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Caso Clínico 03: L3 E L4 - Trombose Carol Esli Seixas da Silva Profª Tânia RESUMO CLÍNICO Paciente com 72 anos apresentava dor intensa na panturrilha direita. Apresentava varizes e edema de membros inferiores (MMII) há vários anos. Foi internado em mal estado geral, com quadro broncopneumônico, falecendo na triagem. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Os sinais apresentados pelo paciente podem ser causados por distensão muscular, exercício intenso, trombose venosa profunda, celulite infecciosa, insuficiência venosa crônica, ICD, ruptura de cisto (pseudo- TVP) poplíteo (Baker), hipoalbunemia e ruptura parcial ou completa dos tendões ou músculos da panturrilha. CAUSA MAIS PROVÁVEL QUE LEVOU O INDIVÍDUO A DESENVOLVER A PATOLOGIA EM QUESTÃO O paciente, provavelmente, foi a óbito devido a uma embolia pulmonar em consequência da TVP (trombose venosa profunda) nos membros inferiores. As principais causas para a TVP são: repouso, imobilização, queimaduras, insuficiência cardíaca congestiva, tabagismo, câncer, obesidade, cirurgia ou traumas, em associação com lesão endotelial ou aumento da produção de substâncias pró-coagulantes. PREVALÊNCIA A TVP é mais comum após os 40 anos de idade, havendo aumento exponencial com a idade. Desse modo, é mais comum em idosos. Uma das hipóteses levantadas é que, com a idade, a diminuição da resistência da parede venosa poderia propiciar dilatação da veia e consequentemente diminuição da velocidade do fluxo sanguíneo, facilitando o desenvolvimento da trombose. Proporção entre homem e mulher é semelhante. Alguns estudos mostram razão de 1,2:1 homem para mulher e outros exatamente o inverso. Desta forma aparentemente não há predileção por sexo. A TVP tem maior probabilidade de ocorrer em pessoas com fatores de risco, que são: idade, trombofilias (doenças do sangue que predispõem à trombose), cirurgias, traumatismos, gravidez e puerpério, imobilidade ou paralisia, TVP prévia, câncer, reposição hormonal, AVC prévio, infeções graves, quimioterapia, obesidade, infarto do miocárdio SINTOMAS CLÍNICOS APRESENTADOS PELO INDIVÍDUO E CORRELAÇÃO COM OS PROCESSOS PATOLÓGICOS Os sintomas de TVP nos MMII incluem dor na panturrilha, sensibilidade ao longo da distribuição das veias, edema e eritema – todos esses são causados pelo bloqueio do fluxo sanguíneo, seguido de congestão e edema. A TVP pode causar ainda embolia pulmonar (EP), caracterizada por dispneia, dor torácica e tosse – sintomas provocados pelo bloqueio de algum ramo da artéria pulmonar pelo tromboêmbolo proveniente dos MMII. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS MICROSCÓPICAS E MACROSCÓPICAS DO TECIDO AFETADO Figura 1: Bogliolo 9ª ed, p. 163 – Resto de trombo aderido à valva da veia femoral e paciente que faleceu por embolia pulmonar. Figura 2: Hospital São Matheus. Trombose Venosa. Figura 3: Anatpat. Trombose recente (em veia) e antiga (em artéria femoral). A veia mostra-se fortemente dilatada por trombo recente. Observe massa trombótica constituída por sangue (hemácias integras e lisadas), alguns neutrófilos e abundante fibrina. A fibrina é rósea, na forma de grumos e/ou filamentos em várias direções. Em alguns pontos da parede do vaso há aderência do trombo. Figuras 4 e 5: Anatpat. Trombose recente (em veia). É um trombo vermelho, constituído principalmente por hemácias, e tem estrutura lamelar, refletindo a deposição de hemácias e fibrina em camadas sucessivas. A região da adesão tem tom mais claro, que decorre da degeneração das hemácias e substituição pelas células da organização do trombo. Figura 6: Anatpat. Trombose recente (em veia). No local da aderência do trombo, não se observa mais endotélio. O trombo original (de hemácias e fibrina) foi aí modificado pela invasão de células totipotentes que vêm da camada subendotelial. Formam macrófagos que fagocitam as hemácias, miofibroblastos e fibroblastos que depositam colágeno. Células endoteliais formam novos capilares, que ajudam a fornecer células para a organização. Imagem 7: Anatpat. Trombose antiga (em artéria). A artéria mostra a evolução final do processo de organização de um trombo. Ao longo do tempo (semanas a meses) os elementos originais do trombo são fagocitados e digeridos. Novos vasos, pequenos a princípio, fundem-se em canais maiores. MECANISMO DE COMO O PROCESSO PATOLÓGICO FOI FORMADO O paciente, devido à idade (e, talvez, devido a outros fatores, como tabagismo, imobilidade ou ICC) desenvolveu trombose venosa profunda (TVP) na perna direita. A TVP pode causar dor local e edema, devido à obstrução venosa. Um ou mais fatores da tríade de Verchow podem estar envolvidos na gênese da patologia: Lesão endotelial e hipercoagulabilidade estão associados à trauma, cirurgia ou queimaduras, nos quais há redução na síntese de substâncias anticoagulantes e alteração da superfície celular, facilitando a adesão plaquetária, além do aumento da síntese e liberação de substâncias procoagulantes. Outros fatores, como insuficiência cardíaca, hipertensão ou formação de placas de ateroma, mais prevalentes em idade avançada, causam alteração no fluxo sanguíneo laminar, aumentando a força de cisalhamento e favorecendo o aumento da lesão endotelial. Independentemente do fator que levou ao desenvolvimento de TVP, após a formação do trombo, ocorre a ativação do sistema de fibrinólise e inicia-se a organização do trombo. Como a região central do trombo não recebe irrigação adequada, com frequência sofre necrose. O organismo reage por meio de fagocitose dos restos de fibrina e hemácias e proliferação de fibroblastos e células endoteliais. Com isso, o trombo é transformado em um tecido conjuntivo bem vascularizado. Os vasos formam canais no interior do trombo e permitem o restabelecimento parcial do fluxo. Como são estruturas friáveis, os trombos podem destacar-se ou fragmentar-se, formando êmbolos que se deslocam pelo sistema venoso, chegando ao átrio direito do coração e, frequentemente, bloqueiam um ou mais ramos da artéria pulmonar, provocando embolia pulmonar (EP). Com isso, a pressão pulmonar aumenta abruptamente, causando sobrecarga aguda no ventrículo direito (cor pulmonale agudo). Também por causa do bloqueio arterial, há redução acentuada do sangue que chega ao átrio esquerdo, podendo resultar em choque. Clinicamente, o paciente apresenta dispneia, tosse, dor torácica e hipotensão arterial. Quando mais de 60% do leito arterial pulmonar são ocluídos, o tromboembolismo é letal; a maioria dos pacientes falece nos primeiros 30 min após tromboembolia maciça. REFERÊNCIAS: ROBINS & CONTRAN. Patologia – Bases Patológicas das Doenças. 9ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2016. BRASILEIRO FILHO, G. Bogliolo Patologia. 9a Edição. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2016. SOCIEDADE BRASILEIRA DE ANGIOLOGIA E CIRURGIA VASCULAR. Estimativas SBACV. 2016. Disponível em: https://www.sbacv.org.br/imprensa/estimativas/#:~:text=TROMBOSE%20VENOSA%20PROFUNDA,e%20outro s%20exatamente%20o%20inverso. Acesso em: 22 de set de 2020. ANATPAT. Trombose recente (em veia) e antiga (em artéria femoral). Disponível em: http://anatpat.unicamp.br/lamdc6a.html. Acesso em: 22 de set de 2020. Figura 8: Anatpat. Trombose antiga (em artéria). Trombo organizado e canalizado. O tecido que fica por dentro da membrana elástica interna e entre as luzes vasculares novas é formado por células de linhagem conjuntiva, principalmente fibroblastos e células musculares lisas. Ambas depositam abundantes fibras colágenas entre elas. O tecido fibroso resultante contém também pequenos vasos revestidos por endotélio. https://www.sbacv.org.br/imprensa/estimativas/#:~:text=TROMBOSE%20VENOSA%20PROFUNDA,e%20outros%20exatamente%20o%20inverso https://www.sbacv.org.br/imprensa/estimativas/#:~:text=TROMBOSE%20VENOSA%20PROFUNDA,e%20outros%20exatamente%20o%20inverso http://anatpat.unicamp.br/lamdc6a.html
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