativo de grande importância na Inglaterra, no que diz respeito 
à Previdência Social, foi o “Poor Relief Act”, de 1601, o qual regulamentou a instituição 
de auxílios e socorros públicos aos necessitados. Tal documento criou uma contribuição 
obrigatória arrecada da sociedade pelo Estado. 
Outro documento também de grande importância para a história da Previdência 
Social inglesa foi o “Workmen’s Compensation Act”, de 1897, o qual criou o seguro 
obrigatório contra acidentes de trabalho. Tal documento criou, para o empregador, uma 
responsabilidade civil de cunho objetiva, ou seja, independente de culpa. 
Ademais, em 1908 adveio o “Old Age Pensions Act”, o qual teve o condão de 
conceder pensões aos maiores de 70 anos, independente de custeio. 
Por fim, cabe mencionar o “National Insurance Act”, de 1911, o qual criou um 
sistema compulsório de contribuições sociais, as quais ficavam a cargo do empregador, do 
empregado e do Estado. 
 
 
4.2 MÉXICO 
Foi a Constituição mexicana de 1917, considerada como a primeira Constituição social do 
mundo, que incluiu em seu texto, de maneira até então pioneira, a Previdência Social 
propriamente dita não se devendo deixar de salientar, entretanto, o caráter programático de 
todas as normas que previam direitos sociais (o que incluem as normas relativas à 
Previdência Social). 
Unidade 4 – Evolução Histórica da Previdência Social no Mundo 
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15 
Normas programáticas, como se sabe, são aquelas que estabelecem diretrizes para o 
Estado sem, contudo, imprimir caráter imperativo. 
Contudo, não há que se negar a importância de se elevar ao status constitucional 
normas de direitos sociais. 
 
 
4.3 ALEMANHA 
Foi na Alemanha que teve origem o primeiro ordenamento legal que tratou sobre a 
Previdência Social. Tal ordenamento foi editado pelo então chanceler Otto Von Bismarck 
em 1883, tendo, inicialmente, instituído o seguro-doença e, em um momento posterior, 
incluído outros benefícios, tais como o seguro contra acidente de trabalho, em 1884, e o 
seguro-invalidez e o seguro velhice, ambos em 1889. 
O objetivo dos chamados seguros sociais de Bismarck foi o de, precipuamente, 
impedir movimentos socialistas fortalecidos com a crise industrial, atenuando a tensão 
existente nas classes de trabalhadores, criando para o segurado um direito subjetivo 
público ao seguro social. 
Conforme já mencionado, o primeiro seguro social instituiu o seguro-doença, o 
qual era custeado por contribuições dos empregados, dos empregadores e do Estado. Logo 
após, foi instituído o seguro contra acidentes de trabalho, o qual era custeado pelos 
empresários. Por fim, foi instituído o seguro contra invalidez e velhice, o qual, assim como 
no seguro doença, era custeado pelos empregados, pelos empregadores e pelo Estado. 
Ademais, importante salientar que os seguros sociais tornaram obrigatória a filiação 
às sociedades seguradoras ou entidadesde socorros mútuos dos trabalhadores que 
recebessem até dois mil marcos por ano. 
Após a fase dos seguros sociais, em 1935, com o advento da Constituição de 
Weimar, foi determinado que o Estado, caso não pudesse proporcionar aos cidadãos 
alemães oportunidades de trabalho produtivo, seria responsável por lhes garantir a 
subsistência. 
 
 
4.4 ESTADOS UNIDOS 
Um dos marcos mais importantes da evolução da Previdência Social nos Estados Unidos se 
deu com o “New Deal”, plano do governo Roosevelt pautado na doutrina do “Welfare 
State” (Estado do bem esta social). 
Tal marco foi o “Social Security Act”, de 14 de agosto de 1935, o qual tinha com o 
escopo diminuir de maneira considerável os problemas sociais acarretados pela crise 
econômica de 1929. 
Noções de Direito Previdenciário 
 
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16 
O referido documento, além de estimular o consumo, previa também o auxílio aos 
idosos, além de ter instituído o auxilio-desemprego para os trabalhadores que, 
temporariamente, ficassem desempregados. 
À guisa de conclusão, a evolução histórica da Previdência Social no Brasil, não 
obstante todas as críticas existentes, alcançou o seu ápice com a Constituição Federal de 
1988, a qual finalmente conferiu força normativa e proteção reforçada aos direitos 
fundamentais sociais, dentre os quais se incluem os direitos relativos à Previdência Social. 
Ademais, conclui-se que documentos como a Constituição Mexicana, o “Social 
Security Act” e os seguros sociais alemães, foram de suma importância para a evolução da 
Previdência Social a nível global. 
Assim, espera-se ter atingido o escopo do presente trabalho, qual seja, pontuar os 
principais marcos histórico-evolutivos da Previdência Social no Brasil e no mundo. 
Previdência é o ato de prever, com o objetivo de evitar previamente determinadas 
situações ou transtornos que sejam indesejados para o indivíduo. 
A partir do ponto de vista popular, a previdência é a precaução ou a cautela em 
relação a algo, como a capacidade de ver de modo prévio ou antecipado o acontecimento 
de alguma coisa. 
No âmbito econômico e financeiro, a previdência possui o mesmo significado: 
precaver. Para isso, foram criadas instituições e medidas a nível nacional que ajudam a 
garantir a sobrevivência financeira de pessoas em situações de invalidez ou velhice, como 
a aposentadoria e a pensão, por exemplo. 
Etimologicamente, a palavra "previdência" surgiu do latim previdentia, que 
significa "previsão" ou "prevenção", que por sua vez se originou a partir de praevenire, 
termo latino que literalmente quer dizer "chegar antes", sendo prae, "antes" e venire, "vir". 
 
 
 
Unidade 5 – Previdência 
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17 
05 
PREVIDÊNCIA 
 
 
 
 
5.1 PREVIDÊNCIA SOCIAL 
A Previdência social é uma espécie de seguro que os trabalhadores devem contribuir 
durante todo o período em que estiverem em atividade laboral. O principal objetivo desta 
contribuição é garantir a continuidade do benefício financeiro quando o trabalhador estiver 
aposentado, assim como em casos de gravidez, doenças ou acidentes. 
A entidade responsável em repassar o dinheiro para as pessoas que não possuem 
condições financeiras, por vários e diferentes motivos, mas que já contribuíram para a 
Previdência Social é o INSS - Instituto Nacional do Seguro Social. 
Automaticamente, os funcionários tem o valor do INSS descontados diretamente na 
sua folha de pagamento, variando de acordo com o salário de cada um, sendo que, quanto 
maior o salário, maior é o desconto. 
A contribuição para a Previdência Social é obrigatória para todos os trabalhadores 
formais, garantindo, assim, a formação de renda que será destinada para os aposentados. 
 
5.2 PREVIDÊNCIA PRIVADA 
A Previdência Privada ou Previdência Complementar, ao contrário da Previdência Social, 
é uma alternativa não obrigatória do trabalhador e de caráter individual. 
Enquanto que a Previdência Social se constitui por ser um regime de repartição 
simples, onde todos devem colaborar para poder gerar a renda para a distribuição dos 
benefícios entre as pessoas aptas para recebê-la (pessoas com idade avançada, inválidos, 
grávidas e etc.), a Previdência Privada, como o próprio nome diz, age como um 
suplemento ou poupança reserva única para cada indivíduo. 
Noções de Direito Previdenciário 
 
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18 
A Previdência Privada é um pagamento extra feito pelo indivíduo para 
complementar a renda recebida pelo INSS, como também para a realização de algum 
projeto de vida, como pagar a universidade dos filhos ou construir um negócio próprio. 
 
Unidade 6 – Seguridade Social (Segurança Social) – (Constituição Federal, Artigos 194 e 
Seguintes) 
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19 
06 
SEGURIDADE SOCIAL (SEGURANÇA 
SOCIAL) – (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 
ARTIGOS 194 E SEGUINTES) 
 
 
 
 
A seguridade social é definida na Constituição Federal, no artigo 194, caput, como um 
“conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas 
a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”. 
É, portanto, um sistema de proteção social que abrange os três programas sociais de 
maior relevância: a previdência social, a assistência social e a saúde. 
 
Noções de Direito Previdenciário 
 
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20 
07 
SAÚDE (CF, ARTIGOS, 196 E SEGUINTES) 
 
 
 
 
A saúde é segmento autônomo da Seguridade Social e se diz que ela tem a finalidade mais 
ampla de todos os ramos protetivos porque não possui restrição de beneficiários e o seu 
acesso também não exige contribuição dos beneficiários. 
 
 
7.1 A SAÚDE É DIREITO DE TODOS E DEVER DO ESTADO (CF, 
ART. 196). 
Não importa nesta espécie de proteção social a condição econômica do beneficiário. O 
Estado não pode negar acesso à saúde pública a uma pessoa sob o argumento de que esta 
possui riqueza pessoal e meios de prover a sua própria saúde. 
Ex.: se o Sílvio Santos quiser ser atendido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), ele 
poderá, na medida em que, sendo a saúde direito de todos, o Estado não pode limitar o 
atendimento somente a quem não dispuser de meios pessoais para o seu cuidado. 
As ações na área da saúde são de responsabilidade do Ministério da Saúde, 
instrumentalizada pelo Sistema Único de Saúde. 
Assim, o INSS, autarquia responsável por gerir benefícios e serviços da Previdência 
Social, não tem qualquer relação e responsabilidade em relação a hospitais, casas de saúde 
e atendimentos em geral na área de saúde. 
O órgão responsável pelo sistema de saúde é o SUS. 
Compete ao Sistema Único de Saúde: 
 Executar ações de vigilância sanitáriae epidemiológica, e as da saúde do 
trabalhador; 
Unidade 7 – Saúde (CF, Artigos, 196 e Seguintes) 
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21 
 Participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico; 
 Colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho; 
 Incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico; 
 Fiscalizar e inspecionar alimentos, bem como bebidas e águas para o consumo 
humano; 
 Participar da produção de medicamentos, equipamentos e fiscalizar procedimentos, 
produtos e substâncias de interesse para a saúde. 
Como se vê, as ações e serviços da saúde não se restringem à área médica, por meio 
de ações remediativas, devendo haver medidas preventivas relativas ao bem-estar da 
população nas áreas sanitárias, nutricionais, educacionais e ambientais como forma de 
evitar situações e infortúnios no futuro, que invariavelmente causaram, além de maior 
gasto financeiro para solucionar o problema, desgastes emocionais e psicológicos. 
A política nacional de saúde é regulada pelas leis 8.080/90 e 8.142/90. Seu executor 
é o SUS, que é constituído por órgãos federais, estaduais e municipais (Ex. policlínicas). 
 
Noções de Direito Previdenciário 
 
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(Artigo 29). 
22 
08 
ASSISTÊNCIA SOCIAL (CONSTITUIÇÃO 
FEDERAL, ARTIGOS 203 E 204) 
 
 
 
 
A Constituição Federal, no artigo 203, caput estabelece que: 
“A ASSISTÊNCIA SOCIAL SERÁ PRESTADA A QUEM DELA NECESSITAR, 
INDEPENDENTEMENTE DE CONTRIBUIÇÃO À SEGURIDADE SOCIAL, E TEM 
POR OBJETIVOS (...)”. 
A assistência social é o segmento autônomo da seguridade social que tratar dos 
hipossuficientes, ou seja, daqueles que não possuem condições de prover sua própria 
manutenção. 
Cuidará daqueles que têm maiores necessidades, sem exigir deles (seus 
beneficiários) qualquer contribuição à seguridade social. 
Portanto, o Sílvio Santos não poderá valer-se dos benefícios e serviços da 
assistência social, porque ele não é uma pessoa hipossuficiente (não necessita dos serviços 
e benefícios da assistência social). 
A atuação protetiva fornecerá aquilo que for absolutamente indispensável para 
cessar o atual estado de necessidade do assistido (Exs.: alimentos, roupas, abrigos e até 
mesmo pequenos benefícios em dinheiro). 
A assistência social serve para cobrir as lacunas deixadas pela previdência social 
que, devido a sua natureza contributiva, acaba por excluir os necessitados. 
São objetivos da assistência social (CF, art. 203, incisos): 
I. Proteção da família, da maternidade, infância, adolescência e velhice; 
II. Amparo às crianças e adolescentes carentes; 
III. Promoção da integração ao mercado de trabalho; 
Unidade 8 – Assistência Social (Constituição Federal, Artigos 203 e 204) 
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(Artigo 29). 
23 
IV. Habilitação e reabilitação de pessoas portadoras de deficiência e a promoção da sua 
integração à vida comunitária; 
V. Garantia de 1 salário-mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência 
e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a sua própria subsistência, 
nem de tê-la provida por sua família. 
São exemplos de benefícios da assistência social: auxílio-natalidade; auxílio-
funeral; o aluguel social que o Governo está pagando às famílias vitimadas pelas chuvas na 
Região Serrana do Rio de Janeiro; bolsa família; benefício de prestação continuada (art. 
203, V); abrigos, etc. 
O Ministério responsável pelas ações da Assistência Social é o Ministério do 
Desenvolvimento Social e combate à fome. 
 
Noções de Direito Previdenciário 
 
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(Artigo 29). 
24 
09 
PREVIDÊNCIA SOCIAL (ARTS. 201 E 202 
CF) 
 
 
 
 
Este segmento autônomo da seguridade social vai se preocupar exclusivamente com os 
trabalhadores e com os seus dependentes econômicos. 
A previdência social é a técnica de proteção social destinada a afastar necessidades 
sociais decorrentes de contingências sociais que reduzem ou eliminam a capacidade de 
auto sustento dos trabalhadores e/ou de seus dependentes. 
Contingência social são fatos e/ou acontecimentos que, uma vez ocorridos, tem a 
força de colocar uma pessoa e/ou seus dependentes em estado de necessidade, como por 
exemplos invalidez (incapacidade), óbito, idade avançada. 
A Previdência Social, como visto, tem em mira contingências bem específicas: 
aquelas que atingem o trabalhador e, via reflexa, seus dependentes, pessoas consideradas 
economicamente dependentes do segurado. Essa dependência pode ser presumida por lei 
(no caso de cônjuges, filhos menores e/ou incapazes) ou comprovada no caso concreto (no 
caso de pais que dependiam economicamente do filho que veio a óbito). 
É o que estabelece a legislação: 
Artigo 16 da Lei 8.213/91: São beneficiários do Regime Geral de Previdência 
Social, na condição de dependentes do segurado: 
I. O cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer 
condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido; 
II. Os pais 
III. O irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou 
inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou 
Unidade 9 – Previdência Social (Arts. 201 e 202 CF) 
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(Artigo 29). 
25 
relativamente incapaz, assim declarado judicialmente; (Redação dada pela Lei nº 
12.470, de 2011) 
 
§ 1º A existência de dependente de qualquer das classes deste artigo exclui do 
direito às prestações os das classes seguintes. 
§ 2º. O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante declaração do 
segurado e desde que comprovada a dependência econômica na forma estabelecida no 
Regulamento. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997) 
§ 3º Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada, 
mantém união estável com o segurado ou com a segurada, de acordo com o § 3º do art. 226 
da Constituição Federal. 
§ 4º. A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e das 
demais deve ser comprovada. 
Logo, os beneficiários da Previdência Social são, EXCLUSIVAMENTE, OS 
TRABALHADORES E SEUS DEPENDENTES previstos na legislação previdenciária 
exclusivamente. 
A Previdência Social tem natureza de seguro social; por isso, exige-se a 
contribuição dos seus segurados. Assim: 
“O só estado de necessidade advindo de uma contingência social 
não dá direito à proteção previdenciária. Requer-se que a pessoa 
atingida pela contingência social tenha a qualidade, o “status” de 
contribuinte do sistema de previdência social”. (Eduardo Rocha 
Dias; José Leandro Monteiro de Macêdo, in Curso de Direito 
Previdenciário, Editora Método, 2008, p. 32). 
A contribuição é da essência da previdênciasocial já que o sistema é contributivo, 
devendo haver previsão de fundo de custeio para arcar com os gastos provenientes da 
concessão e manutenção de benefícios previdenciários. 
O regime jurídico da Previdência Social, como um todo, parte da premissa da 
obrigação contributiva do segurado (Exs.: período de carência; cálculo do valor das 
prestações pecuniárias). 
A contribuição do trabalhador é obrigatória. Todo e qualquer cidadão quer exercer 
atividade laborativa remunerada deve, obrigatoriamente, contribuir para a Previdência 
Social. Assim, a contribuição ao sistema geral de previdência social é compulsória para o 
empregado e para os demais trabalhadores, como por exemplo, os profissionais liberais. 
“No Brasil, qualquer pessoa, nacional ou não, que venha a exercer 
atividade remunerada em território brasileiro filia-se, 
automaticamente, ao Regime Geral de Previdência Social – RGPS, 
sendo obrigada a efetuar recolhimentos ao sistema previdenciário 
(somente se excluem desta regra as pessoas já vinculadas a 
Noções de Direito Previdenciário 
 
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(Artigo 29). 
26 
regimes próprios de previdência” (Fábio Zambite Ibrahim, in 
Resumo de Direito Previdenciário, 4ª edição, 2005, Editora 
Ímpetus, página 21). 
Admitem-se como segurado da Previdência Social, também, pessoas que não 
exerçam atividades laborativas remuneradas, mas que, por vontade própria, contribuam 
facultativamente para a Previdência Social. São os segurados facultativos, por exemplo, a 
dona de casa, o estudante. 
Essa possibilidade de contribuição de forma facultativa decorre da aplicação do 
princípio da universalidade de atendimento, na área da Previdência Social. 
Esses segurados facultativos contribuem com o intuito de no futuro usufruírem 
benefícios previdenciários que sem essa contribuição não teriam direito. 
Todavia, essa contribuição lhes dará direito a um número restrito de benefícios, até 
porque eles não pertencem à mesma categoria dos demais contribuintes, são facultativos, 
não exercem atividade remunerada. 
Por fim, a previdência social tem caráter legal, em contraposição ao caráter 
contratual. Isso porque todo o regramento da Previdência Social está contido na lei, não 
existindo espaço para acordo de vontades na relação de seguro social. 
Exs.: espécies de benefícios a serem concedidos, requisitos para a concessão de 
benefícios, rol de dependentes econômicos do segurado, valor da contribuição 
previdenciária, a vinculação à previdência social, etc. 
 
Unidade 10 – Principais Normas Constitucionais Acerca da Previdência Social 
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10 
PRINCIPAIS NORMAS 
CONSTITUCIONAIS ACERCA DA 
PREVIDÊNCIA SOCIAL 
 
 
 
 
“Art. 201, CF - A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de 
caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados os critérios que preservem 
equilíbrio financeiro e atuarial e atenderá, nos termos da lei, a: 
I. Cobertura de doença, invalidez, morte e idade avançada; (Exemplos: Auxílio-
doença, aposentadoria por invalidez, pensão por morte, aposentadoria por idade) 
II. Proteção à maternidade, especialmente à gestante; (salário-maternidade) 
III. Proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário (seguro-
desemprego); 
IV. Salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa 
renda; 
V. Pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e 
dependentes, observado o disposto no parágrafo segundo. 
Parágrafo primeiro: É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a 
concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social, 
ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem á 
saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados portadores de deficiência, nos 
termos da lei complementar. 
Parágrafo segundo: Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o 
rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário-mínimo. 
Noções de Direito Previdenciário 
 
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28 
Parágrafo Terceiro: Todos os salários de contribuição considerados para o cálculo 
de benefício serão devidamente atualizados, na forma da lei. 
Parágrafo quarto: É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, 
em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei. 
Parágrafo quinto: É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na 
qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência. 
Parágrafo sexto: A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá por 
base o valor dos proventos do mês de dezembro de cada ano. 
Parágrafo sétimo: É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência 
social, nos termos da lei, observadas as seguintes condições: 
I. 35 (trinta e cinco) anos de contribuição, se homem, e 30 (trinta) anos de 
contribuição, se mulher; 
II. 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta) anos de idade, se 
mulher, reduzido em 5 (cinco) anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos 
os sexos e para os que exerçam atividades em regime de economia familiar, nestes 
incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal. 
Parágrafo oitavo: Os requisitos a que se refere o inciso I do parágrafo anterior serão 
reduzidos em 5 anos para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo 
exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio. 
Parágrafo nono: Para efeito de aposentadoria, é assegurada contagem recíproca do 
tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana, 
hipótese em que os diversos regimes de previdência social se compensarão 
financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei.” 
A análise do sistema da seguridade social, em todo o seu espectro de atuação, com 
as devidas particularidades de cada uma delas, permite-nos o entendimento completo de 
todos os programas sobre os quais são voltadas as suas ações que tem por finalidade a 
proteção do trabalhador e seus dependentes bem como a assistência aos necessitados, 
mediante a contribuição de toda a sociedade, trabalhador, empregador, empresa, etc. ... de 
acordo com o poder econômico de cada cidadão. 
No Brasil, estamos longe desse padrão de seguridade social. O capitalismo 
brasileiro implantou um modelo de seguridade social sustentado predominantemente na 
lógica do seguro. Desde o reconhecimento legal dos tímidos e incipientes benefícios 
previdenciários com a Lei Elóy Chaves em 1923, predominou o acesso às políticas de 
previdência e de saúde apenas para os contribuintes da previdência social. A assistência 
social manteve-se, ao longo da história, como uma ação pública desprovida de 
reconhecimento legal como direito, mas associada institucionalmente e financeiramente à 
previdência social. 
Foi somente com a Constituição de 1988 que as políticas de previdência, saúde e 
assistência social foram reorganizadas e reestruturadas com novos princípios e diretrizes e 
passaram a compor o sistema de seguridade social brasileiro. Apesar deter um caráter 
Unidade 10 – Principais Normas Constitucionais Acerca da Previdência Social 
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inovador e intencionar compor um sistema amplo de proteção social, a seguridade social 
acabou se caracterizando como um sistema híbrido, que conjuga direitos derivados e 
dependentes do trabalho (previdência) com direitos de caráter universal (saúde) e direitos 
seletivos (assistência). 
Conforme já indicado anteriormente (BOSCHETTI, 2004), aquelas diretrizes 
constitucionais, como universalidade na cobertura, uniformidade e equivalência dos 
benefícios, seletividade e distributividade nos benefícios, irredutibilidade do valor dos 
benefícios, equidade no custeio, diversidade do financiamento e caráter democrático e 
descentralizado da administração (C.F, artigo 194), não foram totalmente materializadas e 
outras orientaram as políticas sociais de forma bastante diferenciada, de modo que não se 
instituiu um padrão de seguridade social homogêneo, integrado e articulado. 
Para detalhamento destes princípios, consultar Boschetti, 2003; Vianna, 1998 e 
1999, entre outros. 
Esses princípios poderiam redirecionar as políticas de saúde, previdência e 
assistência social, no sentido de articulá-las e formar um sistema de seguridade social 
amplo, coerente e consistente, com predomínio da lógica social e não da lógica contratual 
do seguro. Isso, contudo, não ocorreu, em função de uma série de elementos conjunturais e 
estruturais. A onda neoliberal que assolou o país a partir da década de 1990 foi 
determinante para o desenvolvimento de uma política econômica voltada para a 
rentabilidade econômica em detrimento dos avanços sociais. 
A crise econômica vivida no país foi conduzida por um Estado que não assumiu 
compromissos redistributivos e o “conceito retardatário, híbrido, distorcido ou inconcluso 
da seguridade social brasileira, conforme apontam importantes pesquisadores do tema, 
encontrou dificuldades antigas e novas ainda maiores para se consolidar” (BEHRING e 
BOSCHETTI, 2006, p. 158). 
Os direitos conquistados pela classe trabalhadora e inseridos na carta constitucional 
foram submetidos ao ajuste fiscal, provocando um quadro de retrocesso social com 
aumento da extrema e da “nova” pobreza, conforme apontou Soares (2000). Na análise da 
autora, em toda a América Latina, ocorre um aumento de demanda por benefícios e 
serviços, o que se explica pela permanência de “Estado de mal-estar”, em função da não 
implantação ou mesmo destruição dos incipientes sistemas de seguridade social, que vivem 
um processo de contenção, limitação ou desintegração (SOARES, 2000). 
Sobre o nosso conceito tímido de Seguridade Social em comparação com o de 
Beveridge, consultar o texto de Boschetti (2000 e 2006). Na mesma direção, conferir 
Pereira, 1996, e também a ideia de seguridade social híbrida que está presente em nosso 
conceito de seguridade, segundo Fleury, 2004. Já a caracterização de uma seguridade 
social tardia ou retardatária pode ser encontrada em Soares (2000) e a de sua inconclusão 
encontra-se em Teixeira (1990) e Fleury (2004). 
Assim, estabeleceu-se um sistema de seguridade social que, teoricamente, manteve 
o princípio de universalidade e integralidade no âmbito da saúde com Sistema Único de 
Saúde (SUS), que passou a reestruturar, a partir de 2004, a política de assistência social, 
com base no Sistema Único de Assistência Social (SUAS), e que fortaleceu a lógica do 
seguro no âmbito da previdência, sobretudo com as reformas de 1998 e 2003. 
Noções de Direito Previdenciário 
 
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A seguridade social brasileira, desse modo, não avançou no sentido de fortalecer a 
lógica social. Ao contrário, caminhou na direção do fortalecimento da lógica do contrato, o 
que levou Vianna (1998) a caracterizá-la como “americanização perversa”, visto que, em 
sua análise, o sistema público foi se “‘especializando’ cada vez mais no (mau) atendimento 
dos muito pobres”, ao mesmo tempo em que “o mercado de serviços médicos, assim como 
o de previdência, conquista adeptos entre a classe média e o operariado” (VIANNA, 1998, 
p. 142)8. 
Essa imbricação histórica entre elementos próprios à assistência e elementos 
próprios ao seguro social poderia ter provocado a instituição de uma ousada seguridade 
social, de caráter universal, redistributiva, pública, com direitos amplos fundados na 
cidadania. Não foi, entretanto, o que ocorreu, e a seguridade social brasileira, ao incorporar 
uma tendência de separação entre a lógica do seguro (bismarckiana) e a lógica da 
assistência (beveridgiana), e não de reforço à clássica justaposição existente, acabou 
materializando políticas com características próprias e específicas que mais se excluem do 
que se complementam, fazendo com que, na prática, o conceito de seguridade fique no 
meio do caminho, entre o seguro e a assistência. 
Sobre o sistema norte-americano, consultar Vianna (1998), p. 143 e 144. 
A não instituição de uma “sociedade salarial” no Brasil, que se caracterizaria pela 
generalização de empregos assalariados estáveis e garantidores de direitos, faz com que 
aproximadamente metade da população economicamente ativa permaneça fora do mercado 
formal de trabalho e, portanto, sem garantia de acesso aos direitos decorrentes do trabalho, 
tais como salário regular, seguro-desemprego e seguro acidente de trabalho, e também 
daqueles da seguridade social condicionados a um emprego ou a uma contribuição como 
autônomos, tais como aposentadorias e pensões, 13º salário, salário-família e auxílio-
saúde. 
De acordo com a PNAD/IBGE, em 2002, entre os 40,6 milhões de não 
contribuintes para a Seguridade Social, que não têm e não terão acesso aos direitos 
previdenciários, o correspondente a 20,4 milhões (50,12%) não possuía rendimentos ou 
recebia menos de um salário mínimo. Esses dados expressam a dramática condição de 
desigualdade e pobreza, bem como o limite desse modelo de seguridade social, e a 
perversidade da estrutura econômico-social que produz e concentra riqueza, ao mesmo 
tempo em que exclui os trabalhadores pobres de seu acesso e os confina a relações de 
trabalho precárias, incertas, eventuais, de baixo rendimento e não garantidoras de direitos. 
Apesar de reconhecer as conquistas da 
Constituição no campo da seguridade social, é impossível deixar de sinalizar seus 
limites estruturais na ordem capitalista. Esses se agravam em países com condições 
socioeconômicas como as do Brasil, de frágil assalariamento, baixos salários e 
desigualdades sociais agudas. A situação do mercado de trabalho brasileiro, em que metade 
da população economicamente ativa possui relações informais de trabalho, faz com que a 
seguridade social, além de contribuir para a produção e reprodução da força de trabalho, 
deixe fora do acesso à previdência a população não contribuinte e, ainda, exclui do acesso 
aos direitos assistenciais aqueles que podem trabalhar. 
Unidade 10 – Principais Normas Constitucionais Acerca da Previdência Social 
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O programa de transferência de renda, que abrange trabalhadores adultos (bolsa-
família), não possui caráter de direitoe seus valores, condicionalidades e forma de gestão o 
colocam na órbita das políticas compensatórias. 
Os dados aqui apresentados e sua análise foram desenvolvidos em Boschetti, 
“Assistência Social no Brasil: um Direito entre Originalidade e Conservadorismo”, 2003a, 
p. 65-68. Essa condição não se modificou. Como mostra o trabalho de Dias (2006). 
A assistência social e a previdência, no âmbito da seguridade social, constituem um 
campo de proteção que não restringem e nem limitam a lógica de produção e reprodução 
do capitalismo. No Brasil, sua lógica securitária determinante a aprisiona no rol das 
políticas, que agem mais na reiteração das desigualdades sociais que na sua redução. E 
mesmo essa parca conquista vem sofrendo duros golpes, que estão provocando seu 
desmonte, e não sua ampliação. 
Praticamente todos os princípios constitucionais estão sendo desconsiderados 
profundamente: a universalidade dos direitos, a uniformidade e equivalência dos direitos, a 
diversidade de financiamento no sentido de transferir recursos do capital para o trabalho e 
a gestão democrática e descentralizada. Todos esses princípios estão sendo gradualmente 
diluídos em sucessivas contrarreformas ou medidas tidas como de natureza técnica, mas 
que, na verdade, têm um nítido sentido político de desestruturação da seguridade social. O 
princípio de seletividade e distributividade é o único que não está sendo derruído, ao 
contrário, está sendo colocado em prática com bastante rigor. Os caminhos desse desmonte 
seguem diferentes tendências. 
O primeiro caminho do desmonte é o da desconfiguração dos direitos previstos 
constitucionalmente. Estes não foram nem uniformizados e nem universalizados. Diversas 
contrarreformas, como a da previdência de 1998, 2002 e 2003, sendo as primeiras no 
Governo Fernando Henrique Cardoso e outra no Governo Lula, restringiram direitos, 
reforçaram a lógica do seguro, reduziram valor de benefícios, abriram caminho para a 
privatização e para a expansão dos planos privados, para os fundos de pensão, ampliaram o 
tempo de trabalho e contribuição para obter a aposentadoria (BOSCHETTI e 
SALVADOR, 2003). A tendência mais recente na previdência é a proposta de 
desvinculação dos benefícios previdenciários do salário mínimo, o que permitiria reduzir 
seus valores progressivamente10. 
No momento de finalização deste texto, em agosto de 2007, essa proposta estava 
em discussão, com posicionamento favorável de diversos setores conservadores, entre eles 
o do Ministro da Previdência, Luís Marinho, que quando estava na presidência da CUT era 
contrário a tal proposição. 
No âmbito da política de saúde, os princípios do SUS, como descentralização e 
participação democrática, universalização e integralidade das ações, estão sendo diluídos 
pela manutenção cotidiana, apenas de uma cesta básica, que não assegura nem os 
atendimentos de urgência. É notória a falta de medicamento, ausência de condições de 
trabalho, de orçamento e de capacidade de absorção das demandas, o que se evidencia nas 
longas filas de espera por uma consulta ou internação. 
A política de assistência social, por sua vez, não conseguiu superar a histórica 
focalização em segmentos ditos hoje “vulneráveis” ou nas chamadas “situações de risco”. 
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Sua abrangência é restritiva e os benefícios, serviços e programas não atingem mais do que 
25% da população que teria direito, com exceção do Benefício de Prestação Continuada 
(BPC) e do bolsa-família, que vêm crescendo rapidamente nos últimos anos, revelando sua 
tendência de política de transferência de renda. 
O Sistema Único de Assistência Social (SUAS) tem se caracterizado como gestão 
da escassez, decorrente de uma política econômica que prioriza o pagamento dos juros da 
dívida Os recursos federais repassados aos municípios para realização dos serviços 
socioassistenciais (e que excluem BPC, RMV – Renda Mensal Vitalícia – e Bolsa Família) 
são reduzidos e apresentam tendência decrescente no Fundo Nacional de Assistência 
Social11. 
O segundo caminho do desmonte é a fragilização dos espaços de participação e 
controle democrático previstos na Constituição, como Conselhos e Conferências. Enquanto 
instâncias deliberativas e participativas, os Conselhos não estão sendo consolidados. 
Primeiro, pela extinção do Conselho Nacional de Seguridade Social, que tinha a função de 
articular as três políticas e atribuir unidade ao sistema. Em seguida, pela extinção dos 
Conselhos locais de Previdência Social12, o que denota a intenção de centralização no 
Conselho Nacional de Previdência Social. 
11 Para uma análise detalhada do orçamento da seguridade social entre 1995 e 
2005, consultar Boschetti e Salvador, 2006. 12 Os Conselhos de Previdência foram 
reinstituídos em 2004, em âmbito regional, mas com natureza mais técnica e menos 
política. 
E, sobretudo, pelo movimento de institucionalização dos conselhos, quase como um 
setor do estado. Essas iniciativas dificultam a consolidação dos conselhos como espaço 
autônomo de participação, controle democrático e fiscalização. A terceira, e talvez mais 
destrutiva forma de desmonte, é a via do orçamento. As fontes de recurso não foram 
diversificadas, contrariando o dispositivo constitucional, e permanece a arrecadação 
predominantemente sobre folha de salários. Ocorre uma usurpação de 20% dos recursos da 
seguridade social para o pagamento da dívida pública por meio da Desvinculação das 
Receitas da União. 
Em relação ao financiamento, quem paga a conta da seguridade social é, 
majoritariamente, a contribuição dos empregadores e dos trabalhadores sobre folha de 
salário, o que torna o financiamento regressivo, já que sustentado nos rendimentos do 
trabalho. Assim, quem paga a maior parte da conta da seguridade social são os 
trabalhadores, com o desconto em folha, sendo que as contribuições sociais baseadas no 
lucro (CSLL) e faturamento das empresas (Cofins) acabam sendo transferidas para as 
mercadorias onerando os consumidores. Do ponto de vista das fontes de financiamento, 
podemos afirmar que a seguridade tem caráter regressivo, pois não transfere renda do 
capital para o trabalho. 
Ainda no âmbito do orçamento, outro elemento importante para compreendermos 
esse processo de desmonte é conhecer o destino dos recursos. Historicamente, a maior fatia 
de recurso do orçamento da seguridade social fica com previdência social (média de 60%), 
seguida pela política de saúde (média de 14%), e, finalmente, a política de assistência, com 
média de aproximadamente 6%. As análises históricas mostram o crescimento da 
participação percentual da assistência social e a redução da participação da saúde, o que 
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reforça as tendências das políticas de seguridade social, já apontadas acima. Outra 
tendência revelada 
Na análise orçamentária é que as três políticas reconhecidas constitucionalmente 
como políticas da seguridade social absorvem em média 80% dos recursos, enquanto 20% 
são utilizados em outras políticas sociais. 
Não se pode compreender a seguridade social em sua totalidade sem entender sua 
relação com a política econômica. A redução dos direitos, a restrição dos espaços 
democráticos de controle democrático e as contenções dos recursos têm íntima relação com 
a políticaeconômica, que engole parte significativa do orçamento da seguridade social. Os 
recursos que compõem as fontes de financiamento da Seguridade Social desempenham um 
papel relevante na sustentação da política econômica e social, e, desde 1994, vem 
ocorrendo apropriação indevida desses recursos do Orçamento da Seguridade Social por 
meio da Desvinculação das Receitas da União, que são retidos pelo Orçamento Fiscal da 
União e canalizados para a esfera financeira e geração do superavit primário. Esse 
movimento constitui uma “perversa alquimia” (BOSCHETTI e SALVADOR, 2006), que 
transforma recursos destinados aos direitos sociais em fonte de sustentação da política 
monetarista de juros altos, estímulo à ciranda financeira. 
Os caminhos do desmonte da seguridade social, apontados acima, desdobram-se em 
várias trilhas. Uma é a realocação das receitas do orçamento da seguridade social pelo 
Tesouro Nacional, por meio da DRU, que vem crescendo anualmente. Além do pagamento 
dos encargos da dívida, os recursos desvinculados pela DRU são utilizados para cobrir 
aposentadorias do setor público, investimento em infraestrutura nos Estados e vale-
transporte e auxílio alimentação de servidores públicos. Outra é a baixa participação do 
orçamento fiscal no orçamento da seguridade social. 
O repasse de receitas do Tesouro Nacional (orçamento fiscal) para a seguridade 
social vem sendo reduzido progressivamente, ou seja, o recurso do orçamento fiscal, que 
deveria ir para a seguridade social, conforme determinação constitucional, está sendo 
utilizado para outras destinações. Uma terceira é o mecanismo da isenção fiscal, que faz 
com que a seguridade social tenha enormes perdas de arrecadação. 
Calcula-se que seguridade social deixa de arrecadar anualmente em torno de R$ 13 
bilhões devido às renúncias previdenciárias às “entidades filantrópicas” (assistência, saúde 
e educação), micro e pequenas empresas e clubes de futebol, segundo dados da ANFIP 
(2005). Ainda que legais, pois previstas em leis, essas isenções poderiam ser limitadas de 
modo a assegurar maior arrecadação para a seguridade social. Outra trilha de desmonte é a 
sonegação fiscal. Dados da ANASPS (Associação Nacional dos Servidores da Previdência 
Social) revelam que, entre 2003 e 2005, o governo acumulou R$ 100 bilhões de deficit de 
caixa no INSS por motivo de uso indevido do orçamento da seguridade social, sendo R$ 90 
bilhões em função de sonegação, evasão e elisão contributiva e R$ 35 bilhões em função 
de renúncias contributivas. 
O favorecimento de planos privados de aposentadoria, que proliferaram após a 
contrarreforma da previdência social, é outro caminho de desmonte, pois provoca uma 
privatização passiva, ao estimular a demanda ao setor privado, em detrimento do setor 
público. Em 2004, mais de seis milhões de brasileiros (as) já haviam se associado a planos 
privados, o que reduz e fragiliza a seguridade social pública. 
Noções de Direito Previdenciário 
 
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Outras medidas de desmonte estão acontecendo intempestivamente. Uma é a 
reforma tributária, antecipada pela Emenda Constitucional n. 24, que abre a possibilidade 
para que as contribuições sobre folha de pagamento sejam substituídas por contribuições 
sobre o faturamento. Isso significa que a única fonte da seguridade social que não está 
sujeita à DRU, que é a contribuição sobre a folha de salários (não só do trabalhador, mas 
do empregador), pode ser substituída por outras fontes como a Cofins, o que pode provocar 
redução do orçamento da seguridade social, já que essa fonte está sujeita à DRU. 
Outra é publicação da Medida Provisória n. 258 de 16 de agosto de 2005 (aprovada 
no Congresso), que provoca a fusão da Receita Federal e Previdenciária e concretiza o 
caixa único entre orçamento fiscal e da seguridade social. Tal medida submete a aprovação 
e execução do orçamento da seguridade social à autorização e liberação do Ministro da 
Fazenda, subordinando ainda mais a Seguridade Social à austera e regressiva política fiscal 
em curso. 
Esse quadro revela que a seguridade social brasileira, fruto das lutas e conquistas da 
classe trabalhadora, é espaço de fortes disputas de recurso e de poder, constituindo-se em 
uma arena de conflitos. A defesa e ampliação dessas conquistas e o posicionamento 
contrário às reformas neoliberais regressivas são desafios permanentes e condições para 
consolidação da seguridade social pública e universal. 
Unidade 11 – Conclusão 
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CONCLUSÃO 
 
 
 
 
Assim, um dos pilares de estruturação da seguridade social é sua organização com base na 
lógica do seguro social. Essa é a lógica que estrutura os direitos da previdência social em 
praticamente todos os países capitalistas. Em alguns países como França, Inglaterra e 
Alemanha, a lógica do seguro sustenta também a política de saúde. No Brasil, a lógica do 
seguro estruturou e estabeleceu os critérios de acesso da previdência e da saúde desde a 
década de 1923 até a Constituição de 1988. O princípio dessa lógica é garantir proteção, às 
vezes exclusivamente, e às vezes prioritariamente, ao trabalhador e à sua família. É um 
tipo de proteção limitada, que garante direitos apenas àquele trabalhador que está inserido 
no mercado de trabalho ou que contribui mensalmente como autônomo ou segurado 
especial à seguridade social. 
Nesta lógica, só tem acesso aos direitos da seguridade social os chamados 
“segurados” e seus dependentes, pois esses direitos são considerados como decorrentes do 
direito do trabalho. Assim, se destinam a quem está inserido em relações formais e estáveis 
de trabalho e possuem duas características centrais. Primeiro são condicionados a uma 
contribuição prévia, ou seja, só têm acesso aqueles que contribuem mensalmente. Segundo, 
o valor dos benefícios é proporcional à contribuição efetuada. Essa é a característica básica 
da previdência social no Brasil, que assegura aposentadorias, pensões, salário-família, 
auxílio doença e outros benefícios somente aos contribuintes e seus familiares. 
A seguridade social pode garantir mais, ou menos, acesso a direitos, quanto mais se 
desvencilhar da lógica do seguro e quanto mais assumir a lógica social. De todo modo, 
ambas são profundamente dependentes da organização social do trabalho. Nos países em 
que as duas lógicas convivem no âmbito da seguridade social, elas estabelecem entre si 
uma relação que venho designando como sendo de atração e rejeição. É a ausência de uma 
dessas lógicas que leva à necessidade e à instauração da outra lógica. 
Por exemplo, aqueles trabalhadores que não estão inseridos no mercado de 
trabalho, que não têm acesso ao seguro, ou à previdência social, acabam caindo em uma 
situação de ausência dos direitos derivados do trabalho. Muitos deles, por não terem 
contribuído para a seguridade social, chegam aos 65 anos (essa idade varia de país para 
país) e não têm direito à aposentadoria. A exigência da lógica do seguro e a 
Noções de Direito Previdenciário 
 
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impossibilidade de sua manutenção para todos os trabalhadores, sobretudo para os 
desempregados, empurram

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