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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA MEDICINA – 108 LOUYSE JERÔNIMO DE MORAIS MONITORA DE IMUNOLOGIA GUIA COMPLETO DE SOBREVIVÊNCIA À IMUNOLOGIA 2 SUMÁRIO Propriedades gerais das respostas imunes.......................................................................................................................... 3 Células imunes...................................................................................................................................................................... 7 Órgãos linfoides............................................................................................................................. ....................................... 9 Receptores da imunidade inata............................................................................................................................. ............. 11 Inflamação........................................................................................................................................................................... 14 Imunoglobulinas.................................................................................................................................................................. 16 Classificação dos linfócitos B.................................................................................................................................................... Ativação dos linfócitos B.......................................................................................................................................................... Sistema complemento............................................................................................................................................................. Complexo Principal de Histocompatibilidade (MHC) ............................................................................................................. Processamento de antígenos endógenos e exógenos............................................................................................................ Classificação dos linfócitos T............................................................................................................................. ....................... Ativação dos linfócitos T.......................................................................................................................................................... Subpopulações dos linfócitos T................................................................................................................................................ Hipersensibilidade.................................................................................................................................................................... Gabarito............................................................................................................................................................................... ..... 3 Propriedades gerais das respostas imunes Primeiramente, é preciso entender alguns conceitos que serão importantes para dar início ao estudo da imunologia. Vejamos: • Janela imunológica: Tempo que vai do início da infecção até a detecção dos anticorpos no soro. Por exemplo, não faz sentido fazer o teste rápido para coronavírus assim que se inicia os sintomas, pois há um período de janela imunológica – leva certo tempo para que haja produção de anticorpos detectáveis. • Opsoninas: Proteínas que marcam para a fagocitose. • Antígeno: Tudo aquilo capaz de ser reconhecido pelo sistema imune. • Imunógeno: Substância capaz de ser reconhecida pelo sistema imune e este gerar uma resposta contra ela. • Autoimunidade: Quando as células imunes reconhecem antígenos próprios como algo estranho e geram uma resposta contra eles. Um de nossos antígenos próprios torna-se um imunógeno. • Imunodeficiência: Resposta imune insuficiente. Pode ser congênita – pessoa que nasce sem produzir linfócitos B, ou adquirida – HIV. • Hipersensibilidade: Resposta imune exacerbada. • Epítopo: Área, sítio ou região imunologicamente ativa do antígeno. • Hapteno: Qualquer substância de baixo peso molecular que, sozinha, não é capaz de desencadear uma resposta imune, mas em combinação com uma proteína carreadora da pele – queratina, torna-se um imunógeno. • Adjuvante: Substância inoculada na vacina para aumentar sua imunogenicidade. A imunidade é dividida em: imunidade inata e imunidade adaptativa. Vejamos, a seguir, as características de cada uma: Imunidade inata Características Componentes Resposta rápida, inicial e já está pronta Barreiras químicas: pH estomacal, lágrimas contendo lisozima, peptídeos antimicrobianos da pele – defensinas e catelicidinas. Especificidade limitada a PAMPs e DAMPs Barreiras físicas: Pele íntegra, cílios, supercílios. Não possui memória Celular: Neutrófilos, monócitos, macrófagos, células dendríticas e células NK É capaz de estimular a imunidade adaptativa Humoral: Pentraxinas, ficolinas, colectinas, proteínas do sistema complemento, citocinas. Os mecanismos já existem e independem do agressor Imunidade adaptativa Características Componentes Resposta lenta Celular: Linfócitos T CD4 (auxiliar ou helper) e CD8 (citotóxico). Possui memória Humoral: Linfócitos B e imunoglobulinas produzidas por eles. As células são capazes de proliferar – expansão clonal Alta especificidade – uma célula para cada epítopo Mecanismos existem mediante estímulo Subdivisão da imunidade adaptativa • Imunidade ativa: Ocorre após contato com o antígeno, com formação de células de memória. o Naturalmente adquirida: Contato com o agente infeccioso por uma via de contaminação (ex.: sexual). o Artificialmente adquirida: Vacinação. • Imunidade passiva: Ocorre por meio da transferência de linfócitos B ou anticorpos de um indivíduo imune para um indivíduo não imune. o Naturalmente adquirida: Amamentação, gestação. 4 o Artificialmente adquirida: Soro (boom de anticorpos). • Imunidade adotiva: Ocorre quando há transplante de medula óssea, em que o indivíduo receptor adquire a imunidade do doador. Propriedades da imunidade adaptativa • Diversidade: Devido à alta especificidade das células da imunidade adaptativa, estas são capazes de reagir contra uma ampla diversidade de antígenos. • Declínio, contração ou homeostase: Após o término da infecção, as células efetoras sofrem apoptose. • Expansão clonal: Após entrar em contato com o antígeno, as células tendem a proliferar, fazendo intensas mitoses a fim de formar clones idênticos. • Especificidade: Possuímos uma célula para cada epítopo. • Especialização: As células da imunidade adaptativa são capazes de induzir a melhor resposta possível para o antígeno. Essa resposta é induzida, particularmente, pelo linfócito T CD4, que coordena as respostas imunes. • Memória: Após sofrer expansão clonal, além das células efetoras, também são formadas células de memória. Assim, em posteriores contatos com o mesmo antígeno, a resposta imune será cada vez mais rápida e mais forte. • Não reagir ao próprio: Durante a maturação dos linfócitos B e T, essas células são apresentadas aos antígenos próprios com o intuito de induzir tolerância. Qual é o mecanismo de ação das células da imunidade adaptativa? • Linfócito B: Essa célula é capaz de reconhecer o antígeno via BCR. Isso faz com que ela se ative e passe a proliferar, formando células de memória e células efetoras. Estas últimas, por sua vez, produzem anticorpos idênticos ao BCR, a fim de neutralizar o antígeno. Ao término da infecção, as células efetoras sofrem apoptose (declínio, contração ou homeostase). • Linfócito T CD4: A ativação dessa célula ocorre quando seu receptor TCR reconhece o antígeno exógeno (fungo, bactéria extracelular) junto com o MHC de classe II presente em uma célula apresentadora de antígeno(macrófago, monócito, linfócito B, célula dendrítica convencional e célula epitelial medular do timo). Após esse correconhecimento, o CD4 prolifera, formando células de memória e células efetoras. Estas últimas, por sua vez, podem se diferenciar em uma das subpopulações – Th1, Th2, Th9, Th17 e Th22, as quais secretam citocinas que coordenam as respostas imunes. Além delas, a célula T CD4 também pode se diferenciar no LT folicular (age nos folículos linfoides, auxiliando na maturação dos linfócitos B) e LT regulatória (realiza supressão imune). Esta última possui, em sua membrana, o CD25 e o fator de transcrição FoxP3. • Linfócito T CD8: A ativação dessa célula ocorre quando uma célula nucleada infectada por um antígeno endógeno (vírus, tumor, bactéria intracelular) processa e apresenta esse antígeno por meio da molécula de MHC de classe I, interagindo com o TCR do linfócito T CD8. Este último, por sua vez, prolifera e forma células 5 de memória e células efetoras. As células efetoras possuem, em seu interior, grânulos contendo perforinas e granzimas. As perforinas são capazes de formar poros na membrana da célula nucleada, por onde entram as granzimas, que ativam as caspases e induzem à apoptose da célula infectada. Além disso, a célula nucleada apresenta em sua membrana o FAS, e a célula efetora formada a partir do LT CD8 apresenta, em sua membrana, o FAS-L (ligante do FAS). A interação entre FAS e FAS-L também é capaz de ativar as caspases e induzir apoptose. Obs.: Lembrando que sempre tem que haver um correconhecimento entre o TCR e o antígeno + molécula de MHC, para que a células T seja ativada. Citocinas São proteínas que regulam as respostas imunes, sejam elas inatas ou adaptativas. Elas são produzidas pelas próprias células da imunidade, como os linfócitos T CD4 e CD8, as células dendríticas e os macrófagos, assim como por células não imunes, como neurônios e adipócitos. As citocinas podem ter uma ação autócrina – na própria célula que as secretou, parácrina – nas células adjacentes – ou endócrina – locais mais distantes. Quando essas citocinas agem por quimiotaxia, nós as chamamos de quimiocinas. Estas últimas são subdivididas em famílias, de acordo com o número de aminoácido cisteína. Veja abaixo: • C: Um cisteína • CXC: Duas cisteínas com um aminoácido qualquer entre elas. • CC: Duas cisteínas • CX3C: Duas cisteínas com três aminoácidos quaisquer entre elas. Propriedades gerais das citocinas • Pleiotropismo: Quando uma única citocina age em diferentes células exercendo diferentes ações. Ex.: A IL-4 age induzindo a troca de isótipo IgM por IgE nos linfócitos B, mas também age induzindo a ativação do macrófago alternativo M2 e inibindo a ativação do macrófago M1. • Sinergismo: Quando duas ou mais citocinas combinam seus efeitos para potencializar uma ação. Ex.: O IFN-γ junto com o TNF age induzindo a expressão das moléculas de MHC I nas células nucleadas. • Redundância: Quando duas ou mais citocinas agem na mesma célula induzindo a mesma ação. Ex: As interleucinas IL-2, IL-4 e IL-5, ambas estimulam a proliferação de linfócitos B. • Antagonismo: Quando as citocinas agem na mesma célula induzindo efeitos contrários. Ex.: Enquanto a IL-10 inibe o macrófago M1, a IFN-γ estimula sua ativação. EXERCÍCIOS 1. São características da resposta imunológica inata, exceto: a) Presente desde o nascimento b) Requer exposição prévia ao organismo c) A intensidade não varia com o número de exposições d) Não tem memória e) Não é específica para o Antígeno 2. Não constitui um exemplo de mecanismo de defesa constituinte do Sistema Imune Inato: a) Inflamação b) Sistema Complemento c) Barreiras químicas d) Fagocitose e) Anticorpos 3. Desenhe de forma esquemática como ocorre a ativação dos linfócitos B, T CD4 e T CD8. 4. Explique, de maneira sucinta, as propriedades da imunidade adaptativa. 6 Mecanismo de ação das células NK A célula NK faz parte da imunidade inata e possui, em sua membrana, além do CD16, CD56 e CD57, dois receptores: receptor de ativação killer (KAR) e receptor de inibição killer (KIR). Essa célula fica circulando entre as células imunes em busca de ligantes para os seus receptores. Toda célula nucleada possui, em sua membrana, a molécula de MHC de classe I e a molécula ubíqua, as quais são capazes de se ligar, respectivamente, com os receptores KIR e KAR da célula NK. Sendo assim, se uma NK interagir com uma célula nucleada, seus receptores se ligarão com as moléculas da célula e, se eles estiverem na mesma proporção, nada acontece. Porém, em algumas situações, isso não vai ocorrer e a célula NK será ativada. Veja abaixo os quatro mecanismos de ação para a ativação da célula NK: • Ausência de expressão do MHC de classe I Alguns antígenos endógenos (vírus, tumores, bactérias intracelulares) apresentam como mecanismo de escape imunológico a ausência de expressão de MHC de classe I, com o objetivo de impedir a célula nucleada de interagir com o linfócito T CD8 e levar a célula à apoptose. Assim, quando a célula NK encontrar essa célula nucleada infectada, o receptor KAR se ligará com a molécula ubíqua, mas o receptor KIR não terá com quem se ligar. Isso gera a ativação da NK, a qual degranula e libera perforinas, que formam poros na célula nucleada, e granzimas, que entram pelos poros, ativam as caspases e levam a célula à apoptose. • Superexpressão de moléculas ubíquas Uma outra consequência que a infecção por antígenos endógenos na célula nucleada pode levar é a superexpressão de moléculas ubíquas. Dessa forma, o receptor KIR da NK se liga com o MHC de classe I, mas como as ligações entre os receptores KAR e as moléculas ubíquas estarão em maior quantidade (devido à superexpressão), isso acarretará na ativação da célula NK, a qual degranula e libera perforinas, que formam poros na célula nucleada, e granzimas, que entram pelos poros, ativam as caspases e levam a célula à apoptose. • ADCC (Citotoxicidade celular dependente de anticorpo) Quando uma célula está infectada por um antígeno endógeno, esse vírus ou tumor acaba dominando o genoma da célula e obrigando as organelas a produzir as suas proteínas. Algumas dessas proteínas serão excretadas no meio enquanto outras permanecerão na membrana da célula. Nesse contexto, um linfócito B que passar por ali vai reconhecer a proteína estranha e proliferar formando plasmócitos, que produzem anticorpos contra ela. Os anticorpos, por sua vez, se ligam a essas proteínas, tanto as solúveis do meio, quanto as de membrana. Quando uma célula NK chegar nesse ambiente, o CD16 da sua membrana vai funcionar como um receptor para o fragmento cristalizado (cauda) do anticorpo ligado à proteína de membrana da célula. Assim, o anticorpo serve como uma ponte entre as duas células e também leva à ativação da célula NK. • Ativação por fagócito Um macrófago, ao realizar fagocitose, torna-se ativado e produz IL- 12, IL-15 e IL-18. Essas interleucinas, principalmente a IL-12, são capazes de aumentar a citotoxicidade da célula NK, induzindo-a a produzir ainda mais grânulos de perforinas e granzimas. A célula NK, por sua vez, quando é ativada, passa a produzir IFN-γ, o qual aumenta o potencial microbicida dos macrófagos, pois induz a produção de espécies reativas de oxigênio e enzimas 7 lisossomais. Portanto, ocorre uma cooperação celular, em que a célula NK aumenta o potencial microbicida dos macrófagos e os macrófagos aumentam a citoxicidade da NK. Outras células imunes • Fagócitos o Neutrófilos: Agem no processo inicial da inflamação, realizando fagocitose. Neutrofilia indica grande quantidade de neutrófilos e neutropenia pequena quantidade. Muito presente nas infecções bacterianas. Os neutrófilos também podem realizar uma fagocitose frustrada, que é quando essa célula degranula o seu conteúdo citoplasmático sobre o seu alvo. Isso costuma ocorrer quandoé necessário englobar partículas maiores que a própria célula. o Macrófagos e monócitos: Os monócitos ficam no sangue e os macrófagos nos tecidos. Os macrófagos possuem dois subtipos: ▪ Macrófago clássico ou M1: É uma APC e faz fagocitose. ▪ Macrófago alternativo ou M2: Relacionado ao reparo tecidual – cicatrização, produz colágeno e TGF-β. • Basófilos: Única célula que pode não estar presente no sangue sem indicar patologia, portanto, não existe basopenia, apenas basofilia. Degranula liberando histamina, a qual induz aumento da permeabilidade vascular, broncoconstrição e aumento da produção de muco. Relacionados com processos alérgicos e distúrbios mieloproliferativos. • Mastócitos: Está presente nas mucosas e no tecido conjuntivo. Degranula liberando histamina. Age contra alérgenos. • Eosinófilo: Age contra alérgenos e helmintos. Ao degranular, libera histamina, proteína básica e principal do eosinófilo. As duas últimas rompem o tegumento dos helmintos. Figuras ao lado: A = neutrófilo; C = basófilo e D = eosinófilo Obs.: A passagem de um leucócito do sangue para o tecido é chamada de diapedese. Classificação das células dendríticas • Células dendríticas convencionais: Estão na epiderme; capturam o antígeno na porta de entrada, endocitam, processam e vão até o paracórtex do linfonodo mais próximo, para apresentá-lo ao linfócito T, via MHC. No caminho, vão maturando. • Células dendríticas plasmocitoides: Estão na derme; reconhecem ácidos nucleicos virais e secretam IFN I (IFN- α e IFN-β), que age nas células adjacentes, levando ao estado antiviral. A ação dessas citocinas nas células vai induzir a síntese de uma quinase que fosforila o fator de transcrição eif-2α, importante para dar início à síntese proteica. Quando esse fator está fosforilado, fica inativado e, portanto, o vírus não faz síntese de suas proteínas. Além disso, as citocinas também induzem a síntese das enzimas 2’ 5’ oligosintetase e RNAse-L, responsáveis por degradar o RNA viral. Por fim, elas também induzem a formação de multímeros, que impedem a montagem PARA RESUMIR: • Infecção viral: Célula NK, linfócito T CD8, linfócitos B produzindo anticorpos. • Infecção bacteriana: Fagócitos – inicialmente neutrófilos, depois monócitos e macrófagos; linfócitos B produzindo anticorpos. • Alergia: Mastócitos, basófilos, eosinófilos. • Helmintos: Eosinófilos. Obs.: Em todos, os linfócitos T CD4 participarão se diferenciando em suas subpopulações para secretar citocinas e coordenar as respostas imunes, mas isso veremos melhor ao longo do nosso estudo. 8 do vírion. Resumindo, o vírus não consegue fazer síntese proteica, duplicação e transcrição do seu genoma e montagem do virion. • Células dendríticas foliculares: Estão presentes nos folículos linfoides, capturando os antígenos com suas projeções citoplasmáticas, para facilitar a interação com os linfócitos B. Órgãos linfoides Os órgãos linfoides são divididos em primários e secundários. Nos órgãos linfoides primários – medula óssea e timo, ocorre o amadurecimento dos linfócitos. Já nos órgãos linfoides secundários ocorre o início das respostas imunes adaptativas contra os antígenos teciduais e sanguíneos. 1 Órgãos linfoides primários 1.1 Medula óssea Esse órgão, além de atuar na geração e amadurecimento dos linfócitos B, também realiza hematopoese, ou seja, a geração das células sanguíneas. Essa diferenciação da célula tronco nos diversos tipos celulares (plasticidade celular) ocorre por meio da ação das chamadas citocinas hematopoiéticas, as quais são produzidas pelo estroma medular. São elas: • SCF: Fator estimulador de célula tronco • IL-3: Estimula todas as linhagens celulares • IL-5: Estimula eosinófilos • IL-7: Estimula linfócitos • IL-8: Estimula neutrófilos • IL-9: Estimula mastócitos • IL-11: Estimula plaquetas • GM-CSF: Fator estimulador de colônia granulocítica monocítica EXERCÍCIOS 5. Explique de que maneira ocorre a ativação da célula NK contra antígenos virais. 6. “A medula óssea tem contribuição fundamental na efetivação do processo inflamatório, através da liberação e aumento na produção dos leucócitos” (HOKAMA e MACHADO, 1997). Paciente chegou ao pronto atendimento do hospital municipal com quadro inflamatório agudo. Considerando-se a resposta medular à infecção, na chamada fase inicial, pôde ser observada no hemograma presença, principalmente, de qual tipo de leucócitos? a) Neutrófilos. b) Monócitos. c) Eritrócitos. d) Trombócitos. e) Eosinófilos. 7. Os leucócitos séricos têm diferentes funções fisiológicas. A respeito desse tema, relacione as colunas: 1- Neutrófilos ( ) Participam da resposta imunológica inata, com atuação especial nos processos alérgicos e nas infecções parasitárias. 2- Eosinófilos ( ) São granulócitos cujos grânulos são corados com corantes básicos como a hematoxilina. 3- Basófilos ( ) Participam da resposta imunológica adaptativa celular e humoral 4- Linfócitos ( ) Participam da resposta imunológica inata, com atuações especiais nas infecções bacterianas. 5- Monócitos ( ) São ativados pelos linfócitos T. 9 • G-CSF: Fator estimulador de colônia granulocítica • M-CSF: Fator estimulador de colônia monocítica Outras citocinas que também atuam estimulando tipos celulares, mas que não são produzidas pelo estroma medular são: • Eritropoietina: Estimula os eritrócitos (hemácias). 90% dela é produzida pelos rins e 10% pelo fígado. • Trombopoetina: Estimula os trombócitos (plaquetas). 90% dela é produzida pelo fígado e 10% pelos rins. É importante ressaltar que, em indivíduos portadores de leucopenia grave (com baixa quantidade de leucócitos), pode-se usar GM-CSF e G-CSF para estimular sua produção pela medula óssea. 1.2 Timo O timo também é um órgão linfoide primário, uma vez que está relacionado com o amadurecimento dos linfócitos T. Possui dois tipos de células, as células epiteliais corticais tímicas, as quais produzem IL-7, responsável pelo estímulo à proliferação dos linfócitos T, e as células epiteliais medulares tímicas, que são APCs, ou seja, apresentam antígenos próprios às células T com o objetivo de induzir tolerância. O amadurecimento dos linfócitos T ocorre ainda durante a vida intrauterina. Dessa forma, por volta dos 5 anos de idade, esse órgão tende a involuir (mas não perde a sua função!!!), permanecendo apenas com uma função residual. Isso ocorre porque, ao nascer, como os linfócitos já estão maduros, eles tendem a ir para os órgãos linfoides secundários, e ali permanecem circulando entre a linfa e o sangue. Sendo assim, não faz sentido manter o timo com a sua função plena. No entanto, se um indivíduo adulto necessitar de transplante de medula óssea, seus linfócitos vão até o timo para maturar, provando que o órgão não atrofia e permanece com sua função. 2 Órgãos linfoides secundários 2.1 Linfonodos Os linfonodos são responsáveis pela resposta imune adaptativa contra antígenos teciduais. Os antígenos chegam até o órgão através da linfa, por meio de três vasos aferentes, porém apenas um vaso eferente sai do órgão. Ele é dividido, histologicamente, em três regiões: • Córtex: Área onde estão presentes os folículos linfoides. Esses, por sua vez, possuem linfócitos B e células dendríticas foliculares. Além disso, os folículos linfoides são divididos em primários, os quais possuem apenas linfócitos B virgens, e secundários, onde estão os linfócitos B ativados. O folículo linfoide secundário é o que possui a zona marginal, mais escura, e uma área mais clara no centro. • Paracórtex: Localiza-se entre o córtex e a medula, e é nele que se encontram os linfócitos T, assim como as APCs – células dendríticas e macrófagos. Nesse local, também se encontram as VEAs, que são as vênulas de endotélio alto. É por essas vênulas que os linfócitos B e T entram no linfonodo. No entanto, os linfócitos B tendem a ir emdireção ao folículo pois possuem o receptor CXCR5, o qual se atrai pela quimiocina CXCL13, produzida pelas células dendríticas foliculares. Já os linfócitos T permanecem no paracórtex porque possuem o receptor CCR7 (assim como as APCs), e são atraídos pelas quimiocinas CCL19 e CCL21, produzidas principalmente pelo 10 estroma do paracórtex (mas também são produzidas pelas APCs – ação autócrina). • Medula: É uma área pouco povoada, portanto, só vai possuir algumas APCs – células dendríticas e macrófagos. 2.2 Baço É nesse órgão que ocorre a resposta imune adaptativa contra antígenos sanguíneos, função exercida pela polpa branca do baço. Todavia, ele também possui uma polpa vermelha, a qual realiza hemocaterese, ou seja, destruição das hemácias senescentes pelos macrófagos esplênicos. Sua polpa branca possui a seguinte divisão histológica: • Folículos linfoides: Apresenta linfócitos B e células dendríticas foliculares. Além disso, os folículos podem ser primários e secundários, assim como no linfonodo. • Bainha linfoide periarteriolar: Apresenta linfócitos T e APCs – macrófagos e células dendríticas. • Zona marginal: Área esparsamente povoada, possuindo apenas algumas APCs e alguns linfócitos B ativados. Esses linfócitos B ativados são chamados de T independentes (serão estudados mais adiante). Esplenectomia (cirurgia de retirada do baço) Após uma cirurgia de retirada do baço, é preciso pensar nas funções que esse órgão exerce. Por exemplo, a função de hemocaterese, realizada pela polpa vermelha do órgão, pode ser recuperada pelo fígado, por meio dos macrófagos de Kupffer. No entanto, a função da polpa branca não é assumida por outro órgão. Sendo assim, o indivíduo precisa tomar algumas medidas profiláticas para evitar maiores complicações. É importante lembrar que a polpa branca do baço exerce importante função no que se refere à destruição de bactérias, principalmente as encapsuladas, bactérias que precisam ser opsonizadas e destruídas. Dessa forma, o indivíduo se torna mais susceptível a infecções bacterianas, sobretudo as encapsuladas e piogênicas. • Indivíduo < 5 anos: Antibioticoterapia profilática em baixas doses de 6 em 6 meses até os 7 anos de idade, podendo sofrer ajuste de dose em casos de procedimentos odontológicos e cirúrgicos. Vacinação para pneumococo, meningococo e Influenza. • Indivíduo > 5 anos: Monitorização. Alguns indivíduos podem necessitar de antibioticoterapia profilática, outros não. Vai depender do caso. 2.3 MALT – Tecido Linfoide Associado às Mucosas Possui várias formas de defesa, falando especificamente do GALT (MALT do trato gastrointestinal), o mais complexo de todos, suas formas de defesa são as seguintes: • Produção de muco pelas células caliciformes: Constitui uma barreira física e química contra os antígenos. • Síntese de peptídeo antimicrobiano (cripticidina) pelas células de Paneth, as quais possuem efeito tóxico direto (rompe a parede do microrganismo) e induzem inflamação. • Transporte transcelular pela célula M, a qual transporta antígenos do lúmen para a placa de Peyer. • Ativação dos linfócitos B dentro do folículo linfoide e dos linfócitos T em uma área da placa de Peyer. • Produção de IgA pelos plasmócitos do GALT. • Célula dendrítica mucoide: Captura antígenos do lúmen e os leva até o linfócito T mais próximo, seja o da placa de Peyer, o LT intraepitelial ou o do linfonodo sentinela, onde é apresentado e induz a síntese de citocinas inflamatórias. • Célula dendrítica regulatória: Após o antígeno ser absorvido pelos microvilos, esta célula o leva até o LT regulatório, apresentando-o a ele, o qual produz citocinas imunosupressoras – TGF-β e IL-10. • Macrófago regulatório: Produz citocinas imunossupressoras (TGF-β e IL-10). 2.4 Tecido linfoide cutâneo 11 Apresenta as seguintes formas de defesa: • Queratinócitos: Secretam citocinas pró-inflamatórias. • Linfócitos T intraepiteliais: Produção local de citocinas inflamatórias. • Células de Langerhans: Mesma função da célula dendrítica convencional. Está presente na epiderme. • Célula dendrítica plasmocitoide: Reconhece ácidos nucleicos virais e faz a síntese de citocinas antivirais (IFN tipo I – alfa e beta). • Defensinas e catelicidinas: Efeito tóxico direto e induz à inflamação, respectivamente. São componentes da imunidade inata (barreira química). Receptores da imunidade inata 1 Receptores semelhantes a Toll (TLR) EXERCÍCIOS 8. Assinale a opção correta com relação ao sistema imunológico das mucosas. a) A IgM monomérica também tem afinidade pelo componente secretor (SIgM) e é um mecanismo importante de compensação na deficiência de IgA. b) A exclusão antigênica dos anticorpos secretores ocorre por bloqueio de antígenos do lúmen, levando-os a aglutinação, ligação ao muco e eliminação pelos movimentos peristálticos; neutralização intracelular de vírus e toxinas de bactérias e eliminação de antígenos que já tenham atravessado a barreira epitelial. c) O principal tecido linfoide das vias aéreas humanas é o anel de Waldeyer que compreende a tonsila nasofaringiana e as tonsilas palatinas. A tonsila lingual e as estruturas tonsilares na abertura das tubas auditivas não fazem parte desse tecido. d) A apresentação dos antígenos captados pelas células dendríticas da mucosa intestinal são apresentados aos linfócitos T nos linfonodos mesentéricos. e) A IgA1 constitui 90% do total da IgA sérica, sob a forma de monômeros. Entretanto, nas superfícies mucosas normalmente, é polimérica, associada à cadeia M e ao componente secretor, o que confere maior avidez de ligação a antígenos e resistência à ação de enzimas proteolíticas. 9. Com relação à anatomia e desenvolvimento do sistema imune, assinale a opção correta. a) O baço é um órgão altamente vascularizado e participa na manutenção do sistema imunológico removendo imunocomplexos e fagocitando microrganismos recobertos por anticorpos (opsonizados). b) O desenvolvimento e a maturação dos linfócitos B ocorrem na medula óssea e no baço, respectivamente. c) Os linfonodos, tecidos linfoides associados à mucosa e ao fígado, são órgãos linfoides secundários. d) Os antígenos são transportados para os linfonodos principalmente pelos vasos sanguíneos. e) Os órgãos linfoides primários correspondem ao timo e ao baço. 12 Os receptores semelhantes a Toll possuem, em sua estrutura, duas partes – extracelular e intracitoplasmática. A parte extracelular (LRR), rica em leucina, é a que vai reconhecer os PAMPs e DAMPs. Já a parte intracitoplasmática (TIR), é o domínio tirosina quinase, o qual é responsável por realizar transdução de sinal e, a partir disso, desenvolver a resposta fisiológica da célula. Ao todo, foram descobertos 11 tipos de receptores TLR na espécie humana, porém serão estudados apenas 9, que são os que os seus ligantes já são conhecidos. Eles podem estar localizados em dois locais, nos endossomos e na membrana plasmática. No que se refere aos receptores de membrana plasmática, temos o TLR 1, 2, 4, 5 e 6. No entanto, o 1 e o 6 foram dímeros com o 2, ficando assim: TLR 1:2, 2, 4, 5 e 2:6. Já nos endossomos, temos o TLR 3, 7, 8 e 9. Aos serem ativados, esses receptores vão induzir cinco respostas na célula, são elas: • Síntese das citocinas pró-inflamatórias (IL-1β, IL-6 e TNF) • Síntese de quimiocinas (CXCL8 e CCL2) • Síntese de citocinas anti-virais (IFN tipo I – α e β) • Expressão de moléculas de adesão do endotélio • Expressão dos co-estimuladores (B7.1 e B7.2) Ligantes dos receptores TLR TLR 1:2 Lipopeptídeos acetilados TLR 2 Lipopeptídeos acetilados, hemaglutinina viral TLR 4 LPS TLR 5 Flagelina TLR 2:6 Lipopeptídeos acetilados TLR 3 RNA de dupla fita TLR 7 RNA de simples fita TLR 8 RNA de simples fita TLR 9 Ilhas CpG DNA não metilado EXERCÍCIOS 10. Receptores semelhantes ao Toll (TLR) são receptores dereconhecimento padrão presentes em várias células como fagócitos, células dendríticas, endoteliais entre outras. No que concerne aos TLR e seus ligantes, assinale a opção correta. a) Nos humanos, há nove tipos destes receptores, que podem ser encontrados apenas na membrana plasmática. b) TLR1, TLR2 e TLR6 ligam-se a lipopeptídeos, o TLR5 a flagelina e o TLR4 a lipopolissacarides das bactérias. O receptor TLR3 liga-se a fitas de RNA e DNA de fungos, mas não de vírus. c) Os produtos endógenos (DAMPS) normalmente são liberados das células apoptóticas. d) Os TLR 1, 2, 5, 6 ativam fator de transcrição NF-κβ e AP-1 que levam a síntese de citocinas inflamatórias: fator de necrose tumoral (TNF), IL-1, IL-6, moléculas de adesão endotelial (E-selectina), e moléculas coestimulatórias (CD80, CD86). e) Os receptores semelhantes ao Toll reconhecem diferentes estruturas de apenas alguns tipos de microrganismos, como bactérias e fungos denominados PAMPS (padrões moleculares associados a patógenos) e produtos endógenos como DAMPS (padrões moleculares associados a danos celulares). 13 2 Receptores de carboidratos Esses receptores se encontram na membrana plasmática da célula e podem ser de três subtipos: • Receptores de manose: Reconhecem patógenos que possuam manose em sua estrutura e induz à fagocitose. Normalmente expresso em fagócitos. • Receptores de glicanos: Reconhece ligações β1-3 glicosídicas e induz à síntese de citocinas inflamatórias. • Receptores de langerina (CD209): Presente nas células de Langerhans. Induz a célula a capturar o antígeno e carreá-lo até o linfonodo mais próximo, onde o apresentará ao LT CD4, no paracórtex. 3 Receptores N-formil-meti-leocil-phenyl Reconhecem peptídeos que se iniciam com essa sequência (especialmente toxinas bacterianas) e induzem quimiotaxia nas células. 4 Receptores de varredura Reconhecem: • PAMPs: Ácidos nucleicos, ácidos teicoicos, LPS e peptideoglicanos. • DAMP: LDL oxidada. Estão presentes especialmente em fagócitos, pois induzem fagocitose. A principal ação desse receptor é contra o DAMP LDL oxidada, uma vez que o reconhecimento desse DAMP pode induzir ao infarto tecidual. 5 Receptores semelhantes a NOD São divididos em três partes: • LRR: Rico em leucina; reconhece os PAMPs. • NACHT: Forma oligômeros, permitindo que se combine com outros receptores. • Domínio efetor: Pode ser de três tipos. o CARD: O desfecho é a síntese de citocinas inflamatórias. o PYR: É capaz de ativar as pró-caspases I em caspases I, clivando a pró-IL-18 e pró-IL-1β em suas formas ativas. o BIR: O desfecho é apoptose. 6 Receptores semelhantes a RIG Reconhece o RNA viral e leva a síntese de citocinas antivirais (INF tipo I – α e β). Dessa forma, induz ao estado antiviral (impede síntese proteica, transcrição ou duplicação viral e montagem do virion). 7 Receptores DNA citosólico - tipo Sting Como ocorre o infarto tecidual? A LDL é uma lipoproteína de baixa densidade responsável por carrear o colesterol do fígado para nossas células. Quando esta proteína passa pela camada íntima dos nossos vasos, encontra, no subendotélio, vários radicais livres. As moléculas de oxigênio, ao se ligarem a ela, a tornam oxidada. A LDL oxidada, a partir de então, torna-se um DAMP, sendo reconhecida pelos macrófagos M1 locais. O desfecho é a fagocitose. O problema é que essas proteínas carregam consigo colesterol e lipídios, os quais são incapazes de serem metabolizados pelos macrófagos. Sendo assim, o macrófago começa a acumular tudo isso, tornando-se uma célula espumosa. Quando um indivíduo apresenta hipercolesterolemia e leva uma vida muito estressante (acumula muitos radicais livres), as células espumosas começam a acumular na camada íntima do vaso, até que ela se rompe. Ao se romper, é ativada a cascata da coagulação, o que leva a um depósito de fibrina no local. Além disso, os macrófagos M2 produzem colágeno e TGF-β, citocina que induz fibroblastos. Assim, o vaso vai ficando cada vez mais rígido, até que seu lúmen é obstruído, o que leva ao infarto tecidual. 14 O sGAMPc da célula reconhece o DNA do patógeno e produz o GAMPc, o qual se liga com a proteína STING presente no retículo endoplasmático rugoso. A partir dessa ligação, ela é retrotranslocada para o Complexo de Golgi, onde serve como uma âncora para a fosforilação e, portanto, produção de um fator de transcrição para a síntese de citocinas antivirais. Ou seja, a partir do reconhecimento do DNA do patógeno, leva à síntese de IFN tipo I. Inflamação Moléculas envolvidas no processo inflamatório • Selectinas: Moléculas de baixa afinidade e, portanto, promovem adesão instável. o P-selectinas: Presentes nas plaquetas e no endotélio. o E-selectinas: Presentes no endotélio. o L-selectinas: Presentes nos leucócitos. • Ligantes das selectinas: Baixa afinidade; adesão instável. o Carboidrato sialil-lewis X: Presente nos leucócitos. o Adressinas: Promovem entrada dos leucócitos nos órgãos linfoides secundários. • Integrinas: Inicialmente possuem baixa afinidade, mas após ativação tornam-se de alta afinidade. Promovem adesão estável. Estão presentes nos leucócitos. o FLA-1: Antígeno de Função Leucocitária 1. Liga-se com o ICAM. o VLA-4: Antígeno de Expressão Tardia 4. Liga-se com o VCAM. • Ligantes das integrinas: Promovem adesão estável. Estão presentes no endotélio. o ICAM: Mólecula de adesão intercelular. o VCAM: Molécula de adesão vascular celular. Processo inflamatório Inicialmente, um patógeno presente no tecido é fagocitado por um macrófago. Esta célula, por sua vez, passa a produzir as citocinas do processo inflamatório (IL-1β, IL-6 e TNF), as quais, ainda em baixas concentrações, vão induzir o aumento da permeabilidade vascular – células endoteliais se contraem e o vaso dilata. A partir disso, há extravasamento de plasma de dentro do vaso para o interstício, promovendo o edema inflamatório. Esse extravasamento faz com que a pressão sanguínea caia e, assim, os leucócitos que estavam circulando no centro do vaso vão para a periferia, ou seja, há marginalização dos leucócitos. Além disso, as citocinas também vão induzir a expressão das L e P selectinas no endotélio. As P-selectinas já estão presentes nos grânulos das células endoteliais, porém as L-selectinas ainda precisam ser produzidas, o que leva cerca de 1-2 horas. Assim, essas selectinas se ligam com o seu ligante Sialil-lewis X presente nos leucócitos marginalizados, e como a ligação é de baixa afinidade (adesão instável), o leucócito apenas rola sobre o endotélio. Desse modo, ocorre a primeira etapa do processo inflamatório – rolamento. Após essa etapa, as citocinas inflamatórias vão realizar de forma autócrina (no próprio macrófago que as produziu) e parácrina (nos macrófagos adjacentes), a indução à síntese de quimiocinas. Essas quimiocinas, por sua vez, ficam aderidas aos proteoglicanos presentes no endotélio vascular. Os leucócitos que estão rolando possuem receptores para essas quimiocinas, e é essa ligação que induz a ativação das integrinas (segunda etapa do processo inflamatório). Assim, elas deixam de ter uma estrutura aberta (de baixa afinidade) e passam a ter uma estrutura fechada (de alta afinidade). Uma outra função das citocinas inflamatórias é estimular a expressão dos ligantes das integrinas no endotélio. Dessa forma, as integrinas FLA-1 e VLA-4 se ligam, respectivamente, com os ligantes ICAM e VCAM. Essa adesão estável – terceira etapa do processo inflamatório, promove a síntese de uma proteína quinase que faz uma transdução de sinal capaz de promover a transmigração do leucócito para fora do vaso. Essa transmigração pode ser paracelular (entre as células endoteliais, por meio da interação dos CD31 das células endoteliais e dos leucócitos) ou transcelular (o leucócito entra dentro de uma vesícula e passa por dentro da célula endotelial). Etapas do processo inflamatório:1. Rolamento 2. Ativação das integrinas 3. Adesão estável 4. Transmigração Citocinas inflamatórias: IL-1β, IL-6 e TNF. 15 Ainda em baixas concentrações, essas citocinas também são capazes de induzir leucocitose por neutrofilia – estimula a produção de neutrófilos pela medula óssea, a fim de auxiliar no processo inflamatório. Funções das citocinas inflamatórias em baixas concentrações • Aumento da permeabilidade vascular; • Expressão das L e P selectinas no endotélio; • Síntese de quimiocinas pelos macrófagos (CXCL8 ou IL- 8); • Expressão dos ligantes das integrinas no endotélio. • Leucocitose por neutrofilia. Funções das citocinas inflamatórias em médias concentrações • Agem no hipotálamo induzindo febre: Favorecem o metabolismo dos neutrófilos e causam a morte dos microrganismos termossensíveis. No entanto, temperaturas excessivamente altas podem desnaturar as enzimas do lisossomo do próprio neutrófilo, além das proteínas do organismo. • Agem no fígado induzindo a produção de proteínas de fase aguda: PCR, fibrinogênio etc. O PCR atua como opsonina, marcando para a fagocitose, e induz o sistema complemento. • Induzem mais leucocitose por neutrofilia Funções das citocinas inflamatórias em altas concentrações • Induzem bradicardia: O coração começa a bater mais devagar com o intuito de reduzir o fluxo sanguíneo e, consequentemente, reduzir a chegada de oxigênio e nutrientes para os microrganismos. Essa ação, além de matar os patógenos, também pode causar morte das nossas próprias células, uma vez que não é específica. • Aumentam a resistência à insulina: A célula mais resistente à insulina reduz a captação de glicose. Dessa forma, vai reduzir também os nutrientes para os microrganismos. Além de causar a morte destes, também causa morte tecidual. 16 • Inibem a lipase lipoproteica: Essa enzima é responsável por quebrar o triacilglicerol em ácidos graxos, os quais são carreados pelas lipoproteínas até o tecido adiposo, onde são reesterificados e armazenados. A inibição da lipase lipoproteica, portanto, reduz a absorção de triglicerídeos, sendo estes eliminados nas fezes (fezes diarreicas). Como o corpo não está utilizando glicose para gerar energia e também não está absorvendo lipídios, passa a utilizar proteínas – caquexia. • Induzem a formação do fator tecidual: O fator tecidual (fator III da coagulação) é induzido, com o intuito de estimular a formação de um trombo e a consequente oclusão do vaso. • Inibem a trombomodulina: A trombomodulina se une à trombina (fator II da coagulação) para induzir a proteína C, a qual é responsável por inibir os fatores V e VIII da coagulação. Ou seja, a trombomodulina induz hemorragia. Na medida em que é inibida, a coagulação está sendo favorecida. Esse processo é disseminado – Coagulação Intravascular Disseminada. Imunoglobulinas Estrutura das imunoglobulinas As imunoglobulinas são formadas por duas cadeias leves e duas cadeias pesadas. Cada cadeia leve possui um domínio variável e um domínio constante. Esse domínio constante pode ser Kappa ou Lambda, mas isso não altera a função do anticorpo. Cada cadeia pesada apresenta um domínio variável e três ou quatro domínios constantes. Quando o anticorpo possui três domínios constantes (IgM e IgE), ele também vai apresentar uma dobradiça, a qual tem a função de fazê-lo alcançar antígenos distantes e próximos. Já quando ele possui quatro domínios constantes (IgG, IgA e IgD), ele não vai apresentar dobradiça em sua estrutura. O primeiro domínio constante da cadeia pesada pode ser µ, γ, α, ε ou δ. Isso vai definir se ele será, respectivamente, IgM, IgG, IgA, IgE ou IgD. Os domínios variáveis da cadeia leve e pesada representam o sítio de ligação ao antígeno. A cadeia leve por completo junto com o domínio variável e o primeiro domínio constante da cadeia pesada representa o fragmento de ligação ao antígeno. Os domínios constantes 2, 3 e 4 (quando tiver) representam o fragmento cristalizado do anticorpo (cauda do anticorpo). EXERCÍCIOS 11. A resposta a um patógeno ou a sinais de perigo endógenos está, frequentemente, associada a manifestações fisiológicas, coletivamente chamadas de inflamações, que envolvem diferentes tipos celulares e mediadores solúveis. Sobre respostas inflamatórias, assinale a afirmativa correta: a) A dilatação e a diminuição da permeabilidade vascular levam ao aumento do fluxo sanguíneo e ao extravasamento de fluido, gerando calor, vermelhidão e edema. b) Citocinas e fragmentos do complemento atuam sobre o endotélio, promovendo a adesão de leucócitos circulantes e a migração dos mesmos para o sítio de infecção, para os quais eles são atraídos devido apenas às alterações de permeabilidade vascular. c) Os sinais cardinais da inflamação - dor, rubor, calor e edema são efeitos diretos do processo de apresentação de antígenos aos linfócitos B locais. d) As manifestações de rubor, calor e edema refletem alterações nos vasos sanguíneos do tecido ao redor, incluindo vasoconstricção e diminuição da permeabilidade vascular. e) O aumento da perfusão vascular pode ter o efeito benéfico de aumentar o influxo de células circulantes para o sítio da resposta imune e a formação de coágulo pode limitar a disseminação de antígeno pela circulação. 12. Explique de maneira sucinta como ocorre a migração dos leucócitos do sangue para o local da inflamação. 13. Descreva quais são os mecanismos sistêmicos induzidos pelas citocinas inflamatórias. 14. Quais são as etapas do processo inflamatório e quais são as moléculas envolvidas na migração dos leucócitos para o tecido inflamado? 17 ➔ Conceitos para relacionar as imunoglobulinas Isótipos Alótipos Idiótipos Reconhecem o mesmo antígeno Reconhecem o mesmo antígeno Reconhecem antígenos diferentes Pertencem a mesma pessoa Pertencem a pessoas diferentes Pertencem a mesma pessoa São de classes diferentes Pertencem a mesma classe Pertencem a mesma classe Exemplos: • Isótipos: IgG e IgM para coronavírus de Joelma. • Alótipos: IgM para coronavírus de Joelma e Chimbinha. • Idiótipos: IgM para coronavírus e para zika vírus de Joelma. Classes de imunoglobulinas 1 IgM • É o primeiro anticorpo a ser excretado – resposta primária; • Marca a fase aguda das doenças; • Possui quatro domínios constantes na cadeia pesada e, portanto, não possui dobradiça; • É secretado na forma de pentâmeros (unidos pela cadeia J), sendo capaz de neutralizar até 10 antígenos; • Atua como BCR – anticorpo de membrana, sendo, neste caso, um monômero; • Ativa fortemente o sistema complemento. 2 IgG • Possui 4 subtipos: IgG1, IgG2, IgG3 e IgG4. • É o anticorpo da resposta secundária; • Marca a fase crônica das doenças; • Possui três domínios constantes na cadeia pesada e, portanto, possui dobradiça; • Ativa o sistema complemento; • É o único anticorpo que passa pela placenta; • Está presente no leite materno; • Faz ADCC para NK; • Atua como opsonina; 18 • Induz feedback negativo nos linfócitos B. Os fagócitos possuem um receptor CD64, o qual é capaz de reconhecer o fragmento cristalizado da IgG ligada ao antígeno e, assim, induz fagocitose. Já nas células NK, como já foi estudado, o seu CD16 atua como um receptor que, ao reconhecer o Fc da IgG ligada às proteínas de membrana da célula nucleada infectada, é ativada e libera seus grânulos de perforinas e granzimas, as quais formam um poro na célula e ativam as enzimas caspases, respectivamente. O desfecho é apoptose. Os linfócitos B também possuem um receptor para o fragmento cristalizado da IgG, que é o CD32. Essa interação vai ocorrer na seguinte situação: O linfócito B reconhece um antígeno, prolifera, forma células de memória e efetoras (plasmócitos). Estas últimas, por sua vez, produzem anticorpos da classe IgM (é sempre o PRIMEIRO anticorpo a ser secretado). Depois disso, essa célula vai apresentar o antígenoao linfócito T e, a partir dessa interação, induzir a troca do isótipo no plasmócito, e ele passa a secretar IgG para aquele mesmo antígeno. A própria IgG, através de seu fragmento cristalizado, pode se ligar ao CD32 do linfócito B, induzindo um feedback negativo nessa célula, fazendo-a parar de produzir anticorpos. Isso é de fundamental importância para evitar reações de hipersensibilidade. Perfil sorológico – Doença curável (Ex.: Hepatite A) IgM IgG + - Fase aguda da doença + + Fase de convalescença – transição entre fase aguda e cura - + Indivíduo imunizado – curado ou vacinado - - Indivíduo não teve contato com o agente infeccioso ou tomou vacina e não funcionou ou imunodeficiente Perfil sorológico – Doença crônica (Ex.: Doença de Chagas) IgM IgG + - Fase aguda da doença + + Transição entre fase aguda e fase crônica - + Fase crônica da doença - - Indivíduo não teve contato com o parasita Perfil sorológico – Neonato (Sífilis) IgM IgG - + Imunidade passiva adquirida pela mãe (placenta ou amamentação) + + Sífilis congênita 3 IgA • Possui dois subtipos: IgA1 e IgA2; • Possui três domínios constantes na cadeia pesada e, portanto, possui dobradiça; • É o anticorpo das mucosas; • É secretado na forma de dímeros e trímeros; • Possui uma cadeia J e um peça S (peça secretória) em sua estrutura; • Está presente no leite materno, na saliva e no suor. Síndrome de Guillan Barré O patógeno compartilha epítopos com a bainha de mielina dos neurônios. Assim, os anticorpos além de agir contra o antígeno, também atacam os neurônios, levando a sua destruição. Essa reação é denominada reação cruzada. Uma terapia interessante é utilizar IgG recombinante para induzir feedback negativo nos linfócitos B, fazendo-os parar de secretar anticorpos. 19 Como esse anticorpo está muito presente nas mucosas e nesses locais há muitas proteases, a peça S serve para evitar que ele seja degradado por elas. Esse anticorpo é induzido pelas citocinas APRIL, BAFF e TGF-β, produzidas pelas células dendríticas e/ou regulatórias do GALT, que atuam sobre os plasmócitos. As células regulatórias do GALT (macrófago regulatório, linfócito T regulatório e célula dendrítica regulatória) produzem TGF-β, citocina imunossupressora e que também induz fibroblastos e angiogênese. Obs.: No plasma temos mais IgG, mas no geral temos mais IgA. 4 IgD • Possui três domínios constantes na cadeia pesada e, portanto, possui dobradiça; • Marca a maturação dos linfócitos B; • Atua como receptor de célula B (BCR), ou seja, é de membrana. Portanto, não é secretada. 5 IgE • Possui quatro domínios constantes na cadeia pesada e, portanto, não possui dobradiça; • Age contra helmintos e alérgenos; • Faz ADCC para eosinófilos, basófilos e mastócitos. Os eosinófilos, basófilos e mastócitos possuem um receptor que reconhecem o fragmento cristalizado da IgE ligada ao alérgeno, e isso induz a sua degranulação, liberando histamina. Esta última age aumentando permeabilidade vascular, induzindo broncoconstrição e produção de muco. Além disso, o eosinófilo também secreta proteína básica e principal do eosinófilo, as quais possuem efeito tóxico direto e rompem o tegumento dos helmintos. Classificação dos linfócitos B de acordo com a origem • Linfócitos B-B1: Têm origem no fígado fetal, não maturam afinidade, reconhecem antígenos não proteicos, não formam células de memória, formam plasmócitos de vida curta, não trocam isótipo (ou seja, só produzem IgM) e possuem diversidade antigênica limitada. São independentes dos linfócitos T. • Linfócitos B-B2: Têm origem na medula óssea. Possuímos dois tipos, o tipo 1, que fica na zona marginal do baço e possui as mesmas características dos linfócitos B-B1, e o tipo 2. O tipo 2 é justamente os linfócitos B circulantes, os quais dependem de ativação dos linfócitos T e, portanto, são T dependentes. Além disso, fazem EXERCÍCIOS 15. Esquematize a estrutura de um anticorpo, indicando suas principais estruturas. 16. Imunoglobulinas são moléculas solúveis secretadas por linfócitos B ativados e podem exercer uma série de efeitos diferentes, dependendo da classe a que pertencem e das células efetoras as quais estão ligadas. Sobre tais moléculas, assinale a alternativa incorreta. a) Macrófagos, células que realizam eficientemente o processo de fagocitose mediada por anticorpos, possuem receptores de alta afinidade para IgE, estando constitutivamente cobertos por essa classe de imunoglobulinas. b) A ligação das IgGs a células efetoras (macrófagos e neutrófilos) se dá por meio de receptores que interagem com a porção Fc destas moléculas. c) As imunoglobulinas apresentam estrutura globular, possuindo vários domínios, cujo número varia dependendo da classe. Cada molécula de IgG é composta por duas cadeias leves e duas cadeias pesadas. d) A IgA está presente em todas as secreções, sendo importante para a defesa nestes locais por meio da neutralização de micro-organismos, o que dificulta sua penetração. e) A IgM, por ser decavalente, é a classe de imunoglobulinas com maior eficiência na ativação do sistema complemento. 20 maturação de afinidade, reconhecem antígenos proteicos, formam células de memória, formam plasmócitos de vida longa, trocam isótipo e apresentam ampla diversidade antigênica. Classificação dos linfócitos B de acordo com a sua relação com os linfócitos T (essa é a que Cláudio usa) • T independentes: São os linfócitos B-B1 e os B-B2 da zona marginal do baço. Não necessitam interagir com o linfócito T. • T dependentes: São os B-B2 circulantes. Necessitam de ativação por linfócito T. Ativação dos linfócitos B A ativação do linfócito B ocorre em um órgão linfoide secundário. A explicação a seguir usará como exemplo um linfonodo. Antes disso, deve-se lembrar que o linfócito T apresenta em sua estrutura o receptor CCR7 e por isso se localiza no paracórtex, pois nesse local há as quimiocinas CCL19 e CCL21, as quais o atraem. Já o linfócito B apresenta o receptor CXCR5, o qual se atrai pela citocina CXCL13, do folículo linfoide. Uma APC, como por exemplo uma célula dendrítica convencional, chega no paracórtex para apresentar o antígeno capturado, via MHC de classe II, ao linfócito T CD4. A partir dessa interação, o linfócito T troca o receptor CCR7 pelo CXCR5, sendo agora atraído para o folículo linfoide. Além disso, ele passa a expressar o ligante do CD40 (CD40-L) e começa a produzir IL-21. Enquanto isso, no folículo linfoide, um linfócito B está interagindo com o antígeno via BCR. Essa interação faz com que ele troque o receptor CXCR5 pelo CCR7, sendo agora atraído para o paracórtex. Esse linfócito B já apresenta constitutivamente em sua estrutura o CD40. Além disso, ele endocita o antígeno junto com o BCR e processa para apresentar via MHC de classe II. 21 Na borda do folículo, o linfócito B atraído para o paracórtex e o linfócito T CD4 atraído para o folículo se encontram. O linfócito B apresenta o antígeno ao T CD4 e também ocorre uma interação entre o CD40 e o seu ligante na célula T. Essa interação faz com que a célula T passe a expressar o BCL-6, que é um fator de transcrição antiapoptótico que dá vida longa a essa célula. Depois desse encontro, o CD4 segue seu caminho em direção ao folículo. Já o linfócito B começa a proliferar fora do folículo (foco extrafolicular). A interação não foi o suficiente para ativar o linfócito B, portanto ele ainda tem características de LB-B1, ou seja, produz plasmócitos de vida curta, não formam células de memória e produzem apenas IgM. Essa IgM se liga aos antígenos, formando imunocomplexos. Na margem do folículo, algumas células dendríticas foliculares emitem suas projeções citoplasmáticas e conseguem capturar esses imunocomplexos. Isso estimula a célula dendrítica a produzir ainda mais CXCL13, a qual atrai os linfócitos B que ainda apresentamo CXCR5 em sua estrutura. Esses linfócitos B atraídos novamente para o folículo começam a sofrer intensas mitoses e iniciam a reação de centro germinativo, sendo agora chamados de centroblastos. A partir dessas mitoses, ocorre hipermutação do BCR, então alguns perdem a afinidade pelo antígeno, mas outros se tornam extremamente específicos. Os plasmócitos que conseguem maturar a afinidade a partir dessa proliferação seguem em direção ao centro do folículo, onde fica a zona clara. Na zona clara, o linfócito B é agora chamado de centrócito. Ele interage com o antígeno via BCR, o endocita e apresenta via MHC II ao linfócito T, que agora é folicular. Essa interação, que também ocorre via CD40 e CD40-L, induz a troca de isótipo do linfócito B. Se o CD4 produzir IFN-γ, induz a troca de IgM para IgG, se produzir IL-4, induz a troca para IgE e se produzir TGF-β, induz a troca para IgA. Ademais, esse encontro também possibilita a expressão do BCL-6 no linfócito B, permitindo que ele tenha vida longa. O linfócito B pode se manter com o BCL-6 e se tornar um linfócito de vida longa, retornando à medula óssea, ou pode trocar para outro da classe BCL-2, e se tornar um linfócito B de memória. 22 Sistema Complemento É um conjunto de proteínas sintetizadas pelo fígado, normalmente na forma de zimógenos, as quais são ativadas em cascata, após clivagem. Nomenclatura: Letra C + (número) Exemplo: C1 Obs.: Esse número vai depender da ordem em que a proteína foi descoberta. Quando uma proteína está ativada, colocamos um travessão em cima dela (C1) Após a proteína sofrer clivagem para ser ativada, ela formar dois fragmentos, o fragmento a (fragmento menor) e o fragmento b (fragmento maior). O sistema complemento possui três vias, as quais vão ser explicadas, uma por uma, a seguir: 1 Via Clássica • Componentes (em ordem de ativação): C1, C4, C2, C3, C5, C6, C7, C8 e C9. • Ativação: Quando pelo menos duas cabeças globulares de C1q interagem com um imunocomplexo formado por duas IgG ou uma IgM. • Cascata: A proteína C1 tem a forma de um ramalhete invertido e é subdividida em C1q, C1r e C1s. C1q possui seis cabeças globulares. Quando C1q é ativada, ativa C1r, e esta, por sua vez, ativa C1s. C1s ativada vai ativar C4 e C2, clivando-as em C4a e C4b e C2a e C2b, respectivamente. C4a e C2a vão para o plasma, enquanto que C4b e C2b vão para a superfície do patógeno. C4b2b é chamada de C3 convertase, pois vai clivar C3 em C3a e C3b. C3a vai para o plasma e C3b para a superfície do patógeno. C4b2b3b é chamada de C5 convertase, porque ativa C5 em C5a e C5b. C5a vai para o plasma e C5b se junta com C6, C7 e C8 e vai para a membrana do patógeno. C5b678 é capaz de induzir o polímero de C9. Assim, C9 forma um poro na superfície do patógeno, levando à sua lise osmótica. Portanto: • C3 convertase da via clássica: C4b2b • C5 convertase da via clássica: C4b2b3b • MAC (Complexo de Ataque à Membrana): C5b6789 • Essa é a única via que possui componentes da imunidade inata (as próprias proteínas do sistema complemento) e da imunidade adaptativa (imunoglobulinas IgG e IgM). 2 Via das lectinas • Componentes: Complexo MBL, C4, C2, C3, C5, C6, C7, C8 e C9. • Ativação: Quando pelo menos duas cabeças globulares de MBL interagem com um PAMP de manose ou frutose. • Cascata O complexo MBL é semelhante à proteína C1 da via clássica. Ele também é dividido em subunidades – MBL, MASP 1 ou MASP 3 e MASP 2. O MBL é análogo ao C1q, MASP 1 ou MASP 3 ao C1r e MASP 2 ao C1s. Assim sendo, quando MBL se ativa, ativa MASP 1 ou MASP 3 que, por sua vez, ativa MASP 2. MASP 2 ativado é capaz de ativar C4 e C2, e assim segue de forma semelhante à via clássica. Obs.: A C3 convertase e a C5 convertase da via das lectinas é igual às da via clássica. 3 Via alternativa Obs.: A C3 convertase da via clássica (e da via das lectinas – ver adiante) pode ser chamada de C4b2b ou de C4b2a. As duas maneiras estão corretas. Isso acontece porque o especial que descobriu a proteína C2, chamou o fragmento a de fragmento maior e o fragmento b de fragmento menor. No entanto, em uma conferência de imunologia, isso foi padronizado como sempre o b maior e sempre o a menor, mas como a família do rapaz recorreu, pode-se considerar os dois como correto. 23 • Componentes: C3, fator B, fator D, fator P, C5, C6, C7, C8 e C9. • Ativação: Espontânea • Cascata A proteína C3 é a que está presente em maior quantidade no plasma. Ela é capaz de sofrer hidrólise espontaneamente. Quando há a ligação de C3 com uma molécula de água, forma-se o iC3. O fator B se liga com esse iC3 e, sob a ação do fator D, cliva-se em Ba e Bb, formando iC3Bb, que é a C3 convertase de fase fluida da via alternativa. Essa molécula é extremamente instável e rapidamente sofre hidrólise. iC3Bb é chamada de C3 convertase porque vai clivar C3 em C3a e C3b. Essa C3b que veio da clivagem de C3 a partir da C3 convertase de fase fluida, assim como os fragmentos C3b das outras vias (clássica e das lectinas), vai pra superfície do patógeno e lá se junta com o fator B, e sob a ação do fator D, forma Ba e Bb. C3bBb é chamada de C3 convertase da via alternativa. O fator P age nessa molécula, permitindo que ela fique estável. Assim, C3bBb vai clivar mais proteínas C3 em C3a e C3b. C3a vai para o plasma e C3b para a superfície do patógeno. C3bBbC3b é chamada de C5 convertase da via alternativa, pois vai clivar C5 em C5a e C5b, e assim segue igual a via clássica. Obs.: O fator D é a única molécula do sistema complemento que já está ativada!!! Resumo – Sistema Complemento Via clássica Via das Lectinas Via Alternativa C3 convertase C4b2b C4b2b C3bBb C5 convertase C4b2b3b C4b2b3b C3bBbC3b Ativação Imunocomplexo Manose/Frutose Espontânea Funções do Sistema Complemento • Lise osmótica do patógeno: Ocorre por meio do MAC (C5b6789). • Opsonização e fagocitose: Participam desse processo os fragmentos C3b, C4b e C2b. O fagócito possui o receptor do complemento 1 (CR1). Assim, quando ele interage com um patógeno coberto por esses fragmentos, seu receptor CR1 reconhece e induz à fagocitose. • Anafilaxia e inflamação: o C5a, C3a e C4a: Anafilotoxinas – induzem aumento da permeabilidade vascular (se o SC for ativado sistemicamente, o edema generalizado acarretará redução da PA e consequente choque anafilático – usar vasoconstritor adrenalina para recuperar), explosão respiratória dos fagócitos (induz produção de EROS – espécies reativas de oxigênio, o que aumenta o potencial microbicida dessas células), ativação dos mastócitos (degranulam e liberam histamina, a qual gera aumento da permeabilidade vascular, broncoconstrição e produção de muco) e expressão das E e P selectinas no endotélio (promove inflamação). o C2a: Bradicinina – induz aumento da permeabilidade vascular e dor. • Remoção de imunocomplexos circulantes: Os eritrócitos, por meio de seu receptor CR1, reconhecem os fragmentos C3b e C4b ligados aos imunocomplexos circulantes. Como não podem fagocitar, eles carregam esses imunocomplexos até o baço e o fígado, onde serão destruídos. • Feedback positivo nos linfócitos B: O linfócito B, ao interagir com o antígeno por meio do seu receptor BCR, prolifera e forma plasmócitos, os quais produzem anticorpos. Se esse antígeno estiver coberto pelos fragmentos C3d, o LB reconhece por meio do receptor de complemento 2 (CR2) e ocorre um feedback positivo nos plasmócitos, fazendo com que eles produzam ainda mais anticorpos. 24 Pontos de regulação do Sistema Complemento • Serpina ou C1-INH: A serpina ou proteína inibidora de C1 está presente nas células autólogas e atua dissociando o complexo C1r:C1s. Assim, mesmo que C1q se ative, a cascata não segue. o Deficiência de serpina: Acarreta na ativação da via clássica nas células autólogas. Desse modo, há formação de C4a e C4b, C2a e C2b. C4a e C2a induzemaumento da permeabilidade vascular, ou seja, haverá formação de edemas, especialmente na pele, trato gastrointestinal e respiratório, numa patologia denominada edema angioneurótico hededitário. • Inibição da C3 convertase: Esse mecanismo atua inativando as C3 convertases C4b2b e C3bBb das vias clássica/das lectinas e alternativa, respectivamente. O fragmento 2b da C4b2b é dissociado do C4b pelas proteínas CR1, DAF e MCP. Já o fragmento Bb da C3bBb é dissociado do C3b, por meio do CR1, DAF e Fator H. Este último, além de dissociar os fragmentos, também atua competindo com o C3b pelo Bb. o Deficiência do fator H: Gera uma ativação descontrolada da via alternativa, o que culmina na depleção das proteínas do Sistema Complemento, especialmente de C3. Assim, o indivíduo fica mais suscetível a infecções bacterianas oportunistas, reduz a opsonização e os imunocomplexos circulates não são removidos, passando a se acumular em vasos, articulações e glomérulos. • Fator I inibitório: O fator I atua clivando as opsoninas C3b e C4b em fragmentos menores e inativos. Isso é essencialmente importante quando essas opsoninas acabam marcando células próprias. Dessa forma, o fator I atua, junto com os cofatores CR1, MCP e Fator H, clivando o C3b, e junto com os cofatores CR1, MCP e M4BP clivando o C4b. 25 o Deficiência do fator I: Opsonização imprópria em células próprias, consequentemente, há redução da opsonização de bactérias. • Inibição do MAC: O CD59 (ou protectina) está presente em grandes quantidades nas células hematopoiéticas e atua impedindo a inserção do polímero de C9 na célula, para que esta não sofra lise osmótica pelo sistema complemento. o Mutação no gene Pig-A: O gene Pig-A codifica uma enzima chamada acetil-glicosaminil-transferase, que forma o fosfolipídeo GPI. Este último, por sua vez, serve como âncora para a expressão das proteínas CD55 e CD59 nas células hematopoiéticas. Na medida em que o indivíduo tem uma mutação nesse gene, ele apresenta uma patologia denominada hemoglobinúria paroxística noturna. Essa doença é caracterizada pela hemoglobinúria, hemólise, trombose e hematopoese ineficaz. 26 Complexo Principal de Histocompatibilidade O MHC representa um complexo gênico localizado no cromossomo 6 que apresenta extremo polimorfismo. Ele é dividido nas seguintes regiões ou classes: MHC de classe I e MHC de classe II, os quais codificam moléculas de mesmo nome que têm a função de apresentar antígenos aos linfócitos, e MHC de classe III, que codificam chaperonas, proteínas do sistema complemento e citocinas. O foco do estudo será os MHC de classe I e II. Principais genes MHC • MHC de classe I: HLA-A, HLA-B e HLA-C. • MHC de classe II: HLA-DP, HLA-DQ E HLA-DR. Estruturas das moléculas de MHC de classe I e MHC de classe II EXERCÍCIOS No que concerne ao sistema complemento, um dos componentes mais antigos do sistema imunológico, assinale a opção correta. a) C4a e C1 têm função de anafilotoxinas. b) A via clássica do complemento é ativada por imunoglobulina A (IgA). c) A via alternativa é ativada por formação de C3bBb na superfície de células de mamíferos. d) A via da lectina é ativada por polissacarídeos microbianos como a manose. e) O complexo de ataque à membrana inicia com inserção de C7. O Sistema Complemento serve como uma arma efetora das imunidades inata e adquirida. Envolvendo mais de 30 proteínas circulantes e fixadas à membrana, o complemento atua em uma grande variedade de reações da defesa do hospedeiro, reações inflamatórias, homeostáticas e imunes. A capacidade do complemento de eliminar determinadas bactérias é que levou a sua descoberta, e os anos seguintes têm sido destinados à elucidação desses mecanismos, à purificação e à caracterização das proteínas e dos genes responsáveis, e à maior compreensão acerca dos outros papéis por ele desempenhados em um número cada vez maior de processos fisiológicos normais, bem como anormais (Benjamini et al., 2002). O sistema complemento apresenta várias funções que protegem o hospedeiro. Marque a alternativa que apresenta duas funções do sistema complemento: a) Neutralização de vírus; Coagulação. b) Coagulação; Opsonização. c) Opsonização; Neutralização de vírus. d) Produção de histamina; Coagulação. e) Fagocitose; Coagulação. O sistema complemento possui proteínas reguladoras solúveis ou presentes na célula que impedem a destruição dessas células e da ativação descontrolada desse sistema sob condições fisiológicas. Assinale a opção correta com relação às proteínas reguladoras do sistema complemento. a) A formação do complexo de ataque à membrana (MAC) é inibida por uma proteína denominada proteína cofatora de membrana (MCP). b) A ação do fator I na molécula de C3b requer a presença de proteínas reguladoras que têm ação de cofatores: CD59, fator H e CR1. c) CD59 está presente em células sanguíneas, endoteliais e epiteliais e têm como função impedir a inserção de C5b-C7 na membrana dessas células. d) A função do inibidor de C1 (C1 INH) é parar a ativação da via clássica na sua etapa inicial, e a deficiência dessa proteína (C1 INH) leva a doença autossômica recessiva, denominada angioedema hereditário. e) O fator acelerador de decaimento (DAF) e receptor do complemento tipo 1 (CR1) inibem a formação da C3 convertase nas células do hospedeiro, tanto da via clássica quanto da alternativa. 27 A molécula de MHC I é expressa nas células nucleadas e tem como função apresentar antígenos endógenos aos linfócitos T CD8. Ela é formada por uma cadeia α, a qual é dividida em 3 subunidades – α1, α2 e α3, e uma proteína β2, chamada de microglobulina, a qual é codificada no cromossomo 15. As subunidades α1 e α2 constituem a fenda de ligação ao antígeno, a subunidade α3 interage com o CD8 do linfócito T e a microglobulina serve para estabilizar a molécula. A molécula de MHC II é expressa nas células apresentadoras de antígeno (APCs) e tem como função apresentar antígenos exógenos aos linfócitos T CD4. Ela é formada por duas cadeias, uma cadeia α, subdivida em α1 e α2, e uma cadeia β, subdividada em β1 e β2. α1 e β1 são a fenda de ligação ao antígeno, β2 interage com o CD4 do linfócito T e α2 estabiliza a molécula. Polimorfismo do MHC Nós dizemos que o MHC é poligênico porque ele possui vários genes, e polimórfico porque ele possui várias formas, as quais são chamadas de alelos. Por exemplo, o gene HLA-A possui vários alelos, HLA-A1, HLA-A2, HLA-3... Da mesma forma ocorre com os outros genes codificadores do MHC I. No que se refere ao MHC II, nós temos dois genes, um gene A para codificar a cadeia α e um gene B para codificar a cadeia β. Ou seja, teremos o HLA-DPA, com seus vários alelos (HLA-DPA1, HLA-DPA2, HLA-DPA3...) e o HLA-DPB, com seus vários alelos (HLA-DPB1, HLA-DPB2, HLA-DPB3...). A exceção ocorre com o gene HLA-DR, em que teremos o HLA-DRA e, no caso do HLA-DRB, podemos ter até dois genes, sendo um obrigatoriamente o HLA-DRB1, com seus vários alelos (HLA-DRB1-1, HLA-DRB1-2, HLA-DRB1-3...) e o outro pode ou não existir, sendo HLA-DRB3, HLA-DRB4 ou HLA-DRB5, também com seus vários alelos. Além disso, como recebemos um cromossomo do nosso pai e um da nossa mãe, vamos possuir de 18 a 20 genes HLA, pois todos eles são expressos em codominância. Isso significa que todos vão ser expressos e um não se sobrepõe ao outro. É válido ressaltar que eles também não realizam crossing-over, ou seja, não fazem recombinação gênica, o que de certa forma, facilita o processo de transplante. Veja, no exemplo abaixo, os alelos herdados por cada indivíduo: *Pode ou não estar presente. Dessa forma, herdamos, por exemplo, dois alelos HLA-A, pois um vem do nosso pai e outro da nossa mãe. Então, nas células nucleadas do indivíduo do exemplo acima, ele vai possuir o HLA-A1 e o HLA-A4, herdados dos cromossomos de seus pais. Além disso, como esses alelos são herdadosem codominância e não fazem recombinação, vamos chamá- los de haplótipos e, para facilitar o entendimento, trocaremos esse conjunto inteiro por cores. Veja o exemplo abaixo: • Cromossomo 6 da mãe: A1, B4, C8, DPA3, DPB8, DQA7, DQB5, DRA1-6, DRB1-2, DRB3-8* • Cromossomo 6 do pai: A4, B9, C7, DPA5, DPB2, DQA1, DQB8, DRA1-4, DRB1-9. 28 João Maria Supondo que João e Maria se casaram, as possibilidades dos filhos serão: 1. Amarelo-rosa 2. Amarelo-azul 3. Verde-rosa 4. Verde-azul Se, por um acaso, o segundo filho precisar de um transplante, o qual é amarelo-azul, perceba que nenhum dos familiares mais próximos pode doar, pois nenhum possuirá compatibilidade 100% (18-20 alelos idênticos). Dessa forma, foi-se necessário identificar os alelos mais imunogênicos, ou seja, aqueles em que haverá maior possibilidade de gerar resposta imune, para facilitar o processo do transplante. Os alelos mais imunogênicos são: HLA-A, HLA-B e HLA-DRB1. O HLA-C também é considerado, se for um transplante de medula óssea. Dessa forma, é preciso encontrar um doador que possua seis alelos idênticos ao receptor (no caso da medula, oito alelos). Se não for possível, procura-se aquele que possui a maior quantidade de alelos idênticos. Vamos identificar isso por meio de match (compatível) e miss-match (não compatível). Veja no exemplo abaixo: Paciente receptor Doador A1, B8, DRB1-5 A6, B3, DRB1-7 A1, B4, DRB1-5 A6, B3, DRB1-8 A1 e A1 = match B8 e B4 = miss match DRB1-5 e DRB1-5 = match A6 e A6 = match B3 e B3 = match DRB1-7 e DRB1-8 = miss match Perceba que, apesar de alguns alelos possuírem compatibilidade (match), outros não possuem (miss-match). Mesmo que todos os alelos mais imunogênicos sejam compatíveis, é preciso passar o resto da vida tomando imunossupressores, pois ainda há outros alelos que também podem desencadear respostas imunes, mesmo não sendo tão imunogênicos. Além disso, se não houver compatibilidade em algum dos alelos imunogênicos (miss-match), a dose de imunossupressores tem que ser ainda maior, pois a qualquer momento os linfócitos podem reagir contra eles. Quanto maior a quantidade de miss-match, maior a dose de imunossupressores a ser tomada. Além da compatibilidade entre os alelos HLA, é preciso levar em conta, também, o tipo sanguíneo do doador. Por exemplo, uma pessoa do tipo sanguíneo B não pode receber sangue de uma pessoa do tipo sanguíneo A. Isso ocorre porque, nas hemácias do doador, estarão presentes os antígenos A, os quais não são tolerados pelos linfócitos do receptor do tipo B, uma vez que este indivíduo possui anticorpos anti-A, que são da classe IgM ou IgG. Na hora em que esses anticorpos reconhecerem os antígenos A das hemácias presentes no órgão transplantado, esses anticorpos vão se ligar e ativar o sistema complemento (Via Clássica), o que resulta em morte celular. Chamamos essa reação de rejeição hiperaguda – pois pode acontecer ainda na sala cirúrgica. • Cromossomo 6 da mãe: A1, B4, C8, DPA3, DPB8, DQA7, DQB5, DRA1-6, DRB1-2, DRB3-8* • Cromossomo 6 do pai: A4, B9, C7, DPA5, DPB2, DQA1, DQB8, DRA1-4, DRB1-9. • Cromossomo 6 da mãe: A3, B9, C5, DPA8, DPB9, DQA5, DQ7, DRA1-3, DRB1-4, DRB5-6* • Cromossomo 6 do pai: A6, B4, C7, DPA1, DPB3, DQA8, DQB2, DRA1-7, DRB1-2, DRB4-5. 29 Um outro critério também importante é que não haja, já no corpo do receptor, a presença de anticorpos contra qualquer HLA do doador, uma vez que isso geraria uma rejeição imediata. Dessa forma, a cada seis meses, o receptor realiza o que se chama de Painel de Anticorpos Reativos (PRA), em que se procura, no soro do receptor, a presença de anticorpos contra quaisquer alelos HLA. Como um indivíduo pode ter anticorpos contra um alelo HLA que nunca teve contato? Há três possibilidades. • Transplante e/ou transfusão prévia: Na transfusão de sangue, geralmente, faz uma infusão de hemácias de um doador para o receptor. Isso não é uma preocupação, visto que as hemácias são anucleadas e não são apresentadoras de antígeno, então não possuem MHC I e MHC II. Porém, na hora em que se faz a separação dos elementos do sangue, pode ser que uma plaqueta passe despercebida e acabe entrando na bolsa de hemácias. Assim, por essa célula ser nucleada, vai possuir os alelos HLA-A, B e C. Dessa forma, o indivíduo transfundido pode criar anticorpos contra esses alelos. EXERCÍCIO TSA, 22 anos, tipo sanguíneo B, está em lista de espera para transplante renal e recebe diálise semanalmente. Seu tipo de HLA é HLA-A: 0101/0301; HLA-B: 0702/0801; HLA-DRB1: 0301/0701. Hoje, o médico de TSA lhe informou que vários doadores renais potenciais estão disponíveis. Qual dos seguintes seria o mais adequado? a) A: 0301/0201; B: 4402/0801; DRB1: 0101/0403; tipo sanguíneo B b) A: 0301/2902; B: 0801/0801; DRB1: 0301/0701; tipo sanguíneo O c) A: 2902/0201; B: 0702/0801; DRB1: 0301/1301; tipo sanguíneo B d) A: 0101/0101; B: 5701/0801; DRB1: 0701/0701; tipo sanguíneo A e) A: 0101/0301; B: 0702/5701; DRB1: 0403/0301; tipo sanguíneo O 30 • Gravidez: Tendo em vista que o bebê é um produto dos alelos MHC do pai com os da mãe, esta última, em contato com o sangue do filho, pode criar anticorpos contra os alelos dele que vieram do pai. • Abortos espontâneos: Mesma lógica da gravidez. Ademais, um dia ou horas antes do transplante, um outro critério é exigido, chamado de prova cruzada. Esta última consiste em colocar no soro do receptor os leucócitos do doador (geralmente linfócitos B, pois são nucleados e APCs). Assim, se houver a presença de qualquer anticorpo contra qualquer alelo HLA, o transplante é cancelado. Por fim, os últimos critérios são compatibilidade anatômica (não faz sentido transplante um coração de um adulto em uma criança, e vice versa) e bom estado clínico do doador (não faz sentido transplantar um fígado de um doador portador de hepatite, por exemplo). Resumo dos critérios 1. Compatibilidade ABO 2. Compatibilidade HLA (HLA-A, HLA-B, HLA-DRB1) 3. PRA Negativo 4. Prova cruzada negativa 5. Compatibilidade anatômica 6. Bom estado clínico do doador Critérios exigidos para transplante • Córnea e ossos: Não são exigidos critérios, uma vez que não há expressão de antígenos nesses órgãos. O osso é considerado sem vascularização e a córnea, além de não expressar HLA, localiza-se no olho, que é um sítio imunoprivilegiado, então os linfócitos dificilmente chegam até ele. • Pele: Não se exige critérios, uma vez que o que se objetiva é justamente a rejeição. Ao realizar o transplante, haverá um processo inflamatório local e, ao passo que o tecido vai sendo rejeitado, há uma reconstrução do tecido conjuntivo subjacente. • Fígado e coração: PRA, compatibilidade ABO, prova cruzada. Não se exige HLA pois a expressão desses genes nesses órgãos é muito baixa. • Pulmão, rim e pâncreas: PRA, compatibilidade ABO, compatibilidade HLA (HLA-A, HLA-B e HLA-DRB1) e prova cruzada. • Medula óssea: PRA, compatibilidade ABO, compatibilidade HLA (HLA-A, HLA-B, HLA-C e HLA-DRB1) e prova cruzada. 31 Classificação dos enxertos • Autogênico: O doador e o receptor é a mesma pessoa. • Alogênico: O doador e o receptor são da mesma espécie, porém geneticamente distintos. • Isogênico: Transplante entre gêmeos univitelínicos. • Xenogênico: Entre espécies diferentes. Ex.: Pele de tilápia. Rejeição x GVDH • Rejeição: Ocorre quando há um processo inflamatório contra o tecido transplantado. Ou seja, é uma reação das células do hospedeiro contra o enxerto. • GVDH: Em um transplante de medula em que não há compatibilidade, as células do enxerto reagem contra os tecidos do hospedeiro. Isso ocorre primeiramente na pele e no trato gastrointestinal. Quando essa reação ocorre em menos de 100 dias, chamamos de GVDH aguda. Se ocorrer depois de 100 dias, chamamos de GVDH crônica. Processamento de antígenos endógenos Os antígenos endógenos (proteínas virais,
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