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Cigarra do Cafeeiro

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1. Introdução
As cigarras (Fidicina pronoe) possuem coloração escura, verde oliva à marrom, asas transparentes com algumas manchas escuras. É uma praga importante na cultura do cafeeiro, estando disseminada em vários estados produtores (AGROLINK, 2020). As cigarras são insetos relativamente grandes e têm como característica mais marcante a emissão de som em alta intensidade, podendo ser considerada como o grupo de insetos mais barulhento. Porém, outra característica, menos evidente, mas deveras interessante, é o ciclo de vida apresentado por estes insetos (MACCAGNAN et al., 2015).
As fêmeas adultas após terem sido copuladas pelos machos, depositam seus ovos nos ramos das plantas hospedeiras, após a eclosão dos ovos, há a formação da fase ninfa móvel, que desce até o solo através de um filamento produzido pela própria ninfa, a fim de buscar uma raiz do cafeeiro e iniciar sua alimentação da seiva. Terminada a fase de ninfa móvel e já totalmente desenvolvida, elas abandonam o solo, deixando buracos no solo em sua saída, sobem no caule do cafeeiro e fixam-se no tronco, passando assim para a fase ninfa imóvel. Posteriormente a essa fase, ocorre a ecdise (mudança do exoesqueleto) emergindo o adulto, dessa forma estando prontas ao acasalamento (REHAGROBLOG, 2018).
Os gêneros mais comuns de cigarras que atacam pés de café são Quesada, Fidicina e Carineta. Cada uma delas possui particularidades que as fazem diferentes umas das outras. O gênero Quesada apresenta as cigarras maiores, que medem cerca de 6-7 cm, e são mais facilmente encontradas atacando o cafeeiro. Em seguida vem o gênero Fidicina com 4 cm, e o gênero Carineta, o menor entre eles, com apenas 1,8 cm (SYNGENTA, 2017).
Geralmente as cigarras que atacam o cafeeiro surgem de áreas de abertura para novos plantios, principalmente em solo de Cerrado ou áreas de floresta. Ela migra das árvores cortadas para as plantas de café, que viram seu novo hospedeiro. Tudo começa com o canto dos machos, seguido pelo acasalamento e logo após isso, as fêmeas colocam seus ovos nas cascas presentes no tronco do cafeeiro (SYNGENTA, 2017).
2. Dano causado
Apesar de ser uma praga que não ataca apenas a cultura do café, as cigarras podem trazer prejuízos ao cafeeiro, quando não manejada da forma correta.  Devido a sua alimentação da seiva das raízes, que pode acarretar em prejuízos ao aproveitamento de água e nutrientes, resultando em morte das raízes, clorose, queda precoce de folhas, prejuízos a granação dos frutos, queda na produção, diminuição da vida útil das lavouras e até mesmo podendo resultar em definhamento progressivo e morte das plantas, em casos mais severos  (REHAGROBLOG, 2018).
De acordo com Maccagnan et al. (2015) as cigarras podem causar injúria às plantas no estágio de ninfa, através da sucção da seiva na raiz, no estágio adulto, ao sugarem seiva na parte aérea da planta e no ato da oviposição. Porém, os únicos danos ao cafeeiro ocorrem em sua fase ninfal, quando se alimentam através da sucção de seiva nas raízes. O volume de seiva sugado pela ninfa é muito grande, fazendo com que as plantas infestadas apresentem clorose nas folhas da extremidade dos ramos, o que pode ocasionar perda de folhas, flores e frutos. Esses sintomas são mais evidentes nos períodos de seca. Ainda, para algumas espécies de cigarras que infestam os cafezais do Estado do Paraná, foi constatado que pode haver, pelas cigarras, a transmissão da bactéria Xylella fastidiosa entre os cafeeiros.
3. Controle
Embora os prejuízos pela cigarra sejam consideráveis, seu controle com o uso de inseticidas é bastante eficiente, mantendo a população em níveis aceitáveis. Porém, além de oneroso ele é incompatível com a cultura orgânica onde, até o momento, o controle é feito através da erradicação precoce de áreas infestadas.
 Reis (2018) fala que o uso de inseticidas aplicados via solo era a única modalidade eficiente de controle para reduzir a população de cigarras. O controle deve ser realizado para a redução das ninfas móveis no solo, e embora não cause a morte de sua totalidade, a população é reduzida a níveis suportáveis pelas plantas, sem que haja danos econômicos. O controle de adultos da cigarra é inviável. 
Os inseticidas mais eficientes têm sido os granulados (GR) sistêmicos, p.ex. aldicarb, carbofuran, disulfoton, phorate, terbufos, imidacloprid, thiamethoxam etc., que para maior eficiência devem ser aplicados no solo durante o período chuvoso do ano, geralmente novembro-dezembro na maioria das regiões cafeeiras do Brasil, ou aqueles na formulação em grânulos dispersíveis em água (WG), p.ex. imidacloprid, thiamethoxam etc., recomendados para aplicação na forma de esguicho (drench) no colo da planta, também no período chuvoso do ano. Comparativamente, os inseticidas neonicotinoides, p.ex. imidacloprid, thiamethoxam etc., na formulação WG têm se mostrado mais eficientes que os mesmos produtos na formulação GR, além de apresentarem menor toxicidade (REIS, 2018).
Por mais que nos últimos anos as cigarras não tenham apresentando grandes problemas nas lavouras de café, devido ao controle com produtos eficientes via solo, ainda pode-se encontrar lavouras com infestação dessa praga. Para a tomada de decisão do controle, deve-se realizar o monitoramento, com o intuito de verificar a infestação. Seu controle com o uso de inseticidas é bastante eficiente, mantendo a população em níveis aceitáveis. 
O controle químico pode ser feito com inseticidas do grupo químico neonicotinóide, como imidacloprid e thiamethoxam, devendo observar a dosagem recomendada e o modo de aplicação para cada produto. Com o intuito de realizar uma boa distribuição, para melhor contato e absorção pelas raízes (REHAGROBLOG, 2018). 
3.1 Tabela de inseticidas no controle de cigarra do cafeeiro
	Nome Comercial
	Ingrediente Ativo 
	Grupo Químico
	Tipo de
Formulação
	Premier
	IMIDACLOPRIDO
	neonicotinóide
	WG
	Actara 250 WG
	TIAMETOXAM
	neonicotinóide
	WG
	Verdadero 600 WG
	TIAMETOXAM+ CIPROCONAZOL
	neonicotinóide
	WG
	BAYSISTON GR
	TRIADIMENOL+DISSULFOTOM
	triazol e organofosforado
	GR
	DIAFURAN 50
	CARBOFURANO
	Metilcarbamato de Benzofuranila
	GR
	GRANUTOX 150 G
	FORATO
	organofosforado
	GR
	COUNTER 150G
	TERBUFÓS
	organofosforado
	GR
	FURADAN 50 G
	CARBOFURANO
	Metilcarbamato de Benzofuranila
	GR
	BARON
	TRIADIMENOL+DISSULFOTOM
	
	GR
4. Referencias 
AGROLINK. Cigarra do cafeeiro. Disponível em: <https://www.agrolink.com.br/problemas/cigarra-do-cafeeiro_2580.html#:~:text=%C3%89%20praga%20importante%20na%20cultura,ramos%2C%20semelhante%20a%20defici%C3%AAncia%20nutricional.> Acesso em: 29 set. 2020.
 MACCAGNAN, Douglas H.B. et al. 11 Cigarras do Café: Biologia, Ecologia e Manejo. Jaboticabal-Sp: Idéia Máquinas Agrícolas, 2015. Disponível em: http://www.maquideia.com.br/publicacao_1.php. Acesso em: 01 out. 2020.
 REHAGROBLOG. Cigarra do cafeeiro. 2018. Disponível em: https://rehagro.com.br/blog/cigarra-do-cafeeiro/. Acesso em: 28 set. 2020.
REIS, Paulo Rebelles. Manejo da cigarra Quesada gigas no café. Cultivar Grandes Culturas, Epamig Sul de Minas/ecocentro, v. 210, p. 210-211, 2018. Disponível em: https://www.grupocultivar.com.br/artigos/manejo-da-cigarra-quesada-gigas-no-cafe. Acesso em: 01 out. 2020.
 SYNGENTA, Portal. Cigarra-do-cafeeiro: praga barulhenta causa estragos na lavoura. 2017. Disponível em: https://portalsyngenta.com.br/noticias-do-campo/cigarra-do-cafeeiro-praga-barulhenta-causa-estragos-na-lavoura. Acesso em: 01 out. 2020.
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