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MÓDULO III

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Prévia do material em texto

MATERIAL DIDÁTICO 
 
 
DIREITO PARENTAL 
 
 
 
 
 
CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA 
PORTARIA Nº 1.004 DO DIA 17/08/2017 
 
0800 283 8380 
 
www.faculdadeunica .com.br 
 
2 
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de 
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3 
UNIDADE 1 – PARENTESCO ............................ ........................................................ 7 
1.1 CONCEITOS, DEFINIÇÕES AFINS E MODALIDADES ................................................... 10 
1.2 CONTAGEM DE GRAUS E AFINIDADE ...................................................................... 11 
1.3 OS EFEITOS DO PARENTESCO .............................................................................. 19 
1.4 DIREITOS E DEVERES DOS AVÓS – LEI 12.398/2011 .............................................. 20 
UNIDADE 2 – FILIAÇÃO .............................. ............................................................ 23 
UNIDADE 3 – FILIAÇÃO FORA DO CASAMENTO ............ ..................................... 29 
3.1 INVESTIGAÇÃO DA PATERNIDADE E MATERNIDADE .................................................. 29 
UNIDADE 4 – ADOÇÃO ................................ ........................................................... 32 
4.1 EVOLUÇÃO DA ADOÇÃO NO BRASIL....................................................................... 35 
4.2 NATUREZA JURÍDICA ........................................................................................... 37 
4.3 O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE E A LEI DA ADOÇÃO ........................ 39 
4.4 EFEITO JURÍDICO DA ADOÇÃO: DE ORDEM PESSOAL ............................................... 40 
4.5 EFEITO JURÍDICO DA ADOÇÃO: DE ORDEM PATRIMONIAL ......................................... 43 
4.6 EFEITO JURÍDICO DA ADOÇÃO: DE ORDEM AFETIVA ................................................. 45 
4.7 A ADOÇÃO INTERNACIONAL .................................................................................. 45 
UNIDADE 5 – O PODER DE FAMÍLIA .................... ................................................. 47 
5.1 PODER FAMILIAR QUANTO À PESSOA DOS FILHOS ................................................... 47 
5.2 CONSEQUÊNCIA DO PODER FAMILIAR QUANTO AOS BENS DOS FILHOS ...................... 48 
5.3 SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DO PODER FAMILIAR ....................................................... 49 
UNIDADE 6 – ALIMENTOS ............................. ......................................................... 52 
6.1 GÊNESE DOS ALIMENTOS .................................................................................... 52 
6.2 OBRIGAÇÃO ALIMENTAR – PRESSUPOSTOS ........................................................... 54 
6.3. SUJEITOS DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR .................................................................. 58 
6.4 CONDIÇÕES DA OBRIGAÇÃO ................................................................................. 59 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 61 
 
3 
 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
INTRODUÇÃO 
 
Encontramos nos arts. de 1591 a 1595, do Novo Código Civil (NCC), as 
disposições gerais acerca das relações de parentesco; e nos seguintes, temos a 
disciplina para filiação (arts. de 1595 a 1606), reconhecimento dos filhos (arts. de 
1607 a 1617), adoção (arts. de 1618 a 1629), poder familiar (arts. de 1630 a 1638) e 
demais institutos de direito de família. 
Compreender o parentesco é ponto de partida e base para inúmeras 
relações desse ramo de direito com repercussões intensas em todos os ramos da 
ciência jurídica, tanto que da área de “Parentesco”, encontramos inúmeras ações 
ajuizadas em diversas instâncias, isso porque as famílias modernas encontram-se 
em uma época em que a dificuldade em se preservar um relacionamento é enorme, 
sendo, portanto, comuns as separações conjugais, com a consequente 
reorganização das famílias (RESENDE, 2014). 
FÁBIO ULHOA COELHO (2012) nos lembra que cada ramo de saber adota 
conceito próprio de família. Para a História e Sociologia, ela é o conjunto de pessoas 
que habitam a mesma casa. A Antropologia já a define em função da interdição de 
relações sexuais incestuosas. Na Psicanálise, a definição parte dos papéis 
psicológicos desempenhados pelas pessoas. O pai e a mãe não são 
necessariamente os fornecedores dos gametas, mas aqueles que cumpriram 
determinadas funções na estruturação da psiquê da pessoa. O direito, por sua vez, 
adota a definição de família tendo em vista certas relações jurídicas entre os 
sujeitos, as quais podem ser horizontais e verticais. 
CARLOS ROBERTO GONÇALVES (2014) preleciona que as pessoas 
unem-se em uma família em razão de vínculo conjugal ou união estável, de 
parentesco por consanguinidade ou outra origem, e da afinidade. 
Quanto ao parentesco, este é definido como a relação que vincula entre si 
as pessoas que descendem do mesmo tronco ancestral (CLÓVIS BEVILÁQUA, 
1950) ou a relação que vincula entre si pessoas que descendem umas das outras, 
ou de autor comum (consanguinidade), que aproxima cada um dos cônjuges dos 
parentes do outro (afinidade), ou que se estabelece, por fictio iuris, entre o adotado e 
o adotante (PONTES DE MIRANDA, 1947). 
 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
4
 
A adoção é um ato de vontade, mas complexo, submetido a vários requisitos 
legais e exigente de sentença judicial. Ela ganhou novos ares com a Lei nº 12.010, 
de 03 de agosto de 2009, que de imediato, ou seja, em seu art. 1º dispõe sobre o 
aperfeiçoamento da sistemática prevista para garantia do direito à convivência 
familiar a todas as crianças e adolescentes, na forma prevista pela Lei nº 8.069, de 
13 de julho de 1990, Estatuto da Criança e do Adolescente. 
 
O poder de família é um dos ramos mais antigos do direito e visava o 
exclusivo interesse do chefe da família. Teve sua origem na Roma Antiga, 
onde a lei permitia ao pai vender ou até mesmo tirar a vida de seu filho, 
inclusive dispor de sua mulher quando entendesse conveniente, pois sobre 
eles tinha o poder de venda ou de morte (CICCO, 1993, p. 21). 
 
Quanto à sua definição, podemos resumir em conjunto de direitos e deveres 
atribuídos aos pais, no que se refere à pessoa e aos bens dos filhos menores. 
Os alimentos se destinam ao cumprimento, pela família, de sua função 
assistencialista e das funções relacionadas ao provimento dos recursos reclamados 
pelo sustento e manutenção de seus membros (COELHO, 2012). 
O direito a alimentos, que é irrenunciável, nasce como uma forma de 
assegurar o princípio da preservação da dignidade humana elencado no artigo 1º, 
inciso III da Constituição Federal, uma vez que abrange tudo aquilo que é 
necessário para o indivíduo viver com decência. 
De acordo com CRISTIANO CHAVES DE FARIAS e NELSON ROSENVALD 
(2012, p. 669), 
 
[...] os alimentos se prestam à manutençãodigna da pessoa humana, é de 
se concluir que a sua natureza é de direito de personalidade, pois se 
destinam a assegurar a integridade física, psíquica e intelectual de uma 
pessoa humana. 
 
As breves notas mostram que as relações de parentesco, a adoção, o poder 
familiar e os alimentos são alguns pontos de extrema importância que 
perseguiremos ao longo do módulo. 
Desejamos boa leitura e bons estudos, mas antes algumas observações se 
fazem necessárias: 
 
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios 
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
5
 
1) Ao final do módulo, encontram-se muitas referências utilizadas 
efetivamente e outras somente consultadas, principalmente artigos retirados da 
World Wide Web (www), conhecida popularmente como Internet, que devido ao 
acesso facilitado na atualidade e até mesmo democrático, ajudam sobremaneira 
para enriquecimentos, para sanar questionamentos que por ventura surjam ao longo 
da leitura e, mais, para manterem-se atualizados. 
2) Deixamos bem claro que esta composição não se trata de um artigo 
original1, pelo contrário, é uma compilação do pensamento de vários estudiosos que 
têm muito a contribuir para a ampliação dos nossos conhecimentos. Também 
reforçamos que existem autores considerados clássicos que não podem ser 
deixados de lado, apesar de parecer (pela data da publicação) que seus escritos 
estão ultrapassados, afinal de contas, uma obra clássica é aquela capaz de 
comunicar-se com o presente, mesmo que seu passado datável esteja separado 
pela cronologia que lhe é exterior por milênios de distância. 
3) Em se tratando de Jurisprudência, entendida como “Interpretação 
reiterada que os tribunais dão à lei, nos casos concretos submetidos ao seu 
julgamento” (FERREIRA, 2005)2, algumas delas poderão constar em nota de rodapé 
ou em anexo, a título apenas de exemplo e enriquecimento. 
4) Por uma questão ética, a empresa/instituto não defende posições 
ideológico-partidária, priorizando o estímulo ao conhecimento e ao pensamento 
crítico. 
5) Sabemos que a escrita acadêmica tem como premissa ser científica, ou 
seja, baseada em normas e padrões da academia, portanto, pedimos licença para 
fugir um pouco às regras com o objetivo de nos aproximarmos de vocês e para que 
os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos 
científicos. 
Por fim: 
6) Deixaremos em nota de rodapé, sempre que necessário, o link para 
consulta de documentos e legislação pertinente ao assunto, visto que esta última 
 
1 Trabalho inédito de opinião ou pesquisa que nunca foi publicado em revista, anais de congresso ou 
similares. 
 
2 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Eletrônico Aurélio. Versão 5.0. Editora 
Positivo. 
 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 
6
 
está em constante atualização. Caso esteja com material digital, basta dar um Ctrl + 
clique que chegará ao documento original e ali encontrará possíveis leis 
complementares e/ou outras informações atualizadas. Caso esteja com material 
impresso e tendo acesso à Internet, basta digitar o link e chegará ao mesmo local. 
 
 
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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e 
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7
 
UNIDADE 1 – PARENTESCO 
 
Antes mesmo de falarmos em conceitos, definições e modalidades, devemos 
ressaltar a importância de conhecermos as relações de parentesco dentro do Direito 
de Família, uma vez que a lei lhe atribui efeitos relevantes, estatuindo direitos e 
obrigações recíprocos entre os parentes, de ordem pessoal e patrimonial, e fixando 
proibições com fundamento em sua existência. 
As relações que se formam entre as pessoas no âmbito dos diversos 
núcleos familiares a que se acham integradas é tema que se reveste de extrema 
relevância jurídica, exigindo que a respeito se institua uma regulamentação especial 
e específica, pois de tais relações nascerão oportunamente determinados direitos, 
deveres e certas atribuições dotadas de características peculiares que a todos os 
membros vincularão, observadas as condições respectivamente assumidas e 
desfrutadas por cada um, não se impondo, para isso, venham a externar 
concordância tácita ou expressa (NÓBREGA, 2008). 
Com efeito, a presença de vínculos de parentesco próximo entre as partes e 
o juiz, ou o serventuário de justiça, acarreta a suspeição destes (CPC/2015, art. 144, 
III e IV)3, impede a citação nas hipóteses do art. 244, II4, ainda da lei processual, e 
produz outras consequências de ordem processual. Ademais, no âmbito do direito 
eleitoral, pode provocar a inelegibilidade do candidato, como sucede nos casos do 
art. 14, § 7º, da Constituição Federal5. Por outro lado, no direito penal, a existência 
 
3 Capítulo II – Dos Impedimentos e da Suspeição. 
Art. 144 CPC/2015: 
III – quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério 
Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou 
colateral, até o terceiro grau, inclusive; 
IV – quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente, 
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive. 
Art. 144: 
§ 1º Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica quando o defensor público, o advogado ou 
o membro do Ministério Público já integrava o processo antes do início da atividade judicante do juiz. 
 
4 Art. 244 - Não se fará a citação, salvo para evitar o perecimento do direito: 
II – de cônjuge, de companheiro ou de qualquer parente do morto, consanguíneo ou afim, em linha 
reta ou na linha colateral em segundo grau, no dia do falecimento e nos 7 (sete) dias seguintes. 
 
5 CF/88, Art. 14 § 7º - são inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes 
consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de 
Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído 
 
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de parentesco entre a vítima e o autor do crime pode acarretar agravação da pena 
(CP, art. 61, II, e), sua isenção e até mesmo exclusão do Ministério Público para 
oferecimento da denúncia, como ocorre nos casos dos arts. 181 e 182 do Código 
Penal (MONTEIRO, 2004). 
Os parentes têm direito à sucessão e alimentos e não podem casar uns com 
os outros, na linha reta e em certo grau da colateral. O parentesco é importante 
ainda em situações individuais regidas por outros ramos do Direito, como o 
processual e o eleitoral (GOMES, 2002 apud GONÇALVES, 2014). 
 
GRAUS DE PARENTESCO PARA FINS DE NEPOTISMO 
(Autoridade Nomeantee Cônjuge) 
 
Observação: o cônjuge ou companheiro, embora não seja considerado parente, encontra-se sujeito 
às vedações contidas na Súmula Vinculante nº 13 do Supremo Tribunal Federal. 
Fonte: http://www2.camara.leg.br/a-camara/estruturaadm/diretoria-de-recursos-humanos/estrutura-
1/depes/secretariado-parlamentar/diagrama-de-parentesco 
 
Como se vê, as relações de parentesco envolvem direitos de ordem pessoal, 
moral e material, regulando vínculos e identidade social, restrições conjugais e 
afetivas, que também não são superadas na eleição da união estável, avançando 
 
dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à 
reeleição. 
 
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9
 
seus tentáculos no terreno dos alimentos, do direito sucessório, na regulamentação 
de guarda e de visitas e garantindo a ampla comunicação, mesmo em caso de 
separação dos pais, cujo direito é extensível aos avós, pois é dever dos genitores 
prepararem seus filhos para a vida familiar, social e profissional. 
Como bem diz ROLF MADALENO (2008), transcende aos valores materiais 
a importância dos vínculos de parentesco, considerando que a paternidade já seria 
suficientemente relevante, apenas sob o seu prisma moral, pois é direito que se 
identifica com a dignidade humana da pessoa, em pesquisar a sua identidade 
genética e de reivindicar o seu nome de família, com prenome e sobrenome do pai, 
completando a sua integridade psíquica e, enfim, a sua cidadania. 
 
Fonte: http://2.bp.blogspot.com 
 
O parentesco existe na linha reta, entre ascendentes e descendentes e na 
linha transversal ou colateral, em que os parentes não descendem uns dos outros, 
mas cujos vínculos decorrem de um tronco comum, limitando-se na linha colateral ao 
parentesco até o 4º grau. 
 
 
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10
 
1.1 Conceitos, definições afins e modalidades 
SÍLVIO DE SALVO VENOSA (2013) assevera que parentesco é o vínculo 
que une duas ou mais pessoas em decorrência de uma delas descender da outra ou 
de ambas procederem de um genitor comum. 
MARIA HELENA DINIZ (2004), indo bem além e buscando ofertar um 
conceito abrangente, afirma que é a relação vinculatória existente não só entre 
pessoas que descendem umas das outras ou de um mesmo tronco comum, mas 
também entre um cônjuge e os parentes do outro e entre adotante e adotado. 
Já que o vínculo resulta da própria lei que se preocupa em fixar regras que, 
considerando tais elos de ligação entre as pessoas, lhes confere direitos e as 
submete a determinados deveres, teremos no Código Civil, a regulação com esse 
fim, isto é, para as relações de parentesco, permitindo, assim, o surgimento de 
determinados efeitos que justificarão o vínculo estatuído nesse âmbito. 
Veja-se, apenas a título de exemplo, que se defere aos pais, em decorrência 
da relação que naturalmente surge entre eles e os seus filhos, o exercício do poder 
familiar (art. 1.630), disso decorrendo diretamente os deveres de sustento, guarda e 
educação (art. 1.566, IV). Ampliando-se esse espectro, podem os parentes – e não 
apenas os filhos – pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver 
(art. 1.694), candidatando-se, outrossim, à sucessão do falecido e, em 
consequência, à aquisição dos bens que houver deixado (art. 1.829). 
Afinidade é o vínculo que se estabelece entre um dos cônjuges ou 
companheiro e os parentes do outro (sogro, genro, cunhado, entre outros). A relação 
tem os seus limites traçados na lei e não ultrapassa esse plano, pois que não são 
entre si parentes os afins de afins (affinitas affinitatem non parit). Tal vínculo resulta 
exclusivamente do casamento e da união estável (COELHO, 2012). 
As relações jurídicas horizontais são as de conjugalidade, empregada a 
expressão aqui num sentido muito amplo, que abarca todos os enlaces entre duas 
pessoas adultas (não irmãs) voltadas à organização da vida em comum. Mantêm 
relações horizontais de família os casados, os que convivem em união estável, em 
união livre e as pessoas de mesmo sexo em comunhão de vida. 
As relações verticais são as de ascendência e descendência, como as que 
unem pais aos filhos, avós aos netos, entre outras (COELHO, 2012). 
 
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11
 
Vale anotar... 
De acordo com o art. 227, § 6º, da Constituição Federal: 
 
Os filhos, havidos ou não do casamento, ou por adoção, terão os mesmos 
direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias 
relativas à filiação. 
 
Portanto, está afastada, por inteiro, a distinção entre filhos legítimos e 
ilegítimos, e, dai, entre parentes legítimos e ilegítimos, já que o parentesco, em grau 
distante, parte de um tronco comum, passando pelos filhos. 
 
1.2 Contagem de graus e afinidade 
As relações de parentesco, tendo em conta a sua origem, são classificadas 
pela doutrina, a partir dos conceitos anteriormente vistos, em: 
a) natural ou consanguíneo, quando as pessoas ligam-se umas às outras por 
laços de sangue, descendendo de um tronco ancestral comum; 
b) por afinidade, que nasce em razão do casamento ou da união estável entre os 
cônjuges e os parentes do outro; e, 
c) civil, decorrente do vínculo gerado pela adoção. O Código Civil ao referir-se a 
esse aspecto, estatui que “o parentesco é natural ou civil, conforme resulte de 
consanguinidade ou outra origem” (art. 1.593)6. Contempla, como se pode 
ver, apenas duas espécies, desdobrando a civil em duas subespécies, sendo 
por afinidade ou por adoção, ilustrado abaixo: 
 
6 Art. 332 do Código Civil, de 1916, dispunha que o parentesco era legítimo ou ilegítimo, se originário 
do casamento ou não, e natural ou civil, conforme resultasse de consanguinidade ou adoção. O 
dispositivo, no entanto, foi revogado pela Lei nº 8.560, de 29.12.1992, com vista a adequar-se a 
norma ao art. 226, § 6º, da Constituição, que prevê tratamento isonômico entre os diversos filhos, 
vedando quaisquer designações discriminatórias. 
Portanto, o artigo 1.593 acolhe a paternidade socioafetiva, fundada na posse de estado de filho; a 
filiação não é alicerçada apenas nos laços biológicos, mas na “realidade de afeto que une pais e 
filhos”. 
 
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12
 
 
Fonte: Nóbrega (2008). 
 
O parentesco natural ou consanguíneo, que se estabelece entre pessoas 
ligadas por laços de sangue, pode resultar do casamento ou de relação 
extramatrimonial(união estável, concubinato ou relação sexuais de caráter 
eventual). Estabelece-se tanto em linha reta, quanto na colateral. São parentes em 
linha reta, consoante estatui o art. 1.591 do Código Civil, as pessoas que estão 
umas para com as outras na relação de ascendentes e descendentes, derivando, 
pois, de um mesmo tronco ancestral comum. 
 
Fonte: Nóbrega (2008). 
 
A linha reta será, portanto, ascendente ou descendente, conforme o caso, 
criando vínculos entre avôs, pais, filhos, netos, bisnetos, entre outros. 
 
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13
 
 
Fonte: Nóbrega (2008). 
 
Ascendente será a linha reta quando se sobe de uma determinada pessoa 
para os seus antepassados (pai, avô, bisavô, entre outros). Será descendente 
quando se vier a ter a situação inversa, indo para aqueles que descendem da 
pessoa que se tem como ponto de partida (pai, filho, neto, bisneto). Oportuno notar 
que não se estabelece legalmente qualquer limitação relativa ao parentesco na linha 
reta, o que significa dizer que nesse âmbito os parentes preservam essa condição 
mesmo que posicionados em graus mais distantes (NÓBREGA, 2008). 
A linha colateral, também chamada de transversal pelo Código Civil, é 
caracterizada pelo fato de também descenderem os parentes de um só tronco, mas 
sem que estejam ligados entre si por relações diretas de ascendência ou 
descendência (irmãos, tios, sobrinhos, primos). Não descendem, portanto, umas das 
outras. A lei limita as relações de parentesco na linha colateral ao quarto grau (art. 
1.592), não contemplando, portanto, hipótese de parentesco que vá além daquela 
que detém os primos que se acham posicionados no último grau previsto em lei para 
esse fim. 
 
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14
 
 
 
 
 
 
Fonte: Nóbrega (2008). 
 
Já restou, anteriormente dito, que o vínculo de parentesco firma-se em linha 
reta, conforme se mantenham as pessoas na condição de ascendentes ou de 
 
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descendentes, ou colateral, quando sejam elas provenientes de um tronco comum, 
sem que descendam umas das outras. 
Necessário, todavia, medir a proximidade dessa relação para que se possa, 
em determinadas circunstâncias e com certa finalidade, verificar qual parente 
mantém uma relação mais próxima em relação a outro, de modo a fixar certos 
efeitos específicos, como por exemplo, verificação da ordem de vocação hereditária, 
quando serão chamados a suceder observada a ordem legalmente prevista (art. 
1.829). A contagem de graus tem, portanto, a função de medir esse nível de 
aproximação entre os diversos parentes, dando solução a determinadas questões 
que disso adviriam se não houvesse regra a respeito (NÓBREGA, 2008). 
A partir de tais considerações preliminares, pode-se afirmar, pois, que grau é 
a distância em gerações, que vai de um a outro parente. Na linha reta, conforme 
indica o art. 1.594 do Código Civil, os graus são contados pelo número de gerações. 
Pai e filho são parentes em 1º grau. Avô e neto são parentes em 2º grau. Bisavô e 
bisneto são de 3º grau, e assim por diante. Há uma geração entre os primeiros, duas 
entre os segundos e três entre os terceiros. 
Na linha colateral, a contagem é feita também pelo número de gerações. 
Parte-se de um parente situado em uma das linhas e se vai identificando e 
contando as gerações até que se alcance o tronco comum. Encontrado este, desce-
se pela outra linha continuando a contagem das gerações até encontrar o outro 
parente. Irmãos são colaterais em segundo grau, tios e sobrinhos são parentes em 
terceiro grau, primos são parentes em quarto grau. Não ocorre parentesco de 1º 
grau na linha colateral. 
A importância prática dessa aproximação entre os diversos parentes é 
sentida em diversas áreas do direito. Nas áreas de família e sucessões já foram 
referidas anteriormente algumas situações que, como visto, apresentam-se 
extremamente relevantes para o deslinde de determinadas questões que, à míngua 
de tais definições, ensejariam desnecessárias e intermináveis demandas. Limita-se, 
com a fixação de graus de parentesco, o surgimento de debates acerca de 
determinados aspectos oriundos das relações entre membros de uma mesma 
família (NÓBREGA, 2008). 
 
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Outras referências a respeito do maior ou menor distanciamento do grau de 
parentesco são encontradas na legislação. 
Já vimos que o Código de Processo Civil, Lei nº 13.105/2015, ao cuidar de 
impedimentos e suspeições contempla previsão nos arts. 144, III e IV, ou ainda, 
quando for parente de alguma das partes até o terceiro grau (art. 144, V). Regra 
específica também consta no mesmo estatuto processual a respeito de testemunhas 
(art. 447, § 2º)7. 
Abaixo, temos mais dois exemplos para firmar o assunto. 
 
Fonte: www.cgu.gov.br 
 
7 CPC/2015. 
Art. 447 § 2º são impedidos: 
I - o cônjuge, o companheiro, o ascendente e o descendente em qualquer grau e o colateral, até o 
terceiro grau, de alguma das partes, por consanguinidade ou afinidade, salvo se o exigir o interesse 
público ou, tratando-se de causa relativa ao estado da pessoa, não se puder obter de outro modo a 
prova que o juiz repute necessária ao julgamento do mérito; 
II - o que é parte na causa; 
III - o que intervém em nome de uma parte, como o tutor, o representante legal da pessoa jurídica, o 
juiz, o advogado e outros que assistam ou tenham assistido as partes. 
 
 
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17
 
 
Fonte: http://direitoefamilias.blogspot.com.br/2011/05/da-relacao-de-parentesco.html 
 
Vale guardar... 
DAS RELAÇÕES DE PARENTESCO: OS GRAUS PARTINDO DO INDIVÍDUO 
São parentes, em linha reta, as pessoas que estão umas para com as outras 
na relação de ascendentes e descendentes (art. 1.591 CC). 
São parentes, em linha colateral, ou transversal, até o quarto grau, as 
pessoas que provêm de um só tronco, sem descenderem umas das outras (art. 
1.592 CC). 
Contam-se, na linha reta, os graus de parentesco pelo número de gerações, 
e na linha colateral, também pelo número delas, subindo, porém, de um dos 
parentes, até ao ascendente comum, e descendo, depois, até encontrar o parente 
(art. 1.594). Trata-se do sistema romano de contagem de graus na linhacolateral 
(GONÇALVES, 2014). 
 
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Se não houver cônjuge sobrevivente não separado, serão chamados a 
suceder os colaterais até o quarto grau (art. 1.839 do CC). 
� Irmãos são colaterais em segundo grau e partindo-se de um deles, até chegar 
ao tronco comum, conta-se uma geração. Descendo pela outra linha, logo 
depois de uma geração, já se encontra o outro irmão. 
� Tios e sobrinhos são colaterais em terceiro grau; primos, em quarto. No caso 
dos primos, cada lado da escala de contagem terá dois graus. 
� Sobrinhos-netos e tios-avós, são colaterais de quarto grau, hipóteses em que 
um dos lados da escala terá três graus, e o outro um. 
� O parentesco mais próximo na linha colateral é o de segundo grau, existente 
entre irmãos. Não há parentesco em primeiro grau na linha colateral, porque 
quando contamos uma geração ainda estamos na linha reta. 
� Denominam-se irmãos germanos ou bilaterais os que têm o mesmo pai e a 
mesma mãe; e unilaterais os irmãos somente por parte de mãe (uterinos) ou 
somente por parte do pai (consanguíneos). 
� O Código Civil regulamenta, nos arts. 1.841 a 1.843, os direitos sucessórios 
dos irmãos germanos e unilaterais. 
� A linha colateral pode ser igual (como no caso de irmãos, porque a distância 
que os separa do tronco comum, em número de gerações, é a mesma) ou 
desigual (como no caso de tio e sobrinho, porque este se encontra separado 
do tronco comum por duas gerações e aquele por apenas uma). 
� Pode ser também dúplice ou duplicada, como no caso de dois irmãos que se 
casam com duas irmãs. Neste caso, os filhos que nascerem dos dois casais 
serão parentes colaterais em linha duplicada (GONÇALVES, 2014). 
 
GRAUS DOS VÍNCULOS DA AFINIDADE NO CÓDIGO CIVIL/2002 
Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro 
pelo vínculo da afinidade. 
§ 1º O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos 
descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro. 
§ 2º Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do 
casamento ou da união estável. 
 
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Art. 1.521. Não podem casar: 
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; 
II - os afins em linha reta; 
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o 
foi do adotante; 
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro 
grau inclusive; 
V - o adotado com o filho do adotante. 
Algumas regras básicas: para identificar a proximidade da relação afim, usa-
se da simetria com o parentesco consanguíneo, nas suas linhas, graus e espécies; 
na linha colateral o cunhado é o afim, de 2º grau, e neste grau se encerra a 
afinidade; na linha reta não há limite de graduação por afinidade; afinidade não é 
parentesco e sim o vínculo que liga uma pessoa aos parentes do seu cônjuge ou, 
por inovação do novo Código; do companheiro; os afins de cada cônjuge ou 
companheiro não são afins entre si; no segundo casamento, os afins do primeiro não 
se tornam afins do cônjuge bínubo8 (GONTIJO, GONTIJO; GONTIJO, 2008). 
 
1.3 Os efeitos do parentesco 
As relações de parentesco afetam os mais diversos campos do Direito, 
desde os impedimentos que se traduzem em inelegibilidade da Constituição até os 
impedimentos para o casamento. 
� No processo civil, estão impedidos de depor como testemunha, além do 
cônjuge da parte, seu ascendente ou descendente em qualquer grau, assim, 
como o colateral até o terceiro grau, seja consanguíneo ou afim. 
� No direito penal, há crimes cujo parentesco entre o agente causador e a 
vítima agrava a intensidade da pena. 
� No direito fiscal, o parentesco pode definir isenções, deduções ou o nível de 
tributação. 
� No direito constitucional e no direito administrativo, há restrições de 
parentesco para ocupar certos cargos. 
 
8 Casado em segundas núpcias. 
 
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� No direito de família, os efeitos do parentesco fazem-se sentir com mais 
intensidade, ao estabelecer impedimentos para o casamento, estabelecer o 
dever de prestar alimentos, de servir como tutor, entre outros. 
� No direito sucessório, o parentesco estabelece as classes de herdeiros que 
podem concorrer à herança, limitando-se, na classe dos colaterais, àqueles 
até o quarto grau (VENOSA, 2013). 
� Ainda em termos constitucionais, devemos lembrar que as relações familiares 
tomaram voz diante dos princípios da dignidade da pessoa humana e da 
solidariedade. Novos arranjos familiares para além de sinônimo de casamento 
e até mesmo os efeitos a biotecnologia ainda se apresentam como desafios, 
é fato, mas o afeto ganhou relevância perante o Direito, gerando vínculos, 
direitos e obrigações na órbita familiar (BARBOSA, 2007). 
 
1.4 Direitos e deveres dos avós – Lei 12.398/2011 
Antes da consolidação da Lei nº 12.398, de 28 de março de 2011, alguns 
doutrinadores e operadores do Direito sustentavam que o direito de visita avoenga 
era implícito. Por carecer de melhor detalhamento legal, alguns julgados (baseados 
no princípio humanizador da jurisprudência) (FRANÇA, 1999) eram aplicados no 
sentido de ajustar a casos específicos e à crescente demanda. Embora a Lei tenha 
um caráter de generalidade e tenha por valor o brocado jurídico dura lex sed lex, o 
aplicador não poderia ignorar a justa aplicação dos preceitos legais, tanto que, 
paulatinamente, julgados de todo o Brasil avançaram no sentido de regulamentar 
uma situação que perdurava às sombras. 
Muitos avós e familiares impetraram diversas ações que culminaram em 
julgados, e, posteriormente, foram cristalizados em diversas jurisprudências. 
Para fins didáticos, vejamos a decisão abaixo: 
 
AGRAVO INTERNO. REGULAMENTAÇÃO DE VISITAS DOS AVÓS A 
NETA. DIREITO RECONHECIDO NOS PRETÓRIOS. AMPLIAÇÃO 
DEPENDENTE DE ESTUDO SOCIAL E OUTRAS PROVAS NOS AUTOS. 
Por construção pretoriana, é reconhecido o direito de visitas dos avós ao 
neto, com vista ao fortalecimento das relações familiares e saudável 
constituição afeto-emocional da criança. No entanto, sua regulamentação 
depende de provas e estudo social com vista a subsidiar o magistrado para 
decisão que melhor atenda os interesses da criança. Ausente, ainda, tais 
provas, em razão da fase inicial do processo, não há como atender, por ora, 
a ampliação das visitas buscada pelos recorrentes. AGRAVO DE 
 
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INSTRUMENTO DESPROVIDO (SEGREDO DE JUSTIÇA) (TJRS – 7ª 
CÂMARA CÍVEL – REL. DES. ANDRÉ LUIZ PLANELLA VILLARINHO – 
AGRAVO DEINSTRUMENTO Nº 70023246952 – DJ 14.05/2008). 
 
Não demorou muito para o legislador sintonizar com a demanda social e, por 
isso, editar a referida Lei. Investidos na árdua missão de espreitar caminhos 
jurídicos e soluções, foi fácil demonstrar que os julgados não atentaram contra o 
espírito da antiga legislação vigente (VERAS, 2012). 
Eis que, sancionada em março de 2011, a Lei em tela impôs novo sistema 
para o exercício do Poder Familiar, garantindo assim direitos e deveres familiares 
para uma gama muito maior de membros da família dos quais são oriundos os filhos. 
Dando fim ao silêncio legislativo, a Lei acrescenta parágrafo único ao Artigo 
1.589 do Código Civil9. 
Com esse acréscimo legislativo, o direito de visitas aos netos, o qual já era 
concedido pelos Tribunais, bem como reconhecido pelos doutrinadores em geral, 
passa a ter disposição legal (LA PORTA, 2011). 
Para além do direito de visita, outros artigos demonstram a posição parental 
dos avós. Vejamos: 
Em matéria de prestação de alimentos, encontramos no Artigo 1.696 que o 
direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos e extensivo a todos 
os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de 
outros. 
Sobre a Tutela legal, artigo 1.731: I – em falta de tutor nomeado pelos pais, 
incumbe a tutela aos parentes consanguíneos do menor, por esta ordem: I - aos 
ascendentes, preferindo o de grau mais próximo ao mais remoto. 
Sobre a Sucessão legítima, artigo 1829: II – a sucessão legítima defere-se 
na ordem seguinte: [...] II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge. 
Por fim, a Guarda deferida aos avós - Art. 1.584, decretada a separação 
judicial ou o divórcio, sem que haja entre as partes acordo quanto à guarda dos 
filhos, será ela atribuída a quem revelar melhores condições para exercê-la. 
Parágrafo único. Verificando que os filhos não devem permanecer sob a guarda do 
 
9 Art. 1.589. Parágrafo único: o direito de visita estende-se a qualquer dos avós, a critério do juiz, 
observados os interesses da criança ou do adolescente. 
 
 
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pai ou da mãe, o juiz deferirá a sua guarda à pessoa que revele compatibilidade com 
a natureza da medida, de preferência levando em conta o grau de parentesco e 
relação de afinidade e afetividade, de acordo com o disposto na lei específica 
(FERREIRA, 2008). 
 
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UNIDADE 2 – FILIAÇÃO 
 
Demoramos, mas avançamos. E avançamos, mas demoramos! (sic). 
Redundante sim, mas válido para vermos como o passado têm algo a nos ensinar, 
sempre! 
Vejamos como eram as relações de filiação no nosso Código de 1916 em 
relação à filiação: 
Filho de verdade mesmo apenas o nascido dentro do casamento. Isto é, 
havia uma hierarquia entre os filhos, em que se privilegiava o portador da herança 
genética de homem e mulher casados, ou que pelo menos se presumia a tivesse 
recebido do primeiro. Chamava-se legítima a essa filiação. Eram os filhos de 
verdade. Os havidos fora do casamento consideravam-se ilegítimos e estavam 
divididos em naturais, se os dois genitores estavam desimpedidos para o casamento 
(eram solteiros ou viúvos), ou espúrios, se havia impedimento; esses últimos, por 
sua vez, chamavam-se adulterinos quando casado um dos genitores, mas não com 
o outro (ou os dois, mas não entre eles), ou incestuosos, se os pais não podiam se 
casar em razão de certos impedimentos (descendia um do outro, por exemplo). O 
privilégio dos legítimos era tamanho que, sob a égide do Código Beviláqua, o pai, 
enquanto estivesse casado, não podia reconhecer filhos ilegítimos. Mesmo que 
quisesse, estava proibido. Como o vínculo do casamento era indissolúvel, só 
enviuvando ele podia ver o ato de perfilhação produzir efeitos (COELHO, 2012, p. 
329). 
 
Filiação é a relação de parentesco consanguíneo, em primeiro grau e em 
linha reta, que liga uma pessoa àquelas que a geraram, ou a receberam como se a 
tivessem gerado (RODRIGUES, 2004). 
Todas as regras sobre parentesco consanguíneo estruturam-se a partir da 
noção de filiação, pois a mais próxima, a mais importante, a principal relação de 
parentesco é a que se estabelece entre pais e filhos (VELOSO, 1997). 
 
Em sentido estrito, filiação é a relação jurídica que liga o filho a seus pais. É 
considerada filiação, propriamente dita, quando visualizada pelo lado do 
filho. Encarada em sentido inverso, ou seja, pelo lado dos genitores em 
relação ao filho, o vínculo se denomina paternidade ou maternidade. Em 
 
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linguagem jurídica, todavia, às vezes se designa por ‘paternidade’, num 
sentido amplo, tanto a paternidade propriamente dita como a maternidade. 
É assim, por exemplo, que deve ser entendida a expressão ‘paternidade 
responsável’ consagrada na Constituição Federal de 1988, art. 226, § 7º 
(MONTEIRO, 2004, p. 305). 
 
Acertadamente, a Constituição de 1988, em seu art. 227, § 6º estabeleceu 
absoluta igualdade entre todos os filhos, não admitindo mais a retrógrada distinção 
entre filiação legítima e ilegítima, segundo os pais fossem casados ou não, e 
adotiva, que existia no Código Civil de 1916. Naquela época, dada a variedade de 
consequências que essa classificação acarretava, mostrava-se relevante provar e 
estabelecer a legitimidade (GONÇALVES, 2014). 
Hoje, havidos dentro ou fora do casamento, todos os filhos possuem iguais 
direitos e qualificações. O princípio da igualdade dos filhos é reiterado no art. 1.596 
do Código Civil, que enfatiza que “os filhos, havidos ou não da relação de 
casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas 
quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação”. 
Segundo PAULO LÔBO  (2014, p. 198), 
 
não se permite que a interpretação das normas relativas à filiação possa 
revelar qualquer resíduo de desigualdade de tratamento aos filhos, 
independentemente de sua origem, desaparecendo os efeitos jurídicos 
diferenciados nas relações pessoais e patrimoniais entre pais e filhos, entre 
os irmãos e no que concerne aos laços de parentesco. É possível notar que 
tanto a Constituição  Federal de 1988 quanto o Código Civil  de 2002 
descrevem conceito único de filiação, abandonando conceitos como filiação 
legítima, ilegítima, adotiva, adulterina e natural . 
 
Vamos falar rapidamente da reprodução assistida10, técnica de reprodução 
humana que fez surgir a necessidade de se regulamentar as relações jurídicas 
 
10 Do gênero da reprodução medicamente assistida ou simplesmente reprodução assistida, derivam 
duas espécies: a inseminação artificial e a fertilização in vitro ou fertilização na proveta. A 
inseminação artificial é o procedimento em que se realiza a concepção in vivo, no próprio corpo da 
mulher. Nesse caso, o médico irá preparar o material genético a serimplantado no corpo da mulher 
onde irá ocorrer a fecundação. Em contrapartida, temos a fertilização artificial na qual a concepção é 
realizada de forma laboratorial, ou seja, fora do corpo feminino, onde apenas irá ocorrer a 
implantação dos embriões já fecundados (FARIAS; ROSENVALD, 2010, p. 570). 
Portanto, a fecundação artificial é resultante da reprodução medicamente assistida, utilizada em 
substituição da concepção natural, quando houver dificuldade ou impossibilidade de um ou de ambos 
gerar. 
A denominação Homóloga ocorre quando estamos diante da manipulação de gametas masculinos e 
femininos do próprio casal. Ocorre, por exemplo, quando a fecundação ocorre in vitro, o óvulo é 
implantado na mulher, que leva a gestação a termo. 
 
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decorrentes de seu emprego, em especial no Direito de Família, no que diz respeito 
à filiação e ao parentesco, assunto ainda polêmico e um tanto contraditório. 
O Código Civil de 2002, embora de forma ainda insuficiente, tratou da 
questão da reprodução humana assistida no capítulo referente à filiação, no artigo 
1.597, incisos II, IV e V. 
Dispõe o artigo 1.597 do Código Civil: 
Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos: 
(...) 
III – havidos por fecundação homóloga, mesmo que falecido o marido; 
IV – havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, 
decorrentes de concepção artificial homóloga; 
V – havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia 
autorização do marido. 
Prevê, tal dispositivo, casos de inseminação artificial homóloga e heteróloga. 
Importante destacar que embora o dispositivo se refira ao casamento, por 
força do disposto no art. 226 da Constituição Federal, as regras devem ser aplicadas 
às hipóteses de união estável, reconhecida como entidade familiar (FERRAZ, 2009). 
A filiação decorrente da reprodução humana homóloga, realizada com 
sêmen e óvulo do casal, não apresenta grandes discussões. Se houve o 
consentimento livre e informado de ambas as partes para realização do 
procedimento, a lei lhes atribui a paternidade e a maternidade do filho assim gerado. 
Haverá, portanto, coincidência entre a filiação biológica e a filiação jurídica, 
nos casos em que se estabelece o vínculo socioafetivo. Isso porque nada impede 
que os filhos gerados pela reprodução assistida homóloga venham a ser, 
posteriormente, adotados. 
O dispositivo em tela, portanto, atribui a paternidade dos filhos havidos por 
inseminação artificial homóloga ao marido ou companheiro, mesmo que o 
 
A denominação Heteróloga ocorre quando se utiliza o esperma de um doador fértil. Assim temos que 
a concepção ocorre mediante o material genético de outrem. Caso a mulher seja casada, o marido 
então será considerado o pai, por presunção legal, caso tenha consentido na realização da 
inseminação. 
 
 
 
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nascimento tenha ocorrido após o falecimento deste e utilizados os embriões 
excedentários, se o marido consentiu na realização da inseminação artificial com 
seu material genético e aceitou a paternidade do filho, independentemente da época 
de sua concepção e de seu nascimento. Dessa feita, os filhos que resultarem de 
embriões com material genético do marido e da mulher gozam da presunção de 
paternidade, pois a procedência do material é conhecida (FERRAZ, 2009). 
Realizada, pois, a inseminação artificial com sêmen do marido ou 
companheiro, estabelece-se a relação de filiação, que não poderá ser questionada 
segundo a nossa lei civil. 
 
A resolução nº 1.358/92 que adotava normas éticas para utilização das 
técnicas de reprodução assistida foi revogada após 18 anos de vigência, recebendo 
modificações relativas à reprodução assistida, o que gerou a presente resolução 
(Resolução CFM nº 1.957/2010), que a substitui in totum. 
Res. CFM nº 1.957/2010 resolve: 
Art. 1º - Adotar as normas éticas para a utilização das técnicas de 
reprodução assistida, anexas à presente resolução, como dispositivo deontológico a 
ser seguido pelos médicos. 
[...] 
VII - SOBRE A GESTAÇÃO DE SUBSTITUIÇÃO (DOAÇÃO TEMPORÁRIA 
DO ÚTERO) 
As clínicas, centros ou serviços de reprodução humana podem usar técnicas 
de RA para criarem a situação identificada como gestação de substituição, desde 
que exista um problema médico que impeça ou contraindique a gestação na 
doadora genética. 
1 - As doadoras temporárias do útero devem pertencer à família da doadora 
genética, num parentesco até o segundo grau, sendo os demais casos sujeitos à 
autorização do Conselho Regional de Medicina. 
2 -A doação temporária do útero não poderá ter caráter lucrativo ou 
comercial. 
VIII - REPRODUÇÃO ASSISTIDA POST MORTEM 
Não constitui ilícito ético a reprodução assistida post mortem desde que haja 
autorização prévia específica do(a) falecido(a) para o uso do material biológico 
criopreservado, de acordo com a legislação vigente. 
 
Do ponto de vista biológico, tais hipóteses não apresentam maiores 
indagações quanto à paternidade, já que o material utilizado pertence ao casal, de 
forma que o filho gerado será biologicamente filho do marido e da mulher, embora 
 
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provoque discussões no âmbito do direito sucessório, considerando que o filho, fruto 
da inseminação artificial homóloga, pode nascer e até mesmo ser concebido após a 
morte de seu genitor. 
Neste aspecto, adverte CAIO MARIO DA SILVA PEREIRA (2004) que não 
se pode falar em direitos sucessórios daquele que foi concebido por inseminação 
artificial post mortem, uma vez que a transmissão da herança se dá em 
consequência da morte e dela participam as pessoas nascidas ou já concebidas no 
momento da abertura da sucessão. 
Art. 1.798/CC – legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já 
concebidas no momento da abertura da sucessão. 
O Código Civil em vigor silenciou o estado civil da mulher que desejasse 
utilizar o material genético de seu falecido marido. O enunciado 106 do Centro de 
Estudos Judiciários do Conselho de Justiça Federal, editado em 2002, na Jornada 
de Direito Civil e confirmado na Jornada ocorrida em 2006 estabelece, para que seja 
presumida a paternidade do marido falecido, será obrigatório que a mulher, ao se 
submeter a uma das técnicas de reprodução assistida com o material genético do 
falecido, esteja na condição de viúva, sendo obrigatório, ainda, que haja autorização 
escrita do marido para que se utilize seu material genético após a sua morte 
(FERRAZ, 2009; VILAS-BÔAS, 2011; LÔBO, 2014). 
O intuito é evitar que surja dúvida sobre a paternidade, pois se a mulher 
mantém nova relação, o filho pode não ser do marido falecido, mas do seu novo 
marido ou companheiro. Neste caso, entendeu-se que, como preceitua a Resolução 
nº 1.957/10, do ConselhoFederal de Medicina, que deve haver autorização escrita 
do marido, expressando seu consentimento de que seu material genético seja 
utilizado após sua morte. 
O Enunciado 107, por sua vez, estabelece que, finda a sociedade conjugal, 
na forma do art. 1.571, a regra do inciso IV somente poderá ser aplicada se houver 
autorização prévia, por escrito, dos ex-cônjuges, para utilização dos embriões 
excedentários, só podendo ser revogada até o início do procedimento de 
implantação desses embriões. 
Procura-se evitar o arrependimento de modo a se por em xeque sua 
paternidade. Portanto, ainda que se arrependa após a realização da implantação 
 
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28
 
dos embriões excedentários, juridicamente será o pai do filho concebido e não 
poderá voltar atrás (FERRAZ, 2009). 
O inciso V, do artigo 1597 do Código Civil, atribui a paternidade ao marido, 
dos filhos havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que aquele tenha 
autorizado previamente. 
Assim, autorizando a realização da inseminação artificial heteróloga na 
mulher com quem está casado, o marido chama para si a paternidade do filho 
resultante, fazendo com que incida a presunção estabelecida neste dispositivo. 
Embora não se trate de paternidade efetiva sob o prisma genético, juridicamente, 
considera-se a existência de laço idêntico ao produzido pela geração natural havida 
no casamento com a participação dos cônjuges (MATIELLO, 2005). 
O Código Civil não estabeleceu a forma pela qual tal autorização deve ser 
dada, a qual se entendeu que deve ser escrita e expressa, o que garante mais 
segurança ao procedimento e evita dúvidas quanto à atribuição de paternidade. 
Como se percebe, nem o Código Civil em vigor nem os enunciados acima 
expostos são suficientes para dirimir uma série de controvérsias que poderá se 
apresentar, diante da complexidade do tema, cabendo ao julgador, diante da 
proibição do non liquet, averiguar os princípios constitucionais a serem aplicados na 
solução dos conflitos que porventura surjam (FERRAZ, 2009). 
Certo é que a evolução da ciência exige constante atualização jurídica, ética 
e moral da sociedade, como ilustram as normas e as leis voltadas à regulamentação 
das técnicas de reprodução assistida, cuja importância é crescente na constituição 
das famílias contemporâneas (GALLO; GRACINDO, 2016). 
 
 
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UNIDADE 3 – FILIAÇÃO FORA DO CASAMENTO 
 
Relembrando... a Constituição Federal de 1988 equiparou os filhos, 
proibindo as discriminações presentes no Código Civil anterior e em leis 
complementares. 
Entretanto, apesar da igualdade de direitos, já estabelecida em lei, os filhos 
havidos fora do casamento não gozam da presunção de paternidade outorgada aos 
filhos de pais casados entre si. 
SILVIO DE SALVO VENOSA (2013) explica que aqueles necessitam de um 
reconhecimento, que pode resultar de um ato de vontade dos pais ou de ato coativo, 
resultante de decisão judicial. Esta distinção decorre da lógica de que não há como 
presumir legalmente a paternidade se não há casamento dos pais. 
O professor acima lembra que a atribuição de maternidade e paternidade 
são independentes; pode-se provar a maternidade sem que isso ocorra com a 
paternidade. Assim, os filhos havidos fora do casamento necessitam de 
reconhecimento, que pode resultar de ato de vontade dos pais ou de ato coativo, 
resultante de decisão judicial. Ainda que o sistema tenha atualmente simplificado 
esse reconhecimento, persiste essa distinção, que decorre da lógica: não há como 
se presumir legalmente a paternidade se não há casamento dos pais. 
Os artigos de 1.607 a 1.617, do Código Civil de 2002, no Capítulo III – Do 
Reconhecimento dos Filhos, dão o tom da lei para esse assunto. 
 
3.1 Investigação da paternidade e maternidade 
A investigação de paternidade ou maternidade, quando se trata de criança 
abandonada/tida fora do casamento, pode ocorrer nos casos taxativos estabelecidos 
pela lei11. 
 
11 Lei nº 8.560, de 29 de dezembro de 1992. Regula a investigação de paternidade dos filhos havidos 
fora do casamento e dá outras providências. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8560.htm (com redações dadas pelas Leis). Lei nº 12.004, 
de 29 de julho de 2009, altera a Lei nº 8.560, de 29 de dezembro de 1992, que regula a investigação 
de paternidade dos filhos havidos fora do casamento, e dá outras providências. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12004.htm#art2 
Lei nº 12.010, de 03 de agosto de 2009, dispõe sobre adoção; altera as Leis nº 8.069, de 13 de julho 
de 1990, Estatuto da Criança e do Adolescente, 8.560, de 29 de dezembro de 1992; revoga 
dispositivos da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, e da Consolidação das Leis do 
Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943; e dá outras 
 
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30
 
Normalmente, a filiação se prova pelo registro do nascimento determinando 
a Lei que: 
Art. 1.609 – o reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é 
irrevogável e será feito: 
I - no registro do nascimento; 
II - por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado em cartório; 
III - por testamento, ainda que incidentalmente manifestado; 
IV - por manifestação direta e expressa perante o juiz, ainda que o 
reconhecimento não haja sido o objeto único e principal do ato que o contém. 
São igualmente importantes os artigos abaixo: 
Art. 1604 (CC/2002) – ninguém pode vindicar estado contrário ao que resulta 
do registro de nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade do registro. 
Art. 1608 – quando a maternidade constar do termo de nascimento do filho, 
a mãe só a poderá contestar, provando a falsidade do termo, ou das declarações 
nele contidas. 
Sobre o art. Acima, CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA (2006, p. 331) chama 
a atenção para a sua redação, entendendo que as limitações indicadas no 
dispositivo legal “são questionáveis se considerarmos as conquistas científicas, 
sobretudo aquelas vinculadas à inseminação artificial”. 
Nesse sentido, uma questão prática merece ser citada: é o contrato de 
gestação, ou seja, uma mulher obriga-se, mediante um contrato, a renunciar ao 
estatuto de mãe e a ceder o filho, após o nascimento, a quem a contrata, ou a quem 
este indicar. 
É evidente que não conste o nome da mãe no registro civil quando se trata 
de recém-nascido abandonado ou de criança encontrada, sem que se saiba o lugar 
do seu nascimento. Assim, são relativamente mais raros os casos de investigação 
de maternidade, pois a maternidade se prova pelo parto que costuma ser fato 
público (GABRIEL, 2002). 
A Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do 
Adolescente), no art. 27, fala em reconhecimento do estado de filiação,providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2009/Lei/L12010.htm#art5 
 
 
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considerando-o direito personalíssimo, indisponível e imprescritível, assegurando o 
seu exercício sem restrições. 
No direito vigente prevalece a dignidade da pessoa humana e não mais a 
paz domésticas, que considerava a família um bem em si só (VIANA, 2016), 
portanto, não existe restrição em relação à investigação da maternidade, como se 
dava no direito anterior. A investigação é livre, não conhece restrições. 
ANTONIO CARLOS MATHIAS COLTRO (2006), em comentários ao art. 
1.606, diz que 
 
conforme já dispunha o Código anterior, determina o art. 2002 caber ao filho 
e só a ele, enquanto vivo, a ação objetivando demonstrar quem são seus 
pais, seja qual for a natureza da filiação, supondo-se, assim, que eles não 
tenham reconhecido tal qualidade. 
 
Quanto aos meios de prova, são aqueles admitidos para a ação de 
investigação de paternidade, inclusive as provas científicas. 
 
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UNIDADE 4 – ADOÇÃO 
 
CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA (2007, p. 392), conceitua a adoção como 
“o ato jurídico pelo qual uma pessoa recebe outra como filho, independentemente de 
existir entre elas qualquer relação de parentesco consanguíneo ou afim”. 
MARIA HELENA DINIZ (2009, p. 416), por sua vez, apresenta extenso 
conceito baseado nas definições formuladas por diversos autores: 
 
Adoção é o ato jurídico solene pelo qual, observados os requisitos legais, 
alguém estabelece, independentemente de qualquer relação de parentesco 
consanguíneo ou afim, um vínculo fictício de filiação, trazendo para sua 
família, na condição de filho, pessoa que, geralmente, lhe é estranha. 
 
A adoção é a modalidade artificial de filiação que busca imitar a filiação 
natural. Daí, ser também conhecida como filiação civil, pois não resulta de uma 
relação biológica, mas de manifestação de vontade. A Lei nº 12.010/09, Lei da 
Adoção, introduziu modificações na sistemática da adoção, adaptando o Estatuto da 
Criança e do Adolescente (ECA) e derrogando o Código Civil na parte referente ao 
tema (VENOSA, 2013). 
Adoção é o ato jurídico solene pelo qual alguém recebe em sua família, na 
qualidade de filho, pessoa a ela estranha (GONÇALVES, 2014). 
ROLF MADALENO (2002, p. 469) anota que 
 
as técnicas surgidas com a inseminação artificial têm e seguirão tendo 
enorme influência no cômputo das adoções, pois a orfandade de embriões 
excedentários tem incentivado o surgimento, em países como a Espanha, 
da figura jurídica da adoção pré-natal. 
 
Instituto de grande expressão na Antiguidade teve acolhimento nos 
chamados códigos orientais dos povos asiáticos: como o Código de Urnamu (2.050 
a.C.), Código de Eshnunna (século XIX a.C.) e o Código de Hamurabi (1728-1686 
a.C.) (KAUSS, 1993). 
Importante salientar que o primeiro caso documentado de adoção foi 
encontrado em passagens da Bíblia Sagrada. A história de Moisés, cujo significado 
do nome seria “salvo pelas águas”, foi encontrado dentro de um cesto, às margens 
 
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do Rio Nilo, por Termulos, filha do faraó, conforme se extrai do velho testamento 
(FIGUEIREDO, 2003; SZNICK, 1993). 
O instituto ganhou notável desenvolvimento em Roma e a sua grande 
evolução adveio da necessidade de perpetuação do culto doméstico, como já notado 
pelos gregos. A finalidade da adoção no Direito Romano era suprir a morte 
prematura de filhos ou a falta destes por infecundidade, assegurando a sucessão 
legal, transformando um aliene juris em filho, denominava-se Sacra (MEIRA, 1975). 
Acompanhando as transformações da família romana, o parentesco 
chamado agnatio compreendia todos os que estavam debaixo do poder de um “pater 
familas”. A agnação (“agnatio”) referia-se ao parentesco que se instituía pelo culto, 
enquanto a cognição (“cognatio”) referia-se ao parentesco por laços consanguíneos 
(VERONESE; PETRY, 2004). 
O sistema romano apresentava duas formas de adoção: a adrogatio (ad-
rogação), que significava a adoção de um sui juris, pessoa que não estava 
submetida a nenhum pátrio poder, assim, um chefe de família entrava na família de 
outro ad-rogante, extinguindo-se a família do ad-rogado, sendo concebido como filho 
na família de um pater familias, muitas vezes também, era emancipado por um pater 
familias. Abandonando seu culto doméstico, o sui juris tornava-se um herdeiro do 
culto do adotante (heres sacrorum) (KAUSS, 1993). 
Outra forma era a adoção em sentido restrito ou propriamente dito, pela 
qual, um alieni juris se colocava sob o pátrio poder de um sui juris, o adotado 
quando ingressava na família do adotante assumia a qualidade de filho, filha, neto 
ou neta do pater famílias, segundo a qual operava-se pela autoridade do magistrado, 
sendo necessário fazer cessar o pátrio poder do pai natural e colocar o filho debaixo 
do pátrio poder do pai adotivo. Aplicava-se a disposição da Lei das XII Tábuas, que 
declarava extinto o pátrio poder, se o pai emancipasse o filho por três vezes. Por 
meio da emancipação, o pai colocava o filho sob o mancipium do adotante (KAUSS, 
1993). 
Na Idade Média, a adoção caiu em desuso, sendo ignorada pelo direito 
canônico, tendo em vista que a família cristã repousa no sacramento do matrimônio. 
Foi retirada do esquecimento pelo Código de Napoleão, de 1804, tendo-se irradiado 
 
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para quase todas as legislações modernas (PEREIRA; MONTEIRO; GRISARD 
FILHO; CAMBI, 2007 apud GONÇALVES, 2014). 
 
No Brasil, o direito pré-codificado, embora não tivesse sistematizado o 
instituto da adoção, fazia-lhe, no entanto, especialmente as Ordenações 
Filipinas, numerosas referências, permitindo, assim, a sua utilização. A falta 
de regulamentação obrigava, porém, os juízes a suprir a lacuna com o 
direito romano, interpretado e modificado pelo uso moderno (BEVILÁQUA, 
1950, p. 344 apud GONÇALVES, 2014, p. 277). 
 
O Código Civil de 1916 disciplinou a adoção com base nos princípios 
romanos, como instituição destinada a proporcionar a continuidade da família, dando 
aos casais estéreis os filhos que a natureza lhes negara. Por essa razão, a adoção 
só era permitida aos maiores de 50 anos, sem prole legítima ou legitimada, 
pressupondo-se que, nessa idade, era grande a probabilidade de não virem a tê-la 
(GONÇALVES, 2014). 
Com a evolução do instituto da adoção, passou ela a desempenhar papel de 
inegável importância, transformando-se em instituto filantrópico, de caráter 
acentuadamente humanitário, destinado nãoapenas a dar filhos a casais 
impossibilitados pela natureza de tê-los, mas também a possibilitar que um maior 
número de menores desamparados, sendo adotado, pudesse ter em um novo lar. 
Essa modificação nos fins e na aplicação do instituto ocorreu com a entrada em 
vigor da Lei nº 3.133, de 8 de maio de 1957, que permitiu a adoção por pessoas de 
30 anos de idade, tivessem ou não prole natural. Mudou-se o enfoque: 
 
O legislador não teve em mente remediar a esterilidade, mas sim facilitar as 
adoções, possibilitando que um maior número de pessoas, sendo adotado, 
experimentasse melhoria em sua condição moral e material (RODRIGUES, 
p. 337). 
 
Tanto que ARNALDO MARMITT (1993, p. 07) preleciona que “a adoção se 
traduz pelo relevante conteúdo humano e social que encerra, sendo muitas vezes 
um verdadeiro ato de amor, tal como o casamento, não simples contrato”. 
O conceito de adoção começou a ter maior abrangência a partir da criação 
do Estatuto da Criança e do Adolescente, apontando para os interesses do 
adotando. Caracterizando como principal finalidade, oferecer um ambiente familiar 
 
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favorável ao desenvolvimento da criança ou adolescente, que por quaisquer 
motivos, ficou privada disso em relação a sua família biológica. 
Assim, podemos definir a adoção como 
 
a inserção num ambiente familiar, de forma definitiva e com aquisição de 
vínculo jurídico próprio da filiação, segundo as normas legais em vigor, de 
uma criança cujos pais morreram ou são desconhecidos, ou, não sendo 
esse o caso, não podem ou não querem assumir o desempenho das suas 
funções parentais, ou são pela autoridade competente, considerados 
indignos para tal (GRANATO, 2006, p. 25). 
 
4.1 Evolução da adoção no Brasil 
Quem introduziu no Brasil o ato de expor seus filhos foram os brancos 
europeus, pois os índios brasileiros não abandonavam seus filhos. Eles trouxeram o 
que era usado na Europa naquela época para as crianças enjeitadas pelos pais: a 
“Roda dos Expostos”, que era uma maneira de abandonar o filho em Orfanatos e 
Mosteiros de forma anônima (COSTA, 2004). 
De acordo com EUNICE FERREIRA RODRIGUES GRANATO (2006), a 
primeira lei referente à adoção no Brasil data de 22/09/1828, que transferia da Mesa 
de Desembargo do Paço para os juízes de primeira instância a competência para a 
expedição de carta de perfilhamento. 
Conforme relata CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA (2007), no Brasil, a 
adoção foi sistematizada pelo Código Civil de 1916 (arts. 368 a 378) e deu 
nascimento a uma relação jurídica de parentesco civil entre adotante e adotado, com 
a finalidade de proporcionar a filiação a quem não a tivesse de seu próprio sangue. 
Como já citado, estabelecia como pressuposto a ausência de filhos legítimos ou 
legitimados, só os maiores de cinquenta anos podiam adotar e a diferença mínima 
de idade entre adotante e adotado era de dezoito anos. 
Em 08 de maio de 1957, foi publicada a Lei nº 3.133/57 que 
 
reduziu a idade do adotante para 30 anos e a diferença de idade entre 
adotantes e adotados para 16 anos. Também estabeleceu o quinquênio de 
casamento para adotar, eliminou a exigência de não ter o adotante prole 
legítima ou legitimada e dispôs sobre o consentimento do adotando, o 
direito ao nome e sobre a sucessão hereditária (GRANATO, 2006, p. 45). 
 
Em 1965, a Lei nº 4.655 instituiu a legitimação adotiva, 
 
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forma mais ampla de adoção, pela qual o adotado ficava quase equiparado 
nos direitos e deveres do filho legítimo, salvo nos casos de sucessão 
hereditária. Essa lei estabelecia a possibilidade de ser conferido ao menor o 
nome do legitimante, como também a mudança de prenome. Assim, os pais 
adotivos podiam dar ao menor o prenome que escolhessem, acrescentando 
os apelidos de família que eles próprios ostentavam (GRANATO, 2006, p. 
46). 
 
A Lei nº 6.697, de 10 de outubro de 1969, instituiu o chamado Código de 
Menores que 
 
introduziu a adoção plena, substituindo a legitimação adotiva da Lei 
4.655/65, que foi expressamente revogada, e também admitiu a adoção 
simples. Essa lei destinava-se à proteção dos menores até dezoito anos de 
idade que se encontrassem em situação irregular (GRANATO, 2006, p. 47). 
 
A Constituição Federal de 1988 igualou os direitos de todos os filhos, ao 
tratar da Ordem Social, no Título VIII, Capítulo VII, da Família, da Criança, do 
Adolescente e do Idoso (arts. 226 a 230), estabelecendo no § 6º do art. 227: 
 
Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os 
mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações 
discriminatórias relativas à filiação (PEDROSO, 2010). 
 
Vejamos alguns precedentes. 
 
APELAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. IPERGS. RESTABELECIMENTO DE 
PENSÃO. BENEFICIÁRIA PORTADORA DE NECESSIDADES ESPECIAIS. 
FILHA ADOTIVA. PRINCÍPIO DA IGUALDADE. COMPENSAÇÃO DOS 
VALORES PAGOS ÀS DEMAIS PENSIONISTAS. COMPENSAÇÃO DE 
HONORÁRIOS. INVIABILIDADE. 1. A lei é clara ao elencar os beneficiários 
do falecido segurado. A filha inválida está amparada pelos arts. 9º, inc. I, da 
Lei Estadual nº 6.617/73 e, 9º e 14, da nº 7.672/82. 2. Afronta à Constituição 
à discriminação de se conferirem aos filhos com guarda, direitos não 
estendidos aos filhos sem guarda. Além disso, a Carta Constitucional ainda 
prevê no art. 227, §6º a igualdade de direitos entre os filhos. 3. O valor da 
pensão deve ser calculado de forma a reincluir definitivamente a apelada 
como pensionista, devendo o IPERGS efetuar o pagamento das diferenças 
que não foram pagas. 4. Os juros moratórios são devidos desde a citação 
válida (Súmula 204 do STJ), e esta se deu sob a égide do atual Código 
Civil, devendo ser aplicados 12% ao ano a partir de 10/01/03, em razão da 
entrada em vigor do novo Código Civil. 5. Impossibilidade de compensação 
de verba honorária. Exegese dos artigos 23 e 24, do EOAB Lei nº 8.906/94. 
6. Não conheço do reexame necessário, com base no disposto no art. 475, 
§§ 2º e 3º, do CPC. CONHEÇO DO RECURSO E DOU-LHE PARCIAL 
PROVIMENTO, NÃO CONHECENDO DO REEXAME NECESSÁRIO. 
(Apelação e Reexame Necessário Nº 70009323098, Vigésima Primeira 
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sergio Luiz Grassi Beck, 
Julgado em 11/05/2005). 
 
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FILHO ADOTIVO. SUCESSÃO HEREDITÁRIA, IGUALDADE 
CONSTITUCIONAL. ADOÇÃO ANTERIOR À CONSTITUIÇÃO. 
APLICAÇÃO IMEDIATA. LEI DA ABERTURA DA SUCESSÃO. 
HABILITAÇÃO. A Constituição vigente estabeleceu a igualdade de direitos 
sucessórios entre os filhos, não fazendo qualquer distinção entre legítimos 
ou adotivos. Por outro lado, não restringiu sua aplicação apenas à adoção 
de menores, pois se trata de dispositivos com abrangência múltipla, com 
eficácia imediata, atingindo os atos anteriores a sua vigência. A igualdade, 
entretanto, somente incide em sucessões abertas após o advento da carta, 
pois a transmissão hereditária rege-se pela lei da época.

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