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Wesley Nascimento – PREPAROS DE DENTES COM FINALIDADE PROTÉTICA O sucesso do tratamento com prótese parcial fixa (PPF) é determinado por três critérios: longevidade da prótese, saúde pulpar e gengival dos dentes envolvidos e satisfação do paciente. A prótese não terá uma longevidade satisfatória se o dente preparado não apresentar condições mecânicas de mantê-la em posição, se o desgaste for exagerado e alterar a biologia pulpar, se o término cervical for levado muito subgengivalmente, quebrando a homeostasia da área, e se a estética for prejudicada por um desgaste inadequado. Princípios dos preparos dentais: ✓ Preservação da estrutura dental; ✓ Forma de retenção e resistência; ✓ Durabilidade da estrutura da restauração; ✓ Integridade marginal; ✓ Preservação do periodonto. → Três princípios fundamentais de um preparo correto: MECÂNICOS, BIOLÓGICOS E ESTÉTICOS. PRINCÍPIOS MECÂNICOS RETENÇÃO : é a qualidade que uma prótese apresenta de atuar contra as forças de deslocamento ao longo da sua via de inserção. • A retenção depende basicamente do contato existente entre as superfícies internas da restauração e as superfícies externas do dente preparado, o que é denominado retenção friccional. • Quanto mais paralelas forem as paredes axiais do dente preparado, maior será a retenção friccional da restauração. • A determinação de um plano de inserção único dos dentes pilares de uma PPF é essencial para sua retenção. • Quanto maior a área preparada, maior será a retenção. RESISTÊNCIA OU ESTABILIDADE: A forma de resistência ou estabilidade conferida ao preparo previne o deslocamento da prótese quando esta é submetida a forças oblíquas, que podem provocar sua rotação. • A forma de resistência do preparo deve impedir a movimentação da coroa quando esta é submetida à ação de forças laterais que tendem a movimentá-la em torno do fulcro. • Quando há incidência de uma força lateral, como ocorre durante o ciclo mastigatório, ou quando há parafunção, a coroa tende a girar em torno de um fulcro cujo raio forma um arco tangente nas paredes opostas do preparo, deixando o cimento sujeito às forças de cisalhamento, que podem causar sua ruptura e, consequentemente, iniciar o processo de deslocamento da prótese. -> A área do preparo envolvida por essa linha tangente é denominada ÁREA DE RESISTÊNCIA AO DESLOCAMENTO. • Existem vários fatores diretamente relacionados com a forma de resistência do preparo: → Magnitude e direção da força: forças de grande intensidade e direcionadas lateralmente, como ocorre nos pacientes que apresentam bruxismo, podem causar o deslocamento da prótese. → Relação altura/largura do preparo: quanto maior a altura das paredes, maior a área de resistência do preparo para impedir o deslocamento da prótese quando submetida a forças laterais. Contudo, se a largura for maior que a Wesley Nascimento – altura, maior será o raio de rotação e, portanto, as paredes do preparo não oferecerão uma forma de resistência adequada. É importante que a altura do preparo seja pelo menos igual à sua largura -> Quando isso não for possível, como nos casos de dentes com coroas curtas, devem -se confeccionar sulcos, canaletas ou caixas para criar novas áreas de resistência ao deslocamento. → Integridade do dente preparado: a porção coronal íntegra, seja em estrutura dentária, em núcleo metálico ou em resina, resiste melhor à ação das forças laterais do que aquelas parcialmente restauradas ou destruídas. RIGIDEZ ESTRUTURAL: O preparo deve ser executado de tal forma que a restauração apresente espessura suficiente para que o metal (para as coroas metálicas), o metal e a cerâmica (para as coroas metalocerâmicas) e a cerâmica (para as coroas cerâmicas) resistam às forças mastigatórias e não comprometam a estética e o tecido periodontal. INTEGRIDADE MARGINAL : O objetivo básico de toda restauração cimentada é estar bem adaptada e com uma linha mínima de cimento, para que a prótese possa permanecer em função o maior tempo possível em um ambiente biológico desfavorável, que é a boca. O desajuste entre as margens da restauração e o término cervical do dente preparado deverá ser cimentado com cimentos que apresentam diferentes graus de degradação marginal. O CD deve lembrar que a maior porcentagem de fracassos das PPF deve -se à presença da cárie, que só se instala na presença da placa bacteriana. O desajuste marginal desempenha um papel fundamental neste processo, bem como na instalação da doença periodontal. O controle da linha de cimento exposta ao meio bucal e a qualidade da higiene são fatores que aumentam a longevidade da prótese. A falta de adaptação, ausência de contato proximal e perfil de emergência inadequado, causaram inflamação do tecido gengival. PRINCÍPIOS BIOLÓGICOS PRESERVAÇÃO DO ÓRGÃO PULPAR: o profissional deve ter sempre a preocupação de preservar a vitalidade do órgão pulpar por meio do uso de uma técnica de preparo que possibilite desgastes seletivos das faces dos dentes, de acordo com as necessidades estética e funcional da prótese planejada. PRESERVAÇÃO DA SAÚDE PERIODONTAL: Um dos objetivos principais de qualquer tratamento com PPF é a preservação da saúde periodontal. Vários são os fatores diretamente relacionados a esse objetivo, tais como higiene oral, forma, contorno e localização da margem cervical do preparo. • A melhor localização do término cervical é aquela em que o profissional pode controlar todos os procedimentos clínicos e o paciente tem condições efetivas para higienização. Assim, é vital para a homeostasia da área que o preparo estenda- -se o mínimo necessário dentro do sulco gengival, exclusivamente por razões estéticas, sem alterar significativamente a biologia do tecido gengival. • Geralmente, a extensão cervical dos dentes preparados pode variar de 2 mm aquém da gengiva marginal livre até 1 mm no interior do sulco. • As razões mais frequentes para a colocação intrassulcular do término gengival são: o Razões estéticas, com o objetivo de mascarar a interface material/dente; o Restaurações de amálgama ou resina composta em cavidades cujas paredes gengivais já se encontram no nível intrassulcular; Wesley Nascimento – o Presença de cáries que se estendam para dentro do sulco gengival; o Presença de fraturas que terminem subgengivalmente; o Razões mecânicas, para aumentar a retenção e estabilidade; o Colocação do término cervical em área de relativa imunidade à cárie, como se acredita ser a região correspondente ao sulco gengival. → O preparo subgengival dentro dos níveis convencionais de 0,5 a 1 mm não traz problemas para o tecido gengival, desde que a adaptação, a forma, o contorno e o polimento da restauração estejam satisfatórios e o paciente consiga higienizar corretamente essa área. ESTÉTICA A estética depende da saúde gengival e da qualidade da prótese. Desse modo, é importante preservar o estado de saúde do periodonto e confeccionar restaurações com forma, contorno e cor corretos, fatores esses que estão diretamente relacionados à quantidade de desgaste da estrutura dentária. CONSIDERAÇÕES BIOLÓGICAS CONSERVAÇÃO DA ESTRUTURA DENTAL → Paredes axiais com menor ângulo de convergência. O ideal é que o preparo tenha o mínimo de desgaste possível para preservar estrutura dental. Coroas mais longas aumenta-se o ângulo de convergência. → Respeitar planos anatômicos promovendo uniformidade. O preparo dental tem que manter os planos anatômicos mantendo as formas geométricas. → Redução axial. Se atentar à integridade marginal para que não haja comprometimento periodontal ou na forma dental. → Margens supragengivais -> o espaço biológico precisa serpreservado. (LEMRBANDO QUE O SULCO TEM EM MÉDIA 0,5mm). SIM NÃO NÃO Wesley Nascimento – CONSIDERAÇÕES MECÂNICAS → Um preparo menos cônico possui mais retenção, mas um assentamento deficiente. → Bom assentamento e retenção indica-se 6° (dentes dentro da normalidade. → Coroas mais altas e maior a conicidade. → Conicidade mínima para possuir um único eixo de inserção. → Tipos de preparo -> quanto maior o número de paredes axiais envolvidas maior condição de reter a restauração → Preparo Extracoronário (conicidade para oclusal) x Preparo Intracoronário (conicidade para cervical) -> Se assemelham pela conicidade no formato da cavidade. → Área de superfície: o Altura Quanto maior a altura das paredes axiais, maior será a retenção. o Diâmetro Quanto maior o diâmetro, maior a área para retenção. → Altura e largura precisam ser proporcionais para manter a retenção. → Área de resistência -> área do preparo dental que seja colocada em compressão -> quanto maior a parede axial, maior a área de resistência A parede axial não pode ser muito curta e nem muito cônica. → A maior altura das paredes axiais também dará maior resistência às forças obliquas. → O diâmetro é inversamente proporcional à área de resistência -> Quanto menor o diâmetro, maior a área de resistência. TIPOS DE TÉRMINO CERVICAL O término cervical dos preparos pode apresentar diferentes configurações, de acordo com o material a ser empregado para a confecção da coroa. OMBRO OU DEGRAU ARREDONDADO (OMBRO COM ÂNGULO AXIOGENGIVAL ARREDONDADO): É um tipo de término em que o ângulo entre as paredes gengival e axial do preparo é de aproximadamente 90°, mantendo arredondada a intersecção entre essas duas paredes para evitar a formação de tensões na cerâmica nessa área. Wesley Nascimento – Término em ombro ou degrau arredondado. → Esse término é indicado nos preparos para coroas confeccionadas em cerâmica, em dentes anteriores ou posteriores, e contraindicado em dentes com coroa clínica curta ou com largura vestibulolingual que impeça a realização de desgaste uniforme nas paredes sem diminuir a resistência da própria coroa do dente. → o CD deve usar uma técnica de cimentação que proporcione uma fina camada de cimento no interior da coroa; o pincel é o instrumento ideal para essa finalidade. OMBRO OU DEGRAU BISELADO: É um tipo de término em que ocorre a formação de um ângulo de aproximadamente 90° entre a parede axial e a cervical, com biselamento da aresta cavossuperficial. Término em ombro ou degrau biselado. → Esse tipo de término cervical está indicado para as coroas metalocerâmicas com ligas áureas na sua face vestibular e na metade das faces vestibuloproximais. → O bisel deverá apresentar uma inclinação mínima de 45°, o que permite um selamento marginal e um escoamento do cimento melhores que os proporcionados pelo término em ombro. O ombro ou degrau biselado proporciona um colar de reforço que reduz as alterações dimensionais provocadas durante a queima da cerâmica e, consequentemente, o desajuste marginal. O colar de reforço em metal aumenta a resistência da infraestrutura para contrapor a ação das forças compressivas causadas pela queima da cerâmica. → É realizado exclusivamente nas faces em que a estética for indispensável, ou seja, na face vestibular e na metade das faces proximais. Vista oclusal de preparo para coroa metalocerâmica confeccionada com ligas nobres. O término cervical em ombro biselado é realizado na face vestibular e na metade das faces proximais. CHANFRADO: Este é um tipo de término em que a junção entre a parede axial e a gengival é feita por um segmento de círculo, que deverá apresentar espessura suficiente para acomodar o metal e a faceta estética. → Esse término é indicado para a confecção de coroas metalocerâmicas com ligas básicas (não áureas), por apresentarem maior resistência e dureza que as ligas à base de ouro. → Esse término é indicado para a confecção de coroas metalocerâmicas com ligas básicas (não Wesley Nascimento – áureas), por apresentarem maior resistência e dureza que as ligas à base de ouro. → Está indicado apenas para áreas estéticas -> face vestibular e metade das faces proximais. Término em chanfrado. CHANFERETE: É um tipo de término em que a junção entre a parede axial e a gengival é feita por um segmento de círculo de pequena dimensão (aproximadamente a metade do chanfrado), devendo apresentar espessura suficiente para acomodar o metal. → É indicado para coroa total metálica e como término cervical nas faces lingual e linguoproximal das coroas metaloplásticas e metalocerâmicas, independentemente da liga a ser utilizada. → É indicado ainda como término cervical das coroas parciais dos tipos três quartos e quatro quintos. → Indicado para conservação da estrutura dentária e do próprio órgão pulpar -> Estética parcialmente prejudicada. → Permite uma visualização nítida da linha de acabamento e a preservação da estrutura dentária. Término em chanferete.
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