Buscar

Provas de IMUNO UNIRIO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 82 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 82 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 82 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Respostas de 
Imuno​ ​Guilherme Vale – 2010.2 
Prova 1 ............... página 2 
Prova 2 ................ página 
20 Prova 3 ............... página 
37 Prova 4 ............... página 
60 
Respostas de Imuno 
Prova 1 
1) Descreva a Resposta Inata e seus eventos 
Primeiramente, para haver resposta inflamatória, o 
patógeno deve entrar no organismo. Para isso, ele deve 
vencer as barreiras de proteção que o nosso corpo tem. 
Dentre elas, temos: a ​barreira física ​(constituída pela 
pele com seus pelos e secreções), que o patógeno só 
penetra quando há perda da integridade dela; a ​barreira 
química ​(ocorre na boca, pela presença de IgA, no 
estômago, com o seu baixíssimo pH, no duodeno, com os 
sais biliares, e no intestino delgado, com a liberação das 
defensinas); e a ​barreira microbiológica ​do intestino grosso 
(bactérias da microbiota intestinal que matam patógenos 
diferentes delas). 
Ao ultrapassar as barreiras de proteção, o patógeno 
entra no organismo, o que acarretará então em uma resposta 
inflamatória. 
Geralmente, a primeira célula a entrar em contato com 
o patógeno é o ​macrófago ​(leucócito polimorfonuclear 
fagocítico residente) que se encontra no local da invasão. Ele 
também atua como APC (célula apresentadora de antígenos) 
para linfócitos T da resposta adaptativa. 
Esse macrófago irá reconhecer o patógeno através de 
receptores de superfície que reconhecem Padrões 
Moleculares Associados a Patógenos, ou ​PAMPs​, que são 
moléculas encontradas nesse corpo estranho (LPS, flagelina, 
peptideoglicanas, β-glucanas). 
Os receptores capazes de reconhecer esses PAMPs 
são os ​PRRs ​(Receptores de Reconhecimento de 
Patógenos), que são divididos em algumas famílias e podem 
se encontrar na membrana plasmática e alguns nas 
membranas intracitoplasmáticas também. São eles: ​TLR (​toll 
like receptors​), ​que é a principal família capaz de induzir a 
maior produção da tríade inflamatória (TNF-α, IL-1 e IL-6) por 
esse macrófago, ativando fatores de transcrição como o NF κβ 
(promove produção de citocinas pró-inflamatórias) e o IRF 3 
(produção de INF); ​NOD​, responsável pela formação do 
inflamassoma; ​RIG​; ​Leptinas do tipo C​. 
Sendo reconhecido esse patógeno, o macrófago se 
tornará ativado, ou seja, fatores de transcrição serão 
ativados, acarretando então na síntese de ​citocinas ​(TNF-α, 
IL-1 e IL-6 = Tríade Inflamatória; INF-α) importantes para a 
continuidade da resposta inflamatória e outros mediadores 
químicos. 
A tríade inflamatória (TNF-α, IL-1 e IL-6) é responsável 
pelo aumento da expressão de ​moléculas de adesão ​das 
células endoteliais locais (são moléculas induzidas) e por 
alterações que promovem a retração do citoesqueleto e das 
células edoteliais, aumentando a ​permeabilidade vascular. 
2 
Guilherme Vale 
3 
2010.2 
Isso irá causar um extravasamento vascular (exsudato), 
causando edema local. 
TNF-α, IL-1 e o PAF (fator de agregação plaquetária) 
induzirão a produção de NO pelo fagócito, responsável pelo 
relaxamento das células musculares lisas do endotélio, 
causando ​vasodilatação​. Contribuem para esse processo 
também a PG (prostaglandinas) e leucotrienos. 
A vasodilatação e o aumento da permeabilidade, 
causando exsudato, vão diminuir o fluxo sanguíneo local 
nesse vaso. Isso acarretará na ​estase​. Esses fatores são os 
principais responsáveis pelo aparecimento dos seguintes 
sinais flogísticos​: rubor, calor e tumor. 
A PG é a principal responsável pelo aparecimento da 
dor. 
Com a vasodilatação e o aumento da permeabilidade 
vascular com ocorrência de exsudato, haverá então uma 
diminuição do fluxo sanguíneo nesse vaso (estase). Com 
isso, um leucócito circulante (por exemplo o neutrófilo, que é 
mais abundante no nosso organismo) sofrerá um processo de 
marginação​, em que essa célula passará a ficar mais 
próxima do endotélio capilar, até entrar em contato com esse 
tecido. Eles saem do centro do vaso e passam para a 
periferia. 
A liberação de TNF-α e IL-1 por macrófagos no local 
da invasão, estimula a expressão de moléculas de adesão na 
superfície das células endoteliais, como as selectinas e 
integrinas, que no endotélio são induzidas e nos leucócitos 
são constitutivas. 
Esse leucócito que estava marginando, se liga ao 
endotélio primeiramente através dessas selectinas por uma 
ligação de baixa afinidade. Então ele se liga e, logo em 
seguida, se desliga, e assim consecutivamente até perder 
velocidade. Esse processo é chamado de ​rolling​. 
Os macrófagos locais também produzem uma 
quimiocina, chamada ​IL-8​. É a IL-8 que vai atrair os 
neutrófilos para o local da infecção. Essa quimiocina é 
capturada pelas células endoteliais e expressas na sua 
membrana. O leucócito que está sofrendo rolling, reconhece 
essa quimiocina e ela ativa uma molécula de adesão de alta 
afinidade chamada de ​integrina​. 
A integrina do neutrófilo se liga então com alta 
afinidade ao receptor na célula endotelial. Esse fagócito 
passa então para o processo de transmigração (​diapedese​) 
em que ele irá atravessar o capilar, através dos espaços 
intra-endoteliais aumentados, atingindo a área infectada. 
Na área infectada, os fagócitos (macrófago e 
neutrófilo, por exemplo) primeiro fagocitam esse antígeno, 
através da interação de receptores, como a pectina-1 
(processo chamado de ​aderência​) 
Dentro da célula, essa vesícula contendo o antígeno 
pode se fundir com um lisossoma, tornando-se um 
fagolisossoma​, aonde será degradado por enzimas. Porém, 
além desse mecanismo, outros sistemas enzimáticos, durante 
a inflamação, também estão sendo induzidos. 
O fagócito estimulado pelo PAMP e por citosinas ativa 
o complexo enzimático da NADPH oxidase (​fagócito 
oxidase​) que irá metabolizar o oxigênio formando EROs 
(espécies reativas do oxigênio), como a H2O2, que será 
convertida de hipoclorito, que é um ótimo microbicida. Essa 
ativação da NADPH oxidade se chama ​burst respiratório ​e é 
3 
causada, principalmente, pela ​PAF ​(fator de agregação 
plaquetária). 
Além da fagócito oxidase, a NOS (​óxido nítrico 
sintase) ​induzível também é ativada, principalmente por TNF 
α e IL-1, o que potencializa muito a produção de NO e de 
radicais livres derivados do nitrogênio, que são a melhor arma 
antimicrobiana. 
A liberação de PAF, devido ao reconhecimento do 
PAMP, é o principal responsável por ativar a enzima 
fosfolipase A​2 ​no leucócito. Essa enzima age sobre os 
fosfolipídeos de membrana durante a inflamação gerando 
Ácido Araquidônico (AA)​. 
O AA, por sua vez, pode ser processado por duas 
enzimas: ​ciclooxigenase (COX) ​e ​lipoxigenase (LOX)​, 
gerando alguns mediadores lipídicos (eicosanoides). 
Se ele sofrer ação da LOX, o AA é convertido em 
leucotrienos​, que são quimiotáticos para neutrófilos, 
promovem aumento da permeabilidade vascular e promovem 
contração da musculatura brônquica (broncoespasmo). É o 
responsável pela asma. 
Existem dois tipos de COX: a ​COX 1​, constitutiva, está 
sempre sendo expressa, que gera ​prostaglandinas 
associadas ao estímulo das células da mucosa gástrica 
citoprotetoras e gera ​tromboxano​, que induz agragação 
plaquetária; e a ​COX 2​, induzida, produzida apenas durante a 
inflamação, que gera as ​PGs ​responsáveis pela 
vasodilatação, a febre e a dor. 
Além do macrófago, outra célula residente é o 
mastócito​, que será ativado pelas citocinas pró-inflamatóriasno local da infecção e por traumas como altas temperaturas. 
Ele, além de liberar TNF-α e IL-1, libera ​histamina​, que é um 
mediador de vida muito curta, mas que é um dos primeiros a 
ser liberado, pois se encontra pronta nos grânulos. Ela causa 
vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular. 
Ao haver extravasamento de liquido para o local de 
infecção, proteínas solúveis que estão circulando, chegam a 
esse local. As principais são as do Sistema Complemento. 
O ​Sistema complemento ​é um conjunto de 
aproximadamente 20 proteínas que reagem em sequência, 
formando complexos enzimáticos que vão ter ação sobre um 
proteína do próprio sistema, que vai então gerar outro 
complexo que atuará sobre outra proteína e assim por diante. 
Essas proteínas se encontram inativas no plasma e só 
serão ativadas quando houver estímulo oriundo do processo 
inflamatório. 
Ele pode ocorrer por 2 vias. Para seguir pela ​Via 
Alternativa​, o C3 é hidrolisado, gerando C3a (que é liberado) 
e C3b (que permanece), dando inicio à cascata de reações. 
Para seguir pela ​Via das Lectinas​, o C4 deve se ligar à 
Lectina Ligadora de Manose​, que está ligada a manose da 
bactéria. Ela cliva C4 em C4a e C4b, dando início à cascata. 
No final, a ativação do Sistema causará a formação da 
MAC (complexo de ataque à membrana)​, em que há a 
formação e inserção de canais na membrana da bactéria, 
matando-a por lise celular e a formação de ​opsoninas ​(C3b), 
que se liga ao fagócito, responsáveis pela ​Opsonização 
(mecanismo em que o patógeno é reconhecido pelo fagócito 
através da opsonina) e liberação de ​Anafilotoxinas ​(C3a e 
C5a). 
4 
Guilherme Vale 
5 
2010.2 
C5a ​é um potente agente quimiotático pra neutrófilo e 
promove a ativação do burst respiratório. Enquanto que o 
C3a e C5a ​estimulam o mastócito a liberar histamina, 
amplificando a vasodilatação a permeabilidade vascular. 
Se o patógeno (estímulo) for removido, a resposta 
inflamatória começa a cessar. Macrófagos liberam TGF-β que 
estimula fibroblastos a produzirem proteína de matriz, dando 
início ao processo de reparo. 
Porém, se o patógeno não foi destruído, o processo 
inflamatório pode se cronificar (resposta adaptativa) ou tomar 
proporções maiores, em que há uma grande liberação de 
citocinas que acabam causando efeitos sistêmicos, como a 
febre (causada por IL-1 atuando no hipotálamo, induzindo a 
produção de PG) e a anorexia (causada pelo TNF-α atuando 
no hipotálamo, no centro da saciedade). 
A IL-6 provoca a liberação pelo fígado de proteínas de 
fase aguda (dentre elas a proteína C) que estão envolvidas 
com a opsonização e ativação do sistema complemento. 
Servem como marcadores da inflamação. 
Quando todas as alterações vasculares da inflamação 
descritas acima, ocorrem sistemicamente, pode levar à 
falência múltipla dos órgãos e óbito. Se isso ocorrer em 
decorrência de um agente infeccioso, denomina-se Choque 
Séptico, que é uma inflamação sistêmica, generalizada, 
causado por microorganismo. 
2) Descreva a Ontogenia de B 
Os linfócitos B são células da resposta inata que se 
encontram em órgãos linfoides secundários, como baço e 
linfonodos. Eles apresentam o BCR como seu receptor de 
superfície que identificam antígenos específicos, ao contrário 
dos PRRs da resposta inata. Esse BCR é também chamado 
de anticorpo. 
As células B reconhecem o patógeno diretamente, sem 
precisar de APCs, mas a liberação de anticorpos é 
potencializada através da ligação linfócito B com T, que 
ocorre através do MHC que o linfócito B apresenta, pois ele 
funciona como uma APC para a célula T. 
A formação de linfócitos B ocorre durante a vida 
inteira. ​B1 ​é formada no fígado, na idade fetal, e no peritônio, 
depois que nascemos, enquanto que ​B2 ​é formada na 
medula óssea (que é a mais importante). B2 se subdivide em 
B2 folicular ​e ​B2 da Zona Marginal ​quando chega ao baço 
no final da ontogenia. 
A célula B é formada na medula óssea a partir de 
progenitores linfóides. O que vai determinar se essa célula se 
tornará pró-B é a expressão de kit, IL-7R, CD19 e CD10 na 
sua membrana. 
A ontogenia de B consta de 4 principais fases: pró-B, 
pré-B, B imatura e B madura. 
Células do estroma da medula começam a produzir IL 
7, que se ligará ao IL-7R da early pró-B. Isso resultará na 
proliferação, na ​explosão clonal​, dessa early pró-B. 
5 
Depois, com mais estímulo de IL-7, passa-se a ter late 
pró-B, que vai ser quando a ​cadeia pesada ​do BCR será 
produzida. 
O receptor de células B, ​BCR​, é uma proteína de 
membrana formada por duas ​cadeias pesadas ​iguais e duas 
cadeias leves ​idênticas. Porém, a pesada e a leve são 
diferentes entre si. O seu monômero tem um formato de “Y”. 
A cadeia leve tem 2 domínios: um ​variável ​e outro 
constante​; enquanto que a cadeia pesada tem de 3 a 4 
domínios: um ​variável ​e os outros ​constantes​. Os domínios 
variáveis são aqueles na extremidade do BCR, os terminais, 
e são aqueles que se ligarão ao antígeno. 
O BCR é também chamado de ​anticorpo 
(imunoglobulina - Ig). Existem 5 tipos de anticorpos: IgG, IgA, 
IgM, IgD e IgE. Esses tipos serão determinados pelo domínio 
constante da cadeia pesada. 
Então, o late pró-B vai sintetizar primeiro a cadeia 
pesada do BCR. O domínio constante vai ser igM, para todas 
as células pró-B. 
Já o domínio variável vai ser diferente para cada uma 
das células. Esse domínio é formado por 3 cadeias 
polipeptídicas, logo, ele foi codificado por 3 genes do 
cromossomo 14: V, D e J. Porém, a escolha desses genes é 
aleatória ​e é feita por enzimas chamadas de ​recombinases 
(​RAG​). A RAG 1 catalisa a escolha ​VDJ​, enquanto que a 
RAG 2 ativa a RAG 1, formando um complexo enzimático. 
Existem vários tipos de Vs, de Ds e de Js. O papel da 
RAG é escolher um de cada e excluir o restante. Isso é feito 
de maneira aleatória, causando uma grande variabilidade. A 
RAG vai então em um V, corta o restante, deixando o V 
escolhido com a extremidade livre para se ligar ao D 
escolhido. 
Entretanto, a hidroxila e o fosfato das fitas da 
extremidade livre do V se ligam fortemente de maneira 
espontânea, formando um ​grampo​. Isso impede a ligação do 
V com o D. Então, uma enzima chamada ​Artemis ​vai, cliva e 
abre esse grampo. 
Ao abrir o grampo, forma-se então um molde, o qual 
será preenchido pela ação da ​DNA-polimerase​. Porém, 
continua-se com o final aberto, então, para evitar que haja a 
formação de um novo grampo, uma outra enzima chamada 
TdT ​(transferase de nucleotídeos na área terminal) transfere 
até 20 nucleotídeos para as áreas que estão abertas. 
Aparece então a enzima ​Ligase IV ​que irá adicionar o último 
nucleotídeo, ligando esses genes. Isso irá se repetir na hora 
de clivar o D e o J, sendo que o D tem duas extremidades 
abertas, logo, tende a formar 2 grampos. 
A aleatoriedade na escolha dos genes VDJ já causa 
grande variabilidade do domínio variável, entretanto, o modo 
como VDJ são unidos causa maior variabilidade ainda. Por 
isso que essas regiões entre o VD e DJ são chamadas de 
regiões hipervariáveis​. 
Esse pró-B com produção da cadeia pesada do BCR, 
tranforma-se em early pré-B. Com mais estímulo de IL-7, 
essa célula irá se proliferar novamente, gerando várias 
outras, porém todas coma mesma cadeia pesada, ou seja, 
vários grupos de células seletivas para um mesmo antígeno. 
Essa são as late pré-B. 
Ocorrerá então a produção da ​cadeia leve​. Ela possui 
um domínio ​constante ​e um ​variável​. Esse domínio variável, 
6 
Guilherme Vale 
7 
2010.2 
ao contrário do variável da cadeia pesada, é codificado 
apenas por 2 genes, V e J, formados pelo mesmo processo 
de recombinação do VDJ da cadeia pesada, com a 
participação das mesmas enzimas (RAGs, DNA-polimerase, 
Artemis, TdT e Ligase IV). 
Então, cada célula vai ter um domínio variável da 
cadeia leve diferente das outras células, mesmo se elas 
apresentarem a mesma cadeia pesada. 
As regiões variáveis das cadeias leves e pesadas são 
as que vão reconhecer o antígeno. 
Assim, a célula B imatura é aquela que apresenta tanto 
a cadeia pesada, quanto a leve, ou seja, tem o BCR 
completo, porém, ela ainda não passou pelo processo de 
seleção​. 
Nesse processo, se os BCRs das células 
reconhecerem com alta afinidade as moléculas das células da 
medula óssea (moléculas self), elas são ​autorreativas ​e 
sofrerão apoptose. Se ela reconhecer com baixa afinidade, 
ela se torna uma célula B ​anérgica ​e vai para a periferia. Se 
ela não reconhecer, a célula B se torna ​madura ​e migra para 
a periferia. 
As que reconheceram com alta afinidade ainda podem 
passar por um processo de ​reedição do BCR​, em que as 
RAGs são reativadas e trocam o domínio variável da cadeia 
leve (já que a pesada não pode ser mudada) mudando assim 
sua especificidade. Se agora diminuiu a afinidade do BCR 
com as moléculas self, essas Bs tornam-se maduras e podem 
então ir para a periferia. 
Porém, mesmo com esse processo, não se pode 
garantir que essas B maduras não são autorreativas, uma vez 
que elas só tiveram contato com células da medula e não do 
resto do organismo. 
As células B maduras migram então para o Baço. Se 
essa células só expressarem IgM, elas vão para a ​zona 
marginal​. Se expressarem IgM e IgD, elas vão para a região 
folicular ​e são chamadas de ​B2 verdadeiras ​e são as que 
mais atuam contra patógenos. 
Essa ​co-expressão ​de IgM e IgD ocorre devido a uma 
alteração a nível de splicing do RNAm em um fenômeno 
chamado de “​troca de cadeia pesada​”. Essas duas 
apresentam o mesmo domínio variável. 
A B1 é formada no peritônio na vida adulta e atua 
normalmente, mas sua especificidade é pequena, apenas 
apresentam IgM e identificam estruturas não-proteicas. 
7 
3) Descreva a Ontogenia de T 
O linfócito T, assim como B, é uma célula da 
imunidade adaptativa, porém, ele apresenta como receptor o 
TCR. Esse TCR é um heterodímero formado pela ​cadeia 
beta ​e ​alfa ​(TCR-2) ou ​cadeia delta ​e ​gama​. Cada cadeia 
apresenta um domínio ​constante ​(se liga a membrana) e 
variável ​(se liga ao complexo MHC-antígeno não 
covalentemente). Tem-se também a ​cadeia CD3 ​e a ​zeta​, 
que ajudam na sinalização intracelular do linfócito T. Esse 
TCR reconhece apenas antígenos que são ​peptídeos ​e que 
estão ligados na ​fenda do MHC ​(complexo principal de 
histocompatibilidade). Assim, essas células necessitam que 
APCs capturem o patógeno, degradem-o e expressem os 
peptídeos do antígeno nos seus MHCs para que T 
reconheça. Quando TCR reconhece o MHC da APC, ocorre a 
sinapse imunológica​. 
Além do TCR, elas apresentam ​CD4 ​(então 
reconhecem apenas MHC II) ou ​CD8 ​(reconhecem apenas 
MHC I), que são ​co-receptores​, ou seja, não reconhecem 
antígeno, mas reconhecem parte do MHC. Células TCD4+ 
são chamadas de ​T helper ​e coordenam a resposta 
adaptativa, pois ativam linfócitos B. Células TCD8+ são ​T 
citotóxicas​, elas destroem células do organismo que foram 
infectadas por patógenos. 
A ontogenia de T, começa na medula óssea, onde um 
progenitor linfóide, ​que apresenta ​CD2 ​e ​IL-7R ​(​early pró 
T​), recebe estímulo de IL-7 produzido pelas células 
estromais, fazendo com que ele se duplique por mitose, 
entrando em proliferação, ou seja, ​expansão clonal​, gerando 
late pró-T. 
Essas ​pró-T ​vão então para o ​Timo​, órgão linfoide 
primário, aonde haverá o processo de maturação desse 
linfócitos. 
As ​células endoteliais tímicas da junção córtico 
medular ​expressam na sua superfície o receptor ​LFA-1 
(antígeno de função linfocitária), também chamado de ​CD2R​, 
ou seja, ele reconhece o CD2 dos pró-T, atraindo esses 
linfócitos para essa região. 
Assim que ocorre a interação entre essas moléculas, 
dois eventos acontecem: (1) as células epiteliais permitem 
uma abertura entre elas, deixando então os pró-T passarem 
para a ​região córtico-medular do timo ​e (2) as pró-T 
passam a expressar o receptor ​CCR9 ​que é capaz de 
reconhecer a quimiocina ​CCL25 ​produzida pelas ​células 
nurse do córtex tímico​, atraindo então essas pró-T para o 
ápice cortical ​do Timo. 
As ​células nurse ​são células epiteliais tímicas 
diferenciadas que produzem ​IL-7 ​e ​HT ​(Hormônios Tímicos), 
fazendo com que esse pró-T passe a produzir a primeira 
cadeia do TCR (cadeia ​beta ​no TCR-2 e cadeia ​delta ​no 
TCR-1), tornando-se ​early pré-T​. 
Essa cadeia beta é formada por dois domínios: 
constante ​e ​variável​. 
O domínio ​variável ​é formado por 3 cadeias 
polipeptídicas, logo, ele foi codificado por 3 genes: V, D e J. 
Porém, a escolha desses genes é ​aleatória ​e é feita por 
enzimas chamadas de ​recombinases ​(​RAG​). A RAG 1 
8 
Guilherme Vale 
9 
2010.2 
catalisa a escolha ​VDJ​, enquanto que a RAG 2 ativa a RAG 
1, formando um complexo enzimático. 
Existem vários tipos de Vs, de Ds e de Js. O papel da 
RAG é escolher um de cada e excluir o restante. Isso é feito 
de maneira ​aleatória​, causando uma grande variabilidade. A 
RAG vai então em um V, corta o restante, deixando o V 
escolhido com a extremidade livre para se ligar ao D 
escolhido. 
Os círculos de DNA intercalentes que as RAGs não 
utilizam são chamados de ​TRECs ​e são usados como 
marcadores clínicos. 
A hidroxila e o fosfato das fitas da extremidade livre do 
V se ligam então fortemente de maneira ​espontânea​, 
formando um ​grampo​. Isso impede a ligação do V com o D. 
Então, uma enzima chamada ​Artemis ​vai, cliva e abre esse 
grampo. 
Ao abrir o grampo, forma-se então um molde, o qual 
será preenchido pela ação da ​DNA-polimerase​. Porém, 
continua-se com o final aberto, então, para evitar que haja a 
formação de um novo grampo, uma outra enzima chamada 
TdT ​(transferase de nucleotídeos na área terminal) transfere 
até 20 nucleotídeos para as áreas que estão abertas. 
Aparece então a enzima ​Ligase IV ​que irá adicionar o último 
nucleotídeo, ligando esses genes. Isso irá se repetir na hora 
de clivar o D e o J, sendo que o D tem duas extremidades 
abertas, logo, tende a formar 2 grampos. 
Ao final, tem-se a ​early pré-T ​que, a partir de mais 
estímulos de IL-7 e HT vai se ​proliferar ​e vai ocorrer a 
produção da ​CD3 ​e da ​cadeia alfa ​do TCR, que ocorre da 
mesma maneira que a beta, porém, no domínio variável, 
apresenta apenas ​VJ​. Essa T torna-se então ​late pré-T​. A 
região entre as cadeias beta e alfa, onde os domínios 
variáveis se encontram é chamada de ​região hipervariável 
ou ​CDR ​(regiões que determinam complementariedade). São 
elas que entram em maior contato com o peptídeo. 
O late pré-T torna-se ​T imaturo ​quando ele apresenta 
TCR completo​, ​CD3 ​e tanto​CD4 ​quanto ​CD8​. Dizemos 
então que ele é ​Duplo Positivo (DP)​. Enquanto que o pró-T 
é ​Triplo Negativo (TN) ​(TCR-/CD3-;CD4-;CD8-) e o pré-T é 
Duplo Negativo (DN) ​(TCR+/CD3+; CD4-:CD8-). 
Essa T imatura então para de expressar CCR9 e 
passa a expressar ​CCR7 ​que é um receptor para as 
quimiocinas ​CCL19 ​e ​CCL21 ​produzidas pelas ​células 
epiteliais tímicas medulares​, atraindo essas T imaturas 
para a região medular. É nesse trajeto que essas células vão 
sofrer o processo de ​Seleção​, para se tornarem ​T maduras​. 
Na região medular encontram-se se as ​células 
epiteliais tímicas​, ​células dendríticas ​e ​macrófagos 
(oriundos de ​monócitos ​que conseguiram atingir o timo por 
expressarem moléculas de adesão). Todas elas expressam 
MHC ​na sua superfície e sempre com um peptídeo, no caso, 
self​. No timo, costuma ter maior expressão de ​MHC de 
classe II​, gerando então mais TCD4. 
Ao se encaminhar para a medula, essas T imaturas 
vão tendo contato com os MHCs. Se reconhecerem MHC II, 
param de expressar CD8 e ficam só com o ​CD4​. Se 
reconhecerem MHC I, deixam de expressar CD4 e ficam só 
com ​CD8​. 
9 
Essas T imaturas vão passar por ​seleção negativa​, ou 
seja, vão sofrer ​apoptose​, se: (1) se ligarem ao complexo 
MHC-peptídeo self com ​altíssima afinidade ​ou (2) 
simplesmente ​não reconhecerem ​esse complexo (elas 
deixam de receber o sinal de sobrevida). 
Já elas vão passar por ​seleção positiva​, ou seja, vão 
receber o sinal de sobrevida, se: (1) reconhecerem o MHC (e 
não o peptídeo) com ​alta afinidade ​(tornando-se ​T 
reguladoras​) ou (2) reconhecerem o MHC e o peptídeo com 
baixa afinidade ​(tornando-se T maduras, ou ​T naive​). 
As células medulares, além de expressarem MHC, 
elas expressam um ​gene transativador que é regulador da 
auto-imunidade​, chamado ​AIRE​. Ele é capaz de se ligar a 
promotores e ativar a transcrição de genes de outros órgãos 
do corpo, principalmente de glândulas, fazendo com que 
essas proteínas sejam expressas no MHC, ​aumentando a 
eficiência da seleção de T​, pois ele entrará em contato com 
outras proteínas sem ser do Timo. 
Se esse T imaturo sofre seleção positiva e sobrevive, 
ele se torna ​T maduro ​(T naive), deixa de expressar CCR7 e 
passa a expressar ​receptor para esfingosina-1 fosfato​, que 
vai reconhecer a quimiocina ​esfingosina-1 fosfato ​presente 
no sangue, atraindo esse T maduro para fora do Timo. 
4) Comente sobre os órgãos linfóides 
Os órgãos linfoides são divididos em ​primários ​e 
secundários​. 
Os ​primários (generativos)​, representados pela 
medula óssea ​e o ​timo​, são onde ocorrem a ontogenia, 
aonde esses linfócitos são formados. 
A medula óssea é onde se encontra os ​progenitores 
linfoides​, que vão dar origem aos linfócitos. Se diferenciar 
em pró-B, ele terá toda a sua ontogenia nesse órgão. Porém, 
se ele se diferenciar em pró-T, ele irá para o ​Timo​, onde 
ocorre 90% da ontogenia de T. 
O Timo não apresenta vasos linfáticos aferentes, para 
evitar a chegada de antígenos circulantes. É dividido em 
córtex e medula. 
Já os ​secundários (periféricos) ​vai ser onde esses 
linfócitos vão ser ​ativados​, onde eles vão ficar concentrados 
e vão circular. Dentre eles temos o ​Baço​, o ​linfonodo​, o 
MALT ​(tecido linfoide associado a mucosa) e o ​sistema 
imune cutâneo​. 
Os órgãos linfoides apresentam um endotélio 
especializado, chamado ​HEV (vênulas de endotélio alto) 
que é por onde os linfócitos penetram por diapedese. 
Quando o linfócito entra pode diapedese, ele passa a 
expressar o receptor ​CCR7 ​que reconhece as quimiocinas 
CCL19 ​e ​CCL12 ​produzidas pelas células estromais. Eles 
estão se direcionam para o órgão. 
Os linfócitos T são sempre ​extra-foliculares​, enquanto 
que os B são sempre ​foliculares​. Isso acontece pois, ​células 
dendríticas diferenciadas ​(não são APCs) da região folicular 
10 
Guilherme Vale 
11 
2010.2 
produzem a quimiocina ​CXCL13 ​que é reconhecida pelo 
receptor ​CXCR5 ​dos linfócitos B, atraindo-os para a região 
folicular. 
O baço é um órgão capsulado, dividido em ​polpa 
vermelha ​(alta concentração de hemácias, é abaixo da 
capsula) e ​polpa branca ​(maior concentração de linfócitos, é 
no interior do órgão). Os linfócitos T são ​periarteriolares​, 
pois eles circundam a arteríola aferente que formam 
sinusóides, formando uma bainha, enquanto que os linfócitos 
B são ​foliculares​. B1 vão para a ​zona marginal​, enquanto 
que B2 ficam na região ​folicular​. 
O Baço só recebe ​suprimento sanguíneo ​e não faz 
parte do sistema linfático, então ele é responsável pela 
resposta dos antígenos provenientes do ​sangue​. 
Já o linfonodo, que é um órgão encapsulado, encontra 
se entremeado no ​sistema linfático​. Nele, linfócitos T são 
extra-foliculares ​e B são ​foliculares​. Quando B se 
proliferam, forma-se o ​Centro Germinativo​. As células 
dendríticas chegam ao linfonodo através dos vasos linfáticos 
aferentes. 
O ​MALT ​é considerado, quantitativamente, o maior 
tecido linfoide, porque é encontrada em toda a mucosa do 
corpo. A maioria dos linfócito T encontrados são ​TCD8​. Os 
linfócitos encontrados são de memória, pois já reconheceram 
antígenos e deixaram de ser naive. 
O MALT é a porta de entrada, interface entre meio 
externo e interno, responsável pela resposta aos antígenos 
que penetram diretamente através da mucosa. 
Existe na mucosa ​células dendríticas tolerogênicas 
que produzem citocinas para que os linfócitos não 
reconheçam, como por exemplo no intestino, moléculas 
alimentares como antígenos. 
Na ​placa de Pyer ​(GALT) o B se encontra na região 
folicular e T em volta. Logo acima da placa, existem as 
células M ​que emitem prolongamentos para a luz intestinal, 
capturam antígenos de lá, carregando eles dentro de 
vesículas até a placa de pyer, onde vão ser reconhecidos 
pelos linfócitos, podendo haver a produção de ​IgA ​que vai ser 
liberada na luz. 
Outros exemplos de MALT são as ​tonsilas ​e os 
adenoides. 
11 
5) Comente a recirculação dos linfócitos 
A recirculação dos ​linfócitos naive ​(virgens) é a 
tendência que eles têm de retornar sempre a um linfonodo, a 
fim de otimizar o encontro deles com o seu antígeno 
específico. 
Os linfócitos estão sempre circulando pelo sangue e 
pela linfa, mas sempre parando em linfonodos para receber o 
sinal de sobrevivência​. 
O linfócito naive entra no linfonodo através do 
endotélio especializado desse órgão, o ​HEV​. Ele apresenta 
moléculas de adesão que se ligam a ​L-selectina ​do linfócito 
com baixa afinidade. As integrinas do linfócito são ativadas 
por quimiocinas, fazendo com que ocorra a diapedese. 
O linfócito, dentro do linfonodo, se for B é atraído pela 
quimiocina ​CXCL13​, reconhecida pelo receptor ​CXCR5 ​do B, 
atraindo-o para a região folicular. O linfócito T tem apenas o 
CCR7 ​que reconhece ​CCL19 ​e ​CCL21​, ficando na região 
extra-folicular. 
Esse linfócito naive que ainda não reconheceu nenhum 
antígeno, fica pouco tempo e já sai do linfonodo, pois 
apresenta ​receptor para esfingosina-1 fosfato ​que é uma 
quimiocina presente na linfa e no sangue. 
Ele fica circulando pela linfa de linfonodo a linfonodo 
até chegar ao ​ducto torácico​, onde ele entra novamente na 
circulação sanguínea. 
Se esse linfócito reconhecer um antígeno,ele passa a 
ser um ​linfócito efetor ​e para de circular, pois deixa de 
expressar L-selectina. 
6) Comente sobre Antígenos 
Antígenos ​são quaisquer moléculas capazes de se 
ligarem ao receptor dos linfócitos. Porém, esses antígenos só 
serão ​imunógenos ​se eles desencadearem uma resposta 
imune específica. Assim, todo imunógeno é um antígeno, 
mas nem todo antígeno é um imunógenos. 
Os melhores imunógenos são aqueles com ​maior 
peso molecular ​e ​maior complexidade bioquímica​. 
Hapteno ​é a menor porção do antígeno capaz de reagir com 
os receptores dos linfócitos. Sozinhos não são capazes de 
induzir resposta. 
Epítopo ​é a região do antígeno que se liga aos 
receptores. Um receptor pode se ligar a mais de um epítopo. 
O ​BCR ​reconhece epítopos em zona externa, acessível, de 
qualquer natureza química e de qualquer conformação (linear 
ou conformacional). Reconhece principalmente antígenos 
timo-independentes​. O ​TCR ​reconhece apenas epítopos 
com sequências lineares de aminoácidos que estejam ligados 
na fenda do MHC da APC. Essa MHC pode se ligar a vários 
epítopos diferentes simultaneamente. O TCR, portanto, só 
reconhece antígenos ​timo-dependentes​. 
A ligação do antígeno com o seu receptor específico é 
de ​baixa afinidade​. 
Antígenos ​proteicos ​só apresentam epítopos 
diferentes entre si, a não ser que sejam estruturas 
quaternárias. 
Já antígenos ​polissacarídeos ​apresentam epítopos 
idênticos que se repetem (devido as ramificações). Então eles 
12 
Guilherme Vale 
13 
2010.2 
são considerados ​Epítopos Polivalente ​(epítopos 
repetitivos). 
Esses epítopos polivalentes são responsáveis pela 
ligação simultânea do antígeno com diversos BCRs, 
causando a ativação do ​linfócito B​, pois ele aproxima esses 
BCRs, iniciando a sinalização intracelular de ativação. 
Porém, se o antígeno é ​timo-dependente​, um 
monômero​, ele apresenta apenas epítopos distintos, se 
ligando então a apenas um BCR. Isso faz com que não haja a 
aproximação desses BCRs, ​não ​ativando então a resposta de 
B. 
Assim, essa célula B internaliza o antígeno, 
processando-o e apresentando-o na forma de peptídeos, 
através de uma molécula de MHC. Essa célula B passa a ter 
função de ​APC​, pois esse peptídeo vai ser reconhecido por 
um ​linfócito T ​que vai produzir ​citocinas ​que ativaram a 
resposta de B, produzindo ​anticorpos​. 
Por isso que antígenos proteicos são ​timo 
dependentes​. 
Epítopos com estruturas semelhantes a outros 
epítopos, podem se ligar ao anticorpo especifico desses 
epítopos, causando ​Reação Cruzada​, o que é importante 
para ensaios imunológicos. Isso ocorre pois a 
complementariedade ​antígeno/anticorpo é baixa. 
7) Comente sobre o MHC 
O MHC (complexo principal de histocompatibilidade) 
ou HLA (antígenos leucocitários humanos), em humanos, são 
as moléculas responsáveis por apresentar antígenos 
proteicos aos linfócitos T. Eles não diferenciam peptídeos self 
de nã-self. 
O MHC de classe I apresenta uma ​cadeia alfa ​(que 
apresenta 3 domínios) e uma ​cadeia β2-microglobulina ​(que 
é igual em todos os MHCs de todas as pessoas, pois não). 
O MHC de classe II apresenta duas cadeias, uma ​alfa 
e uma ​beta​, ambas com dois domínios, totalizando 4 
domínios na molécula. 
Esse MHC é na verdade um complexo ​poligênico ​que 
contem genes altamente ​polimórficos ​que são expressos em 
co-dominância​. 
Dentro do cromossomo 6, existe o lócus que codifica 
MHC I e o lócus que codifica MHC II. 
As moléculas de MHC I são codificadas por 3 genes: 
HLA-A​, ​HLA-B ​e ​HLA-C​. As MHC II também são codificadas 
po 3 genes: ​HLA-DP​, ​HLA-DQ ​e ​HLA-DR​, porém, existe dois 
de cada, um para a ​cadeia alfa ​e outro para a ​cadeia beta​. 
Então por isso ele é um complexo poligênico, pois é 
codificado por mais de um gene. 
Além disso, se o individuo é heterozigoto, tantos os 
genes do pai quanto o da mãe são expressos, caracterizando 
uma ​co-dominância​, fazendo com que a variabilidade de 
MHCs aumente. 
13 
Entretanto, os genes que codificam essa molécula 
diferem entre as pessoas, ou seja, existem diferentes alelos 
entre a população. Isso é o ​polimorfismo gênico​. Um gene 
pode ter apenas um códon diferente, que vai produzir um 
aminoácido diferente, fazendo com que esse MHC seja 
diferente do de outra pessoa. 
Esse polimorfismo ocorre principalmente na fenda do 
MHC, onde ele entra em contato com o antígeno. Por isso 
que ele é vantajoso, pois a variedade na expressão de 
moléculas do MHC aumenta a probabilidade de pelo menos 
alguns indivíduos serem capazes de apresentar antígenos de 
um novo patógeno encontrado, ajudando a garantir a 
sobrevivência da espécie. 
Porém o ponto negativo é que os MHCs são diferentes 
entre as pessoas. Por isso o MHC I (que é constitutivo de 
todas as células nucleadas) é o principal responsável pelo 
processo de rejeição em um transplantes, pois os linfócitos T 
do individuo que recebeu o transplante, vão reconhecer (vão 
se ligar com ​alta afinidade​) o MHC do órgão transplantado 
como sendo não-self, atacando-o. 
O CD8 interage apenas com o domínio ​alfa 3 ​do MHC 
I, enquanto que o CD4 interage apenas com o domínio ​alfa 2 
do MHC II. 
Na região da fenda, existem ​aminoácidos de 
ancoragem ​que se ligam ao peptídeo com mais afinidade, a 
fim de estabilizar a ligação MHC/peptídeo para que ele não 
se solte. 
Na preparação de uma ​vacina​, se escolhe os 
peptídeos que se acomodarão melhor no MHC da maioria 
das pessoas, umas vez que os aminoácidos das fendas são 
diferentes entre os indivíduos. 
Durante a resposta inata, há um aumento na 
expressão de MHCs, pois ​INF-γ, INF-α, INF-β ​e ​TNF-α 
estimulam a expressão de MHC I, enquanto que ​INF-γ ​e ​TLR 
estimulam a de MHC II. 
A infecção por vírus, causa a liberação de INF, que 
são os maiores responsáveis pela estimulação da expressão 
de MHC I, que ativará TCD8 que vão matar a célula 
infectada. 
8) Descreva o processamento e a apresentação de 
antígenos pela MHC. 
O MHC I é responsável pela apresentação de 
antígenos ​intracitosólicos​, como os vírus, por exemplo. 
Enquanto que o MHC II é responsável pela apresentação de 
antígenos ​intravesiculares ​e extracelulares. 
Quando o antígeno é ​fagocitado ​por uma célula, por 
exemplo, o macrófago ou a célula dendrítica, ele fica dentro 
do ​fagossoma​. Esse fagossoma então se funde com o 
lisossoma ​(vesícula que contem diversas enzimas), 
formando o ​fagolisossoma​. Esse antígeno é então 
fragmentado por proteases. 
Enquanto isso, no retículo endoplasmático, a MHC II 
está sendo sintetizado constitutivamente nessas células (APC 
e linfócitos B). Preso nesse MHC II está uma cadeia 
polipepetídica chamada ​cadeia invariante ​que fica liga a 
fenda do MHC, impedindo que esse se ligue a outros 
peptídeos que estão sendo sintetizados no RE. 
14 
Guilherme Vale 
15 
2010.2 
Esse complexo MHC/cadeia invariante, sai do RE, por 
meio de vesículas, e vai para o Complexo de Golgi. De lá ele 
sai por uma outra vesícula, cheia desses complexos, que está 
se dirigindo até a membrana plasmática. 
No caminho, essa vesícula se funde com o 
fagolissosoma. As proteases vão então quebrar essa cadeia 
invariante, porém, um fragmento dela permanece na fenda, o 
CLIP​. 
Junto do MHC, que está na vesícula, encontram-se 
outras proteínas associadas ao processamento do antígeno, 
comoa ​HLA-DM​, que funciona como um trocador de 
peptídeo, pois ela retira o CLIP da fenda do MHC e adiciona 
outro peptídeo solúvel que se encontra dentro da vesícula. 
Ela fica repetindo esse processo até que um peptídeo se 
ligue com ​alta afinidade ​e ​estabilidade ​na fenda do MHC II. 
A HLA-DM para então de atuar. 
Os MHCs de classe II então, com seus peptídeos 
antigênicos ligados na fenda, vão ser ancorados a membrana 
plasmática, aonde a vesícula se funde, apresentando esse 
antígeno que foi endocitado. 
O MHC de classe II ativa ​linfócito TCD4 ​que são 
linfócitos ​T helper​, ou seja, atuam ativando linfócitos B, 
estimulando a produção de ​imunoglobulinas​. 
Tem também o antígeno que penetra na célula e 
permanece no citoplasma (​antígeno intracitoplasmático​), 
como os vírus, que fica mandando proteínas virais 
(antigênicas) para o citoplasma celular. 
Essa proteína, por sua vez, sofrerá um processo de 
ubiquitinização ​feita pelas ​ubiquitinas ​que reconhecem as 
proteínas e as marcam para que ela seja reconhecida pelo 
proteossoma ​que é um complexo enzimático com várias 
subunidades catalíticas, formando um túnel, que degrada 
essa proteína em peptídeos. 
No processo inflamatório, citocinas vão ativar 
proteossomas, chamados de ​imuno-proteossomas​, que são 
mais específicos. Eles geram peptídeos que se ancoram 
melhor na fenda do MHC de classe I. 
Os peptídeos gerados então pelo proteossoma se 
associam às ​TAP ​(transportadoras), que são proteínas que 
estão na membrana do retículo endoplasmático. 
O MHC I está sendo formado no RE por 
chaperoninas​, que mantem o MHC I aberto para a chegada 
do peptídeo. 
A TAP então acomoda o peptídeo na membrana do RE 
e o transfere para a fenda do MHC de classe I que, ao 
contrário do de classe II, não está protegida. 
Esse MHC I ligado ao peptídeo vai para o complexo de 
Golgi, de onde sai por uma vesícula que então adere a 
membrana plasmática, apresentando o complexo MHC 
I/peptídeo. 
MHC de classe I ativam ​linfócitos TCD8​, que são 
citotóxicos​, ou seja, vão até o local de infecção destruir as 
células infectadas. 
Células dendríticas que são APCs profissionais, 
podem fazer ​apresentação cruzada (reconhecimento 
cruzado) ​em que antígenos intravesiculares possam ser 
transferidos para o citoplasma, sendo apresentados tanto por 
MHC II como por MHC I, ativando células TCD4 e TCD8 para 
responderem ao antígeno. 
15 
9) Descreva o processo de ativação e diferenciação das 
células T 
As ​células dendríticas ​que se encontram no local de 
infecção estão no estado ​imaturo​, até que vão reconhecer os 
PAMPs através dos seus PRRs, vão então internalizar e 
processar esse antígeno, apresentando-o junto de moléculas 
de MHC de classe II (e de classe I também, devido à 
apresentação cruzada ​em que a DC transfere peptídeos 
antigênicos intravesiculares para o citoplasma, ativando a 
expressão de MHC I), tornando-se DCs ​maduras ​(​APCs 
profissionais​), que são capazes de ativar ​T naives​, pois a 
resposta inflamatória estimula ainda mais a expressão de 
MHC I e II pela DC, o que favorece o reconhecimento do 
antígeno pelo TCR especifico. 
Assim que essa dendrítica reconhece um PAMP, ela passa a 
expressar o receptor ​CCR7 ​que vai reconhecer as 
quimiocinas ​CCL19 ​e ​CCL21 ​produzidas pela região extra 
folicular de órgãos linfoides secundários, encaminhando essa 
DC do local de infecção para o ​santuário mais próximo​. 
Essa DC passa então pela HEV e adentra no órgão 
linfoide indo de encontro com os ​linfócitos T naive (virgens) 
da região para-folicular. Lá ela vai apresentar o antígeno para 
TCD4 (através do MHC II) ou para o TCD8 (através do MHC 
I). 
Quando ela encontra essa T naive ocorre então a 
sinapse imunológica​, através de moléculas de adesão e da 
ligação entre MHC e TCR específicos, porém, uma ligação de 
baixa afinidade​. Essa ligação é o ​1º sinal ​da ativação dos 
linfócitos T, mas ele sozinho não é capaz de ativar esse T 
naive. 
Se ele fosse capaz, ocorreria um processo de ​auto 
imunidade, ​pois T poderia ser ativado ao reconhecer um 
MHC com peptídeo ​self ​(pois MHC não diferencia peptídeo 
self de não-self), causando uma auto-reatividade, uma vez 
que um individuo apresenta TCRs que identificam todas as 
proteínas, inclusive self, pois o processo de seleção de T no 
Timo não apresentou todas as proteínas do corpo. 
A célula T que recebeu ​apenas ​o 1º sinal se torna 
anérgica​, ou seja, está viva, mas não funcional. Isso evita a 
auto-imunidade. Se ela não receber o 2º sinal, ela sofre 
apoptose​. 
O ​2º sinal ​é uma ​co-estimulação​, ocorre entre a ligação de 
B7​, uma molécula induzida pela inflamação (quando o PAMP 
é reconhecido pelo PRR, ou pela produção de citocinas) 
presente na membrana da APC, e ​CD28​, uma molécula 
constitutiva expressa na membrada do T naive. 
Todas as APCs podem expressar B7, mas a principal é 
a célula dendríticas. 
Existe B7-2 que é a primeira a ser expressa, mas logo 
é substituída por B7-1 que tem ​maior afinidade ​pelo CD28. 
Porém, algumas APCs, como a ​célula B​, utilizam uma ​via 
indireta de co-estimulação​, mas que não ativa T naives. 
Nesse caso, o 2º sinal é dado pela ligação entre ​CD40 ​(que é 
constitutivo na membrana da APC) e o ​CD154 ​(que é 
induzido na membrana do linfócito T que já é ​ativado​). Ou 
seja, isso é importante para que células T efetoras ativem as 
células B que apresentam esse CD40, para produzirem então 
Igs. 
16 
Guilherme Vale 
17 
2010.2 
O 1º sinal determina qual T naive será ativada, dando 
especificidade​. Enquanto que o 2º sinal vai causar a 
ativação ​dessa T. 
Recebendo esses 2 sinais, a ​célula T naive ​passa a 
ser um ​célula T ativada​, passando a expressar ​CD40​. A 
célula T ativada passa então por um processo de tumefação 
e ​proliferação​, causada pela ação ​autócrina ​e ​parácrina ​de 
IL-2​, produzida por essa T ativada. Entretanto, a ​T não 
ativada ​apresenta um ​IL-2R ​incompleto, expresso apenas 
como um heterodímero (β e γ). Para que ele se torne 
completo, é necessária a expressão da terceira cadeia, a 
cadeia α ​ou ​CD25​. Pois aí sim o IL-2 vai se ligar a esse 
receptor, dando inicio a proliferação desse linfócito. 
Esses 2 sinais da ativação deflagram cascatas 
bioquímicas (através das moléculas de ​CD3 ​e das ​cadeias 
zeta ​associadas ao TCR) que vão fazer com que 
transativadores ​(NF-κB, NFAT e AP-1) sejam ​ativados​, indo 
então se ligar a regiões promotoras que codificam os genes 
de ​CD25 ​e de ​IL-2​. 
Assim, o IL-2R se torna completo (um ​trímero​) e o IL-2 
se liga a ele, iniciando então o processo de ​proliferação​. Na 
verdade, a cadeia beta do IL-2R é que inicia a sinalização, 
pois tem uma cauda citoplasmática maior. 
Essa proliferação é importante para ter o maior número 
de células T contra essa antígeno especifico. 
Ao final da proliferação, essa T passa a expressar o 
receptor para esfingosina-1 fosfato ​que se liga a essa 
quimiocina presente no sangue, direcionando essa célula 
para fora do tecido linfoide. Ou então passa a expressar 
CXCL5 ​que vai reconhecer a quimiocina ​CXCL13 ​produzida 
pelas DCs foliculares, fazendo com que essas células T 
atuem cooperando com a resposta de ​B​. 
Para que uma célula ​Th0 ​(que é uma TCD4 ativada, 
mas não diferenciada) sofra diferenciação (ganhe um 
fenótipo​), ela necessita de um ​3º sinal ​que é induzido pelas 
célulasdendríticas ​feito através de ​citocinas​. 
Por exemplo, Th0 que recebe IL-12 e INF-γ vão gerar 
Th1 que ativam a ​Resposta Imune Celular (RIC)​, 
estimulando a produção de ​IgG 1 e 3 ​pelos linfócitos B2 
foliculares. 
• ​Th0 ​ ​IL-12 ​ ​Th1 ​ ​IgG1 e 3 ​ ​RIC 
• ​Th0 ​ ​IL-4 ​ ​Th2 ​ ​IgE e IgG4 ​ ​RIH 
• ​Th0 ​ ​IL-2 + TGF-β ​ ​Tr-3 ​ ​IgA​ ​RIS 
• ​Th0 ​ ​IL-10 + IL-27 ​ ​Tr-1 ​ ​IgG2 ​ ​RIR ​• 
Th0 ​ ​IL-10 + TGF-β ​ ​Treg naturais 
• ​Th0 ​ ​IL-4 + TGF-β ​ ​Th9 ​ ​reações alérgicas ​• ​Th0 ​ ​IL-1β 
+ IL-23 ​ ​Th17 ​ ​resposta contra bactérias extracelulares 
sem capsula e fungos 
10) Comente sobre as características que fazem da Célula 
Dendrítica a melhor APC na ativação de T. 
A célula dendríticas é considerada a melhor APC na 
ativação de células T, devido a, principalmente, 5 motivos: (1) 
a sua ​morfologia​, caracterizada por longos processos 
citoplasmáticos que aumentam a superfície de contato dessa 
17 
célula, (2) a sua ​mobilidade​, pois, quando ativada, ela deixa 
o local da infecção e se direciona para o santuário mais 
próximo a fim de ativar células T (porque expressam CCR7 
que reconhece CCL19 e CCL21), (3) o seu ​baixo limiar de 
ativação de B7​, pois assim baixos estímulos já são capazes 
de ativar a co-estimulação, dando início ao 2º sinal 
facilmente, (4) a ​grande expressão de MHCs​, que ocorre 
durante o processo inflamatório, quando uma maior 
quantidade de MHC I e II é expressa na sua superfície, 
otimizando o encontro do TCR especifico e (5) a realização 
da ​apresentação cruzada​, em que a DC é capaz de pegar 
proteínas antigênicas intravesiculares e passá-las para o 
citosol, estimulando então simultaneamente a expressão de 
MHCs de classe I e II, ativando tanto TCD4 quanto TC8. 
11) Comente sobre o Linfócito T primitivo na 
diferenciação das células T 
As células T primitivas são células formadas durante a 
vida fetal no peritônio que são ​residentes​, possuem ​TCR ​(δγ) 
que reconhecem PAMPs e não precisam de ​APCs ​para 
reconhecerem esse antígeno. 
Esse TCR tem menor variabilidade genética, pois ela 
não apresentam ​TdT​. 
Elas também não passam pelo processo de ​seleção 
como os linfócitos T clássicas. Por isso que elas são auto 
reativas, entretanto não causam auto-imunidade, pois ela ​não 
tem memória​. 
Elas podem reconhecer: (1) diretamente PAMPs, que 
são em sua maioria ​timo-independentes​, (2) indiretamente 
PAMPs através de ​CD1 ​que são semelhantes ao MHC I, mas 
não são polimórficas e (3) moléculas ​self​, porém, moléculas 
que são expressas em situação de ​estresse metabólico​, 
chamadas de ​proteínas do Choque Térmico​. 
O útero de uma mulher saudável é repleto de linfócitos 
T primitivos e eles atuam na ​down regulation ​do sistema 
imune dessa mulher, para que, quando ocorra a nidação do 
blastocisto, durante a gravidez, esse sistema não ataque o 
feto, evitando assim o aborto. 
As T primitivas atuam, principalmente, ​modulando o 
3º sinal ​para a diferenciação do Th0. 
Essas células T reconhecem o PAMP ​timo independente 
diretamente ou indiretamente, através da apresentação pelo 
CD1 ​feito pelas DC e macrófagos do local. 
A T primitiva, por sua vez, vai produzir mais ​INF-γ ​o 
que então vai aumentar: a atividade das células NK, a ação 
microbicida dos fagócitos, a função de APC das DCs e a 
inflamação. Ela também vai contribuir na indução a 
diferenciação de ​Th1​. 
12) Descreva o processo de indução da Resposta Imune 
Celular (RIC) 
A resposta de ​Th1 ​é chamada de ​RIC​. 
Ela é iniciada pela mudança fenotípica de TCD4 (Th0) em ​Th1 
(T helper 1) e o ​3º sinal ​mais importante para essa mudança 
é a estimulação por ​IL-12 ​produzida pela APC. 
Porém, esse Th0 indiferenciado não apresenta o 
receptor ​IL-12Rβ​. 
18 
Guilherme Vale 
19 
2010.2 
Então, primeiramente, essa APC, após reconhecer o 
patógeno na área de infecção, vai liberar ​IL-27 ​que vai agir 
sobre as ​células T primitivas ​(​células NK ​e ​NKT​), fazendo 
com que elas liberem ​INF-γ ​que, juntamente com o IL-27, vai 
atuar sobre ​TCD4 ​no santuário mais próximo, estimulando a 
expressão de ​IL-12Rβ​. 
Essa TCD4 que está fazendo ​sinapse imunológica 
com a APC (geralmente uma célula dendríticas), no momento 
que passa a expressar ​IL-12Rβ​, torna-se ​pré-Th1​. 
Esse pré-Th1, passa então a produzir ​INF-γ ​(em 
grande quantidade) e ​IL-2​. Esse ​INF-γ ​em grande quantidade 
vai atuar sobre a DC, fazendo com que ela libere o ​3º sinal​, o 
IL-12​. 
Assim, esse pré-Th1 passa a ser definitivamente o 
Th1​, processo chamado de ​comprometimento​, mas só 
ocorre quando o estímulo de IL-12 é mantido, se não essa 
célula regride para Th0. 
Então, a Th1 é uma TCD4 que se diferenciou na 
presença de IL-12 (3º sinal) e que secreta INF-γ e IL-2. 
Através dessas citocinas, o Th1 tem 3 importantes funções: 
(1) aumentar o poder ​microbicida do fagócito 
(principalmente por INF-γ) diretamente no local da infecção, 
(2) estimular a ​proliferação de linfócitos B ​e a produção de 
IgG 1 ​e ​IgG 3 ​(principalmente por INF-γ) e (3) ativação de 
TCD8 em ​CTL, célula T citotóxica ​(principalmente IL-2). 
Quando não se consegue matar o patógeno, a Th1, 
que forma um ​halo linfocitário, ​passa a ser ​Th1 crônica ​que 
continua liberando INF-γ. 
Assim, na presença crônica de INF-γ, as células 
fagocíticas se diferenciam em ​células epitélioides​, que 
podem se fundir, formando as ​células gigantes 
multinucleadas​. Se essas células não conseguirem resolver, 
elas liberam ​FCF (fatores de colônias de fibroblastos) ​que 
recrutam fibroblastos para a formação de colágeno nessa 
região. Forma-se assim o ​granuloma​. 
Então, a Th1 é responsável pela ​Resposta de 
Granuloma​, também chamada de ​DTH (Hipersensibilidade 
do Tipo Tardio)​. 
A ​CTL ​(TCD8 ativada) é ​degranuladora​. Ela atua 
liberando ​perforinas ​(que formam canais na membrana da 
célula infectada), ​granzimas ​(que degradam proteínas e 
ativam as caspases, causando apoptose) e ​granulizina ​(ativa 
a apoptose). 
Th17 ​é a TCD4 que se diferenciou na presença de ​IL 
23 ​e ​IL-1β​. Ela produz principalmente a a ​IL-17A ​e está 
relacionada com a resposta imune contra ​bactérias 
extracelulares ​sem capsula e ​fungos​. 
Primeiramente, para que Th0 se torne ​Th17 ​as APCs 
devem liberar ​IL-6​, ​IL-1β ​e ​TGF-β​. Essas citocinas juntas 
inibem ​a resposta de ​Th1 ​e ​Th2 ​e fazem com que Th0 se 
torne ​pré-Th17​. 
O 3º sinal produzido pelas DCs é a liberação de ​IL-23 ​e 
IL-1β​, fazendo do pré-Th17 um ​Th17 ​definitivo que produz 
IL-17A​. 
Assim, ​Th17 ​é uma TCD4 que se diferenciou na 
presença de ​IL-23 ​e ​IL-1β​, secreta principalmente ​IL-17A ​que 
tem como função ​ativar neutrófilos ​contra bactérias 
extracelulares sem capsula e fungos. 
Boa prova! 
19 
Respostas de Imuno 
Prova 2 
1) Descreva a ativação dos linfócitos B por antígenos 
Timo-independentes. 
A natureza da resposta de B depende da estrutura 
química do antígeno e da cooperação dos linfócitos T. Eles 
reconhecem o antígenos através de Ig de membrana (BCR) e 
respondem através da secreção de Igs solúveis, ​anticorpos​, 
específicos para o antígeno. 
Existem mais de um tipo de subpopulações de B: ​B1​, 
produzida durante o período fetal no ​peritônio ​e que cessa 
depois do nascimento, ocupando as cavidades peritoneais e 
pleurais, ​B2 da zona marginal​do baço e ​B2 folicular​, 
ambos surgem após o nascimento, são produzidos na medula 
óssea e vão para santuários (ontogenia de B). 
B1 e B da ZM são responsáveis pela resposta a 
antígenos ​timo-independentes ​(PAMPs - polissacarídeos, 
lipídeos, glicolipídeos) feita através de ​cross-link ​dos BCRs, 
devido aos múltiplos epítopos desses antígenos, não 
dependendo do auxílio de T. Eles respondem a esses 
antígenos principalmente devido à localização anatômica 
dessas células e não porque só apresentam receptores 
específicos pra eles. 
Essa resposta costuma ser mais rápida, mas é pouco 
específica e tem menos qualidade, pois praticamente não 
gera memória imunológica e acarreta na produção mais curta 
de anticorpos. 
B1 ​tem características da resposta inata, pois, 
localiza-se em ​porta de entrada ​e tem ​receptores mais 
conservados e com variabilidade limitada​. Eles sofrem 
auto-renovação constante. 
B da ZM ​do Baço fica na margem do folículo junto com 
os macrófagos e também se localiza em porta de entrada e 
tem uma diversidade restrita de receptor, tendo 
características de células da resposta inata. 
Já B2 folicular responde a antígenos ​timo 
dependentes ​(peptídeos) através da internalização, 
processamento do antígenos e apresentação do peptídeo via 
MHC de classe II para o linfócito TCD4. 
O resultado de qualquer ativação de B será a 
secreção de imunoglobulinas​. Antes, elas eram ancoradas 
na membrana, mas, assim que B vira plasmócito, ocorre um 
processamento alternativo do RNAm em que regiões que 
codificavam aminoácidos hidrofóbicos da região 
transmembrana ​da cadeia pesada, responsáveis pela 
inserção da Ig na membrana, são ​clivadas ​desse RNAm. 
Assim, essa Ig passa a ser secretada. Lembrando que a 
única Ig que não é secretada é a IgD. 
O ​primeiro sinal ​acontece quando o BCR se liga ao 
epítopo específico, porém a cauda citoplasmática do BCR é 
muito curta, então é necessária a ativação do complexo BCR. 
20 
Guilherme Vale 
21 
2010.2 
O ​complexo BCR ​é formando por uma Ig de 
membrana associada não covalentemente às cadeias ​Igα ​e 
Igβ ​que apresentam ​ITAMs ​nos seus domínios 
citoplasmáticos. Os ITAMs são de fato os responsáveis por 
iniciar a sinalização bioquímica intracelular, uma vez que a 
tirosina é capaz de sofrer fosforilação. 
Antígenos ​timo-independentes​, por apresentarem 
muitos epítopos idênticos (polivalente), vão causar a 
aproximação de diversos BCRs ​(cross-link) ​que se ligarão 
simultaneamente a esse antígeno. Isso faz com que esses 
complexos do BCR também se aproximem, desencadeando 
uma cascata bioquímica de formação de transativadores, 
iniciando a ativação dessa célula B. 
Essa ativação pode ser amplificada através do 
segundo sinal ​feito pelo ​complexo co-receptor ​formado por 
3 proteínas transmembrana: ​CD21 ​(CR2), que reconhece o 
C3d ​do Sistema Complemento, ​CD19 ​e ​CD81​. 
CD21 reconhece o C3d preso no antígeno e vai ativar 
alostericamente o CD19 e CD81, que vão amplificar o 
processo de ​ativação ​dessas células Bs. 
Assim, na resposta a ​antígeno timo-independentes 
vai haver proliferação e diferenciação em plasmócito de vida 
curta, mas não haverá ​centro germinativo ​(não haverá 
maturação da afinidade, troca de classe, desenvolvimento de 
memória). Por isso B1 e B da ZM são os principais secretores 
de IgM que é de baixa afinidade, polirreativo, mas é capaz de 
fazer ​apresentação cruzada​. 
São importantes na resposta contra ​bactérias 
capsuladas​, pois os antígenos são polissacarídicos. Por isso 
indivíduos esplenectomizados são mais susceptíveis 
infecções por bactérias desse tipo, pois perdem a população 
de B da ZM, assim como indivíduos menores de 2 anos, pois 
ainda não produziram essa população. 
Imunização com ​vacinas conjugadas ​(complexo 
hapteno-carregador) são feitas para imunizar indivíduos 
contra bactérias capsuladas, pois B reconhecerá a porção 
polissacarídica (hapteno), mas, devido a proteína, ele irá 
internalizar, processar e apresentar esse antígeno 
(proteína/carregador) para os linfócitos T. Assim produzirá 
anticorpos de alta afinidade ao polissacarídeo (pois haverá 
maturação da afinidade), formará plasmócitos de vida longa e 
células de memória. 
Antígeno timo-independente ​tipo 1 ​é o ​LPS​, pois, se 
tiver em alta concentração, ele ativa B, não via BCR, mas via 
TLR4​. Assim a resposta será ​policlonal​, pois haverá a 
produção de anticorpos com as mais distintas 
especificidades. Esse antígeno é ​mitógeno​, pois induz a 
proliferação discriminada de clones diferentes. É uma 
resposta inespecífica. 
21 
2) Descreva a ativação dos linfócitos B por antígenos 
Timo-dependentes. 
A natureza da resposta de B depende da estrutura 
química do antígeno e da cooperação dos linfócitos T. Eles 
reconhecem o antígenos através de Ig de membrana (BCR) e 
respondem através da secreção de Igs solúveis, ​anticorpos​, 
específicos para o antígeno. 
Existem mais de um tipo de subpopulações de B: ​B1​, 
produzida durante o período fetal no ​peritônio ​e que cessa 
depois do nascimento, ocupando as cavidades peritoneais e 
pleurais, ​B2 da zona marginal ​do baço e ​B2 folicular​, 
ambos surgem após o nascimento, são produzidos na medula 
óssea e vão para santuários (ontogenia de B). 
B2 folicular responde a antígenos ​timo-dependentes 
(peptídeos) através da internalização, processamento do 
antígenos e apresentação do peptídeo via MHC de classe II 
para o linfócito TCD4 
O resultado de qualquer ativação de B será a 
secreção de imunoglobulinas​. Antes, elas eram ancoradas 
na membrana, mas, assim que B vira plasmócito, ocorre um 
processamento alternativo do RNAm em que regiões que 
codificavam aminoácidos hidrofóbicos da região 
transmembrana ​da cadeia pesada, responsáveis pela 
inserção da Ig na membrana, são ​clivadas ​desse RNAm. 
Assim, essa Ig passa a ser secretada. Lembrando que a 
única Ig que não é secretada é a IgD. 
Primeiramente, uma ​DC ​na periferia reconhece, 
internaliza e processa um antígeno timo-dependente, 
apresentando o peptídeo via MHC II. Ela então entra na via 
linfática e chega ao santuário mais próximo. 
Lá ela começa a circular nesse linfonodo, entrando em 
contato com todas as T naive, até o momento em que ela 
encontra a célula T com o TCR especifico para o peptídeo. 
Ocorre então os 3 sinais de ativação e diferenciação de T, 
tendo então um T efetor. 
Durante o ​2º sinal​, ligação B7 e CD28, T passa a 
expressar ​CD40L​. Além disso, ele para de expressar ​CCR7 
(que reconhecia as quimiocinas CCL19 e CCL21 produzidas 
pelas células da medula) e passa a expressar ​CXCR5 ​que 
reconhece a quimiocina ​CXCL13 ​produzida pelas células 
dendríticas foliculares. Assim, esse T efetor passa a se 
deslocar para a região folicular 
Enquanto isso, o antígeno chegou ao linfonodo satélite 
através dos vasos linfáticos, em decorrência do edema 
causado pela inflamação. Esse ​antígeno timo-dependente 
também vai ser reconhecido pelo ​B2 folicular especifico ​que 
vai internalizar, processar e apresentar o peptídeo desse 
antígeno via ​MHC II​. Então assim se inicia o processo de 
ativação, mas ele não é tão eficaz quanto o do cross-link (Ag 
timo-independentes). 
Essa célula B então para de expressar ​CXCR5​, que 
reconhecia CXCL13 da região folicular, e passa a expressar 
CCR7​, que reconhece as quimiocinas ​CCL19 ​e ​CCL21produzidas na região medular. 
Então o T efetor está migrando para o folículo e o B 
especifico está migrando para a medula. É na ​borda do 
folículo ​que ocorre o encontro entre T e B. Aí esse T efetor 
passa a executar a sua função efetora que é produzir 
22 
Guilherme Vale 
23 
2010.2 
citocinas​. Ocorre então uma ​ativação bilateral​, pois B ajuda 
a ativar T e T ajuda a ativar B. 
B, por ser uma APC, apresenta constitutivamente 
CD40 ​e T, quando ativada pela DC, passou a expressar 
CD40L​. No momento da sinapse, portanto, haverá a ligação 
entre essas moléculas e a cauda citoplasmática do CD40 irá 
ativar o processo de ​proliferação ​dessa célula B. 
Além disso, através do estimulo feito pelas ​citocinas 
liberadas pelo T efetor, as células Bs começam a se 
diferenciar em ​plasmócitos ​que secretam, inicialmente ​IgM 
(e um pouco de IgG), porém eles ainda são de vida curta, 
caracterizando o ​foco primário ​da ​fase inicial ​da resposta. 
Plasmócitos de vida curta ​se alojam na polpa 
vermelha do baço, nos cordões medulares dos linfonodos, 
ficam alguns dias produzindo principalmente IgM e depois 
morrem. 
Já na ​fase tardia ​algumas células Bs que não se 
diferenciaram em plasmócito de vida curta, voltam para o 
folículo ​(centroblastos) e começam a se proliferar 
intensamente, formando o ​centro germinativo ​no folículo, 
onde ocorrerá a diferenciação em ​plasmócitos de vida 
longa ​e ​linfócitos B de memória​. 
Dentro do centro germinativo tem-se a ​zona escura 
(​centroblastos ​que são células Bs que estão intensamente 
se proliferando), ​zona clara ​(centrócitos, que são o resultado 
dessa proliferação) e ​zona do manto ​(linfócitos B virgens). 
Dentro do CG acontecerá a ​hipermutação somática ​e 
maturação da afinidade​, ​troca de classe da Ig​, 
diferenciação em plasmócito de vida longa ​e ​geração de 
B de memória​. Isso tudo devido à ligação CD40 com CD40L 
e a liberação de citocinas pelo T efetor. 
A hipermutação somática e maturação de afinidade, e 
a troca de classe de Ig, acontecem porque a interação entre T 
e B promoveu em B a ativação da enzima ​AID ​(Deaminase 
Induzida pela Ativação), que remove o grupamento amina, 
transformando Citosina em Uracila. 
Durante essa intensa proliferação no CG, a ​região 
hipervariável ​do VDJ que codifica o domínio variável da Ig 
fica mais suscetível a mutações. Então, cada célula que está 
sendo gerada nesse foco tem um VDJ um pouco diferente da 
outra, caracterizando o processo de ​hipermutação 
somática​. A AID é que é a responsável por esse processo de 
mutação. 
As ​células dendríticas foliculares​, diferentemente 
das outras, expressam muito receptor do complemento que 
se ligam ao C3b ou C3d que vieram via linfática até os 
linfonodos ou Baço. 
Isso é importante, pois as células Bs do CG precisam 
reconhecer essas moléculas e os antígenos para receber o 
seu ​sinal de sobrevivência​. Ou seja, serão selecionados as 
Bs que, no processo de hipermutação, tiveram sua afinidade 
ao antígeno aumentada e não as que diminuíram. Esses que 
não se associaram ao antígeno sofrem apoptose. 
O CG é uma região de altíssima taxa de apoptose, 
porque a maioria altera a sua especificidade e diminui. Assim, 
durante o curso de uma resposta, a afinidade do anticorpo vai 
aumentando ​progressivamente. 
Isso é usado em laboratório para analisar o grau de 
afinidade ao antígeno para diagnostico de algumas doenças 
23 
como Toxoplasmose. Se a interação Ac-Ag for desligada com 
facilidade, o Ac foi produzido a pouco tempo. Se for difícil 
desligar, o Ac foi produzido a mais tempo, então a infecção é 
antiga. 
São 5 classes de Ig (M, D, G, A, E). Quando o B 
recebe os 2 sinais de T (CD40 e citocinas), haverá uma 
sinalização intracelular e ativação de ​fatores de transcrição, 
que vão provocar ​deleções ​no lócus que codifica a Ig, 
aproximando do VDJ outra sequência de cadeia pesada que 
não seja a IgM (que é a mais próxima) e vai ser essa 
sequência a que será expressa. 
Dependendo da ​citocina ​vão ser ativados fatores de 
transcrição diferentes e dependendo do fator de transcrição, 
regiões promotoras diferentes serão ligadas. 
O fator de transcrição abre a fita em dois pontos sendo 
que um é sempre na região que codifica IgM e o outro 
depende das citocinas. Assim, ocorre o pareamento em uma 
fita e looping na outra, onde há a mutação de VDJ. 
A ​AID ​vem e troca o C por U, a ​glicosidase ​cliva e 
remove as uracilas, formando sítios sem base, 
endonuclease ​corta a fita de DNA em todos os pontos sem 
base, formando picotes de DNA desde a região de troca da 
IgM até outro ponto, dependendo da citosina. Todos os 
pedaços cortados de DNA são juntados e formam um looping 
que será eliminado. 
Assim, quando o DNA for transcrito em RNAm, ao lado 
do VDJ estará apenas a região que codifica a cadeia pesada 
correspondente ao estimulo pelas citocinas. 
Então, saindo do CG haverá apenas linfócitos Bs com 
uma afinidade maior pelo antígeno e de classes diferentes, 
sem ser IgM. Parte dessa população se diferencia em 
plasmócito ​e outra parte vira linfócito B de ​memória​. 
Plasmócitos de vida longa​, se forem gerados em linfonodos 
mesentéricos e nas Placas de Peyer, migram para a lâmina 
própria do intestino e ficam produzindo anticorpos 
(principalmente IgA). Se forem para qualquer outro tecido 
linfóide, eles vão para a ​medula óssea ​e ficam lá anos, 
produzindo anticorpos. 
O ​Plasmócito ​tem um retículo endoplasmático 
aumentado, perde a capacidade de proliferação, pois é um 
estágio final de diferenciação e tem vida longa. 
As ​células de memória ​são uma população bastante 
heterogênea, tem Ig de ​alta afinidade ​e de outra classe, tem 
expressão elevada de ​integrina ​(molécula que participa na 
interação entre B e T), expressão elevada de ​TLR ​(funciona 
como 2º ou 3º sinal, fazendo com que seja ativada mais 
rapidamente) e maior expressão de ​B7 ​e ​MHC II ​(maior 
eficiência como APC). 
Parte permanece no tecido linfoide, parte faz 
recirculação. Elas respondem mais rápido ao antígeno, pois 
tem um limiar de ativação menor. Um novo contato com o Ag 
leva a rápida produção de anticorpos de alta afinidade. 
• ​Resposta primária, quem responde? ​B virgem. ​• ​Na 
secundária, quem responde? ​B de memória. ​• ​Quanto 
tempo leva pra começar a produzir anticorpo 
numa resposta primária? ​De 4 a 7 dias (tempo bem 
variado). 
24 
Guilherme Vale 
25 
2010.2 
• ​E numa resposta secundária? De ​1 a 3 dias, 
dependendo do antígeno. 
Na resposta ​primária ​predomina IgM com Ac de baixa 
afinidade. Na ​secundária​, as outras classes (principalmente 
IgG) com Ac de alta afinidade. 
Existem ainda os ​Breg ​que tem função reguladora de 
supressão, pois produz muita IL-10, inibindo a ativação de 
monócitos em macrófagos, inibindo então a produção de IL 12 
que é importante na diferenciação de Th1, inibindo a 
diferenciação desse fenótipo. 
• ​Th1 ​(INF-γ) ​ ​IgG1 e 3 ​ ​RIC 
• ​Th2 ​(IL-4) ​ ​IgE e IgG4 ​ ​RIH 
• ​Tr-3 ​(TGF-β) ​ ​IgA​ ​RIS 
• ​Tr-1 ​(IL-10) ​ ​IgG2 ​ ​RIR 
3) Descreva a imunidade a bactérias extracelulares. 
Bactérias extracelulares: ​Staphylococcus​, ​Streptococcus​, 
Enterococcus​, ​Neisseriae​, ​Helycobater 
Elas ocupam os espaços intersticiais no interior do 
tecido, o sangue, a linfa, ou simplesmente colonizam as 
superfícies de mucosas. 
Vai ocorrer a ativação da ​resposta humoral ​(produçãode anticorpos específicos para os antígenos), havendo 
neutralização, ativação do Complemento e opsonização via 
complemento ou via anticorpo. 
O mecanismo de patogenicidade das bactérias 
extracelulares é por ação de ​toxinas​, que podem agir de três 
formas: 
• ​Interferir na função celular 
• ​Ser citotóxica (mata a célula diretamente) 
• ​Estimular a produção de citocinas 
Os sintomas aparecem, porque essas toxinas ativam o 
sistema imunológico exacerbadamente. Tem-se as 
exotoxinas ​(que são secretadas) e as ​endotoxinas ​(que são 
constitutivas das células bacterianas). 
As ​exotoxinas ​são imunogênicas, não processadas por 
macrófagos, que podem lesar a membrana das células, 
interferir na função celular ou podem ser ​superantígenos 
(TSST-1) que se ligam ​inespecificamente ​ao domínio 
constante do MHC II e a determinadas regiões variáveis do 
TCR, causando uma resposta ​policlonal ​de T e uma 
25 
resposta inflamatória exacerbada, pois haverá uma grande 
ativação de células T em Th1 que vão estimular mais 
macrófagos a produzir as citocinas inflamatórias. Isso pode 
causar um ​choque tóxico ​(Síndrome do Choque Tóxico), 
pois ocorre uma reação inflamatória generalizada, com os 
eventos vasculares acontecendo em todo o corpo, podendo 
causar óbito. 
As ​endotoxinas ​não são proteínas, são fracamente 
imunógenos (não produz anticorpos específicos), 
constituintes da célula bacteriana, como o ​LPS ​(Lipídeo A) 
nas bactérias gram negativas. Seu efeito tóxico provém da 
ativação por ​TLR​, provocando uma resposta inflamatória 
através da ​tríade inflamatória​. Pode haver produção de IgM 
pouco neutralizante a partir de outros antígenos da superfície 
da bactéria. 
Quando há uma resposta inflamatória exacerbada e 
disseminada com produção exagerada de citocinas pró 
inflamatórias, provocada por uma infecção, chama-se de 
Sepse​, podendo causar o ​Choque Séptico ​(colapso 
circulatório, CID, falência múltipla dos órgãos). 
Assim, o mecanismo de imunidade será feito por 
anticorpos neutralizantes​, para impedir a interação da 
toxina com a célula e pela ​fagocitose​, o fagócito irá 
internalizar essa bactéria e destruí-la (através do burst 
respiratório, produção de derivados reativos do oxigênio, 
hipoclorito...). 
O mecanismo de resposta ​inata ​será através do 
reconhecimento pelos macrófagos via TLR e pela ativação do 
Sistema Complemento ​(pela via alternativa ou das Lectinas) 
gerando: 
• ​C3b que é uma opsonina, fazendo uma fagocitose 
opsonizada (facilitada) 
• ​MAC, lise da superfície de alguns patógenos ​• 
Anafilotoxinas (C3a, C4a e C5a), que aumentam o ​burst 
respiratório​, atraem neutrófilos, ativam mastócitos a 
produzir mais mediadores de inflamação 
O mecanismo da resposta ​adaptativa ​será através 
da secreção de anticorpos ​neutralizantes ​e 
opsonizantes​. 
Ele pode ser uma ​opsonina direta ​como IgG1 e 
IgG3 principalmente, ou ​indireta ​(porque não são 
opsoninas, mas são capazes de ativar C3b e C4b que são 
opsoninas) como IgM e alguns IgG. 
A produção de ​IgA ​é muito importante pois ela está 
na superfície da mucosa onde uma série de patógenos 
extracelulares colonizam. Essa IgA vai então neutralizar 
essa toxina ou esse patógeno. 
Há também a produção de IgM, mas é pouco 
neutralizante, porque ele tem baixa afinidade ao antígeno. 
26 
Guilherme Vale 
27 
2010.2 
Bactérias sem cápsula 
No local da infecção, o macrófago residente 
reconhecerá o antígeno via PRRs (principalmente TLR) 
causará uma inflamação local. Uma APC (MØ/DC) vai 
capturar esse antígeno, processar e apresentar via MHC II. 
Ela vai até o santuário mais próximo onde irá encontrar o 
linfócito T especifico para esse antígeno. Haverá então a 
ativação de T, com produção de muito ​IL-12 ​por essa APC, 
diferenciando o fenótipo ​Th1 ​que passa a produzir ​INF-γ ​que 
(1) aumenta o poder microbicida dos macrófagos no local da 
infecção e (2) ativa B2 folicular a produzir IgM primeiramente, 
e ​IgG1 ​e ​IgG3 ​(troca de classes) que são ​opsonizantes 
diretos​. Porém, se esse B2 estiver no tecido linfoide 
associado a mucosa, ele também irá produzir ​IgA ​(Th3) que é 
neutralizante​, ou seja, impede a interação do antígeno com o 
tecido. 
Bactérias com cápsula 
Apresentam cápsula que impede a fagocitose por 
esconder os PAMPs do patógenos e assim não há 
apresentação via APC pro linfócito T, não havendo ativação 
nem diferenciação em Th1. 
Assim, ​B1 ​e ​B da ZM​, que reconhecem antígenos 
timo-independentes (epítopos polivalentes) da cápsula, vão 
ser ativados através do ​cross-link ​de BCR e vão produzir 
IgM​, que irá reconhecer a cápsula, fará uma ​opsonização 
indireta​, pois ativará C3b e C4b, fazendo com que 
macrófagos e células dendríticas possam reconhecer a 
bactéria, fagocitá-la, e ativar e diferenciar T em Tr-1 através 
da secreção de ​IL-10​. O Tr-1, através de IL-6 e IL-10, 
auxiliará B2 a secretar ​IgG2 ​e ​IgG4​, mas que são muito 
pouco secretados. 
IgM ​é o melhor anticorpo que ativa o Complemento, 
pois, por ser um pentâmero, ele vai possuir 5 partes Fc (mais 
do que os das outras classes), havendo maior ativação de 
C1q, ativando a via Clássica do Sistema Complemento. Mas 
para ativar o Complemento, ele deve estar na sua ​forma 
Planar. Assim haverá uma fagocitose opsonizada, permitindo 
a destruição desse patógeno. 
Indivíduos esplenectomizados e crianças menores que 
2 anos, não apresentam uma população de B da ZM, assim, 
haverá uma baixa produção de IgM, sendo então sua defesa 
contra bactérias capsuladas prejudicada. Além disso, é no 
baço onde imunocomplexos (patógenos opsonizados) são 
removidos pelos macrófagos. Esses indivíduos são mais 
susceptíveis a essas infecções. 
4) Descreva a imunidade a fungos. 
Eles podem entrar no organismo pela via respiratória 
ou por trauma (infecção na pele, catéters). 
A resposta inata ocorre através do reconhecimento de 
PAMPs pelos PRRs de macrófagos residentes que 
produzirão as citocinas inflamatórias gerando uma reação 
inflamatória, principalmente com a presença de ​neutrófilos​. 
Por isso indivíduos com ​neutropenia ​são mais suscetíveis a 
infecções fúngicas. 
27 
A resposta adaptativa ocorre através da internalização, 
processamento e apresentação do peptídeo desse antígeno 
via MHC II por uma APC que vai até o santuário mais 
próximo, onde irá encontrar um linfócito T especifico para 
esse antígeno e irá ativá-lo e diferenciá-lo em ​Th1​, devido a 
alta produção de IL-12 e ele vai então produzir então ​INF-γ 
que (1) aumenta o poder microbicida dos macrófagos no local 
da infecção e (2) ativa B2 folicular a produzir IgM 
primeiramente, e ​IgG1 ​e ​IgG3 ​(troca de classes) que são 
opsonizantes diretos​. 
Por isso indivíduos imunodeprimidos são mais 
suscetíveis a infecções fúngicas, pois eles não terão uma 
resposta Th1 satisfatória. 
5) Descreva a imunidade a bactérias intracelulares. 
As bactérias intracelulares podem invadir ​fagócitos 
profissionais ​(ex: macrófagos) num processo mediado pelo 
próprio sistema imune, mas que, devido aos seus ​fatores de 
virulência ​como (1) a inibição da fusão fagossoma-lisossoma 
(ex: micobactérias), (2) resistência aos componentes 
microbicidas e (3) escape para o citoplasma, elas conseguem 
sobreviver dentro dessas células;

Outros materiais