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AO JUÍZO DE DIREITO DA 2ª VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE GOIÂNIA – GO ALBANO MACHADO, brasileiro, casado, inscrito no CPF sob o nº 123.456.789-00, residente e domiciliado na Alameda do Riacho, nº 125, bairro Vila Paris, CEP 74.000-000, em Goiânia-GO, vem, perante Vossa Excelência, por meio do seu advogado, apresentar o presente RECURSO ORDINÁRIO, em face de sentença retro, requerendo desde já a juntada das razões recursais anexas e o encaminhamento ao Egrégio Tribunal de Justiça de Goiás, para conhecimento, apreciação e reforma/anulação, independentemente do juízo de admissibilidade, após a intimação da parte recorrida, também com qualificação nos autos, para apresentar contrarrazões recursais. Nestes Termos, Pede Deferimento. Goiânia, data da assinatura digital. ___________________________________ Advogado/OAB RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO Processo: xxxxxxxxxxxxxxxx Egrégio Tribunal, Ínclitos Julgadores, I – DOS FATOS Trata-se de reclamação trabalhista onde o reclamante pugna por direitos que não foram garantidos por parte da reclamada, ora contratante. Houve a apresentação de contestação. Após a audiência de instrução, o Magistrado de 1º grau no ato do julgamento de mérito da presente ação indeferiu alguns pedidos, são em face desses o presente recurso. Eis o resumo necessário. II – DO CABIMENTO E PRAZO RECURSAL Consoante a CLT que o recurso ordinário é admissível para discutir decisões definitivas ou terminativas prolatadas pelo juiz da Vara do Trabalho, portanto, cabível na discussão em questão. (895, CLT) Desta forma, o prazo para interpor recurso é de 08 (oito) dias úteis, de acordo com o art. 900 da CLT, isto posto, o prazo final é em 01/12/2017, sendo tempestivo o presente recurso. III – DAS RAZÕES PARA REFORMA DA PRESENTE SENTENÇA a) Do cabimento de horas extras Houve o indeferimento no pedido das horas extras antes da vigência da Lei 150/15. No entanto, cabe salientar que o empregado laborou entre 2012 e 2017 na jornada de 12x36 e a Lei Complementar 150/15 que permite a jornada 12x36 passou a vigorar somente em 2015, não sendo, permitida tal jornada de trabalho antes da mencionada lei. Vejamos o que está fixado na CF: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; Nota-se, que está mais que cristalino que no caso em questão há sim a caracterização de horas extras, pois até o advento da lei não era permitido à jornada “12x36”. Não obstante, pode ser questionada a Súmula 444, do TST, tal como: Súmula 444: É válida, em caráter excepcional, a jornada de doze horas de trabalho por trinta e seis de descanso, prevista em lei ou ajustada exclusivamente mediante acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva de trabalho, assegurada a remuneração em dobro dos feriados trabalhados. O empregado não tem direito ao pagamento de adicional referente ao labor prestado na décima primeira e décima segunda horas. Toda via, nobres julgadores, salienta-se que tal jornada só era admitida em caráter excepcional, desde que discutida em negociação coletiva, o que não aconteceu no caso em questão. Isto posto, torna-se evidente que as horas extras são devidas até o momento da entrada em vigor da Lei Complementar 150/15. b) Da existência de remuneração em dobro nos domingos e feriados Ficou decidido em juízo a não obrigação ao pagamento da remuneração pelos domingos e feriados trabalhados. No entanto, Nobres Julgadores, tal fundamento não merece prosperar. Por mais que a jornada seja 12x36 é necessário o descanso remunerado aos domingos e feriados, assim como prevê a lei 605/49: Art. 1º Todo empregado tem direito ao repouso semanal remunerado de vinte e quatro horas consecutivas, preferentemente aos domingos e, nos limites das exigências técnicas das empresas, nos feriados civis e religiosos, de acordo com a tradição local. Os entendimentos jurisprudenciais vão de encontro a letra da lei, no entanto, tais entendimentos não são vinculantes e podem ser mutáveis a depender do caso e é o preterido no caso em questão, tendo em vista, todo o contexto. Além do mais, tal jornada não era positivada até o ano de 2015 e no direito brasileiro quando há ausência de lei, essa lacuna deve ser preenchida. Contudo, observa-se que não há nem uma lacuna, mas sim uma regulamentação ligada a jornada de trabalho. Portanto, a jornada não era válida, considerando que os requisitos não foram atendidos (acordo de trabalho), sendo então, devida a remuneração em questão. c) Da inexistência de justa causa O reconhecimento do erro por parte do reclamante é crucial, contudo, Excelência, se faz necessário a observância do contexto geral em que se enquadrava o reclamante. Em nenhum outro momento o reclamante cometeu atos que pudessem leva-lo a demissão por justa causa. E ainda, a única testemunha ouvida confirmou que o reclamante era um bom trabalhador, destaca-se todo o tempo que o contrato de trabalho era vigente sem nenhum problema, não havendo queixas de nenhuma conduta reiterada do empregado. Ora, no caso em questão, considerando a índole do empregado é totalmente desproporcional a aplicação da justa causa, tendo em vista, que o obreiro nunca deu causa a um serviço mal prestado. d) Da multa do 477, 8º, da CLT Em fase de sentença fora indeferida a multa do art. 477, 8º, da CLT, tendo em vista a alegação da existência de justa causa. Porém, é necessária a reforma da decisão em questão. Considerando a conduta do reclamante no contexto geral do vínculo de trabalho, consequentemente, ocorrerá a reversão na inexistência de justa causa do caso em questão, portanto, sendo devida as verbas rescisórias positivadas no artigo supracitado. e) Da condenação em honorários O Magistrado de 1º grau condenou o reclamante em honorários advocatícios. O artigo 791-A, da CLT, em que permite a condenação em honorários na justiça trabalhista só foi inserido após a reforma trabalhista em 2017, portanto, não aplicável a reclamações que se iniciaram antes de 11/11/2017, logo não aplicável no caso em questão e merecendo reforma pela não condenação. Além disso, vale destacar que na inicial foi deferido o pedido de justiça gratuita, ou seja, os beneficiários não são passíveis de condenação em honorários advocatícios, por ser inconstitucional. IV – DOS PEDIDOS Diante do que foi exposto, requer, respeitosamente à Colenda Câmara, a reforma da presente sentença no que tange aos termos apresentados e devidamente fundamentados acima. Nestes Termos, Pede Deferimento. Goiânia, 01 de dezembro de 2017. _________________________________________ Advogado – OAB/XX
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