Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aline Camargo Ramos @EquipeMySete @JessicaJulioti FARMACOLOGIA Aula 1 – Introdução a Farmacologia @aline_cramos INTRODUÇÃO • Fármaco: substância química de estrutura conhecida que, quando administrada a um organismo vivo, produz efeito biológico Sintético, obtido de plantas/animais ou produto de engenharia genética • Medicamento: preparação química que pode conter mais de um fármaco e é administrado com objetivo de produzir efeito terapêutico Contém excipientes, solventes, conservantes INTRODUÇÃO • Medicamento x fármaco Medicamento Fármacos Efeito terapêutico Efeitos biológicos INTRODUÇÃO • Farmacologia: estudo dos efeitos dos fármacos no funcionamento de sistemas vivos Interação entre um fármaco e um sistema biológico HISTÓRICO • Era natural: conhecimento empírico baseado em plantas 4500 a.C. – Mesopotâmia: registros escritos de 250 plantas medicinais como a papoula e a mandrágora 1550 a.C. – Egito: um dos primeiros registros históricos que menciona o uso de fármacos (Papiro de Edwin Smith) e relato da forma de preparo e uso cerca de 700 remédios extraídos de plantas como romã, babosa, cebola, alho, coentro (Papiro de Ebers) 77 d.C.: Dioscórides escreveu "Sobre Material Médico" com 944 preparações de 657 de plantas 131-200 d.C.: Galeno de Pérgamo escreve “Drogas paralelas” Séc. XV: Paracelso, fundador da Bioquímica e da Toxicologia, escreveu “A dose faz o veneno” Séc XVII-XVIII – Iluminismo: pensamento científico e conhecimento fisiológico Elementos fundamentais para a Farmacologia HISTÓRICO • Era sintética: farmacologia como ciência 1804: Friedrich Sertürner isola a morfina 1817: Carl Linnaeus isola a estriquinina 1820: Pierre-Joseph Pelletier e Joseph Bienaimé Caventou isolam o quinino usado no tratamento da malária 1828: Johann Buchner isola a salicilina usada no tratamento de dores e febre 1847: Rudolf Buchheim funda o primeiro instituto de Farmacologia 1897: Felix Hoffmann sintetiza a aspirina a partir do ácido salicílico 1932: Josef Klarer e Fritz Mietzsch sintetizam o prontosil precursor dos antibióticos HISTÓRICO • Era biotecnológica: avanços na farmacologia 1978: Genentech produz insulina humana a partir de E. Coli com DNA recombinante 1981: Genentech produz hormônio de crescimento (GH) com DNA recombinante 1990: Primeira tentativa de terapia gênica HISTÓRICO • Necessidade de melhorar os resultados das intervenções terapêuticas utilizadas por clínicos Sair do campo da observação e partir para o entendimento de como funcionam e como melhorar a utilização HISTÓRICO • Atualidade: COMO AGEM OS FÁRMACOS • “Um fármaco não agirá, a menos que esteja ligado.” (Paul Ehrlich) Interações químicas entre fármacos e tecidos: Receptores Enzimas Moléculas transportadoras Canais iônicos COMO AGEM OS FÁRMACOS • Interação fármaco-receptor: ligação pode ou não resultar na ativação do receptor Na ativação o receptor é afetado pelo fármaco, alterando seu comportamento e desencadeando uma resposta tecidual Dois fatores influenciam na ligação e ativação do receptor: Afinidade: ligação Eficácia: ativação COMO AGEM OS FÁRMACOS • Interação fármaco-receptor: ligação pode ou não resultar na ativação do receptor Na ativação o receptor é afetado pelo fármaco, alterando seu comportamento e desencadeando uma resposta tecidual Potência: comparação entre fármacos COMO AGEM OS FÁRMACOS • Interação fármaco-receptor: ligação pode ou não resultar na ativação do receptor AGONISTA: se liga e causa resposta COMO AGEM OS FÁRMACOS • Interação fármaco-receptor: ligação pode ou não resultar na ativação do receptor AGONISTA: se liga e causa resposta Total: resposta máxima, mesmo sem ocupar 100% dos receptores Parcial: resposta submáxima, mesmo com ocupação de 100% dos receptores Eficácia intermediária Inverso: resposta oposta Eficácia negativa COMO AGEM OS FÁRMACOS • Interação fármaco-receptor: ligação pode ou não resultar na ativação do receptor AGONISTA: se liga e causa resposta COMO AGEM OS FÁRMACOS • Interação fármaco-receptor: ligação pode ou não resultar na ativação do receptor ANTAGONISTA: se liga, não causa resposta e impede ligação do agonista COMO AGEM OS FÁRMACOS • Interação fármaco-receptor: ligação pode ou não resultar na ativação do receptor ANTAGONISTA: se liga, não causa resposta e impede ligação do agonista Agonista e antagonista competem pelo mesmo sítio de ligação Irreversível: antagonista não se dissocia ou se dissocia muito lentamente do receptor e mesmo com aumento da dose do agonista, não haverá ligação Não haverá efeito Reversível: com aumento da concentração do agonista, há deslocamento do antagonista, ligação do agonista Efeito COMO AGEM OS FÁRMACOS • Interação fármaco-receptor: ligação pode ou não resultar na ativação do receptor ANTAGONISTA: se liga, não causa resposta e impede ligação do agonista Agonista e antagonista competem pelo mesmo sítio de ligação COMO AGEM OS FÁRMACOS • Interação fármaco-receptor: ligação pode ou não resultar na ativação do receptor COMO AGEM OS FÁRMACOS • Um determinado fármaco liga-se preferencialmente em determinado receptor, assim como receptores específicos reconhecem apenas uma classe de fármacos Não existe fármaco completamente específico Aumento de dose favorece a ligação inespecífica de um fármaco Efeitos colaterais COMO AGEM OS FÁRMACOS • Um determinado fármaco liga-se preferencialmente em determinado receptor, assim como receptores específicos reconhecem apenas uma classe de fármacos Não existe fármaco completamente específico Aumento de dose favorece a ligação inespecífica de um fármaco Efeitos colaterais Menor potência, mais efeitos colaterais Bons fármacos precisam ser o mais específico possível COMO AGEM OS FÁRMACOS • Um mesmo fármaco pode ser agonista total em determinado tecido e agonista parcial ou antagonista em outro tecido Número de receptores, natureza do acoplamento e tipo de resposta MODULAÇÃO DE RESPOSTA • MODULAÇÃO ALOSTÉRICA: fármacos se ligam na região alostérica do receptor e influenciam sua resposta Aumento/diminuição da afinidade agonista-receptor, alteração da eficácia, geração de resposta independente MODULAÇÃO DE RESPOSTA • ANTAGONISMO QUÍMICO: combinação de duas substâncias que resulta na perda da atividade do fármaco Quelantes, infliximabe (anti-inflamatório) MODULAÇÃO DE RESPOSTA • ANTAGONISMO FARMACOCINÉTICO: redução da concentração de um fármaco em seu local de ação Aumento da velocidade do metabolismo, redução da velocidade de absorção gastrointestinal ou aumento da velocidade de eliminação renal MODULAÇÃO DE RESPOSTA • BLOQUEIO DA RESPOSTA: bloqueio da cadeia de eventos pós ativação do receptor que leva a produção de resposta pelo agonista Cetamina MODULAÇÃO DE RESPOSTA • ANTAGONISMO FISIOLÓGICO: interação entre dois fármacos com ações opostas no organismo que tem como resultado anulação mútua de efeito Histamina e omeprazol MODULAÇÃO DE RESPOSTA • DESSENSIBILIZAÇÃO E TOLERÂNCIA: redução gradual do efeito de um fármaco administrado continuamente Dessensibilização (rápido), tolerância (lento), refratariedade (perda de eficácia terapêutica) e resistência (antimicrobianos/antineoplásicos) MODULAÇÃO DE RESPOSTA • ALTERAÇÃO EM RECEPTORES: alteração conformacional, fosforilação de proteínas ou internalização de receptores (translocação) MODULAÇÃO DE RESPOSTA • DEPLEÇÃO DE MEDIADORES: depleção de substância intermediária essencial Anfetamina MODULAÇÃO DE RESPOSTA • ALTERAÇÃO NO METABOLISMO: administração repetida de uma mesma dose de um fármaco leva redução progressiva daconcentração plasmática Aumento do metabolismo MODULAÇÃO DE RESPOSTA • ADAPTAÇÃO FISIOLÓGICA: alteração de expressão gênica levando a anulação do efeito do fármaco Alteração dos níveis de moléculas reguladoras RESPOSTA IMEDIATA E DURADOURA • Os fármacos agem primeiramente através da ativação de receptores, gerando efeitos terapêuticos imediatos RESPOSTA IMEDIATA E DURADOURA • Efeitos secundários e mais lentos Alteração da função celular, alteração nos receptores e expressão gênica COMO OS MEDICAMENTOS FUNCIONAM? COMO OS MEDICAMENTOS FUNCIONAM? COMO OS MEDICAMENTOS FUNCIONAM? O conteúdo desse curso foi oferecido pelo Centro Educacional Sete de Setembro em parceria com a Professora Aline Camargo Ramos OBRIGADA! Aline Camargo Ramos @EquipeMySete @JessicaJulioti FARMACOLOGIA Aula 2 – Farmacocinética @aline_cramos INTRODUÇÃO • Farmacocinética: o que o organismo faz com o fármaco vs. Farmacodinâmica: o que o fármaco faz no organismo INTRODUÇÃO • Farmacocinética: o que o organismo faz com o fármaco Administração, absorção, distribuição, metabolismo e excreção TRANSLOCAÇÃO DE MOLÉCULAS • Moléculas dos fármacos se movem pelo organismo de duas maneiras: Fluxo de massas: corrente sanguínea, fluído linfático e líquor Não importa características químicas da molécula Sistema cardiovascular Difusão: interação molécula-molécula (curtas distâncias) Difere muito entre diferentes fármacos Lipossolubilidade, tamanho e carga das moléculas TRANSLOCAÇÃO DE MOLÉCULAS • Difusão simples ou por transportadores Simples: moléculas sem carga e lipossolúveis Difere entre os órgãos Diferentes tipos de membranas TRANSLOCAÇÃO DE MOLÉCULAS • Difusão simples ou por transportadores Transportadores: carreadores e dependentes de ATP Carreadores amplamente distribuídos Antibióticos, anti-inflamatórios, antineoplásicos Dependentes de ATP túbulos renais, canalículos biliares, TGI, astrócitos Metformina Interação de fármacos Variação genética Perda/aumento de resposta TRANSLOCAÇÃO DE MOLÉCULAS • Membranas celulares diferem entre os órgãos – Constituição e transportadores BHE e placenta são menos permeáveis Proteção contra substâncias tóxicas e dificuldade para distribuição e atividade dos fármacos Fígado e baço apresentam endotélio não contínuo Livre passagem TRANSLOCAÇÃO DE MOLÉCULAS • Outros fatores podem influenciar a ação dos fármacos Ligação a proteínas plasmáticas Maior parte dos fármacos se encontra ligado à proteínas no plasma sanguíneo (ativo – livre) Atividade e eficácia Albumina: competição de fármacos Afinidade do fármaco pela proteína e concentração de proteínas TRANSLOCAÇÃO DE MOLÉCULAS • Outros fatores podem influenciar a ação dos fármacos Partição na gordura corporal – Grande compartimento apolar Fármacos altamente lipossolúveis Administração aguda Anestésicos gerais Administração crônica Benzodiazepínicos e inseticidas TRANSLOCAÇÃO DE MOLÉCULAS • Outros fatores podem influenciar a ação dos fármacos Partição em outros locais Cloroquina - melanina Retina Toxicidade ocular Amiodarona (arritmia cardíaca) – fígado e pulmão Hepatite e fibrose Tetraciclina – cálcio Ossos e dentes Não recomendado para crianças ABSORÇÃO E VIAS DE ADMINISTRAÇÃO • Absorção: passagem do fármaco do local de administração para o plasma Não acontece na administração pela via intravenosa ABSORÇÃO E VIAS DE ADMINISTRAÇÃO • Metabolismo de primeira passagem: enzimas metabolizadoras hepáticas e intestinais agem sobre o fármaco antes que ele chegue na corrente sanguínea Biodisponibilidade: fração do fármaco que chega de forma intacta na circulação ABSORÇÃO E VIAS DE ADMINISTRAÇÃO • Metabolismo de primeira passagem: enzimas metabolizadoras hepáticas e intestinais agem sobre o fármaco antes que ele chegue na corrente sanguínea Biodisponibilidade: fração do fármaco que chega de forma intacta na circulação Característica do fármaco, variação das atividades enzimáticas, pH gástrico, motilidade intestinal Preparação vs. Indivíduo vs. Ocasião Bioequivalência: genéricos – BD 80%-125% ABSORÇÃO E VIAS DE ADMINISTRAÇÃO • Vias de administração: Oral Sublingual Retal Aplicação: pele, córnea, vagina, mucosa nasal Inalação Injeção: subcutânea, intramuscular, intravenosa, intratecal, intravítrea ABSORÇÃO E VIAS DE ADMINISTRAÇÃO • Vias de administração: ABSORÇÃO E VIAS DE ADMINISTRAÇÃO • Vias de administração e absorção: ABSORÇÃO E VIAS DE ADMINISTRAÇÃO • Via oral: maioria dos fármacos Maior parte da absorção acontece no intestino 75% – 1-3 horas Conteúdo e motilidade intestinal, fluxo sanguíneo, tamanho e formulação das partículas e interação entre fármacos Formulações específicas: cápsulas/comprimidos que permanecem intactos por várias horas (retardar absorção), mistura de componentes para promover absorção rápida e sustentada (administração menos frequente) Vancomicina: pouca absorção intestinal – tratamento de infecção por Clostridium ABSORÇÃO E VIAS DE ADMINISTRAÇÃO • Via sublingual: absorção na cavidade oral Efeito rápido Não tem efeito de primeira passagem Fármacos instáveis em pH gástrico ou rapidamente metabolizados pelo fígado ABSORÇÃO E VIAS DE ADMINISTRAÇÃO • Via retal – supositório Efeito local: Colite ulcerativa Efeito sistêmico Quadro emético ou incapacidade de deglutição Diazepam em crianças em quadro epiléptico ABSORÇÃO E VIAS DE ADMINISTRAÇÃO • Aplicação cutânea Efeito local: Pouca absorção na pele intacta Efeito sistêmico: Gel anti-inflamatório Nicotina Reposição hormonal de estrógeno/testosterona e anticoncepcional Taxa estável de absorção e sem metabolismo de primeira passagem • Aplicação nasal – spray Absorção pela mucosa que recobre o tecido linfoide nasal Hormônio liberador de gonadotrofina Hormônio antidiurético Calcitonina Ocitocina ABSORÇÃO E VIAS DE ADMINISTRAÇÃO • Aplicação ocular – colírio Efeito local sem causar efeitos colaterais sistêmicos Antibióticos e anti-inflamaórios Tratamento de glaucoma (dorzolamida) Redução da pressão ocular Não afeta os rins Pode causar broncoespasmos em asmáticos ABSORÇÃO E VIAS DE ADMINISTRAÇÃO • Inalação Anestésicos voláteis e gasosos para os pulmões Corticóides e broncodilatadores: Necessidade de alcançar altas concentrações local Minimizar os efeitos adversos sistêmicos (taquicardia) Pode ocorrer absorção parcial ABSORÇÃO E VIAS DE ADMINISTRAÇÃO • Injeção Intravenosa: via rápida Bolus x infusão constante Subcutânea e intramuscular: geralmente mais rápida que via oral Depende do local da injeção e do fluxo sanguíneo Intratecal (subaracnóide): patologias do SNC e anestesia local Intravítrea: ranibizumabe (ac monoclonal) – tratamento da degeneração macular associada a idade ABSORÇÃO E VIAS DE ADMINISTRAÇÃO • Os fármacos são distribuídos de maneiras distintas entre os diferentes compartimentos líquidos do organismo (plasma, líquido intersticial, líquido intracelular, líquido transcelular e gordura) Depende da permeabilidade das membranas, das ligações dentro dos compartimentos, pH, lipossolubilidade Fármacos não lipossolúveis ficam no plasma e líquido intersticial, mas não penetram no SNC Fármacos lipossolúveis chegam a todos os compartimentos e podem ser acumular no tecido adiposo Um fármaco pode interferir na distribuição do outro Competição para se ligar em proteínas plasmáticas ou teciduais DISTRIBUIÇÃO • Barreira hematoencefálica DISTRIBUIÇÃO • Barreira hematoencefálica DISTRIBUIÇÃO• A eliminação dos fármacos se dá pela saída definitiva do organismo Diversas formas: Eliminação na urina de forma inalterada ou como metabólito polar (maioria) Secretados na bile pelo fígado Reabsorvidos no intestino Eliminação nas fezes Pulmão (agentes voláteis e gasosos) Leite e suor (pequenas quantidades) METABOLISMO E ELIMINAÇÃO • Metabolismo: principalmente no fígado – citocromo P450 Redução de lipossolubilidade e aumento da eliminação renal Fases 1 e 2 Fase 1: oxidação, redução ou hidrólise Catabólica Produtos mais tóxicos que o fármaco original CYP1, 2 e 3: polimorfismo genético Indução/inibição enzimática: suco de laranja (-), erva de São João e couve de Bruxelas (+) METABOLISMO E ELIMINAÇÃO • Metabolismo: principalmente no fígado – citocromo P450 Redução de lipossolubilidade e aumento da eliminação renal Fases 1 e 2 Fase 2: conjugação Anabólica Produtos inativos Ocorre principalmente no fígado METABOLISMO E ELIMINAÇÃO • Metabolismo Fases 1 e 2: METABOLISMO E ELIMINAÇÃO • Interações medicamentosas causadas por indução enzimática Redução da atividade farmacológica Aumento de toxicidade em caso de metabólito ativo tóxico Antibiótico/anticoncepcional • Interações medicamentosas causadas por inibição enzimática Aumento da atividade farmacológica Perda de atividade quando ação se deve ao metabólito ativo Coquetel HIV METABOLISMO E ELIMINAÇÃO • Interações medicamentosas causadas por indução/inibição enzimática METABOLISMO E ELIMINAÇÃO • Interações medicamentosas causadas por alteração na excreção Alteração da ligação com proteínas plasmáticas – albumina Alteração na filtração glomerular – amiodarona e digoxina (arritmia cardíaca) Inibição da secreção tubular Alteração do fluxo e pH urinário – diuréticos Problemas renais e idosos METABOLISMO E ELIMINAÇÃO FARMACOCINÉTICA O conteúdo desse curso foi oferecido pelo Centro Educacional Sete de Setembro em parceria com a Professora Aline Camargo Ramos OBRIGADA! Aline Camargo Ramos @EquipeMySete @JessicaJulioti FARMACOLOGIA Aula 3 – Farmacodinâmica @aline_cramos INTRODUÇÃO • Farmacodinâmica: o que o fármaco faz no organismo Estudos dos efeitos bioquímicos e fisiológicos dos fármacos e seus mecanismos de ação vs. Farmacocinética: o que o organismo faz com o fármaco MECANISMOS DE AÇÃO • Os efeitos da administração dos fármacos resultam da interação fármaco-alvos farmacológicos no organismo, que levam à respostas bioquímicas e fisiológicas que são características de cada fármaco MECANISMOS DE AÇÃO • Os efeitos da administração dos fármacos resultam da interação fármaco-alvos farmacológicos no organismo, que levam à respostas bioquímicas e fisiológicas que são características de cada fármaco Alvos farmacológicos proteicos: receptores, canais iônicos, enzimas e transportadores Exceções: fármacos que agem em proteínas estruturais (tubulina), em proteínas citosólicas (imunofilinas), em DNA/constituintes da parede celular de células/microorganismos e anticorpos que sequestram citocinas ALVOS FARMACOLÓGICOS PROTEICOS • RECEPTORES: elementos sensores no sistema de comunicações químicas que coordenam a função de todas as células do organismo Mensageiros químicos – hormônios, transmissores ou outros tipos de mediadores ALVOS FARMACOLÓGICOS PROTEICOS • CANAIS IÔNICOS: portões que se abrem e fecham e estão presentes nas membranas celulares permitindo a passagem seletiva de íons Controlados por ligantes ou por voltagem Fármacos agem de maneira direta, por ligação ortostérica ou alostérica ou por bloqueio do canal e por ação indireta, envolvendo a ligação com a proteína G ou alterando o nível de expressão dos canais na superfície celular ALVOS FARMACOLÓGICOS PROTEICOS • ENZIMAS: o fármaco é um substrato análogo e age como inibidor competitivo ou não competitivo da enzima ou é um falso substrato que altera a via metabólica normal Captopril (anti-hipertensivo) e fluoruracila (antineoplásico) ALVOS FARMACOLÓGICOS PROTEICOS • TRANSPORTADORES: proteínas que ajudam no transporte de substâncias não lipossolúveis através das membranas Fármacos podem bloquear o sistema de transporte TIPOS DE RECEPTORES • A ligação fármaco-receptores podem resultar em diferentes tipos de respostas e efeitos celulares Respostas podem ser desde muito rápidas (milissegundos) até extremamente lentas (horas ou dias) Tipos: receptores ionotrópicos (canais iônicos), receptores metabotrópicos (acoplados à proteína G), receptores ligados a quinase (fosforilação/desfosforilação), receptores nucleares (expressão gênica) TIPOS DE RECEPTORES TIPOS DE RECEPTORES TIPOS DE RECEPTORES • Ionotrópicos: receptor colinérgico nicotínico, GABAa, 5-HT3 Quando moléculas se ligam há alteração conformacional de forma que as subunidades se afastam e haja abertura do canal Canais permeáveis a cátions (+) ou ânions (-) Neurotransmissores do SNC: abertura de canais promove hiperpolarização (inibição) ou despolarização (excitação) Eventos sinápticos muito rápidos TIPOS DE RECEPTORES • Ionotrópicos TIPOS DE RECEPTORES • Ionotrópicos Neurotransmissores do SNC: TIPOS DE RECEPTORES • Metabotrópicos: receptor muscarínicos, DA, 5-HT Diferentes subtipos de proteínas G Respostas diferentes Proteínas G agem sobre diferentes alvos para controlar aspectos da função celular e gerar resposta: adenil ciclase (AMPc), fosfolipase C (fosfato de inusitol e diacilglicerol), canais iônicos (Ca2+ e K+), Rho A/Rho quinase (crescimento e proliferação celular) e MAP quinase (divisão celular) Dessensibilização: fosforilação e internalização dos receptores Desfosforilado e reinserido na membrana ou degradado pelos lisossomos TIPOS DE RECEPTORES • Metabotrópicos Diferentes subtipos de proteínas G: Respostas diferentes TIPOS DE RECEPTORES • Metabotrópicos Proteínas G agem sobre diferentes alvos: TIPOS DE RECEPTORES • Metabotrópicos Proteínas G agem sobre diferentes alvos: AMPc e fofolipase C TIPOS DE RECEPTORES • Metabotrópicos Proteínas G agem sobre diferentes alvos: AMPc e fofolipase C TIPOS DE RECEPTORES • Metabotrópicos Proteínas G agem sobre diferentes alvos: MAP quinase TIPOS DE RECEPTORES • Metabotrópicos Dessensibilização: fosforilação e internalização dos receptores TIPOS DE RECEPTORES • Ligados a quinases: medeiam ações de fatores de crescimento, citocinas e hormônios (insulina e leptina) Efeitos através da alteração da expressão gênica Controle da diferenciação, crescimento e divisão celular, inflamação e reparo tecidual, apoptose e respostas imunológicas Receptor tirosina quinase (RTK), receptor serina/treonina quinase e receptor de citocinas Fosforilação e desfosforilação de proteínas por quinases e fosfatases Imatinibe: leucemia mieloide crônica TIPOS DE RECEPTORES • Ligados a quinases Receptor tirosina quinase TIPOS DE RECEPTORES • Ligados a quinases Receptor de citocinas TIPOS DE RECEPTORES • Ligados a quinases Imatinibe TIPOS DE RECEPTORES • Receptores nucleares: receptores para hormônios esteróides e tireoidianos e vitaminas D e A Não estão inseridos nas membranas celulares Receptores presentes no citoplasma das células e são translocados para o núcleo depois da ligação com seu ligante Podem interagir diretamente com o DNA Alvos farmacológicos de 10-15% dos fármacos Inflamação, câncer, diabetes, doenças cardiovasculares, obesidade e distúrbios na reprodução Classe I (glicocorticóides, mineralocorticóides, estrógeno, progesteronae androgênio) e II (ligantes lipídicos) TIPOS DE RECEPTORES • Receptores nucleares TIPOS DE RECEPTORES • Receptores nucleares Classe I TIPOS DE RECEPTORES • Receptores nucleares Classe II CONTROLE DA EXPRESSÃO • Receptores não são elementos fixos Respondem a mudanças nas concentrações dos ligantes e a atividade dos próprio receptores Alterações de curto (dessensibilização) e longo prazo (aumento ou diminuição da expressão) Proliferação de receptores pós-sinápticos após desnervação Up-regulation de receptores de citocinas em resposta à inflamação Indução de receptores de fatores de crescimento em células tumorais CONTROLE DA EXPRESSÃO • Receptores não são elementos fixos Respondem a mudanças nas concentrações dos ligantes e a atividade dos próprio receptores Fármacos precisam ter efeitos a curto e longo prazo Reestabelecer o número de receptores Tolerância (benzodiazepínicos) Resistência (antimicrobianos e antineoplásicos) RECEPTORES E DOENÇAS • Diversas doenças estão diretamente ligadas ao mau funcionamento de receptores Auto anticorpos direcionados contra as proteínas dos próprios receptores Miastenia gravis (fraqueza e fadiga muscular nos músculos de controle voluntário Comunicação ineficiente entre nervos e músculos) Mutação nos genes que codificam os receptores Câncer, resistência hormonal, epilepsia RECEPTOR E DIFERENTES EFEITOS • Mesmo receptor desempenha papéis diferentes em diferentes locais do organismo Efeitos terapêuticos e colaterais O conteúdo desse curso foi oferecido pelo Centro Educacional Sete de Setembro em parceria com a Professora Aline Camargo Ramos OBRIGADA! Aline Camargo Ramos @EquipeMySete @JessicaJulioti FARMACOLOGIA Aula 4 – Farmacogenômica @aline_cramos INTRODUÇÃO • Dificuldade na terapêutica se deve ao fato de que uma mesma dose de um fármaco nem sempre produz a mesma resposta em diferentes indivíduos Fatores ambientais e genéticos Variações farmacocinéticas: Diferença na concentração do fármaco no local de ação Variações farmacodinâmicas: Diferente resposta a uma mesma concentração de um fármaco Lítio, anti-hipertensivos e anticoagulantes Prescrição individualizada INTRODUÇÃO • Influência de genes Alteram expressão de proteínas envolvidas no processamento de fármacos, alteração nas proteínas G e suas vias e maior suscetibilidade a reações adversas Testes farmacogenômicos e medicina personalizada Escolha individualizada de um fármaco efetivo e que não cause toxicidade sem ser necessário recorrer a tentativa e erro INTRODUÇÃO VARIAÇÃO INDIVIDUAL DE RESPOSTA • Etnia: herança genética e cultural comum Afro-americanos com insuficiência cardíaca apresentam melhores respostas e maior expectativa de vida ao tratamento com hidralazina + nitrato Americanos não têm esse efeito Asiáticos são mais sensíveis aos efeitos cardiovasculares do propanolol que europeus brancos, já os afro-caribenhos são menos sensíveis Asiáticos metabolizam propanolol mais rapidamente VARIAÇÃO INDIVIDUAL DE RESPOSTA • Etnia: herança genética e cultural comum Japoneses tem três vezes mais probabilidade de responder bem ao tratamento com gefitinibe para tumor pulmonar avançado que indivíduos brancos Asiáticos metabolizam etanol de forma distinta Produzem maior concentração plasmática de acetaldeído Rubor e palpitações VARIAÇÃO INDIVIDUAL DE RESPOSTA • Idade: metabolismo e eliminação de fármacos é menos eficiente em recém-nascidos e idosos Efeitos maiores e mais prolongados Alteração na composição corporal com a idade Maior proporção de gordura corporal em idosos altera volume de distribuição de fármacos Idosos utilizam diversos fármacos concomitantemente Maior potencial de interação entre eles VARIAÇÃO INDIVIDUAL DE RESPOSTA • Idade: metabolismo e eliminação de fármacos é menos eficiente em recém-nascidos e idosos Efeitos maiores e mais prolongados Função renal declina em idosos (50%-75 anos) Administração crônica de digoxina (arritmia) ao longo dos anos leva ao aumento progressivo da concentração plasmática Toxicidade VARIAÇÃO INDIVIDUAL DE RESPOSTA • Idade: metabolismo e eliminação de fármacos é menos eficiente em recém-nascidos e idosos Efeitos maiores e mais prolongados Redução da atividade de enzimas hepáticas com avanço da idade Aumento da meia-vida de benzodiazepínicos Efeitos silenciosos de piora cognitiva (“Alzheimer”) VARIAÇÃO INDIVIDUAL DE RESPOSTA • Idade: metabolismo e eliminação de fármacos é menos eficiente em recém-nascidos e idosos Efeitos maiores e mais prolongados Recém-nascidos prematuros (20% da função renal) apresentam maior meia-vida para antibiótico gentamicina que bebês a termo ou adultos Reduzir/espaçar doses para evitar toxicidade Morfina não pode ser utilizada como anestésico no parto Atravessa placenta e não é metabolizada por fetos Depressão respiratória prolongada no recém-nascido VARIAÇÃO INDIVIDUAL DE RESPOSTA • Idade: metabolismo e eliminação de fármacos é menos eficiente em recém-nascidos e idosos Efeitos maiores e mais prolongados Baixa atividade de enzimas metabolizadoras em recém-nascidos Baixa conjugação e altas concentrações plasmáticas de fármacos kernicterus (bilirrubina) e síndrome do bebê cinzento (cloranfenicol) VARIAÇÃO INDIVIDUAL DE RESPOSTA • Gravidez: alterações fisiológicas que influenciam distribuição dos fármacos na mãe e feto Redução da concentração plasmática de albumina, aumento do débito cardíaco e aumento da eliminação renal de fármacos na grávida Placenta permite a passagem de fármacos lipofílicos mas não hidrofílicos Alguns fármacos administrados às mães chegam ao feto Fetos: eliminação mais lenta, menor atividade de enzimas metabolizadoras e eliminação renal leva fármaco para líquido amniótico (volta para o feto) VARIAÇÃO INDIVIDUAL DE RESPOSTA • Doença: doenças dos órgãos responsáveis pelo metabolismo e excreção de fármacos e seus metabólitos alteram tempo e tipo de resposta Comprometimento da função renal/hepática favorecem toxicidade Efeitos intensos e prolongados devido aumento na concentração do fármaco após dose comum Situação de estase gástrica ou doença intestinal Menor absorção de fármacos Síndrome nefrótica modifica a distribuição de fármacos Alteração dos níveis de albumina plasmática (ligação) Insensibilidade aos diuréticos como furosemida VARIAÇÃO GENÉTICA DE RESPOSTA • Deficiência em colinesterase plasmática: 1:300 indivíduos é incapaz de inativar o suxametônio (anestésico) devido anormalidade da colinesterase plasmática Efeito analgésico prolongado VARIAÇÃO GENÉTICA DE RESPOSTA • Porfiria aguda intermitente: doença autossômica dominante Alteração na via bioquímica da biossíntese do grupo heme (hemoglobina) Redução da atividade enzimática da PBGD e acúmulo de porfirinas Fármacos que induzem CYP (barbitúricos, carbamazepina e estrogênios) podem precipitar crise Maior acúmulo de porfirina VARIAÇÃO GENÉTICA DE RESPOSTA • Alteração na acetilação de fármacos: Taxa de acetilação varia entre populações devido polimorfismos genéticos Acetiladores rápidos e lentos (acetiltransferase) Lentos: neuropatia periférica; rápidos: hepatotoxicidade VARIAÇÃO GENÉTICA DE RESPOSTA • Ototoxicidade por aminoglicosídeos: Gene mitocondrial (mãe) Mutação responsável por 30-60% da ototoxicidade na China Aumento da afinidade da ligação do fármaco com ribossomos das células ciliares cocleares TESTES FARMACOGENÔMICOS • Prever a capacidade de resposta à fármacos Prescrição de forma efetiva Utilização de fármacos diferentes ou regimes distintos de dosagens de acordo com a variabilidade genética individual Teste de HLA (sistema imunológico), genes que controlam o metabolismo de fármacos e que codificam alvos farmacológicos TESTES FARMACOGENÔMICOS • Abacavir: Inibidor da transcriptase reversa Tratamento da infecção por HIV Variante no gene HLAB*5701 Limita uso por causar graves rashes cutâneos TESTES FARMACOGENÔMICOS • Carbamazepina: Anticonvulsivante Mutação no gene HLAB*1502 Graves rashes cutâneos potencialmente fatais Mutação quase exclusiva em asiáticos Também pode acontecer com uso da fenitoína TESTES FARMACOGENÔMICOS • Varfarina: Anticoagulante Polimorfismo na VKOR e CYP2C9 alteram resposta e efeito anticoagulante TESTES FARMACOGENÔMICOS • Tamoxifeno: Metabolizado em antagonista de estrogênio Tratamento de câncer de mama Variações polimórficas no CYP2D6 alteram eficácia do tratamento TESTES FARMACOGENÔMICOS • Trastuzumabe: Anticorpo monoclonal que antagoniza o fator de crescimento epidérmico pela ligação no receptor HER2 Tratamento de câncer de mama em tumores que super- expressam HER2 Sem efeito em outros tipos de ca. de mama TESTES FARMACOGENÔMICOS • Desatinibe: Inibidor de tirosina quinase em leucemia mieloide crônica e linfoblástica aguda Mutação no gene BCR/ABL gera resistência ao efeito inibidor Tratamento deixa de ser eficaz FARMACOGENÔMICA EM PSIQUIATRIA • Transtornos mentais: grande variação de resposta aos tratamentos entre os pacientes Painel farmacogenômico: analisa os genes que estão relacionados ao funcionamento do metabolismo, como medicamentos reagem no organismo e precursores de neurotrasmissores FARMACOGENÔMICA EM PSIQUIATRIA • Metilfolato e depressão: Mutação MTHFR C667T produção reduzida de folato Tratamento adjuvante com L-metilfolato FARMACOLOGIA E FARMACOGENÔMICA FARMACOLOGIA E FARMACOGENÔMICA O conteúdo desse curso foi oferecido pelo Centro Educacional Sete de Setembro em parceria com a Professora Aline Camargo Ramos OBRIGADA!
Compartilhar