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psicologia social crítica

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PSICOLOGIA SOCIAL CRÍTICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Rio de Janeiro 
2020 
A Psicologia Social Crítica nasce durante a crise da Psicologia Social nos anos 1970. Assim, ela vem como um movimento de desaprovação ao modelo psicológico aplicado na época, a psicologia social norte-americana, de base experimental e positivista, que falava de mecanismos psicológicos universais e abstratos, desconsiderando o conteúdo histórico e social presente na constituição do homem. Na América Latina, esse movimento de críticas à Psicologia Social dominante "[...] culminam em 1979 com propostas concretas de uma Psicologia Social em bases materialista-históricas e voltadas para trabalhos comunitários" (Lane, 1985, p. 11). Assim, emerge uma Psicologia Social implicada e fundada no "compromisso social" (Bock, Ferreira, Gonçalves & Furtado, 2007).
Ao focalizar as condições sociais e históricas, a Psicologia Social rejeita as naturalizações e propaladas leis/valores universais, entendendo a sociedade e os indivíduos como produtos histórico-dialéticos. Em outros termos, não há natureza humana, mas processos mediados pela ideologia e construídos por meio das relações.
O objetivo [desta psicologia social] era compreender o indivíduo em relação dialética com a sociedade; a constituição histórica e social do indivíduo e os elementos que explicam os processos de consciência e alienação; e as possibilidades de ação dos indivíduos frente às determinações sociais. (Bock et al., 2007, p. 50). Com isso, entende-se que o sujeito é produto e produtor de sua história e não é absolutamente determinado pela biologia. Ele é capaz de influenciar a sociedade (meio) assim como é influenciado por esta.
Um dos impulsionadores das vertentes críticas aos modelos vigentes em Psicologia Social foi Martín-Baró (1998; 1999; 2001), com suas contundentes colocações a respeito da disciplina e do caráter histórico das teorias, do caráter ideológico das práticas dos psicólogos e do ético-político a ser adotado na atuação transformadora. Como exposto por Blanco (1998), Martín-Baró propõe a atuação do psicólogo por meio do compromisso pela emancipação, desideologização e bem-estar, o que configuram a própria libertação. Adotando a idéia de conscientização de Paulo Freire, Martín-Baró (2001, p.169-172) afirma ser este o horizonte primordial do fazer dos psicólogos, trabalhando-se pela desalienação da consciência social. Ao falar sobre a consciência, o autor a descreve da seguinte maneira:
A consciência não é simplesmente o âmbito privado do saber e sentir subjetivo dos indivíduos, mas sobretudo aquele âmbito onde cada pessoa encontra o impacto reflexo de seu ser e de seu fazer em sociedade, onde assume e elabora um saber sobre si mesmo e sobre a realidade que lhe permite ser alguém, ter uma identidade pessoal e social. A consciência é o saber e o não-saber sobre si mesmo, sobre o próprio mundo e sobre os demais, um saber práxico antes que mental, já que se inscreve na adequação às realidades objetivas de todo comportamento (Martín-Baró, 2001, p.167-8, tradução nossa).
Sendo a consciência um objeto de estudos privilegiado pela Psicologia (e Psicologia Social), como colocado por Martín-Baró, é importante que a consideremos como uma realidade psicossocial, ou seja, um saber dialético das pessoas sobre si mesmas e sobre a coletividade. “A força fundamental por trás da Psicologia é a psicologização, isto é, a conversão de condições sociais e históricas de alienação em questões individuais e psicológicas”.
Concluo assim que a Psicologia Social, com sua postura radical e revolucionária, deu origem à outras vertentes e trouxe um olhar mais amplo sobre o indivíduo, afirmando que somos produtos do meio, mas também agentes do meio. É uma ação mútua.
Webgrafia: 
· https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-71822007000500018
· http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-89082016000200019#:~:text=A%20Psicologia%20Social%20Cr%C3%ADtica%20compreende,e%20dos%20v%C3%ADnculos%20sociais%20(%C3%8Dba%C3%B1ez%20%26
· http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2176-106X2010000200003

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