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Aula 02 (2)

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Desenvolvimento de projetos no 
planejamento estratégico das 
empresas
Introdução
Desenvolver uma estratégia de negócios significa pensar em como reali-
zar as atividades da organização de modo distinto da concorrência, visando 
a diferenciação e a obtenção de vantagem competitiva no seu segmento de 
atuação.
Diversas empresas entendem essa atividade como somente um aper-
feiçoamento dos processos atuais, muitas vezes com foco em redução de 
custos operacionais ou aumento de atividades promocionais junto aos 
clientes. Outras se voltam para uma revisão do portfólio de produtos ou dos 
canais de distribuição, racionalizando ou aumentando exponencialmente a 
quantidade de produtos ou serviços comercializados, ou ainda migrando o 
formato de atendimento aos clientes.
A proposta deste capítulo é avaliar como o desenvolvimento de projetos, 
a partir de priorização clara e alinhada com os objetivos de negócio, podem 
auxiliar as empresas a obter êxito no seu planejamento estratégico.
O planejamento estratégico
Ao desenvolver suas estratégias de negócio as empresas precisam pensar 
em como migrar do estágio atual para uma situação desejada no futuro. O 
desenho do caminho a ser percorrido para tal é conhecido como planeja-
mento estratégico.
Para que toda organização possa dar suporte à execução do planejamen-
to estratégico o mesmo deve ser simples e claro, e baseado em variáveis e 
premissas tanto externas quanto internas.
As premissas internas serão baseadas nas competências já conhecidas pela 
organização, a partir dos seus recursos humanos, tecnológicos e financeiros. 
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Essas premissas compõem a base do modelo atual, já que todas as estruturas 
internas estão preparadas para atender ao modelo de negócio em vigência 
na organização.
Já as premissas externas, sejam elas de mercado (clientes, fornecedores 
e competidores), do ambiente político (órgãos públicos e associações de 
classe) ou do ambiente econômico (instituições financeiras, empreendedo-
res locais e estrangeiros), são mais complicadas de definir, pois o nível de 
controle das organizações sobre essas variáveis é bastante baixo, porém são 
de extrema relevância no desenho estratégico das empresas.
Além disso, são as variáveis externas que terão o maior peso no desenho 
da organização futura, e servirão de base para uma revisão das competên-
cias internas. Por exemplo, se a legislação tributária for alterada radicalmen-
te, as organizações deverão buscar adquirir rapidamente essa competência 
para poder concorrer no mercado, idealmente com vantagem sobre os con-
correntes diretos.
Ao formular a estratégia empresarial, a organização deve se preocupar 
com os mecanismos de controle que irá gerar para acompanhar a execução 
do seu plano de negócios e mensurar sua efetividade, de modo a promover 
os ajustes necessários e garantir a realização em linha com o que foi acorda-
do entre as lideranças da corporação.
Tipos de projetos
Podemos classificar os projetos empresariais de diferentes formas, uma 
das mais conhecidas é aquela definida em função do setor econômico: in-
dustrial, serviços, agrícola, educacional etc. A proposta é analisar de forma 
detalhada a classificação que causa o maior impacto na empresa, aquela que 
deve estar alinhada com o planejamento estratégico da organização, que é a 
do ponto de vista econômico.
São cinco as classificações sob essa visão:
Projeto de implantação
Um projeto de implantação é aquele que dá origem a uma nova uni-
dade operacional. Esse tipo de projeto normalmente demanda um longo 
tempo para ser implementado, e o montante de investimentos é, em geral, 
Desenvolvimento de projetos no planejamento estratégico das empresas
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bastante elevado. Estamos falando da construção de uma nova fábrica, um 
centro de distribuição próprio ou da instalação da estrutura administrativa 
em um novo edifício comercial.
São projetos de caráter estratégico, pois ao construir uma nova fábrica 
a organização está buscando aumentar sua capacidade de atendimento ao 
mercado, ou reduzir os custos do produto final, ou ainda diminuir o tempo 
de atendimento a uma determinada região.
Esses projetos são avaliados e aprovados pela alta direção da empresa, 
no caso de organizações multinacionais essa aprovação acaba ficando a 
cargo da matriz, que deverá analisar esse investimento à luz da sua estraté-
gia global. Em organizações que tem um conselho de administração atuante 
é a esse organismo que pertence a palavra final sobre o desenvolvimento ou 
não de um projeto dessa magnitude.
Projeto de expansão ou ampliação
É um projeto muito parecido com o de implantação, a diferença é que 
esse tipo de projeto trabalha em cima de uma base preexistente. Esse tipo 
de projeto requer alguns cuidados adicionais, pois ao pensar em expandir 
ou ampliar uma unidade operacional deve-se levar em conta que a opera-
ção está em funcionamento, e não pode ter suas atividades prejudicadas por 
qualquer tipo de projeto por um período muito longo.
O planejamento de um projeto desse tipo deve ser construído em con-
junto com os gestores da operação atual, que poderão sinalizar as melhores 
alternativas para sua implementação levando em conta os aspectos técni-
cos, humanos, legais e ambientais, gerando planos de contingência para mi-
nimizar impactos na rotina daquela operação e para mitigar eventuais riscos 
de paradas longas com consequentes prejuízos financeiros.
Um projeto de expansão de um centro de distribuição, por exemplo, deve 
respeitar algumas datas importantes do calendário daquela operação, como: 
inventários de produtos e materiais, picos de expedição de faturamento, fe-
chamentos do calendário comercial.
As empresas normalmente aproveitam períodos tradicionais de paradas, 
como feriados prolongados ou finais de ano, para implementar projetos de am-
pliação de unidades operacionais. No caso de unidades industriais as organiza-
ções normalmente concedem um período de férias coletivas aos funcionários 
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para poder realizar a expansão programada com maior segurança, por en-
volver um menor número de pessoas na implementação do projeto.
Projeto de modernização
Um projeto de modernização pode envolver tanto uma unidade opera-
cional quanto a área administrativa da organização. Ao pensar na área ope-
racional podemos ter a atualização de uma linha de produção, com a subs-
tituição de um equipamento ou dos mecanismos de controle daquela área 
da empresa.
Já na área administrativa podemos estar falando de implementar uma 
nova forma de trabalho na organização, com a implantação de um sistema 
de controle transacional, o chamado ERP (do inglês Enterprises Resources 
Planning, ou Planejamento dos Recursos Empresariais).
Os projetos de modernização geralmente demandam uma atividade in-
tensa de treinamento, pois ao instalarmos um novo equipamento ou um 
novo sistema de gestão teremos que treinar os envolvidos na atividade, fa-
zendo que com os mesmos absorvam rapidamente uma nova forma de tra-
balhar, distinta daquela que vinha sendo praticada até então.
Esse tipo de projeto requer cuidados especiais com a questão humana, 
pois pode haver resistência ou algum tipo de dificuldade por parte dos fun-
cionários envolvidos em mudar a forma de trabalho, que pode ter sido exe-
cutada por alguns deles por longos períodos, trazendo desconforto e inse-
gurança em relação ao novo padrão de execução requerido.
Projeto de relocalização
Por alguma questão estratégica, como adequação à legislação tributária, 
incentivos fiscais ou ainda por demanda dos clientes, uma organização pode 
decidir relocalizar uma unidade operacional, independente de ser uma fábri-
ca, um centro de distribuição ou o escritório administrativo.
Ao desenvolver um projeto desse tipo deve-se ter em mente que os as-
pectos técnicos são importantes, porém mais importante ainda é a questão 
de realocação dos recursos humanos. Ao transferir uma unidade operacional 
a empresa deverá estarpreparada para perder alguns funcionários impor-
tantes, que podem não aceitar a mudança por diversas razões. O benefício 
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da mudança deve justificar esse tipo de perda, ou pelo ganho financeiro ele-
vado ou por facilidade de reposição das perdas na nova área de atuação.
Um projeto desse tipo, em função do investimento ou do tempo de mi-
gração, pode ter o mesmo padrão de aprovação de um projeto de implan-
tação, pois têm em seu desenvolvimento atividades muito similares entre si.
Projeto de diversificação
Esse é um tipo de projeto que envolve menos as questões operacionais 
por ter foco no aspecto mercadológico. Um projeto de diversificação pode 
falar em mudanças como:
atendimento a novos canais de distribuição; �
alteração no portfólio de produtos ou serviços; �
novos formatos de comercialização; �
novo modelo de equipe comercial. �
Projetos desse tipo acabam causando impacto nas áreas operacionais, 
pois provocam alterações em função do formato definido para as mudanças 
mercadológicas, ou seja, acabam gerando projetos de cunho operacional 
como consequência de um projeto voltado ao atendimento de necessidades 
do mercado de atuação da empresa.
Organizações dirigidas 
ou não dirigidas a projetos
Todas as organizações, dentro das suas diferentes divisões internas, ge-
renciam projetos de forma cotidiana, sejam eles ligados à área de atendi-
mento de mercado ou em suas áreas operacionais. Porém existem alguns 
tipos de organização que têm como característica de operação o desenvol-
vimento de projetos como suporte à sua atividade principal.
Para exemplificar, podemos mencionar os segmentos de construção 
civil, de equipamentos para obras de infraestrutura, de máquinas espe-
ciais, o aeroespacial, o marítimo e o ferroviário, enfim, todos aqueles que 
dependem de um projeto específico para construir seus produtos ou de-
senvolver seus serviços.
Desenvolvimento de projetos no planejamento estratégico das empresas
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Fica mais fácil pensar nesse tipo de organização como aquelas que não 
tem um produto ou serviço disponível para aquisição imediata, pois de-
pendem de especificações técnicas ou funcionais para desenvolver esse 
trabalho.
Esse tipo de empresa tem a questão dos projetos no “sangue”, a grande 
maioria de seus profissionais tem como competência principal o planeja-
mento e execução de projetos para atender às necessidades específicas dos 
seus clientes.
Portanto, podemos dizer que praticamente todas as organizações têm 
dentro do seu rol de atividades o desenvolvimento de projetos, porém para 
algumas delas a sobrevivência no seu ramo de atuação depende do pleno 
domínio dessa competência.
As organizações com forte atuação em projetos muitas vezes criam novas 
empresas para prestar ao mercado o serviço de gerenciamento de projetos, 
pois desenvolveram tamanha competência nesse tipo de gestão que podem 
replicar esse conhecimento em outros segmentos de negócio.
Formas de implantação de projetos
As organizações podem escolher diferentes formatos para gerenciar os 
projetos empresariais, inclusive elas podem optar por modelos distintos para 
a gestão de projetos que estejam acontecendo no mesmo momento.
A modalidade utilizada para a implantação dos empreendimentos irá de-
pender de uma série de fatores, tais como:
capacitação interna para executar o projeto; �
capacidade financeira para contratar especialistas em determinado �
assunto;
tempo exigido para a implantação do projeto; �
nível de confidencialidade do tema em relação ao público interno; �
prioridade do projeto em relação às rotinas diárias da organização; �
disponibilidade de recursos internos para dedicação plena ao projeto. �
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Mesmo organizações que tradicionalmente utilizam um único modelo 
podem lançar mão de outros formatos para acelerar a implementação de 
projetos em paralelo, o que não significa ter mudado de rumo na condu-
ção desse tipo de atividade, mas sim ter se utilizado de forma inteligente 
de outras opções oferecidas para um determinado tipo de projeto, o que 
garantiu seu desenvolvimento paralelo e antecipou benefícios que colheria 
num período posterior.
Um exemplo dessa antecipação é uma empresa de construção civil que, 
mesmo tendo sua equipe operacional, pode em algum momento repassar 
uma edificação para outra empresa e ficar somente com o gerenciamen-
to, dado que seus recursos operacionais estão todos alocados, porém a 
empresa tem fôlego na sua equipe de gestão para administrar um projeto 
terceirizado.
O quadro a seguir mostra um resumo das principais modalidades de im-
plementação de projetos, a filosofia para sua utilização e os pré-requisitos 
para o sucesso do empreendimento.
Formas de implantação de projetos
Modalidade utilizada Filosofia para utilização Pré-requisitos para o sucesso
Gerenciamento próprio Controle com pessoal próprio 
de todas as etapas do projeto 
nos mínimos detalhes.
Depende da qualidade do 
pessoal interno e também da 
liderança do projeto.
Gerenciamento próprio com 
suporte de terceiros
Responsabilidade pelo geren-
ciamento, porém com apoio 
qualificado de terceiros que 
executarão as atividades sob o 
comando do gestor do projeto.
A escolha dos parceiros deve-
rá ser bem criteriosa, além do 
esquema de gestão funcionar 
em sintonia entre internos e 
externos.
Gerenciamento total com ter-
ceiros
O foco da empresa é no inves-
timento e na utilização dos 
seus recursos para atividades 
próprias, o projeto deverá 
ser conduzido por empresa 
especializada em gestão de 
empreendimentos.
É de fundamental importân-
cia o processo de escolha da 
empresa terceirizada, que de-
verá ter resultados comprova-
dos em trabalhos similares.
Gerenciamento por equipes 
integradas
Mescla dos melhores recursos 
internos e externos em busca 
da excelência no desenvolvi-
mento do projeto.
Regras bem definidas para 
gestão compartilhada e tam-
bém os papéis e responsabi-
lidade claros na execução das 
atividades.
(D
IN
SM
O
RE
, 1
99
2)
Desenvolvimento de projetos no planejamento estratégico das empresas
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Formas de implantação de projetos
Modalidade utilizada Filosofia para utilização Pré-requisitos para o sucesso
Multigerenciamento O empreendimento conta 
com vários acionistas, que 
não chegaram a um consenso 
sobre a modalidade de ges-
tão e ainda assim decidiram 
seguir com o projeto.
Gestão eficaz dos conflitos e 
busca constante pelo alinha-
mento dos interesses diver-
gentes.
Supervisão de obras O empreendedor contrata a 
empresa que irá montar a es-
trutura no local do empreen-
dimento para controlar pra-
zos e padrão de qualidade.
Escolha da empresa respon-
sável pela supervisão deve ser 
baseada em critérios técnicos 
e resultados comprovados em 
atividades similares.
A cadeia de valor das organizações
A cadeia de valor dentro de uma organização é composta tanto por ati-
vidades primárias quanto pelas atividades de suporte. A combinação equili-
brada entre o desempenho dos dois tipos de atividade leva a organização a 
alcançar os objetivos definidos no seu plano estratégico.
Para entender melhor as atividades que compõem a cadeia de valor, 
vamos analisar o quadro a seguir:
Atividades 
de suporte
Infraestrutura
R$
Gerenciamento dos recursos humanos
Desenvolvimento de tecnologia
Suprimentos
Atividades 
primárias
Logística de 
materiais Manufatura
Logística de 
produtos
Marketing e 
vendas Serviços
A prioridade no desenvolvimento de projetos dentro da cadeia de valor das 
organizações irá depender de alguns dos fatores a seguir para ser definida:
maior impacto financeiro em termos de investimento e retorno; �
impacto positivo em outros processos da organização; �
capacitação dos recursos de cada área da cadeia; �
ações da concorrência; �
(B
ER
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G
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A
, 2
00
3.
)
Desenvolvimento de projetos no planejamento estratégico das empresas
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demanda do mercadode atuação ou de clientes específicos; �
necessidade de aumento na integração com fornecedores; �
gargalos na capacidade produtiva ou de recebimento/expedição; �
alinhamento tecnológico com padrões globais da organização. �
As alternativas em termos de projetos nas atividades da cadeia de valor 
são inúmeras, e a correta priorização dos recursos para desenvolvê-los au-
menta substancialmente a possibilidade de êxito no planejamento estraté-
gico da empresa. Vamos detalhar um pouco mais as alternativas tanto nas 
atividades primárias quanto nas secundárias.
Projetos na cadeia de valor – 
atividades de suporte
As atividades de suporte, apesar do termo poder remeter a algo de 
menor importância, são extremamente relevantes para uma execução 
qualificada das atividades primárias da empresa. Podemos mencionar uma 
série de projetos interessantes nesse tipo de atividade, desmembrando 
cada uma das áreas.
Infraestrutura
A questão da infraestrutura remete aos aspectos físicos a serem gerencia-
dos na operação diária de uma organização. Cada vez mais as empresas tem 
manifestado preocupação em prover espaços adequados aos colaboradores 
no exercício de suas atividades diárias, afinal de contas as pessoas gastam 
boa parte do seu dia com os assuntos profissionais, e devem contar com uma 
estrutura de trabalho adequada aos desafios físicos e mentais a que são sub-
metidos dentro das organizações.
Imagine um grupo de projeto tentando iniciar suas atividades sem que 
tenha um local de trabalho definido, no qual possa promover as reuniões 
de planejamento e o desenvolvimento das atividades de média e longa du-
ração. O desenvolvimento de um projeto demanda um grande número de 
reuniões e entrevistas com usuários-chave para aquele determinado projeto. 
Para que esses eventos consigam atingir os objetivos pré-estabelecidos eles 
devem contar com estrutura adequada para tal.
Desenvolvimento de projetos no planejamento estratégico das empresas
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Se uma empresa tem no seu plano estratégico melhorar as condições de 
trabalho dos seus colaboradores, aumentando a motivação e a produtivida-
de, um projeto de melhoria da infraestrutura pode ser prioritário em deter-
minado período de vigência daquele plano.
Gerenciamento de recursos humanos
Várias são as opções de projetos na gestão dos recursos humanos de uma 
organização, mesmo aquelas com alto grau de excelência nesse quesito têm 
sempre oportunidades de aprimoramento, ainda mais em se tratando do ser 
humano, sempre mutante e ávido por novas experiências no seu ambiente 
profissional.
Para as empresas com grandes deficiências nessa área os projetos priori-
tários devem ser aqueles que produzam resultados imediatos e tenham im-
pacto significativo nos planos estratégicos. Se uma empresa está buscando 
reduzir custos com insumos produtivos, deve buscar aumentar a capacitação 
dos gestores de suprimentos em negociação, ou ainda prover treinamento 
técnico mais qualificado aos profissionais de pesquisa e desenvolvimento, 
que poderão ajudar na redução de custos através de inovações em matérias-
-primas e embalagens.
Mesmo as organizações de excelência podem aumentar sua performance 
através da promoção de intercâmbios com instituições de ensino e laborató-
rios de pesquisa, que irão fortalecer a base interna já constituída com novos 
conhecimentos.
Desenvolvimento de tecnologia
Tecnologia dentro de uma organização é algo bastante abrangente, en-
globa desde projetos básicos de infraestrutura até sofisticados sistemas de 
inteligência de mercado ou algoritmos de reposição de estoques. Ao pensar-
mos em projetos de tecnologia devemos estar atentos ao nível de sofistica-
ção que nossa organização demanda nessa questão.
Não adianta nada uma empresa buscar a implementação de um avança-
do sistema de gestão estratégica, que combine a avaliação de diversos indi-
cadores de performance para sinalizar o andamento do plano estratégico se 
os dados que alimentam esse sistema não forem confiáveis dentro do ERP 
(sistema de gestão das transações).
Desenvolvimento de projetos no planejamento estratégico das empresas
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Outro aspecto básico a ser considerado é a infraestrutura computacional 
disponibilizada pela empresa para a execução de atividades rotineiras, se a 
rede integrada é segura, se os computadores têm a capacidade adequada 
para o processamento das informações, se as formas de comunicação são 
eficientes. Nessa linha podem sair diversos projetos de modernização tecno-
lógica, ainda no nível mais básico.
Pensando em desenvolvimento tecnológico podemos pensar também 
em projetos de automação industrial, de informatização da equipe comer-
cial, de ferramentas de simulação para os laboratórios de desenvolvimento 
de produtos ou sistemas de monitoramento de unidades operacionais.
Suprimentos
Tão importante quanto negociar os preços com os fornecedores é ga-
rantir o fornecimento dos insumos nos prazos e quantidades necessários ao 
funcionamento da operação.
Se o crítico para a organização num determinado momento é o valor pago 
por um determinado insumo, um mesmo projeto poderá ajudar a reduzir 
esse valor e conseguir fontes alternativas de fornecimento, pois ao desen-
volver novos fornecedores com custo mais competitivo a empresa aumenta 
o número de fontes de fornecimento.
Mesmo que a questão seja somente desenvolver um projeto para viabi-
lizar outras fontes de fornecimento, esse projeto irá com certeza ajudar nas 
próximas negociações com os fornecedores atuais, pois aumentará a base 
de competidores, o que proporcionará à empresa maior possibilidade de 
êxito em negociações futuras, com antigos ou novos parceiros.
Projetos na cadeia de valor – 
atividades primárias
As atividades primárias são aquelas relacionadas ao negócio principal da 
empresa, tendo portanto um cunho bastante estratégico no plano de negó-
cios da empresa. Estabelecer projetos nessas atividades tem forte impacto 
no desenvolvimento do planejamento estratégico, pela interação direta com 
os parceiros comerciais e o mercado de atuação.
Vamos então aos potenciais projetos nesse tipo de atividade.
Desenvolvimento de projetos no planejamento estratégico das empresas
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Logística de materiais
Não basta uma boa negociação e a promessa de entrega dos mate-
riais necessários à execução do plano de produção. Tanto o fornecedor 
quanto a estrutura de recebimentos da empresa precisam estar em con-
dições adequadas para realizar uma manipulação qualificada dos insumos 
comprados.
Como o fornecedor precisa entender as necessidades do cliente, cabe um 
projeto de troca de conhecimentos em que se compartilhem informações 
como: restrições operacionais, capacidades diárias e alternativas em mo-
mentos de pico de consumo.
Outro projeto que pode ser interessante nessa atividade é o de armazenar 
esses estoques em locais intermediários, e somente endereçar os materiais 
para o processo produtivo no momento do consumo, aliviando a necessi-
dade de áreas de estocagem dentro das fábricas e garantindo um melhor 
controle sobre os inventários.
Produção
O mercado competitivo, clientes cada vez mais exigentes, tempos de 
atendimento sempre reduzidos e pressão por custos baixos são fatores 
muito presentes no dia a dia dos gestores do processo produtivo.
O desafio ao desenvolver um projeto nessa atividade é, além de aten-
der às exigências citadas, também modelar a atividade manufatureira 
para ter flexibilidade e rapidez nas trocas de linhas de produto, evitando 
faltas no abastecimento aos clientes e consequente perda de oportuni-
dades de mercado.
Os projetos de automação vêm crescendo nessa área, não somente por 
reduzir custos com mão de obra, mas também por minimizar falhas e garan-
tir maior qualidade dos itens produzidos.
Se o plano estratégico contemplar aumento no volume de vendas, deverá 
ser feita uma análise minuciosa das capacidades produtivas, para se tomar 
ações rápidas de investimento em capacidade ou ainda montar um projeto 
de terceirização de produção, casohaja capacitação no mercado fornecedor 
para o tipo de produto comercializado pela empresa.
Desenvolvimento de projetos no planejamento estratégico das empresas
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Logística de produtos
Projetos de terceirização de operações de armazenagem e entrega aos 
clientes são comuns nessa área de atuação. Por questões de custo ou de ca-
pacitação uma empresa pode decidir pela terceirização com parceiros espe-
cializados, concentrando o foco da empresa nas atividades mercadológicas.
Nessa área podem existir projetos de integração com clientes, através de 
especificações especiais de entrega, que garantam a otimização na utilização 
dos ativos de ambas as partes, ou ainda projetos de consolidação entre em-
presas fornecedoras, visando redução de custos no atendimento de clientes 
ou regiões comuns.
Os projetos podem ser demandados a partir de uma nova formatação na 
área comercial, que irá sugerir a necessidade de novos pontos de atendimen-
to ou atendimento especializado a determinados canais de distribuição.
Marketing e vendas
São inúmeras as oportunidades de projetos nessas áreas de negócio, que 
podem gerar mudanças somente nas áreas envolvidas com clientes ou ainda 
em outras áreas de suporte da empresa.
Os projetos envolvendo clientes e produtos têm um cunho estratégico 
muito forte, pois estamos falando de envolver o nome da empresa e suas 
marcas em processos de mudança, portanto devem ser planejados e desen-
volvidos com muita segurança.
Estamos falando de projetos de revisão de portfólio, de modelo de comer-
cialização, de política de preços ou ainda de mudança nos canais de distribui-
ção, que irão com certeza envolver diversas áreas da organização, gerando pro-
jetos multifuncionais e de alto impacto no plano estratégico da organização.
Resumo
Existem diversas alternativas de desenvolvimento de projetos que trazem 
retorno às organizações, o que importa é que aqueles estejam alinhados ao 
objetivo maior das empresas, que é a execução eficiente das atividades de 
sustentação do seu planejamento estratégico.
Desenvolvimento de projetos no planejamento estratégico das empresas
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Além disso, é muito importante revisar periodicamente o rol de proje-
tos que estão na fila para serem implementados, pois o ambiente de negó-
cios muda constantemente e com certeza irá gerar novas necessidades, que 
podem não estar atendidas pelos projetos que estão por implementar.
Enfim, planejamento estratégico e desenvolvimento de projetos cami-
nham de mãos dadas no dia a dia das organizações, mesmo aquelas que 
não têm sua sobrevivência vinculada fortemente aos projetos acabam por 
identificar oportunidades para alavancar seus negócios e ganhar espaço em 
seus mercados de atuação.
Ampliando seus conhecimentos
Entendendo estratégias e planos
(BERTAGLIA, 2003)
O planejamento estratégico de uma organização está relacionado ao pro-
cesso de desenvolver e construir estratégias e administrar a empresa de acordo 
com as decisões e objetivos estabelecidos a médio e longo prazo. Esses objeti-
vos devem orientar as estratégias. As organizações que adotam o planejamen-
to estratégico preocupando-se com o futuro buscam claramente definir onde 
querem estar em um certo período de tempo. Em vez de estar constantemente 
reagindo às oscilações de mercado e aos posicionamentos da concorrência, a or-
ganização toma suas decisões orientada pela estratégia desenvolvida, compon-
do as atividades operacionais de curto prazo e, ao mesmo tempo, projetando o 
seu futuro. Não é tarefa simples; exige visão e desprendimento do presente.
A estratégia deve ser criada para direcionar os investimentos futuros, os 
produtos a serem comercializados, o enfoque de mercado, as habilidades pes-
soais necessárias e as estratégias operacionais. Servirá também para avaliar 
os pontos fracos e fortes da empresa, a situação de competitividade e o que 
pode ser feito para melhorar o relacionamento com os clientes e o posiciona-
mento de mercado. As organizações estão em constante mudança, pressiona-
das pelas forças econômicas, competitivas, políticas e ambientais. Os acordos 
comerciais multilaterais, a globalização, a evolução da tecnologia e a mudan-
ça de hábitos dos consumidores são variáveis externas que colocam as orga-
nizações em xeque, desafiando suas decisões e sua capacidade de construir 
estratégias vencedoras e de sobrevivência.
Desenvolvimento de projetos no planejamento estratégico das empresas
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Os desafios estratégicos são enormes. As situações de mercado cada vez 
mais se revelam difíceis. O que talvez minimize as preocupações é que os pro-
blemas pertencem a todos, e todas as organizações têm de alguma maneira 
que enfrentar essa dura realidade. Preocupações como competição intensa, 
novos concorrentes, variação na participação de mercado, regras impostas 
pelo governo e problemas financeiros devem ser foco de concentração das 
organizações quando da elaboração do planejamento estratégico.
A definição de uma estratégia corporativa determinará as estratégias 
a serem adotadas pelas áreas funcionais da organização como marketing, 
vendas e operações.
É fundamental entender que vivemos em um ambiente de riscos, e os de-
safios na construção das estratégias devem considerar a convivência com as 
incertezas do futuro, os processos de aprendizado e a administração das mu-
danças e a gestão de organizações complexas em mercados globais.
Tipologias estratégicas de Miles e Snow
As estratégias organizacionais estão normalmente vinculadas ao com-
portamento assumido pelas empresas. Podem ser definidos quatro perfis de 
comportamentos estratégicos nos processos de adaptação às mudanças ex-
ternas. Os seus estudos analisam a importância relativa das áreas funcionais 
em relação a um conjunto de estratégias.
Essas tipologias são comportamentos: defensivo, prospectivo, analítico e 
reativo.
Comportamento defensivo
O comportamento defensivo é próprio das organizações que se entrin-
cheiram em seus nichos de mercado, otimizando e melhorando o que fazem 
por meio do aumento de eficiência. São organizações altamente capazes 
de responder às necessidades do mundo atual no aspecto produtivo. Se 
houver similaridade entre o futuro e o presente, o comportamento defensi-
vo e protecionista de mercado pode dar resultados. No entanto, se ocorrer 
sérias modificações tecnológicas de produto e processo, dificuldades serão 
encontradas.
Desenvolvimento de projetos no planejamento estratégico das empresas

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