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Resumo Completo de Imunologia com Casos Clínicos

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1	
Índice: 
1. Introdução.......................................................................................................................................................pg 3 
2. Órgãos Linfoides.............................................................................................................................................pg 6 
3. Imunidade Inata.............................................................................................................................................pg 7 
4. Resposta inflamatória e migração celular...................................................................................................pg 14 
5. Seminário 1 - Imunodeficiência associada a defeitos em inibidores do complemento............................pg 18 
6. ED – 1: imunidade inata, inflamação e migração celular. ........................................................................pg 19 
7. Reconhecimento antigênico.........................................................................................................................pg 22 
8. Seminário 2 - Apresentação cruzada de antígenos.....................................................................................pg 28 
9. ED – 2: MHC, processamento e apresentação de antígeno.......................................................................pg 30 
10. Desenvolvimento de Linfócitos T e B...........................................................................................................pg 33 
11. Resposta adaptativa celular.........................................................................................................................pg 40 
12. Cooperação T-B............................................................................................................................................pg 48 
13. Resposta imunológica humoral...................................................................................................................pg 55 
14. ED – 3: Desenvolvimento e funções efetores dos linfócitos T e B..............................................................pg 61 
15. Regulação e modulação da resposta imunológica ......................................................................................pg 66 
16. Imunidade de mucosas.................................................................................................................................pg 72 
17. ED – 4: Imunidade de Mucosas....................................................................................................................pg 78 
18. Resposta imune nos extremos: do recém-nascido ao idoso........................................................................pg 83 
19. Imundeficiências...........................................................................................................................................pg 89 
20. Reações de Hipersensibilidade do Tipo I – Mediada por IgE...................................................................pg 98 
21. Reações de Hipersensibilidade do Tipo II – Mediadas por não IgE........................................................pg 103 
22. Reações de Hipersensibilidade do Tipo III – Mediada por imunocomplexos.........................................pg 108 
23. Reações de Hipersensibilidade do Tipo IV – Mediadas por linfócitos T.................................................pg 111 
24. ED – 5: Psoríase..........................................................................................................................................pg 117 
25. Seminário 3 - Resposta Imunológica adaptativa primária e secundária – imunização.........................pg 120 
26. Seminário 4 - Anticorpos no Tratamento de Doenças inflamatórias e autoimunes...............................pg 125 
27. Seminário 5 - Imunoterapia para Reações de Hipersensibilidade I........................................................pg 127 
Imunologia Clínica
	 2	
 
28. ED – 6: Artrite Reumatoide.......................................................................................................................pg 130 
 
29. Seminário 6 - Teoria da Higiene................................................................................................................pg 133 
 
30. Seminário 7 - Síndrome Antifosfolípide...................................................................................................pg 135 
 
31. Seminário 8 - Febre reumática...................................................................................................................pg 138 
 
32. Obesidade, Doenças metabólicas e aterosclerose.....................................................................................pg 141 
 
33. Imunologia dos transplantes......................................................................................................................pg 144 
 
34. Resposta imunológica e imunoterapia de tumores..................................................................................pg 147 
 
35. ED – 7: Integração Imuno-Parasito...........................................................................................................pg 151 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
	 3	
Introdução: 
O homem é constantemente exposto a ambientes hostis, ou seja diversos elementos como patógenos, poluição e outros 
que poderiam o levar a adoecer. No entanto, isso dificilmente ocorre, pois a partir de um processo evolutivo progressivo, 
o ser humano desenvolveu um sistema que permitisse sua sobrevida e de sua prole, o sistema imunológico que atua 
pelas respostas imune. 
 
Cronologia: em 430 a.C foi descrito pela primeira vez o caso de uma praga em Atenas por Tucídides, no século XV, 
ocorreram os primeiros registros de imunização na China e Turquia, em 1798 Edward Jenner analisa a possibilidade da 
existência da vacina contra a varíola. Em 1885, Louis Pasteur cria a vacina contra cólera aviária e a vacina antirrábica, 
no ano seguinte, Robert Koch descobre que as causas das doenças são decorrentes de microorganismos, em 1890, 
Behring e Kitasato criam o soro com atividade antitóxica a difteria e tétano, nesse mesmo ano Metchnikoff descobre os 
macrófagos e descreve a fagocitose. Com o passar do tempo, diversas outras descobertas foram feitas se utilizando de 
preceitos da microbiologia, bioquímica e outras disciplinas. 
 
Resposta imunológica: é uma resposta 
coletiva e coordenada do corpo frente à 
introdução de substâncias estranhas como 
microorganismos e macromoléculas (orgânica 
ou não), chamados de antígenos. A resposta 
coordenada envolve uma série de eventos 
celulares e moleculares com consequências 
fisiológicas para a manutenção da saúde que 
caso não forem controladas pode levar a uma 
patologia. 
Tudo começa com o reconhecimento próprio a 
partir de receptores moleculares que 
reconhecem o que já é do próprio corpo e o 
que é externo, e quando for identificado o que 
não for próprio ocorrerá então a resposta 
imune. As respostas envolvem uma série de componentes e receptores moleculares, podendo ser inata (TLR, MANR, 
CD14, SAVENGER), que é ativada em torno de minutos a horas, ou adaptativa (BCR e TCR) em que a expressão 
clínica dela demora em torno de alguns dias. 
 
A resposta imune vai conferir ao 
indivíduo uma estado de proteção e 
resistência àquela infecção. Essa 
resposta pode ser ativa, quando o 
próprio organismo produzir os 
elementos da resposta. Por exemplo, 
um homem que está exposto pela 
primeira vez a um antígeno 
microbiano, o seu organismo vai 
montar uma resposta imunológica que 
em torno de dias vai ter conseguido 
combater (ou não) esse antígeno, 
recuperando o homem. Nesse caso, ele 
vai desenvolver no organismo células 
de memórias, que vão conseguir 
combater mais rapidamente uma 
invasão feita pelo mesmo agente microbiano, caso o indivíduo seja exposto novamente a esse antígeno, pelo fato dessa 
resposta ser altamente específicaao antígeno. 
Essa exposição primária pode vir a ser por meio de uma vacina, pois é introduzido no organismo da pessoa os antígenos 
de forma mais atenuada, o que leva o organismo a desenvolver a resposta imunológica, permitindo o surgimento das 
células de memória para caso esse indivíduo for exposto novamente o organismo consiga combater a toxina rapidamente. 
Mas pode ser também a própria infecção do agente. 
A imunidade passiva ocorre principalmente pelo uso de soros que contenham anticorpos contra o agente para o qual o 
soro foi produzido, é usado para combater rapidamente uma infecção a qual o indivíduo foi exposto, não levando a uma 
necessidade do organismo de produzir células de defesa, portanto não gera células de memória, apesar de ser também 
específico. 
	 4	
Obs: a memória imunológica não necessariamente é para sempre, sendo necessário que, no caso das vacinas, o indivíduo 
tenha que reforçar a dose após alguns anos. 
 
Resposta imune inata: vai contar com a primeira linha de defesa do hospedeiro, que são as barreiras epiteliais do 
corpo, essas barreiras podem ser do tipo mecânica, envolvendo as próprias células epiteliais unidas por junções fortes 
(impedindo a passagem dos agentes infecciosos) e que também podem estar associadas com o muco e cílios. Além disso, 
podemos contar com as barreiras químicas, envolvendo enzimas, pH do meio, peptídeos antibacterianos e outras 
substâncias que permeiam as superfícies do corpo que ajudam a combater a entrada desses agentes. As barreiras 
microbiológicas envolvem a flora normal do indivíduo que compete por nutrientes e espaço, além de produzir 
substâncias antibacterianas. As barreiras celular contam com a ajuda dos linfócitos T intra-epiteliais e B-1. Por fim 
temos a barreira de citocinas (TNF, IL-1, IFN) que são um grupo de proteínas que apresentam diversas funções como 
a ativação de funções efetoras dos fagócitos e linfócitos, movimento direcionado das células imune do sangue para o 
tecido e crescimento, diferenciação de todas as células imunes e inflamação. Uma vez que essas barreiras não impedem 
a entrada do patógeno, entram em ação os fagócitos como os neutrófilos e macrófagos, que ingerem e matam o antígeno. 
Além dessas células estão associadas também outras células linfoides como as NK, basófilos e eosinófilos que entram 
em ação. Temos também o sistema complemento que fornecem um complexo de ataque à membrana 
 
Resposta adaptativa: são mais complexas, e 
entram em ação caso as respostas inatas não 
resolvam o problema, ocorrendo por meio de 
duas células principais, os linfócitos T e B. O 
linfócito T vai ser apresentado ao antígeno por 
meio de uma célula apresentadora de antígeno 
(APC), principalmente as células dendríticas. 
Cerca de uma semana depois, durante a fase da 
ativação e expansão clonal, essa apresentação 
gera a formação de um TCD4+ (ação auxiliador) 
ou TCD8+ (ação citotóxica), que garantem a 
imunidade celular, causando a ativação de 
macrófagos, para destruir os microorganismos 
fagocitados ou destruindo diretamente as células 
infectadas e gerando inflamação. O linfócito B, 
quando for ativado gera uma imunidade 
humoral, por meio de plasmócitos, que são 
células produtoras de anticorpos, garantindo a 
neutralização do microorganismo, a fagocitose e 
a ativação do sistema complemento. Caso o antígeno tenha sido eliminado, essas células passam a sofrer apoptose 
durante a contração e homeostasia, restando apenas algumas células de memórias. 
 
A resposta inata apresente menos especificidade do que a adaptativa, portanto é limitada na diversidade das células, já 
os linfócitos vão apresentar diversos receptores para cada tipo de antígeno que os for apresentado, sendo mais específicos. 
 
Doenças de origem imunológica: a falência ou deficiência do sistema imune pode ser do tipo congênita (como no 
IMD ou BRUTON) ou adquirida (como na AIDS). As transformações malignas estão associadas ao sistema 
hematopoético que podem acarretar numa anemia ou deficiência da resposta imune. Uma desregulação imunológica 
está associada a fatores genéticos e ambientais que causam uma resposta imune patológica, como nos casos da alergia. 
As doenças autoimunes podem ser do tipo Self (causada por antígenos próprios) ou Non Self (não próprios) gerando 
miastenia e outras doenças graves. Algumas consequências adversas da resposta imune geram a inflamação, dermatite 
de contato, rejeição a enxertos. 
 
Síndrome de deficiência imune: 
- Deficiência em resposta celular: pode gerar infecções fúngicas, mucocutâneas (Candida albicans) ou sistêmicas, 
virais (mesmo com o vírus atenuado ou de baixa patogenicidade) e pneumonias (Pneumocytis jiroveci) 
- Deficiência na resposta humoral: gera infecções por bactérias encapsuladas (Streptococcus spp., Haemophilus 
influenza), pneumonias recorrentes, sinusites, otites média e enterites (Giardia lamblia). 
- Deficiência na resposta dos fagócitos: acaba gerando uma infecção por bactérias Gram positivas (Staphilococcus e 
Streptococcus), sepse por gram negativas e infecções fúngicas sistêmicas (Candida spp. e Aspergillus spp.). 
- Deficiência nas moléculas de adesão: causa infecções bacterianas piogênicas (Staphilococcus) e abcessos cutâneos 
e subcutâneos. 
	 5	
- Deficiência nos componentes do sistema complemento: geram infecções por bactérias encapsuladas (deficiência no 
C3) e infecções por bactérias gram-negativas (Neisseria spp, causada por deficiência em C6 até C9) 
 
Perspectivas futuras: 
- Potencialização nas respostas imunes: por meio da engenharia celular, prevenindo as infecções de células T por HIV, 
indução de células germinativas pluripotentes autólogas por substituição gênica em IMD monogenética. 
- Supressão de respostas imunes: para supressão das células produtoras de anticorpos específicas de longa vida, para 
melhor na IMS antígeno-específica, para prevenir GVH em aloenxertos e MO, e para desenvolvimento farmacológico 
de inibidores de citocinas, quimiocinas e seus receptores. 
- Imunodiagnóstico: ajudado no desenvolvimento de novas ferramentas de diagnóstico baseadas em nanotecnologia, 
além de elucidar o papel da exposição na infância a bactérias e vírus na patogênese das alergias e asmas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
	 6	
Órgãos Linfóides 
 
Os linfonodos são apalpados durante os exames físicos para verificar o tamanho deles, pois podem indicar uma doença. 
Esse órgão é formado por um aglomerado de linfócitos, durante uma infecção local, essas células passam pelo processo 
de ativação e expansão das células de defesa, aumentando o tamanho desses linfonodos. A inflamação desses linfonodos 
não necessariamente indicam que a infecção está localizada naquela região do linfonodo, uma infecção que ocorra no 
pé, pode causar um inchaço dos linfonodos da virilha por causa da circulação linfática, que carrega os antígenos até o 
gânglio linfático mais próximo. 
 
Localização das células do sistema imune: se encontram organizadas anatomicamente nos órgãos linfóides, em sua 
maioria, mas também podem se encontrar espalhadas em praticamente todos os tecidos e na circulação (sangue ou linfa). 
A existência dos órgãos linfoides mais a capacidades dessas células de circular e realizar trocas entre o sangue, linfa e 
tecido é fundamental para a geração da resposta imune. 
 
Períodos da hematopoiese: O surgimento do tecido sanguíneo está diretamente relacionado com o aparecimento 
evolutivo do terceiro folheto embrionário, o mesoderma. Até o terceiro mês de vida, a origem do tecido sanguíneo se dá 
por meio do saco vitelínico, essa fase é chamada de mesoblástica, após isso, o baço e o fígado constituem os principais 
órgãos para produção de sangue, perto do nascimento, no entanto, esses órgãos deixam de ser os principais produtores 
de sangue e a medula óssea passa a ser a principal produtora durante toda a vida, durante a fase medular, juntamente 
com o tecido linfático (que atua em menor quantidade).O sangue originado da medula apresenta uma origem numa célula mãe, está célula pode originar uma linhagem 
mieloide ou linfoide. As células mieloides vão formar a maior parte das células da resposta inata. As de origem linfoide 
vão ser maturadas nos órgãos linfoides geradores ou primários, o B é maturado na propina medula óssea, enquanto o T 
no timo. Os linfócitos B maduros seguem para o sangue e então para os órgãos linfoides periféricos ou secundários, que 
são os linfonodos e o baço, já os linfócitos T seguem tanto para o sangue quanto para a linfa e então para os órgãos 
linfoides periféricos que são os tecidos linfoides cutâneo e associado às mucosas, uma vez nesses órgãos, 80% dos 
linfócitos permanecerão agrupados nesses órgãos, enquanto 20% retorna para o sangue ou linfa. 
 
Órgãos linfoides primários: 
- Timo: que serve como o sítio de maturação dos linfócitos T originados a partir das células de origem linfoide na 
medula óssea. 
- Medula óssea: vai realizar a hematopoiese para a maioria das células linfoides e mieloides, garantindo os eventos 
naturais de maturação dos linfócitos B, mas permitindo também o surgimento de leucócitos em gerais e eritrócitos, além 
de osteoblastos, MAPC, tecido adiposo e células tronco mesenquimais. 
 
Órgãos linfoides secundários: 
- Linfonodos/Gânglios linfáticos: são a organização anatômicas das células linfoides, são vascularizado e encapsulados, 
favorecem o início das respostas adaptativas para antígenos transportados dos tecidos pelo sistema linfáticos até os 
linfonodos. Apresentam áreas específicas para cada linfócitos, mais próximo das cápsulas temos um zona folicular que 
é a zona para o linfócitos B, no centro do linfonodo temos a zona para o linfócito T. 
- Sistema linfático: são vasos especializados que drenam os líquidos dos tecidos para os gânglios linfáticos e desses 
para o sangue, é essencial para a homeostase dos líquidos teciduais e das respostas imunológicas. 
- Baço: é um órgão altamente vascularizado e que serve para retirar da circulação as células sanguíneas lesionadas e 
senescentes, retira também partículas como IMC e microorganismos opsonizados e inicia a resposta imune adaptativa 
aos antígenos capturados do sangue. Na polpa branca do baço nós temos uma zona que contém tanto os linfócitos B 
quanto T, o B se encontra na zona marginal dessa polpa enquanto que o T se mantém ao redor dessa zona. 
 
Órgãos linfóides de imunidade regional: A pele e as mucosas também apresenta um sistema imune regional, para a 
pele ele é chamado de tecido linfoide cutâneo, enquanto para o muco é chamado de MALT (tecido linfoide associado 
às mucosas, que dependendo de onde se localizada pode ser chamado de BALT e GALT), caracterizando uma resposta 
imune especializada. Sua organização anatômica consiste em uma barreira epitelial mais externa para prevenir a invasão 
microbiana, um tecido conjuntivo adjacente importante para respostas imunes inatas e adaptativas contra 
microorganismos locais e linfonodos drenantes mais distantes para iniciar e amplificar a resposta imune adaptativa. 
Cada sistema regional contém células e moléculas especializadas que possuem funções reguladoras, impedindo 
respostas indesejáveis a microorganismos não patogênicos (bactérias comensais) e à substâncias que estão presentes nas 
diferentes barreiras (alimentos). 
 
 
	 7	
Imunidade inata 
 
O ambiente está repleto de agentes infecciosos, mas por alguma ração, a gente, mesmo estabelecendo relações com esses 
microorganismos, não nos tornamos infectados na maior parte do tempo. A resposta imunológica consiste em dois 
grandes grupos, uma resposta inata e outra adquirida/adaptativa, ambas se relacionam e se influenciam. 
 
A imunidade inata é aquela que não precisa ser 
montada, qualquer indivíduo, durante toda a vida, 
apresenta os componentes já prontos, possuindo uma 
capacidade de resposta imediata, atuando antes de 
acontecer uma infecção e até mesmo após. 
Primeiramente, quando está se iniciando a infecção, 
esse sistema realiza um reconhecimento por 
receptores não específicos pré-formados para os 
possíveis agentes infecciosos, com possível 
resolução do problema e remoção desses. Caso não 
seja possível a retirada desse agente, se inicia uma 
resposta induzida precoce, onde o sistema 
imunológico aciona mecanismos para o 
reconhecimento de padrões moleculares associados 
a patógenos (PAMPs), gerando uma inflamação, recrutando e ativando as células efetoras, ate ocorrer a remoção desses 
agentes, durante essa segunda etapa, podemos começar a expressar os sintomas. Caso esses mecanismos não resolvam, 
o corpo começa a se preparar para ativar a resposta imune adaptativa, no qual ocorre o transporte dos antígenos para os 
órgãos linfóides, local onde ocorrerá o reconhecimento desses antígenos por linfócitos B e T, ocorrendo a expansão 
clonal e diferenciação de células efetoras, até a remoção do agente. 
 
Componentes da resposta imunológica inata: 
- Barreiras físicas e químicas: estamos rodeados por 
bilhões de microorganismos, para nos protegermos temos 
como primeiro meio a barreira física, sendo a principal delas 
a barreira epitelial, formando a pele e mucosas. O epitélio 
mucoso apresenta uma camada de células epiteliais única, 
associadas às células produtoras de muco (como células 
caliciformes e células de Panet, que produzem a mucina). 
Esse epitélio apresenta proteínas para junções 
intercelulares, impedindo a passagem de qualquer coisa por 
entre as células. Além disso, o muco, que é produzido 
constantemente, serve também como barreira, pois 
apresenta uma camada interna e outra externa, na interna 
temos a presença de peptídeos anti-microbianos (células de 
Panet produzem), servindo como uma barreira química. Na camada externa temos microorganismos comensais, 
competindo por espaço e alimento com os microorganismos patogênicos, além de produzir algumas substâncias contra 
esses patogênicos, essa microbiota também atua como imunomoduladores. 
 
 
 
A pele apresenta uma estrutura mais complexa que a mucosa, apresentando 
uma camada para a epiderme e outra para a derme, as células da epiderme 
também apresentam junções intercelulares, e apresenta os queratinócitos, que 
no final de seu desenvolvimento depositam uma camada de queratina sobre a 
pele, além disso temos glândulas sebáceas que excretam os ácidos graxos, 
que hidratam e protegem a camada externa da pele, as glândulas sudoríparas, 
além de servirem na regulação da temperatura, também produzem peptídeos 
anti-microbianos, e também temos microorganismos comensais para 
competir contra os patogênicos. 
 
As proteínas/peptídeos antimicrobianos (AMP) atuam destruindo diretamente 
os patógenos ou inibindo o seu crescimento, ao sequestrar substâncias 
necessárias para a sobrevivência desses patógenos. Também atua na própria 
	 8	
microbiota ao controlar seu crescimento, pois o seu aumento exagerado causa distúrbios fisiológicos. Além disso, no 
caso do muco, esses peptídeos se concentram principalmente no muco interno, impedindo o contato das bactérias com 
o tecido epitelial. As bactérias normalmente apresentam membrana negativa, enquanto que essas proteínas são positivas, 
isso permite que elas se liguem na membrana das bactérias, formando um poro e permitindo a passagem de substâncias, 
causando um desequilíbrio osmótico, causando a morte desse patógeno. 
 
Papel da microbiota: tem grande 
importância para a modulação da 
resposta imune. Num caso de 
eubiose, isso é, quando a microbiota 
estiver em quantidades adequadas, 
elas acabam por produzir certas 
substâncias como ácidos graxos de 
cadeia curta (MAMPs) que regulam 
as células dendríticas, que 
produzem substâncias (TLSP, TGF-
beta e ácido retinóico) que 
promovem a diferenciação de 
células T em Treg, elas promovem 
uma tolerância a antígenos 
alimentares e de microorganismos 
comensais. Quando a microbiota 
está desregulada, chamado de 
disbiose, além dos MAMPs, elas 
passam a produzir também DAMPs 
e PAMPs que atuam tambémna 
célula dendrítica, mas que dessa vez, 
produz outras substâncias como IL-12 (que induzem a diferenciação do linfócito T em Th1) e IL-6, TGF-beta e IL-1beta 
(que induzem a diferenciação do T em Th17), essas células induzem a inflamação (recrutando neutrófilos e ativando 
macrófagos) 
 
Essas barreiras podem ser destruídas por fatores extrínsecos como queimaduras químicas (ácidos, radiação), físicas 
(fogo), por um corte e outras lesões, e fatores intrínsecos como doenças autoimunes como pênfigo vulgar, psoríase, 
fibrose cística. Seja qual forma tenha sido essa lesão, a quebra da barreira epitelial facilita a infecção. 
Caso essas barreiras sejam superados pelos patógenos, o organismo então vai iniciar o processo da inflamação, onde 
ocorre a ativação das células residentes, como mastócitos e macrófagos que vão produzir mediadores inflamatórios 
(histamina, prostaglandina, leucotrienos e fator de ativação de plaquetas), quimiocinas inflamatórias (CXCL8/IL-8) e 
citocinas inflamatórias (IL-6, IL-12, IL-18, TNF-alfa), que vão atrair mais células para o local, por meio de migração 
celular (rolamento, ativação, adesão firme e diapedese). 
 
A resposta inata, apesar de ser menos específica, atua de modo diferente para cada tipo de patógeno (bactérias, helminto, 
fungo, vírus e protozoários), para reconhecer essas patógenos, receptores de reconhecimento padrão (PRRs) e moléculas 
de reconhecimento padrão (PRMs) vão ser expressas e produzidas por células da imunidade inata que reconhecem os 
PAMPs/MAMPs ou DAMPs. Os padrões moleculares associados a patógenos/microorganismos, os PAMPs/MAMPs, 
são produzidos somente por microorganismos, sendo comum a uma grande variedade de microorganismos dentro de 
um mesmo grupo e também essenciais para a sobrevivência deles. Já os DAMPs são substâncias produzidas em caso de 
dano tecidual. As PRRs podem estar associadas às membranas das células, dissolvidas no citoplasma ou dentro de 
vesículas, já as PRM estão dissolvidas no líquido extracelular. 
 
Moléculas de reconhecimento padrão (PRM): Essas substâncias são os componentes solúveis da resposta inata, estão 
dissolvidas nos líquidos extracelulares. Uma vez que as células imunes reconhecem um PAMP, MAMP ou DAMP, a 
concentração dessas proteínas aumentam, sendo portanto proteínas de fase aguda, respondendo rapidamente a esses 
estímulos. Uma das mais importantes é a proteína C reativa (PCR), produzida pelo fígado. Sua dosagem indica um 
processo inflamatório agudo (trauma, doença autoimune, infecção). A PCR é uma pentraxina que ao encontrar com uma 
bactérias ou vírus ela consegue se ligar aos lipídios da membrana plasmática, removendo o fosfolipídio, causando uma 
disruptura de membrana, elas reconhecem somente as membranas desses patógenos e não das nossas próprias células. 
	 9	
 
Sistema complemento: são um tipo mais específico dos 
PRMs, sendo um conjunto de proteínas presentes no 
soro de forma inativa, mas que quando são ativadas 
geram uma cascata, formando produtos com ação 
inflamatória e imunológica que acabam opsonizando os 
microorganismo, promovendo o recrutamento de 
fagócitos. Esse sistema complemento apresenta três 
principais vias, a alternativa, a clássica e da lectina. 
- Via alternativa: é ativada quando carboidratos 
dispostos na membrana da bactéria (LPS) causam a 
clivagem de uma proteína (C3) que se torna ativa, a 
porção C3b se deposita na membrana da bactéria se 
associando com um fator B, permitindo a deposição de 
um outro C3b, isso permite a formação da C5 convertase, 
que cliva a C5. A porção C5b se deposita na membrana 
e outros C3b acabam se depositando também, processo 
chamado de opsonização. A porção C5b permite a 
formação de um complexo de proteínas (C6, C7, C8 e 
C9, essa última forma o poro) que vão montar o 
complexo de ataque a membrana (MAC), causando o desequilíbrio osmótico. 
- Via clássica: não reconhece os carboidratos, mas sim o antígeno específico por conta dos anticorpos, sendo dependente, 
portanto, do complexo antígeno-anticorpo. A proteína C1 é o complexo que permite o início dessa via, se ligando na 
porção constante de IgM ou IgG já produzidos. Ao se ligar com esses anticorpos, uma porção dessa proteína consegue 
realizar a clivagem de C2 e C4, a porção C2a e o C4b se depositam juntos na membrana da célula, formando o complexo 
C3 convertase, clivando o C3 em C3b e C3a, a porção b se associa ao C4bC2a e isso forma o complexo C5 convertase, 
dando continuidade ao mesmo processo que a via alternativa. 
- Via da lectina: reconhece outros tipos de carboidratos (resíduos de manose no terminal de glicoproteínas ou 
glicolipídios microbianos), por meio da enzima MBL (lectina ligante de manose), quando essa proteína reconhece e se 
liga na superfície da bactéria, dois zimogênios, MAPS1 e MASP2 se ligam nela, iniciando a clivagem de C2 e C4, 
iniciando o mesmo processo da via clássica. 
 
Essas vias apresentam cada uma um início diferente, mas que termina culminando na formação de C3 que permite que 
ocorra os eventos finais. O C3b vai permitir a ligação com receptores do complemento o que gera a opsonização e a 
retirada dos imunocomplexos. Os componentes C5b, C6, C7, C8 e C9 garantem a formação do complexo de ataque a 
membrana. Já as porções que não se ligam à membrana da bactéria, mas retornam ao plasma, como a C3a, C4a e C5a 
vão servir como mediadores inflamatórios e garantindo a quimioatração, sendo anafilotoxinas. 
 
Imunocomplexos: são formados a partir de anticorpos que se ligam aos antígenos solúveis resultando na formação de 
redes de imunocomplexos, que podem se depositar na circulação. Para que isso não ocorra, eles precisam ser removidos, 
por conta do complexo antígeno-anticorpo, a via clássica é ativada, mas não forma o MAC, apenas ocorre a opsonização, 
que é a deposição da C3b. Uma vez depositado, essa proteína vai servir como sítios de ligação para os receptores nas 
hemácias (CR1) que carregam esses imunocomplexos até o baço, onde vão ser destruídos pelos macrófagos, sem alterar 
a estrutura e atividade das hemácias. 
 
Esse sistema, para não atuar em nossas próprias células, vai ser impedido por inibidores do complemento, podendo 
estar solúveis ou associados à membrana. A ausência desse sistema complemento ou de seus inibidores apresenta 
relevância clínica. A ausência da via da lectina aumenta a chance de infecções por bactérias, da mesma maneira que a 
falta do C3, outras doenças como lúpus sistêmico eritematoso e angioderma hereditário também estão associados. 
 
Componentes celulares da resposta inata: todos os leucócitos correspondem a esses componentes, são produzidos 
nos órgãos linfóides primários num processo chamado de hematopoiese, que após o nascimento ocorre na medula óssea. 
São originados de uma única célula pluripotente, tronco hematopoética, que ao receber sinais, solúveis ou de membrana, 
vai se diferenciar em progenitor linfoide ou mieloide, o mieloide continua a receber sinais, normalmente solúveis para 
continuar seu processo de diferenciação. 
O mieloide origina as hemácias, plaquetas e leucócitos, que são um grupo que envolve os mastócitos, basófilos, 
macrófagos (sempre se origina do monócito, quando esse entra num tecido), neutrófilos, eosinófilos, células dendríticas 
mieloide e plasmocitoide. A linfoide origina células linfócitos B, T e células inatas (NK e células linfoides inatas, ILCs). 
 
	 10	
 
Eosinófilos: apresenta um núcleo bilobulado com grânulos no citoplasma. Quando ele reconhece uma substância 
estranha, por meio dos PRRs, ele exocita os grânulos, os principais são proteínas catiônicas tóxicas ao patógeno e 
também a nossas células. Apresenta também algumas funções secundárias, secretando mediadores inflamatórios 
(citocinas, quimiocinas) e fatores de crescimentos para estimular a produção de mais células de defesa na medula óssea 
e regeneração do tecido. Essas células são mais especializadas para atacar os vermes, helmintos. 
 
Fagócitos: formado por macrófagos e neutrófilos, essas célulasvão reconhecer o corpo estranho por meio dos 
receptores que reconhecem substâncias na membrana do antígeno para que se inicie o processo da fagocitose Esses 
receptores podem ser o Fc, os receptores para o sistema complemento, receptores Scavenger e outos. Para que a 
fagocitose ocorra, o fagócito deve sofrer um remodelamento do citoesqueleto, tráfico de membranas, aumento da 
migração e motilidade deles, aumento da divisão celular, maturação do fagócito e ativação de mecanismo oxidativos, 
que causam a destruição do patógeno, e para caso não consigam destruir, ocorre a produção de citocinas e quimiocinas 
para atrair mais fagócitos, e caso isso também não ocorra ela processa os antígenos e ativa as respostas adaptativas. 
 
Etapas da fagocitose: Uma vez que o patógeno for reconhecido pelas proteínas de membrana expressa por uma célula, 
ele será fagocitado, ao mesmo tempo, os PAMPs gerados por esse patógeno vão ser reconhecidos pelos PRRs, enviando 
uma sinalização intracelular e produzindo o Rac2. O patógeno fagocitado vai ser encontrado numa bolsa de fagossomo, 
essa vesícula vai se fundir com um lisossomo, grânulo primário e secundário, formando o fagolisossomo. O Rac2 vai 
se juntar com proteínas solúveis e presentes no grânulo secundário, ambas do tipo phox. A junção dessas proteínas 
formam o complexo NADPH oxidase, esse complexo vai causar a quebra da água, formando as EROs (reativos 
intermediário de oxigênio RIOs, Reactive oxigen species ROS). Além disso, o influxo de íons leva à acidificação desse 
meio, ativando ativando proteases, causando a morte do patógeno. Além da acidificação do meio e formação dos RIOs, 
os fagócitos também produzem reativos de nitrogênio, peptídeos antimicrobianos, enzimas e competidores contra ós 
patógenos. 
	 11	
 
- neutrófilos: são produzidos em alta quantidade, mas também morrem muito rápido. São os primeiros a chegar ao 
patógenos, atuando de três maneiras, podem então fagocitar o patógenos, sofrer degranulação (atuando de forma 
semelhante ao eosinófilo, com os grânulos sendo 
liberados e atacando o patógeno) ou também formam 
armadilhas de formação extracelulares (NETs). Os 
grânulos presentes nos neutrófilos são aqueles 
tóxicos aos patógenos e ROS, para tentar matar o 
patógeno, também apresenta citocinas e quimiocinas 
que vão ser liberados para atrair mais fagócitos. Caso 
ele não consiga fagocitar e os grânulos não matarem, 
o neutrófilo morre e lança as NETs (netóse), que são 
fitas de DNA lançadas sobre os patógenos formando 
um rede, impedindo que o patógeno se espalhe, 
dando tempo para a chegada de outras células. 
- macrófago: se encontram apenas nos tecidos, para 
cada tecido recebem um nome (no fígado temos os 
células de Kupffer, no osso temos os osteoclastos, no 
cérebro temos a micróglia entre outros). Sua 
principal função é fagocitar o patógeno e alertar outras células a existência dele (por meio dos mediadores inflamatórios 
e apresentação de antígenos). 
Os macrófagos podem assumir duas formas, o M1 é estimulado por PAMPs e DAMPs que permite a diferenciação do 
monócitos em macrófago 1, que vai apresentar função microbicida, citotóxicas (ROS, NO e enzimas lisossomais) e de 
inflamação (IL-1, IL-12, TNF-alfa e quimiocinas). Essa inflamação vai gerar destruição do próprio tecido, e então entra 
em ação os M2, quando já não estiver mais sendo estimulado por DAMPs e PAMPs, então o monócito se diferencia em 
macrófagos 2 por meio do estímulo de IL-4 e IL-13, que vão atuar então como anti-inflamatório (TGF-β, IL-10) e 
liberando substâncias (Prolina, TGF-β, poliaminas e fatores de crescimento) que estimulam o reparo tecidual, 
angiogênese e fibrose. 
 
Algumas doenças como a doença granulomatosa crônica e a síndrome de Chédiak-Higashi estão relacionados a 
deficiências dos componentes fagocitários na imunidade inata, no primeiro caso, não ocorre a produção de ROS pelos 
fagócitos, no segundo caso, os lisossomos não se fundem adequadamente, em ambos aumenta a chance de infecção por 
fungos e patógenos intracelulares. 
 
Células dendríticas: tem como função 
ativar o sistema adaptativo caso a 
imunidade inata não resolva os 
problemas da infecção. Tem origem na 
linhagem mieloide que origina os 
monócitos, que também podem se 
diferenciar em células dendríticas 
inflamatórios, ou origina os precursores 
comuns das células dendríticas gerando 
então as células dendríticas 
plasmocitoide. 
No tecido sem infecção, a célula 
dendrítica recebe o nome de imatura 
(IDC), possui apenas a função de 
reconhecer os patógenos, fagocitar o 
antígeno e o processar, uma vez que 
isso acontece ela passa por um processo 
de maturação, passando a se chamar 
madura (mDC), que apresenta como função carregar o antígeno, por meio da circulação linfoide, até um órgão linfoide 
secundário, e então o apresentando para os linfócitos T. O linfócito T vai ser apresentado ao antígeno por meio de MHC, 
uma molécula presente na membrana de DC e outras células, essa apresentação fornece o primeiro sinal de diferenciação, 
mas que ainda precisa de moléculas coestimulatórias como a B7, presente na DC, que se liga com a CD28 no linfócito 
T, esse processo permite o segundo sinal, que permite o linfócito T a expressar moléculas CD40L para se ligar com o 
CD40 da mDC, isso fornece um sinal positivo para a mDC a secretar citocinas e induzir a diferenciação do linfócito T 
em subpopulações. 
	 12	
 
PRRs envolvidos na sinalização celular: são usados para diferenciar um comensal de um patógeno, sinalizando para 
que o sistema imunológico seja ativado de forma diferente para cada um deles, da mesma maneira, a resposta é diferente 
dependendo do patógeno estar vivo ou morto. Podem estar presentes nas membranas das células, em vesículas ou 
dissolvidos no citoplasma, a maioria são proteínas do tipo TLR. 
Quando ocorre a presença de 
um pedaço apenas de um 
microorganismo (PAMP) ou 
se esse microorganismo estiver 
morto, para cada situação, a 
resposta imunológica vai 
ocorrer de uma forma diferente, 
mas ainda suave, teremos o 
reconhecimento dos PAMPs e 
a produção de citocinas 
inflamatórias (TNFα e IL-6) 
pelo organismo. Caso o corpo 
estranho seja um comensal, o 
sistema imunológico também 
vai ser ativado, de forma não 
tão suave quanto às presenças 
de pedaços de antígenos ou antígenos mortos, mas também não tão grave quanto ao patógeno em si, nesse caso, o 
organismo reconhece os PAMPs e os vita-PAMPs (substâncias produzidas apenas por um microorganismo vivo e que 
pode ser reconhecido pelo corpo) e também produz essas citocinas inflamatórias, além de produzir IFN-β, gerando uma 
resposta maior. Quando for um patógeno, além de realizar tudo isso, o organismo também vai causar a destruição de 
tecidos ao detectar os fatores de virulência. 
 
Por exemplo, uma bactéria viva, ao ser fagocitada, no fagócito ela vai eliminar certas substâncias que são só produzidas 
durante a vida, como o RNAm, esse molécula vai se juntar com proteínas produzidas constantemente pela células, 
quando isso ocorre, eles causam a eliminação de substâncias que induzem a resposta imunológica. Caso a bactéria estiver 
morta, ela não produz esse RNAm, que não vai se ligar com as proteínas produzidas pelo fagócito, não desenvolvendo 
a resposta imunológica tão intensa. Essas substâncias produzidas pelos organismos vivos são chamados de vitas-DAMP, 
indicadores de vida de um corpo estranho. 
 
Células linfoides inatas – ILCs: essas células são de origem linfoide e são as responsáveis por eliminar certos 
patógenos, como vírus ou bactérias intracelulares, que conseguiram invadir uma célula sem terem sido detectados pelas 
células mieloides do sistema imune inato, para isso, o nosso organismo apresenta essas células linfoides que também 
pertencem ao sistema imune inato mas que demoram mais para serem ativados. 
 
As células linfoides inatas citotóxicas são as células NK, que são, como já dito, de origem linfoide, participam na 
resposta citotóxica (destruindo e matando a célula infectada), importantena resposta imunológica contra infecções virais 
e células tumorais. 
Para diferenciar os linfócitos (TCD4, TCD8, B e NK) podemos usar marcações de proteínas específicas das membranas 
delas, no caso da NK, marcamos o CD56 delas. Existem, no entanto, dois tipos de células NK, temos a CD56 dim 
(citotóxicas), que tem como função atacar e destruir o patógeno, e o CD56 bright (imunomodulatória), cuja função é 
sinalizar e alertar o sistema da presença de agentes estranhos. As células NK, expressam na sua superfície, além do 
CD56, o KIR e NKG2D, que são expressos em quantidades diferentes entre elas mas que servem para reconhecer os 
patógenos. 
	 13	
 
Assim que as NK são produzidas pela medula óssea, elas já entram na corrente sanguínea apresentando os receptores 
NKG2D e KIR, quando o NKG2D se encontra com um ligante, isso indica um sinal positivo para as NKs, o que permite 
o envio de toxinas para matar essa células, quando o KIR se liga isso acaba enviando um sinal negativo, garantindo que 
a célula NK não ataque. Esse ataque só ocorre contra células nucleadas. O que a célula NK reconhece na verdade é o 
número de estímulos positivos ou negativos, caso o primeiro esteja em maior intensidade, a célula NK vai ser induzida 
para atacar e matar a outra, enviando grânulos (diferentes dos eosinófilos), que apresentam algumas substâncias como 
a perforina, Granzina A, Granzina B e Granulisina. 
Quando esse grânulo chega ao patógeno, a perforina vai causar um polimerização na membrana do patógeno, permitindo 
a abertura de um poro, por onde pode entrar as granzinas e as granulisinas para causar uma apoptose dessa célula ao 
ativar as CASPases de dentro dessa célula. O outro efeito, o de imunomodulação, acontece também por meio desses 
receptores, mas pelo CD56 bright, que induz a formação de IFN-gama que promove no macrófago ou neutrófilos a morte 
do vírus intracelular ao invés da célula toda. 
 
É importante entender que esses receptores que estimulam o sinal positivo ou negativo não são iguais aos PAMPs, pois 
esses receptores tem sua expressão mudada quando um patógeno entra na célula, pois o patógeno consegue diminuir a 
expressão dos ligantes negativos ou aumentar a expressão dos positivos. Uma outra diferença é que o NK ao atacar, 
precisa se ligar diretamente membrana com membrana, chamado de sinapse imunológica, esses grânulos são liberados 
diretamente na célula infectada, não causando problemas nas células vizinhas como ocorreria quando os eosinófilos 
atacam. 
 
Outros linfócitos também apresentam resposta inata, chamados de células linfoides inatas não citotóxicas, como por 
exemplo o ILC1, ILC2, ILC3. Cada subtipo dessas células inatas ajudam numa resposta específica para cada tipo de 
patógeno, produzindo citocinas específicas contra eles. O ILC1 reconhece e garante a defesa contra vírus, produzindo o 
IFN-gama, o ILC2 causa resposta imunológica a helmintos e inflamação alérgica pela produção de IL-5 e IL-13, e o 
ILC3 se encontra no tecido linfoide e trabalha na organogênese e barreira intestinal produzindo IL-17 e IL-22. 
 
Além dessas células de origem linfoide, como os linfócitos B1, T γ-δ e NKT de imunidade inata. Os linfócitos B-1 
produzem anticorpos naturais que protegem contra a infecção de Streptococcus, as células T γ-δ, bem como as NKT, 
produzem citocinas rapidamente. 
 
Interferons do tipo I: são uma classe de substâncias para combaterem os vírus, interferindo na replicação deles, os 
mais importantes são o IFN-α e IFN-β. Todas as células nucleadas são capazes de produzir os interferons do tipo I 
quando infectadas pelos vírus, ou seja, quando a célula reconhece o vírus por meio dos PRRs, ela induz eventos 
intracelulares que culminam na produção dos interferons. Essas moléculas saem da célula e se ligam num receptor de 
membrana dela mesmo (ou de outras células) e causam uma cascata de reações que levam a uma inibição da síntese de 
proteínas virais, degradam o RNA viral e inibem a expressão de genes virais para montagem do vírus, impedindo a sua 
replicação. O conhecimento desses interferons pode ajudar n pesquisa de medicamentos que interfiram diretamente na 
replicação viral, o IFN-α, por exemplo, podem ser usados para tratamento da hepatite C e B. 
 
Quando uma pessoa entra em contato novamente com um patógeno, a resposta inata não vai ser igual, pelos menos NK, 
ILCs e macrófagos respondem de forma diferente e mais forte (neutrófilos e eosinófilos mantém a sua resposta na 
mesma intensidade, uma vez que morrem e são substituídos por novas células). Elas não são células de memória, mas 
células de imunidade inata treinada. No primeiro contato com um patógeno, essas células reconhecem o antígeno e 
passa a ser ativada, num segundo contato, durante uma reinfecção, a célula está apta para reagir de modo mais eficiente. 
Isso acontece por meio de regulação epigenética do DNA da célula linfoide inata, a metilação (ou outros processos) das 
histonas afrouxam a molécula de DNA o que permite a sua transcrição, garantindo maiores produções de substâncias 
para atacar os patógenos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
	 14	
Resposta inflamatória e migração celular 
 
Toda resposta imunológica sempre vai gerar uma inflamação, podendo ser localizada e pequena, sem significância ou 
grande, sistêmica com efeitos clínicos gerais. E toda doença sempre causa inflamação (desde uma dor de cabeça até 
doenças psicológicas como depressão e esquizofrenia). 
 
Inflamação é então uma resposta imunológica onde as células e os componentes solúveis iniciam, continuam e finalizam 
o processo imunológico para eliminação de um potencial agente agressor. É um processo extremamente coordenado que 
envolve as células e componentes solúveis. Alguns sintomas acompanham a inflamação como o calor, rubor, edema, 
dor e perda de função (dependendo da extensão dessa inflamação), esses sintomas são os chamados sinais cardinais. 
 
Fatores envolvidos no dano tecidual: Podemos ter fatores endógenos ou exógenos que estão envolvidos no dano 
tecidual e que causam a inflamação. Como fatores endógenos podem ser reações imunopatológicas e distúrbios 
genéticos e neurológicos. Os fatores exógenos podem ser causas mecânicas, físicas, químicas, nutritivo e biológico 
(infecção). 
 
Eventos locais: as células presentes na circulação e os componentes solúveis do sistema imunológico tem acesso aos 
tecidos onde ocorrem um processo inflamatório por meio da migração celular. Uma vez que um local apresenta uma 
destruição de tecido ou célula ocorre a liberação de DAMP, ativando as células residentes (que reconhecem os DAMPs 
por meio do PRR) ou as células NK que reconhecem os receptores positivos e negativos desse local, isso causa uma 
produção de mediadores inflamatórios, causando eventos vasculares como a vasodilatação, aumento da permeabilidade, 
ativação de moléculas de adesão, quimiotaxia, migração de leucócitos e fagocitose (funções efetoras). 
 
A ativação das células residentes ocorre por meio dos receptores de reconhecimento padrão (PRR) presentes no 
citoplasma, associados a vesículas ou soltos no líquido extracelular que vão reconhecer os PAMP/MAMP/DAMP. Isso 
vai induzir nos mastócitos e nos macrófagos a liberação dos mediadores inflamatórios, como histamina, prostaglandinas, 
leucotrienos e fatores de ativação de plaquetas (formados pelo ciclo do ácido araquidônico), além de outras quimiocinas 
inflamatórias, como CXCL8 (IL-8) e também a liberação de citocinas inflamatórias como TNF-α, IL-6β, IL-6, M-CSF, 
IL-12, IL-18. 
 
A liberação desses mediadores como 
prostaglandinas e bradicininas vão causar a dor, a 
presença de quimiocinas inflamatórios e citocinas 
inflamatórias que vão causar a vasodilatação (o 
que fornece o calor e o rubor), além disso, as 
citocinas estimulam as células endoteliais, 
causando uma menor adesão entre elas, 
aumentando a permeabilidade que permite um 
extravasamento do plasma do sangue para o 
tecido, causando o edema, e junto do plasma, as 
moléculas do sistema complemento como a 
pentraxinatambém vazam para o tecido. Além 
disso, o endotélio começa a expressar uma série 
de proteínas e carboidratos para que ocorra a 
adesão (selectinas, integrinas e ligantes) de outros 
leucócitos. 
 
Esses leucócitos que estiverem na circulação vão se aderir ao endotélio por 4 etapas, a adesão fraca, rolamento, ativação 
e adesão firme, um processo chamado de migração celular. 
 
	 15	
No processo de adesão fraca, estão 
envolvidos uma série de ligantes, 
como as selectinas, glicoproteínas e 
integrinas de baixa afinidade, esses 
ligantes vão se ligar com as proteínas 
de membrana dos leucócitos, como 
essa adesão é fraca, eles não vão parar 
de imediato, mas continuam pela 
circulação, sofrendo então o processo 
de rolamento, se ligando e desligando 
com as proteínas de membrana 
seguintes. Então alguns 
quimioatraentes como as quimiocinas, 
C5a e outros vão causar a ativação 
desses leucócitos, ocorrendo mudanças no seu citoesqueleto e transduções de sinais que aumentam a afinidade dele com 
as integrinas (que também passam a ser ativadas) o que causa a adesão forte deles, além disso, ocorre a quimiotaxia 
para a migração nos tecidos. Durante a migração, o leucócito vai ter que se grudar e desgrudar desses receptores, 
mudando a conformação do seu citoesqueleto para que possa entrar no tecido. Ao entrar nele, o leucócito continua 
migrando pelo tecido até o local da lesão ou infecção, onde está ocorrendo a liberação de citocinas e quimiocinas pelas 
células residentes como os macrófagos, isso serve de quimioatração para os leucócitos que seguem na direção desse 
local para combater o problema. 
 
Eventos sistêmicos: podem ser 
perceptíveis ou não, dependendo da 
intensidade. Os mediadores 
inflamatórios vão atuar longe do 
local de onde foram produzidas. 
Podem ocorrer efeitos protetores 
em alguns órgãos, como no cérebro 
(TNFα e IL-6 e IL-1) onde esses 
mediadores vão causar febre (para 
aumentar as reações celulares e 
matar um possível agente 
infeccioso), no fígado (IL-6 e IL-1) 
vão induzir a produção de proteínas 
de fase aguda que vão cair na 
circulação chegando até o local do 
vaso permeável, entrando no tecido 
para combater o patógeno, na 
medula óssea (GM-CSF, TNF, IL6, 
IL1) vão induzir a formação de 
mais leucócitos que vão cair na circulação e seguir em direção do local lesionado. 
Podem, no entanto, ocorrer efeitos patológicos/sistêmicos por causa desses mediadores inflamatórios, quando eles forem 
produzidos em alta quantidade ou por muito tempo. Por exemplo, sistematicamente, o aumento da permeabilidade dos 
vasos (TNF) gerais podem causar um extravasamento do líquido para os tecidos causando o choque quando for em 
muita quantidade, no coração esses mediadores (TNF) causam uma diminuição no débito cardíaco, nos músculos 
esqueléticos, causam resistência a insulina (TNF, IL-1), gerando uma grande perda de proteínas levando um indivíduo 
a caquexia (como ocorre em indivíduos imunodeficientes como no HIV ou em tumores). 
 
A sepse é um exemplo de efeitos sistêmicos da inflamação, nesse caso, uma parte do patógeno ou o próprio patógeno 
ganha acesso à circulação sistêmica (septicemia), isso causa uma ativação (por reconhecimento do PAMP pelos PRRs) 
de todos os macrófagos, que vão começar a produzir os citocinas e mediadores inflamatórias (TNF-alfa, IFN-gama, 
IL-6, IL-8, IL-1beta) dentro do vaso, causando uma coagulopatia por meio da liberação de prostaglandinas, leucotrienos 
e fator plaquetário que causam a deposição de fibrila e coagulação intravascular disseminada, que causa o dano 
endotelial, já promovido pelas citocinas. O dano endotelial generalizado gera aumento da permeabilidade vascular, 
vasodilatação, ativação de leucócitos, hemorragia e febre. Além disso, as citocinas produzidas pelos macrófagos ativam 
o complemento, por C5a e C3a, aumentam a quimiotaxia e inflamação, e a produção de NO, que gera ainda mais dando 
endotelial. Isso tudo vai gerar perda de muito líquido rapidamente, dessa maneira, teremos uma hipotensão e uma 
taquicardia para compensar essa perda de líquido para manter a chegada oxigênio nos tecidos, mas o coração não 
	 16	
consegue manter esse estado por muito tempo, passando a bradicardia, também teremos uma vasoconstrição periférica, 
não chegando mais sangue corretamente a todos os tecidos, começando a ter uma falência múltipla dos órgãos, estado 
mental alterado, causando então o choque séptico e então morte. 
 
Quando a resposta imunológica não é capaz de eliminar o agente causador da doença, ou quando é o próprio corpo que 
está causando a doença (doença autoimune) ou quando um agente é inerte (como uma partícula de areia cai no pulmão), 
o indivíduo entra num estado crônico de inflamação. 
 
Inflamação crônica: o estado crônico é diferente, pois ocorre quando células do sistema imune adaptativo passam a 
participar desse processo, liberando outros fatores inflamatórios, são exemplos de inflamação crônica as infecções virais, 
infecção crônica, dano persistente, doenças autoimune. A inflamação aguda, causada por infecções, toxinas e traumas 
apresentam efeitos vasculares, recrutamento de neutrófilos e a produção de mediadores, com a resolução do processo, 
o tecido não sofre grandes deformações, ocorre a remoção do agente, dos mediadores e células inflamatórias, reparo 
tecidual e celular, com recuperação da função. Normalmente, nesses casos, ocorre a formação de abcessos com pus, que 
são basicamente regiões que apresentam grande quantidade de células do sistema imune inata, que causam a liquefação 
do tecido ao redor por conta dos grânulos liberados, com o tempo isso vai sofrer uma cicatrização e formação de fibrose. 
Na inflamação crônica, causadas por infecções virais, de dano persistente ou de doença autoimune, outras substâncias 
vão ser liberadas pela resposta imune adaptativa, ocorre um aumento da angiogênese, migração e infiltração de linfócitos 
mononucleares no local e principalmente ocorre a formação de muita fibrose no tecido (cirrose hepática ou pulmonar 
por exemplo), gerando perda de função. A fibrose é a substituição do tecido normal por matriz extracelular. 
 
Esses macrófagos ativados vão 
apresentar os antígenos para os 
linfócitos T da imunidade adaptativa, 
que estão sendo atraídos para o local 
onde está ocorrendo a liberação dos 
mediadores inflamatórios por meio 
das células da imunidade inata. Esses 
linfócitos vão começar a assumir o 
papel da inflamação no local, se 
tornando mais especializados como 
Th2, que vão recrutar mais 
eosinófilos (por meio de fatores 
como IL4, IL5 e IL13), ou Th1 e 
Th17, que vão recrutar mais 
neutrófilos (IL17) e mais macrófagos 
(TNF) para o local, e então os 
linfócitos vão induzir a ativação 
desses macrófagos (os monócitos 
que migraram para o local se 
transformaram em macrófagos inativos) por meio de citocinas como IFNγ. Os macrófagos ativados vão produzir 
moléculas de dano tecidual como reativos de oxigênio, proteases, atrair mais neutrófilos (TNF e IL-1), liberar fatores 
de coagulação, fatores lipídicos e NO, além disso, também vão causar a fibrose por meio dos fatores de crescimento, 
citocinas fibrogênicas, fatores angiogênicos e enzimas remodeladoras de MEC. 
Na inflamação crônica atua principalmente os linfócitos e macrófagos, em situações específicas teremos neutrófilos e 
eosinófilos, esse segundo decorre de infecções crônicas por helminto ou em casos como a asma. Na inflamação aguda 
atua principalmente os neutrófilos. 
 
Em algumas situações de inflamações crônicas vão causar certas modificações do tecido como no caso de formação de 
granulomas, induzido pelos linfócitos T, essa estrutura apresenta macrófagos no seu centro, circundados por 
fibroblastos e linfócitos T. Uma outra estrutura formada num processo inflamatório crônico é o órgão linfoide terciário 
ou ectópico, que não apresentam cápsula como o linfonodo, mas que apresentam divisão para linfócitos T (centro 
germinativo) ou B (centro folicular), essas estruturas se formam no órgão queestá sofrendo da inflamação. 
 
 
 
 
	 17	
Resolução: Uma vez eliminado o agente o 
sistema imune atua para regenerar o tecido 
lesado e retomar a homeostase, esse processo 
é chamado de resolução da inflamação. A 
resolução consiste em remover o 
microorganismo, células mortas e restos 
celulares, restaurar a integridade da 
vasculatura e perfusão, regenera o tecido, 
remissão da febre e sintomas e redução da 
dor. 
É iniciado pela mesma célula que começou o 
processo da inflamação, o macrófago 
residente, sem o estímulo de PAMP e 
DAMP, vai começar a produzir citocinas 
anti-inflamatórias (IL10 e TGF-β) e 
substâncias para o reparo tecidual (prolina, 
poliaminas, TGF-β, fatores de crescimento), 
podendo causar fibrose quando for em larga 
escala, além de também produz fatores angiogênicos. 
 
Além disso, também são produzidos mediadores lipídicos para pró-resolução pelo macrófago, esses mediadores são 
em grande parte derivados também do ácido araquidônico, como a lipoxina. Também apresentamos alguns ácidos graxos 
na circulação como o ômega-3 e 6, todos essas substâncias lipídicas servem como substrato para os macrófagos, 
capturando eles da circulação e metabolizando para formar esses fatores pró-resolução, como protectinas, resolvinas e 
maresinas. Cada substância apresenta uma função específica, mas de forma geral, eles vão antagonizar os efeitos pró-
inflamatórios. 
 
Tratamento para inflamação: consiste em 
usar anti-inflamatórios, por exemplo, 
aspirina, diclofenaco (Cataflam), ibuprofeno 
(Advil, Aliviun), nimezulida e 
glicocorticoides, essas substâncias são 
usadas para tratar o sintoma, mas não a 
inflamação em si, a cura para a inflamação 
consiste em eliminar a causa, nem sempre é 
possível como em casos de doenças 
autoimunes. Os anti-inflamatórios não 
esteroidais atuam impedindo a formação dos 
mediadores inflamatórios lipídicos, no ciclo 
do ácido araquidônico, impedindo a 
formação de prostaglandinas e leucotrienos, 
por exemplo, eliminando a dor. O 
glicocorticoide atua também na via de 
formação dos mediadores inflamatórios 
lipídicos ainda no início dela, eliminando, além da dor, os outros sintomas inflamatórios, diminuindo o edema, rubor, 
vasodilatação, no entanto, os glicocorticoides apresentam efeitos extra-imunológicos, gerando consequências aos 
indivíduos, alterações neurológicas, glaucomas, osteoporose e diversos outros sintomas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
	 18	
Imunodeficiências associadas a defeitos em inibidores de complemento 
 
Angiodema hereditário: é uma doença caracterizada pela formação de edema não-inflamatório da derme profunda ou 
de tecidos subcutâneos ou submucosos. É resultado da vasodilatação e do aumento da permeabilidade vascular. Pode 
ser classificado em três tipos, o do tipo I, causada por uma deficiência em C1-INH, a do tipo II, causado por uma 
disfunção do C1-INH e o tipo III, mais raro, em que os níveis de C1-INH estão normais. 
 
A causa para o angiodema hereditário é a mutação no gene SERPING1 que produz o inibidor de C1 esterase (C1-INH). 
As concentrações plasmáticas dessa proteína se encontram reduzidas (tipo I) ou defeituosas (tipo II) nessa doença e, 
dessa forma, a ativação de C1 por imunocomplexos não é adequadamente controlada, ocorrendo a clivagem aumentada 
de C4 e de C2. O C1-INH promove a formação aumentada de bradicinina, que é um fragmento proteolítico de C2 e é o 
principal mediador do angiodema hereditário, pois aumenta a permeabilidade vascular, já que diminui as junções 
endoteliais. A bradicinina também pode se encontrar aumentada em decorrência de uma mutação no gene F12, que 
resulta na produção do fator XII aumentado, esse fator está envolvido na produção de bradicinina, relacionado com o 
tipo III da doença, mais raro, e ainda pouco estudado. 
 
Os sintomas dessa doença incluem episódios recorrentes de edema mediados pela bradicinina, envolvendo a pele e a 
submucosa de diversos órgãos, sendo que as regiões mais afetadas são a face, braços, pernas, mãos, pés, genitália, 
abdome, orofaringe, laringe e sistema digestório. Pode apresentar também quadros de dor abdominal, vômitos, diarreia 
e obstrução aérea com potencial risco de morte. 
 
O diagnóstico consiste em realizar uma dosagem do nível sérico de C4 que, geralmente, se encontra abaixo do normal, 
pela determinação da quantidade de C1-INH ou de sua atividade. Por fim, podemos realizar uma análise do gene 
SERPING1 que codifica a C1-INH, nos casos de diagnóstico indefinido ou para fins de pesquisa. 
 
O tratamento para o angiodema hereditário pode ser feito pela administração de inibidores de C1 derivados do plasma, 
como alguns fármacos (ecallantide ou icatibanto) para crises agudas. Se nesses crises aguda as vias aéreas também 
estiverem comprometidas pode ser administrado adrenalina, as vezes entubação endotraqueal. O uso de alguns 
analgésicos, antieméticos e a reposição de líquido podem ser usados para aliviar os sintomas. A profilaxia a curto prazo 
é indicada antes de procedimentos de alto risco quando os inibidores de C1 não estiverem disponíveis, nesse caso, é 
possível fornecer andrógenos atenuados. 
 
Hemoglobinúria paroxística noturna: é uma doença caracterizada por anemia hemolítica crônica adquirida e 
hemoglobinúria. É considerada um defeito mutacional clonal da célula-tronco hematopoética (CTH). 
 
As causas decorrem de uma expansão clonal não-maligna de uma ou mais células-tronco hematopoéticas que adquirem 
mutações somáticas no gene PIG-A. Esse gene é responsável pela síntese de âncoras de glicosil-fosfaditilinositol (GPI), 
responsável por manter aderidas à membrana plasmática dezenas de proteínas com funções específicas, entre elas, a 
CD55 e a CD59, importantes proteínas regulatórias do complemento presente na superfície de eritrócitos. CD55 é um 
inibidor de C3, enquanto que o CD59 é um inibidor da formação de poros no complexo de ataque a membrana pelo C9. 
Como consequência, as células ficam suscetíveis à ativação pelo complemento, levando à hemólise intravascular 
contínua. 
 
Os sintomas envolvem uma ampla hemólise intravascular, gerando grandes quantidades de hemoglobina livre e arginase 
eritrocitária no plasma, que depletam o NO, pois a hemoglobina apresenta alta afinidade por NO, que o retira da 
circulação e a arginase diminui o nível de arginina, necessário para a síntese de NO. A depleção tecidual de NO se 
manifesta clinicamente como astenia, dor abdominal, espasmo esofagiano, disfagia, impotência sexual masculina e 
possivelmente trombose. A hemólise crônica acarreta em uma letargia, astenia, mialgia difusa e perda da sensação de 
bem-estar. Também pode haver deficiência de ferro em decorrência da perda de hemossiderina e hemoglobina. A 
hemoglobinúria (que promove uma urina marrom-escura) ocorre durante os surtos de hemólise intravascular aguda. 
 
O diagnóstico pode ser feito por um teste de hemolisina ácida (teste de Ham), por um teste de lise por sacarose, um teste 
da sensibilidade à lise por complemento e por citometria de fluxo para avaliação de CD55 e CD59. 
 
O tratamento envolve a reposição de ferro e de folatos, transfusões sanguíneas, fornecimentos de anticoagulantes (para 
evitar trombose), pode ser utilizado corticoesteróides e andrógenos, eculizumab (anticorpo monoclonal que se liga em 
C5 inibindo a sua ativação) ou um tratamento com imunossupressor ou transplante de células tronco hematopoéticas 
alogênicas (TCTHa). 
 
	 19	
Estudo dirigido 1 – imunidade inata, inflamação e migração celular 
 
Caso 1 
Ricardo, um garoto de 16 anos, trabalhou durante suas férias ajudando seu pai a cuidar do jardim de sua casa. 
Seu trabalho consistia em recolher as folhas caídas e em espalhar fertilizante (esterco animal) ao redor de alguns 
arbustos e árvores. No final de seu período de férias, ele começou a apresentar dificuldades respiratórias, tosse 
persistente e dor no peito. Devido às dificuldades respiratórias ele foi admitido em um hospital. Um exame 
radiológico (RX-tórax) foi realizado no qual foi observadoa presença de grandes densidades parecidas com 
"bolas de algodão" nos dois pulmões. Uma das lesões foi aspirada, analisada e revelou a presença de hifas de 
Aspergillus fumigatus. Ricardo foi internado e começou a ser tratado com anfotericina B intravenosa. Após o 
início do tratamento ele apresentou melhoras nos sintomas respiratórios, mas durante o período de internação 
adquiriu outras duas infecções pulmonares, causada por Pseudomonas aeruginosa e Streptococcus faecalis, que 
foram tratadas com antibióticos apropriados. Durante o período de estadia no hospital, Ricardo realizou uma 
série de exames. Seu hemograma apresentou um pequeno aumento no número de leucócitos (11500/μL [normal 
5000-10000/μL]), com contagem diferencial apresentando valores normais. O nível de seus anticorpos séricos 
também estava dentro dos valores normais. O médico, entretanto, notou a presença de uma série de lesões na 
pele de seu tronco, assim como algumas lesões em suas gengivas (abscessos). Como os exames não revelaram 
alterações no número de células do sistema imunológico, e devido às características das lesões, foi realizado um 
exame funcional, para verificar a capacidade de produção de espécies reativas de oxigênio (ROS) pelos 
neutrófilos do sangue periférico de Ricardo: o teste de NBT (teste de nitro-azul de tetrazólio), que demonstrou a 
incapacidade dos neutrófilos produzirem ROS. Após obter esses resultados o diagnóstico de Doença 
Granulomatosa Crônica (DGC) foi estabelecido, e Ricardo começou a ser tratado com injeções de Interferon-
gama (IFN-gama), que resultaram na melhora de seu quadro clínico. 
 
Interpretação do caso: o paciente é do sexo masculino, jovem, que apresentou sintomas relacionados com o aparecimento 
de um fungo oportunista, indicando o caso de uma imunodeficiência, após ter sido tratado, começou a apresentar outras 
infecções, dessa vez por bactérias, também do tipo oportunistas. Após feitos alguns exames, observou-se que o 
hemograma do Ricardo estava normal, bem como o nível de anticorpos séricos, indicando que ele não entrou na resposta 
adaptativa ainda. O médico também constatou a presença de de manchas vermelhas, fechando o diagnóstico diferencial 
da doença em DGC, uma doença caracterizada pelo defeito na imunidade inata em que não há produção o suficiente de 
ROS pelos neutrófilos 
 
Questões para discussão. 
1- A DGC é uma imunodeficiência congênita caracterizada pela ocorrência repetitiva de infecções, e à 
formação de estruturas conhecidas como granulomas. Como e em que situações são formados os 
granulomas? 
Os granulomas são característica de uma doença inflamatória crônica, quando ocorre ativação da resposta 
adaptativa para que ocorra a eliminação do corpo estranho (pode ser um patógeno, microorganismo comensal, 
partícula inorgânica ou qualquer outra elemento que pode causar essa situação). Essa resposta adaptativa ativa 
linfócitos Th1 que ativam os macrófagos, que continuam chegando no local onde esta ocorrendo a infecção, 
mas não consegue eliminar o patógeno quando o fagocita, dessa maneira, o processo inflamatório contínuo 
formado por linfócitos e macrófagos que provoca lesão do tecido resultando em fibrose. O granuloma é essa 
estrutura imunológica que serve para isolar uma partícula estranha, sendo formado por macrófagos no centro 
desse granuloma, que tentam destruir o que estiver ali, esses macrófagos podem se fundir formando as células 
gigantes, ao redor deles teremos o linfócito T, que forma uma espécie de capa ao redor dos macrófagos, é esse 
linfócito quem mantém a estrutura do granuloma coesa por meio de citocinas liberadas, como o TNF (fator de 
necrose tecidual), recrutando os monócitos para os tecidos, e estes se diferenciam nos macrófagos quando o 
linfócito T libera o IFN-gama. Ao redor dos linfócitos, ainda teremos os fibroblastos. 
 
2- A DGC pode ser causada pela mutação de diversos genes, mas que de modo geral resultam na diminuição, 
ou incapacidade na produção de Espécies Reativas de Oxigênio. Como isso interfere com a resposta 
imunológica? De que forma isso se relaciona aos sintomas apresentados por Ricardo? 
As espécies reativas de oxigênio são produzidas pelos fagócitos (principalmente macrófagos, mas também 
neutrófilos) nas vesículas dos fagolisossomos por meio do sistema complexo NADPH oxidase, que servem para 
matar o patógeno. A deficiência na produção dos ROS decorre de um defeito genético em que há uma má 
formação desse complexo por uma mutação em algum gene responsável por alguma parte desse sistema, 
dependendo de qual gene está mutado partes diferentes do complexo vão ser afetadas, e isso pode causar 
diferentes graus de gravidade, como por exemplo, ocorre apenas uma diminuição da produção de ROS, ou 
simplesmente não se é produzido nada, sendo bem grave. Nesse caso apresentado, Ricardo apresenta apenas 
	 20	
uma diminuição da produção de ROS, pois caso ele não produzisse ele apresentaria os granulomas nos primeiros 
dias de vida, pois não estaria conseguindo combater nenhum tipo de patógeno que o invade. A DGC está 
associada portanto com um defeito da resposta inata, afetando principalmente os neutrófilos que são os 
primeiros que chegam ao tecido para combater o patógeno, não conseguindo, o sistema adaptativo é ativado, 
chegando os macrófagos para tentar assumir a função microbicida. Como os macrófagos também não 
conseguem, ocorre a formação do granuloma e formação de fibrose ao redor dessa estrutura. Nesse caso, as 
infecções ocorrem no pulmão do paciente, se justificando a dificuldade respiratória e dor no peito. 
 
3- Qual a explicação para o fato de o tratamento com IFN-gama ter resultado na melhora clínica de 
Ricardo? 
O IFN-gama são produzidos pelos linfócitos T, apresentando função diferente do IFN que ataca os vírus, o IFN-
gama é usado para estimular a produção de mais espécies reativas de oxigênio pelos fagócitos, estimulando a 
ativação da NADPH oxidase (aumenta a transcrição do gene que codifica a proteína phox-91, formadora de 
parte da estrutura do NAPDH oxidase). Uma vez que esse paciente consegue produzir ERO, mas em baixa 
quantidade, o IFN pode ser usado para estimular a produção, tentando então destruir o patógeno. Se o paciente 
possuir um defeito em uma subunidade vital para o funcionamento do complexo enzimático para a produção do 
ERO, não adianta fornecer o interferon gama. 
 
Caso 2 
Catarina teve desenvolvimento e saúde normal até seus 8 anos de idade quando começou a apresentar episódios 
recorrentes de febre e cansaço. Também começou a apresentar dificuldade para levantar-se da cama pela manhã, 
alegando que todo o seu corpo estava dolorido. Seus pais também notaram que manchas avermelhadas apareciam 
em seus braços e ombros durante os episódios de febre. Após mais de uma semana apresentando estes sintomas, 
os pais de Catarina, preocupados, levaram-na a um pediatra. Apesar de Catarina não estar apresentando febre 
ou exantema, o pediatra notou no exame físico que várias articulações da menina estavam inchadas, e doloridas 
quando movimentadas. O médico inicialmente suspeitou de infecção por parvovírus e solicitou a sorologia para 
a doença (além de outros exames) e receitou ibuprofeno e paracetamol para resolução dos sintomas. 
 
No retorno, os pais de Catarina relataram que ela havia apresentado durante a semana vários episódios de febre 
(2 vezes ao dia), dores articulares e exantema. A sorologia para parvovirose apresentou resultado negativo. Além 
do resultado da sorologia, os resultados de outros exames laboratoriais haviam ficado prontos: Contagem de 
leucócitos totais era de 12500/µL (normal = 4000 a 11000/µL); hemoglobina era de 10g/dL (normal = 11,5 a 
14,8g/dL). A Velocidade de Hemossedimentação (VHS) também estava elevada (82mm/hora; normal = até 
13mm/hora). Ela então foi internada no hospital local para investigação adicional. 
 
No hospital, outras sorologias para doenças infecciosas foram realizadas, todas com resultado negativo. Catarina 
continuou a apresentarepisódios intermitentes de febre e as enfermeiras relataram a ocorrência de exantema 
avermelhado durante esses episódios (figura 1). Além disso, a garota continuou a apresentar dificuldades de 
movimentação durante o período da manhã (mas sem problemas durante o resto do dia). Um reumatologista foi 
chamado para acompanhar o caso, notando inchaço nas articulações e diminuição de movimentos em seus 
tornozelos, joelhos e pulsos. Novos exames de sangue revelaram que seu número de leucócitos continuava elevado 
(principalmente de neutrófilos com desvio à esquerda), assim como o VHS. Os níveis de Proteína C Reativa (PCR) 
também se apresentavam elevados (28mg/dL; normal = 0,1mg/dL), assim como os níveis de ferritina (1949 
ng/mL; normal = 7 a 142 ng/mL). Os níveis de transaminases, eletrólitos, creatinina e imunoglobulinas estavam 
normais. Exames para detecção de anticorpos anti-antígenos nucleares (ANA), foram negativos, assim como para 
fator reumatoide. 
 
Tendo em vista os sintomas, exame físico e resultados laboratoriais o médico fechou o diagnóstico de Artrite 
Idiopática Juvenil (AIJ), iniciando o tratamento com indometacina (1mg/kg) 2 vezes ao dia e prednisona (30mg 
- 2 vezes ao dia). Catarina melhorou significativamente após 2 dias de tratamento e recebeu alta. Ela prosseguiu 
o tratamento com o reumatologista pelos próximos meses, apresentando melhoras. Porém, quando a dose de 
glicocorticoide foi diminuída (10mg/dia), os episódios de febre, exantema e dor retornaram. As doses de 
prednisona foram aumentadas, além de iniciar o tratamento com metotrexato (20mg/semana). Após algumas 
semanas como o novo tratamento, o glicocorticoide foi removido gradativamente, continuando somente com o 
metotrexato, sem retorno dos sintomas. 
	 21	
 
Figura 1: Aspecto clássico do exantema intermitente que 
ocorre associado aos episódios de febre em casos de AIJ. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Questões para discussão: 
1- A que processos podem ser associados os sintomas apresentados por Catarina (febre, dor, exantema, 
inchaço de articulações)? 
Esses processos estão associados à inflamação. A dor é explicada pela ativação dos mastócitos e macrófagos no 
epitélio, principalmente os macrófagos, que estão produzindo prostaglandinas e bradicininas no local da 
inflamação. O exantema é causado pelo aumento do fluxo sanguíneo por histaminas, leucotrienos e 
prostaglandinas, as quais promovem vasodilatação, que é produzida também por macrófagos. O edema/inchaço 
de articulações é causado pelo aumento da permeabilidade do endotélio vascular, permitindo o extravasamento 
de líquidos e proteínas para o espaço extravascular, sendo ativado por mediadores inflamatórios, produzidos 
pelos macrófagos ativados. A febre é uma consequência dos eventos sistêmicos dos mediadores inflamatórios 
(TNF, IL-1, IL6), que atuam no cérebro gerando o aumento da temperatura corporal para ganho na atividade de 
algumas enzimas. 
 
2- Como se explicam os resultados obtidos nos testes laboratoriais realizados em Catarina: 
a) Neutrofilia com desvio à esquerda; Ocorre por aumento da produção de neutrófilos, o que indica um 
processo inflamatório agudo, esse exame pode ser identificado pelo hemograma. O desvio à esquerda indica 
que existem neutrófilos imaturos na circulação, que aparecem na forma de bastonete quando imaturos. A 
presença de neutrófilos imaturos ocorre devido a um recrutamento aumentado deles, devido aos mediadores 
inflamatórios. Também são liberados pelos macrófagos os fatores de crescimento, que estimulam a 
diferenciação de células na medula óssea, aumentando a sua produção. 
b) Elevação de PCR; o PCR é um tipo de PRR solúvel, indicador de uma resposta aguda. Tem como função 
de se ligar em um patógeno e destruir sua membrana por lise osmótica. Ela aumenta quando há mediadores 
inflamatórios (IL-6) que atuam no fígado estimulando sua produção. 
c) Aumento do VHS; VHS significa velocidade de hemossedimentação. Indica o aumento de fibrinogênio 
produzido no fígado na circulação, que também é uma proteína de fase aguda, além de ser um fator de 
coagulação. Esse aumento ocorre para que caso ocorra lesão, o vaso rapidamente coagule. O fibrinogênio tem 
carga positiva e as hemácias tem carga negativa, quando in vitro, as hemácias e o fibrinogênio se atraem para 
haver neutralização das cargas, quando isso ocorre, as hemácias conseguem se juntar mais, ficando mais pesadas, 
se depositando mais rapidamente, dessa maneira, em um processo inflamatório, o VHS aumenta. 
d) aumento de ferritina. A ferritina também é uma proteína de fase aguda produzida pelo fígado que sequestra 
o ferro e se deposita nos macrófagos. A importância disso é que o ferro é um substrato importante para bactérias 
crescerem, um nutriente essencial para uma grande quantidade delas. Esse armazenamento de ferro prolongado 
pode levar a uma anemia, se há aumento de ferritina, a produção de hemácias é reduzida. 
 
3- Tendo em vista que muitos casos de AIJ é causada por polimorfismos gênicos que resultam no aumento 
da produção de citocinas como IL-1beta e IL-6, qual(is) tratamento(s), além do tratamento convencional 
(com anti-inflamatórios), poderia ser aplicado em Catarina. Podem ser fornecidos medicamentos 
imunobiológicos que são capazes de bloquear as atuações de citocinas específicas, podendo tanto bloquear as 
citocinas ou os receptores dessas citocinas. 
 
 
 
 
 
	 22	
Reconhecimento antigênico 
 
O princípio básico da resposta imune está entre reconhecer o que é o próprio e o que não é, por meio dos receptores 
moleculares, para gerar uma resposta imunológica. A resposta inata depende de receptores de rápida identificação como 
TLR, MANR, CD14 e SCAVENGER utilizado pelos neutrófilos, macrófagos e DC, capazes de reconhecer PAMPs e 
DAMPs. Já a resposta adaptativa é mais demorada, e atua quando a resposta inata não é o suficiente para combater o 
antígeno utilizando receptores de célula B (BCR) e receptores de célula T (TCR). A resposta adaptativa só consegue 
ocorrer caso a resposta inata foi capaz de reconhecer o antígeno previamente. 
 
As células B/linfócito B apresentam como receptores para reconhecer um antígeno o BCR, constituída por uma unidade 
de imunoglobulina (Ig), que contém duas cadeias compridas e duas cadeias curtas pareadas entre si. A porção mais distal 
se apresenta como um braço ou fenda, que reconhece porções do antígeno por encaixe das porções dele, esse 
reconhecimento é direto, ou seja, depende da forma do patógeno (membrana, parede celular, cápsula, flagelo). 
Já as células T/linfócitos T apresentam como receptores o TCR, formada por duas cadeias polipetídicas, que apresenta 
uma fenda pequena e específica, incapaz de fazer reconhecimento do antígeno direto e por completo, reconhecendo 
apenas pequenos fragmentos desses patógenos, se ligando a esses pequenos pedaços, que foram originados pela 
degradação do antígeno maior, e que vai ser formado e apresentado por células específicas a essas funções, chamadas 
de células apresentadoras de antígenos (APC). Essa célula engloba o antígeno (pinocitose, fagocitose e outros 
mecanismos), e então, por meio de uma maquinaria vai conseguir degradar e processar o antígeno, levando os 
fragmentos para a superfície da membrana da célula por meio de moléculas especializadas para esse transporte, esses 
transportadores são chamadas de MHC (moléculas de histocompatibilidade), um conjunto de proteínas comuns a todas 
as células nucleadas. Uma vez colocados na superfície, a APC se torna visível para que seja reconhecimento das células 
imunes por conta do seu MHC modificado. 
 
A célula B, através de seu receptor de reconhecimento de antígenos, BCR, consegue reconhecer um PAMP e então passa 
a produzir anticorpos (também imunoglobulinas, mas que se encontram solúveis ao invés de estar associada a sua 
membrana) que se ligam e reconhecem o antígeno. 
As células T não apresentam esse processo de reconhecimento direto, precisando então da atuação das APC, essas duas 
células se conectam

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