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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO ÍNDICE Estado, governo e administração pública: conceitos, elementos, poderes, natureza, fi ns e princípios. ..............................................01 Direito administrativo: conceito, fontes e princípios ................................................................................................................................................11 Ato administrativo. Conceito, requisitos, atributos, classifi cação e espécies. Invalidação, anulação e revogação. Prescrição. ...18 Agentes administrativos. Investidura e exercício da função pública. Direitos e deveres dos funcionários públicos; regimes jurídicos. Processo administrativo: conceito, princípios, fases e modalidades. Lei nº 8.112/1990 e alterações. ..............................26 Poderes da administração: vinculado, discricionário, hierárquico, disciplinar e regulamentar. ...............................................................80 Princípios básicos da administração. Responsabilidade civil da administração: evolução doutrinária e reparação do dano. Enriquecimento ilícito e uso e abuso de poder. Improbidade administrativa: sanções penais e civis — Lei nº 8.429/1992 e alterações. ..................................................................................................................................................................................................................................87 Serviços públicos: conceito, classifi cação, regulamentação, formas e competência de prestação ..................................................... 103 Organização administrativa. Administração direta e indireta, centralizada e descentralizada. Autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista. ............................................................................................................................................................... 113 Controle e responsabilização da administração. Controle administrativo. Controle judicial. Controle legislativo. Responsabilidade civil do Estado. ...................................................................................................................................................................................................................... 113 1 N O ÇÕ ES D E D IR EI TO A D M IN IS TR AT IV O ESTADO, GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO PÚ- BLICA: CONCEITOS, ELEMENTOS, PODERES, NATUREZA, FINS E PRINCÍPIOS. Centralização, descentralização, concentração e desconcentração Em linhas gerais, descentralização signifi ca transferir a execução de um serviço público para terceiros que não se confundem com a Administração direta; centralização signifi ca situar na Administração direta atividades que, em tese, poderiam ser exercidas por entidades de fora dela; desconcentração signifi ca transferir a execução de um serviço público de um órgão para o outro dentro da própria Administração; concentração signifi ca manter a execução central ao chefe do Executivo em vez de atri- bui-la a outra autoridade da Administração direta. Passemos a esmiuçar estes conceitos: Desconcentração implica no exercício, pelo chefe do Executivo, do poder de delegar certas atribuições que são de sua competência privativa. Neste sentido, o pre- visto na CF: Artigo 84, parágrafo único, CF. O Presidente da Re- pública poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações. Neste sentido: Artigo 84, VI, CF. dispor, mediante decreto, sobre: a) organização e funcionamento da administração fe- deral, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; b) extinção de funções ou cargos públicos, quando va- gos; Artigo 84, XII, CF. conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei; Artigo 84, XXV, CF. prover e extinguir os cargos públi- cos federais, na forma da lei; (apenas o provimento é delegável, não a extinção) Com efeito, o chefe do Poder Executivo federal tem opções de delegar parte de suas atribuições privativas para os Ministros de Estado, o Procurador-Geral da Re- pública ou o Advogado-Geral da União. O Presidente irá delegar com relação de hierarquia cada uma destas es- sencialidades dentro da estrutura organizada do Estado. Reforça-se, desconcentrar signifi ca delegar com hie- rarquia, pois há uma relação de subordinação dentro de uma estrutura centralizada, isto é, os Ministros de Estado, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União respondem diretamente ao Presidente da Repúbli- ca e, por isso, não possuem plena discricionariedade na prática dos atos administrativos que lhe foram delegados. Concentrar, ao inverso, signifi ca exercer atribuições privativas da Administração pública direta no âmbito mais central possível, isto é, diretamente pelo chefe do Poder Executivo, seja porque não são atribuições delegá- veis, seja porque se optou por não delegar. Artigo 84, CF. Compete privativamente ao Presidente da República: I - nomear e exonerar os Ministros de Estado; II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal; III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição; IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fi el execução; V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente; VI - dispor, mediante decreto, sobre: a) organização e funcionamento da administração fe- deral, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; b) extinção de funções ou cargos públicos, quando va- gos; VII - manter relações com Estados estrangeiros e acre- ditar seus representantes diplomáticos; VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacio- nais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional; IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio; X - decretar e executar a intervenção federal; XI - remeter mensagem e plano de governo ao Con- gresso Nacional por ocasião da abertura da sessão le- gislativa, expondo a situação do País e solicitando as providências que julgar necessárias; XII - conceder indulto e comutar penas, com audiên- cia, se necessário, dos órgãos instituídos em lei; XIII - exercer o comando supremo das Forças Arma- das, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promover seus ofi ciais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos; XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tri- bunais Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente e os di- retores do banco central e outros servidores, quando determinado em lei; XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Mi- nistros do Tribunal de Contas da União; XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nes- ta Constituição, e o Advogado-Geral da União; XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII; XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional; XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões le- gislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional; XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional; XXI - conferir condecorações e distinções honorífi cas; XXII - permitir, nos casos previstos em lei complemen- tar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente; XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano pluria- nual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento previstos nesta Constituição; user Realce user Realce user Realce2 N O ÇÕ ES D E D IR EI TO A D M IN IS TR AT IV O XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da sessão le- gislativa, as contas referentes ao exercício anterior; XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei; XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 62; XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição. Descentralizar envolve a delegação de interesses es- tatais para fora da estrutura da Administração direta, o que é possível porque não se refere a essencialidades, ou seja, a atos administrativos que somente possam ser praticados pela Administração direta porque se referem a interesses estatais diversos previstos ou não na CF. Descentralizar é uma delegação sem relação de hie- rarquia, pois é uma delegação de um ente para outro (não há subordinação nem mesmo quanto ao chefe do Executivo, há apenas uma espécie de tutela ou supervi- são por parte dos Ministérios – se trata de vínculo e não de subordinação). Basicamente, se está diante de um conjunto de pes- soas jurídicas estatais criadas ou autorizadas por lei para prestarem serviços de interesse do Estado. Possuem pa- trimônio próprio e são unidades orçamentárias autôno- mas. Ainda, exercem em nome próprio direitos e obriga- ções, respondendo pessoalmente por seus atos e danos. Existem duas formas pelas quais o Estado pode efe- tuar a descentralização administrativa: outorga e dele- gação. A outorga se dá quando o Estado cria uma entidade e a ela transfere, através de previsão em lei, determinado serviço público e é conferida, em regra, por prazo inde- terminado. Isso é o que acontece quanto às entidades da Administração Indireta prestadoras de serviços públicos. Neste sentido, o Estado descentraliza a prestação dos serviços, outorgando-os a outras entidades criadas para prestá-los, as quais podem tomar a forma de autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fun- dações públicas. A delegação ocorre quando o Estado transfere, por contrato ou ato unilateral, apenas a execução do serviço, para que o ente delegado o preste ao público em seu próprio nome e por sua conta e risco, sob fi scalização do Estado. A delegação é geralmente efetivada por prazo determinado. Ela se dá, por exemplo, nos contratos de concessão ou nos atos de permissão, pelos quais o Es- tado transfere aos concessionários e aos permissionários apenas a execução temporária de determinado serviço. Centralizar envolve manter na estrutura da Adminis- tração direta o desempenho de funções administrativas de interesses não essenciais do Estado, que poderiam ser atribuídos a entes de fora da Administração por outorga ou delegação. Todos envolvem transferência na execução de serviços: Descentralização – da Administração para terceiros; Centralização – de terceiros para a Adminis- tração; Desconcentração – de um órgão central para outro na Administração; Concentração – de um órgão na Administra- ção para o órgão central. Descentralização e centralização são movi- mentos externos, desconcentração e concen- tração são movimentos internos. #FicaDica EXERCÍCIO COMENTADO 1. (PGM - AM - Procurador do Município - CES- PE/2018) Acerca dos instrumentos jurídicos que podem ser cele- brados pela administração pública para a realização de serviços públicos, julgue o item a seguir. A União poderá celebrar convênio com consórcio público constituído por municípios para viabilizar a descentrali- zação e a prestação de políticas públicas em escalas ade- quadas na área da educação fundamental. ( ) CERTO ( ) ERRADO Resposta: Certo. Pelo instrumento utilizado – convê- nio ou consórcio público – já cabe determinar que se trata de um movimento externo (descentralização ou centralização). Se for de dentro da Administração para fora, é descentralização, pois sai da autoridade central da Administração para um terceiro. Assim, o exemplo descreve corretamente a descentralização. 2. (STM - Técnico Judiciário - Área Administrativa - CESPE/2018) A respeito dos princípios da administração pública, de noções de organização administrativa e da administra- ção direta e indireta, julgue o item que se segue. A descentralização administrativa consiste na distribui- ção interna de competências agrupadas em unidades individualizadas. ( ) CERTO ( ) ERRADO Resposta: Errado. Quando a distribuição se dá de forma interna, fala-se em concentração (de um órgão fragmentário para o central) ou em desconcentração (de um órgão central para unidades individualizadas, como é o caso do exemplo). A descentralização é um movimento externo, de dentro da Administração para terceiro, externo à estrutura administrativa. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 3 N O ÇÕ ES D E D IR EI TO A D M IN IS TR AT IV O 3. (CGM de João Pessoa/PB - Conhecimentos Básicos - Cargos: 1, 2 e 3 - CESPE/2018) A respeito da organização e dos poderes da administra- ção pública, julgue o próximo item. A criação de secretaria municipal de defesa do meio am- biente por prefeito municipal confi gura caso de descon- centração administrativa. Resposta: Certo. A secretaria municipal seria um ór- gão interno que desempenharia atribuições que po- deriam ser exercidas pelo órgão central, a prefeitura. No caso, para melhor desempenhar as funções, a Pre- feitura transferiu o exercício de funções para a Secre- taria, um movimento interno, caracterizando descon- centração. Administração direta e indireta Administração Direta Administração Pública direta é aquela formada pelos entes integrantes da federação e seus respectivos ór- gãos. Os entes políticos são a União, os Estados, o Dis- trito Federal e os Municípios. À exceção da União, que é dotada de soberania, todos os demais são dotados de autonomia. Dispõe o Decreto nº 200/1967: Art. 4° A Administração Federal compreende: I - A Administração Direta, que se constitui dos servi- ços integrados na estrutura administrativa da Presi- dência da República e dos Ministérios. A administração direta é formada por um conjunto de núcleos de competências administrativas, os quais já fo- ram tidos como representantes do poder central (teoria da representação) e como mandatários do poder central (teoria do mandato). Hoje, adota-se a teoria do órgão, de Otto Giërke, segundo a qual os órgãos e agentes são apenas núcleos administrativos criados e extintos exclusivamente por lei, mas que podem ser organizados por decretos autôno- mos do Executivo (art. 84, VI, CF), sendo desprovidos de personalidade jurídica própria. Assim, os órgãos da Administração direta não pos- suem patrimônio próprio; e não assumem obrigações em nome próprio e nem direitos em nome próprio (não podem ser autor nem réu em ações judiciais, exceto para fi ns de mandado de segurança – tanto como impetrante como quanto impetrado). Já que não possuem personalidade, atuam apenas no cumprimento da lei, não atuando por vontade própria. Logo, órgãos são impessoais quando agem no estrito cumprimento de seus deveres, não respondendo dire- tamente por seus atos e danos – o órgão central, com personalidade, que responderá. Esta impossibilidade de se imputar diretamente a res- ponsabilidade a agentes ou órgãos públicos que estejam exercendo atribuições da Administração direta é deno- minada teoria da imputação objetiva, de Otto Giërke, que institui o princípio da impessoalidade. - Órgãos Públicos: teorias “Várias teorias surgiram para explicar as relações do Estado, pessoa jurídica, com suas agentes: Pela teoria do mandato, o agente público é mandatário da pessoa jurí- dica; a teoria foi criticada por não explicar como o Estado, que não tem vontade própria, pode outorgar o manda- to”1. A origem desta teoria está no direito privado, não tendo como prosperar porque o Estado não pode outor- gar mandatoa alguém, afi nal, não tem vontade própria. Num momento seguinte, adotou-se a teoria da re- presentação: “Posteriormente houve a substituição des- sa concepção pela teoria da representação, pela qual a vontade dos agentes, em virtude de lei, exprimiria a vontade do Estado, como ocorre na tutela ou na curatela, fi guras jurídicas que apontam para representantes dos incapazes. Ocorre que essa teoria, além de equiparar o Estado, pessoa jurídica, ao incapaz (sendo que o Estado é pessoa jurídica dotada de capacidade plena), não foi sufi ciente para alicerçar um regime de responsabilização da pessoa jurídica perante terceiros prejudicados nas cir- cunstâncias em que o agente ultrapassasse os poderes da representação”2. Criticou-se a teoria porque o Esta- do estaria sendo visto como um sujeito incapaz, ou seja, uma pessoa que não tem condições plenas de manifes- tar, de falar, de resolver pendências; bem como porque se o representante estatal exorbitasse seus poderes, o Estado não poderia ser responsabilizado. Finalmente, adota-se a teoria do órgão, de Otto Giërke, segundo a qual os órgãos são apenas núcleos administrativos criados e extintos exclusivamente por lei, mas que podem ser organizados por decretos autôno- mos do Executivo (art. 84, VI, CF), sendo desprovidos de personalidade jurídica própria. Com efeito, o Estado bra- sileiro responde pelos atos que seus agentes praticam, mesmo se estes atos extrapolam das atribuições estatais conferidas, sendo-lhe assegurado o direito de regresso. A teoria da imputação objetiva, derivada da teoria do órgão, também de Otto Giërke, impõe que o órgão central da Administração, por ser o único dotado de per- sonalidade jurídica, responderá por danos praticados em seus órgãos despersonalizados e por seus agentes. Não signifi ca que os agentes fi carão impunes, mas caberá à Administração buscar contra ele o direito de regresso, retomando o que foi obrigada a indenizar. Ex.: se uma pessoa é vítima de dano numa delegacia estadual por parte de um delegado da polícia civil, ajuizará deman- da indenizatória contra a Fazenda Pública do Estado, a qual poderá exercer direito de regresso contra o agente público, delegado causador do dano. Repare que a Ad- ministração não se exime de indenizar mesmo que seu agente seja culpado. 1 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 23. ed. São Paulo: Atlas editora, 2010. 2 NOHARA, Irene Patrícia. Direito Administrativo – esquematizado, completo, atualizado, temas polêmicos, conteúdo dos principais con- cursos públicos. 3. ed. São Paulo: Atlas editora, 2013. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 4 N O ÇÕ ES D E D IR EI TO A D M IN IS TR AT IV O Teoria do mandato e teoria da representa- ção: ultrapassadas. Teoria do órgão: adotada. A teoria da imputação objetiva deriva da teo- ria do órgão. Ambas são de autoria de Otto Giërke. #FicaDica - Órgãos Públicos: classifi cações Quanto se faz desconcentração da autoridade central – chefe do Executivo – para os seus órgãos, se depara com diversos níveis de órgãos, que podem ser classifi - cados em simples ou complexos (simples se possuem apenas uma estrutura administrativa, complexos se pos- suem uma rede de estruturas administrativas) e em uni- tários ou colegiados (unitário se o poder de decisão se concentra em uma pessoa, colegiado se as decisões são tomadas em conjunto e prevalece a vontade da maioria): a) Órgãos independentes – encabeçam o poder ou estrutura do Estado, gozando de independência para agir e não se submetendo a outros órgãos. Cabe a eles defi nir as políticas que serão imple- mentadas. É o caso da Presidência da República, órgão complexo composto pelo gabinete, pela Advocacia-Geral da União, pelo Conselho da Re- pública, pelo Conselho de Defesa, e unitário (pois o Presidente da República é o único que toma as decisões). b) Órgãos autônomos – estão no primeiro escalão do poder, com autonomia funcional, porém subordi- nados politicamente aos independentes. É o caso de todos os ministérios de Estado. c) Órgãos superiores – são desprovidos de autonomia ou independência, sendo plenamente vinculados aos órgãos autônomos. Ex.: Delegacia Regional do Trabalho, vinculada ao Ministério do Trabalho e Emprego; Departamento da Polícia Federal, vin- culado ao Ministério da Justiça. d) Órgãos subalternos – são vinculados a todos acima deles com plena subordinação administrativa. Ex.: órgãos que executam trabalho de campo, policiais federais, fi scais do MTE. FIQUE ATENTO! O Ministério Público, os Tribunais de Contas e as Defensorias Públicas não se encaixam nesta estrutura, sendo órgãos independen- tes constitucionais. Em verdade, para Ca- notilho e outros constitucionalistas, estes órgãos não pertencem nem mesmo aos três poderes. Conforme Carvalho Filho3, “a noção de Estado, como visto, não pode abstrair-se da de pessoa jurídica. O Es- tado, na verdade, é considerado um ente personalizado, seja no âmbito internacional, seja internamente. Quando se trata de Federação, vigora o pluripersonalismo, por- que além da pessoa jurídica central existem outras inter- 3 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis- trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. nas que compõem o sistema político. Sendo uma pessoa jurídica, o Estado manifesta sua vontade através de seus agentes, ou seja, as pessoas físicas que pertencem a seus quadros. Entre a pessoa jurídica em si e os agentes, com- põe o Estado um grande número de repartições internas, necessárias à sua organização, tão grande é a extensão que alcança e tamanha as atividades a seu cargo. Tais repartições é que constituem os órgãos públicos”. Apresenta-se, detalhes, a classifi cação dos órgãos: a) Quanto à pessoa federativa: federais, estaduais, distritais e municipais. b) Quanto à situação estrutural: os diretivos, que são aqueles que detêm condição de comando e de di- reção, e os subordinados, incumbidos das funções rotineiras de execução. c) Quanto à composição: singulares, quando integra- dos em um só agente, e os coletivos, quando com- postos por vários agentes. d) Quanto à esfera de ação: centrais, que exercem atribuições em todo o território nacional, estadu- al, distrital e municipal, e os locais, que atuam em parte do território. e) Quanto à posição estatal: são os que representam os poderes do Estado – o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. f) Quanto à estrutura: simples ou unitários e compos- tos. Os órgãos compostos são constituídos por vá- rios outros órgãos. Administração Indireta A Administração Pública indireta pode ser defi nida como um grupo de pessoas jurídicas de direito público ou privado, criadas ou instituídas a partir de lei específi - ca, que atuam paralelamente à Administração direta na prestação de serviços públicos ou na exploração de ativi- dades econômicas. “Enquanto a Administração Direta é composta de órgãos internos do Estado, a Administração Indireta se compõe de pessoas jurídicas, também denominadas de entidades”4. Em que pese haver entendimento diverso registrado em nossa doutrina, integram a Administração indireta do Estado quatro espécies de pessoa jurídica, a saber: as Autarquias, as Fundações, as Sociedades de Eco- nomia Mista e as Empresas Públicas. Dispõe o Decreto nº 200/1967: Art. 4° A Administração Federal compreende: II - A Administração Indireta, que compreende as se- guintes categorias de entidades, dotadas de personali- dade jurídica própria: a) Autarquias; b) Empresas Públicas; c) Sociedades de Economia Mista. d) fundações públicas. Ao lado destas, podemos encontrar ainda entes que prestam serviços públicos por delegação, embora não integrem os quadros da Administração, quais sejam, os permissionários, os concessionários e os autorizados. 4 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis- trativo. 23. ed. Rio de Janeiro:Lumen juris, 2010. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 5 N O ÇÕ ES D E D IR EI TO A D M IN IS TR AT IV O Essas quatro pessoas integrantes da Administração indireta serão criadas para a prestação de serviços públi- cos ou, ainda, para a exploração de atividades econômi- cas, como no caso das empresas públicas e sociedades de economia mista, e atuam com o objetivo de aumentar o grau de especialidade e efi ciência da prestação do ser- viço público ou, quando exploradoras de atividades eco- nômicas, visando atender a relevante interesse coletivo e imperativos da segurança nacional. Com efeito, de acordo com as regras constantes do artigo 173 da Constituição Federal, o Poder Público só poderá explorar atividade econômica a título de exceção, em duas situações, conforme se colhe do caput do refe- rido artigo, a seguir reproduzido: Artigo 173. Ressalvados os casos previstos nesta Cons- tituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos de segurança nacional ou a relevante in- teresse coletivo, conforme defi nidos em lei. Cumpre esclarecer que, de acordo com as regras constitucionais e em razão dos fi ns desejados pelo Es- tado, ao Poder Público não cumpre produzir lucro, tare- fa esta deferida ao setor privado. Assim, apenas explora atividades econômicas nas situações indicadas no artigo 173 do Texto Constitucional. Quando atuar na econo- mia, concorre em grau de igualdade com os particulares, e sob o regime do artigo 170 da Constituição, inclusi- ve quanto à livre concorrência, submetendo-se ainda a todas as obrigações constantes do regime jurídico de direito privado, inclusive no tocante às obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributárias. Administração indireta: autarquias (inclui agências reguladoras e agências executivas), fundações públicas, empresas públicas e so- ciedades de economia mista. Não compõem a Administração indireta: concessionárias e permissionárias, além de entidades paraestatais (terceiro setor). #FicaDica EXERCÍCIOS COMENTADOS 1. (STJ - Analista Judiciário - Judiciária - CESPE/2018) Tendo como referência a jurisprudência dos tribunais su- periores a respeito da organização administrativa e dos agentes públicos, julgue o item a seguir. O fato de a advocacia pública, no âmbito judicial, defen- der ocupante de cargo comissionado pela prática de ato no exercício de suas atribuições amolda-se à teoria da representação. ( ) CERTO ( ) ERRADO Resposta: Errado. Vigora no Direito Administrativo brasileiro a teoria do órgão, de Otto Giërke. Quando um agente público atua, é como se o próprio Esta- do atuasse, então não há problemas com o fato da advocacia pública defender o ocupante de um cargo público, não importando se o cargo é efetivo ou em comissão. 2.(TRF 1ª REGIÃO - Técnico Judiciário - Área Adminis- trativa - CESPE/2017) No que diz respeito a organização administrativa, julgue o item que se segue. Órgão público é ente despersonalizado, razão por que lhe é defeso, em qualquer hipótese, ser parte em proces- so judicial, ainda que a sua atuação seja indispensável à defesa de suas prerrogativas institucionais. ( ) CERTO ( ) ERRADO Resposta: Errado. Caso a atuação direta do órgão pú- blico seja indispensável às suas prerrogativas institu- cionais, protegendo suas atividades, sua autonomia e sua independência, poderá atuar como parte em pro- cesso judicial. O entendimento é fi rmado pelo próprio STJ (5a Turma; RO em MS: 21.813/AP; Rel. Min. FELIX FISCHER; Data de Julgamento: 13/12/2007). 3. (TRF 1ª REGIÃO - Analista Judiciário - Ofi cial de Justiça Avaliador Federal - CESPE/2017) A respeito da organização do Estado e da administração pública, julgue o item a seguir. O principal critério de distinção entre empresa pública e sociedade de economia mista é que esta integra a admi- nistração indireta, enquanto aquela integra a administra- ção direta. ( ) CERTO ( ) ERRADO Resposta: Errado. O artigo 4o, II, Decreto nº 200/1967 enumera as sociedades de economia mista e as em- presas públicas, ambas, como integrantes da adminis- tração indireta, ao lado das autarquias e das funda- ções públicas. Autarquias, fundações, empresas públicas e socie- dades de economia mista Autarquias Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967: I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pú- blica, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e fi nanceira descentralizada. As autarquias são pessoas jurídicas de direito público, de natureza administrativa, criadas para a execução de serviços tipicamente públicos, antes prestados pelas entidades estatais que as criam. Por serviços tipicamente públicos entenda-se aqueles sem fi ns lucrativos criados por lei e comum monopólio do Estado. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 6 N O ÇÕ ES D E D IR EI TO A D M IN IS TR AT IV O “O termo autarquia signifi ca autogoverno ou gover- no próprio, mas no direito positivo perdeu essa noção semântica para ter o sentido de pessoa jurídica adminis- trativa com relativa capacidade de gestão dos interesses a seu cargo, embora sob controle do Estado, de onde se originou. Na verdade, até mesmo em relação a esse sentido, o termo está ultrapassado e não mais refl ete uma noção exata do instituto. [...] Pode-se conceituar au- tarquia como a pessoa jurídica de direito público, inte- grante da Administração Indireta, criada por lei para de- sempenhar funções que, despidas de caráter econômico, sejam próprias e típicas do Estado”5. Logo, as autarquias são regidas integralmente pelo regime jurídico de direito público, podendo, tão-somen- te, ser prestadoras de serviços públicos, contando com capital oriundo da Administração direta. O Código Civil, em seu artigo 41, IV, as coloca como pessoas jurídicas de direito público, embora exista controvérsia na doutrina. Carvalho Filho6 classifi ca quanto ao regime jurídico: “ a) autarquias comuns (ou de regime comum); b) autarquias especiais (ou de regime especial). Se- gundo a própria terminologia, é fácil distingui-las: as primeiras estariam sujeitas a uma disciplina ju- rídica sem qualquer especifi cidade, ao passo que as últimas seriam regidas por disciplina específi ca, cuja característica seria a de atribuir prerrogativas especiais e diferenciadas a certas autarquias”. São exemplos de autarquias especiais aquelas criadas para serviços especiais, como autarquias de ensino (ex.: USP) e autarquias de fi scalização (ex.: CRM e CREA). A título de exemplo, citamos as seguintes autarquias: Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), De- partamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), Departamento nacional de Registro do Comércio (DNRC), Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), Insti- tuto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Natu- rais Renováveis (Ibama), Banco Central do Brasil (Bacen). Ainda sobra as autarquias: Contam com patrimônio próprio, constituído a partir de transferência pela entidade estatal a que se vinculam, portanto, capital exclusivamente público. São dotadas, ainda, de autonomia fi nanceira, plane- jando seus gastos e compromissos a cada exercício. A proposta orçamentária é encaminhada anualmente ao chefe do Executivo, que a inclui no orçamento fi scal da lei orçamentária anual. A própria autarquia presta contas diretamente ao Tribunal de Contas. Podem pagar aos seus credores por meio de precató- rios e requisição de pequeno valor, tal como a Adminis- traçãodireta. Podem emitir sozinhas certidão de dívida ativa de seus devedores. Gozam de imunidade tributária recíproca em relação a todas unidades da federação. 5 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis- trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. 6 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis- trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. A elas se conferem as mesmas prerrogativas proces- suais que à Fazenda Pública, inclusive prazo em dobro para contestar e recorrer, além de reexame necessário da causa em situações de condenação acima de certos valores. Todas autarquias devem ser criadas, organizadas e extintas por lei, que podem ser complementadas por atos do Executivo, notadamente Decretos. As autarquias podem ser federais, estaduais, distritais e municipais, contudo não podem ser interestaduais ou intermunicipais (não é permitida a associação de unida- des federativas para a criação de autarquias). Devem executar atividades típicas do direito público e, notadamente, serviços públicos de natureza social e atividades administrativas, com a exclusão dos serviços e atividades de cunho econômico e mercantil. O patrimônio da autarquia é formado por bens públi- cos, razão pela qual seu patrimônio se sujeita às mesmas regras aplicáveis aos bens públicos em geral, inclusive no que se refere à impenhorabilidade e à impossibilidade de oneração e de usucapião. Os agentes públicos das autarquias são concursados e estatutários, logo, se sujeitam a estatuto próprio e não à CLT. Já os dirigentes não precisam ser concursados e são nomeados e destituídos livremente pelo chefe do Executivo. Agências reguladoras São fi guras muito recentes em nosso ordenamento jurídico. Possuem natureza jurídica de autarquias de re- gime especial, são pessoas jurídicas de Direito Público com capacidade administrativa, aplicando-se a elas todas as regras das autarquias. O dirigente é nomeado pelo chefe do Executivo, mas a nomeação se sujeita à aprovação do legislativo, que se baseia nos critérios de conhecimento. Uma vez no- meado, o dirigente passa a gozar de mandato com prazo determinado e só pode ser destituído por processo com decisão motivada. Possuem como objetivo regular e fi scalizar a exe- cução de serviços públicos. Elas não executam o serviço propriamente, elas o fi scalizam. Logo, são entidades com típica função de controle da prestação dos serviços públi- cos e do exercício de atividades econômicas, evitando a prática de abusos por parte de entidades do setor privado. São titulares da matéria técnica que regulam, de modo que somente elas podem disciplinar as regras e padrões técnicos desta determinada seara. No exercício de seus poderes, compete a elas: fi scali- zar o cumprimento de contratos de concessões e o atin- gimento de metas neles fi xadas, fi scalizar e controlar o atendimento a consumidores e usuários (inclusive rece- bendo e processando denúncias e reclamações, aplican- do penas administrativas e multas, bem como rescindin- do contratos), defi nir política tarifária e reajustá-la. Entre as agências reguladoras inseridas no ordena- mento brasileiro, destacam-se: ANEEL – Agência Nacio- nal de Energia Elétrica, criada pela Lei nº 9.427/1996; a ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações, pela Lei nº 9.472/1997; e a ANP – Agência Nacional do Petró- leo, pela Lei nº 9.478/1997. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 7 N O ÇÕ ES D E D IR EI TO A D M IN IS TR AT IV O Agências executivas Agência executiva é a qualifi cação conferida a autar- quia, fundação pública ou órgão da administração direta que celebra contrato de gestão com o próprio ente po- lítico com o qual está vinculado. As agências executivas se distinguem das agências reguladoras por não terem como objetivo principal o de exercer controle sobre par- ticulares que prestam serviços públicos, que é o objetivo fundamental das agências reguladoras. Assim, a expres- são “agências executivas” corresponde a um título ou qualifi cação atribuída à autarquia ou a fundações públi- cas cujo objetivo seja exercer atividade estatal. As agências reguladoras sempre serão autar- quias, embora sujeitas a regime especial. As agências executivas podem ser autarquia, fundação pública ou órgão da administração direta que fi rme contrato de gestão. #FicaDica Fundações públicas Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967: IV - Fundação Pública - a entidade dotada de perso- nalidade jurídica de direito privado, sem fi ns lucrati- vos, criada em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que não exijam exe- cução por órgãos ou entidades de direito público, com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por recursos da União e de outras fontes. As Fundações são pessoas jurídicas compostas por um patrimônio personalizado, destacado pelo seu insti- tuidor para atingir uma fi nalidade específi ca, denomina- das, em latim, universitas bonorum. Entre estas fi nalida- des, destacam-se as de escopo religioso, moral, cultural ou de assistência. Essa defi nição serve para qualquer fundação, inclu- sive para aquelas que não integram a Administração indireta (não-governamentais). No caso das fundações que integram a Administração indireta (governamentais), quando forem dotadas de personalidade de direito pú- blico, serão regidas integralmente por regras de direito público. Quando forem dotadas de personalidade de di- reito privado, serão regidas por regras de direito público e direito privado. Quando as fundações são criadas pelo Estado são conhecidas como fundações públicas, ou autarquias fundacionais ou fundações autárquicas. O estatuto da fundação, no caso, terá a forma de lei, cujo escopo será criar e organizar a fundação. As fundações públicas são regulamentadas por lei complementar. Sendo fundações públicas que adotam regime jurídico de direito público, se equiparam às autarquias e se sujeitam às mesmas re- gras que elas. Obs.: é possível que a lei autorize (não crie) uma fundação pública que adote regime jurídico de direito privado, ou então um regime misto, caso em que seus servidores poderão se sujeitar à CLT, seu patrimônio não será exclusivamente oriundo de verbas estatais. A lei au- torizadora deve ser expressa neste sentido. Empresas públicas Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967: II - Empresa Pública - a entidade dotada de personali- dade jurídica de direito privado, com patrimônio pró- prio e capital exclusivo da União, criado por lei para a exploração de atividade econômica que o Governo seja levado a exercer por força de contingência ou de conveniência administrativa podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito. Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito Privado, criadas para a prestação de serviços públicos ou para a exploração de atividades econômicas, que contam com capital exclusivamente público, e são constituídas por qualquer modalidade empresarial, após autorização legislativa do ente federativo criador. Sendo a empresa pública uma prestadora de servi- ços públicos, estará submetida a regime jurídico público, ainda que constituída segundo o modelo imposto pelo Direito Privado. Se a empresa pública é exploradora de atividade econômica, estará submetida a regime jurídi- co denominado pela doutrina como semipúblico, ante a necessidade de observância, ao menos em suas relações com os administrados, das regras atinentes ao regime da Administração, a exemplo dos princípios expressos no “caput” do artigo 37 da Constituição Federal. Podemos citar, a título de exemplo, algumas empre- sas públicas, nas mais variadas esferas de governo, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômicoe So- cial (BNDES); a Empresa Municipal de Urbanização de São Paulo (EMURB); a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT); a Caixa Econômica Federal (CEF). Estas empresas públicas se caracterizam e se diferen- ciam das sociedades de economia mista por: não possuí- rem fi ns lucrativos (o capital excedente não se transforma em lucro, é reinvestido na própria empresa), podem ado- tar perfi s empresariais diversos (LTDA, comandita, nome coletivo, S/A), o capital social é formado por recursos pú- blicos e só admite sócios públicos (pode ter apenas um sócio – unipessoalidade originária ou inicial). Sociedades de economia mista Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967: III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dota- da de personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com di- reito a voto pertençam em sua maioria à União ou a entidade da Administração Indireta. As sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de Direito Privado criadas para a prestação de serviços públi- cos ou para a exploração de atividade econômica, contando com capital misto e constituídas somente sob a forma em- presarial de S/A. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 8 N O ÇÕ ES D E D IR EI TO A D M IN IS TR AT IV O Por capital misto, entenda-se que não é apenas o Estado que participa dela, existem acionistas a ela vinculados. Entretanto, o Estado deve ser o acionista controlador do direito a voto, mesmo que não seja o acionista majoritário (se o Estado for sócio, mas não for controlador, trata-se de empresa comum, não sociedade de economia mista). Alguns exemplos de sociedade mista: - Exploradoras de atividade econômica: Banco do Brasil e Banespa. - Prestadora de serviços públicos: Petrobrás, Sabesp, Metrô e CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano). Estas sociedades de economia mista se caracterizam e se diferenciam das empresas públicas por: possuírem fi ns lucrativos (os lucros são distribuídos entre os acionistas), adotam o perfi l de sociedade anônima S/A, o capital social é formado por recursos públicos e privados, os sócios são privados e públicos (Estado). Empresas públicas e sociedades de economia mista: semelhanças Embora a Constituição Federal reserve a atividade econômica à iniciativa privada, resguardando ao Estado os papéis de integração (integrar o Brasil na economia global), regulação (defi nindo regras e limites na exploração da atividade econô- mica por particulares) e intervenção (fi xação de regras e normas para combater o abuso do poder econômico) (conforme artigos 173 e seguintes, CF), autoriza-se excepcionalmente que o Estado explore diretamente atividades econômicas se houver um relevante interesse em matérias (serviços públicos em geral) ou atividades de soberania. Quando está autorizado a fazê-lo, somente atua por meio de sociedades de economia mista e empresas públi- cas. Tais empresas são regidas por regime jurídico de direito privado, o que evita que o próprio Estado possa abusar do poder econômico. Logo, o Estado não pode dar às suas próprias empresas benefícios previdenciários, tributários e trabalhistas. Além disso, em termos processuais, não gozam das prerrogativas que as autarquias gozam. FIQUE ATENTO! O impedimento de prerrogativas somente se aplica quando o Estado está explorando atividade econô- mica propriamente dita, não quando está ofertando serviços públicos. Afi nal, se o serviço é público, então o Estado pode sobre ele exercer monopólio, o que afasta a necessidade de regras que impeçam o abuso do poder econômico. Por exemplo, os Correios são uma empresa pública e possuem isenção fi scal e im- penhorabilidade de bens. Tanto as empresas públicas quanto as sociedades de economia mista são criadas por lei e a existência delas deve ser fundada em contrato ou estatuto. Ambas se sujeitam, ainda, ao regime jurídico de direito privado. Inclusive, seus bens são, a princípio, penhoráveis (exceto se for prestadora de serviço público e não exploradora de atividade econômica). No entanto, não se sujeitam à falência ou à recuperação judicial (art. 2º, Lei nº 11.101/2005). Contudo, devem obedecer ao núcleo obrigatório mínimo: licitar (exceto no que tange à prestação da ativida- de-fi m), concursar (os agentes se sujeitam ao regime da CLT, são celetistas e não estatutários, mas são contratados mediante concurso público de provas ou provas e títulos), prestar contas ao Tribunal de Contas e obedecer ao teto de remuneração (exceto no caso de sociedade de economia mista que subsista sem qualquer auxílio do governo, apenas com seus lucros). Empresa Pública Sociedade de Economia Mista Não possuem fi ns lucrativos Possuem fi ns lucrativos Adotam perfi s empresariais diversos (inclusive pode ser S/A) Adotam o perfi l de sociedade anônima S/A Capital social de recursos públicos Capital social de recursos públicos e privados Apenas sócios públicos Sócios públicos e privados #FicaDica user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 9 N O ÇÕ ES D E D IR EI TO A D M IN IS TR AT IV O EXERCÍCIO COMENTADO 1. (EBSERH - Assistente Administrativo - CESPE/2018) Em relação ao direito administrativo, julgue o item se- guinte. Somente por decreto específi co poderá ser criada autar- quia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar defi nir as áreas de atuação. ( ) CERTO ( ) ERRADO Resposta: Errado. Disciplina o artigo 37, XIX, CF: “so- mente por lei específi ca poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de so- ciedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, defi nir as áreas de sua atuação”. Somente fundação pública tem suas áreas de atuação determinadas por lei federal. Basta lei ordinária para criar autarquia e autorizar a institui- ção de empresa pública ou sociedade de economia mista – Decreto é insufi ciente para tanto. 2. (STM - Técnico Judiciário - Área Administrativa - CESPE/2018) A respeito dos princípios da administração pública, de noções de organização administrativa e da administra- ção direta e indireta, julgue o item que se segue. As autarquias são pessoas jurídicas criadas por lei e pos- suem liberdade administrativa, não sendo subordinadas a órgãos estatais. ( ) CERTO ( ) ERRADO Resposta: Certo. O artigo 5o, I, Decreto-Lei nº 200/1967 descreve a autarquia como serviço autôno- mo, ou seja, estas possuem independência em relação aos órgãos da Administração direta; e também diz que estas são criadas por lei. 3. (STM - Analista Judiciário - Área Judiciária - CES- PE/2018) Considerando a doutrina majoritária, julgue o próximo item, referente ao poder administrativo, à organização administrativa federal e aos princípios básicos da admi- nistração pública. Quando criadas como autarquias de regime especial, as agências reguladoras integram a administração direta. ( ) CERTO ( ) ERRADO Resposta: Errado. Como autarquias de regime espe- cial, as agências reguladoras fazem parte da Adminis- tração Indireta. 4.(STM - Técnico Judiciário - Programação de Siste- mas - CESPE/2018) Em relação à organização administrativa e à licitação ad- ministrativa, julgue o item a seguir. Por ser dotada de personalidade jurídica de direito públi- co e integrar a administração pública indireta, a empresa pública não pode explorar atividade econômica. ( ) CERTO ( ) ERRADO Resposta: Errado. A empresa pública é integrante da Administração Indireta e possui personalidade jurídica de direito privado. Pode ser criada para exploração de atividades econômicas ou para prestação de serviços públicos (artigo 5o, II, Decreto-Lei nº 200/1967). Entidadesparaestatais e terceiro setor Desde a última década do século passado vêm sen- do promovidas no Brasil reformas constitucionais e legais para implantar um modelo de administração gerencial, que se concentra num Estado mínimo, isto é, que inter- fi ra o mínimo possível na sociedade, em consonância com o defendido pela doutrina neoliberalista. Entre as providências tomadas, colocam-se: reforço à autonomia das agências reguladoras, privatizações, parcerias públi- co-privadas, incentivo à iniciativa privada7 – inclusive às denominadas entidades paraestatais. Alexandrino e Paulo8 afi rmam: “no conceito de enti- dades paraestatais que adotamos estão enquadrados: a) os serviços sociais autônomos; b) as organizações sociais; c) as organizações da sociedade civil de interesse coleti- vo (OSCIP); d) as ‘entidades de apoio’”. Para os autores, com as reformas, ocorreu uma ampliação do conceito clássico de Meirelles, para o qual apenas eram entida- des paraestatais as pessoas jurídicas de direito privado da Administração Indireta (empresas públicas e socieda- des de economia mista) e os serviços sociais autônomos (SESC, SENAI, SESI, etc.). Em detalhes sobre a controvérsia, entidades paraes- tatais “são aquelas pessoas jurídicas que atuam ao lado e em colaboração com o Estado. [...] Há juristas que en- tendem serem entidades paraestatais aquelas que, tendo personalidade jurídica de direito privado (não incluí- das, pois, as autarquias), recebem amparo ofi cial do Po- der Público, como as empresas públicas, as sociedades de economia mista, as fundações públicas e as entidades de cooperação governamental (ou serviços sociais autô- nomos), como o SESI, SENAI, SESC, SENAC etc. Outros pensam exatamente o contrário: entidades paraestatais seriam as autarquias. Alguns, a seu turno, só enquadram nessa categoria as pessoas colaboradoras que não se preordena a fi ns lucrativos, estando excluídas, assim, as empresas públicas e as sociedades de economia mista. Para outros, ainda, paraestatais seriam as pessoas de di- reito privado integrantes da Administração Indireta, ex- cluindo-se, por conseguinte, as autarquias, as fundações de direito público e os serviços sociais autônomos. Por 7 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito administrativo descomplicado. 16. ed. São Paulo: Método, 2008. 8 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito administrativo descomplicado. 16. ed. São Paulo: Método, 2008. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 10 N O ÇÕ ES D E D IR EI TO A D M IN IS TR AT IV O fi m, já se considerou que na categoria se incluem além dos serviços sociais autônomos até mesmo as escolas ofi cializadas, os partidos políticos e os sindicatos, ex- cluindo-se a administração indireta. Na prática, tem-se encontrado, com frequência, o emprego da expressão empresas estatais, sendo nelas enquadradas as socieda- des de economia mista e as empresas públicas. Há tam- bém autores que adotam o referido sentido”9. Para Car- valho Filho, “deveria abranger toda pessoa jurídica que tivesse vínculo institucional com a pessoa federativa, de forma a receber desta os mecanismos estatais de contro- le. Estariam, pois, enquadradas como entidades paraes- tatais as pessoas da administração indireta e os serviços sociais autônomos”10. Com efeito, o conceito de Alexandrino e Paulo é mais amplo, abrangendo como entidades paraestatais tam- bém as OSCIPs e entidades de apoio. A doutrina mais clássica, de Meirelles e Carvalho Filho, coloca as organi- zações civis e as entidades de apoio como pertencentes ao terceiro setor, sendo que as entidades paraestatais juntamente o compõem. Basicamente, o terceiro setor é constituído por organizações sem fi ns lucrativos e or- ganizações não governamentais – ONG, que tem como objetivo gerar serviços de caráter público: a) Serviços sociais autônomos: Serviços sociais au- tônomos são as típicas entidades paraestatais, as- sim como SESI, SENAI, entre outras, conforme con- ceito do tópico anterior. b) Entidades de apoio: Entidades de apoio são pes- soas jurídicas de direito privado sem fi ns lucrativos e compostas por servidores públicos que atuam em nome próprio, adotando a forma de fundação, associação ou cooperativa, prestando serviços so- ciais que não são exclusivos do Estado e fi rmando com este convênio. Ex.: fundações de amparo à pesquisa. c) Organizações sociais: Organizações sociais (OS) são reguladas pela Lei nº 9.637/1998, são entida- des privadas que se associam ao Estado, exercendo atividades privadas, em seu próprio nome, com in- centivos do Poder Público. Para atuarem, é impres- cindível que fi rmem contrato de gestão com o Es- tado. Para uma entidade privada assumir a posição de organização social deve receber autorização do ministro atuante na específi ca área de atuação da entidade (ex.: se pretende ser uma organização so- cial que atue na saúde, o ministro da saúde deve autorizar), sendo que há discricionariedade deste em conceder o título. d) Organizações da sociedade civil de interesse público: Organizações da sociedade civil de inte- resse público (OSCIP) criadas pela Lei 9.790/1999, posteriormente regulamentada pelo Decreto 3.100/1999, são entidades privadas que se asso- ciam ao Estado e recebem dele incentivos, atuando em nome próprio em atividades que não são ex- clusivas do Estado, mas que são de interesse social 9 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis- trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. 10 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis- trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. e coletivo. Recebem um título por parte do Poder Público, sendo que este ato de concessão é vincu- lado. Firmam termo de compromisso. FIQUE ATENTO! As principais distinções entre OS e OSCIP são: nas OS é exigida a presença de um conselho de administração no qual o Estado participe, o que nas OSCIP é dispensado; as OS cele- bram contrato de gestão, as OSCIP termo de parceria; as exigências contábeis com relação à OSCIP são mais amplas (deve apresentar balanço contábil, demonstrativo de resulta- dos e declaração de isenção de imposto de renda); as OS recebem delegação de serviço público e as OSCIP exercem atividade de di- reito privado com apoio do Estado. “O CONVÊNIO é o instrumento utilizado para a exe- cução descentralizada de qualquer programa de traba- lho, projeto/atividade ou evento de interesse recíproco, em regime de mútua cooperação. No plano normativo, há praticamente um único dispositivo legal que o regu- lamenta: o artigo 116 da Lei nº. 8.666/93; por essa razão, a maioria de suas normas é de caráter infralegal e está consubstanciada em decretos do Presidente da Repú- blica (decretos nº. 5.504/05 e 6.170/07) e em instruções normativas da Secretaria do Tesouro Nacional, a IN nº. 1/97. A princípio, pode ser celebrado com qualquer or- ganização sem fi ns lucrativos, independentemente de ti- tulação ou qualifi cação. O Termo de Parceria é voltado ao fomento e exe- cução das atividades defi nidas como de interesse públi- co pelo artigo 3º da Lei nº. 9.790/99 e disciplinado pelo Decreto nº. 3.100/99. Apenas aquelas organizações que cumprirem os requisitos legais e sejam qualifi cadas como OSCIP (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Pú- blico) pelo Ministério da Justiça é que estão aptas a cele- brar a parceria com o Poder Público. O Contrato de Gestão tem por objetivo a formação de parceria para o fomento de organizações que pres- tam serviços públicos não-exclusivos do Estado: ensino, pesquisa científi ca, desenvolvimento tecnológico, prote- ção e preservação do meio ambiente, cultura e saúde. É regulado pela Lei nº. 9.637/98. Para fi rmar um contra- to de gestão, a organização deve ter sido previamente qualifi cada como OS (Organização Social) pelo ministério correspondente”11. Art. 2o, Lei nº 13.019/2014: VII - termode colaboração: instrumento por meio do qual são formalizadas as parcerias estabelecidas pela administração pública com organizações da sociedade civil para a consecução de fi nalidades de interesse pú- blico e recíproco propostas pela administração pública que envolvam a transferência de recursos fi nanceiros; VIII - termo de fomento: instrumento por meio do qual são formalizadas as parcerias estabelecidas pela ad- ministração pública com organizações da sociedade 11 http://aldeirfelixhonorato.blogspot.com.br/2011/05/convenio- -termo-de-parceria-e-o-contrato.html user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 11 N O ÇÕ ES D E D IR EI TO A D M IN IS TR AT IV O civil para a consecução de fi nalidades de interesse público e recíproco propostas pelas organizações da sociedade civil, que envolvam a transferência de re- cursos fi nanceiros; VIII-A - acordo de cooperação: instrumento por meio do qual são formalizadas as parcerias estabelecidas pela administração pública com organizações da so- ciedade civil para a consecução de fi nalidades de inte- resse público e recíproco que não envolvam a transfe- rência de recursos fi nanceiros. EXERCÍCIOS COMENTADOS 1. (STJ - Analista Judiciário - Judiciária - CESPE/2018) Acerca das organizações da sociedade civil de interesse pú- blico (OSCIP) e dos atos administrativos, julgue o item se- guinte. A concessão, pelo poder público, da qualifi cação como OSCIP de entidade privada sem fi ns lucrativos é ato vincu- lado ao cumprimento dos requisitos legais estabelecidos para tal. ( ) CERTO ( ) ERRADO Resposta: Certo. As Organizações da Sociedade Ci- vil de Interesse Público (OSCIP) foram criadas pela Lei 9.790/1999, a qual fi xa requisitos para o enqua- dramento nesta condição. A concessão do status de OSCIP é de caráter vinculado – se preenchidos os re- quisitos deverá ser concedido, não há faculdade por parte do poder público. O ato é vinculado, não discri- cionário. 2. (CGM de João Pessoa/PB - Conhecimentos Básicos - Cargos: 1, 2 e 3 - CESPE/2018) No tocante às organizações da sociedade civil de inte- resse público e aos consórcios públicos, julgue o item subsequente. O consórcio formado por entes públicos pode assumir a forma de pessoa jurídica de direito privado. ( ) CERTO ( ) ERRADO Resposta: Certo. Nos termos da Lei nº 11.107/2005, em seu artigo 1o, § 1o: “Esta Lei dispõe sobre normas gerais para a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios contratarem consórcios públicos para a realização de objetivos de interesse comum e dá ou- tras providências. § 1o O consórcio público constituirá associação pública ou pessoa jurídica de direito pri- vado”. DIREITO ADMINISTRATIVO: CONCEITO, FONTES E PRINCÍPIOS. Introdução ao Direito Administrativo Conceito e objeto “O Direito Administrativo, como sistema jurídico de normas e princípios, somente veio a lume com a institui- ção do Estado de Direito, ou seja, quando o Poder cria- dor do direito passou também a respeitá-lo. O fenômeno nasce com os movimentos constitucionalistas, cujo início se deu no fi nal do século XVIII. Através do novo sistema, o Estado passava a ter órgãos específi cos para o exercício da administração pública e, por via de consequência, foi necessário o desenvolvimento do quadro normativo dis- ciplinador das relações internas da Administração e das relações entre esta e os administrados. Por isso, pode considerar-se que foi a partir do século XIX que o mun- do jurídico abriu os olhos para esse novo ramo jurídico, o Direito Administrativo. [...] Com o desenvolvimento do quadro de princípios e normas voltados à atuação do Es- tado, o Direito Administrativo se tornou ramo autôno- mo dentre as matérias jurídicas”12. Logo, a evolução do Direito Administrativo acompanha a evolução do Estado em si. Conforme a própria noção de limitação de poder ganha forças, surge o Direito Administrativo como área autônoma do Direito apta a regular as relações entre Es- tado e sociedade. Neste sentido, “o Direito é tradicionalmente dividido em dois grandes ramos: direito público e direito privado. O direito público tem por objeto principal a regulação dos interesses da sociedade como um todo, a disciplina das relações entre esta e o Estado, e das relações das entidades e órgãos estatais entre si. Tutela ele o interesse público, só alcançando as condutas individuais de forma indireta ou refl exa. [...] Em suma, nas relações jurídicas de direito público o Estado encontra-se em posição de de- sigualdade jurídica relativamente ao particular, subordi- nando os interesses deste aos interesses da coletividade, ao interesse público, representados pelo Estado na rela- ção jurídica”13. Em se tratando de direito administrativo, se está diante de uma noção de submissão ao interesse público. “O Direito Administrativo, como novo ramo autôno- mo, propiciou nos países que o adotaram diversos cri- térios como foco de seu objeto e conceito. Na França, prevaleceu a ideia de que o objeto desse Direito consistia nas leis reguladoras da Administração. No direito italia- no, a corrente dominante o limitava aos atos do Poder Executivo. Outros critérios foram ainda apontados como foco do Direito Administrativo, como o critério de regu- lação dos órgãos inferiores do Estado e o dos serviços públicos. À medida, porém, que esse ramo jurídico se desenvolvia, verifi cou-se que sua abrangência se irradia- va para um âmbito maior, de forma a alcançar o Estado internamente e a coletividade a que se destina. Muitos 12 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra- tivo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2015. 13 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito administrativo descomplicado. 16. ed. São Paulo: Método, 2008. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 12 N O ÇÕ ES D E D IR EI TO A D M IN IS TR AT IV O são os conceitos encontrados nos autores modernos de Direito Administrativo. Alguns levam em conta apenas as atividades administrativas em si mesmas; outros prefe- rem dar relevo aos fi ns desejados pelo Estado. Em nosso entender, porém, o Direito Administrativo, com a evo- lução que o vem impulsionando contemporaneamente, há de focar-se em dois tipos fundamentais de relações jurídicas: uma, de caráter interno, que existe entre as pes- soas administrativas e entre os órgãos que as compõem; outra, de caráter externo, que se forma entre o Estado e a coletividade em geral. Desse modo, sem abdicar dos conceitos dos estudiosos, parece-nos se possa concei- tuar o Direito Administrativo como sendo o conjunto de normas e princípios que, visando sempre ao interesse público, regem as relações jurídicas entre as pessoas e órgãos do Estado e entre este e as coletividades a que devem servir. De fato, tanto é o Direito Administrativo que regula, por exemplo, a relação entre a Administração Direta e as pessoas da respectiva Administração Indireta, como também a ele compete disciplinar a relação entre o Estado e os particulares participantes de uma licitação, ou entre o Estado e a coletividade, quando se concretiza o exercício do poder de polícia”14. Direito administrativo = normas + princípios = regulam a relação entre Estado e socieda- de = ramo do direito público. #FicaDica Fontes A expressão fonte do direito corresponde aos ele- mentos de formação da ciência jurídica ou de um de seus campos. Quando se fala em fontes do direito adminis- trativo, refere-se aos elementos que serviram de aparato lógico para a formação do direito administrativo. Fontes diretas: são aquelas que primordialmente in- fl uenciam na composição do campo jurídico em estudo, no caso, o direito administrativo. Apontam-se como fon- tes diretas a Constituição Federal e as leis. Ambas são normas impostas pelo Estado, de observação coativa. O direito administrativo não se encontra compilado emum único diploma jurídico, isto é, não existe um Códi- go de Direito Administrativo. O que existe é um conjunto de leis e regulamentos diversos que compõem a área. A base legal do direito administrativo, sem dúvidas, vem da Constituição Federal, que trata de princípios do direito administrativo e estabelece a divisão de competências administrativas, entre outras questões. A partir da Cons- tituição, emanam diversas leis que se inserem no campo do direito administrativo, como a lei de licitações (Lei nº 8.666/1993), a lei do regime jurídico dos servidores pú- blicos civis federais (Lei nº 8.112/1990), a lei do processo administrativo (Lei nº 9.784/1999), a lei dos serviços pú- blicos (Lei nº 8.987/1995), a lei de improbidade adminis- trativa (Lei nº 8.429/1992), entre outras. 14 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis- trativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2015. Fontes indiretas: são aquelas que decorrem das fontes diretas ou que surgem paralelamente a elas. Por exemplo, a doutrina e a jurisprudência estabelecem processos de interpretação da norma jurídica, no sentido de que interpretam o que a lei e a Constituição fi xam, conferindo rumos para a aplicação das normas do direito administrativo. Já os costumes e os princípios gerais do Direito existiam antes mesmo da elaboração da norma, infl uenciando em sua gênese e irradiando esta infl uência em todo o processo de aplicação da lei. Fontes diretas = CF + leis Fontes indiretas = doutrina + jurisprudência + costumes + princípios gerais #FicaDica EXERCÍCIO COMENTADO 1. (PGM/AM - Procurador do Município - CESPE/2018) Quanto às transformações contemporâneas do direito administrativo, julgue o item subsequente. Um dos aspectos da constitucionalização do direito ad- ministrativo se refere à releitura dos seus institutos a par- tir dos princípios constitucionais. ( ) CERTO ( ) ERRADO Resposta: Certo. O movimento de constitucionaliza- ção, que implica na concepção da Constituição não apenas como o vetor do topo do sistema, mas como o centro de todo ele, irradiando seus princípios por to- das as normas infraconstitucionais do sistema, inclusi- ve as do direito administrativo. Assevera, a respeito, Di Pietro no sentido de que a constitucionalização do Di- reito Administrativo pode ser compreendida sob dois aspectos: um é a elevação, em nível constitucional, de matérias antes tratadas por legislação infraconstitu- cional; outro é a irradiação das normas constitucionais por todo o sistema jurídico. 2.(ABIN - Ofi cial Técnico de Inteligência - Conheci- mentos Gerais - CESPE/2018) Julgue o item que se segue, a respeito de aspectos diver- sos relacionados ao direito administrativo. Entre as fontes de direito administrativo, as normas jurí- dicas administrativas em sentido estrito são consideradas lei formal e encontram sua aplicabilidade restrita à esfera político-administrativa. ( ) CERTO ( ) ERRADO Resposta: Errado. As leis em sentido estrito, que são normas emanadas do Poder Legislativo, possuem ca- ráter geral e abstrato. Sendo assim, são fontes diretas do direito administrativo, mas sua aplicabilidade não se restringe à esfera político-administrativa. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 13 N O ÇÕ ES D E D IR EI TO A D M IN IS TR AT IV O 3. (ABIN - Ofi cial Técnico de Inteligência - Conheci- mentos Gerais - CESPE/2018) Julgue o item que se segue, a respeito de aspectos diver- sos relacionados ao direito administrativo. A jurisprudência administrativa constitui fonte direta do direito administrativo, razão por que sua aplicação é pro- cedimento corrente na administração e obrigatória para o agente administrativo, cabendo ao particular sua ob- servância no cotidiano. ( ) CERTO ( ) ERRADO Resposta: Errado. A expressão “jurisprudência admi- nistrativa” se refere às decisões judiciais referentes ao direito administrativo, não às supostas decisões ad- ministrativas com efi cácia normativa. Neste sentido, é fonte indireta do direito administrativo, não direta. Regime jurídico-administrativo: Conceito; Princí- pios expressos e implícitos da administração pú- blica Regime jurídico é uma expressão que designa o trata- mento normativo que o ordenamento confere a determi- nado assunto. Com efeito, o regime jurídico administra- tivo corresponde ao conjunto de regras e princípios que estruturam o Direito Administrativo, atribuindo-lhe auto- nomia enquanto um ramo autônomo da ciência jurídica. No mais, coloca-se o Estado numa posição verticalizada em relação ao administrado. Logo, regime jurídico-administrativo é o conjunto de princípios e regras que compõem o Direito Administra- tivo, conferindo prerrogativas e fi xando restrições à Ad- ministração Pública peculiares, não presentes no direito privado, bem como a colocando em uma posição de su- premacia quanto aos administrados. Os objetivos do regime jurídico-administrativo são o de proteção dos direitos individuais frente ao Estado e de satisfação de interesses coletivos. Os princípios e regras que o compõem se encontram espalhados pela Constituição e por legislações infracons- titucionais. A base do regime jurídico administrativo está nos princípios que regem a Administração Pública. Regime jurídico administrativo = regras + princípios = normas que compõem o Direi- to Administrativo #FicaDica Princípios constitucionais expressos Art. 37, Constituição Federal. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obe- decerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e efi ciência e, também, ao seguinte: [...] São princípios da administração pública, nesta ordem: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e efi - ciência. Para memorizar: veja que as iniciais das pala- vras formam o vocábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada da Administração Pública. Legalidade Impessoalidade Moralidade Publicidade Efi ciência #FicaDica É de fundamental importância um olhar atento ao signifi cado de cada um destes princípios, posto que eles estruturam todas as regras éticas prescritas no Código de Ética e na Lei de Improbidade Administrativa, tomando como base os ensinamentos de Carvalho Filho15 e Spit- zcovsky16: a) Princípio da legalidade: Para o particular, lega- lidade signifi ca a permissão de fazer tudo o que a lei não proíbe. Contudo, como a administração pública representa os interesses da coletividade, ela se sujeita a uma relação de subordinação, pela qual só poderá fazer o que a lei expressamente de- termina (assim, na esfera estatal, é preciso lei ante- rior editando a matéria para que seja preservado o princípio da legalidade). A origem deste princípio está na criação do Estado de Direito, no sentido de que o próprio Estado deve respeitar as leis que dita. b) Princípio da impessoalidade: Por força dos in- teresses que representa, a administração pública está proibida de promover discriminações gratui- tas. Discriminar é tratar alguém de forma diferente dos demais, privilegiando ou prejudicando. Segun- do este princípio, a administração pública deve tra- tar igualmente todos aqueles que se encontrem na mesma situação jurídica (princípio da isonomia ou igualdade). Por exemplo, a licitação refl ete a im- pessoalidade no que tange à contratação de servi- ços. O princípio da impessoalidade correlaciona-se ao princípio da fi nalidade, pelo qual o alvo a ser alcançado pela administração pública é somente o interesse público. Com efeito, o interesse particular não pode infl uenciar no tratamento das pessoas, já que deve-se buscar somente a preservação do interesse coletivo. c) Princípio da moralidade: A posição deste princí- pio no artigo 37 da CF representa o reconhecimen- to de uma espécie de moralidade administrativa, intimamente relacionadaao poder público. A ad- ministração pública não atua como um particular, de modo que enquanto o descumprimento dos preceitos morais por parte deste particular não é punido pelo Direito (a priori), o ordenamento jurí- 15 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis- trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. 16 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo: Método, 2011. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 14 N O ÇÕ ES D E D IR EI TO A D M IN IS TR AT IV O dico adota tratamento rigoroso do comportamen- to imoral por parte dos representantes do Estado. O princípio da moralidade deve se fazer presente não só para com os administrados, mas também no âmbito interno. Está indissociavelmente ligado à noção de bom administrador, que não somente deve ser conhecedor da lei, mas também dos prin- cípios éticos regentes da função administrativa. TODO ATO IMORAL SERÁ DIRETAMENTE ILEGAL OU AO MENOS IMPESSOAL, daí a intrínseca liga- ção com os dois princípios anteriores. d) Princípio da publicidade: A administração públi- ca é obrigada a manter transparência em relação a todos seus atos e a todas informações armaze- nadas nos seus bancos de dados. Daí a publicação em órgãos da imprensa e a afi xação de portarias. Por exemplo, a própria expressão concurso público (art. 37, II, CF) remonta ao ideário de que todos de- vem tomar conhecimento do processo seletivo de servidores do Estado. Diante disso, como será vis- to, se negar indevidamente a fornecer informações ao administrado caracteriza ato de improbidade administrativa. No mais, prevê o §1º do artigo 37, CF, evitando que o princípio da publicidade seja deturpado em propaganda político-eleitoral: Artigo 37, §1º, CF. A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos de- verá ter caráter educativo, informativo ou de orienta- ção social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos. Somente pela publicidade os indivíduos controlarão a legalidade e a efi ciência dos atos administrativos. Os instrumentos para proteção são o direito de petição e as certidões (art. 5°, XXXIV, CF), além do habeas data e - residualmente - do mandado de segurança. Neste viés, ainda, prevê o artigo 37, CF em seu §3º: Artigo 37, §3º, CF. A lei disciplinará as formas de par- ticipação do usuário na administração pública direta e indireta, regulando especialmente: I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em geral, asseguradas a manutenção de ser- viços de atendimento ao usuário e a avaliação perió- dica, externa e interna, da qualidade dos serviços; II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X e XXXIII; III - a disciplina da representação contra o exercício negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública. e) Princípio da efi ciência: A administração pública deve manter e ampliar a qualidade de seus servi- ços com controle de gastos. Isso envolve efi ciência ao contratar pessoas (o concurso público selecio- na os mais qualifi cados ao exercício do cargo), ao manter tais pessoas em seus cargos (pois é possí- vel exonerar um servidor público por inefi ciência) e ao controlar gastos (limitando o teto de remu- neração), por exemplo. O núcleo deste princípio é a procura por produtividade e economicidade. Alcança os serviços públicos e os serviços adminis- trativos internos, se referindo diretamente à con- duta dos agentes. EXERCÍCIO COMENTADO 1. (STJ - Analista Judiciário - Ofi cial de Justiça Avalia- dor Federal - CESPE/2018) Acerca dos princípios e dos poderes da administração pública, da organização administrativa, dos atos e do controle administrativo, julgue o item a seguir, conside- rando a legislação, a doutrina e a jurisprudência dos tri- bunais superiores. Situação hipotética: O prefeito de determinado município promoveu campanha publicitária para combate ao mos- quito da dengue. Nos panfl etos, constava sua imagem, além do símbolo da sua campanha eleitoral. Assertiva: No caso, não há ofensa ao princípio da impessoalidade. ( ) CERTO ( ) ERRADO Resposta: Errado. Embora seja lícito o gasto com propaganda governamental, esta deverá respeitar os princípios da administração. Neste sentido, a publici- dade não pode ter caráter propagandista partidário, visando promover o governante que nada mais fez que o seu trabalho – investir o dinheiro público em gastos de interesse coletivo. A conduta descrita na situação hipotética corresponde a uma situação de pessoalidade na publicidade, o que é proibido pelo princípio da impessoalidade. 2. (ABIN - Ofi cial Técnico de Inteligência - Conheci- mentos Gerais -CESPE/2018) Julgue o item que se segue, a respeito de aspectos diver- sos relacionados ao direito administrativo. O núcleo do princípio da efi ciência no direito administra- tivo é a procura da produtividade e economicidade, sen- do este um dever constitucional da administração, que não poderá ser desrespeitado pelos agentes públicos, sob pena de responsabilização pelos seus atos. ( ) CERTO ( ) ERRADO Resposta: Certo. O princípio da efi ciência se concen- tra na soma de dois fatores: qualidade e economia, ou seja, produtividade e economicidade. Não basta conseguir um produto mais barato se ele não atender a padrões mínimos para ser utilizado; não basta que o funcionário público trabalhe rápido se o seu serviço for executado de forma falha. Caso ocorra desrespeito ao princípio da efi ciência, o funcionário poderá sim ser responsabilizado, civil, penal e administrativamente, conforme o caso concreto. user Realce user Realce user Realce user Realce user Realce 15 N O ÇÕ ES D E D IR EI TO A D M IN IS TR AT IV O 3. (STM - Técnico Judiciário - Área Administrativa - CESPE/2018) A respeito dos princípios da administração pública, de noções de organização administrativa e da administra- ção direta e indireta, julgue o item que se segue. O princípio da impessoalidade está diretamente relacio- nado à obrigação de que a autoridade pública não dis- pense os preceitos éticos, os quais devem estar presen- tes em sua conduta. ( ) CERTO ( ) ERRADO Resposta: Errado. O enunciado descreve o princípio da moralidade administrativa. É ele que determina que o administrador atenda a princípios éticos em sua conduta, não se limitando a critérios de legalidade (embora estes sejam de fato indispensáveis). PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS IMPLÍCITOS Além destes cinco princípios administrativo-constitu- cionais diretamente selecionados pelo constituinte, po- dem ser apontados outros princípios que regem a função pública, esparsos na legislação infraconstitucional e im- plícitos na norma constitucional: a) Princípio da legitimidade: todo ato administrati- vo praticado pela Administração Pública é presu- mido legítimo. Maria Sylvia Zanella Di Pietro en- tende que, “há cinco fundamentos para justifi car a presunção de legitimidade: a) o procedimento e as formalidades que antecedem sua edição, cons- tituindo garantia de observância da lei; b) o fato de expressar a soberania do poder estatal, de modo que a autoridade que expede o ato; c) a necessi- dade de assegurar celeridade no cumprimento das decisões administrativas; d) os mecanismos de controle sobre a legalidade do ato; e) a sujei- ção da Administração ao princípio da legalidade, presumindo-se que seus atos foram praticados em conformidade com a lei”. b) Princípio da participação: Quem deve participar é quem vive na sociedade, é o cidadão, aquele que pode ter direitos. Participar é ao mesmo tempo um direito e um dever. O cidadão deve participar, esta é uma obrigação de todo aquele que vive em sociedade. E o cidadão deve ter espaço para par- ticipar. Com a ampliação
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