Estudo dirigido Terapia existencial e humanista

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
Graduação em Psicologia
ESTUDO DIRIGIDO PARA A COMPOSIÇÃO DA NOTA DA AV1 PARA A DISCIPLINA TERAPIA EXISTENCIAL E HUMANISTA 
Professor(a): Elisabete Shineidr 
Alunas: 
Janaína da Conceição Santos de Melo - 201512736562
Jéssica Galdino Carvalho da Silva - 201702432106
Juliana Pereira da Silva – 201602373388
Leticia Soares Ferreira - 201707016917
Rio de Janeiro
Outubro/2020
1. Explique as seguintes afirmativas: “A existência precede a essência” e “A essência precede a existência”.
 Sobre os elementos existentes no mundo podemos dizer que existe uma dinâmica de “a essência precede a existência”, pois já sabemos qual será a definição desses elementos antes mesmo de sua apresentação no mundo. Por exemplo, se você vai construir uma casa, antes mesmo desta estar pronta, já temos um conceito de casa em mente e já se sabemos como ela será, suas funções e etc., ou seja, a sua essência existe antes da sua existência. Porém com o homem não é assim que a dinâmica se apresenta. O homem primeiramente existe, a partir disso se descobre e apenas então surge no mundo. Não sabemos a princípio o que somos ou o porquê de estarmos aqui, primeiro existimos e depois vamos descobrindo como queremos e iremos viver, sendo assim, sobre a condição humana podemos dizer que a “existência precede a essência”.
2. Esclareça a posição de Kierkegaard ao afirmar que “sinto, logo sou” referenciando o pensamento de Descartes que afirma que “Penso, logo existo”.
 Kierkegaard parte do autoconhecimento para conhecer o mundo. Para ele precisamos de uma existência autêntica, opondo-se assim ao idealismo lógico. Sendo assim, a existência humana não pode ser explicada por meio de conceitos ou esquemas abstratos e a realidade humana é muito complexa e peculiar. Somente o indivíduo pode se aproximar da sua realidade que é subjetiva, ou seja, minhas crenças subjetivas são verdade para mim, por isso cada um deve buscar a sua própria verdade.
3. Por que a proposta existencial surge contrariando a filosofia de Hegel?
 Uma das principais características da filosofia de Hegel é a ruptura com a filosofia transcendental de Kant (considerado “pai” do humanismo). Para Hegel, a análise da consciência, na perspectiva que acreditava no humanismo, ignora a origem e a formação da consciência, ou seja, é uma análise abstrata. Assim, para ele tudo está logicamente determinado a acontecer e o percurso da consciência humana, até chegar ao espírito absoluto (a si mesmo).
4. Por que o humanismo é considerado herdeiro de Kant?
 Para Kant, a verdade só vale se puder ser experienciada e existem duas fontes de conhecimento humano: a sensibilidade e o entendimento. Assim como a teoria humanista, Kant coloca o homem como centro das reflexões, valorizando a pessoa em si.
5. Quais as principais diferenças entre o Existencialismo e o Humanismo?
 O existencialismo foi constituído na Europa no período entre guerras, sendo muitas vezes associado à angústia e ao absurdo, diferente do humanismo constituído na América do "New Deal", um período mais esperançoso e otimista. O humanismo toma o ser humano como fim nele mesmo e valor supremo, mostrando que se deve buscar em si mesmo seus valores e identificações. O existencialismo toma como pressuposto que cada indivíduo está sempre se projetando para fora de si mesmo para encontrar seu significado, e nunca toma o ser humano como fim.
 Com relação ao tema da liberdade, ambos entendem que toda pessoa é livre para fazer escolhas, mas para o humanismo isso representa algo positivo e é até considerado um privilégio da experiência humana, porém para o existencialismo a liberdade nem sempre é boa, mas sim um drama e até um fardo. Na questão dos valores, o humanismo acredita que toda pessoa seja "boa" por natureza e que uma pessoa "ruim" foi impedida de ser boa. Para o existencialismo o ser humano não é bom nem mau por natureza, pois isso não parte da concepção de natureza humana, logo a pessoa "má" escolheu ser "má", enquanto que a pessoa "boa" escolheu ser "boa". Sobre o desenvolvimento pessoal, os humanistas defendem que o ser humano tende a descobrir as potencialidades que lhe são inerentes, já os existencialistas, partem da concepção que a "existência precede a essência", portanto acreditam que cabe a cada pessoa criar e escolher suas potencialidades.
6. Como é a concepção do homem no Humanismo?
 No humanismo o ser humano é colocado como o centro das reflexões. Ele é um mistério, uma surpresa, um desafio. Não pode ser visto por seus atributos individualmente, mas sim em sua totalidade, deve ser compreendido na sua complexidade, abrangência, profundidade e também deve ser visto como um ser biológico, psicológico, cultural, sexual, econômico, político e religioso. No humanismo o homem é pensado como fim e nunca como meio ou como instrumento. Mas não se trata de opor o homem à Deus, e sim valorizar a pessoa em si, buscando as qualidades negadas pelo pensamento católico medieval.
7. Em que sentido os pressupostos da psicologia humanista se distanciam dos pressupostos deterministas das abordagens anteriores?
 Os pressupostos deterministas das outras abordagens se baseiam na premissa de que o homem é visto como resultado ou efeito de causas anteriores. O comportamento do sujeito se apresenta devido as suas causas internas, ou seja, suas cognições, representações sociais, motivações inconscientes e os resíduos da sua história passada. O atendimento se dá pelo diagnóstico estabelecido e estabelece um olhar analítico da situação. A intervenção é a estratégia para dirigir a ação e os efeitos esperados são as consequências. A alta só pode ser decidida pelo psicólogo.
 Já os pressupostos humanistas se diferem dos anteriores ao promover a autonomia do ser humano, estabelecendo ao sujeito um certo poder sobre as determinações que o afetam. O humanismo acredita na capacidade que o ser humano tem de orientar sua própria vida de forma positiva para si e para a coletividade. O atendimento não se baseia em um diagnóstico, mas na afirmação de uma tendência inata ao crescimento. Não há intervenção direcionada e sim uma relação aberta e centrada na pessoa. A alta é decidida em conjunto com o profissional e o sujeito.
8. Quais as características das pessoas autorrealizadoras?
 As características dessas pessoas, estabelecidas por Maslow, são: Uma percepção clara da realidade; Aceitação de si, dos outros e da natureza; Espontaneidade, simplicidade e naturalidade; Dedicação a uma causa; Independência e necessidade de privacidade; Vigor de apreço; Experiências culminantes; Interesse social; Relações interpessoais profundas; Tolerância e aceitação dos outros; Criatividade e originalidade; e resistência a pressões sociais.
9. Quais as atitudes clássicas do psicólogo humanista?
 O pressuposto humanista é diferente: é o pressuposto da autonomia. O ser humano tem algum poder sobre as determinações que o afetam, e esse poder é, na verdade, mais relevante para o desenvolvimento do que aquelas determinações. O trabalho psicológico consiste fundamentalmente em oferecer um contexto dialógico no qual a liberação desse poder seja promovida. Consiste em ajudar alguém intrigado com questões pessoais e recursos subjetivos, e oferecer uma de ressonância na qual a própria pessoa possa se ouvir e, assim, enxergar um caminho. Assim sendo, o atendimento não se baseia em um diagnóstico, mas na afirmação de uma tendência inata ao crescimento, e não é concebido como uma intervenção direcionada, mas como uma relação aberta e centrada na pessoa. As atitudes do profissional nessa relação adquirem importância capital. As pesquisas que estão a serviço desse tipo de atendimento são sobretudo qualitativas, descritivas de vivências subjetivas, buscando explicitar seus significados potenciais em relação a algum contexto, habilitando o profissional com uma visão mais ampla do ser humano. No pressuposto humanista, não tem sentido essa divisão. Os limites do atendimento são definidos pela própria relação. O terapeutasegue a intenção da pessoa que busca ajuda.
10. Explique a seguinte afirmativa: “Em todo indivíduo existe uma Tendência Atualizante”.
 A tendência atualizante está relacionada ao desenvolvimento de todo e qualquer organismo, no qual busca pelo melhor para si. Ela preside, igualmente, atividades mais complexas e mais evoluídas tais como a revalorização do ser. Observa-se ainda que essa tendência abranja a noção de motivação. Já a tendência atualizante do eu pode ser contrária a tendência atualizante do organismo.
11. Quais as principais contribuições de Maslow à Psicologia Humanista?
 Abraham Maslow foi um dos principais fundadores e promotores da psicologia humanística. Entre suas teorias estavam a hierarquia de necessidades, a auto atualização e as “experiências de pico”. Todos eles se tornaram uma parte fundamental do humanismo. Ele acreditava na tendência individual da pessoa em se tornar auto realizadora, sendo este o nível mais alto da existência humana. Uma das contribuições de Abraham Maslow para o campo da psicologia foi sua tendência de investigar os aspectos mais positivos da natureza humana num momento da história em que a maioria dos pensadores se concentrava em entender os problemas da mente. Mas a contribuição mais importante de Maslow foi a sua escala de necessidades a serem satisfeitas para que o sujeito alcance sua auto realização e, a cada conquista, uma nova necessidade se apresentava.
12. Esclareça a divergência entre Maslow e Frankl quanto à compreensão da teoria das necessidades básicas do homem?
 Frankl criticou a ideia da “hierarquia das necessidades” de Abraham Maslow, afirmando que o preenchimento vertical dessas necessidades não é de muita ajuda, pois não se trata de ordenar as necessidades em maiores ou menores, e sim, de identificar qual delas faz sentido, se elas possuem um objetivo por trás de sua realização. A classificação que Maslow faz das necessidades na Logoterapia não explica se devido as necessidades da base não forem satisfeitas, uma necessidade mais elevada, o desejo de sentido, pode se transformar na mais urgente de todas. Frankl entende, portanto, uma excessiva preocupação com a autorrealização como um possível sinal de uma frustração da vontade de sentido, fazendo uso da metáfora do bumerangue, que só volta ao caçador que o atirou se seu alvo não tiver sido atingido. Da mesma forma, o homem só se volta para si como centro maior de suas preocupações se tiver falhado na busca de sentido. Portanto embora a teoria de Maslow nos auxilie a entender que algumas necessidades são fatores de motivação, Frankl nos faz atentar para o fato de que nem sempre as necessidades básicas são aquelas que o homem escolhe satisfazer primeiro. O que nos move é a nossa vontade de sentido, ou seja, aquilo que faz com que nossa vida tenha sentido.
13. Qual a importância da “estima positiva incondicional” para a formação do sujeito, na visão de Rogers?
 A partir do momento que a criança toma consciência de si mesma, do self, ela desenvolve uma necessidade que é universal em todo ser humano, a necessidade de amor, ou consideração positiva. A consideração positiva se desenvolve na primeira infância, através do amor e dos cuidados recebidos pelo bebê, onde a criança descobre que os afetos são fonte de satisfação e, assim, ela aprende a sentir essa necessidade de afeição. A consideração positiva ou negativa recebida pelo bebê é a responsável por desenvolver sua autoestima. Para a criança, o amor se torna tão importante que ela passa a agir de forma que lhe garanta amor ou aprovação, mesmo que não sejam comportamentos saudáveis. Mas, em uma hipótese ideal, onde a criança sempre sentisse aceitação de seus pais e tivesse seus sentimentos aprovados, ela não se sentiria pressionada a modificar suas partes “não atraentes”, mas autênticas de sua personalidade, apenas para receber afeto. A criança aprende a diferenciar ações e sentimentos que são aprovados ou reprovados, através da avaliação dos pais como positivas ou negativas, sobre seus comportamentos. Os comportamentos “reprovados” são rejeitados, mesmo que para a criança sejam corretos e isto acaba levando a um autoconceito em desacordo com as experiências organísmicas. A criança tenta ser aquilo que os outros querem que ela seja em vez de tentar ser aquilo que realmente é.
14. O que significa “escuta ativa”?
 A escuta ativa é o ato de escutar ativamente o que seu interlocutor tem a dizer, de nos colocar sempre no seu lugar, sem interrupções ou distrações. Ou seja, estar presente e atento ao que ele fala. Demonstrar de forma verbal ou não-verbal que está compreendendo o que está sendo dito. A escuta ativa é uma postura de vida diante a forma de escutar as pessoas. A utilização da escuta passa a valorizar a pessoa como sujeito que busca e é capaz de se desenvolver. A escuta pode minimizar as angústias e diminuir o sofrimento do interlocutor, pois por meio do diálogo que se desenvolve, possibilita ao indivíduo ouvir o que está proferindo, induzindo-o a uma autorreflexão. A prática da escuta significa o reconhecimento do sofrimento do paciente, pois o ato de ouvir assume que há algo para se ouvir, oferecendo a este a oportunidade de falar e expressar-se.
15. Cite as convergências e as divergências entre a Psicologia Humanista e a Existencialista.
 Para a filosofia existencialista, o homem não possui nenhuma natureza a priori e sim, uma condição humana, onde ele é lançado na existência, tendo que lidar com sua liberdade, angústia, limitações e a morte. Heidegger conceitua a condição do Homem como o Dasein, o ser aí, uma abertura ao mundo, o homem coexiste com o mundo. Ou seja, consciência e mundo são co-originários, só existe consciência dentro do mundo, assim, não fazendo sentido a divisão indivíduo-meio/sujeito-objeto. Logo, dentro desse panorama, o ser humano não tem potencialidades a serem desenvolvidas e sim possibilidades de modos de ser na sua existência concreta. Na Psicologia Humanista é essencial a concepção de que o ser humano tem potencialidades e estas podem ser trabalhadas para que ele alcance a sua realização pessoal. Tanto as abordagens existencialistas quanto as humanistas entendem que o ser humano está em permanente transformação, sendo ele o centro de valoração para suas escolhas, livre para escolher e responsável pelas escolhas que fizer em sua vida. De um modo geral, ambas questionam e contrariam as abordagens comportamentais e psicanalíticas, entendendo o ser humano como mais complexo que comportamentos e inconsciente. Além disso, ambas as abordagens rompem com o conceito de sujeito cartesiano, o "penso, logo existo" (de René Descartes), que prioriza a razão sobre as emoções e divide o ser humano em "mente e corpo". Ambas as abordagens entendem o ser humano como racional e emocional, reconhecendo e valorizando seus aspectos emotivos. O humanismo toma o ser humano como fim nele mesmo e valor supremo, entendendo que deve buscar em si mesmo seus valores e identificações, no existencialismo cada indivíduo está sempre se projetando para fora de si mesmo para encontrar seu significado, e nunca toma o ser humano como fim, pois ele está sempre por fazer a si mesmo. 
16. Caracterize o conceito de liberdade nas abordagens Humanistas-existenciais.
 É através da liberdade que o indivíduo escolhe aquilo que quer ser e, assim, realiza sua essência. O homem faz parte da espécie humana, mas é a sua liberdade que o afasta desta espécie; que ultrapassa o humano em direção à humanidade. As abordagens apresentam que os seres humanos não podem fugir a sua liberdade e que essa liberdade não é uma escolha feita ao acaso (tipo livre-arbítrio). Não se trata simplesmente de fazer ou não fazer. Trata-se de uma escolha responsável. E essa liberdade não é absoluta; O homem é livre, mas sua escolha é limitada pelo seu mundo individual. Existem as condições psico-químico-biológicas, as leis de sua cultura, as limitações e regras de sua sociedade e convenções, que impedem o homem de ter sua liberdade completa ao verdadeirosentido da palavra.