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Contestação trabalhista

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EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DO TRABALHO DA 2º VARA DO TRABALHO DE GOIÂNIA/GO.
Autos nº: 0010001-10.2017.518.0002
MARIA JOSÉ PEREIRA, já qualificada nos autos em epígrafe, vem, perante Vossa Excelência, por seu advogado regularmente constituído apresentar CONTESTAÇÃO em face da RECLAMAÇÃO TRABALHISTA movida por ALBANO MACHADO, também qualificado nos autos, pelos seguintes fatos e fundamentos:
I. DA JUSTIÇA GRATUITA
A reclamada é pessoa idosa, e encontra-se com uma situação financeira delicada, enquadrando-se nos ditames da Lei n. 1.060/50 e do disposto no art. 790, CLT, razão pela qual pugna pela assistência judiciária gratuita.
II. DO CONTRATO DE TRABALHO
O reclamante alega que trabalhava no sistema de jornada “12x36”, sempre de 07 horas da manhã às 19 horas da noite. A autorização legal para esta jornada de trabalho somente ocorreu com a publicação da Lei Complementar n. 150/2015, lei que regulamenta o trabalho doméstico, cuja vigência se iniciou em 02/06/2015, razão pela qual postula o pagamento de 30 minutos extra excedentes com acréscimo de 50% relativo ao intervalo para repouso ou alimentação, desde sua contratação até a mencionada data.
Conforme declinado na petição inicial, o reclamante é trabalhador doméstico, laborando em residência de pessoa enferma, que necessitava de cuidados especiais. Portanto, o caráter social e assistencial de sua prestação de serviços, na medida em que a reclamada não tinha qualquer pretensão de lucrar com o trabalho executado pelo reclamante.
Neste contexto, embora de fato não tenha previsão legal para a jornada 12x36 antes do advento da lei que regulamenta o trabalho doméstico, é incontroverso que as partes pactuaram esta condição no contrato de trabalho.
Acerca da validade jurídica da previsão contratual da jornada 12x36. Entendimento diverso consagra violação à boa-fé objetiva, insculpida no art. 422, do Código Civil, que dispõe que:
“ Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. ” 
Registra-se que as disposições do Código Civil podem ser aplicadas subsidiariamente ao Direito do Trabalho, conforme previsão do art. 8º, da CLT. 
Portanto, não resta dúvida que a norma trabalhista é de ordem pública. Todavia, sua interpretação não pode deixar de lado a boa-fé que é afeita a todas as espécies de contrato.
Diante do exposto, é válido o ajuste contratual referente à jornada de trabalho, razão pela qual pugna a reclamada pela improcedência do pedido de pagamento de horas extras.
III. DOS FERIADOS E DOMINGOS TRABALHADOS
Alega o reclamante que houve jornada laborada em domingos e feriados, sem que houvesse folga compensatória ou remuneração diferenciada pelo trabalho desenvolvido nestes dias, razão pela qual pleiteia ao pagamento em dobro dos domingos e feriados trabalhados durante todo o contrato de trabalho.
Inicialmente invoca-se demostrar que a Lei n. 605/49 que regula o tema. Em seu art. 1º dispõe que o descanso nos domingos é apenas preferencial, ou seja, não há obrigatoriedade legal para que sempre coincida com os domingos.
A própria Súmula n. 444, do TST, invocada na petição inicial, não faz qualquer menção ao pagamento em dobro dos domingos. Esta omissão é proposital, pois no sistema 12x36 o obreiro labora 12 horas e descansa 36 horas, ou seja, quando trabalha no domingo tem folga de 24 horas, como determina a Lei n. 605/49. 
No tocante aos feriados, em que pese a súmula invocada prever seu pagamento, com a devida vênia, sua orientação não deve ser seguida por este juízo. A Súmula n. 444, do TST, ignora a mesma lógica observada pelo Colendo Tribunal Superior do Trabalho no que tange aos domingos laborados no regime 12x36. Ora, se o reclamante trabalhou em algum feriado houve a folga compensatória, razão pela qual o pleito não merece prosperar.
Diante do exposto, requer seja julgado improcedente o pedido de pagamento dos domingos e feriados em dobro.
IV. INTERVALO INTRAJORNADA
O reclamante requer o pagamento 30 minutos acrescido a 50% (cinquenta por cento) em horas extras em razão da não observância do intervalo intrajornada. As alegações obreiras não correspondem à realidade.
É controverso que um trabalhador que cuidava de um idoso de 80 anos de idade, com sequelas decorrentes de acidente vascular cerebral, não tenha intervalo de uma hora durante doze horas laboradas. Não resta dúvida acerca da importância da sua atividade, mas é impossível que trabalhe ininterruptamente por doze horas.
Consta na petição inicial a informação acerca de que o reclamante deixava o enfermo assistindo à televisão. Ora, ao menos nestes momentos é óbvio que o trabalhador tinha uma hora para refeição e descanso.
Além disso, em vários outros momentos do turno de trabalho o reclamante também poderia descansar, haja vista a precária condição de saúde do marido da reclamada.
Diante do exposto, resta claro que o reclamante cumpria diariamente o intervalo para refeição de descanso, o que acarreta a improcedência do pedido.
V. DA JUSTA CAUSA
O reclamante que foi dispensado por justa causa pelo fato de não ter seguido as ordens da reclamada, notavelmente no que tange ao horário do banho e em razão de deixar o seu marido assistir à televisão, eis que não é a realidade dos fatos.
O reclamante não foi dispensado pelos motivos alegados na exordial. De fato, ocorreram desavenças com o Sr. Albano, esposo da reclamada, por estes fatos, o que motivou diversas advertências verbais.
O que ocasionou a rescisão do contrato de trabalho por justa causa foi o fato de ele ter chegado embriagado ao trabalho. Neste dia, foi obrigada a dispensar seus serviços e solicitar que outra pessoa tomasse conta do seu marido.
A conduta do trabalhador, portanto, enquadra-se no disposto no art. 482, alínea f, da CLT, o que autoriza esta modalidade de rescisão contratual.
Não resta dúvida de que a conduta de chegar bêbado ao trabalho quebra a confiança existente entre as partes, constituindo falta gravíssima que permite a dispensa por justa causa. Não se pode esquecer que o reclamante foi contratado para cuidar de uma pessoa enferma de mais de 80 anos de idade, e que a conduta de chegar bêbado ao trabalho é de gravidade extrema, colocando em risco a vida do Sr. Albano.
Dessa forma, é correta a dispensa por justa causa. Assim, o pleito de sua reversão e do pagamento das verbas rescisórias elencadas na petição inicial deve ser julgado improcedente.
VI. DA DANO MORAL
O reclamante também pleiteia a condenação da reclamada ao pagamento de indenização por danos morais pelo fato de ter sido aposto na sua CTPS a modalidade de dispensa.
O art. 29, parágrafo 2º, alínea c, da CLT, assevera que a anotação da rescisão deve constar na CTPS, sem qualquer ressalva quanto à dispensa motivada. Assim, resta demonstrado que a empregadora não descumpriu qualquer norma legal ao registrar a informação de justa causa na CTPS.
Por cautela, ainda que se entenda pelo equivoco da anotação, não é devida a reparação civil, para que haja o dever de indenizar é necessária a presença concomitante de três elementos, quais sejam: dano, nexo de causalidade e culpabilidade.
Todavia, o reclamante não demonstrou a existência de qualquer constrangimento que tenha sido causado pela aposição da informação da dispensa por justa causa em sua CTPS, como determinam os artigos 818, da CLT, e 373, inciso I, do CPC. Não aduziu que foi impedido de obter novo emprego por este fato, ou seja, não comprou a existência de dano, o que por si só é suficiente para jogar por terra sua pretensão.
VII. DA MULTA DO ART. 477, § 8º, DA CLT
A multa prevista no art. 477, § 8º, da CLT, não é devida, eis que correta a aplicação da justa causa, como salientando anteriormente.
Em atenção ao princípio da eventualidade, caso seja revertida justa causa, ainda assim não é devida referida multa.
O parágrafo 8º, do art. 477, da CLT, dispõe que é devida a multa em caso de “inobservância do disposto no § 6º”. Por sua vez, o parágrafo 6º somente prevê o pagamento da multa em caso de atraso no pagamento,o que não ocorreu no caso em comento. Assim, diante da ausência de previsão legal, a multa não pode ser aplicada. Entendimento diverso implica em violação ao art. 5º, inciso II, da Constituição Federal de 1988, que prevê que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Assim, diante da ausência de previsão legal a multa não pode ser aplicada.
Neste sentido, pede-se vênia para transcrever aresto da lavara do Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região:
MULTAS DOS ARTIGOS 467 e 477 DA CLT. REVERSÃO DA JUSTA CAUSA. A multa do artigo 477 da CLT refere-se exclusivamente ao atraso no pagamento de parcelas rescisórias incontroversas. No caso, as verbas que o empregador entendia devidas foram quitadas dentro do prazo, sendo indevida a multa. A reversão da dispensa por justa causa não implica na condenação da multa do artigo 477 da CLT, conforme Súmula nº 33, item I deste Tribunal Regional. E uma vez estabelecida a controvérsia em torno do direito à percepção das verbas rescisórias, indevida a aplicação da multa do artigo 467 da CLT. ( TRT 2ª Região, 11ª Turma, processo n. 0000163-90.2015.5.02.0351,publicado no DEJT em 02/08/2016)
Diante do exposto, indevida a multa prevista no art. 477, § 8º, da CLT.
VIII. DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS
Diante do exposto, o reclamado requer a improcedência total dos pedidos.
Termos em que,
Pede deferimento.
Goiânia-GO, 25 de setembro de 2020.
Advogado
OAB

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