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Introdução Serviço Social unidade 2

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INTRODUÇÃO 
AO SERVIÇO 
SOCIAL 
Roberto da Cruz Fonseca Junior
O surgimento do serviço 
social como pro� ssão 
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Reconhecer a origem do serviço social na Europa.
 Identi� car a origem do serviço social no Brasil.
 Apontar os precursores do serviço social.
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar a gênese da profissão de assistente social. 
Você vai conhecer suas relações mais profundas com a Europa (em meio 
à efervescência da Revolução Industrial), passando pelo seu surgimento 
no Brasil e culminando com uma aproximação com os pioneiros do 
serviço social como profissão. 
O serviço social na Europa: suas origens
Para você compreender o surgimento do serviço social como profi ssão na 
Europa, vamos apresentar uma linha histórica a fi m de que toda a cadeia de 
mediações seja articulada da forma mais clara possível. 
Para dar início a este percurso, devemos nos concentrar em três pontos: 
a Revolução Industrial, o êxodo rural e a acentuação da exploração. Veja a 
relação entre estes tópicos na Figura 1. 
Figura 1. Tríplice de eventos relacionados ao surgimento do serviço social.
2º Êxodo Rural
3º Acentuação
da exploração
1º Revolução 
Industrial
Surgimento
do serviço
social
A Europa foi o berço de muitas inovações em inúmeras esferas, seja na arte, 
na industrialização ou mesmo na forma de pensar o capital, isto é, conexões 
que envolvem a vida material até a contemporaneidade. É um tanto lógico nos 
reportamos ao capitalismo como a grande mudança vinda do Velho Mundo 
e que perdura até a atualidade. Por isso, é possível pontuar como o primeiro 
evento que contribuiu para a formação do serviço social como profissão a 
Revolução Industrial (seguida de suas consequências mais visíveis, como o 
êxodo rural e a acentuação da exploração). 
A Revolução Industrial iniciou ainda no século XVIII (denominada como 
Primeira Revolução Industrial) e teve seu apogeu no século XIX (a chamada 
Segunda Revolução Industrial), possibilitando à humanidade um salto na 
produção de bens materiais proporcionado pelos avanços no sistema de má-
quinas, o que veio a alterar toda a estrutura social e do trabalho. Isso nos leva 
ao segundo ponto. 
O êxodo rural resultou do fim do sistema feudal. Você deve lembrar que o 
Feudalismo era um sistema de organização da sociedade baseado no regime 
de servidão. Nesse regime, o grande latifundiário dono de terras era quem 
detinha e controlava os trabalhadores rurais (os servos), explorando seu trabalho 
quase como um regime escravo. Assim, com o colapso desse sistema, muitos 
trabalhadores e trabalhadoras viram a possibilidade de buscar novos rumos 
para suas vidas ao trabalhar nas fábricas nas grandes cidades, como Londres, 
que vivia o auge da Revolução Industrial. Esse movimento intenso de pessoas 
saindo do meio rural levou a um aumento da densidade demográfica (com a 
proliferação dos guetos) nas grandes cidades que concentravam os grandes 
polos industriais. A partir dessa concentração de pessoas, surge o terceiro ponto.
O surgimento do serviço social como profissão2
É exatamente a medida da soma dos dois primeiros fatores, ou seja, como 
a expansão da industrialização gerada pela Revolução Industrial, somada aos 
grandes níveis populacionais vindos do fim de um sistema de produção feudal, 
resultou em um acúmulo da exploração da força de trabalho. 
O filósofo e sociólogo alemão Karl Marx (1818-1883) descreve brilhante-
mente na sua obra O Capital, de 1867, o desenvolvimento do modo de produção 
denominado capitalismo, realçando suas contradições, desde seu processo de 
superação do sistema feudal até sua consolidação na Revolução Industrial, no 
qual os trabalhadores foram envoltos em um processo de exploração ainda 
vigente (MARX, 2006).
Tal exploração é fruto da busca incessante do capital por maiores taxas de 
lucros, e gerou uma quantidade de riqueza produzida socialmente, mas não 
distribuída como tal. A negação desta riqueza socialmente produzida para a 
classe trabalhadora criou um enorme contingente de miseráveis que se espalhou 
pela Europa (MARX, 2006).
O aumento das desigualdades sociais ocasionado pela exploração do sistema 
capitalista acabou criando, por parte da classe trabalhadora, um comportamento 
reprovado pela classe burguesa dentro das cidades e vilas operárias. Este 
comportamento passava pelas ações de violência, miséria, fome e doenças, 
gerando incômodo aos olhos da classe burguesa. O ajustamento social e o 
combate às mazelas, como a pobreza extrema, a miséria, etc., era visto como 
uma emergência pelos burgueses ligados às igrejas, que, em conjunto com 
as autoridades locais, buscaram soluções para o sistema assistencial inglês. 
Este grupo de beneméritos do social se autodenominavam reformistas sociais 
(MARTINELLI, 2000).
Os reformistas sociais trabalhavam em prol da manutenção da ordem 
vigente, traçando estratégias para solucionar as mazelas que afetavam os 
trabalhadores, visto que tais problemas refletiriam diretamente na sociedade 
(MARTINELLI, 2000, p. 64): 
A esperança da burguesia era que a ação dos reformistas viesse a constituir 
um significativo instrumento auxiliar do processo de consolidação do 
modo de produção capitalista. Assim como havia cooptado o Estado Bur-
guês para promover, ao longo do tempo, medidas políticas de proteção 
ao capital, a burguesia tratou de fortalecer sua aliança com os filantropos, 
transformando-os em importantes agentes ideológicos, responsáveis 
pela socialização do modo capitalista de pensar. 
3O surgimento do serviço social como profissão
Utilizando a facilidade do acesso dos reformistas sociais às famílias ope-
rárias, a burguesia buscou transformá-los em aparelhos de reprodução do 
capitalismo e de coerção dos trabalhadores. A sociedade burguesa visava à 
desmobilização das reivindicações coletivas dos trabalhadores, forçando-os, 
dessa forma às suas próprias exigências (MARTINELLI, 2000, p. 66).
Burguesia, Igreja e Estado uniram-se em um compacto e reacionário 
bloco político, tentando coibir as manifestações dos trabalhadores euro-
cidentais, impedir suas práticas de classe e abafar sua expressão política 
e social. Na Inglaterra, o resultado material e concreto dessa união foi o 
surgimento da Sociedade de Organização da Caridade em Londres, em 
1869, congregando os reformistas sociais que passavam agora a assumir 
formalmente, diante da sociedade burguesa constituída, a responsabili-
dade pela racionalização e pela normatização da prática da assistência. 
Surgiam, assim, no cenário histórico os primeiros assistentes sociais, como 
agentes executores da prática da assistência social, atividade que se 
profissionalizou sob a denominação de “serviço social”, acentuando seu 
caráter de prática de prestação de serviços.
A partir disso, podemos afirmar que o serviço social como profissão 
tem em suas origens a marca do capitalismo, pois nasce articulado com um 
projeto de hegemonia burguesa. Portanto, o serviço social tem sido envolvido 
pelas contradições do sistema capitalista até hoje, sendo atribuída à profissão 
estrategicamente uma função de controle social das massas, garantindo, as-
sim, à burguesia, seu controle histórico sobre a sociedade. Desta maneira, o 
serviço social surge no “[...] cenário histórico com uma identidade atribuída, 
que expressa uma síntese das práticas sociais pré-capitalistas – repressoras e 
controlistas [...]” (MARTINELLI, 2000, p. 67). Além disso, o serviço social 
desponta vinculado à igreja e com a missão de garantir o expansionismo do 
sistema capitalista e o controle da classe trabalhadora. 
Os assistentes sociais no início da profissão detinham uma postura de intervenção 
baseada no conselho às famílias e na repressão e no controle dos atos e modos de 
vida da classe trabalhadora. 
O surgimento do serviço social como profissão4
A origem do serviço social no Brasil 
O surgimento do serviço social no Brasil é de certa formasemelhante ao 
Europeu. No entanto, a experiência brasileira difere por conta das suas ca-
racterísticas de país periférico subdesenvolvido. No Brasil, nos anos 1930, 
havia uma mudança econômica em curso: o País saía de um modelo agrário 
exportador e passava para um modelo industrial, que se instalou nas grandes 
cidades, como São Paulo. Esta mudança do sistema agrário comercial para 
o industrial produziu profundas alterações sociais. Assim como na Europa 
no ápice da Revolução Industrial, a mudança do estilo de vida rural para um 
urbano-industrial devido ao novo sistema de máquinas instituído levou a uma 
crescente urbanização, acirrando problemas e confl itos sociais (MANTEGA, 
1984).
O serviço social começa, também no Brasil, com as damas da Alta Socie-
dade e a influência da Igreja, fazendo, assim, um trabalho assistencialista, o 
que explica talvez por que o Brasil segue em seu contexto histórico de atraso 
político-social. Em sua política de alianças, o governo brasileiro procurou 
o apoio da Igreja Católica, cujo entendimento relativo à questão social é 
apresentado nas Encíclicas Papais Rerum Novarum (1891) e Quadragésimo 
Ano (1931), abordando a intervenção do Estado nas relações entre o capital 
e o trabalho quanto à obrigatoriedade de realizar políticas sociais. Logo, é se 
preocupando com a harmonia social, ou seja, com a ausência de conflitos de 
classe (BULLA, 2003), e:
[...] na relação com a Igreja Católica, que o Serviço social brasileiro vai 
fundamentar a formulação de seus primeiros objetivos político-sociais, 
orientando-se por posicionamentos de cunho humanista conservador 
contrário aos ideários liberal e marxista na busca de recuperação da 
hegemonia do pensamento social da Igreja em face da “questão social” 
(YAZBEK, 2009, p. 168).
Uma marca característica dos nossos políticos, em especial de Getulio 
Vargas, é o populismo do Estado Novo, no qual foram articuladas as primeiras 
legislações de proteção social do país. Somente com as primeiras leis traba-
lhistas da década de 1930, também de Getulio Vargas, é que o serviço social 
começa a tomar forma e articular certas garantias de direitos à população 
trabalhadora e não trabalhadora do Brasil. Assim, são abertos outros campos 
para o trabalho do assistente social, que começa então a laborar na indústria, 
5O surgimento do serviço social como profissão
principalmente dentro das vilas operárias e fortemente na esfera pública, que 
ainda hoje é seu campo principal de atuação (ESTEVÃO, 2006).
“Em 1932, é criado o Centro de Estudos e Ação Social (CEAS), entidade 
que seria fundadora e mantenedora da primeira Escola de Serviço Social do 
país [...]” (YAZBEK, 2009, p. 149). Também na década de 1930, mais preci-
samente em 1936, foi fundada a primeira escola de serviço social no país, em 
São Paulo, na Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP). Em 1937, foi criado 
o curso de serviço social no Rio de Janeiro, vinculado à PUCRJ, e, em 1945, 
a Escola de Serviço Social de Porto Alegre, hoje denominada Faculdade de 
Serviço Social da PUCRS. “Em 1942, foi instituído o Serviço Nacional de 
Aprendizagem Industrial – SENAI e o Serviço Nacional de Aprendizagem 
Comercial – SENAC [...]” (BULLA, 2003, p. 6). Contudo, é na LBA (Legião 
Brasileira de Assistência) que o ensino do serviço social começa a ganhar força 
nas demais capitais com a implantação de novos cursos (ESTEVÃO, 2006).
Cabe ainda assinalar que, nesse momento, a “questão social” é vista a 
partir do pensamento social da Igreja, como questão moral, como um 
conjunto de problemas sob a responsabilidade individual dos sujeitos que 
os vivenciam embora situados dentro de relações capitalistas. Trata-se 
de um enfoque conservador, individualista, psicologizante e moralizador 
da questão, que necessita para seu enfrentamento de uma pedagogia 
psicossocial, que encontrará, no serviço social, efetivas possibilidades de 
desenvolvimento (YAZBEK, 2009, p.150).
Em 1946, foram fundados dois órgãos de atendimento aos trabalhadores 
brasileiros: o Serviço Social da Indústria (SESI) e o Serviço Social do Comércio 
(SESC). Neste período, ainda foi criada a Fundação Leão XIII, para atuar 
na educação popular da população residente em favelas no Rio de Janeiro. 
Já em 1951 foi criada a Fundação da Casa Popular, um serviço que buscava 
contribuir com a melhoria das condições de habitação da classe trabalhadora 
(BULLA, 2003).
Com as diversas transformações, o serviço social começou a ter uma 
abordagem mais humanista. Por sempre ver um contexto crítico, passou por 
muita resistência no período negro da ditadura no país. Devido a este espírito 
de enfrentamento quanto à questão social, os assistentes sociais passaram a 
militar nos movimentos de classe e, logo após, em partidos políticos, reivin-
dicando o fim da ditadura.
O surgimento do serviço social como profissão6
Com o início da democracia no Brasil e com a formulação de uma nova 
constituição brasileira (Constituição Federal de 1988), que assegura condições 
igualitárias de direitos a todos, o serviço social que, no período da ditadura 
militar, passou por uma reformulação intelectual, adotando uma dialética 
Marxista, começa a trabalhar com a realidade social nua e crua. Assim, ele 
deixa de lado a visão assistencialista, e parte em busca da garantia dos direitos 
já constituídos por lei no Brasil.
Muitas são as literaturas sobre o serviço social no Brasil, mas, considerando a origem 
da profissão, sua relação com a questão social e as relações sociais, você pode ler o 
artigo escrito pela professora Dr.ª Leonia Capaverde Bulla na revista virtual Textos & 
Contextos, intitulado: “Relações sociais e questão social na trajetória histórica do serviço 
social brasileiro”, disponível no link <https://goo.gl/Dlrr04> ou por meio do código:
Os precursores do serviço social 
Ao construirmos uma análise frente ao desenvolvimento do serviço social 
como profi ssão, devemos sempre nos remeter aos principais agentes que 
possibilitaram essa construção, mas tendo o cuidado de fazer a mediação 
entre serviço social europeu e norte-americano. 
7O surgimento do serviço social como profissão
Figura 2. Precursores do serviço social na Europa.
Pioneiros do serviço social 
Europeu
Octavia Hill
Samuel Barnett
Charles Stewart Loch
A professora inglesa Octavia Hill (1838-1912) realizou na Europa (mais 
precisamente em Londres) um trabalho filantrópico com os moradores das 
periferias a fim de organizar moradias estruturadas para os pobres. Em 1865, 
Octavia Hill iniciou seu trabalho de educação familiar e social e hoje é reco-
nhecida por ter fundado diversas organizações de caridade e de conservação 
no Reino Unido, como a National Trust (ou o Fundo Nacional para Locais de 
Interesse Histórico ou Beleza Natural) (MARTINELLI, 2000).
Samuel Barnett (1844-1913), contemporâneo de Octavia Hill, era pároco 
da Igreja Protestante e desenvolveu um trabalho com grupos em sua paróquia. 
Seu objetivo era buscar uma elevação cultural e moral dos pobres para que 
eles melhorassem de vida.
Charles Stewart Loch (1849-1923) foi fundador da primeira Charity Or-
ganization Society (Sociedade de Organização da Caridade – COS), baseada 
nas ideias de Octavia Hill. Charles se tornou um filantropo e seu lema era 
“Uma sociedade sem dependentes”, propondo que todos deveriam ganhar a 
vida pelos seus próprios meios (MARTINELLI, 2000).
Com a chegada do capitalismo na América Latina, trazendo consigo as 
mesmas mazelas sociais que já afetavam a Europa, a profissão se mostrou 
necessária a fim de sanar tais problemas. Neste mesmo período, aconteciam dois 
fatos importantes para o início da profissão: em 1899, em Amsterdã (Holanda), 
O surgimento do serviço social como profissão8
foi fundada a primeira escola de serviço social na qual a lógica religiosa deu 
lugar à científica e, ao mesmo tempo, nos Estados Unidos, Mary Richmond 
consolidava seu método de trabalho na área de serviço social. 
Figura 3. Precursores do serviço social nos Estados Unidos.Pioneiros do serviço social 
Norte-Americano
Mary Richmond
Gisella Konopka
Mery Parker Follet
René Sand
Mary Richmond (1861-1928) foi uma assistente social norte-americana 
que, com sua experiência, começou a escrever sobre o trabalho e como ele 
deveria ser executado, norteando e dando seriedade à prática do assistente 
social perante a sociedade (resolvendo casos) (ESTEVÃO, 2006). Responsável 
por lançar as bases da visita domiciliar, uma das obras mais conhecidas de 
Mary Richmond é Diagnóstico Social, de 1917.
Gisella Konopka (1910-2003) escreveu, em 1935, o livro Serviço Social 
de Grupo, um clássico da literatura do serviço social de grupo, embasado no 
trabalho do psicólogo alemão e exilado nos Estados Unidos Kurt Levin, que 
desenvolveu a chamada teoria dos Grupos, uma dinâmica trabalhada com 
os indivíduos que trazia resultados práticos no tratamento psicológico. Com 
9O surgimento do serviço social como profissão
todos estes acontecimentos, nascia mais uma técnica para o assistente social 
(ESTEVÃO, 2006).
Mary Parker Follet (1868-1933) é conhecida como a “profetisa da admi-
nistração” e não por acaso, afinal, ela vinculou o serviço à uma concepção de 
administração, voltada para a gestão dos pobres, ensinando-os a administrar 
seus lares e recursos (VIEIRA, 1984).
O médico belga (mas radicado nos Estados Unidos, um verdadeiro cidadão 
do mundo) René Sand (1877-1953) entendia o serviço social como uma profissão 
necessária para o enfrentamento dos problemas sociais que influenciavam no 
processo de saúde-doença da população mais pobre (VIEIRA, 1984).
As bases do serviço social como profissão acarretaram, por parte dos primeiros profis-
sionais, uma intervenção voltada para a culpabilização dos sujeitos. Isso significa que 
uma assistente social, no início dos anos 1930 no Brasil, ao chegar até a população 
mais vulnerável, provavelmente indicaria ao trabalhador que a situação de pobreza 
na qual ele e sua família estavam inseridos era culpa do próprio trabalhador, que 
não estava trabalhando e nem administrando de forma suficiente para alcançar uma 
situação melhor de vida. 
O surgimento do serviço social como profissão10
BULLA, L. C. Relações sociais e questão social na trajetória histórica do serviço social 
brasileiro. Revista Virtual Textos & Contextos, ano 2, n. 2, p. 1-15, dez. 2003.ESTEVÃO, Ana 
Maria Ramos. O que é Serviço Social. 6.ed. São Paulo: Brasiliense, 2006.
MANTEGA, G. A economia política brasileira. Petrópolis: Vozes, 1984.
MARTINELLI, M. L. Serviço social: identidade e alienação. 6 ed. São Paulo: Cortez, 2000.
MARX, K. Manuscritos econômicos-filosóficos. São Paulo: Martin Claret, 2006.
VIEIRA, B. Ottoni. Serviço social: precursores e pioneiros. Rio de Janeiro: Agir, 1984.
YAZBEK, M. C. O significado sócio-histórico da profissão. [S. l.: s. n., 200-?]. Disponível em: < 
http://unesav.com.br/ckfinder/userfiles/files/O_significado_socio-_historico_da_pro-
fissao% 20Yasbek.pdf>. Acesso em: 08 maio 2017.
Leituras recomendadas
ABREO, A. C. S.; RIBEIRO, R. M. O fazer profissional do assistente social de empresas 
em Londrina. Serviço Social em Revista, Londrina, v. 6, n. 1, jul./dez. 2003. 
ALENCAR, M. M. T. O trabalho do assistente social nas organizações privadas não 
lucrativas. In: CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Serviço social: direitos sociais 
e competências profissionais. Brasília: CFESS, 2009.
CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Código de ética do/a assistente social. 9. 
ed. rev. atual. Brasília: CFESS, 1993. Disponível em: <http://www.cfess.org.br/arquivos/ 
CEP2011_CFESS.pdf>. Acesso em: 07 maio 2017.
IAMAMOTO, M. V. A formação acadêmico-profissional no serviço social brasileiro. Serviço 
Social & Sociedade, São Paulo, n. 120, p. 609-639, out./dez. 2014. 
IAMAMOTO, M. V. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação profis-
sional. São Paulo: Cortez, 2012.
IAMAMOTO, M. V. O trabalho do assistente social frente às mudanças do padrão de 
acumulação e regulação social. In: CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Capa-
citação em serviço social e política social: módulo 1: crise contemporânea, questão 
social e serviço social. Brasília: CFESS, 1999.
MONTAÑO, C. A natureza do serviço social. São Paulo: Cortez, 2007.
RAICHELIS, R. O trabalho do assistente social na esfera estatal. Brasília: CFESS, 2009. Dis-
ponível em: <https://www.unifesp.br/campus/san7/images/servico-social/ Texto_Ra-
quel_Raichelis.pdf>. Acesso em: 07 maio 2017.
11O surgimento do serviço social como profissão