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Metodologia do Treinamento Físico-Esportivo Aula 8: Avaliação do desempenho Apresentação Um ponto importante em treinamento esportivo está relacionado ao acompanhamento do desempenho do atleta. Para tal, é extremamente necessário realizar a avaliação das valências físicas relacionadas ao desempenho. É com base nos resultados dos testes que técnicos e preparadores físicos baseiam seus critérios de prescrição. Assim, nesta aula abordaremos os principais testes para avaliação da aptidão cardiorrespiratória e da força muscular. Objetivos Identi�car os principais tipos de testes cardiorrespiratórios; Reconhecer os principais tipos de testes de força muscular; Reconhecer os testes de diferentes tipos de força muscular. Avaliação do desempenho Testes Especí�cos A realização de uma avaliação criteriosa do aluno/atleta é parte fundamental e precedente para que se realize um treinamento de qualidade. Neste aspecto, podemos dividir o processo de avaliação em três partes: Clique nos botões para ver as informações. Questionário /anamnese: o objetivo principal desse tipo de questionário é conhecer melhor seu futuro aluno: hábitos, histórico sobre sua saúde, pretensões com o treinamento, tipo de prova que pretende correr, se pretende melhorar seu tempo, se está interessado em saúde ou estética. Independentemente dos inúmeros motivos, essa parte só precisa ser feita uma única vez, justamente quando o aluno iniciar seu treinamento ou, esporadicamente, quando ocorrer alguma mudança a respeito do objetivo do atleta etc. Questionário/anamnese Avaliação física: compreende tudo o que está, especi�camente, relacionado à parte física do aluno/atleta: composição corporal, �exibilidade e perimetria. A periodicidade das novas avaliações �ca a critério do treinador. Recomenda-se, porém, que ocorram a cada três ou seis meses ou, no mínimo, uma vez a cada ano. Avaliação física Avaliação cardiorrespiratória: pode ser aferida de várias maneiras: em clínicas especializadas ou na rua, com um educador físico. Assim, este post trata dessa última opção. Compilamos, em um infográ�co, o que considera-se serem os nove tipos principais de testes de campo para a aferição do VO . Avaliação cardiorrespiratória 2máx O corpo humano aumenta sua demanda energética durante qualquer novo esforço. Uma dessas demanda, referente ao VO , que aumenta concomitantemente com o aumento do volume ou intensidade de uma atividade, com a �nalidade de manter o suprimento de oxigênio, que será posteriormente transformado em energia (ATP). Um novo estímulo deverá ser dado apenas a partir de transferência de energia. No entanto, de qual energia? Principalmente proveniente da glicólise (glicose) e lactato. O VO dar-se-á por fatores cardiovasculares e musculares. No coração destaca-se o débito cardíaco, o volume de ejeção, a hipertro�a do miocárdio, a resistência periférica e a frequência cardíaca máxima, enquanto, no nível muscular, a capilarização, o �uxo sanguíneo e a capacidade oxidativa. A capacidade cardiovascular possui inúmeros métodos de mensuração, podendo ser tanto de forma direta quanto indireta. Como exemplo de mensuração direta destacamos a gasometria por meio do ergoespirômetro. Por outro lado, a mensuração indireta é baseada nas relações entre a frequência cardíaca e o VO , medidos em homeostase (steady-state). As avaliações indiretas são mensuradas utilizando-se fórmulas e análises de regressão, desenvolvidos com o intuito de subestimar o VO . Existem diversas formas de determinar o VO , principalmente por tarefas que ativam grandes grupos musculares, desde que essas tarefas possuam intensidade e duração su�ciente para promover transferência de energia aeróbica. Entre os tipos, de testes que podem ser aplicados na avaliação da capacidade aeróbicos temos: 2 2máx 2 2 2máx http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0320/aula8.html Testes de campo Baixo custo �nanceiro, e possibilitando avaliar um maior número de indivíduos possíveis, elevando a validade externa. (Fonte: Lund/Shutterstock). Testes ergométricos Elevado custo �nanceiro e operacional (utilizam ergômetros — [esteiras, banco, remo e ciclo]) e elevada validade interna. (Fonte: Mina/Shutterstock). Para a potência aeróbica pode-se utilizar tanto testes de campo como testes ergométricos, tendenciando a escolha da segunda opção devido ao seu maior controle (validade interna) e reprodutibilidade. Assim, podemos reforçar os destaques e os testes de banco, o cicloergômetro e a esteira rolante. Todos apresentam vantagens e limitações que devem ser cuidadosamente analisadas (Figura 1). Seguindo, veremos uma comparação dos ergômetros citados, deixando facilitado ao treinador por optar qual ergômetro melhor se adéqua a determinada proposta. Figura 1. Dados comparativos entre os principais ergômetros. (Fonte: Fisiologia e avaliação funcional, Farinatti e Monteiro, 2000). P = Pior; I = intermediário; M = Melhor. Em cada uma dessas opções de ergômetros encontramos inúmeros protocolos de testes, submetendo o testado a certa carga. Enquanto alguns protocolos são comuns a vários ergômetros, outros são ergômetros-dependentes, como o teste do degrau. Destacando que todo protocolo apresentará limitações, o que fará com que o treinador pese a escolha pela praticidade e especi�cidade do que procura. As diferenças interprotocolos interligam-se a um grande número de variações existentes, as quais permitem combinações. Neste contexto, pode-se destacar 10 testes simples e práticos para mensuração de VO2máx, de acordo com Dabonneville et al. (2002), os quais veremos a seguir. Clique nos botões para ver as informações. Teste 1 – Corrida de 1.000 metros. Corrida 1.000 m Indicação: Crianças de 8 a 12 anos O avaliado deve percorrer, no menor tempo possível, num ritmo contínuo, a distância de 1.000 metros. Não é permitido caminhar durante o teste. Dados a serem coletados: Frequência Cardíaca de Repouso Frequência Cardíaca Máxima ou Final do Teste Tempo total do teste no formato 00:00:00 Fique atento! As crianças devem ter uma experiência prévia do ritmo de corrida adequado- Uma ou duas sessões de treino antes do teste. Teste 1 Teste 2 – Corrida de 6 minutos. Corrida 6 min. Contínuos Indicação: Crianças de 10 a 14 anos Teste O avaliado deve percorrer a maior distância possível durante os 6 minutos de corrida contínua, não sendo permitido caminhar durante o teste. Dados a serem coletados: Frequência Cardíaca de Repouso Frequência Cardíaca Máxima ou Final do Teste Tempo total do teste em metros Fique atento! As crianças devem ter uma experiência prévia do ritmo de corrida adequado- Uma ou duas sessões de treino antes do teste. Teste 2 Teste 3 – Corrida de 12 minutos (Teste de Cooper). Corrida 12 min. Indicação: Pessoas de 17 a 52 anos, ambos os sexos, todos os níveis de condicionamento físico. Teste O avaliado deve correr ou andar durante 12 minutos, percorrendo a maior distância possível e procurando manter a velocidade constante. Ao �nal do teste o avaliador deverá soar o apito para que os avaliados parem de correr e andem no sentido perpendicular da pista. Esta medida deverá ser tomada com o intuito de manter a �dedignidade do resultado (distância real). Dados a serem coletados: Frequência Cardíaca de Repouso Frequência Cardíaca Máxima ou Final do Teste Distância total percorrida em metrôs. Fique atento! Este teste é muito difundido nos serviços militares com intuito de veri�cação do nível de aptidão física e para testes em concursos públicos. Teste 3 Teste 4. Corrida de 15 minutos (Teste de Balke). Corrida 15 minutos (Teste de Balke). Indicação: Pessoas de 15 a 50 anos, ambos os sexos, já condicionados ou atletas. Teste O avaliado deve percorrer a maior distância possível durante 15 minutos correndo. Não é permitido caminhar durante o teste. Dados a serem coletados: Frequência Cardíaca de Repouso Frequência Cardíaca Máxima ou Final do Teste Distância total percorrida em metros. Fique atento! É um teste relativamentelongo. Pessoas mal condicionadas atingem o VO2 máximo em um tempo bem menor, por este motivo , não é um teste indicado para iniciantes. Teste 4 Teste 5 – Corrida de 2.400 metros (Teste de Cooper). Corrida 2400 m Indicação: Pessoas de 13 a 60 anos, ambos os sexos, já condicionados ou atletas. Teste O avaliado deve percorrer no menor tempo possível a distância de 2.400m. Não é permitido caminhar durante o teste. Dados a serem coletados: Frequência Cardíaca de Repouso Frequência Cardíaca Máxima ou Final do Teste Tempo total do teste no formato 00:00:00 Fique atento! O ideal é que o avaliado se familiarize com o teste, executando algumas sessões prévias de treinamento nas zonas mais intensas: mista intensiva e extensiva, para que o resultado seja �dedigno. Teste 5 Teste 6 – Corrida de 1.600 metros. Corrida 1600 m Indicação: Pessoas de 13 a 60 anos, ambos os sexos, já condicionados ou atletas. Teste O avaliado deve percorrer no menor tempo possível e num ritmo contínuo a distância de 1.600m. Não é permitido caminhar durante o teste. Dados a serem coletados: Frequência Cardíaca de Repouso Frequência Cardíaca Máxima ou Final do Teste Tempo total do teste no formato 00:00:00 Fique atento! É um teste de fácil execução, com resultados �dedignos para a prescrição do treinamento e aferição para a prescrição da prova. Mas pessoas mal condicionadas podem ter di�culdades em leva-lo a termo. Teste 6 Teste 7 – Velocidade crítica de 3.000 metros. Velocidade Crítica 3000 m Indicação: Para corredores experientes e atletas de ambos os sexos. Teste O avaliado deverá percorrer a distância de 3.000 metros no menor tempo possível. Dados a serem coletados: Frequência Cardíaca de Repouso Frequência Cardíaca Máxima ou Final do Teste Tempo total do teste no formato 00:00:00 Fique atento! É um teste com resultados �dedignos para a prescrição do treinamento e aferição da previsão de prova para corredores de elite ou de nível intermediário a avançado. É normalmente o teste mais utilizado por atletas de Meio Fundo e Fundo. Teste 7 Teste 8 – Corrida de 3.200 metros (Protocolo de Weltman). Velocidade Crítica 3.200 m Indicação: Para corredores experientes e atletas de ambos os sexos. Teste O avaliado deverá percorrer a distância de 3.200 metros no menor tempo possível. Dados a serem coletados: Frequência Cardíaca de Repouso Frequência Cardíaca Máxima ou Final do Teste Tempo total do teste no formato 00:00:00 Fique atento! É um teste usado por atletas de Meio Fundo e Fundo. Teste 8 Teste 9 – Corrida de 5 minutos Indicação: Pessoas de baixo condicionamento físico e corredores iniciantes. Teste O avaliado deve percorrer a maior distância possível durante 5 minutos coorrendo em velocidade constante. Treinador deverá dar um sinal sonoro a cada 1 minuto. Fazeer uma contagem decrescente nos últimos 10 segundos. Dados a serem coletados: Frequência Cardíaca de Repouso Frequência Cardíaca Máxima ou Final do Teste Distância total do teste em metros. Fique atento! É um teste pouco difundido no Brasil, mas muito utilizado na Europa. Um teste prático com resultados �dedignos para treinamento e aferição de prova resultados surpreendentes para pessoas sedentárias e iniciantes na corrida. Teste 9 Teste 10 – Teste de Terreno da Universidade de Montreal. Teste UMTT ( TTUM – Teste de Terreno da Universidade de Montreal) Indicação: Pessoas todas as idades, ambos os sexos, todos os níveis de condicionamento físico. Teste É realizado numa pista de Atletismo 400m, previamente marcada de 50m em 50m. O ritmo de corrida dos avaliados é controlado por sinais sonoros (apitos, silvos, etc), com intervalos pré determinados. De 2 em 2 minutos será aumentada a velocidade de corrida dos atletas em 1km/h, devendo cada atleta procurar terminar o teste no patamar mais elevado possível. O teste termina quando o atleta se mostra incapaz de manter a velocidade de corrida. Fique atento! É o teste mais conhecido no mundo para a determinação da VAM e com uma excelente correlação com o VO2máx. Como forma de facilitar a marcação dos patamares de velocidade, é indicado colocar um ciclista para ditar o ritmo (velocidade) do teste. A indicação da velocidade de partida é diferenciada de acordo com o nível do Atleta. Ex: Iniciante o 1º patamar pode ser de 7/8 km/h, enquanto um atleta de elite pode partir de 13/14 km/h. Teste 10 Outra variável importante a ser avaliada é a força muscular, base para o desempenho de diversas tarefas esportivas. A força muscular é comumente veri�cada por meio de testes que são utilizados há anos em pesquisas e por treinadores para avaliar e controlar evoluções no treinamento e na reabilitação de lesões. Essa análise da força é feita normalmente por dois mecanismos: • Testes estáticos ou isométricos. • Testes dinâmicos ou isotônicos. Testes dinâmicos ou isotônicos Os testes dinâmicos têm maior aplicabilidade prática para a realidade dos pro�ssionais de Educação Física no ambiente de sala de musculação. Por tal motivo, esse será o tipo de teste abordado neste capítulo. Os testes dinâmicos possuem características distintas que podem in�uenciar na avaliação da força e sua análise devido a características mecânicas e abordagens. A velocidade de movimento, torque e resistência são fatores que podem in�uenciar o teste, seguidos de fatores relacionados a abordagens como segurança, orientação, familiarização e número de tentativas, velocidade de movimento e intervalo entre tentativas. (Fonte: ArtRoms / Shutterstock) Os métodos de avaliação da força dinâmica mais comuns são: teste de força em aparelhos isocinético, teste de força máxima (1RM) e teste de força submáxima. Cada método possui características diferenciadas que serão ilustradas a seguir: Clique nos botões para ver as informações. A avaliação da força muscular por meio de equipamentos isocinéticos é caracterizada pelo controle da velocidade de movimento. O dinamômetro isocinético é um equipamento eletromecânico muito utilizado na avaliação da força dinâmica. Esses equipamentos possuem dispositivos que controlam a velocidade, mantendo-as constantes por toda a extensão do movimento, enquanto regula a resistência a partir de um sistema de acomodação que proporciona força contrária às variações de força geradas pelo músculo. Isocinético Essa variação é determinada por meio de um transdutor localizado dentro do equipamento que controla continuamente a força muscular gerada e a resistência equivalente. O transdutor emite esses dados para o computador, que equaciona e informa a média de força gerada e o angulo de movimento permitindo leituras rápidas do desempenho no teste. Esse teste permite uma análise da força máxima em todos os ângulos de movimento, liberando a veri�cação da força, aceleração, torque e velocidade de vários movimentos. Clique nos botões para ver as informações. Analisa a força máxima comum em laboratórios de pesquisa e busca veri�car a força máxima em uma repetição. O teste de 1RM pode ser de�nido como a maior carga a ser movida por uma determinada amplitude de movimento uma única vez, com execução correta (PEREIRA; GOMES, 2003) e pela maior quantidade de peso levantado durante um único esforço máximo a partir de um movimento completo e que não conseguisse realizar uma segunda repetição de forma completa (SHAW et al., 1995). Repetição Máxima (1RM) Considerado o padrão ouro para teste dinâmico de avaliação da força, o teste de 1RM segue algumas etapas básicas para o procedimento do teste, segundo as diretrizes do ACSM 2000 para testes de esforço. 1 Determinar e realizar um período de familiarização a partir de sessões práticas. 2 Aquecimento de 5 a 10 repetições submáximas (40-60% do máximo percebido). 3 Após um intervalo de um minuto, determina-se uma carga entre 60-80% do máximo permitido e executam-se 3-5 repetições. 4 Dado novo intervalo, há um pequeno acréscimo na carga e o indivíduo é instruído a realizar 1RM. Caso tenha obtido sucesso no levantamento será dadoum período de 3-5 minutos para nova tentativa; 3-5 tentativas são determinantes para o sucesso do teste. O número de tentativas é feito até que ocorra a falha de uma tentativa. 5 O valor de 1RM é relatado com a carga da última tentativa realizada com sucesso. A familiarização com o teste é um aspecto importante e que afeta sua con�abilidade. Lori e Giamis (2001) veri�caram o número de sessões que eram necessários para uma amostra con�ável da carga máxima em um teste de 1RM, comparando jovens e idosas saudáveis e sem experiência. O estudo foi feito com sete jovens mulheres e seis mulheres idosas, todas relativamente saudáveis e ativas. O teste foi feito em uma cadeira extensora para maior segurança e por ser mais bem tolerado. Foram determinadas três sessões iniciais de orientação e familiarização do teste. No primeiro encontro foi feita uma entrevista para que fosse explicado todo o procedimento de coleta, familiarização no equipamento e ajustes, sendo executadas posteriormente cinco repetições com peso leve. No segundo encontro foi veri�cada a massa corporal, idade, ajuste do equipamento, e foram feitas de cinco a 10 repetições com carga um pouco mais pesada. No terceiro encontro foi determinada a força máxima a partir do teste máximo (1RM). Após 48 horas de intervalo, foi feita nova tentativa com acréscimo de carga de 1 kg ou sem acréscimo. Na pesquisa foi relatado um maior número de sessões para determinação da carga de 1RM nas idosas (7/10 sessões) contra 2/5 sessões nas jovens. Não foram encontradas diferenças signi�cativas entre os pesos absolutos dos dois grupos. Concluiu-se que foi necessário mais do que o dobro de sessões para as idosas atingirem a carga con�ável para 1RM. Assim, determinou-se que mulheres idosas necessitam de mais familiarização e prática para obtenção de carga máxima, quando comparadas com mulheres jovens com a mesma experiência. (Fonte: Liderina / Shutterstock) Wayne et al. (2004) tinham o objetivo de veri�car a con�abilidade do teste de 1RM, observando quantas sessões de familiarização eram necessárias em homens e mulheres idosos. Quarenta e sete idosos, sendo 16 homens e 31 mulheres com média de idade de 75,4 anos foram recrutados e analisados três vezes por semana, com 48 horas de diferença entre cada encontro nos exercícios de supino e leg press. Todos os sujeitos passaram por pelo menos três dias de familiarização antes do teste máximo, sempre enfatizando em todos os dias a importância da segurança e da técnica de execução dos exercícios. Como resultado, 21 sujeitos necessitaram de três sessões de familiarização, enquanto os outros 26 precisaram de um período entre seis e 30 sessões, que re�etiram em pouca ou nenhuma diferença clínica quando comparadas. Visto isso, de�niu-se que três sessões de familiarização mostraram-se um número con�ável para a obtenção da força em 1RM em idosos de ambos os sexos. (Fonte: Wavebreakmedia / Shutterstock) Em uma busca de informações sobre o comportamento em homens treinados, Dias et al. (2005) veri�caram quantas sessões eram necessárias para uma amostra com boa con�abilidade neste grupo. Assim, 21 homens saudáveis, com média de 24,5 anos e com mínimo de seis meses de experiência foram submetidos a testes de 1RM nos seguintes exercícios: supino no banco horizontal, agachamento e rosca bíceps. Os testes foram desenvolvidos em quatro sessões com intervalo de 48-72 horas. Os resultados mostraram aumento na força muscular nos três exercícios testados entre a primeira e a quarta sessão. No entanto, não houve diferenças estatísticas entra a segunda e a quarta sessão e a terceira e a quarta sessão de testes. Os resultados demonstram que, para a melhor aferição da força no teste de 1RM, se faz necessária a execução de duas ou três sessões de familiarização em homens adultos treinados. Clique nos botões para ver as informações. O teste em que diversas contrações musculares são realizadas com uma carga submáxima é denominado teste submáximo (PEREIRA; GOMES, 2003). Muito comum em laboratórios de pesquisa, esses testes vêm sendo bastante estudados para se predizer a carga de 1RM sem submeter os indivíduos às di�culdades e desconfortos que um teste máximo pode proporcionar. Testes submáximos Os testes submáximos também vêm sendo bastante executados por estarem mais relacionados à realidade dos centros de treinamento de força, já que raramente se faz testes máximos para se prescrever uma rotina de exercícios. Os testes mais relacionados com prescrição de um programa de exercícios são aqueles que determinam os valores máximos a partir do percentual de 1RM e da carga máxima para um número de repetições. Os testes submáximos podem ser também executados seguindo-se o mesmo padrão ouro (ACSM, 2000), com pequenas adaptações nas cargas e número de repetições impostas. 1 Determinar e realizar um período de familiarização a partir de sessões práticas. 2 Aquecimento de 5 a 10 repetições submáximas (40-60% do máximo percebido) 3 Após um intervalo de um minuto, determina uma carga entre 60-80% do máximo permitido e executa-se o número derepetições determinado. 4 Dado novo intervalo, há um pequeno acréscimo na carga e o indivíduo é instruído a realizar o número máximo de repetições determinado. Caso tenha obtido sucesso no levantamento será dado um período de 3/5 minutos para nova tentativa. De 3 a 5 tentativas são determinadas para o sucesso do teste. O número de tentativas é feito até que ocorra a falha de uma delas. 5 O valor de 10RM é relatado com a carga da última tentativa realizada com sucesso. O número de repetições submáximas relacionadas ao percentual de 1RM é algo amplamente discutido acerca da efetividade prática de se prescrever exercícios e predizer 1RM. Baechle e Earle (2000) sugeriram o número de repetições possíveis de 65% a 100% de 1 RM (Tabela 1). Tabela 1: Percentual de 1 RM e Número de Repetições Possíveis. (Fonte: Essentials of strength training and conditioning, Baechle e Earle, 2000) Observando que o número de repetições varia de acordo com o percentual e o exercício, alguns estudos foram publicados demonstrando uma boa relação de con�abilidade em cálculos de predição de 1RM a partir do máximo de repetições realizadas em um dado % de RM. Mayhew et al. (1992a) determinaram uma equação para predição de 1RM, a partir da execução do máximo de repetições em um minuto de 55 a 90% do máximo no exercício supino em 184 homens e 251 mulheres universitários (+ 20 anos). Quando essa equação foi aplicada em meninos adolescentes atletas e não atletas e atletas universitários de futebol americano, foi veri�cada boa correlação (r=0,95). O que nos mostra que é possível estimar 1RM no supino com % de 1RM em variados grupos. No mesmo ano, Mayhew et al. (1992b) buscaram comparar o resultado de estudo anterior (MAYHEW et al. 1992a) antes de após treinamento de 14 semanas. Foram selecionados 70 homens e 110 mulheres, que executaram os testes com mesma metodologia. Os resultados mostraram um alto valor de con�abilidade (r=0,90) na predição de 1RM no exercício supino, executando o máximo de repetições em um minuto em vários percentuais de 1RM. Não houve diferenças signi�cativas entre os valores encontrados antes e após treinamento de 14 semanas. Concluiu-se que uma carga submáxima executada em uma quantidade de repetições em um minuto pode ser uma alternativa segura e con�ável de se predizer 1RM em homens e mulheres jovens antes e após um programa de exercícios. Kravitz et al., (2003) veri�caram qual seria o cálculo de predição mais con�ável para os exercícios de agachamento, supino e levantamento terra a 70, 80 e 90% de 1RM em 18 jovens atletas de levantamento, com idades de 15 a 18 anos. Os resultados mostraram que os cálculos de estimativa com maior con�abilidade (r=0,98) nos exercícios supino e agachamento foi a 70% de 1RM, enquanto para o levantamento terra foi mais con�ável (r=0,98) a 80%. Este estudo mostra de forma consistente que é possível se predizer de forma con�ável 1RM a partir de repetiçõessubmáximas nos exercícios supino e agachamento a 70% e levantamento terra a 80% em jovens atletas de levantamento de peso. A relação entre os valores encontrados em um teste 1RM e o % de 1RM ainda é controverso. É notório que o número de repetições executados em um determinado percentual de 1RM varia de acordo com o exercício e o nível de treinamento e que é possível se predizer valores máximos de acordo com repetições submáximas relacionadas ao % de 1RM em determinados grupos populacionais. As equações, no entanto, podem ser diferentes para pré e pós-rotina de exercícios, para tipo de exercícios e percentual de valores máximos. Atenção Tal fato possibilita a�rmar que o percentual de 1RM deve ser determinado com cuidado nesses aspectos para que se evitem in�uências na determinação de uma carga con�ável para mais e melhores ganhos de força. Levando em consideração a efetividade prática de um teste de 1RM, observamos pouca relação, já que programas de treinamento de força comumente prescritos em centros de treinamento não relacionam o controle de cargas aos dados encontrados em testes máximos. Relacionando a pouca efetividade pratica do teste de 1RM à necessidade de relacionar valores máximos e submáximos, alguns estudos foram publicados buscando encontrar mecanismos de se validarem testes submáximos a partir de um número ou faixa de repetições com uma determinada carga na predição de 1RM. Havia o intuito de facilitar a avaliação da carga máxima e a prescrição de treinamento de força, já que em programas de exercícios para saúde geralmente são prescritos exercícios submáximos. Braith et al. (1992) buscaram veri�car a validade do teste de 7-10RM para predição de 1RM em 33 homens (+25 anos) e 25 mulheres (+23 anos) destreinados. Todos estavam sem participar de exercícios havia pelo menos um ano e foram submetidos a dois testes de 1RM em dias separados, com 48 horas entre os testes, e a um teste dinâmico de 7-10 repetições até a fadiga. Após determinação dos valores dos testes máximo e submáximo, os sujeitos foram divididos para se determinar um grupo que treinaria e um grupo controle. O grupo controle não treinou, enquanto o outro grupo foi submetido a uma rotina de uma serie de 7-10RM na cadeira extensora, três vezes por semana por um período de 18 semanas. Após o período de treinamento todos os sujeitos executaram novamente dois testes de 1RM e um teste de 7-10RM e os resultados foram analisados. Foram determinados cálculos de predição relacionando 1RM e 7-10RM em destreinados no pré-treinamento (1RM=1,554(peso de 7-10RM) - 5,181) e pós- treinamento (1RM=1,172(peso de 7-10RM) + 7,704) com bons valores de con�abilidade (r=0,89 e 0,91 respectivamente). Esses dados mostram que é possível se predizer 1RM a partir do teste de 7-10RM em homens e mulheres destreinados. Os cálculos, porém, não servem para ambas as características devido às mudanças na força veri�cada após período de treinamento. Sendo assim, a equação para indivíduos treinados não se aplica para destreinados e vice-versa. Abadie e Wentworth (2000) investigaram 30 mulheres de 19 a 26 anos, destreinadas, para desenvolver cálculos de predição de 1RM em testes submáximo de 5-10RM nos exercícios supino, desenvolvimento e cadeira extensora. As voluntárias foram submetidas a uma sessão de orientação e a duas sessões de testes de 1RM e 5-10RM, em dias separados e com intervalo de 48 horas. Os dados coletados deram origem a equações para predição de 1RM em cada exercício estudado, com moderada correlação (r=0,91/0,92/0,94). No supino, desenvolvimento e cadeira extensora foram produzidos equações: 1RM(lb) = 7,24+ (1,05. Carga), 1RM(lb) = 1,43+ (1,20. Carga), 1RM(lb) = 4,67+ (1,14. Carga), respectivamente. A conclusão deste estudo de�nem que testes 5-10RM nesses exercícios pode determinar boas equações para a predição de 1RM em mulheres destreinadas (Fonte: SGr/ Shutterstock) Willardson e Bressel (2004) buscaram predizer exercícios de peso livre por meio de exercício em máquina. Tentou-se determinar a carga de 10RM no agachamento livre a partir do desempenho no leg press a 45º de angulação em 30 homens com nível avançado de treinamento (> 3 anos) e 30 homens com pouca experiência (< 6 meses). Foram encontradas duas equações para determinação de 10RM no agachamento: carga do agachamento = carga do leg press (kg) x (0.310) + 19.438 kg) para grupo treinado e carga do agachamento = carga do leg press (kg) x (0.210) + 36.244 kg) para grupo destreinado. Fonte: ArtRoms / Shutterstock) Cotterman et al. (2005) compararam a produção de força no teste de 1 RM nos exercícios supino e agachamento no Smith Machine e com peso livre e tentaram predizer 1 RM em ambas as modalidades. Foram selecionados 32 homens e mulheres considerados de baixo risco, que executaram o teste de 1 RM e 5 RM. Para o agachamento houve diferença signi�cativa na produção de força no Smith Machine em comparação ao peso livre. No supino, porém, o comportamento foi inverso. Uma maior produção de força foi veri�cada com peso livre, possivelmente devido às restrições nos limites de movimento observadas no supino no smith. Quando considerado o sexo, no agachamento foram veri�cadas diferenças somente entre as mulheres, no supino diferenças foram veri�cadas em ambos os sexos. A partir desses resultados foram determinadas duas equações de regressão, sendo uma somente para as mulheres no agachamento SM 1RM (in kilograms) = 28.3 + 0.73 (FW squat) SEE = 5.9 g Essa limitação ocorreu, pois não foram encontradas diferenças signi�cativas entre os homens. Já para o supino, uma equação foi desenvolvida para ambos os sexos com alta correlação (r² = 0,98). SM bench (in kilograms) = - 6.76 + 0.95 (FW bench) SEE = 4.6 kg A tentativa de relacionar a carga máxima para um número de repetições e os valores de 1RM mostra-se uma boa estratégia na literatura (Tabela 2). Em grupos de homens e mulheres foi relatada uma boa relação na predição de 1RM a partir da carga máxima para um número ou uma faixa de repetições e nenhum relato de lesão. Sendo bem controlado e orientado, pode-se predizer, com moderada a alta con�abilidade, 1RM ou a carga para um determinado número de repetições em grupos com características diferentes e faixas de testes submáximos diferentes, podendo variar de 4-10RM (ABADIE; WENTWORTH, 2000; BRAITH et al., 1992; CUMMINGS; FINN, 1998; e; WILLARDSON; BRESSEL, 2004; COTTERMAN et al., 2005). Cuidados, no entanto, devem ser tomados, haja vista a tendência de se estabelecerem valores subestimados quando comparado com valores reais (CUMMINGS; FINN, 1998; KNUTZEN et al., 1999; LESUER, et al., 1997). Tabela 2: Equações de predição de 1RM a partir de testes submáximos Clique no botão acima. Tabela 2: Equações de predição de 1RM a partir de testes submáximos (Fonte: Cummings e Finn, Estimation of a one repetition maximum bench press for untrained women, 1998) Atividade 1. Cite e explique as três partes do processo de avaliação. 2. Cite as etapas básicas para aplicação do teste de 1 repetição máxima. 3. Descreva o teste de corrida de 1.000 metros. Notas VO2máx Consumo máximo de oxigênio ventilado. Referências ABADIE, B.R; WENTWORTH, M.C. Prediction of one repetition maximal strength from a 5-10 repetition submaximal strength test in college-aged females. Journal of Exercise Physiology Online. 2000 [citado em julho de 2002]. BEACHLE,T. R.; EARLE, W. R. Essentials of Strength Training and Conditioning. Champaign: Human Kinetics. 2000. BOMBA, T. O.; CORNACCHIA, L. J. Treinamento de força consciente. Rio de Janeiro: Phorte, 2000. BOMPA, T. O. 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