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GRADUAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL CINTIA CIBELE GREGÓRIO DE VASCONCELOS CRISIANA DA SILVA MARTINS SABRINA SOUSA DA SILVA THAÍS JESUÍNO DOS ANJOS VITÓRIA ALCÂNTARA ARAÚJO A ASSISTÊNCIA SOCIAL E SEUS DESAFIOS: O IDOSO E O ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA NOS DIAS ATUAIS FORTALEZA/CE 2020 CINTIA CIBELE GREGÓRIO DE VASCONCELOS CRISIANA DA SILVA MARTINS SABRINA SOUSA DA SILVA THAÍS JESUÍNO DOS ANJOS VITÓRIA ALCÂNTARA ARAÚJO A ASSISTÊNCIA SOCIAL E SEUS DESAFIOS: O IDOSO E O ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA NOS DIAS ATUAIS Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade Paulista – UNIP, para a obtenção do título de Bacharelado em Serviço Social. Orientadora: Profª Mestre Eugenia Celia Cialdine Arruda FORTALEZA/CE 2020 CINTIA CIBELE GREGÓRIO DE VASCONCELOS CRISIANA DA SILVA MARTINS SABRINA SOUSA DA SILVA THAÍS JESUÍNO DOS ANJOS VITÓRIA ALCÂNTARA ARAÚJO A ASSISTÊNCIA SOCIAL E SEUS DESAFIOS: O IDOSO E O ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA NOS DIAS ATUAIS Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade Paulista – UNIP, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharelado em Serviço Social. Orientadora: Profª Mestre Eugenia Celia Cialdine Arruda Aprovado em ______/_______/_______. ATA AVALIADORA ______________________________________________ Prof. Ma. Eugenia Célia Cialdine Arruda Universidade Paulista – UNIP ______________________________________________ Prof. Esp. Ana Lysia Mouta da Silva Universidade Paulista – UNIP ______________________________________________ Prof. Esp. Marcela Barroso Maciel Universidade Paulista- UNIP Primeiramente a Deus, que nos momentos de angústia derramou sobre nós, serenidade, paciência e perseverança para superar os obstáculos presentes nessa caminhada. Aos meus amigos(as) que esteve presente em toda essa trajetória. Aos nossos familiares que esteve conosco nos momentos mais difíceis, nos apoiando e aguentando a nossa ausência junto as famílias. As pessoas mais que especial, pais, filhos, cônjuges e namorados que nos apoiaram, nos deu forças e fez de tudo para que este momento fosse concretizado. Aos idosos que foram e são vítimas de violência e necessitam de maior sensibilização. E, também, a nossa orientadora, pela disponibilidade, dedicação e paciência com que nos orientou. AGRADECIMENTOS A todos aqueles que contribuíram, de alguma forma, para a realização deste trabalho. A todos que participaram, direta ou indiretamente do desenvolvimento deste trabalho de pesquisa, enriquecendo o nosso processo de aprendizado. Às pessoas com quem convivi ao longo desses anos de curso, que nos incentivaram e que certamente tiveram impacto a nossa formação acadêmica. A todos muito obrigada! Fazer as mesmas coisas todos os dias e esperar resultados diferentes é a maior prova de insanidade. (Albert Einstein) https://www.pensador.com/autor/albert_einstein/ RESUMO O arcabouço teórico utilizado para compor as ideias desta pesquisa, que versam sobre a violência contra a pessoa idosa, propõe assegurar a elaboração da temática, uma questão social desafiadora para o profissional de Serviço Social e que necessita ser trabalhada em nossas políticas públicas. O objetivo geral da pesquisa é demonstrar a violência contra a pessoa idosa, assim como também, os tipos de abuso e seus agressores. A violência está inserida em nossa sociedade tomando espaço e atingindo principalmente os componentes mais acometíveis, estando a pessoa idosa perfazendo parte desta estatística. Para tanto, observaram- se essas conjunturas, a fim de demonstrar os diversos fatores que incentivam sua ocorrência, intencionando apresentar os métodos para a proteção do idoso. Assim, as dificuldades que os idosos enfrentam, aliadas à precariedade de recursos públicos disponíveis, tornam difíceis as denúncias e a solução do problema da violência. A consulta e o estudo da referida bibliografia ressaltam que a violência contra a pessoa idosa, seja mulher ou homem, encena em diversas manifestações que se expandem no sentido de uma simples ofensa verbal, até a agressões físicas e psicológicas, gerando sequelas de natureza grave ou incapacitante e, até mesmo, levando o idoso a óbito. Consequentemente, intrínsecos o poder público, a sociedade e as políticas públicas elaboradas ainda divergentes e deficientes, quando referidas à proteção a pessoa idosa, permitem que seus maiores agressores sejam os próprios familiares e cuidadores. Dessa forma, considera-se um problema sociojurídico, pelo fato de o idoso não formalizar a denúncia contra aqueles que deveriam resguardar sua integridade. A problemática se alastra e as pesquisas cada vez mais renascem na sensação de que em breve essa destreza intolerante logo terá o seu fim. Ao final, concluímos que violência contra a pessoa idosa se trata de uma questão de caráter absolutamente complexo e de nível social que circunda múltiplas variáveis, sendo assim, busca-se advertir a sociedade e as autoridades competentes na atualização e adaptação das políticas públicas que assegurem a proteção e os direitos da pessoa idosa. Palavras chave: Violência. Proteção aos idosos. Família. Instituições. Idoso. Desafio. Serviço Social. Respeito. https://www.sinonimos.com.br/incentivam/ ABSTRACT It will present the theme: Violence against the elderly, bibliographies were used to compose the idea, which are mentioned in order to ensure the elaboration of the theme, a social issue to be worked on in our public policies and which becomes a great challenge for the Social Work professional. Objective: Demonstrate violence against the elderly: types of violence and their aggressors. Violence is inserted in our society taking space and affecting mainly the most affected components and the elderly person being part of this statistic. Therefore, in order to analyze violence against the elderly, demonstrate the various factors that encourage the occurrence of this type of violence and methods for protecting the elderly. Thus, these difficulties that the elderly face, combined with the precariousness of public resources available, make denouncing and solving the problem of violence against the elderly difficult. Results: The referred consulted and analyzed bibliography emphasizes that violence against the elderly is a woman or a man, stages in several manifestations in which it expands towards a simple verbal offense even to physical and psychological aggressions, generating sequels of a serious or disabling nature and even leading the elderly to death. Consequently, the public authorities, the society and the public policies elaborated that are still divergent and deficient, when referring to the protection of the elderly, allow their greatest aggressors to be their own family members and caregivers. Thus, it is considered a socio-legal problem, due to the fact that the elderly do not formulate the complaint against their closest ones, the problem is spreading and research is increasingly reborn in the feeling that this intolerant dexterity will soon end. Conclusion: Violence against the elderly is an issue of an absolutely complex character and of a social level that surrounds several variables, therefore, it seeks to warn society and the competent authorities in updating and adapting public policies that ensure the protection and the rights of the elderly. Key words: Violence. Protection for the elderly. Family. Institutions. Old man. Challenge. Social service. Respect LISTA DE ABREVIATURA E SIGLASDTSs Doenças Sexualmente Transmissíveis FGV Fundação Getúlio Vagas – Centro de Política Social FGE Fundo de Garantia a Exportação IPTU Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada INSS Instituto Nacional do Seguro Social LOAS Lei Orgânica da Assistência Social MDS Ministério do Desenvolvimento Social MOBRAL Movimento Brasileiro de Alfabetização OMS Organização Mundial da Saúde ONG Organização Não Governamental PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PNI Programa Nacional de Imunizações RNE Relatório Nacional sobre Envelhecimento http://www.blog.saude.gov.br/index.php/entenda-o-sus/50027-programa-nacional-de-imunizacoes-pni SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 07 2 METODOLOGIA.............................................................................................. 09 3 OS ENVELHECIMENTOS E SEUS PERCALÇOS.......................................... 10 3.1 Rendimentos destinados aos idosos........................................................... 11 3.2 Os direitos cruciais na Constituição Federal de 1988................................. 12 3.3 O Estatuto do Idoso (LEI 10.741/03) conhecendo a lei................................ 14 3.4 Vida, Liberdade, dignidade, respeito............................................................ 15 3.5 Direito à saúde................................................................................................ 17 3.6 Transporte....................................................................................................... 19 4 SOCIEDADE, CULTURA E ENVELHECIMENTO........................................... 21 4.1 O envelhecimento na sociedade.................................................................. 21 4.2 Os Idosos na contemporaneidade............................................................... 26 4.3 Idoso no meio familiar e na sociedade.......................................................... 32 5 A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL JUNTO AO IDOSO......................... 41 5.1 O Idoso............................................................................................................ 41 5.2 O Trabalho do Serviço Social e o direito do idoso....................................... 42 5.3 Políticas sociais e o idoso............................................................................. 46 5.4 Programas e trabalhos sociais junto ao idoso............................................. 48 5.4.1 Programas voltados para idosos, fazendo valer a lei e o seu cumprimento.................................................................................................. 48 5.4.2 A situação social no Brasil............................................................................ 51 5.4.3 Os quatro principais programas sociais no para idosos no Brasil............. 53 5.4.4 Violência contra o idoso: o que fazer quando a confiança é quebrada?.... 54 6 VIDA SEXUAL, ABUSO PSICOLÓGICO, FINANCEIRO, CONVÍVIO RESIDENCIAL E SUICÍDIO ENTRE IDOSOS................................................ 56 6.1 Bens direitos e benefícios............................................................................. 59 6.2 O idoso dentro de casa e o que se passa em seu convívio.......................... 60 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. 62 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 66 7 1 INTRODUÇÃO O crescimento acelerado da população idosa no Brasil nos faz refletir sobre os direitos fundamentais de todos os seres humanos vistos na Constituição Brasileira. Embora, em algumas situações, o próprio ser humano não respeite alguns destes direitos no cuidado com os idosos, estes direitos existem e devem ser levados a sério. O aumento do envelhecimento não ocorre somente no Brasil, pois a violência contra o idoso configura-se um acontecimento mundial. São apresentadas. várias formas desta expressão de questão social em nossa sociedade, desafiando os profissionais das áreas voltadas ao idoso, como por exemplo, os profissionais de Serviço Social. Nesta pesquisa bibliográfica, tomamos por base o Estatuto do Idoso, Lei no 10.741, de 1º de outubro de 2003 integrando 118 artigos, os quais citam várias questões de sofrimento e angústia vivenciadas pelos idosos, tentando garantir melhora na sua qualidade de vida. O texto trata dos direitos fundamentais que todos os idosos possuem, como a liberdade, vida, respeito, alimentos, dignidade, direito à saúde, obrigações familiares e sociais, dando proteção contra o abandono, negligência, defesa física e moral, dentre outros. (BRASIL, 2003) O avanço da idade muitas vezes impõe certas limitações tornando-se necessário um cuidador, podendo ser um familiar ou não, com a finalidade de acompanhar o idoso no desempenho de suas atividades diárias, desde a medicação até a higiene pessoal, fazendo com que a qualidade de vida dessas pessoas melhore. Dentre os desafios de envelhecer no Brasil consta a busca pela execução de políticas sociais eficazes no atendimento desse crescente segmento de indivíduos, que requerem atendimento especializado segundo suas características, no qual sua autonomia deve prevalecer nas tomadas de decisão. http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2010.741-2003?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2010.741-2003?OpenDocument 8 Os estudos sobre idosos são recentes e tendem a aumentar porque estes estão ganhando visibilidade social cada vez maior. Um dos aspectos dessa crescente visibilidade é numérico por conta do crescimento da taxa de idosos inseridos em grupos familiares, considerando que atualmente no Brasil tem mais de 28 milhões de idosos, número que representa 13% da população do país. E esse percentual tende a dobrar nas próximas décadas, segundo a Projeção da População, divulgada em 2018 pelo IBGE. (PERISSÉ e MARLI,2019) Torna-se de fundamental importância a efetivação de políticas públicas que venham garantir os direitos de proteção social desse segmento populacional. 9 2 METODOLOGIA Neste estudo optou-se em realizar revisão de leituras bibliográficas, artigos, livros e sites, governamentais e de pesquisas. Segundo Minayo (2001), pesquisa bibliografia é uma forma de teorias que norteiam o trabalho científico. O termo utilizado para a busca dos textos foi Violência Contra Idosos. Utilizou-se como metodologia para essa pesquisa analisar esta questão social, infelizmente presente em nossa sociedade e que se torna um desafio para o profissional de Serviço Social. A revisão bibliográfica consiste na procura de referências teóricas para análise do problema de pesquisa e a partir das referências publicadas trazer as contribuições científicas ao assunto em questão. Na primeira etapa, procura-se entrar em contato com os textos em sua totalidade, para em seguida realizar uma leitura aprofundada das partes que interessam ao trabalho. De modo geral, pode-se apontar que a maior preocupação dos pesquisadores coincide com os riscos a que a população idosa está submetida dentro de seu próprio ambiente familiar e de que modo as políticas públicas podem minimizar tais sofrimentos. A seguir, apresenta-se uma discussão detalhada de cada um dos trabalhos pesquisados, agrupados segundo as categorias descritas. 10 3 O ENVELHECIMENTO E ESTATÍSTICAS DO IBGE SOBRE OS RENDIMENTOS, TRANSPORTE E O COTIDIANO E DIREITOS CONSTITUCIONAIS O envelhecimento é algo natural e humano, que com o passar da vida,vai acontecendo em cada indivíduo. Seguindo a lei da vida, nascemos, reproduzimos, envelhecemos e morremos. Porém, ao longo de muito tempo, com muitas intervenções de lutas, o mundo veio se reformulando para que a humanidade envelheça com saúde e os direitos que existem, devam ser levados a sério. O envelhecimento é algo natural e universal de um indivíduo, que se configura um acontecimento mundial. Todo ser humano, ao nascer, passa a ocupar de forma permanente a escada da vida. De pronto, toma posse do primeiro degrau que será vivido durante o seu primeiro ano de vida. Trilhará maquinalmente essa rotina, em toda a sua vida. Sempre mudando para o degrau superior, no dia do aniversário ao deixar o degrau em que permaneceu nos últimos doze meses. Ficou registrado naquele local indelevelmente, cada detalhe, por menor que tenha sido, tudo que viveu. (GRINBERG, GRINBERG, 1999, p. 18). Os micros dados utilizados pela FGV (Fundação Getúlio Vagas – Centro de Política Social) na última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) anual, de 2018, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) coordenado pelo pesquisador Marcelo Neri, busca identificar quem são os idosos brasileiros, como se sustentam e onde vivem, o trabalho foi realizado com tabelas interativas. O aumento no número de pessoas com 65 anos ou mais na população brasileira foi de 20% na comparação com os dados de 2012, quando a proporção de idosos era de 8,8%. Há mais idosos entre as mulheres e entre amarelos e/ou brancos, que também têm uma maior expectativa de vida e uma taxa de fertilidade menor. Os idosos são as pessoas de referência ou os chefes de família de 19,3% dos domicílios brasileiros. Na relação que ocupam com a pessoa de referência da 11 casa, eles são 91,5% dos avós, 69% dos sogros ou sogras e 61,2% dos pais ou mães. Segundo os pesquisadores, esse dado indica a dificuldade na política de isolamento domiciliar desta parcela da população. Os dados indicam também que os domicílios com idosos têm 25,6% menos pessoas do que a média nacional. 3.1 Rendimentos destinados aos idosos Sobre a renda, a FGV indica que os idosos correspondem a 17,44% dos 5% dos brasileiros mais ricos e 1,67% dos 5% mais pobres. Eles são 15,54% da classe AB, 13,07% da classe C, 4,71% na classe D, e 1,4% dos idosos são da classe E. Quanto à fonte de renda, os idosos recebem 59,64% das aposentadorias da Previdência Social, 40,78% dos benefícios de Prestação Continuada (BPC) e apenas 0,89% do Bolsa Família. Quanto à escolaridade, os idosos são 30% dos analfabetos e têm 3,3 anos de estudo completos a menos que a média. Sobre a posse de bens e ativos, os idosos são 13,17% dos que possuem casa própria em terreno próprio, são 22,47% dos brasileiros sem acesso à internet e 12% dos que têm TV, correspondendo a 10,22% dos que têm canais pagos. Os idosos são 13,06% da população do Rio de Janeiro, seguido pelo Rio Grande do Sul (12,95%), São Paulo (11,27%) e Minas Gerais (11,19%). Os estados com a menor proporção de idosos são os da Região Norte, com Roraima (5,26%) em primeiro lugar, seguido de Amapá (5,75%), Amazonas (6,7%), Acre (6,9%) e Pará (7,07%). Por capital, o Rio de Janeiro também ocupa a primeira posição, com 14,5% acima dos 65 anos, com concentração nos bairros de Copacabana, Flamengo, Ipanema e Leblon. Na projeção para 2020, Copacabana tem 27,48% de seus moradores idosos. Porto Alegre é a segunda cidade com mais proporção de idosos: 14,05%. Com o aumento da população idosa, cresce também a violência contra esses indivíduos, que ao atingir a sua idade, fica mais vulnerável e dependente de filhos e entes queridos. No Brasil é muito comum atos de violência contra o idoso acontecerem, mesmo com a existência da Lei no 10.741, de 1º de outubro de 2003, 12 que ampara esses cidadãos. 3.2 Os direitos cruciais na Constituição Federal de 1988 Os fundamentos discorridos pela Constituição Federal em seu artigo 1º incisos I e II. A cidadania e a dignidade da pessoa humana. No entanto, o idoso gozando condição de cidadão, consequentemente, deve ser beneficiado por todos os direitos que garantam a dignidade humana aos brasileiros, não havendo separação. Essa citação deveria ser aceitável, mas, como o idoso, na maioria das vezes, não tem o tratamento como cidadão, a realidade fez com que o constituinte fosse bem claro no trecho, formando meios legais para que o idoso deixe de ser discriminado e desrespeitado, tendo o mesmo tratamento que lhe é pertinente. É aprovado então pela Constituição em seu artigo 3º inciso IV, que um dos objetivos fundamentais da República é o de viabilizar o bem para todos, sem discriminação em face da idade de qualquer indivíduo (bem como origem, raça, sexo, cor e qualquer outra forma de discriminação). Reiterando-se a não discriminação o artigo 5º da Constituição, relacionado aos Direitos e Garantias Fundamentais: “Art. 5º - Todos são iguais diante da lei, sem prerrogativa de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país, a inviolabilidade do direito à vida, à autonomia à igualdade, à segurança e à propriedade”. (BRASIL, 1988) Os idosos(as) que não integrem o seguro social, em seus artigos 203 e 204 da Constituição é assegurada, a prestação de assistência social à velhice. Devendo ser garantida essa proteção com os recursos orçamentários da previdência social e prevendo, entre outras iniciativas, um salário mínimo mensal ao idoso que justifique meios de não suprir a própria provisão. Na Constituição Federal de 1988, ver-se também a responsabilidade familiar e assistência bilateral entre pais e filhos e a obrigação que o Estado tem de manter programas de acolhimento ao idoso em seus artigos 229 e 230. O artigo 229 13 por sua vez, discorre sobre a criança, o adolescente e o idoso, diz que “os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade”. Atribuindo então o artigo 229, o encargo de cuidar dos pais na velhice, em situação de carência ou doença. Foi estabelecido pelo artigo 230 que a família, o poder público e a sociedade devem cuidar dos idosos em conjunto, assegurando sua participação na comunidade, resguardando sua dignidade e garantindo-lhe a vida. Segundo o artigo 3º do Estatuto do Idoso: É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do poder público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária (BRASIL, 2003). A contar dessa determinação que se elenca no Estatuto do Idoso, os idosos devem receber assistência composta pela família, sociedade, comunidade e poder público, possuindo cada um deles suas atribuições, que articuladas permitem ao idoso um envelhecimento repleto de saúde e em condições de dignidade. Sendo a função da Constituição garantir os direitos fundamentais do homem, podemos dizer que os idosos tiveram seus direitos essenciais respeitados. Apesar de não terem sido privilegiados nas constituições anteriores, não foram esquecidos quando da promulgação da Carta Magna de 1988, tendo papel importante na colocação do direito a uma velhice digna. O ponto maior, a emprestar sustentação ao direito à velhice digna, não se refere diretamente aos idosos, pois se trata do aspecto de que a dignidade da pessoa humana é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil. A Constituição, por meio de seus artigos gerais, garante os direitos fundamentais a todos, sem qualquer tipo de relevância, sempre obedecendo aos princípios de igualdade, liberdade e dignidade da pessoa humana,sendo o idoso contemplado especificamente em alguns artigos. 14 3.3 O Estatuto do Idoso, conhecendo a lei A lei 10.741, de 1º de outubro de 2003, foi um projeto de Lei de autoria do Senador Paulo Paim, estabelecendo direitos para os idosos. Como instrumento de cidadania de formação consciente da dignidade dos participantes da terceira idade, o Estatuto do Idoso é fundamental para fornecer os meios de controle do Poder Público em relação ao tratamento do idoso, e verdadeira educação cidadã, no sentido de que os idosos alcancem a posição efetiva na sociedade. O Estatuto do Idoso tem o comprometimento de beneficiar os direitos àqueles respectivos à terceira idade, passando através dos 118 artigos em que o idoso é favorecido por vários objetos: direito à vida, à liberdade, ao respeito, à dignidade, à saúde, ao lazer, ao trabalho à providência social, ao transporte, todavia é incluso nesta lei a política de atendimento ao idoso, os crimes que os atingem, assim como suas penalidades e medidas de proteção. O artigo 2º da referida lei destaca os direitos fundamentais da pessoa idosa, ao determinar que: O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, se prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando- lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. (BRASIL, 2003) Ao contrário de determinados lugares onde consideram-se a velhice como maturidade e sabedoria, na moderna sociedade capitalista de consumo a pessoa idosa é tratada de forma preconceituosa, visto como hipossuficiente, ou seja, uma pessoa cuja condição física é dada como precária, não lhe cabendo a competitividade ao mercado de trabalho e permanecendo em constante situação de desigualdade social, inserindo-se em um mundo que não parece admiti-lo com a mesma facilidade de outros grupos. 15 Embora na Constituição tenha a imposição e fundamentação a tutela de hipossuficiência (de onde a especial referência ao idoso e a outros segmentos sociais – criança e adolescente, índios etc.), por si só, não acaba fornecendo o potencial que necessariamente deveria ter efetivação concreta de tais direitos. O Estatuto do Idoso, contudo, teve como aptidão primeira dar maior materialidade à tutela da pessoa idosa, evitando que a falta de regulamentação retirasse o conteúdo da norma constitucional e se aprofundar o processo de exclusão social dos indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos de idade. O advento do Estatuto do Idoso veio contribuir com a melhoria das políticas públicas na velhice, cada vez mais colaborando para que o idoso viva melhor e cada vez mais, sendo um direito de todos viver com dignidade e respeito, diminuindo o desenvolvimento ou a intensificação de preconceitos negativos e para a ocorrência de práticas sociais discriminatórias em relação aos idosos. Portanto, o Brasil sendo um dos países com vários dispositivos legais que contemplam os direitos dos idosos garantindo a sua proteção, faz-se necessários que estes direitos sejam efetivados na prática, como dispõe o Estatuto do Idoso de forma que a dignidade da pessoa humana seja garantida em todas as fases da vida. 3.4 Vida, liberdade, dignidade e respeito A vida é um dos direitos fundamentais dos idosos, devendo estes viverem com dignidade, pois nenhum idoso merece ser menosprezado e nem ter uma vida na qual a dignidade não esteja como princípio. Até mesmo porque certas situações a que são submetidos os idosos não podem ser consideradas como vida. O Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003), em seu art. 8.º assevera que: "o envelhecimento é um direito personalíssimo e a sua proteção um direito social, nos 16 termos desta Lei e da legislação vigente.” Paralelamente, ciente de que o Estado deve agir sempre com base na supremacia do interesse público, a referida lei demonstra o papel essencial que o Estado deve ter com os idosos. Não obstante, o art. 9.º da mesma lei, aduz: "é obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde, mediante efetivação de políticas sociais públicas que permitam um envelhecimento saudável e em condições de dignidade.” Pode-se dizer que os direitos fundamentais são indivisíveis, sendo o direito à vida aliado com o direito à liberdade, respeito e dignidade. Possuindo o Estatuto a obrigação de promover a igualdade entre indivíduos, como por exemplo o direito de ir e vir, se expressar a busca por diversão, lazer auxílio e orientação, o respeito preservando a integridade física e moral, a proteção garantida não somente pelas leis, mas também pelas pessoas para com o idoso, livrando-o de qualquer situação onde eles (idosos) se sintam constrangidos ou até mesmo sejam agredidos, garantindo assim a sua dignidade. Preceitua o art.10 do Estatuto do Idoso: É obrigação do Estado e da Sociedade, assegurar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dignidade, como pessoa humana e sujeito de direitos civis, políticos, individuais e sociais, garantidos na Constituição e nas leis. Parágrafo Primeiro: O direito à liberdade compreende, entre outros, os seguintes aspectos: I- Faculdade de ir vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais. [...] (BRASIL, 2003). O idoso, não gozando liberdade e direito de ir e vir, sem ter medo de ser separado, ficará preso ao sistema em que estamos não podendo ter o mesmo cotidiano de antigamente, ou seja, tendo que ficar em casa dormindo. Tirar a autonomia do idoso é mais do que excluir, é estar cooperando para o menosprezo, uma vez que, quem só fica em casa não possui vida social, familiar e não possui atividades que lhe façam bem, fazendo com que eles se sintam isolados e discriminados. Criticamos que idosos também viajam, estudam, passeiam, 17 namoram, trabalham em que podem, apreciam amizades e famílias - sem se dependurar nelas como vítimas chorosas. Não importam as décadas acumuladas, eles são mais que velhos: são pessoas. No entanto, para nós, nesta cultura em alguns aspectos inusitada a velhice é antinatural, é quase uma doença. Em lugar de experimentar os gozos desta idade, sofremos angústias desnecessárias, agarrados freneticamente à carta de salvação dos modernos procedimentos estéticos. Neste sentindo, outro direito que reúne praticamente todos os outros direitos fundamentais é o direito ao respeito e à dignidade humana, pois a velhice é uma fase na qual as pessoas mais deveriam receber atenção e respeito, podendo se sentir ainda capazes de dar um conselho, sentindo-se um ser humano e fazendo valer esta condição através de experiências vividas. O envelhecimento pode ser visto como processo dinâmico e progressivo, necessitando de certas transformações para uma melhor adaptação, sem traumas e sentindo que tudo acontece naturalmente. Requer flexibilidade, disponibilidade de espírito, complacência, compreensão (GRINBERG, GRINBERG, 1999). 3.5 Direito à saúde Outro direito que se torna essencial e primordial para a vida dos idosos é o direito à saúde. Sem saúde não há vida digna, o que viola o princípio da dignidade da pessoa humana. Por direito à saúde entende-se que deveria haver inclusão a remédios gratuitos distribuídos nos hospitais ou postos de saúde, principalmente quando se trata de uso contínuo e se preciso for deveriam ter assistência médica, entre outros fatores que possam facilitar para a recuperação e devidos tratamentos para o idoso. Pretendendo afastar qualquer dúvida de interpretação sobre as normas 18 constitucionais e buscando proteger a saúde dos idosos, coube ao Estatuto do Idoso a missão de provocar a sociedade para a questão da saúde dos maiores de60 anos e de dar visibilidade aos direitos previstos em várias outras leis, estipula, em consequência, o artigo 15º do Estatuto. Há pesquisas que são disponibilizadas pela mídia, que apresentam mais problemas de saúde aos idosos do que toda a população de modo geral, devido à idade avançada, sendo a área psicológica uma das mais afetadas, fazendo com que as síndromes depressivas em pacientes idosos se tornem as mais diagnosticadas. As quedas também são problemas que acontecem frequentemente nesta idade, pois os movimentos não são mais como os dos jovens, tornando-se visível o cansaço e a falta de reflexo. No entanto, essas quedas nem sempre são em decorrência destes motivos, podem estar sendo usadas como desculpa para esconder a agressão física contra o idoso. A questão psicológica do idoso é outro fator que está se tornando preocupante hoje em dia, pois a depressão conhecida como o mal da alma, se torna mais comum em idosos, pelo fato dos problemas físicos e mentais que eles apresentam e da grande dificuldade de elaborar um novo projeto em sua vida, já que faltam atividades para preencher o tempo livre e a presença das pessoas queridas. Por esses motivos, vários médicos e psicólogos tratam a depressão na terceira idade, como um fato normal devido a faixa etária desses pacientes, sem perceberem o quanto estes idosos são prejudicados, ocasionando, às vezes, uso de medicação desnecessário, sendo que o correto para esses idosos seria um acompanhamento psicológico em conjunto com o tratamento da clínica médica. Antigamente os idosos não tinham fácil acesso a médicos e informações como se tem hoje. Ao se encontrarem com uma atualidade avançada como esta, muitas vezes eles se sentem ameaçados, fazendo com que o medo do novo os deixem com um sentimento de inferioridade em relação à população, dando preferência à exclusão do convívio social e principalmente familiar. 19 O idoso, se encontrado em situação de risco, poderá ter auxílio a Assistência Social trazendo benefícios para sua condição social. Geralmente sendo um trabalho feito em conjunto com a área médica. Portanto, uma solução para amenizar esta grande dificuldade gerada pela questão da saúde do nosso país seria estabelecer atendimento domiciliar, pelo fato de muitos idosos não conseguirem se locomover, às vezes porque se encontram acamados, e com isso dificilmente o acesso a profissionais de saúde seja fácil. Conforme demonstra o artigo 18 do Estatuto do Idoso no Capítulo IV do direito à saúde diz: As instituições de saúde devem atender aos critérios mínimos para o atendimento às necessidades do idoso, promovendo o treinamento e a capacitação dos profissionais, assim como orientação a cuidadores familiares e grupos de autoajuda. (BRASIL,2003) 3.6 Transporte O transporte é um dos direitos do idoso que muitas vezes a sociedade não respeita. O idoso tem passe livre em muitos transportes públicos, no entanto, o que se vê é ônibus passando direto, falta de caldeiras exclusivas, ou até mesmo pessoas que sentam nas cadeiras destinadas ao idoso e o deixam em pé. Neste sentido, o Estatuto inicia seu Artigo 39º dizendo que “Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica assegurada a gratuidade dos transportes coletivos públicos urbanos e semiurbanos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando prestados paralelamente aos serviços regulares”. (BRASIL, 2003, pg. E no Artigo 42º, “É assegurada a prioridade do idoso no embarque no sistema de transporte coletivo”. (BRASIL, 2003, pg. O objetivo principal da norma foi o de incentivar a circulação do idoso, sem, contudo, impor gastos, até porque, muitas vezes, o maior de 60 anos necessita 20 receber assistência médica, no entanto, nem ele e nem sua família têm condições de arcar com o custo do transporte. O idoso tem o direito de ir e vir, e com isso o meio mais usado de locomoção por eles depois dos carros, que alguns de seus familiares possuem, são os ônibus urbanos. Por conta da precisão e dependência que muitos idosos têm destes motoristas, acontece a falta de respeito. Entretanto, é importante lembrar que no ônibus urbano, um meio muito utilizado pelos idosos, alguns motoristas não respeitam o momento do embarque e desembarque destes idosos e. com isso eles acabam se machucando e até mesmo caindo. Outro fato que ocorre bastante e que o Estatuto do Idoso assegura em seu artigo 39, parágrafo segundo é a questão da porcentagem que os idosos têm dos assentos. Estes assentos são sinalizados com uma placa informando que eles estão reservados para os idosos, mas há pessoas que se apoderam destes locais e não levantam para dar lugar a estes idosos. Além disso, outra questão absurda é quando muitos ficam esperando o ônibus e, quando ele chega, ao invés de parar mais próximo possível, ele para longe, fazendo com que estes idosos tenham que se locomover, ou então nem para, fingindo que o idoso é invisível. Apesar dessa reclamação feita pelos idosos ser constante, quando tentam expor seus direitos, acabam sendo desrespeitados por pessoas mais novas e com isso não se comprometem com seus direitos. Percebe- se então que deixar de fazer valer um direito que o idoso possui, o transporte, fazendo com que ele não se locomova de um lado para o outro, é na verdade cometer violência contra um direito do idoso. 21 4 SOCIEDADE, CULTURA E ENVELHECIMENTO 4.1 O envelhecimento na sociedade As pessoas nascem, crescem, se reproduzem e morrem, ou seja, a vida é uma constância. Somos limitados a viver segundo a segundo, minuto a minuto, cumprimos nossas obrigações diárias rotineiramente, acordamos na segunda desejando a sexta, ansiamos que as férias cheguem logo, que a promoção aconteça, que o filho cresça, que a dor passe, que o sonho se concretize e não nos apercebemos que os dias estão passando rápido e que estamos envelhecendo. Envelhecer tem relação com fatores biológicos, culturais e sociais e se associa, infelizmente, a um sentido estigmatizado, quando atribui à velhice uma marca depreciativa, associando-a a preconceitos, a peso, a inutilidade, a dependência, a doença, a ausências de beleza, de resistência, de ousadia, negando-a inclusive um futuro. Mudanças expressivas na sociedade justificam a possibilidade de podermos viver 80 anos ou mais, como a prática de exercício físico, o hábito por alimentos mais saudáveis, as condições de saneamento, o cuidado com a saúde física e emocional, como também os papéis da família, do Estado e do Terceiro Setor na responsabilização desses idosos. A questão é que viver mais não é sinônimo de viver melhor, por mais que tenhamos avanços na medicina, melhoras nos hábitos e costumes, a velhice precisa ser vista com cuidado, pois é um processo complexo, repleto de particularidades e desafios. Envelhecer é uma questão coletiva e depende que as políticas públicas existam, funcionem e sejam acessíveis, também que a sociedade e as famílias estejam engajadas em prol dessa causa, atribuindo assim dignidade à velhice. A mudança no corpo, no rosto, certamente se opera de maneira contínua e é essa continuidade que faz com que as pessoas não percebam o 22 envelhecimento. Assim, o envelhecimento, que é um processo que se dá no tempo, não é percebido. O que se vê, com uma grande surpresa, na verdade, um grande susto, é a velhice. A surpresa, o susto em ver como o corpo se alterou, com o passar do tempo, remetem novamente à ideia, de que a velhice está presente no outro e também somente à partir do outro, vemos que estamos velhos. (MERCADANTE, 1999, p.62) A Política Nacional do Idoso (PNI), Lei nº8. 842, de 04 de janeiro de 1994, e o Estatuto do Idoso, Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, definem idoso como pessoa com 60 anos ou mais. Já a Organização Mundial da Saúde, define a partir da idade cronológica, portanto,idosa é a pessoa com 60 anos ou mais, em países em desenvolvimento e com 65 anos ou mais em países desenvolvidos. (OMS, 2002) O envelhecimento possui definições mais amplas, não se restringindo somente à idade do indivíduo, algumas delas são “O envelhecimento não é somente “um momento na vida do indivíduo, mas um processo extremamente complexo e ainda, pouco investigado, com implicações tanto para quem o vivencia como para a sociedade que o suporta ou assiste a ele” (FRAIMAN, 1995, p. 19). Segundo Bacelar (1999), trata-se de um conjunto de alterações psicofísicas do organismo da pessoa e de sua maneira de interagir com o meio social no qual está inserida” (Apud BULLA et al, p. 2). A cultura do envelhecimento tem total relação com a sociedade onde estamos inseridos, a nossa socialização primária, aos hábitos e costumes adquiridos com o tempo, as subjetividades de cada indivíduo. O modo como conduzimos nossa vida certamente vai refletir no nosso futuro, e como somos limitados a viver o agora, precisamos analisar o que realmente queremos trazer no nosso acervo de memórias, pois nossas escolhas de hoje determinarão o que seremos amanhã. Vivemos estressados nesse mundo repleto de superficialidades, empregamos dispêndio de força física e psíquica em tantas coisas e não nos 23 atentamos para a importância das pessoas que passam por nós, quer sejam parentes, amigos, conhecidos ou desconhecidos. Atropelamos os dias sem nos aperceber que a cada instante estamos ficando mais velhos, e ficar mais velho é uma condição indissociável de quem tem a oportunidade de viver; em troca de poder desbravar o novo a cada amanhecer somos induzidos a abandonar um pouco de nós. Precisamos viver melhor os dias, pois nunca sabemos quando daremos o último instante de nós. Não somos preparados para a velhice e quando notamos que por ela estamos atravessando, muitas vezes a postura que se tem é de aversão, tentando de todas as formas negá-la: não explicitando a idade, usando roupas direcionadas ao público jovem, namorando apenas pessoas mais jovens por mero capricho ou sendo ludibriado com a compra de “fórmulas mágicas da eterna juventude”, enriquecendo empresários do ramo da beleza. Estratégias cruéis são vendidas para tentar minimizar os impactos do envelhecimento, porém acontecem de maneira superficial, muito em razão da aparência, o que não muda a sensação de sentir-se à margem da sociedade, o tornando apenas um escravo dela. As pessoas não querem crescer porque crescer parece ruim, requer amadurecimento, responsabilidades, transformações significativas, porém não temos de viver como se nunca fôssemos envelhecer, não estamos em um eterno mundo de fantasias como Wendy e Peter Pan. Precisamos atentar que a "juventude eterna" é um mito, que a vida é finita, que as mudanças nos mais amplos sentidos acontecem e nem sempre podemos lutar contra elas. O imaginário social sobre a velhice, atribui-lhe um conceito tão terrível que a essa condição do indivíduo é associado o desprezo, a insignificância, a invisibilidade, a intolerância, a gozação, como quem dela fruísse estivesse predestinado ao adoecimento, ao isolamento, ao esquecimento, e à morte. A questão do Envelhecimento ultrapassa a estética, as pessoas estão entregues ao medo, à depressão, à solidão, e até estão dando fim a própria vida. 24 Com a mente e o corpo sadios, mato-me antes que a impiedosa velhice, que me tira um a um os prazeres e as alegrias da vida e me despoja de minhas forças físicas e intelectuais, acabe por paralisar minhas energias e quebre minha vontade, fazendo de mim um peso para os outros e para mim mesmo. Há anos prometi a mim mesmo que não passaria dos setenta; marquei a época do ano para minha partida da vida e preparei o modo de execução de minha resolução: uma injeção hipodérmica de ácido cianídrico. Morro com a alegria suprema de ter a certeza de que, num futuro próximo, a causa a que me dediquei durante quarenta e cinco anos triunfará. Viva o Comunismo. Viva o Socialismo Internacional! (LAFARGUE, 1999, p. 14) Verificamos que, nos triênios de 1997-2000 e 2003-2006, 3.039 municípios brasileiros tiveram registros e casos de suicídio de pessoas com mais de 60 anos. Isso corresponde a 54,6% do total de municípios. De 1980 a 2008, as taxas de suicídio na população geral no país passaram de 4,0 em cada 100 mil habitantes para 4,8. Esses índices foram mais ou menos constantes e demonstram uma leve tendência de crescimento. No entanto, o país se mantém entre os que têm menores taxas, segundo os critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS). [...] A proposta de atenção integral e o atendimento de pessoas em situação de risco e vulnerabilidade em linhas de cuidado constituem um dos cenários para a organização de políticas de atenção, tendo em mente a integralidade e a ação intersetorial. É muito importante ressaltar que pouco se sabe no país de atuações concretas em relação à pressão terrível e covarde que é feita pela sociedade. Quando os meios de fuga dessas pessoas começam a ser frustrados, o vazio artificialmente preenchido começa a ficar ainda mais visível, e a autossabotagem passa a ser um caminho adotado. Negar a velhice não é a escolha mais acertada, torná-la evidente é necessário para que esses dias não sejam vividos como se fossem os piores de toda a existência humana. Perceber que estamos envelhecendo fica mais perceptível quando começamos a perder pessoas próximas a nós, quando o vigor não é mais o mesmo ao se fazer determinadas atividades, quando a aparência começa a se distanciar dos padrões impostos, quando se olha para os cantos da casa e se percebe o vazio das pessoas que faziam aquele lugar parecer pequeno, quando não se há espaço 25 no mercado de trabalho para um coroa, quando se apercebe-se que poderia ter feito diferente, quando as fotos reveladas vão perdendo a cor e as músicas que gostávamos já não tocam nas rádios, quando começam a chamá-lo de senhor ao invés de moço na rua, quando a memória já não é tanto sua amiga e você se pega contando as mesmas histórias, quando não recorda-se do que comeu no almoço, quando as mãos e as pernas não obedecem tão bem seu comando, e tantas outras situações que provam o quanto o mundo mudou, o quanto nós também mudamos... E me acostumei a despertar cada dia com uma dor diferente que ia mudando de lugar e forma, à medida que passavam os anos. [...] Nessa época ouvi dizer que o primeiro sintoma da velhice é quando a gente começa a se parecer com o próprio pai. [...] A verdade é que as primeiras mudanças são tão lentas que mal se notam, e a gente continua se vendo por dentro como sempre foi, mas de fora os outros reparam. (MÁRQUEZ, 2005, p. 13) Discorrer sobre as mudanças é importante porque elas fazem parte do processo de envelhecimento e não podemos negá-las, reprimi-las, desmerecê-las, pois assim estamos colocando-o em um lugar ingrato na sociedade. Vivemos esse processo desde o nosso primeiro fôlego de vida até o último suspiro e deveríamos estar mais preparados e dispostos para vivenciar cada etapa da vida. Ninguém vive eternamente, independentemente da idade que temos, somos propícios a encarar os males e os bens que a vida vai nos apresentando, cabendo a nós administrar da melhor forma nossas experiências. [...] E devemos oferecer aos idosos uma atenção peculiar baseada nos fatores associados que são, principalmente, o isolamento social, o sofrimento intenso por doenças degenerativas, a perda do sentido da vida, os vários tipos de depressão, entre outros. Com o objetivo de compreender a magnitude e a significância do suicídio na população brasileira acima de 60 anos, pesquisadores do Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde. (FIOCRUZ, 2012). Não temos o controle do tempo, não sabemos quando será nosso último suspiro. Isso pressupõeque todo momento que vivemos é único, onde aprendemos que devemos viver com qualidade, responsabilidade e prazer. E nunca pararam para pensar que um dia o fim surgiria e sobrariam apenas as lembranças na mente 26 de alguns. Precisamos viver o agora, já dizia Lenine, “a vida é tão rara, tão rara...”, sem medo de ser feliz. Fazer parte de uma sociedade implica estar em contato com pessoas e grupos sociais diversos, de várias gerações, com valores e ideias diferentes, mas sempre buscando estabelecer rede de relações que nos possibilitem participar da vida social. (LOBATO, 2014, p. 143) Projetar o envelhecimento é possível e necessário. Não dá para deixarmos nosso futuro nas mãos do acaso, e hoje é o dia certo de começarmos a repensar um novo papel social para a velhice, pois isso refletirá na construção da história, da nossa própria história. 4.2 Os idosos na contemporaneidade A população brasileira está envelhecendo e, segundo projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pode chegar a 19 milhões de pessoas com mais de 80 anos em 2060. Esse contingente, se comparado aos dados atuais, perderia apenas para a população total de São Paulo e Minas Gerais. De acordo com o Instituto, em 1980, o Brasil tinha menos de 1 milhão de pessoas nessa faixa etária (684.789 pessoas) e chegou a 3.458.279 na projeção para 2016. Segundo Pesquisa do IBGE, o Perfil dos Idosos Brasileiros é composto por maioria de mulheres e têm entre 60 e 64 anos, vivem na sua maioria em área urbana (83, 9%). Algumas questões puderam ser relevadas mediante esse levantamento, a começar pela disparidade entre a quantidade de homens e mulheres na pesquisa, trazendo à tona a questão de gênero relacionada ao envelhecimento, na qual a mulher vive mais que os homens. É ela também quem mais cuida da saúde. Infelizmente é parte da nossa cultura o homem não ter o hábito 27 de cuidar de sua saúde, seu distanciamento em relação aos serviços de saúde acaba refletindo em uma menor expectativa de vida para eles. O imaginário de ser homem pode aprisionar o masculino em amarras culturais, dificultando a adoção de práticas de autocuidado, pois à medida que o homem é visto como viril, invulnerável e forte, procurar o serviço de saúde, numa perspectiva preventiva, poderia associá-lo à fraqueza, medo e insegurança; [...] uma outra questão que reforça a ausência dos homens ao serviço de saúde seria o medo da descoberta de uma doença grave [...]. Outra dificuldade para o acesso dos homens a esses serviços é a vergonha da exposição do seu corpo perante o profissional de saúde, particularmente a região anal, no caso da prevenção ao câncer de próstata. Também é apontado como um fator que dificulta esse acesso a falta de unidades específicas para o tratamento da saúde do homem. (GOMES, NASCIMENTO, ARAÙJO, 2007, p. 571) Os homens têm vivido 7 anos menos que as mulheres, de acordo com o IBGE, e isso poderia ter uma atenção especial, além de perdermos os jovens para causas violentas, perdemos também os adultos por doenças que poderiam ser evitadas, o que supõe que políticas públicas precisam ser implementadas, políticas que além de informá-los, fossem eficientes para trazê-los aos cuidados com a saúde, como tem acontecido com a Campanha Novembro Azul, que tem conseguido a adesão da população. O mês de novembro é internacionalmente dedicado às ações relacionadas ao câncer de próstata e à saúde do homem. O mês foi escolhido porque 17/11 é o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata. O câncer de próstata é o sexto tipo mais comum no mundo e o de maior incidência nos homens. As taxas da manifestação da doença são cerca de seis vezes maiores nos países desenvolvidos. Cerca de três quartos dos casos no mundo ocorrem em homens com mais de 65 anos. Quando diagnosticado e tratado no início, tem os riscos de mortalidade reduzidos. No Brasil, é a quarta causa de morte por câncer e corresponde a 6% do total de óbitos por este grupo. (PORTAL BRASIL, 2012). As mulheres até vivem mais 15 anos que os homens, mas não quer dizer que vivem em condições melhores. A mulher não é privilegiada em razão dos homens, lutamos apenas e não tão pouco pela igualdade, pois o machismo, uma questão estrutural, impregna na sociedade ideias para elas os trabalhos domésticos, os cuidados com as famílias, a discrição, a emoção, a fragilidade, a 28 passividade, já para eles o trabalho externo, a liberdade, a razão, a virilidade, a destreza, o que precisa ser descontruído, pois o homem se enxerga superior à mulher, oprimindo-a em casa, na rua, no trabalho e ainda quando a velhice é chegada, a mulher continua não sendo poupada de tamanha violência. A pressão sobre a mulher sobrepõe o período de aposentadoria, pois muitas ainda continuam a administrar funções informais, como no cuidar dos netos e também dos afazeres domésticos que não cessam, por exemplo. Esse fenômeno é explicado pelo fato de que no Brasil as mulheres vivem em média oito anos a mais do que os homens, o que pode ser atribuído a fatores biológicos, em especial pela proteção hormonal de estrógeno, e à diferença de exposição aos fatores de risco de mortalidade; a inserção diferenciada no mercado de trabalho, o uso/abuso de tabaco e álcool, e também a diferença de atitude em relação à saúde/doença, considerando que a mulher busca mais os serviços de saúde, o que mostra maior preocupação com autocuidado. (MOURA, DOMINGOS, RASSY 2010, p. 852). O assunto, para “além da aposentadoria”, precisa ser discutido. Não são poucos os idosos que ao retornarem para casa se veem perdidos, sem saber muito bem o que fazer, como fazer, já que foram programados a utilizar seu tempo para vender sua força de trabalho, não lhe restando muito tempo para planejar o futuro. A mulher consegue melhor absorver a ideia de aposentar-se porque historicamente a casa nunca deixou de pertencer-lhe, bem diferente dos homens, que foram ensinados desde cedo a desbravar o mundo, não tendo suas asas cortadas como as mulheres, o que vem a dificultar hoje sua (re)interação com o ambiente domiciliar, sentindo-se por vezes um estranho no ninho. Talvez seja por isso que ao andar nas ruas, em meio às praças públicas, as casas de jogos de azar, nos bares, entre outros ambientes, notam-se que são maioria idosos homens os frequentando. Há um certo incômodo da parte deles ao partilhar serviços domésticos com a esposa. Eles foram socializados dessa forma, por isso optam por escapar sempre que possível, seja saindo, seja para cuidar dos animais domésticos, das plantações no quintal, ou realizando talvez pequenos reparos na oficina improvisada. O escapar é um sinal claro utilizado para driblar a ociosidade, um modo de não se encontrar como um ser inutilizado e isso não é exclusividade dos homens. 29 As mulheres também procuram meios de fuga, praticando atividades manuais, saindo para um chá da tarde com as amigas ou indo à igreja, por exemplo. Claro que não estamos generalizando como as pessoas estão utilizando seu tempo livre, cada qual emprega da forma que julgar melhor, agora o interessante seria também aplicá-lo de modo a favorecer a própria saúde física, psíquica e emocional. Voltando as atividades domésticas, claro que pode existir interesse dos casais em dividir tarefas e isso é excelente, contudo, ainda falta jogo de cintura de algumas pessoas para incentivar, ensinar, ser paciente com o aprendiz retardatário, há quem chegue a dizer que eles, os homens, ao invés de ajudar atrapalham, afugentando mais do que atraindo dispostos a colaborar com os serviços. Fazendo um recorte neste cenário da dinâmica dos casais, é inquietante pensar o quanto o mercado é um grande direcionador dos papéis atribuídos à família, com ajuda imprescindível da mídia, óbvio. Pensemos na “cadeira do papai”, como referência,muito confortável por sinal (há até a que massagem faz, maravilha não?), o que induz ao homem que a adquire chegar em casa, sentar-se, esticar as pernas, pegar o controle remoto da televisão e aguardar a esposa chamá-lo para jantar. Enquanto para a mamãe, são direcionados produtos na sua maioria voltados para o cuidado e manutenção da casa, e depois para seu próprio cuidado, pois a mesma ainda precisa estar impecável para quando o papai decidir levantar-se da cadeira e ir deitar-se com ela... Nunca se ouviu dizer sobre uma cadeira para a mamãe, porque a mamãe sempre precisa estar atenta para quem dela precisar, todavia a questão é quando essa precisar de cuidados quem fará por ela? Reproduzimos por tempos essa ideia, o papai fica vovô e a mamãe vovó, e a mulher continua se entregando, se negando, se submetendo em razão do outro, uma questão cultural que precisa ser revista. Não é só uma cadeira, as mensagens estão aí, às vezes de maneira latente, às vezes de forma mais clara, mas estão, precisamos interpretá-las. Ainda sobre a composição do perfil dos Idosos de hoje, outra questão que ficou evidente é que grande parte deles possuem vínculo previdenciário, sendo muitas vezes eles o pilar da família em tempos de recessão e fora de tempo 30 também, dividindo-as mesmas casas, suprindo as compras do mês, pagando os estudos dos filhos e netos, arcando com compromissos tanto da casa como dos membros da mesma. Algumas vezes tamanha pressão os levam em direção a um caminho sombrio, aquele dos endividamentos que se tornam bolas de neve, acarretando prejuízos na compra de medicamentos e alimentos, ficando reféns das financeiras, dos bancos, dos agiotas, encontrando-se ante a sociedade em situação vexatória, agravando muitas vezes sua saúde física e emocional. A semelhantes determinações culturais, que não são estáticas, mas que ainda hoje cumprem a agenda tradicional, soma-se o fato de que, em muitos contextos, embora vivam mais, as mulheres são mais pobres e mais doentes do que os homens. As regras sociais informais relativas ao matrimônio ainda hoje estabelecem que as mulheres devem se casar com homens mais velhos e que, ao contrário dos homens, as mulheres mais velhas casadas têm grande chance de virem a ser cuidadoras dos maridos e, quando viúvas, a serem cuidadoras de pais e sogros. Depois de longos anos dedicados a cuidar, muitas idosas, viúvas ou solteiras, sem filhos, podem vir a serem institucionalizadas e de sofrerem maus-tratos do que os homens. (NERI, 2007 apud CAMARANO, 2010, p.323). Muitos problemas financeiros podem ser evitados se tomados cuidados como: não cair na expectativa de que um empréstimo cobre o outro; se poupar de ser fiador de terceiros; comprar o que puder pagar, pesquisando preço e adquirindo apenas o necessário; ter cuidado com as ligações oferecendo serviços mirabolantes. Há quem seja mais consciente ainda, quebrando o cartão de crédito, não frequentando shoppings, optando pelo uso da bicicleta no dia-a-dia, comprando em bazar, levando aparelhos para o conserto ao invés de adquirir novos, não levando crianças ao supermercado, se utilizando do domínio próprio para não alimentar o consumismo. Um dado que também chama atenção nesse perfil, é a questão do tempo de estudo que os idosos possuem, isso é um dado preocupante, haja vista a importância da educação na vida das pessoas. Apesar de políticas educacionais dedicadas à alfabetização de adultos terem sido difundidas nas décadas de 40 e 50 no Brasil, foi somente na década de 60, por meio do Mobral17, que transformações na estrutura organizacional de educação mudaram drasticamente os rumos da 31 educação brasileira e da vida de muitas pessoas, pessoas essas que compreendem os idosos de hoje. A educação é fundamental para uma análise crítica de conjuntura, sem educação é impossível formar cidadãos participativos que cobram direitos concretizados pelo Estado, claro que essa briga não pode ser isoladamente combatida por idosos, porém todo agente público disposto a se articular com propósito de uma rede qualificada de Proteção Social. A participação coletiva nas lutas de acesso à garantia de direitos é necessária para que o nosso passado seja preservado, o presente evidenciado, e o futuro vivido com dignidade e respeito. O Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabetização) tinha como preocupação principal apenas o ensinar a ler e a escrever, sem nenhuma relação com a formação do homem. A ideia do Mobral encontra-se no contexto do regime militar no Brasil, iniciado em 1964, cujo governo passa a controlar os programas de alfabetização de forma centralizada. Até então, duas décadas antes, a reflexão e o debate em torno do analfabetismo no país convergiam para a consolidação de um novo modelo pedagógico. Nesse modelo, o analfabetismo era interpretado como efeito de uma situação de pobreza gerada por uma estrutura social não igualitária e, sendo assim, a educação e a alfabetização deveriam partir de um exame crítico da realidade existencial dos educandos, da identificação das origens de seus problemas e das possibilidades de superá-los. Os programas de alfabetização orientados neste sentido foram interrompidos pelo golpe militar, porque eram considerados uma ameaça ao regime, e substituídos pelo Mobral. Dessa forma, muitos dos procedimentos adotados no início da década de 60 foram reproduzidos, mas esvaziados de todo senso crítico e problematizador (MENEZES; SANTOS, 2001). Os idosos da atualidade estão tendo mais participação social e política, exemplos disso são: sua inserção nas universidades e sua contribuição nos protestos, dando-lhe força e voz na sociedade, sendo empoderados de suas escolhas e interesses. Muito ainda precisa ser feito para que o tratamento aos idosos seja de forma respeitosa, o que ainda vemos é um lidar muito cruel para com eles; idosos bem distantes do que é assegurado pelo Estatuto do Idoso. O que ainda prevalece são idosos que não discutem política; doentes que não estão inseridos em um programa de saúde; idosos em situação de rua; também aqueles que precisam realizar cirurgia e morrem antes de consegui-las; idosos depressivos que não foram preparados para a velhice; aqueles que se sentem inúteis; pessoas que não possuem um projeto que lhe proporcione algum gosto de viver mais; idosos que 32 enxergam na fé a única forma de encontrar cura/tratamento para suas doenças; pessoas que nunca tiveram tempo para cuidar da sua saúde e hoje já não conseguem recuperar suas habilidades; isso precisa ser mudado. 4.3 Idoso no meio familiar e na sociedade Vivemos mudanças significativas na sociedade, como nos papéis principalmente em relação à mulher: mulheres mais autônomas, mais ativas no mercado de trabalho, ingressando nas universidades, optando por não terem filho; e também no que diz respeito aos arranjos familiares, quando temos uma amplitude na composição dessas famílias: famílias monoparentais, homoafetivas, composta por casais sem filhos, pessoas que optam por viver só. Nem todo mundo tem o desejo de casar, ter filhos. Como observamos no artigo exposto abaixo: [...] 18 Art. 2o O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando sê-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. (BRASIL, 2003). Projetaram para 2025 uma redução no número de filhos sobreviventes com que as mulheres idosas poderão contar como fonte de apoio. Esse número deverá passar de uma média de cinco para três filhos, se as taxas de fecundidade e mortalidade permanecerem constantes. No entanto, reconhece-se que um grande número de filhos não garante assistênciana velhice" (DEBERT, 1999 apud CAMARANO, 2010, p. 113) Constituir família, o que impacta diretamente no cuidado com os idosos, haja vista ser a família a principal responsável por esse apoio, uma vez que não existe uma proteção social efetiva por parte do Estado e nem todos podem recorrer à alternativa do mercado privado. Apesar de nem todos os idosos demandarem cuidados expressivos, por serem idosos mais independentes e saudáveis. É 33 importante frisar que quanto mais o tempo passa, a tendência é começarem a depender de auxílio para realizar suas atividades cotidianas, portanto, precisamos discutir sobre os papéis do Estado, da Sociedade Civil e da família na responsabilização dos idosos autônomos ou não. Mesmo sendo a família a principal fonte de suporte para a população idosa, quanto mais se cresce a demanda por cuidados, menos se tem essa assistência advinda dela. Precisamos considerar que nem sempre as relações familiares são harmoniosas, desavenças existem, rompimento dos vínculos também, e muito mais que isso é considerar que laços sanguíneos não são sinônimo de laços de amor e outra coisa, ser responsável por uma pessoa não te obriga a conviver com a ela. Não é só tratar os cuidados familiares por mero cumprimento da Legislação, mas sim conhecer como realmente está sendo o convívio do idoso com os membros da família. Há casos que a família não tem condições de suprir as necessidades desse idoso, por questão financeira, psicológica e/ou emocional, ou até por não se enxergar como capaz de cuidá-lo. Também podem ocorrer excessos por parte da mesma, sendo necessária intervenção profissional, precisando a família responder em caso de maus tratos como: abandono, abusos físicos, emocionais, financeiros, sexuais etc., por isso, os casos precisam ser estudados em sua singularidade. As diretrizes da PNI priorizam o atendimento do idoso na própria família que, se, por um lado, são mecanismos de desinternação, lamento dos idosos, por outro lado, responsabilizam as famílias com a proteção e cuidados com os seus idosos, além das chamadas organizações sociais não governamentais, e restringem a atuação do Estado a casos extremos de pobreza e abandono, sem investimentos de porte na política asilar ou de formas alternativas de assistência. (TEIXEIRA, 2007, p.13). A relação de cuidado é composta por sentimentos contraditórios, como amor e ódio, cooperação e rivalidade, inveja, vingança, punição e outros, tipos de sentimentos que afetam e são afetados pelas condições financeiras. (CAMARANO, 2010, p. 114) As Famílias que desempenham o papel de cuidadora, precisam estar 34 preparadas para tal função, pois lidar com pessoas em processo de envelhecimento não é algo simples, requer conhecimento sobre o assunto, paciência, abdicações, investimento, tempo e afetividade. Um estudo realizado nos Estados Unidos traz informações, bastante relevantes, e precisam servir de alerta, já que atingem aos que se predispõem a exercer essa tarefa: Cônjuges cuidadores que proveem mais de 36 horas semanais de cuidado direto apresentam seis vezes mais chance de desenvolverem sintomas depressivos ou ansiedade quando comparados com filhos cuidadores, cuja chance é duas vezes maior. (MESSECAR, 2008 apud CAMARANO, 2010 p. 135) Adicionalmente, cuidadores familiares têm o dobro de probabilidade de desenvolver doenças mentais ou deterioração física quando comparados a não cuidadores. Cuidadores familiares submetidos a estresse extremo demonstram envelhecimento prematuro. Estima-se que tais condições reduzam em cerca de dez anos sua expectativa de vida (VITALINO; ZHANG; SCANLAN, 2003 apud CAMARANO, 2010 p. 135) Caso não haja um preparo por parte da família para lidar com a pessoa idosa, esta também está predisposta a adoecer, o que compromete o bem estar de toda a família, aumentando os gastos/cuidados com saúde, por exemplo. O Estado impõe sobre elas um peso que nem sempre podem carregar, submetendo-as a arcarem com altos custos para se promover um envelhecimento bem sucedido: acompanhado por profissionais, com uma dieta balanceada, com exercícios físicos, com momentos de lazer e bem estar, garantindo uma saúde física, psíquica e social ao idoso; ou se contiver com os equipamentos públicos oferecidos, que nem sempre funcionam, e também a escassez de remédios, de alimentos, de orientação profissional, de uma qualidade de vida efetiva aos seus. Os cuidados precisam ser expandidos para além das famílias, a importância do equilíbrio entre cuidados formais e informais só beneficia a pessoa idosa, que será atendida quanto às suas necessidades afetivas, e também quanto a suas demandas. Em nossa sociedade, quase toda família está envolvida com o bem-estar de, pelo menos, uma pessoa idosa. Em razão da organização de nosso sistema de saúde, voltado para as necessidades dos indivíduos e não para 35 as famílias como unidade, muitas famílias fazem isso sozinhas e só procuram por auxílio do sistema de saúde durante as emergências ou períodos de doenças agudas. A família é o local onde as pessoas aprendem sobre saúde e doença e também onde a maior parte do cuidado é dada ou recebida no transcorrer da vida. Consequentemente, a família tem grande potencial como aliado na manutenção ou na recuperação da saúde de seus membros. (RICHARDS; LILLY, 2001 apud CAMARANO, 2010, p. 129). Sabe-se, no entanto, que a maioria das famílias faz o que é possível para atender as demandas de seus parentes idosos, e o sofrimento causado pelo não alcance dessas metas gera sofrimento para todos (idosos e familiares) profissionais (CANAMARANO, 2010). Um elo que precisa ser acrescido com a criação de políticas públicas que possam garantir assim um envelhecimento digno e prolongado. A velhice precisa ser melhor vivida e garantida por Lei e para isso temos a Política Social de Proteção ao Idoso. Nesta sociedade aprendemos que o trabalho dignifica o homem, por isso deixar de fazê-lo coloca as pessoas em condição desfavorável em relação às demais, estigmatizando-as. A relação capital e trabalho tem um impacto direto nas relações sociais, onde não produzir é o mesmo que não existir. Vivemos, portanto, a coisificação dos indivíduos, intensificada com a reestruturação produtiva capitalista, onde as relações sociais são ainda mais fragilizadas, com exaltações ao egoísmo, a artificialidade, a competitividade, tratando uns aos outros como inimigos/ concorrentes, enfraquecendo completamente a classe trabalhadora, pois sem unidade, articulação política e luta não há conquistas. A vida passa a ser um grande negócio, uma troca de conveniências e nesse contexto os idosos ficam divididos: de um lado temos os que são exaltados pela mídia e de outro os que são desprezados pela sociedade. As questões em função do envelhecimento são individualizadas, mascaradas e estigmatizadas, e não visam superar os desafios da deficiência das políticas públicas. Apesar de existirem leis que deveriam resguardar os direitos à velhice, elas por si só não garantem o acesso universal aos serviços, por isso a importância de se discutir as contradições que abarcam a Proteção Social, quando Capital e Estado passam a solidarizar-se pelo enfrentamento a questão social. Após o fim da ditadura civil- 36 militar no Brasil, a sociedade passou por diversas transformações tanto no âmbito político, como econômico e social. Essas mudanças atingiram profundamente o mundo do trabalho, quando os trabalhadores precisam submeter-se a situações precárias de trabalho em prol de sua subsistência e de sua família. É nesse contexto que a reestruturação produtiva chega para firmar ideias que atingiriam de vez as relações sociais, fragmentando as formas de trabalho, aumentando os lucros e reduzindo custos, estagnando salários e também medo aos que estão fora, aceitando qualquertrabalho para sobreviver, levando os trabalhadores a agirem como se fossem inimigos uns dos outros, pois o que prevalece é a individualidade: “farinha pouca, meu pirão primeiro”. A alienação, os desgastes físicos e mentais, as jornadas intensas de trabalho, a instabilidade, o medo, a polivalência, o congelamento nos salários, a regressão dos direitos, o desemprego em massa, ou seja, todos os constrangimentos inerentes à flexibilização do trabalho, são estratégias adotadas para manutenção do capital, e atingem todos os trabalhadores. Há um grande interesse do capital em desestabilizá-los, pois assim acaba por fortalecer-se ainda mais, enfraquecendo sindicatos, aumentando a terceirização, preconizando contratos de trabalho, estimulando a competição, o imediatismo, a barbárie, o "salve-se quem puder”. E esse ideário neoliberal tem rebatido diretamente nas conquistas trabalhistas, pois, com o crescimento da terceirização das políticas públicas, um retrocesso à conquista dos direitos, o Estado é desresponsabilizado da Proteção Social, por mais que haja uma descentralização de responsabilidades, dividida entre Sociedade Civil, Família e Estado, somente por meio dele que se concretiza e efetiva os direitos aos cidadãos. A consolidação das políticas de previdência, assistência e saúde, no paradigma da seguridade social, se dá apenas com a Constituição Federal de 1988. Todavia esse processo se faz numa lógica de assistencialização de mínimos sociais, nas políticas de acesso à renda, e de precarização de serviços, mesmos os formalmente universais, como a saúde pública, considerando que sua implementação ocorre numa conjuntura adversa às conquistas constitucionais, como a crise da solidariedade social, administrada pelo Estado, avanço do neoliberalismo como princípios político-ideológicos e econômicos de organização da vida social (TEIXEIRA, 2007, p. 103). 37 As relações tornaram-se frágeis, lidamos uns com os outros como se fôssemos coisas, medimos o valor das pessoas pelo o que elas têm e podem oferecer, habituamo-nos à superficialidade, o egoísmo impera, amamos coisas e usamos pessoas. Essa é a geração cujo imediatismo a consome! Não temos tempo para o outro, falta-nos paciência, empatia, cuidado. Vivemos em uma frenética luta pela aceitação, pela conquista do espaço ao sol, fingimos ser mais felizes que o vizinho para nos sentirmos melhor que ele. Essa é sociedade que fazemos parte, esse é o nosso tempo, onde acreditamos não precisar de ninguém, nós nos bastamos, pois estamos saturados uns dos outros. Falar de amor, de perdão, de respeito, de gentileza tornou-se bobagem. A vida virou um grande espetáculo, onde encenamos nossa própria tragédia. Nos processos que demarcam a vida, a velhice está na condição mais desfavorável possível, o fim, o resto, o lugar onde ninguém deseja estar, isso ocorre porque os velhos parecem não pertencer mais ao meio, perdem o seu valor social, tornam-se estranhos, como se penetras fossem nesta geração. Porém, se bem pensarmos, talvez penetras sejam os mais novos, já que chegaram ao espaço dos coroas e os expulsaram com as novas tecnologias, linguagens, hábitos, com as ideias transformadoras de mudar o mundo e esquecendo de mudar a si próprio, e de recorrer a sabedoria dos velhos, as tradições, as histórias, os conselhos, os colos daqueles que lhe tanto fizeram e hoje parecem “não servir mais". A mídia é uma grande formadora de opiniões, os comerciais, novelas, filmes, trazem uma ideia diferenciada do envelhecimento, vemos idosos ativos, realizando atividades físicas, viajando, dançando, sorrindo, exercendo sua sexualidade e sensualidade, sendo felizes. As mensagens são claras: você é o que você pode comprar. O que vemos é uma mercantilização da velhice, um contraste entre realidade e expectativa, uma forma de mascarar o cotidiano vivido pelos idosos, que convivem com vergonha da própria condição limitada, esquecidos, desrespeitados, constrangidos, com a sensação de precisar camuflar os sinais do envelhecimento para serem aceitos, vivendo como se estivessem em fuga constante da verdade expressa no espelho. A velhice é interessante, desde que se possa pagar para desfrutá-la. O 38 idoso que possui capacidade para o consumo é enxergado pela sociedade, seu dinheiro alimenta negócios nos mercados mais diversos, principalmente os serviços de saúde, lazer e bem-estar, que vendem uma ideia de independência a esses, os tratando como protagonistas das próprias vidas. Segundo o site Mundo Prateado (2015), “a previsão é de que a quantia de 8 trilhões de dólares gasta pelas pessoas desta faixa etária, em 2010, cresça para 15 trilhões de dólares até 2020”. Pensa-se na velhice como uma maneira de obter lucros, e os nossos idosos estão sendo massacrados, capital não tem sentimento, se você pode pagar para viver, bem e se não pode, que morra. Ainda que haja quem pague para prolongar seus dias e também pela felicidade aparente, isso só dissimula os percalços que vem com o avançar da idade, tentando desconfigurar as violências psíquicas, emocionais, financeiras e morais enfrentadas pelos idosos. O Estado torna seletivo o ato de envelhecer e apesar de termos tido avanços na conquista de direitos, com a Política Nacional do Idoso (Lei 8.842/94) e o Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003), essas leis não garantem que todos tenham acesso as Políticas Públicas. Se tratada de maneira individualizada a velhice se fragiliza ainda mais, e suas questões passam a não ser somente conta do Estado mais também, e principalmente, do Capital. Sendo assim, as classes sociais enfrentam de maneira diferente esse estágio: quem tem condições paga para obter serviços que suavizam os impactos do envelhecimento, reinserindo-se mais facilmente na sociedade (o que não quer dizer que estão isentas de passarem situações conflituosas) e de outro lado os desvalidos, que ficam à disposição do Sistema de Proteção Social ineficiente, lutando pelo direito de ser reconhecido como sujeito. A incoerência entre os idosos não terem como se manter é que sem renda não há consumo, salário é reprodução, portanto manter uma qualidade de vida padrão supõe que se possa arcar com os gastos provenientes das mais diversas necessidades. Se o Estado não garante uma condição mínima de sobrevivência, como as políticas sociais básicas funcionando, por exemplo, inviabiliza o poder de compra da classe trabalhadora, inclusive os salários baixos 39 são justificados porque o Estado se diz responsável por manter tais políticas. A transferência de renda é a capacidade mínima de reprodução concedida aos indivíduos mais vulnerabilidades, porém a promoção desse benefício é restrita, havendo uma seletividade no acesso aos direitos e um aumento da miséria. A PNI [...] se enquadra, como nenhuma outra, nas novas diretrizes (internacionais) da política social, aquela que não prioriza o Estado como garantidor desses direitos, mas como normatizador, regulador, cofinanciador, dividindo as responsabilidades da proteção social com a sociedade civil, através de ações desenvolvidas por ONGs, comunidade, família ou entes municipais. A resultante dessa configuração são programas pontuais, com metas restritas, comparados ao crescimento do número de idosos, embora típicos da forma de execução via sociedade civil (TEIXEIRA, 2007, p. 110). A construção social da velhice é diferenciada entre as classes, envelhecer na Zona Sul do Rio de Janeiro é bem diferente do que envelhecer na Zona Norte, por exemplo, enquanto no primeiro caso pagam-se acompanhantes, faz-se tratamento médico, viagens turísticas, têm-se acesso a medicamentos com propriedades quase que mágicas para retardar o envelhecimento, os idosos são mais ativos e possuem uma aparência mais jovial, no segundo caso o idoso não tem nem como manter-se com seus rendimentos, falta a comida,
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