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DIREITO DAS SUCESSÕES - JULIO CESAR FRANCESCHET - 5 ANO - UNIARA

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Sucessão dos Ascendentes 
 
 
1- Introdução: 
-Seguinte a ordem de vocação hereditária estabelecida pelo art. 1829, não havendo descendentes, os 
próximos a serem chamados à sucessão são os ascendentes. 
Art. 1.829 - A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: (Vide Recurso Extraordinário nº 646.721) 
(Vide Recurso Extraordinário nº 878.694) 
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido 
no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, 
no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; 
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; 
III - ao cônjuge sobrevivente; 
IV - aos colaterais. 
 
-Além de serem herdeiros legítimos (pois sua sucessão está prevista legalmente no art. 1829), os 
ascendentes também são herdeiros necessários, o que significa não podem ser afastados da sucessão 
(a não ser em caso de indignidade e deserdação) e têm direito a uma parte da herança (uma parte 
que se torna indisponível para o falecido, chamada de legítima, da qual ele não pode abrir mão nem 
por testamento– art. 1845, CC). 
Art. 1.845, CC - São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge. 
-Os ascendentes do falecido, por serem seus parentes e herdeiros necessários (art. 1845, CC), são 
chamados à sua sucessão, em concorrência com o cônjuge/companheiro sobrevivente, segundo o art. 
1829, inc. II, do Código Civil. 
-Obs: a concorrência dos ascendentes com o cônjuge/companheiro sobrevivente do falecido será 
estudada na próxima aula. 
-São ascendentes os pais, os avós, os bisavós e por aí vai. 
-Os casos de concorrência do cônjuge com os ascendentes serão estudados mais à frente. 
-Por ora, cabe-nos compreender a sucessão pura e simples dos ascendentes. 
 
2- Observações Preliminares Importantes: 
1ª - Os ascendentes apenas são chamados à sucessão se não houver descendentes sucessíveis. 
Logo, havendo descendentes, em qualquer grau, os ascendentes não serão chamados à sucessão. 
Apenas após esgotada a classe dos descendentes (classe prioritária), chama-se à classe seguinte dos 
ascendentes. 
Ex: se o falecido deixou um bisneto (descendente em 3º grau) e um pai (ascendente em 1º grau), o 
ascendente não será chamado à sucessão. A herança será deferida por inteiro ao bisneto 
(descendente). 
Art. 1.836, CC - Na falta de descendentes, são chamados à sucessão os ascendentes, em concorrência 
com o cônjuge sobrevivente. 
 
2ª - Os ascendentes mais próximos em grau excluem os mais remotos. 
Art. 1836 (...) §1º - Na classe dos ascendentes, o grau mais próximo exclui o mais remoto, sem distinção 
de linhas. 
Ou seja, a mesma regra aplicada aos descendentes, aqui se repete. 
Ex: se o falecido deixou um pai e um avô, será chamado à sucessão apenas o pai, por ser de grau mais 
próximo. 
 
3ª - Não há direito de representação da classe dos ascendentes, por falta de previsão no CC. 
Ou seja, os ascendentes são chamados a suceder por direito próprio, diretamente. 
Assim, os ascendentes em 2º grau somente sucederão se estiver totalmente excluído o 1º grau e assim 
por diante. 
Isso torna a sucessão dos ascendentes muito mais fácil do que a sucessão dos descendentes. 
 
4ª - A sucessão dos ascendentes dá-se por linhas (linha materna e linha paterna), especialmente 
quando houver igualdade em grau e diversidade em linha. 
Art. 1836 (...) §2º - Havendo igualdade em grau e diversidade [de número] em linha, os ascendentes da 
linha paterna herdam a metade, cabendo a outra aos da linha materna. 
Diferentemente da classe dos descendentes, aqui, os ascendentes não sucedem por cabeça, mas sim 
por linha. Isto é, o CC determina que metade da herança do falecido seja destinada à linha materna e 
a outra metade à linha paterna, independentemente do número de parentes ascendentes que 
compõe o grau que sucederá, ou seja, mesmo que em uma linha tenha mais ascendentes do que na 
outra. 
Obs: Na classe dos ascendentes (diferentemente das dos descendentes em que não há 
distinção entre os filhos), tradicionalmente, numa visão um pouco mais conservadora, que é 
adotada pelo Código Civil, formam-se duas grandes linhas de parentesco, que é a linha paterna 
de um lado e a materna de outro. Essas linhas irão influenciar bastante na sucessão dos 
ascendentes. 
O nosso Código Civil é muito conservador no que tange o direito das sucessões. Embora tenha 
entrado em vigor em 2002, seu projeto é de 1975, e quando foi aprovado ele acabou não 
passando por uma revisão muito profunda, principalmente no Livro do Direito das Sucessões. 
Isso acabou gerando algumas dificuldades, porque o CC, nessa parte, não dialoga muito bem 
com o Direito de Família, que evoluiu de forma mais rápida em consonância com a 
Constituição, de modo que acaba não abrangendo em sua disciplina novas realidades de 
entidades familiares. 
É em razão disso, por ser conservador, que nos dispositivos atinentes à sucessão dos 
ascendentes, o CC usa as expressões ‘’linha paterna’' e ‘’linha materna’’. 
Todavia, se nos depararmos com as novas realidades, como por exemplo: existência de uma 
só linha (ex: pessoa falecida que só tinha o registro materno), existência de duas linhas 
paternas (ex: pessoa falecida tinha 2 pais - relação homoafetiva), ou, ainda, no caso de 
haverem 3 linhas de parentesco (linha materna, linha paterna biológica e linha paterna 
socioafetiva), basta adequar as regras e interpretá-las à luz da CF, a fim de que essas novas 
entidades familiares possam ser bem disciplinadas pelo Direito das Sucessões. 
 
 
*Observe o seguinte exemplo: 
Pedro, rico empresário, faleceu em 10 de maio de 2015, aos 33 anos de idade. Deixou seus pais, Maria 
Lúcia e Mauro. Ainda, deixou avós paternos, a saber: Luiz e Paula. Deixou uma avó materna, Tereza. 
Possui bisavós por parte de pai, Antônio, João e Benta, sendo estes dois últimos casados. Possui uma 
bisavó por parte de mãe, Vera. Pedro tem um tataravô por parte de mãe, Sérgio. Não deixou 
descendentes, tampouco era casado ou vivia em união estável. 
Quem será chamado à sucessão de Pedro neste caso? 
R: Como Pedro não deixou descendentes, será chamada à sucessão à classe dos ascendentes. 
Aplicando-se a regra dos ‘’mais próximos em grau afastam os mais remotos’’, serão chamados à 
sucessão apenas os pais de Pedro, por serem ascendentes em 1º grau. Nesse caso, a linha materna, 
representada pela Maria Lúcia, receberá 1/2 e a linha paterna, representada por Mauro, receberá a 
outra metade. 
 
Agora, considere as seguintes hipóteses: 
1) Maria Lúcia renunciou à herança de Pedro (mantidas as demais condições). 
R: Como a linha de 1º grau ainda permanece intacta, em razão da existência de Mauro, ainda não 
serão chamados a linha de 2º grau. Assim, nesse caso, Mauro receberá a integralidade da herança. 
2) Mauro, por sentença transitada em julgado, foi declarado indigno em relação a Pedro (mantidas as 
demais condições). 
R: A indignidade de Mauro, embora o exclua da sucessão, não extingue a linha de 1º grau, pois ainda 
há Maria e não gera direito de representação. Assim, nesse caso, Maria sucederá sozinha. 
3) Maria Lúcia e Mauro renunciaram à herança de Pedro (mantidas as demais condições). 
R: Nesse caso, como a linha de 1º grau foi extinta, em razão da renúncia dos pais do falecido, aí sim 
serão chamados os avós de Pedro (grau seguinte mais próximo). Pelo fato de a herança, em relação 
aos ascendentes, ser dividida em 2 grandes classes de parentesco (linha materna e paterna), nesse 
caso, a avó materna (Tereza) receberá 1/2 da herança, e os avós paternos (Luiz e Paula), juntos, 
receberão a outra metade. Ao contrário do que pode parecer, a herança não ficará dividida em 3 
partes portanto (o que aconteceria em uma divisão por cabeça), mas apenas em 2 (1/2 para linha 
materna e 1/2 para linha paterna). 
4) Maria Lúcia e Maurorenunciaram à herança de Pedro. Tereza faleceu em 10 de março de 2001, 
sendo pré-morta em relação a Pedro (mantidas as demais condições). 
R: Em que pese Tereza seja pré-morta, como não há direito de representação e a linha de 2º grau 
continua existindo em razão de ainda haver os avós paternos (Luiz e Paula), a sucessão ainda 
permanecerá nessa linha de 2º grau. Assim, Luiz e Paula receberão a herança. 
5) Maria Lúcia, Mauro, Tereza, Luiz e Paula são pré-mortos em relação a Pedro (mantidas as demais 
condições). 
R: Como a linha de 1º grau e a de 2º grau estão totalmente extintas, porque tanto os pais, quanto 
todos os avós são pré-mortos, e por não haver direito de representação, passa-se, então, à próxima 
linha de grau mais próxima, ou seja, dos bisavós. Nesse caso, sucederão a bisavó materna Vera 
(recebendo 1/2 da herança), e os bisavós paternos Antônio, João e Benta (recebendo a outra 1/2). 
6) Maria Lúcia, Mauro, Tereza, Luiz e Paula são pré-mortos em relação a Pedro e João renunciou à 
herança (mantidas as demais condições). 
R: Nesse caso, apenas serão chamados à sucessão a bisavó materna Vera (recebendo 1/2 da herança) 
e os bisavós paternos Antônio e Benta (recebendo a outra 1/2). 
7) Maria Lúcia, Mauro e Tereza são pré-mortos em relação a Pedro (mantidas as demais condições). 
R: Nesse caso, será chamado à sucessão apenas os avós paternos então, ou seja, Luiz e Paula 
receberão, juntos, a integralidade da herança. 
 
Outras questões: 
1. (FCC - Tribunal de Justiça - MS - Juiz Estadual– 2010) Na sucessão dos ascendentes: 
A) O grau mais remoto exclui o mais próximo, na classe dos ascendentes. 
B) Na classe dos ascendentes, o grau mais próximo exclui o mais remoto. 
C) Há direito de representação na linha ascendente. 
D) Havendo igualdade de linhas, os ascendentes da linha paterna herdam na integralidade. 
E) Havendo diversidade de graus, os ascendentes da linha paterna herdam na integralidade. 
 
2. Gastão faleceu em 01.04.2007, solteiro e sem descendentes, constando como parentes vivos 
apenas seu pai, sua mãe e seus avós maternos. Caso a mãe de Gastão seja excluída da sucessão por 
indignidade (art. 1814 e 1815 do CC/02), os avós maternos de Gastão poderão suceder por direito 
de representação? Porquê? 
R: Não, porque não há previsão de direito de representação na classe dos ascendentes. Portanto, 
nesse caso, a herança será destinada por inteiro ao pai do Gastão. 
 
 
 
 
Concorrência dos Ascendentes do Falecido com o Cônjuge/Companheiro 
Sobrevivente ou Supérstite 
 
1- Considerações Iniciais: 
-Sobre a concorrência do cônjuge/companheiro sobrevivente com os descendentes do falecido, 
dispõe o art. 1829, inc. I, do CC, que: 
Art. 1.829, CC - A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: (Vide Recurso Extraordinário nº 646.721) (Vide 
Recurso Extraordinário nº 878.694) 
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge [e companheiro*]; 
 
*Todas as observações feitas em aulas anteriores, valem para cá também. O companheiro 
tinha no CC regras sucessórias específicas, que são as que constam do art. 1790 do CC. No 
entanto, o STF, em maio de 2017, reputou inconstitucional esse dispositivo e determinou que 
todas as regras sucessórias aplicáveis ao cônjuge sejam também aplicadas ao companheiro, 
uma vez que os regimes devem ser similares. Assim, embora o art. 1829, II, CC, faça menção 
expressa apenas ao cônjuge, tudo que estudarmos aqui, vale para o casamento e união 
estável. 
 
-Obs: Esse regime de concorrência sucessória não existia no CC de 1916, tratando-se de uma novidade 
instituída pelo CC de 2002. 
No CC/16 o cônjuge sobrevivente até tinha capacidade hereditária para ser chamado como 
herdeiro, todavia, só era chamado quando não houvesse descendentes ou ascendentes. Hoje, 
o cônjuge sobrevivente pode ser chamado à sucessão em concorrência com os descendentes 
(como já vimos), em concorrência com os ascendentes (como veremos agora) e como herdeiro 
exclusivo. 
 
-Conforme vimos em aulas anteriores, o novo Código Civil estabeleceu regime de concorrência 
sucessória do cônjuge/companheiro sobrevivente com os descendentes do falecido, dependendo, 
nesse caso, do regime de bens adotado pelo casal (alguns regimes admitem a concorrência, outros 
não). 
O mesmo regime de concorrência existe em relação aos ascendentes do falecido (pais, avós, bisavós, 
etc.), todavia, aqui, o regime de bens adotado pelo casal é irrelevante, pois, qualquer que seja o 
regime de bens, a concorrência acontece. 
Assim, não havendo descendentes, a herança do falecido será dividida entre os seus ascendentes, 
sendo que o mais próximo em grau exclui o mais remoto, e o cônjuge/companheiro sobrevivente, nos 
termos do art. 1829, inc. II, do Código Civil. 
 
*Contudo, duas ressalvas revelam-se muito importantes: 
 Primeira: a concorrência do cônjuge/companheiro sobrevivente com os ascendentes do 
falecido não depende do regime de bens, pois haverá concorrência qualquer que seja o 
regime de bens. Em outras palavras, o cônjuge/companheiro sobreviventes sempre 
concorrem com os ascendentes do falecido, sem prejuízo de eventual direito à meação ou 
outra questão própria do Direito de Família. 
Isso torna o regime de concorrência do cônjuge/companheiro com os ascendentes bem mais 
fácil do que o com os descendentes. 
O regime de bens só é relevante para se determinar a concorrência do cônjuge/companheiro 
sobrevivente com os descendentes do falecido. 
 
 Segunda: o Código Civil estabelece regra própria no que diz respeito à divisão da herança 
entre os ascendentes do falecido e o cônjuge/companheiro sobrevivente. Neste sentido, 
dispõe o art. 1837 do CC que: 
Art. 1.837, CC - Concorrendo com ascendente(s) em primeiro grau [ou seja, pai e mãe], 
ao cônjuge tocará um terço da herança; caber-lhe-á a metade desta se houver um só 
ascendente (chamado à sucessão, não importando o grau), ou se maior for aquele grau [a 
partir do segundo grau]. 
-Assim, se o cônjuge/companheiro sobrevivente concorrer com os pais do falecido (pai e mãe), 
ficará com 1/3 da herança. 
A única dificuldade que poderia vir a surgir, através de uma interpretação literal da 
primeira parte desse dispositivo, é quando surgirem mais de 2 linhas (ex: o falecido 
deixa 2 pais e 1 mãe; então ele tem 3 linhas ascendentes e o cônjuge). 
Todavia, parece que o objetivo do legislador, nesse caso, foi dividir a herança em 
igualdade de condições entre o cônjuge e os ascendentes de 1º grau. Assim, no 
exemplo dado, se uma pessoa falece e deixa 3 linhas ascendentes, penso que a 
herança deverá ser dividida em partes iguais. 
 
-Se, por outro lado, concorrer com apenas um ascendente do falecido (pai ou mãe ou avô ou 
avó – sempre um), ficará com metade da herança. Nestes exemplos, trata-se de aplicação de 
regra matemática. 
-Do mesmo modo, se o cônjuge/companheiro sobrevivente concorrer, por exemplo, com os 
avós paternos e maternos do falecido, ficará com metade da herança e a outra metade será 
dividida entre os ascendentes do falecido. 
-Vê-se, assim, que a lei reserva metade da herança do falecido para o cônjuge/companheiro 
sobrevivente toda vez que: 1) concorrer com um só ascendente do falecido chamado à 
sucessão (não importando em que grau esteja) ou 2) concorrer com ascendentes diversos do 
1º grau, isto é, a partir do 2º grau em diante. 
-Outro exemplo: se o cônjuge/companheiro concorrer com todos os bisavós do falecido, 
paternos e maternos, terá garantida metade da herança. A outra metade será dividida por 
linhas entre os ascendentes do falecido. 
Há, assim, preocupação do legislador em garantir maior participação do cônjuge/companheiro 
na herança quando concorra com ascendentes do falecido a partir do 2º grau. 
 
 
 Observe o seguinte problema: 
Pedro, rico empresário, faleceu em 10 de maio de 2015, aos 33 anos de idade. Deixou seus pais, Maria 
Lúcia e Mauro. Ainda, deixou avós paternos, a saber: Luize Paula. Deixou uma avó materna, Tereza. 
Possui bisavós por parte de pai, Antônio, João e Benta, sendo estes dois últimos casados. Possui uma 
bisavó por parte de mãe, Vera. Não deixou descendentes e era casado com Natália, pelo regime da 
comunhão universal de bens. 
Quem será chamado à sucessão de Pedro neste caso? 
R: Considerando que Pedro não deixou descendentes, os ascendentes serão chamados à sucessão, 
em concorrência com Natália (cônjuge sobrevivente). Aqui, o regime de bens de Pedro com Natália 
não importa. Considerando a regra de que o grau mais próximo exclui o mais remoto, serão chamados 
a suceder Natalia, Maria Lúcia e Mauro, recebendo, cada um deles, 1/3 da herança (1/3 para linha 
materna, representada por Maria Lúcia, 1/3 para linha paterna, representada por Mauro, e 1/3 para 
a cônjuge supérstite). Essa divisão advém da regra do art. 1837, primeira parte, do CC. 
 
Agora, considere as seguintes hipóteses: 
1) Maria Lúcia renunciou à herança de Pedro (mantidas as demais condições). 
R: Aquele que renuncia (renúncia abdicativa) não é chamado à sucessão. Aplicando a regra geral de 
que os mais próximos excluem os mais remotos, e considerando que Maria Lúcia renunciou, mas ainda 
subsiste no 1º grau a figura paterna de Mauro, então apenas ele será chamado à sucessão, juntamente 
com Natália. Aí, seguindo a regra do art. 1837, segunda parte, do CC, considerando que Natália está 
concorrendo com apenas 1 ascendentes sucessível (Mauro), a herança será dividida da seguinte 
maneira: Natália receberá 1/2, e Mauro receberá o restante (outra 1/2). 
2) Maria Lúcia e Mauro renunciaram à herança de Pedro (mantidas as demais condições). 
R: Considerando que com as 2 renúncias o 1º grau foi excluído por completo, será chamado o grau 
mais próximo subsequente. O 2º grau, representado por Tereza, Luiz e Paula, tornou-se o grau mais 
próximo do falecido. Como a divisão, na classe dos ascendentes, não ocorre por cabeça, mas por linha 
de parentesco, para os mais desavisados, a herança seria dividida, nesse caso, 1/3 para Natália, 1/3 
para linha materna (Tereza) e 1/3 para a linha paterna (Luiz e Paula). Todavia, essa forma de divisão 
está errada. Conforme a regra do art. 1837, parte final, do CC, Natália, por estar concorrendo com 
vários ascendentes em grau diverso do 1º, tem direito a receber, sozinha, 1/2 da herança, sendo que, 
a 1/2 restante, será destinada e dividida entre a linha paterna e a linha materna. 
3) Maria Lúcia e Mauro renunciaram à herança de Pedro. Tereza faleceu em 10 de março de 2001, 
sendo pré-morta em relação a Pedro (mantidas as demais condições). 
R: Considerando que com as 2 renúncias o 1º grau foi excluído por completo, será chamado o grau 
mais próximo subsequente. Embora Tereza seja pré-morta, na linha dos ascendentes não existe direito 
de representação. Assim, os únicos ascendentes sucessíveis são Luiz e Paula, já que, por serem do 2º 
grau, excluem os do 3º. Aplicando-se a regra do art. 1837, parte final, do CC, e considerando que 
Natália está concorrendo com 2 ascendentes (embora de uma mesma linha – linha paterna), ela 
receberá 1/2 da herança, ao passo que a outra 1/2 será destinada à linha paterna, representada por 
Luiz e Paula. 
 
O Cônjuge/Companheiro como Herdeiro Exclusivo 
 
 
1- Considerações Iniciais: 
Como visto na aula anterior, o cônjuge/companheiro pode concorrer com descendentes do falecido, 
dependendo do regime de bens, e certamente concorrerá com os ascendentes, independente do 
regime de bens. 
Por fim, não deixando o falecido descendentes ou ascendentes sucessíveis, e seguindo a ordem de 
vocação hereditária do art. 1829, a sua herança será entregue, então, por inteiro ao 
cônjuge/companheiro sobrevivente, não importando qual seja o regime de bens adotado pelo casal 
(ou seja, qualquer que seja o regime de bens, o cônjuge é chamado para suceder). 
Art. 1.829, CC - A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: (Vide Recurso Extraordinário nº 
646.721) (Vide Recurso Extraordinário nº 878.694) 
III - ao cônjuge [e companheiro] sobrevivente; 
Art. 1.838. Em falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por inteiro ao cônjuge 
sobrevivente. 
 
-Além de serem herdeiros legítimos (pois sua sucessão está prevista legalmente no art. 1829), os 
descendentes também são herdeiros necessários, o que significa não podem ser afastados da 
sucessão (a não ser em caso de indignidade e deserdação) e têm direito a uma parte da herança (uma 
parte que se torna indisponível para o falecido, chamada de legítima, da qual ele não pode abrir mão 
nem por testamento– art. 1845, CC). 
Art. 1.845, CC - São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge [e 
companheiro]. 
 
-Nessa sucessão, o cônjuge recebe o nome de herdeiro exclusivo ou universal. 
-Se, por exemplo, Pedro e Natália eram casados pelo regime da separação obrigatória de bens. Pedro 
faleceu deixando vasto patrimônio. Não deixou, contudo, descendentes e ascendentes sucessíveis. 
Neste caso, de acordo com os artigos 1829, III, e 1838, ambos do Código Civil, a herança será entregue 
por inteiro ao cônjuge sobrevivente. 
 
MUITA ATENÇÃO: o cônjuge/companheiro não concorre com os colaterais do falecido, pois aquele 
vem antes, afastando estes. Os colaterais (irmãos, primos, tios, sobrinhos), conforme veremos nas 
próximas aulas, são os últimos chamados à sucessão; somente herdam caso não existam 
descendentes, ascendentes e cônjuge/companheiro sobrevivente. 
 
*Relembrando: 
-O art. 1830 do CC, é aplicável toda vez que o cônjuge/companheiro for chamado à sucessão, 
sendo, em verdade, um pressuposto, seja no regime de concorrência (com os descendentes 
ou ascendentes), seja como herdeiro exclusivo. 
Assim, no momento da morte, para serem chamados à sucessão, o cônjuge/companheiro, 
precisa estar casado/em união estável no momento da morte, não estar separado 
judicialmente (qualquer que seja o prazo) ou separado de fato há mais de 2 anos, admitido, 
neste caso, prova de que a culpa pela separação não foi dele. 
Art. 1.830, CC - Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao 
tempo da morte do outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de fato há mais de 
dois anos, salvo prova, neste caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa do 
sobrevivente. 
-Além disso, qualquer que seja a circunstância, o cônjuge/companheiro tem garantia a 
legítima, uma vez que o Código expressamente o considera herdeiro necessário. Sendo um 
herdeiro legítimo, ele só pode ser afastado da sucessão nos casos de indignidade e 
deserdação. Não sendo esses os casos, ele tem direito à metade da herança (denominada 
‘’legítima’') por força da proteção legal. 
Ex: se o falecido não tinha descendentes, ascendentes, era casado ou vivia em união estável, 
e antes de morrer fez testamento deixando parte dos seus bens para colaterais (irmãos, por 
exemplo), ele até pode, mas desde que observe as limitações que a lei impõe no que diz 
respeito à legítima. 
 
2- Direito Real de Habitação: 
O art. 1831 do Código Civil instituiu, em favor do cônjuge sobrevivente (aplicável agora ao 
companheiro), o direito real de habitação em relação ao imóvel usado com uma residência do casal, 
com o objetivo de garantir a ele o direito de moradia em relação ao bem imóvel no qual ele vivia com 
o falecido. 
Dispõe esse artigo: 
Art. 1.831. Ao cônjuge [companheiro] sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será 
assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança [e na meação], o direito real de habitação 
relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a 
inventariar. 
 
-Esse direito prevê que, independente de outra questão sucessória, será assegurado ao cônjuge 
sobrevivente em relação ao imóvel destinado à residência da família. 
-O legislador condiciona esse direito à existênciade um só bem imóvel. 
Isso porque ele presume que, em havendo 2, 3 ou mais imóveis, algum certamente será 
destinado ao cônjuge sobrevivente. Todavia, é sabido que não necessariamente é isso que 
acontece. 
Pensando nisso, a jurisprudência tem relativizado bastante essa última parte do art. 1831, 
para garantir a instituição desse direito, independentemente do número de imóveis deixados, 
sobre o imóvel que era destinado à residência da família. 
-Ou seja, é um direito autônomo, pois não está vinculado a qualquer outro direito (direito de meação, 
direito à herança, etc). 
-Existem direitos reais que são amplos (ex: propriedade) e direitos reais que são limitados (ex: 
usufruto, uso, direito de habitação). O direito real de habitação é concedido ao titular para habitar 
determinado imóvel, isto é, possui uma finalidade específica. 
-É um direito real, possuindo todas as características dos direitos das coisas, e específico, porque tem 
uma finalidade específica de habitação. 
-Esse direito é personalíssimo (o cônjuge sobrevivente beneficiário não pode transferi-lo a ninguém) 
e vitalício (se extingue apenas com a morte do cônjuge). 
O CC não previu de quando esse direito real de habitação é extinto. O legislador não criou 
nenhuma causa inter vivos de extinção. Como não há previsão, pelas regras de interpretação, 
não cabe aos intérpretes, ainda que moralmente legítimo, criar restrições a um direito que 
não decorra da própria lei. Isso significa que esse direito real de habitação é vitalício. Essa é 
interpretação que tem predominado na doutrina. 
Assim, por exemplo, se o cônjuge sobrevivente, que tem direito real de habitação, constituir 
nova família, ainda assim ele não perde esse direito, mesmo que isso não seja o mais correto 
do ponto de vista moral. 
-Esse direito é muito restrito, isto é, limita-se à habitação. Há uma interpretação que tem dominado 
a jurisprudência no sentido de que o direito real de habitação só incide sobre o bem onde residiam os 
cônjuges, ou seja, não alcança outras partes do imóvel que não sejam destinadas à moradia. 
Ex: Se o falecido deixou uma chácara no qual vivia com sua esposa, e nessa chácara haviam 
várias plantações, a cônjuge sobrevivente, no tocante ao direito real de habitação, só terá 
direito de habitar a chácara para fins de moradia, não podendo se valer dos frutos naturais 
auferidos com a plantação. 
-Esse direito tem fundamentos: 
▫ constitucional (com a garantia do direito à moradia); 
▫ moral (ideia de que é moralmente legítimo permitir que o cônjuge sobrevivente continue 
vivendo no imóvel em que ocupava antes da morte do seu companheiro). 
▫ social (proteger o cônjuge sobrevivente, a fim de que ele não fique desamparado). 
 
-Esse direito admite renúncia, mas somente na modalidade abdicativa (por conta de sua natureza 
personalíssima). 
E como se trata de um direito autônomo, seria possível ao cônjuge renunciar ao direito real 
de habitação, sem, contudo, renunciar à herança. 
-A indignidade e deserção do cônjuge sobrevivente exclui o direito real de habitação. Isso porque a 
indignidade exclui qualquer direito sucessório e o direito real de habitação, embora não seja um 
direito de herança propriamente dito, se insere como verdadeiro direito sucessório, é uma 
consequente da sucessão hereditária. 
Assim, se o cônjuge sobrevivente for declarado indigno ou deserdado por força de 
testamento, ele fica afastado da sucessão como um todo, incluindo o direito real de habitação. 
 
*Algumas premissas importantes decorrem da leitura desse artigo: 
a) O direito real de habitação não depende do regime de bens. Em outras palavras: qualquer 
que seja o regime de bens, o cônjuge/companheiro sobrevivente terá direito real de 
habitação; 
b) O direito real de habitação é uma garantia adicional em favor do cônjuge/companheiro e 
não se confunde com eventual participação na herança. Ou seja, ainda que o 
cônjuge/companheiro não concorra com os descendentes do falecido na herança, terá direito 
real de habitação. O legislador desvinculou o direito real de habitação de qualquer direito à 
herança. Trata-se de um direito autônomo, que não está vinculado ao direito à herança e à 
meação. 
c) O direito real de habitação incidirá toda vez que o falecido deixar um único imóvel 
residencial para inventariar. A melhor interpretação, nesse ponto em especial, aponta para a 
concessão do direito real de habitação em relação ao imóvel destinado à residência do casal, 
independentemente da quantidade de bens deixados. 
 
Ex: Pedro era casado com Maria pelo regime de separação obrigatória de bens (em razão da diferença 
de idade entre os dois). Pedro faleceu e deixou apenas uma casa na qual vivia com sua esposa Maria. 
Deixou também 3 filhos. Não deixou testamento e nem dívidas de expressivo valor. Os filhos, por 
serem os primeiros da ordem de vocação hereditária, serão chamados a suceder. Por outro lado, para 
sabermos se Maria concorrerá à herança, devemos, primeiramente, verificar se ela estava de fato 
casada ao tempo do falecimento, se não estava separada judicialmente e nem separada de fato há 
mais de 2 anos. Na sequência, devemos verificar o regime de bens (nesse regime, o cônjuge 
sobrevivente não concorre com os descendentes, porque a lei, nesse caso, exclui a concorrência - art. 
1829, I, CC). Portanto, nesse exemplo, a casa deixada por Pedro será destinada apenas aos 3 filhos. 
Maria, cônjuge sobrevivente, não terá qualquer direito de propriedade em relação a esse imóvel, eis 
que não tem concorrência e nem meação (no regime de separação, em regra, não se forma patrimônio 
comum). Ou seja, Maria, nesse caso, não é nem herdeira, nem meeira. Todavia, em que pese isso, 
Maria tem direito real de habitação, porque tal direito independe do regime de bens e de eventual 
participação na herança (se é herdeiro ou não). Assim, embora não se trata de um bem dela, mas sim 
pertença aos herdeiros (descendentes de Pedro), Maria tem direito de habitar o imóvel enquanto ela 
viver. Na prática, essa situação é bem dramática, pois os filhos, embora sejam os legítimos herdeiros 
e tenham recebido a propriedade do bem, não podem ficar com ele, já que a posse direta será exercida 
pelo cônjuge sobrevivente. Caso os 3 filhos de Pedro, proprietários do imóvel, queiram vende-lo 
mesmo com Maria vivendo nele, eles podem, todavia, como se trata de um direito real, que 
acompanha a coisa, certamente ninguém irá querer comprar a casa, pois teria que respeitar a 
habitação de Maria no imóvel, isto é, a posse ficaria inviabilizada pelo direito real de habitação. 
Ex2: Agora imaginemos que Pedro foi casado com Maria no regime da comunhão universal de bens. 
Pedro faleceu e deixou apenas uma casa na qual vivia com sua esposa Maria. Deixou também 3 filhos. 
Não deixou testamento e nem dívidas de expressivo valor. Os filhos, por serem os primeiros da ordem 
de vocação hereditária, serão chamados a suceder. Por outro lado, para sabermos se Maria concorrerá 
à herança, devemos, primeiramente, verificar se ela estava de fato casada ao tempo do falecimento, 
se não estava separada judicialmente e nem separada de fato há mais de 2 anos. Na sequência, 
devemos verificar o regime de bens (nesse regime, o cônjuge sobrevivente não concorre com os 
descendentes, porque a lei, nesse caso, exclui a concorrência - art. 1829, I, CC). Por outro lado, a casa, 
nesse regime, constitui patrimônio comum de ambos os cônjuges, o que significa que Maria, embora 
não possa concorrer à herança, terá direito à meação. Nesse caso, Maria não é herdeira, mas é meeira. 
Assim, Maria terá direito à metade da casa (a título de meação) e a outra metade será herdada pelos 
descendentes (a título de herança). Insta ressaltar que, independentemente do direito à meação, 
Maria também tem o direito real de habitação. 
 
-O direito real de habitação impede a alienação do bem por outros herdeiros? 
R: Não impede. O únicoproblema é que, como se trata de um direito real, ele acompanha a coisa, 
então qualquer pessoa que venha adquirir um bem gravado com direito real, tem que observá-lo. Essa 
situação, na prática, acaba afastando possíveis compradores interessados. 
-Essa necessidade de observância de direito real depende de averbação e matrícula de imóvel? 
R: Sim. O direito em si não precisa da averbação na matrícula do imóvel, mas a sua eficácia sim. Como 
os direitos reais se constituem com o registro, é preciso que também o faça no caso de direito real de 
habitação, pois, embora ele decorra da lei, sua constituição propriamente depende do registro para 
que tenha força erga omnes contra terceiros e para que possa de fato gravar e acompanhar a coisa, 
sob pena de comprometer a própria boa-fé de terceiros. 
 
 
3- Evolução histórica da sucessão do companheiro (união estável) até a declaração de 
inconstitucionalidade do art. 1790 do CC: 
a) Disciplina da matéria após a Constituição Federal de 1988 até o advento do Código Civil de 2002: 
Até 1988, a única forma legítima de se constituir família era através do casamento. 
Todavia, na jurisprudência que antecede à CF/88 já era possível identificar alguma manifestação no 
sentido de se permitir a constituição de família entre pessoas desimpedidas, independentemente da 
formalidade que cerca o casamento. 
Foi com a CF de 1988 que a União Estável ganhou um status formal de entidade familiar. 
A partir disso, em 1994, surge a primeira lei (Lei nº 8.971/94) que disciplina no plano 
infraconstitucional a união estável. Ela define a união estável em seu art. 1º, ao passo que o art. 2º 
fala da sucessão e o 3º da meação. 
 
LEI Nº 8.971, DE 29 DE DEZEMBRO DE 1994: 
Art. 1º - A companheira comprovada de um homem solteiro, separado judicialmente, divorciado ou 
viúvo [requisito de serem pessoas desimpedidas], que com ele viva há mais de cinco anos [requisito temporal], 
ou dele tenha prole [requisito da prole], poderá valer-se do disposto na Lei no 5.478, de 25 de julho de 1968, 
enquanto não constituir nova união e desde que prove a necessidade. 
Parágrafo único. Igual direito e nas mesmas condições é reconhecido ao companheiro de mulher 
solteira, separada judicialmente, divorciada ou viúva. 
Art. 2º - As pessoas referidas no artigo anterior participarão da sucessão do(a) companheiro(a) nas 
seguintes condições: 
I - o(a) companheiro(a) sobrevivente terá direito enquanto não constituir nova união, ao usufruto de 
quarta parte dos bens do de cujos, se houver filhos ou comuns; 
II - o(a) companheiro(a) sobrevivente terá direito, enquanto não constituir nova união, ao usufruto da 
metade dos bens do de cujos, se não houver filhos, embora sobrevivam ascendentes; 
III - na falta de descendentes e de ascendentes, o(a) companheiro(a) sobrevivente terá direito à 
totalidade da herança. 
Art. 3º - Quando os bens deixados pelo(a) autor(a) da herança resultarem de atividade em que haja 
colaboração do(a) companheiro, terá o sobrevivente direito à metade dos bens. 
Art. 4º - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. 
Art. 5º - Revogam-se as disposições em contrário. 
 
Em 1996, surge a Lei nº 9.278 que traz uma nova definição de união estável, a qual está em maior 
consonância com a Constituição e é reproduzida pelo CC de 2002. O art. 1º dessa lei revoga o art. 1º 
da lei anterior. 
LEI Nº 9.278, DE 10 DE MAIO DE 1996: 
Art. 1º É reconhecida como entidade familiar a convivência duradoura, pública e contínua, de um 
homem e uma mulher, estabelecida com objetivo de constituição de família. 
Art. 2° São direitos e deveres iguais dos conviventes: 
I - respeito e consideração mútuos; 
II - assistência moral e material recíproca; 
III - guarda, sustento e educação dos filhos comuns. 
Art. 3° (VETADO) 
Art. 4° (VETADO) 
Art. 5° Os bens móveis e imóveis adquiridos por um ou por ambos os conviventes, na constância da 
união estável e a título oneroso, são considerados fruto do trabalho e da colaboração comum, passando a 
pertencer a ambos, em condomínio e em partes iguais, salvo estipulação contrária em contrato escrito. 
§ 1° Cessa a presunção do caput deste artigo se a aquisição patrimonial ocorrer com o produto de bens 
adquiridos anteriormente ao início da união. 
§ 2° A administração do patrimônio comum dos conviventes compete a ambos, salvo estipulação 
contrária em contrato escrito. 
Art. 6° (VETADO) 
Art. 7° Dissolvida a união estável por rescisão, a assistência material prevista nesta Lei será prestada 
por um dos conviventes ao que dela necessitar, a título de alimentos. 
Parágrafo único. Dissolvida a união estável por morte de um dos conviventes, o sobrevivente terá 
direito real de habitação, enquanto viver ou não constituir nova união ou casamento, relativamente ao imóvel 
destinado à residência da família. 
Art. 8° Os conviventes poderão, de comum acordo e a qualquer tempo, requerer a conversão da união 
estável em casamento, por requerimento ao Oficial do Registro Civil da Circunscrição de seu domicílio. 
Art. 9° Toda a matéria relativa à união estável é de competência do juízo da Vara de Família, assegurado 
o segredo de justiça. 
Art. 10. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 
Art. 11. Revogam-se as disposições em contrário. 
 
b) Disciplina da matéria após o Código Civil de 2002: art. 1790 
Mais adiante, a matéria passa a ser disciplina pelo próprio CC de 2002, no art. 1790. 
Como sabido, o projeto do CC/02 é de 1975. Quando ele foi ser aprovado, passou por uma 
revisão muito apressada e nisso foram acrescentados artigos referentes à união estável de 
uma maneira muito ruim. O art. 1790 foi um verdadeiro retrocesso (diferenciava muito o 
tratamento dado aos cônjuges e aos companheiros). A matéria da união estável já havia sido 
muito bem disciplinada na lei de 1996, de modo que não havia necessidade de se incluir no 
CC. 
Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos 
bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes: 
I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for 
atribuída ao filho; 
II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar- lhe-á a metade do que 
couber a cada um daqueles; 
III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança; 
IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança. 
 
Principais aspectos do dispositivo legal: 
1) Limitação aos bens adquiridos onerosamente na constância da união estável; 
2) Regime de concorrência DIFERENCIADO com os descendentes comuns e exclusivos do autor da 
herança; 
3) Concorrência com os demais parentes sucessíveis, INCLUSIVE COLATERAIS ATÉ O 4º GRAU. Ou seja, 
o companheiro sobrevivente seria obrigado não só a concorrer com os descendentes, mas com os 
ascendentes e colaterais também (regra essa que não se aplica aos cônjuges, que vem antes dos 
colaterais). 
 
Há de se destacar ainda: 
1) ausência de previsão expressa do direito real de habitação; 
2) ausência de reserva de cota mínima de 1⁄4 da herança, a exemplo do disposto no art. 1832 do CC, 
nos casos de concorrência com descendentes comuns. 
 
c) Inconstitucionalidade do art. 1790 do CC (decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal): 
Em maio de 2017, o STF, analisando tudo isso, entendeu que o art. 1790 do CC é inconstitucional. 
Partiu do pressuposto de que o casamento e a união estável são entidades familiares diferentes, 
sobretudo no que diz respeito à formalidade, mas que essa diferença, no que diz respeito aos aspectos 
patrimoniais (e nisso incluída a sucessão), não justifica um tratamento tão desigual. 
Nesse julgado, o STF determinou que todas as regras sucessórias dispensadas ao cônjuge fossem 
aplicadas ao companheiro, observadas as diferenças existentes entre os dois institutos. 
“O Supremo Tribunal Federal (STF) concluiujulgamento que discute a equiparação 
entre cônjuge e companheiro para fins de sucessão, inclusive em uniões homoafetivas. 
A decisão foi proferida no julgamento dos Recursos Extraordinários (REs) 646721 e 
878694, ambos com repercussão geral reconhecida. No julgamento realizado, os 
ministros declararam inconstitucional o artigo 1.790 do Código Civil, que estabelece 
diferenças entre a participação do companheiro e do cônjuge na sucessão dos bens. O 
RE 878694 trata de união de casal heteroafetivo e o RE 646721 aborda sucessão em 
uma relação homoafetiva. A conclusão do Tribunal foi de que não existe elemento de 
discriminação que justifique o tratamento diferenciado entre cônjuge e companheiro 
estabelecido pelo Código Civil, estendendo esses efeitos independentemente de 
orientação sexual. No julgamento, prevaleceu o voto do ministro Luís Roberto Barroso, 
relator do RE 878694, que também proferiu o primeiro voto divergente no RE 646721, 
relatado pelo ministro Marco Aurélio. Barroso sustentou que o STF já equiparou as 
uniões homoafetivas às uniões “convencionais”, o que implica utilizar os argumentos 
semelhantes em ambos. Após a Constituição de 1988, argumentou, foram editadas 
duas normas, a Lei 8.971/1994 e a Lei 9.278/1996, que equipararam os regimes 
jurídicos sucessórios do casamento e da união estável. O Código Civil entrou em vigor 
em 2003, alterando o quadro. Isso porque, segundo o ministro, o código foi fruto de 
um debate realizado nos anos 1970 e 1980, anterior a várias questões que se 
colocaram na sociedade posteriormente. “Portanto, o Código Civil é de 2002, mas ele 
chegou atrasado relativamente às questões de família”, afirma. “Quando o Código 
Civil desequiparou o casamento e as uniões estáveis, promoveu um retrocesso e 
promoveu uma hierarquização entre as famílias que a Constituição não admite”, 
completou. O artigo 1.790 do Código Civil pode ser considerado inconstitucional 
porque viola princípios como a igualdade, dignidade da pessoa humana, 
proporcionalidade e a vedação ao retrocesso. No caso do RE 646721, o relator, 
ministro Marco Aurélio, ficou vencido ao negar provimento ao recurso. Segundo seu 
entendimento, a Constituição Federal reconhece a união estável e o casamento como 
situações de união familiar, mas não abre espaço para a equiparação entre ambos, 
sob pena de violar a vontade dos envolvidos, e, assim, o direito à liberdade de optar 
pelo regime de união. Seu voto foi seguido pelo ministro Ricardo Lewandowski. Já na 
continuação do julgamento do RE 878694, o ministro Marco Aurélio apresentou voto-
vista acompanhando a divergência aberta pelo ministro Dias Toffoli na sessão do 
último dia 30 março. Na ocasião, Toffoli negou provimento ao RE ao entender que o 
legislador não extrapolou os limites constitucionais ao incluir o companheiro na 
repartição da herança em situação diferenciada, e tampouco vê na medida um 
retrocesso em termos de proteção social. O ministro Lewandowski também votou 
nesse sentido. Para fim de repercussão geral, foi aprovada a seguinte tese, válida para 
ambos os processos: “No sistema constitucional vigente é inconstitucional a 
diferenciação de regime sucessório entre cônjuges e companheiros devendo ser 
aplicado em ambos os casos o regime estabelecido no artigo 1829 do Código Civil.” 
 
Como se vê, com a nova orientação adotada pelo Supremo Tribunal Federal, não existe mais diferença 
no tratamento sucessório dispensado ao cônjuge e ao companheiro. O companheiro é considerado 
herdeiro necessário e, segundo a jurisprudência, estado ainda sujeito às mesmas regras sucessórias 
aplicadas ao cônjuge. 
Logo, conforme exposto nas aulas anteriores, o regime sucessório aplicado ao cônjuge deve ser 
observado também para o companheiro. 
Vale registrar, conforme já abordado em sala de aula, que o STF não se pronunciou expressamente 
sobre a condição de herdeiro necessário do companheiro sobrevivente. Predomina o entendimento 
no sentido de que ele, companheiro sobrevivente, deve ser tratado como herdeiro necessário, 
fazendo, assim, jus à legítima, especialmente porque restou consignado que o regime sucessório deve 
ser o mesmo do cônjuge, que possui esse status (art. 1845 do CC). 
 
*Se uma pessoa casada se separa apenas de fato e posteriormente passa a viver com uma pessoa 
cumprindo todos os requisitos para a união estável, o CC prevê que haveria um impedimento para 
configuração efetiva dessa união, mas a situação fática é inegável, poderia ser feita uma interpretação 
conforme a CF com base no princípio da mínima intervenção nas entidades familiares para reconhecer 
a relação e garantir direitos sucessórios aos companheiros? 
R: Sim. Há entendimento predominante de que se uma pessoa casada se separou de fato e essa 
separação já perdura há mais de 2 anos, é plenamente válida a constituição de nova união, que ganha 
o status de entidade familiar (desde que, claro, estejam presentes os requisitos legais), com base no 
que dispõe o art. 1830, até porque depois de 2 anos, em regra, o cônjuge sobrevivente fica afastado 
da sucessão do falecido. 
Sucessão dos Colaterais 
 
 
1- Introdução: 
É muito importante destacar que os colaterais do falecido apenas são chamados à sua sucessão se 
não houver descendentes, ascendentes ou cônjuge/companheiro sobreviventes. Em razão disso, é 
uma sucessão não muito comum na prática. 
Trata-se, portanto, da última classe chamada a sucessão hereditária, segundo disposto no art. 1828, 
inc. IV, do Código Civil. 
Art. 1.829, CC - A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: 
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido 
no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, 
no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; 
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; 
III - ao cônjuge sobrevivente; 
IV - aos colaterais. 
 
Obs: Em que pese sejam herdeiros legítimos (porque constam do rol do art. 1829), os colaterais não 
são considerados herdeiros necessários (por ausência de previsão no art. 1845). Sendo herdeiros 
facultativos, isso significa que não precisam obrigatoriamente ser chamados à sucessão, eles podem 
ser afastados da herança por livre e válida manifestação de vontade do falecido. 
Art. 1.845, CC - São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge. 
Ex: o falecido não deixou nenhum descendente, ascendente e nem cônjuge sucessível, deixando 
apenas colaterais. Se quiser, ele pode, por meio do testamento, dispor da totalidade de seus bens em 
favor de qualquer outra pessoa (de algum desses colaterais, exclusivamente, ou até mesmo de terceira 
pessoa estranha à sua linha de parentesco), justamente porque os colaterais não são herdeiros 
necessários. Nesse caso, os colaterais inconformados até podem impugnar o testamento, mas não 
acerca do mérito (dizendo que foi excluído indevidamente, porque isso o falecido podia fazer), mas 
apenas sua validade (arguir que não foi observada alguma formalidade que a lei exige, dizer que o 
testador não tinha capacidade de discernimento para fazer o testamento, etc). 
 
Exemplos de colaterais: irmãos (colaterais em 2º grau), tios (colaterais em 3º grau), primos (colaterais 
em 4º grau), sobrinhos (colaterais em 3º grau) e sobrinhos-netos (filhos de sobrinhos – colaterais em 
4º grau). Na verdade, esses citados são os únicos que importam para fins de sucessão dos colaterais. 
 
Obs: não existe colateral de 1º grau, o parentesco colateral já começa no 2º grau, isso porque o 1º 
grau é sempre o parente em comum. 
Obs2: a sucessão dos colaterais é limitada até o 4º grau, não se estende a outros graus. Portanto, para 
fins jurídicos, o colateral de 5º grau em diante não tem parentesco sucessório. 
 
2- Peculiaridades dessa sucessão: 
Por ora, é importante, atento ao art. 1829do Código Civil, ressaltar que: 
1) Os colaterais são chamados à sucessão apenas se não houver descendentes, ascendentes ou 
cônjuge/companheiro sobreviventes. 
Colateral não concorre com ninguém. É a última classe a ser chamado à sucessão e é chamada 
sozinha. 
Lembrando que estamos falando aqui da sucessão legítima, isto é, aquela disciplinada pelo 
legislador em caso de ausência, invalidade ou não abrangência total dos bens no testamento. 
Ou seja, se a pessoa desejar dar parte de sua herança a um parente colateral por meio de 
testamento, nada a impede, desde que respeitadas as regras legais. 
2) O Código Civil limita os colaterais sucessíveis até o 4º grau. 
Assim, de acordo com a ordem legítima de sucessão hereditária, apenas serão chamados à 
sucessão os colaterais até o 4º grau. O objetivo do legislador foi impedir o chamamento de 
parentes longínquos do falecido, presumindo-se que, nestes casos, a relação de afeto e de 
dependência econômica é pequena. 
Não se esqueçam que essa limitação de grau de parentesco só existe na sucessão dos 
colaterais. Não há limitação quando se tratar da sucessão da classe dos descendentes ou dos 
ascendentes. 
Se eventualmente uma pessoa quiser deixar sua herança para um parente colateral distante, 
que a lei nem considera parente sucessível, ela pode fazer isso por meio de testamento, 
observadas as exigências legais. Mas, pelas regras da sucessão legítima (legal), somente são 
chamados os colaterais até o 4º. 
A sucessão dos colaterais diz respeito ao chamamento daqueles parentes que se encontram 
na chamada linha transversal, a exemplo dos irmãos, tios, sobrinhos e primos. 
 
3- Regras: 
A sucessão dos colaterais é disciplinada pelos artigos 1839 a 1843 do Código Civil, revelando o nosso 
legislador algumas regras muito específicas. Vejamos. 
I) 1ª regra: Conforme já destacado acima, os colaterais são os últimos parentes chamados à 
sucessão. 
Portanto, somente serão chamados se não houver descendentes, ascendentes ou 
cônjuge/companheiro sobrevivente. 
Art. 1.839. Se não houver cônjuge/companheiro sobrevivente, nas condições estabelecidas no art. 
1.830, serão chamados a suceder os colaterais até o quarto grau. 
 
II) 2ª regra: Assim como ocorre nas classes anteriores, também aqui os mais próximos em grau 
excluem os mais remotos. 
Ex: os irmãos, por serem colaterais em 2º grau, excluem os tios, que são colaterais em 3º grau. 
Contudo, essa regra sofre exceções importantes, como se verá adiante. 
Art. 1.840. Na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos (...). 
 
III) 3ª regra: Na classe dos colaterais, existe direito de representação em casos de pré-morte ou 
indignidade. 
Porém, aqui, esse direito não é amplo como ocorre na classe dos descendentes. O direito de 
representação aqui é limitado, eis que é concedido apenas em favor de filho(s) de irmão(s) do falecido. 
Em outras palavras, apenas sobrinhos do falecido têm direito de representação. APENAS 
SOBRINHOS! 
Assim, se os irmãos do falecido forem pré-mortos ou indignos, serão chamados à sucessão em seus 
lugares, por força do direito de representação, os filhos destes, isto é, sobrinhos do falecido. 
Tios, primos e sobrinhos-netos não têm direito de representação. 
Art. 1.840. Na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos, salvo o direito de 
representação concedido aos filhos de irmãos [sobrinhos]. 
 
IV) 4ª regra: Curiosamente, tios e sobrinhos são colaterais de 3º grau. Logo, se, por exemplo, o 
falecido deixa dois sobrinhos e dois tios, a herança deveria, em tese, considerando que se encontram 
no mesmo grau de parentesco, ser partilhada em 4 partes iguais. DEVERIA, não fosse a regra prevista 
no art. 1843 do Código Civil. 
Com efeito, os sobrinhos preferem aos tios. Ou seja, se concorrerem tios e sobrinhos, apenas os 
sobrinhos herdam. O legislador dá preferência ao sobrinho, de modo que só será chamado o tio, em 
caso de não haver sobrinho sucessível. MUITA ATENÇÃO A ESTA REGRA! Aqui, como se vê, não se 
aplica a regra geral segundo a qual os mais próximos em grau excluem os mais remotos. Aplica-se a 
regra específica do art. 1843 do CC. 
Se não existirem sobrinhos, seja porque renunciaram, são pré-mortos ou indignos, são chamados os 
tios. Os filhos do sobrinho (denominados sobrinhos-netos), como são os últimos chamados à sucessão, 
eis integram o 4º grau, eles só serão chamados caso não haja mais nenhum parente de 3º grau. 
Portanto, caso os sobrinhos renunciem à herança, os tios serão os próximos a serem chamados, 
seguindo-se a regra nº 2. 
Essa distinção acontece porque o legislador presume (presunção legal) que os sobrinhos, por serem 
mais jovens (na imensa maioria dos casos), possuem uma maior dependência econômica do que os 
tios, isto é, eles precisam mais da herança do que os tios. 
Art. 1.843. Na falta de irmãos, herdarão os filhos destes e, não os havendo, os tios. 
 
V) 5ª regra: O nosso legislador confere tratamento diferenciado aos irmãos bilaterais/germanos 
(irmãos de mesmo pai e de mesma mãe) em relação aos unilaterais/uterinos (irmãos por parte de pai 
ou por parte de mãe), bem como em relação aos sobrinhos. 
Segundo o nosso Código Civil, os irmãos bilaterais (assim como os sobrinhos bilaterais) recebem o 
dobro do que caberá aos irmãos unilaterais (ou sobrinhos unilaterais). 
Ex: Paulo deixou um irmão bilateral, Luís, e uma irmã unilateral, Laura. Não deixou outros parentes 
sucessíveis. Deixou herança líquida no valor de R$300.000,00. Neste caso, Luís, por ser irmão bilateral, 
ficará com R$200.000,00, ou seja, o dobro daquilo que Laura, irmã bilateral, receberá (R$100.000). Se 
Paulo tivesse deixado, por exemplo, Francisco, sobrinho bilateral (porque filho de um irmão bilateral), 
e Priscila, sobrinha unilateral (porque filha de um irmão unilateral), esta receberia R$100.000,00 e 
aquele, R$200.000,00, ou seja, o dobro. 
É importante destacar que havendo apenas irmãos unilaterais (ou sobrinhos unilaterais), a herança 
será dividida em parte iguais. Igualmente, se houver apenas irmãos bilaterais (ou sobrinhos bilaterais), 
a herança também será dividida por igual. 
O tratamento diferenciado apenas se aplica quando forem chamados à sucessão irmãos (ou 
sobrinhos) bilaterais E unilaterais, ao mesmo tempo. 
Art. 1.841. Concorrendo à herança do falecido irmãos bilaterais com irmãos unilaterais, cada um destes 
herdará metade do que cada um daqueles herdar. 
Art. 1.842. Não concorrendo à herança irmão bilateral, herdarão, em partes iguais, os unilaterais. 
Art. 1.843. (...) § 2o Se concorrem filhos de irmãos bilaterais com filhos de irmãos unilaterais, cada um 
destes herdará a metade do que herdar cada um daqueles. 
§3º - Se todos forem filhos de irmãos bilaterais, ou todos de irmãos unilaterais, herdarão por igual. 
Essa distinção entre irmãos, embora pareça, não é inconstitucional. Sobretudo nos dias atuais, em que 
essa distinção entre irmãos não é mais relevante socialmente, essa regra não se mostra moralmente 
adequada. Todavia, do ponto de vista legal, não há qualquer irregularidade. Não fere ela o princípio 
constitucional da igualdade porque, em verdade, tal princípio não se aplica entre irmãos, mas entre 
filhos (estes sim não podem ser tratados de forma diferente). 
 
 Analisemos o caso abaixo: 
Pedro, rico empresário, faleceu em 10 de maio de 2015, aos 33 anos de idade. Deixou dois irmãos, 
Maria Lúcia e Mauro. Ainda, deixou três sobrinhos, filhos de Maria Lúcia, a saber: Paulo, André e 
Miguel. Deixou também dois tios Francisco e Vera, filhos de seu avô paterno. Ainda, deixou três 
primas, filhas de Francisco, Ana, Marcela e Mônica. Marcela, por sua vez, tem uma filha recém-
nascida, Vitória. Não deixou descendentes, ascendentes ou cônjuge/companheiro sobrevivente. 
Também não deixou testamento. 
Quem será chamado à sucessão de Pedro neste caso? 
R: Como os mais próximos excluem os mais remotos,nesse caso, seriam chamados a suceder os 
irmãos de Pedro, Mauro e Maria Lúcia, por serem colaterais de 2º grau. 
Agora, considere as seguintes hipóteses: 
1) Maria Lúcia faleceu em 10 de maio de 2013, sendo, portanto, pré- morta em relação a Pedro 
(mantidas as demais condições). 
R: Como, nessa classe, existe direito de representação apenas em favor dos sobrinhos do falecido, 
tendo em vista que Maria Lúcia é pré-morta, os seus filhos, Paulo, André e Miguel, a saber, sobrinhos 
de Pedro, receberão a herança em seu lugar. Portanto, serão chamados a suceder, nesse caso, Mauro, 
que receberá 1/2 da herança por direito próprio, e a outra 1/2 será dividida entre os filhos de Maria 
Lúcia. 
2) Maria Lúcia renunciou à herança de Pedro (mantidas as demais condições). 
R: Tendo em vista que renúncia não gera direito de representação, nesse caso, Mauro (único parente 
sucessível no 2º grau da linha colateral) receberá a integralidade da herança sozinho. 
3) Maria Lúcia e Mauro renunciaram à herança de Pedro (mantidas as demais condições). 
R: Como ambos renunciaram, o 2º grau, portanto, deixou de existir, e considerando que renúncia não 
gera direito de representação, serão chamados à sucessão, portanto, os parentes colaterais de 3º 
grau, a saber: os tios Vera e Francisco e os sobrinhos Paulo, André e Miguel. Todavia, levando-se em 
conta a regra nº 4, segundo a qual os sobrinhos preferem aos tios, nesse caso, a herança de Pedro 
será destinada apenas aos sobrinhos, os quais receberão 1/3 cada um. 
4) Paulo, André e Miguel renunciaram à herança de Pedro. Maria Lúcia e Mauro são pré-mortos em 
relação a Pedro. Francisco também é pré- morto em relação a Pedro (mantidas as demais 
condições). 
R: Como não existe mais o 2º grau e nem mais sobrinhos sucessíveis, já podem ser chamados à 
sucessão os tios. Dentre os tios, Francisco é pré-morto. Todavia, insta reforçar que o direito de 
representação na classe dos colaterais é limitado somente aos filhos dos irmãos, de modo que não se 
aplica aos tios (portanto, as filhas de Francisco não herdarão em seu lugar). Assim, como só sobrou a 
tia Vera, ela receberá a integralidade da herança sozinha. 
5) Maria Lúcia é irmã unilateral de Pedro e Mauro é bilateral (mantidas as demais condições). 
R: Se Maria Lúcia é irmã unilateral e concorrer à herança com Mauro que é irmão bilateral, segundo a 
regra nº 5, ela receberá metade do que for destinado à Mauro. 
6) Maria Lúcia, irmã unilateral, foi declarada indigna, por sentença transitada em julgado, em 
relação a Pedro (mantidas as demais condições). 
R: Como indignidade gera direito de representação e se trata de irmão do falecido, o que, portanto, 
gera direito em favor dos sobrinhos, nesse caso, serão chamados à sucessão os filhos de Maria, a 
saber, Paulo, André e Miguel, os quais, na condição de sobrinhos unilaterais (já que sua mãe era irmã 
unilateral) receberão aquilo que Maria Lúcia receberia (metade do que foi destinado à Mauro), e 
Mauro, por sua vez, herdará o dobro em relação à Maria Lúcia, por direito próprio. 
7) Maria Lúcia é irmã bilateral e Mauro é irmão unilateral de Pedro. Maria Lúcia renunciou à herança 
de Pedro (mantidas as demais condições). 
R: Neste caso, se ambos concorressem à herança ao mesmo tempo, Maria Lúcia receberia o dobro do 
que iria receber Mauro. Todavia, como ela renunciou e a renúncia não gera direito de representação, 
aplicar-se-á apenas a regra geral dos mais próximos excluem os mais remotos. Assim, Mauro, mesmo 
sendo unilateral, por ser o único parente em 2º grau sucessível, receberá a totalidade da herança. 
Herança Jacente e Herança Vacante 
 
 
1- Introdução: 
*Legislação: arts. 1819 a 1823, CC. 
 
I) Herança jacente: 
Jacente é a herança cujos herdeiros não são conhecidos. Cuida-se de situação transitória em que existe 
incerteza quanto à titularidade da herança. Nesta fase, não se conhece os herdeiros do falecido, 
tampouco se sabe se eles existem. 
A doutrina aponta ainda que a herança será considerada jacente quando o herdeiro não puder assumir 
o acervo hereditário. É o que acontece na nomeação de filho não concebido de pessoa indicada pelo 
testador. Neste caso, deverá ser nomeado curador até que a herança seja definitivamente entregue a 
quem de direito. 
Art. 1.819. Falecendo alguém sem deixar testamento nem herdeiro legítimo notoriamente conhecido, 
os bens da herança, depois de arrecadados, ficarão sob a guarda e administração de um curador, até a sua 
entrega ao sucessor devidamente habilitado ou à declaração de sua vacância. 
É importante destacar que os credores da herança podem pedir o pagamento de seus créditos, 
respeitadas as forças da herança (CC, 1821). O estado de jacência não prejudica os credores do 
falecido, que podem, assim, buscar a satisfação dos seus créditos, sempre respeitadas as forças da 
herança. 
Art. 1.821. É assegurado aos credores o direito de pedir o pagamento das dívidas reconhecidas, nos 
limites das forças da herança. 
 
II) Herança vacante: 
Situação de direito em que a herança é declarada, por sentença, vaga (CC, 1820). Segundo o art. 1820 
do CC, publicados os editais e não havendo habilitação de herdeiros, a herança será declarada vacante 
(CC, 1820). 
É importante destacar que, se todos os herdeiros houverem renunciado, a herança será, desde logo, 
declarada vacante. 
Art. 1.823. Quando todos os chamados a suceder renunciarem à herança, será esta desde logo 
declarada vacante. 
Art. 1.820. Praticadas as diligências de arrecadação e ultimado o inventário, serão expedidos editais na 
forma da lei processual, e, decorrido um ano de sua primeira publicação, sem que haja herdeiro habilitado, ou 
penda habilitação, será a herança declarada vacante. 
Art. 1.822. A declaração de vacância da herança não prejudicará os herdeiros que legalmente se 
habilitarem; mas, decorridos cinco anos da abertura da sucessão, os bens arrecadados passarão ao domínio do 
Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da 
União quando situados em território federal. 
É muito importante destacar que a declaração de vacância AFASTA OS COLATERAIS DA SUCESSÃO (CC, 
1822, p. único). 
Art. 1.822 (...) Parágrafo único. Não se habilitando até a declaração de vacância, os colaterais ficarão 
excluídos da sucessão. 
 
Procedimento judicial da arrecadação da herança jacente de acordo com o novo CPC: 
Art. 738. Nos casos em que a lei considere jacente a herança, o juiz em cuja comarca tiver domicílio o 
falecido procederá imediatamente à arrecadação dos respectivos bens. 
Art. 739. A herança jacente ficará sob a guarda, a conservação e a administração de um curador até a 
respectiva entrega ao sucessor legalmente habilitado ou até a declaração de vacância. 
§ 1o Incumbe ao curador: 
I - representar a herança em juízo ou fora dele, com intervenção do Ministério Público; 
II - ter em boa guarda e conservação os bens arrecadados e promover a arrecadação de outros 
porventura existentes; 
III - executar as medidas conservatórias dos direitos da herança; 
IV - apresentar mensalmente ao juiz balancete da receita e da despesa; 
V - prestar contas ao final de sua gestão. 
§ 2o Aplica-se ao curador o disposto nos arts. 159 a 161. 
 
Art. 740. O juiz ordenará que o oficial de justiça, acompanhado do escrivão ou do chefe de secretaria e 
do curador, arrole os bens e descreva-os em auto circunstanciado. 
§ 1o Não podendo comparecer ao local, o juiz requisitará à autoridade policial que proceda à 
arrecadação e ao arrolamento dos bens, com 2 (duas) testemunhas, que assistirão às diligências. 
§ 2o Não estando ainda nomeado o curador, o juiz designará depositário e lhe entregará os bens, 
mediante simples termo nos autos, depois de compromissado. 
§ 3o Durante a arrecadação, o juiz ou a autoridade policial inquirirá os moradores da casa e da 
vizinhança sobre a qualificação do falecido, o paradeiro deseus sucessores e a existência de outros bens, 
lavrando-se de tudo auto de inquirição e informação. 
§ 4o O juiz examinará reservadamente os papéis, as cartas missivas e os livros domésticos e, verificando 
que não apresentam interesse, mandará empacotá-los e lacrá-los para serem assim entregues aos sucessores 
do falecido ou queimados quando os bens forem declarados vacantes. 
§ 5o Se constar ao juiz a existência de bens em outra comarca, mandará expedir carta precatória a fim 
de serem arrecadados. 
§ 6o Não se fará a arrecadação, ou essa será suspensa, quando, iniciada, apresentarem-se para reclamar 
os bens o cônjuge ou companheiro, o herdeiro ou o testamenteiro notoriamente reconhecido e não houver 
oposição motivada do curador, de qualquer interessado, do Ministério Público ou do representante da Fazenda 
Pública. 
Art. 741. Ultimada a arrecadação, o juiz mandará expedir edital, que será publicado na rede mundial 
de computadores, no sítio do tribunal a que estiver vinculado o juízo e na plataforma de editais do Conselho 
Nacional de Justiça, onde permanecerá por 3 (três) meses, ou, não havendo sítio, no órgão oficial e na imprensa 
da comarca, por 3 (três) vezes com intervalos de 1 (um) mês, para que os sucessores do falecido venham a 
habilitar-se no prazo de 6 (seis) meses contado da primeira publicação. 
§ 1o Verificada a existência de sucessor ou de testamenteiro em lugar certo, far-se-á a sua citação, sem 
prejuízo do edital. 
§ 2o Quando o falecido for estrangeiro, será também comunicado o fato à autoridade consular. 
§ 3o Julgada a habilitação do herdeiro, reconhecida a qualidade do testamenteiro ou provada a 
identidade do cônjuge ou companheiro, a arrecadação converter-se-á em inventário. 
§ 4o Os credores da herança poderão habilitar-se como nos inventários ou propor a ação de cobrança. 
Art. 742. O juiz poderá autorizar a alienação: 
I - de bens móveis, se forem de conservação difícil ou dispendiosa; 
II - de semoventes, quando não empregados na exploração de alguma indústria; 
III - de títulos e papéis de crédito, havendo fundado receio de depreciação; 
IV - de ações de sociedade quando, reclamada a integralização, não dispuser a herança de dinheiro para 
o pagamento; 
V - de bens imóveis: 
a) se ameaçarem ruína, não convindo a reparação; 
b) se estiverem hipotecados e vencer-se a dívida, não havendo dinheiro para o pagamento. 
§ 1o Não se procederá, entretanto, à venda se a Fazenda Pública ou o habilitando adiantar a 
importância para as despesas. 
§ 2o Os bens com valor de afeição, como retratos, objetos de uso pessoal, livros e obras de arte, só 
serão alienados depois de declarada a vacância da herança. 
Art. 743. Passado 1 (um) ano da primeira publicação do edital e não havendo herdeiro habilitado nem 
habilitação pendente, será a herança declarada vacante. 
§ 1o Pendendo habilitação, a vacância será declarada pela mesma sentença que a julgar improcedente, 
aguardando-se, no caso de serem diversas as habilitações, o julgamento da última. 
§ 2o Transitada em julgado a sentença que declarou a vacância, o cônjuge, o companheiro, os herdeiros 
e os credores só poderão reclamar o seu direito por ação direta. 
 
 
AULA 15 - SUCESSÃO DOS ASCENDENTES 
 
Os ascendentes do falecido são chamados à sua sucessão em 
concorrência com o cônjuge sobrevivente, segundo o art. 1829, inc. II, do 
Código Civil. 
 
Os casos de concorrência do cônjuge com os ascendentes serão 
estudados mais à frente. 
 
Por ora, cabe-nos compreender a sucessão pura e simples dos 
ascendentes. 
 
Algumas observações preliminares mostram-se importantes: 
 
1ª - os ascendentes apenas são chamados à sucessão se não 
houver descendentes sucessíveis. Logo, havendo descendentes, em 
qualquer grau, os ascendentes não serão chamados à sucessão. Assim, se o 
falecido, por exemplo, deixou um bisneto (descendente em 3º grau) e um pai 
(ascendente em 1º grau), o ascendente não será chamado à sucessão. A 
herança será por deferida por inteiro ao bisneto (descendente). 
 
Art. 1.836. Na falta de descendentes, são chamados à sucessão os 
ascendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente. 
 
2ª - os ascendentes mais próximos em grau excluem os mais remotos. 
 
Art. 1836 (...) § 1º Na classe dos ascendentes, o grau mais próximo 
exclui o mais remoto, sem distinção de linhas. 
 
3ª - não há direito de representação da classe dos ascendentes. 
 
4ª - a sucessão dos ascendentes dá-se por linhas (linha materna e 
linha paterna), especialmente quando houver igualdade em grau e diversidade 
em linha. 
 
Art. 1836 (...) § 2o Havendo igualdade em grau e diversidade em 
linha, os ascendentes da linha paterna herdam a metade, cabendo a outra 
aos da linha materna. 
 
Observe o seguinte exemplo: 
 
Pedro, rico empresário, faleceu em 10 de maio de 2015, aos 33 
anos de idade. Deixou seus pais, Maria Lúcia e Mauro. Ainda, deixou avós 
paternos, a saber: Luiz e Paula. Deixou uma avó materna, Tereza. Possui 
bisavós por parte de pai, Antônio, João e Benta, sendo estes dois últimos 
casados. Possui uma bisavó por parte de mãe, Vera. Pedro tem um 
tataravô por parte de mãe, Sérgio. Não deixou descendentes, tampouco 
era casado ou vivia em união estável. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quem será chamado à sucessão de Pedro neste caso? 
 
Agora, considere as seguintes hipóteses: 
 
1) Maria Lúcia renunciou à herança de Pedro (mantidas as demais 
condições). 
PEDRO 
Maria Lúcia
 
Mauro 
Luiz Tereza Paula 
João 
 
Benta 
 
Antônio 
 
Vera 
Sérgio 
 
2) Mauro, por sentença transitada em julgado, foi declarado indigno 
em relação a Pedro (mantidas as demais condições). 
 
3) Maria Lúcia e Mauro renunciaram à herança de Pedro (mantidas 
as demais condições). 
 
4) Maria Lúcia e Mauro renunciaram à herança de Pedro. Tereza 
faleceu em 10 de março de 2001, sendo pré-morta em relação a Pedro 
(mantidas as demais condições). 
 
5) Maria Lúcia, Mauro, Tereza, Luiz e Paula são pré-mortos em 
relação a Pedro (mantidas as demais condições). 
 
6) Maria Lúcia, Mauro, Tereza, Luiz e Paula são pré-mortos em 
relação a Pedro e João renunciou à herança (mantidas as demais condições). 
 
7) Maria Lúcia, Mauro Tereza são pré-mortos em relação a Pedro 
(mantidas as demais condições). 
 
Outras questões: 
 
1. (FCC - Tribunal de Justiça - MS - Juiz Estadual– 2010) Na 
sucessão dos ascendentes: 
 
A. O grau mais remoto exclui o mais próximo, na classe dos 
ascendentes. 
B. Na classe dos ascendentes, o grau mais próximo exclui o mais 
remoto. 
C. Há direito de representação na linha ascendente. 
D. Havendo igualdade de linhas, os ascendentes da linha paterna 
herdam na integralidade. 
E. Havendo diversidade de graus, os ascendentes da linha paterna 
herdam na integralidade. 
 
2. Gastão faleceu em 01.04.2007, solteiro e sem descendentes, 
constando como parentes vivos apenas seu pai, sua mãe e seus avós 
maternos. Caso a mãe de Gastão seja excluída da sucessão por 
indignidade (art.1814 e 1815 do CC/02), os avós maternos de Gastão 
poderão suceder por direito de representação? Porquê? 
 
 
 
 
 
 
 
AULA 16 (sucessão dos ascendentes – parte 2 e o 
cônjuge/companheiro como herdeiro exclusivo) 
 
1) Concorrência do cônjuge/companheiro sobrevivente com os 
ascendentes do falecido 
 
Conforme já explicado acima, o novo Código Civil estabeleceu regime de 
concorrência sucessória do cônjuge/companheiro sobrevivente com os 
descendentes do falecido, dependendo do regime de bens adotado pelo 
casal. 
 
O mesmo regime de concorrência existe em relação aos ascendentes do 
falecido (pais, avós, bisavós, etc.). 
 
Assim, não havendo descendentes, a herança do falecido será dividida 
entre os seus ascendentes, sendo que o mais próximo em grau exclui o mais 
remoto, e o cônjuge/companheiro sobrevivente, nos termos do art. 1829, inc. II, 
do Código Civil. 
 
Contudo, duasressalvas revelam-se muito importantes: 
 
Primeira: a concorrência do cônjuge/companheiro sobrevivente com os 
ascendentes do falecido não depende do regime de bens. Em outras palavras: 
haverá concorrência qualquer que seja o regime de bens. O regime de bens só 
é relevante para se determinar a concorrência do cônjuge/companheiro 
sobrevivente com os descendentes do falecido. 
 
Segunda: o Código Civil estabelece regra própria no que diz respeito à 
divisão da herança entre os ascendentes do falecido e o cônjuge/companheiro 
sobrevivente. Neste sentido, dispõe o art. 1837 do CC que: 
 
Art. 1.837. Concorrendo com ascendente em primeiro grau, ao 
cônjuge tocará um terço da herança; caber-lhe-á a metade desta se houver 
um só ascendente, ou se maior for aquele grau. 
 
Assim, se o cônjuge/companheiro sobrevivente concorrer com os pais do 
falecido (pai e mãe), ficará com 1/3 da herança. Se, por outro lado, concorrer 
com apenas um ascendente do falecido (pai ou mãe ou avô ou avó – sempre 
um), ficará com metade da herança. Nestes exemplos, trata-se de aplicação de 
regra matemática. 
 
Contudo, se o cônjuge/companheiro sobrevivente concorrer, por exemplo, 
com os avós paternos e maternos do falecido, ficará com metade da herança e 
a outra metade será dividida entre os ascendentes do falecido. Vê-se, assim, 
que a lei reserva metade da herança do falecido para o cônjuge/companheiro 
sobrevivente toda vez que: 1) concorrer com um só ascendente do falecido ou 
2) concorrer com ascendentes diversos do 1º grau (do 2º grau em diante). 
 
Outro exemplo: se o cônjuge/companheiro concorrer com todos os bisavós 
do falecido, paternos e maternos, terá garantida metade da herança. A outra 
metade será dividida por linhas entre os ascendentes do falecido. 
 
Há, assim, preocupação do legislador em garantir maior participação do 
cônjuge/companheiro na herança quando concorra com ascendentes do falecido 
a partir do 2º grau. 
 
Observe o seguinte problema: 
 
Pedro, rico empresário, faleceu em 10 de maio de 2015, aos 33 anos 
de idade. Deixou seus pais, Maria Lúcia e Mauro. Ainda, deixou avós 
paternos, a saber: Luiz e Paula. Deixou uma avó materna, Tereza. Possui 
bisavós por parte de pai, Antônio, João e Benta, sendo estes dois últimos 
casados. Possui uma bisavó por parte de mãe, Vera. Não deixou 
descendentes e era casado com Natália, pelo regime da comunhão 
universal de bens. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quem será chamado à sucessão de Pedro neste caso? 
 
Agora, considere as seguintes hipóteses: 
 
1) Maria Lúcia renunciou à herança de Pedro (mantidas as demais 
condições). 
 
2) Maria Lúcia e Mauro renunciaram à herança de Pedro (mantidas as 
demais condições). 
 
3) Maria Lúcia e Mauro renunciaram à herança de Pedro. Tereza faleceu 
em 10 de março de 2001, sendo pré-morta em relação a Pedro 
(mantidas as demais condições). 
 
 
2) O cônjuge/companheiro como herdeiro exclusivo 
 
Como visto, o cônjuge/companheiro concorre com descendentes, 
dependendo do regime de bens, e ascendentes, independente do regime de 
bens, do falecido. 
 
PEDRO 
Maria Lúcia
 
Mauro 
Luiz Tereza Paula 
João 
 
Benta 
 
Antônio 
 
Vera 
Natália 
(cônjuge) 
Por fim, não deixando o falecido descendentes ou ascendentes 
sucessíveis, a sua herança será entregue por inteiro ao cônjuge/companheiro 
sobrevivente, não importando qual seja o regime de bens. 
 
Se, por exemplo, Pedro e Natália eram casados pelo regime da separação 
obrigatória de bens. Pedro faleceu deixando vasto patrimônio. Não deixou, 
contudo, descendentes e ascendentes sucessíveis. Neste caso, de acordo com 
os artigos 1829, III, e 1838, ambos do Código Civil, a herança será entregue por 
inteiro ao cônjuge sobrevivente. 
 
MUITA ATENÇÃO: o cônjuge/companheiro não concorre com os colaterais 
do falecido. Os colaterais, conforme veremos nas próximas aulas, são os últimos 
chamados à sucessão; somente herdam caso não existam descendentes, 
ascendentes e cônjuge/companheiro. 
 
2.1) Direito real de habitação 
 
O art. 1831 do Código Civil instituiu em favor do cônjuge sobrevivente 
(aplicável agora ao companheiro) o direito real de habitação em relação ao 
imóvel usado com uma residência do casal. Dispõe esse artigo: 
 
Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de 
bens, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na 
herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à 
residência da família, desde que seja o único daquela natureza a 
inventariar. 
 
Algumas premissas importantes decorrem da leitura desse artigo: 
 
a) o direito real de habitação não depende do regime de bens. Em outras 
palavras: qualquer que seja o regime de bens, o cônjuge/companheiro 
sobrevivente terá direito real de habitação; 
 
b) o direito real de habitação é uma garantia adicional em favor do 
cônjuge/companheiro e não se confunde com eventual participação na herança. 
Ou seja, ainda que o cônjuge/companheiro não concorra com os descendentes 
do falecido, terá direito real de habitação; 
 
c) o direito real de habitação incidirá toda vez que o falecido deixar um único 
imóvel residencial para inventariar. A melhor interpretação, nesse ponto em 
especial, aponta para a concessão do direito real de habitação em relação ao 
imóvel destinado à residência do casal, independentemente da quantidade de 
bens deixados. 
AULA 17 – Evolução histórica da sucessão do companheiro (união 
estável) 
 
1. Evolução da matéria até a declaração de inconstitucionalidade 
do art. 1790 do CC 
 
a) Disciplina da matéria após a Constituição Federal de 1988 até o 
advento do Código Civil de 2002: 
 
LEI No 8.971, DE 29 DE DEZEMBRO DE 1994: 
 
Art. 1º A companheira comprovada de um homem solteiro, separado 
judicialmente, divorciado ou viúvo, que com ele viva há mais de cinco anos, ou 
dele tenha prole, poderá valer-se do disposto na Lei nº 5.478, de 25 de julho de 
1968, enquanto não constituir nova união e desde que prove a necessidade. 
 
Parágrafo único. Igual direito e nas mesmas condições é reconhecido 
ao companheiro de mulher solteira, separada judicialmente, divorciada ou 
viúva. 
 
Art. 2º As pessoas referidas no artigo anterior participarão da sucessão 
do(a) companheiro(a) nas seguintes condições: 
 
I - o(a) companheiro(a) sobrevivente terá direito enquanto não constituir 
nova união, ao usufruto de quarta parte dos bens do de cujos, se houver filhos 
ou comuns; 
 
II - o(a) companheiro(a) sobrevivente terá direito, enquanto não 
constituir nova união, ao usufruto da metade dos bens do de cujos, se não 
houver filhos, embora sobrevivam ascendentes; 
 
III - na falta de descendentes e de ascendentes, o(a) companheiro(a) 
sobrevivente terá direito à totalidade da herança. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5478.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5478.htm
 
Art. 3º Quando os bens deixados pelo(a) autor(a) da herança 
resultarem de atividade em que haja colaboração do(a) companheiro, terá o 
sobrevivente direito à metade dos bens. 
 
Art. 4º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. 
 
Art. 5º Revogam-se as disposições em contrário. 
 
LEI Nº 9.278, DE 10 DE MAIO DE 1996: 
 
Art. 1º É reconhecida como entidade familiar a convivência duradoura, 
pública e contínua, de um homem e uma mulher, estabelecida com objetivo de 
constituição de família. 
 
Art. 2° São direitos e deveres iguais dos conviventes: 
 
I - respeito e consideração mútuos; 
 
II - assistência moral e material recíproca; 
 
III - guarda, sustento e educação dos filhos comuns. 
 
Art. 3° (VETADO) 
 
Art. 4° (VETADO) 
 
Art. 5° Os bens móveis e imóveis adquiridos por um ou por ambos os 
conviventes, na constância da união estável e a título oneroso, são 
considerados fruto do trabalho e da colaboração comum, passando a pertencer 
a ambos, em

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