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Avaliação pré-anestésica e risco anestésico Terça-feira, 25 de agosto de 2020. O que é avaliação pré-anestésica? Identificar se o animal está bem? Ou não Solicitando os exames necessários Avaliando qual é o melhor protocolo anestésico para aquele animal (se é local, geral...) Grande parte dos veterinários sofrem processos e se perdem nesta parte do protocolo. Pois não houve avaliação correta e documentação necessária. Anestesia Termo grego anaisthaesia " insensibilidade". O animal esta em: o Analgesia (sem dor) o Relaxamento muscular o Inconsciência (hipnótico) Somente com esses três fatores associados são possíveis afirmar que o animal esta anestesiado, Porem, não existe um único medicamento que seja eficiente para estes três especificações. E para montar um bom protocolo anestésico, é necessário respeitar todas as fases da anestesia. Todas as fases anestesia devem estar documentadas, como forma comprobatória em uma ficha anestésica. Fases da anestesia 1. Anamnese 2. Exames físicos pré-anestésicos 3. Exames complementares 4. Planejamento 5. MPA- preparo do paciente 6. Indução 7. Intubação 8. Manutenção anestésica 9. Monitoração 10. Recuperação anestésica (o veterinário deve estar presente! O anestesista somente pode se retirar quando o animal estiver acordado). Avaliação pré-anestésica Identificação do animal (toda ficha, deve ter obrigatoriamente todas essas informações). Nome (alguns hospitais utilizam um numero para identificação, que pode ser mais adequado). Espécie Raça (auxilia a identificar doenças) Sexo Idade Peso (é fundamental pesar e nunca estimar o peso do animal! Erros mínimos podem ter consequência muito grave em pequenos animais). Histórico/anamnese Afecções principais ou procedimento cirúrgico Ex. (biopsia de neoplasia de mama, provocando que o anestesia tinha clareza do procedimento que seria realizado). Sinais e sintomas O mais relevante, principalmente dos órgãos vitais, como anuíra e dispneia. Medicação utilizada (metabolização, quimioterápicos) Principalmente se trata de um medicamento com efeito cardiovascular (pimobendam,IECA..) Alguns quimioterápicos atingem órgãos alvos (nefrotóxicos, hepatológicos...), caso o animal o animal tenha feito o uso prolongado dessas terapias, é necessário que se utilize protocolos anestésicos que não agridam estes mesmos órgãos alvo. E, além disto, realizar o acompanhamento preciso destes mesmos órgãos (pedir função renal antes de anestesiar). Comportamento Indicar quando o animal for bravo e não for possível realizar o exame físico 3 perguntas chaves (Obrigatório o anestesista realizar estas perguntas no dia da cirurgia): Está de jejum? Faz uso de medicação? Tomou hoje? Surgiu algum sintoma novo após a consulta? Exame físico Exame físico pré-anestésico Estado geral/ escore corporal Atenção voltada principalmente para animais caquéticos e obesos mórbidos Obesos: o Possuem dificuldade de respirar o A intubação é dificultosa o As contas de dose, não devem ser baseadas no peso do animal somente; pois serão doses altas, que o animal não suporta(normalmente é metade da dose para aquele e peso) Caquético: o Possuem proteína baixa, não se faz necessárias doses menores. o Alto risco de hipotermia (o animal não possui gordura para isolar a temperatura, além disso, não treme), perde calor facilmente. Tomar mais cuidado com aquecimento desse animal no trans. operatório. Lesões ou afecções superficiais Mucosas (pálidas, congestas, ictéricas, cianóticas) Auscultação cardíaca e pulmonar Pulso arterial Grau de desidratação Obs.: nunca se deve anestesiar um animal desidratado! Desidratação à Concentração de urina à Concentra a medicação no Rim à Alto risco de tornar o paciente Doente Renal. Se o animal estiver desidratado, sem ter havido privação hídrica proposital dos tutores à Grandes chances de ser Doente Renal. Desidratação à Queda da pressão arterial à O corpo responde com vasoconstrição periférica para tentar manter a pressão à Anestésicos provocam vasodilatação, se for administrado neste momento à Queda brusca da pressão arterial. Tentar controlar essa queda durante a anestesia é muito complicado, pois o animal pode sentir dor e o anestesista precisar ficar aumentando e diminuindo doses etc. Exames complementares Exames laboratoriais: o Hemograma o Bioquímico o Urinálise Exame radiográfico Exame ultrassonográfico Eletrocardiográfico Ecocardiográfico Outros (microbiológico, fezes, tomografia, RM, etc.) Exames pré-operatórios Posso anestesiar um paciente sem exames complementares prévios á cirurgia?- Sim! Estudos recentes comprovam que: Não há importantes diferenças entre os pacientes saudáveis que não realizam exames pré-operatórios e os saudáveis eu realizam (taxas de sucesso e mortalidade são praticamente as mesmas). Porem existe situações nas quais é obrigatória a realização de exames complementares: o Animais não saudáveis: amimais que apresentam quaisquer alterações durante o exame clinico (alterações físicas, histórico de doenças previas, uso prolongado de medicamentos, etc.) o Um detalhe que se deve pensar é que em algumas situações o exames clinico na veterinária não é fidedigno, podendo o animal estar com sintomas e não ser identificado (p. ex: animais não conseguem relatar "azia" que é um sintoma). o Indica-se que se realize ao menos um hemograma sempre. Quais os critérios para a escolha dos exames? Sinais ou sintomas reportados em a anamnese ou exame fisco Procedimento cirúrgico Fármacos que estão sendo ou serão utilizados Fatores predisponentes o Raça o Idade o Sexo o Antecedentes mórbidos o Antecedentes familiares Risco anestésico (American society of anesthesiology) a American Society of anesthesiology, criou uma classificação para determinar o risco anestésico dos pacientes. Variando de acordo com este risco, seria indicado um protocolo anestésico. Isto auxilia para que veterinários não desdenhem pacientes com determinadas condições (animais de lato risco sendo tratados como baixo risco) ou exagerem em outras situações (pacientes de baixo risco sendo tratados com alto risco) . A classificação é por ASA ASA I Animais sadios sem doença detectável - cirurgia eletiva - menor risco (lembrando que ainda existe risco!). Animais saídos, animais totalmente assintomáticos ou animais que possuem doenças sem efeito sistêmico. EX: o Animal jovem e saudável que irar realizar uma castração; o Animal com hérnia umbilical o Animal cílio ectópico que provoca ulcera de córnea recidiva, porem não possui nenhuma outra alteração, além disto. Nestes casos, é possível realizar o procedimento cirúrgico sem a necessidade de exames complementares pré-operatórios. Idade não é fator determinante para ASA, ou seja, um animal idoso que não tenha outras morbidades pode ser considerado ASA I. ASA II Doença sistêmica leve a moderada completamente controlada (anemia discreta, diabético controlado). Exemplo: Paciente diabético que toma medicação e está com todos os sintomas controlados. Paciente que era obeso mórbido e emagreceu (a doença dele está controlada) Paciente com 14 anos, apresentando tosse devido a uma doença cardíaca, que foi controlada com medicamentos. Está em cirurgia para retirar uma formação benigna em uma cirurgia muito invasiva. ASA III Doença sistêmica moderada a grave, porém não incapacitante (hipertenso doente renal, mas não insuficiente). Animais com sintomas. Exemplo: Animal cardiopata que demonstra sinais de cansaço Diabético com glicemia não controlada Animal com quadro infeccioso apresentando febre Animal de 8 anos com abcesso prostático, sendo tratado com antibiótico sem resposta. Passará por uma castração. Os exames não apresentaram grandes alterações além de leucocitose e no exame físicoapresentou febre. Animal obeso mórbido, sem alterações nos exames além de aumento de colesterol (obesidade é uma doença que possui repercussão sistêmica- animal não respira direito, mais inflamado). ASA IV Doença incapacitante que oferece risco constante a vida (insuficiente renal) Quando ocorre a insuficiência de algum órgão importante. Exemplo: Animal em coma, Animal hipotenso, Animal em edema pulmonar, Animal com cirrose, Animal com insuficiência Renal... Paciente com Piometra realizou exames e constou Falência renal, animal apático com anorexia e desidratada. ASA V Associação de doenças incapacitantes, onde está certo o óbito sem cirurgia e tem pequenas chances com a cirurgia (Piometra com choque séptico). Animal com grandes chances de vir a óbito dentro de 24 horas (com ou sem cirurgia). E – Emergência Onde não é possível avaliar adequadamente o paciente, pois está correndo risco eminente de vida (atropelado sangrando muito). (Não é urgência) Normalmente não se sabe o histórico do paciente, não há possibilidade de realizar exames complementares e a determinação da ASA ocorre no momento do exame físico. Quando determinar a ASA do animal deve-se colocar junto a letra E. Paciente com torção gástrica foi recebido durante a madrugada em um hospital. Não há tempo para realizar exames complementares e é a primeira consulta do animal naquele local. Durante o Exame físico da consulta será determinar ASA. Exemplo: ASA II Deve-se acrescentar II-E Exemplo: Paciente levou um tiro, porém, sua pressão ainda está estável, sem sinais de falência de sistemas. Paciente E-III ESCLARECIMENTO DOS PROPRIETÁRIOS – ESCOLHA DE CONDUTA Não existe procedimento anestésico sem risco. Quais são os riscos? Hipersensibilidade Ao ponto de causar graves consequências aos animais é raro (Choque anafilático – extremamente raro) Alguns opióides utilizados podem provocar edemas, principalmente em volta dos olhos, normalmente em Pugs e Bull Dogs. (Reação mais comum). Idiossincrasia Significa que o animal teve uma resposta ruim ao fármaco (aumento da intensidade ou causou algum efeito que não deveria ter) e não responde ao tratamento. Exemplo: Quando é administrado Acepran, um dos efeitos é provocar queda moderada da pressão nos animais, porém, em alguns, pode provocar uma queda muito brusca e, mesmo que o anestesista tente estabilizar, não há uma boa resposta ao tratamento e o animal pode ir a óbito. Porém, também é um evento incomum de ocorrer na rotina. Erro humano (PRINCIPAL CAUSA) Imprudência Quando o veterinário sabe que está errado, porém, mesmo assim ele coloca em prática. Imperícia Quando o veterinário realiza algo que ele não possui competência para realizar. Negligência Quando o veterinário deixa de socorrer ou utilizar algum método viável no paciente. Alterações no preparo do paciente o Existem protocolos padrões de preparo, em alguns casos é necessário realizar mudanças. o Exemplo: Se o paciente possui doença renal, o tutor não poderá realizar jejum hídrico. o Estas informações e outras alterações que possam ter como administração de fármacos, é obrigação do anestesista informar ao tutor. Alteração do procedimento cirúrgico Contraindicação do procedimento cirúrgico PREPARO DO PACIENTE Estabilização do paciente Uma das preparações para um procedimento cirúrgico, é a privação hídrica junto com o jejum alimentar. Porém, diminuir a ingesta de água, significa concentrar muito a urina. Caso o animal seja anestesiado nestas condições, a ação nefrotóxica dos fármacos será ampliada, pois os medicamentos ficarão por mais tempo dentro do organismo. Podendo desencadear insuficiência renal nos pacientes. Por isso, se faz necessário realizar fluidoterapia transoperatória (garante hidratação, sem deixar o estômago cheio). Mesmo que o animal não esteja desidratado, se deve administrar fluidoterapia. Como realizar esta fluidoterapia? Fórmula (com soros convencionais, os chamados cristaloides): VM= 2 x peso x t +3 x Vol. Sangramento. VM VOLUME MINIMO PESO PESO DO ANIMAL T TEMPO QUE O ANIMAL FICOU EM PRIVAÇÃO HIDRICA + O TEMPO DE CIRUGIA VOL. SANGRAMENTO VALOR APROXIMADO QUE O ANESTESISTA SUPOE QUE O ANIMAL ESTA PERDENDO, DURANTE A CIRUGIA. CASO CLINICO Animal 5kg em privação hídrica por 6 horas, ira passar por um procedimento cirúrgico que levara em torno de 1 hora, com volume de sangramento aproximado de 20 ml. Qual o volume mínimo de sexo que devera ser realizado no transoperatório deste animal? R: aplicar na formula VM = 2X 5kg X 7 horas X 5 X 20 ml VM= 130 ml/kg/hr Existe uma diferença importante: Se a hidratação do paciente for realizada como cristaloides (soro convencional): o Aplica 3 ml de soro para cada 1 ml de sangue perdido o Por isso na formula multiplica por 3. o Isto quer dizer que a proporção é 3:1 (três para um) Caso a hidratação do paciente seja realizada com coloides ( outro tipo de soro) a Proporção muda Será reposto 1 ml de soro para 1 ml de sangue perdido ( ou seja , o valor de soro é igual ao valor de sangue perdido) VM = 2X 5kg X 7hr + 20ml VM = 90 ml/kg/hr Pacientes que tenham perdido um volume de sangue muito significativo o Necessitam de reposição de volume com sangue (transfusão sanguínea) o Neste caso também se aplica a proporção de 1:1 o A cada 1 ml de sangue perdido e reposto 1ml de sangue por transfusão Reposição de eletrólitos Caso o animal possua alterações de eletrólitos, é possível corrigir suplementando esta fluidoterapia com o eletrólito necessário. Exemplo: Animal que está com Hipocalemia a Suplementa a fluidoterapia com Potássio Transfusão sanguínea Jejum O jejum torna a anestesia mais segura Apenas em casos de emergência é aceitável realizar anestesia sem jejum. Riscos de anestesiar sem jejum: o Pneumonia aspirativa o Desconforto intestinal Quando o animal está anestesiado a motilidade intestinal diminui. Se houver alimento no estômago, ficará parado sem ser digerido e com isto, formando muitos gases. Estes gases provocarão muita dor no pós-operatório para o animal. o Quadros infeccioso no pós-operatório A fermentação causada pelo alimento parado no estômago predispõe a crescimento bacteriano. Isto aumenta o risco de enterite e predispõe a sepse. o Alteração do fluxo sanguíneo intestinal (alta concentração de fármaco no intestino que depois irá atingir o SNC) Anestésicos possuem tropismo por tecido gorduroso. Se o animal estiver em jejum, o tecido disponível, mais rico em gordura é o do Cérebro. Pois em jejum, não a irrigação sanguínea suficiente para levar o anestésico para outras partes mais ricas em gordura. Por isso, os anestésicos, quando o animal está em jejum, agem com maior impacto no sistema nervoso central. Quando o animal está digerindo o alimento, o fluxo sanguíneo intestinal aumenta. Sendo assim o anestésico que deveria ir para o cérebro, acaba indo para a gordura abdominal. Nestes casos o animal acaba não dormindo. Seria necessária uma dose muito maior de anestésico para atingir o SNC. Aumentando as chances de efeitos colaterais. JEJUM NAS DIFERENTES ESPÉCIES Período indicado: Cães de médio e grande porte: 8 a12 h sólido e 4h hídrico Cães peq. porte e gatos (a partir de 12 semanas): 6 h sólido e 4h hídrico Filhotes até 6 a 12 semanas: 4h sólido e 2h hídrico Neonatos até 6 semanas de vida: não faz jejum Equinos adultos: 24 h sólido e 6 h hídrico Potros: 8 a 12 h sólido e 4 hídrico Bovinos: 48 h sólido e 6 a 12 h hídrico Novilhos e peq. Ruminantes: 12 a 18 h sólido e 4 a 6 hídrico Informações importantes: Não precisa decorar todos os períodos de todas as espécies, apenas entender que o período de jejum varia de acordo com idade e espécie. Em filhotes o jejum é sempre menor, pois eles não possuem reservas de glicogênio. Se um animal chegar a ficar emhipoglicemia por causa do jejum: Deve-se administrar glicose E nunca anestesiar em seguida, mesmo após a estabilização da glicemia. Na próxima cirurgia realizar jejum menor. o A água é atraída por solutos, principalmente sal e glicose. (Sai do meio mais concentrado para o menos concentrado) o Em condições de hipoglicemia, existe pouco açúcar no sangue, o que quer dizer que existe mais soluto (açúcar e sal) nos tecidos do que no sangue. o Com isto, a água migra do sangue para os tecidos. o Isto provoca edema nos tecidos, inclusive no cérebro (Edema cerebral). o Se houver administração muito rápida de glicose, tentando controlar a glicemia, ocorre a saída muito rápida da agua dos tecidos, correndo o risco de lesionar a bainha de mielina e provocar sequela neuronal. o E caso o animal entre em cirurgia e a pressão caia, pode ocorrer uma lesão isquêmica, causando mais sequelas (como paralisias de membros). ADEQUAÇÃO DE DOSES Sobredose absoluta: imprudência, imperícia ou negligentes. Dose acima dos recomendados para a espécie ou para o efeito desejado Sobredose relativa: imprudência, imperícia, negligência ou fatalidade. Dentro das doses recomendadas na literatura, mas não para pacientes específicos (avaliação pré-anestésica ruim ou idiossincrasia) Quando na literatura indica uma dose específica para pacientes saudáveis (ASA I), porém, não é o caso do paciente sendo atendido naquele momento. Exemplo: Gestantes sempre devem tomar doses reduzidas de anestésico e normalmente a dose diminuída não está descrita na literatura. Calculo de dose Q (ML) P (kg) Peso do animal em kg D (mg/kg) Dose da medicação ( dose é retirada da literatura) {} (mg/ml) Concentração do fármaco em miligrama por ml
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